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História antiga ocidental todas as aulas

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Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar a periodização de tempo que estudaremos em história, aprendendo o que é História Antiga e as dificuldades que temos para conhecê-la;
2. reconhecer a ideia de Ocidente, desconstruindo a noção genérica geográfica;
3. comparar como a própria noção do que é história é algo mutável, e que não basta um discurso que afirme o que seja história para que nós o reconheçamos.
A História é viva. Ela nos permite pensar, discutir independente do espaço que estejamos observando. O ensaísta Tom Holland faz, na introdução de Fogo Persa, uma reflexão que é fundamental para vermos como a observação histórica é muito mais rica que somente um conhecimento por gosto. É necessário amar a História para se perder em seus descaminhos. Holland conta que um amigo, ao assumir a reitoria de uma universidade nos Estados Unidos, teve logo de cara um primeiro desafio.  O aluno tradicionalmente, ao fim do curso, apresentava um trabalho histórico e era feito um grande congresso para a discussão destes trabalhos. O problema era que há mais de dez anos o tema era o mesmo, Hitler e o nazismo, e queriam um tema novo. Esse seu amigo propôs então discutir um processo medieval de nome Cruzadas, momento em que Ocidente e Oriente se digladiaram e que, entre outras questões, tinha a religião como pano de fundo. O conselho, ao ver a proposta, o chamou de louco. Como uma coisa tão antiga e sem importância seria o tema? Enfim, ele conseguiu em meio a muita desconfiança realizar o evento, e a resposta de que ele não estava tão errado veio em 11 de setembro do ano seguinte.  Quatro aviões sequestrados por terroristas islâmicos levaram o horror aos Estados Unidos. Uma velha pergunta aparece: "por que nos odeiam?"  No seu primeiro discurso pós-evento, Bin Laden disse que era uma vingança contra o Ocidente invasor. O presidente norte-americano W George Bush, desnorteado em meio aos eventos, vai a uma Mesquita e faz um discurso público dizendo que sabia que aquele ato não era Islâmico, mas que estaria dali por diante realizando uma Cruzada contra o terrorismo.  Mais infeliz impossível.
Os objetivos desta aula são:Identificar elementos da cultura greco-romana que ainda estão presentes em nosso cotidiano.Relacionar o mapa conceitual ao cabedal de conceitos que será adquirido ao longo do semestre.Perceber a importância do estudo da História Antiga para o curso de Licenciatura.Conhecer o plano de ensino, os procedimentos de aula, o caderno de textos, os métodos de avaliação, a bibliografia básica e complementar.
O QUE É HISTÓRIA ANTIGA ? 
É o período que se estende desde o aparecimento da escrita até a desestruturação do Império Romano.  A invenção da escrita retira o homem da pré-história e o coloca na história...  Será?
História Antiga +- 3.000 aC a invenção da escrita até 476 dC - desestruturação do Império Romano.
Idade Média 476 dC do fim do Império romano do Ocidente a 1453 dC no fim do Império romano do Oriente.
Idade Moderna De 1453, na tomada dos turcos em Constantinopla, a 1789 na queda da Bastilha.
Aí vamos nós: será que esse modelo é um consenso, algo inquestionável?  Quem inventou isso?  Imagine a situação: Odoacro e seu grupo de guerreiros se reunindo e questionando no dia seguinte a queda de Rômulo, o último imperador romano do Ocidente.  Perceberam o que a gente fez ontem? Acabamos com a Idade Antiga! Não existe isso!A divisão da história existe com fins didáticos, foi elaborada pelo homem.  Não devemos nos preocupar com os marcos, mas sim, refletir sobre as relações de poder na transição destes períodos.
A linha do tempo como conhecemos foi proposta pelos iluministas. Os iluministas, homens do final do século XVII e XVIII, propunham a seguinte lógica: todo o período em que o homem foi evoluindo vamos chamar da verdadeira história do homem. Como ela estava no passado, então é antiga: da invenção da escrita até as grandes construções do Egito, Grécia e Roma. Os homens vinham num crescente, numa ideia evolutiva de sociedade. O homem mergulha em um período em que pensa pouco, um período de trevas, em que não ocorre nada – a Idade Média - o que ficou no meio. No século XVI, renasce o pensamento do homem no seu auge (o homem da antiguidade com os textos greco-romanos recuperados) e tudo começa a melhorar, o homem volta a pensar até alcançar a luz dos iluministas... VERDADE?  NÃO. A leitura é uma busca de legitimar seu trabalho, seu grupo. As sociedades estão o tempo todo tendo continuidades e rupturas na sua estrutura social...  SEMPRE.
Para realizar nosso curso, devemos  resgatar a importância dos povos antigos, e é partir daí que encontramos problemas com os quais devemos nos acostumar: quanto de material nos sobrou da história antiga? Estamos falando de períodos de cerca de dois milênios atrás.  Já pegou um livro muito antigo? Percebeu como ele se desfaz com o tempo? É cruel com os documentos, porém isso nos faz perceber como é fantástico o estudo da história antiga, pois é possível reconhecer nossa limitação. Estaremos diante de um um fascinante período com muitas lacunas. Mas que Ocidente é esse? Buscamos uma definição da história do Ocidente, uma palavra tão comum e tão presente no nosso cotidiano. O que é o Mundo Ocidental hoje? Talvez sejam os seguidores de religião judaico-cristão para alguns, e capitalismo para outros.
Historicamente, alguns autores utilizariam a noção de embate entre Ocidente e Oriente como duas áreas que de forma diversa lutaram ao longo da História.  A primeira, sem dúvida, a mítica guerra de Troia; depois as guerras de Persas e Gregos; as cruzadas; as batalhas entre turcos e Constantinopla; se possível até as guerras mundiais com alemães versus o mundo ocidental. Só batalhas não explicam tudo, penso que Ocidente deve ser entendido como um conceito histórico, e que suas fronteiras geográficas mudam de momento para momento.
Oriente e Ocidente nas Guerras Médicas 
Ocidente e Oriente na Guerra Fria 
Oriente e Ocidente puderam já estar no Império Romano
Professor, fiquei confuso: onde é oriente e onde é ocidente?  Depende do momento em que você está estudando.  Em nosso recorte, buscamos a velha versão iluminista que dividiu nossa linha do tempo, a noção de cultura ocidental como filha da tradição greco-romana.  
Estudaremos nesta unidade os espaços da Grécia e da Roma antiga, identificando sua formação política e social, discutindo aspectos de sua cultura e sociedade.Sobre estes aspectos é importante pensarmos um pouco em como um dos maiores historiadores de História antiga explica o seu próprio campo de pesquisa.
"Os pais da história foram os gregos. Os historiadores da Antiguidade têm muito orgulho disso, tanto que preferem não se lembrar de que algumas das maiores inteligências em história antiga não se impressionaram muito com esse feito. Os cunhadores de bons mots sempre tiveram grande predileção pela história enquanto disciplina: é falsa, é perigosa, é bobagem. Os historiadores podem ignorar tranquilamente as zombarias e dúvidas de Walpole ou Henry Ford,ou mesmo de Goethe, mas Aristóteles é outro caso, pois, afinal, criou várias ciências e dominou outras também, de um modo ou de outro — exceto história e economia.
Ele não escarneceu da história, ele a rejeitou, nas famosas palavras do nono capítulo de sua Poética: "A poesia é mais filosófica e séria do que a história", pois aquela fala principalmente do universal e a história do particular. Por 'universal' entendo que determinado indivíduo dirá ou fará determinadas coisas segundo a verossimilhança ou a necessidade; esse é o propósito da poesia, acrescentar os devidos nomes às suas personagens."  
Costumo brincar que dados e datas não é objeto do historiador, mas sim de reunião de dados. O Google, por exemplo, lhe responde com facilidade, veja: página do Wikipédia para cronologia de história antiga: Época Arcaica
776: Data tradicional dos primeiros Jogos Olímpicos.c. 775 - 760: Fundação da primeira colônia grega conhecida no Ocidente: Ísquia.c. 750: Fundação da primeiracolônia grega na Sicília: Naxos. Fundação da colônia de Cumas na Campânia.c. 735 - 716: Primeira Guerra Messénica, que se salda na conquista da Messénia por Esparta.c. 735: Fundação das colônias de Corcíra e Siracusa por Corinto.c. 730: Fundação das colônias de Mende e Metone por Erétria.
Época Arcaica
c.728: Fundação de Mégara Hibleia por Mégara.c.720: Fundação de Síbaris por colonos da Acaia.c. 708: Fundação de Crotona por colonos da Acaia.c. 706: Fundação de Tarento por Esparta.689 a.C.: Fundação de Gela por colonos de Rodes e Creta.685 a.C.: Fundação de Calcedónia por Mégara.c. 660: Fundação de Bizâncio por Mégara.673: Fundação de Locros pela Lócrida.654: Fundação das colônias de Acanto, Lâmpsaco e Abdera por Andros, Foceia e Clazómenas respectivamente. Época Arcaica650 a.C.: Segunda Guerra Messénica. Instauração da tirania em Corinto por Cípselo.640: Fundação de Hímera por Zancle.630: Fundação de Cirene por Tera.628: Fundação de Selinunte por Mégara Hibleia.627: Fundação de Epidamno por Corinto.621: Drácon concede um código de leis a Atenas.582: Início dos Jogos Píticos.581: Início dos Jogos Ístmicos.580: Fundação de Agrigento por Gela.573: Início dos Jogos Nemeus.560: Fundação de Alália por Foceenses.
Época Arcaica
488: Nascimento do historiador Heródoto.c.487: O ostracismo é aplicado pela primeira vez em Atenas, com o exílio de Hiparco.c.486: Ostracismo de Mégacles.c.485-478: Tirania de Gélon em Siracusa.484: Ostracismo de Xantipo.482: Ostracismo de Aristides.481: Formação de uma aliança pan-helênica, liderada por Esparta, para resistir ao ataque persa.
Época Arcaica
480: Agosto: começa a expedição persa contra a Grécia, liderada por Xerxes I.
Batalha das Termópilas.
Setembro: Vitória dos gregos na Batalha de Salamina. A tradição atribui no mesmo dia a vitória de Gélon sobre os Cartagineses na batalha do Hímeras.479: Fim das Guerras Médicas com a vitória grega na Batalha de Plateias e na Batalha de Mícale.Inverno: Atenas toma Sestos.478: Formação da Liga de Delos, sob liderança de Atenas.478-476: Reconstrução das muralhas de Atenas. Época Arcaica
476-475: Címon realiza uma campanha na Trácia.474: Os Siracusanos, liderados por Hierão, derrotam os Etruscos em Cumas.470: Ostracismo de Temístocles que se fixa em Argos.470-460: Construção do Templo de Zeus em Olímpia.469-468: Derrota dos persas pela frota da Simaquia de Delos, liderada por Címon. Os Persas deixam de ser uma ameaça no Mar Egeu.466-465: Condenação de Temístocles que foge para Susa, na Pérsia.462: Em Atenas Efialtes e Péricles reduzem os poderes do Areópago.
Está exata?  Não! Mas dá para usar! Não é importante saber todas essas datas se eu não souber discutir o que é, como é, que conjunto de relações de poder está envolvido para entender este modelo social.Por fim, é importante a ênfase na desconstrução do conceito de ciências auxiliares que deprecia os demais saberes, criando uma falsa hierarquia de importância da História em detrimento das demais.
Vejamos Finley falando de Arqueologia:
" Assim como outras disciplinas das ciências humanas e sociais, a arqueologia parece estar em crise. Atestam-no a profusão de livros e artigos com títulos como New Perspectives in Archaeology. Em menor grau, há uma forte reação dentro da disciplina contra as habituais incursões feitas no campo pré-histórico da religião, economia ou estudo da arte, que não tomem por base a — e nem sejam controlados pela — teoria ou o conhecimento adequado. Há um novo clima de austeridade, até de pessimismo. Pode parecer uma "doutrina severa para algumas pessoas", escreve Stuart Piggott, mas "os dados baseados na observação da pré-história parecem-me, em quase todos os sentidos, mais ambíguos e mais suscetíveis a interpretações variadas que a gama normal de material disponível para os historiadores. O que temos à nossa disposição, como pré-historiadores, são remanescentes duráveis da cultura material que chegaram acidentalmente até nós, os quais interpretamos da melhor maneira possível, e, inevitavelmente, a qualidade peculiar dessas evidências dita o tipo de informação que podemos obter delas. Além do mais, interpretamos as evidências em termos de nossa formação intelectual, que é condicionada pelo período e cultura nos quais fomos educados, nossa bagagem social e cultural, nossas hipóteses e pressupostos atuais, e nossa idade e posição social". 
Um exemplo que demonstra a necessidade urgente dessa "doutrina severa" merece ser examinado — a notável fábula da Grande Deusa Mãe. Para Jacquetta Hawkes, essa deusa era tão onipresente e onipotente na Creta (minoana) da Idade do Bronze que a própria civilização é rotulada de "força predominantemente feminina". O caso baseia-se numa coleção de pequenas estatuetas neolíticas, comum à altura média de menos de duas polegadas, que ela descreve assim: "As evidências materiais da vida religiosa desses agricultores da Idade da Pedra consistem, em sua maior parte, de estatuetas em forma de mulher (entalhadas ou modeladas) que eles guardavam em suas casas ou, às vezes, em casas sagradas construídas para elas.
Na feitura dessas estatuetas eles destacavam a função reprodutiva, dando-lhes grandes seios e nádegas e, muitas vezes, ventres muito proeminentes de uma gravidez adiantada. Além disso, faziam-nas habitualmente de cócoras, posição que as mulheres daquela época provavelmente assumiam durante o parto." Afora as fantasias particulares da Sra.Hawkes sobre a força feminina e masculina das civilizações, sua interpretação das figuras é uma reafirmação daquilo que se tornara virtualmente uma doutrina aceita como verdadeira em arqueologia. Essa interpretação foi agora irrecuperavelmente demolida pela publicação do livro de Peter Ucko sobre as estatuetas.
Que fique claro: a arqueologia é uma matéria própria, não é história; tal qual o objetivo do trabalho do historiador é estudar o homem no tempo, o do arqueólogo é estudar o artefato no tempo. Ambas podem se ajudar se permanecermos com a ideia de que a Arqueologia é uma ciência autônoma.
Mundo Ocidental 
Conceito ideológico, não geográfico. Caracteriza povos que viveram em áreas de influência da cultura Greco-romana.
 Mundo Oriental 
Caracteriza povos que viveram fora da esfera da influência da cultura Greco-romana ou considerados “menos civilizados” por eles.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar as teorias acerca da ocupação física do espaço da Hélade;
2. analisar as dificuldades apresentadas na utilização de fontes de natureza literária, caso das epopeias, cuja materialização textual foi muito posterior à sua possível criação;
3. destacar em que medida a Arqueologia tem sido decisiva para corroborar ou relativizar muitos elementos apresentados nas epopeias, tais como a Guerra de Troia;
4. elencar as mudanças ocorridas no Período Arcaico e que permitiram a adoção no território grego de um modelo tão peculiar quanto a pólis;
5. enfatizar de que maneira tal modelo impediu a unificação territorial da Grécia em comparação a outros povos contemporâneos a ela;
6. identificar a periodização de tempo que estudaremos em história, aprendendo o que é História Antiga e as dificuldades que possuímos para conhecê-la.
7. reconhecer a ideia de Ocidente, desconstruindo a noção genérica geográfica;
8. comparar como a própria noção do que é história é algo mutável, e que não basta um discurso que afirme o que é a História para que nós o reconheçamos.
Embora a Ilíada narre uma série de acontecimentos da guerra de Troia e se refira a uma série de outros, seu tema principal é o ciclo da ira de Aquiles, da sua causa ao seu arrefecimento. Isso fica claro logo na primeira linha do poema. A palavra grega menin, ira, é a primeira do poema, cuja famosa primeira linha é Menin aeide, Thea, Peleiadeo Aquileos. Em português seria “Ira canta, Deusa, Peléio Aquiles” ou, adaptando, “Cante, Deusa, a ira do filho de Peleu, Aquiles”. Através da consumação dessa ira, é tratada a humanização do herói e semideus Aquiles, sempre conflitado por sua dupla natureza,filho de deusa e homem e, portanto, mortal. A questão da escolha entre valores materiais, como a segurança,  a vida longa e valores morais mais elevados, como a glória e o reconhecimento eterno é tratada na escolha com que Aquiles se defronta: lutar, morrer jovem e ser lembrado para sempre, ou permanecer seguro e ser esquecido. A soberba de Aquiles contrasta grandemente com a sobriedade de Heitor, também grande herói, que não busca a glória como Aquiles, mas luta pela segurança de sua família, de sua cidade e a preservação de suas raízes troianas. A guerra e suas consequências também é tema central na Ilíada, sendo ricamente retratada.Veja na Biblioteca Virtual uma visão interessante sobre a interpretação do papel de Homero no mundo grego.
A competição entre as cidades gregas, tão presente em todos os aspectos da cultura grega, pôde ser documentada a partir da época arcaica. A rivalidade entre as cidades também é perceptível  nos festivais  pan-helênicos, entre os quais, os Jogos Olímpicos. Era uma ocasião em que se desenvolvia o que já foi classificado de “ uma guerra sem armas” e que propiciava o exercício das disputas entre as poleis, em situação controlada, definida por regras. É interessante apontar também que esse momento era solenemente aberto por um ritual religioso, o mais significativo da religião grega   - o sacrifício – do qual participavam, em comunhão, todos os gregos. Assim, paralelamente à explicitação da disputa latente entre as cidades pelo reconhecimento da superioridade de umas sobre as outras, reafirmava-se a identidade grega frente aos não gregos. Estes não usavam a língua grega, não compartilhavam os cultos nem os princípios artísticos que estavam na raiz do que significava “ser grego”.
Mais uma vez, as escavações arqueológicas trazem evidências do processo em andamento:  a partir do final do séc. IX, acentuando-se significativamente no VIII, vai sendo perceptível no registro arqueológico um redirecionamento do alvo das oferendas valiosas: das tumbas familiares migram para locais de culto. Os locais de culto se multiplicam significativamente e, ao mesmo tempo que  agrupam comunidades de fiéis em torno de cultos comuns, significam a apropriação de um território. Mais tarde, no decorrer do século VII, muitos desses centros de cultos serão dotados de uma construção monumental: o templo. A aparição do templo documenta a existência de uma comunidade suficientemente estruturada e dotada de um poder político capaz de mobilizar recursos e mão de obra na execução de uma grande obra que se constituirá na expressão material dessa comunidade. A inserção do templo na paisagem define e demarca o espaço social apropriado pela comunidade. É um dos mais significantes sinais da emergência da pólis.
Dado o papel crucial que desempenham na vida das comunidades  gregas de todos os períodos, os santuários - sejam eles políades ou  pan-helênicos -  vão se transformando em espaços privilegiados para o exercício da competição.  Por representar materialmente uma cidade, o templo catalisa  a competição com as demais cidades. A rivalidade de intercidades  passa a ser evidenciada na ostentação de dimensões imponentes e decoração extremamente cuidada, na encomenda a artistas famosos de estátuas das divindades protetoras.A riqueza das oferendas votivas é um elemento a mais a caracterizar o prestígio e a riqueza de uma pólis.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Determinar como teve início a ocupação do território grego;
2. analisar as primeiras formas políticas adotadas no território grego;
3. identificar as principais estruturas políticas existentes em Atenas durante o governo aristocrático;
4. relacionar as novas leis e instituições introduzidas pelos líderes atenienses e o início da democracia;
5. identificar as prerrogativas necessárias aos habitantes de Atenas para se tornarem cidadãos;
6. destacar os fatores que contribuíram para a desagregação do mundo políade.
A Arqueologia nos permite saber muito sobre os períodos mais remotos da história grega. As escavações de Sir Arthur Evans em Cnossos, na ilha de Creta, e outras explorações mais recentes revelam uma sociedade de palácios suntuosos que floresceu entre 2000 e 1450 a.C. (Essa sociedade era conhecida como Minoica por causa do lendário rei Minos). (Na mitologia grega, o rei Minos seria filho de Zeus e da mortal Europa. Ele foi criado com seus irmãos Sarpedon e Radamanto pelo rei de Creta. Quando o rei morreu, teria deixado seu trono a Minos, que baniu os irmãos. Sua esposa, além dos filhos que lhe dera, seria mãe do mitológico Minotauro).
Os habitantes desses lugares não eram gregos, mas sua cultura teve uma influência significativa sobre eles. Por volta de 2000 a.C, novos povos se estabeleceram em muitas áreas da Grécia e mesclaram as influências minoicas com seus elementos, originando uma nova realidade. Nessas áreas, acabaram desenvolvendo sua própria cultura palaciana que durou de 1600 a 1200 em lugares como Micenas, Tirinto e Pilos (Período Micênico). Sabemos agora que pelo menos alguns desses povos falavam  grego, pois centenas de tábuas de argila com inscrições feitas em uma escrita conhecida como Linear B foram encontradas em Pilos (Muitos estudos indicam que essas inscrições eram uma forma de grego.) Esses palácios teriam sido destruídos por volta de 1200 a. C e ainda não descobrimos exatamente a razão para tal devastação. Segue-se, a partir daí, um período de instabilidade: a “Idade das Trevas”(1200-800 a.C), de que os gregos se lembravam  como uma época de nomadismo e migrações.
Costumamos dividir o território grego em três partes:
Grécia Continental 2) Grécia Peninsular 3) Grécia Insular
Idade das Trevas (XII a. C –VIII a.C)
A Idade das Trevas refere-se a um período de escassez de documentação, seja material ou arqueológica. O que sabemos é que houve um grande retrocesso cultural e organizacional. Os gregos, nessa fase, viviam em habitações menores e mais distantes, o que indica uma significativa redução populacional. 
Acredita-se que os poemas de Homero – a Ilíada e a Odisseia – sejam os maiores indicativos de como vivia a população desse período, mais especificamente a aristocracia.
– Aristoi significa - em grego – belo e bem-nascido, ou seja, a elite econômica e de nascimento
Período Arcaico (VIII a.C –VI a.C)
A unidade política básica da Grécia era a pólis, traduzida como Cidade-Estado. As comunidades gregas eram independentes umas das outras, rivalizando-se, inclusive. Assim, devemos lembrar que ao falarmos de Grécia Antiga, não estamos nos referindo a um território possuidor de unidade geográfica e sim de comunidades “aparentadas” por elementos culturais. As comunidades gregas tinham nesse período apenas formas simples de organização política. Aos poucos e com muita resistência, os aristocratas passaram a reconhecer a autoridade central de uma só família que detinha a realeza. Os reis eram conhecidos pelo nome de basileus.
Para justificar seu poder perante o restante da população, era comum os aristocratas criarem uma genealogia divina ou heroica. Em Atenas, por exemplo, foi o herói Teseu (responsável pela morte do Minotauro, entre outros feitos) quem, segundo a tradição, unificou a Ática e deu à cidade um Conselho Central, o Areópago, no qual os aristocratas podiam reunir-se.
Por tradição, os sucessores de Teseu governavam em Atenas como basileus. No entanto, por volta do século VII a.C, o rei (basileu) já não exercia grande poder. Era apenas um dentre um corpo de funcionários nomeados anualmente, os nove arkhontes (arcontes).
Esses arkhontes tornavam-se membros vitalícios do Conselho que se reunia de vez em quando no Areópago e decidia os destinos da comunidade. Os postos de basileu e arcontes não eram destinados a todos os habitantes da pólis. A aristocracia mantinha o seu direito exclusivo aos cargos. Além de aristoi, eles também eram conhecidos pelo nome de eupátridas (filhos de bons pais).
Ao longo dos séculos seguintes, muitos homens iriam seressentir de serem excluídos do poder e alguns passaram a explorar os descontentamentos e o poderio militar dos cidadãos para conquistar poder pessoal.Uma primeira alternativa para tentar atenuar as insatisfações internas foi a fundação de colônias, as apoikias (colônias). A partir do século VIII a.C várias pólis gregas, entre elas Atenas, estabeleceram “colônias” na Jônia, costa da Ásia Menor. Posteriormente, a partir de 750 a.C, comerciantes e agricultores descontentes, que desejavam uma vida melhor, fundaram na Sicília, no sul da Itália, no sul da França, na Espanha, no norte da África e junto ao Mar Negro outras apoikias.
Internamente, aproveitando do clima de perturbação, alguns homens deram golpes e tomaram o poder. Esses usurpadores eram conhecidos como tiranos – palavra de origem não grega que não tinha necessariamente conotação de crueldade e opressão. (Muitos foram bons administradores, com aprovação popular). Os tiranos eram indivíduos que centralizavam o poder em suas mãos.
Segundo a tradição, em 621-620 a.C. o legislador ateniense Drácon publicou um código de leis que se tornou proverbial por sua severidade. Esse código pode representar uma tentativa de resposta dos eupátridas ao descontentamento geral. O Código Draconiano regularizou os procedimentos que tratam do assassinato e, em certa medida, limitou os poderes da família de um morto, no que dizia respeito ao seu direito de vingança. O significado desse código é mais simbólico, pois, a partir dele, percebemos os primeiros indícios da afirmação do controle central sobre os laços de lealdade locais. Além de todos os problemas que atingiam os atenienses no final do século VII a.C, a questão da propriedade agrícola era cada vez mais significativo. Os camponeses eram muito prejudicados pelas dívidas. Para manter sua propriedade, muitos contraíam débitos que não conseguiam pagar. Como solução, eram convertidos ao status de escravos (Essa instituição era conhecida como escravidão por dívidas). A crescente insatisfação e instabilidade criava as condições para a tirania. Como alguns tiranos tinham o discurso da redistribuição das terras e o cancelamento das dívidas, recorrer a eles podia parecer solução atraente. Nesse momento, em 594-93 a.C, Sólon foi nomeado arconte em Atenas e tentou oferecer soluções para os problemas da época. Aliviou a pressão das dívidas que levavam à escravidão. Sua solução foi chamada de seisákhteia. Definiu quatro classes com base na riqueza agrícola (pentacossiomedinos, zeugitas, tetes e hippeis).  A partir desse momento, os mais ricos na sociedade, fossem ou não eupátridas, passaram a poder ocupar os principais cargos da cidade. Isso significava que, não apenas os nascidos nas famílias tradicionais teriam acesso à política. Sólon foi responsável também pela instituição de um Conselho popular (Boulé), com quatrocentos membros. Esse Conselho convivia paralelamente com o Areópago.
A despeito das reformas de Sólon, os aristocratas de Atenas continuaram a lutar por seu direito à liderança na comunidade ateniense. Em 561-560 a.C, um desses homens, Pisístrato, herói militar, ganhou o apoio popular e tomou o poder em Atenas como tirano. Seu controle esteve longe de ser inquestionável. Foi derrubado do poder duas vezes por seus inimigos políticos. Consolidou a tirania em Atenas anos mais tarde e, a partir de então, conseguiu permanecer no poder até sua morte, em 528-27.Seu governo não pode ser reconhecido como realizador de mudanças radicais no âmbito da política. Garantiu apenas que seus amigos estivessem entre os arcontes. Em outras áreas, no entanto, obteve grandes êxitos: grandiosos projetos de edificações, a bela cerâmica de figuras negras das oficinas atenienses e a remodelação do festival das Grandes Panateneias. Pisístrato conseguiu deixar um sucessor, seu filho, Hípias. O jovem enfrentou uma crescente oposição aristocrática, mesmo por parte de homens que haviam colaborado com  seu pai.
Em 514 a.C, dois amantes aristocratas, Harmódio e Aristogíton, tramaram o assassinato de Hiparco (irmão de Hípias). Na procissão das Panateneias, os conspiradores entraram em pânico. Hiparco foi assassinado, mas Harmódio foi morto no atentado e depois Aristogiton morreu sob tortura. Hípias sobreviveu e sua tirania tornou-se ainda mais severa. Isso fez com que a oposição a seu governo crescesse e ele acabasse deposto. Os aristocratas atenienses solicitam ajuda de Esparta para derrubar o tirano e as rivalidades entre facções aristocratas aumentaram.  O vitorioso dessa contenda foi Clístenes, que empreendeu uma série de reformas que permitiram o nascimento da democracia. No entanto, não podemos considerá-lo o criador da democracia, pois não foi um processo deliberado. Ele criou o conceito de isonomia. Todos os cidadãos passaram a ser considerados iguais perante a lei. Implantou ainda a participação direta do povo, a partir do comparecimento na Assembleia - Eclésia, que votava nas leis preparadas pela Bulé ou Conselho dos 500. A justiça era distribuída pela Heliae, formada por 12 tribunais e o comando do exército cabia ao estrategos, em número de dez, escolhidos pela Eclésia para um mandato anual. Com a finalidade de preservar a cidade de Atenas, Clístenes instituiu o ostracismo, que consistia em um exílio forçado dos maus cidadãos. Para isso, o nome do indivíduo era escrito em um pedaço de argila chamado ostrakon, Quando a maioria votava pela expulsão, o cidadão perdia seus direitos políticos, sem perda dos bens. Depois de dez anos, a pessoa banida podia voltar à cidade e recuperar todos os seus direitos de cidadão. Esse costume  prevaleceu até o final do século V a.C. “Entenda que, para os atenienses, ser cidadão significava ser homem, maior de 25 anos, filho de pai e mãe atenienses e livre. Dessa forma estavam excluídas mulheres, estrangeiros (METECOS) e escravos, além dos menores de 25 anos.Isso não quer dizer que Atenas fosse uma democracia deformada. Não podemos esquecer que é equivocado comparar sociedades antigas com valores atuais. Logo, dentro da lógica estabelecida, os cidadãos eram iguais perante as leis sim. 
Outro elemento importante da democracia ateniense é o modo de escolha de seus magistrados. Na maioria das funções, a maneira de acesso é o sorteio do qual qualquer cidadão poderia participar.” No decorrer da formação de seu amplo império, os persas tiveram o domínio sobre várias regiões. Em seu processo de expansionismo, a partir do século V a.C, começaram a esbarrar nos interesses gregos, na Àsia Menor.  Os jônios, colonos gregos dessa região, solicitaram apoio militar das polieis de Erétria e Atenas contra seus inimigos e o resultado foi o início dos conflitos genericamente conhecidos como Guerras Médicas. O que estava em jogo era o controle marítimo-comercial na região. No primeiro confronto, surpreendentemente, 10 mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o desembarque de 50 mil persas, vencendo-os na Batalha de Maratona, no ano de 490 a.C. Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois voltaram. As poleis gregas esqueceram suas divergências internas e se uniram contra o inimigo comum. Os persas foram vencidos em Salamina (480 a.C) e Plateia (479 a.C).
Apesar do êxito, o temor de que houvesse um novo ataque persa persistiu, o que levou as poleis a se unirem em uma confederação, a Liga de Delos. Cada pólis deveria contribuir com navios, soldados e dinheiro. Atenas aproveitou sua liderança sobre a liga e passou a utilizar o dinheiro em benefício da comunidade. Várias construções foram realizadas. Atenas entrou em uma fase de grande prosperidade. Nessa época, se destaca o governo de Péricles, responsável pelo aprimoramento da democracia ateniense. A ação dos atenienses de utilizar os recursos da Liga de Delos e punir aquelas poleis que se rebelaram, logo motiva uma articulação.
Lideradas por Esparta, várias cidades da Grécia Antiga fundaram a Liga do Peloponeso. Tal associação visava combater a hegemonia de Atenas e da Liga de Delos. Entre 431 e 417 a.C., as várias cidades-Estadogregas se envolveram em um penoso conflito que ficou conhecido como a Guerra do Peloponeso. 
Após a vitória na Batalha de Egos Pótamos, os espartanos exerceram uma política semelhante a de Atenas causando novos conflitos. Essa constante hostilidade no mundo grego esgotou seu poderio militar e os tornou vulneráveis a ataques externos e, nesse momento, do rei Felipe II da Macedônia. Teve fim a autonomia das poleis gregas que passaram a integrar o Império Macedônio.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Identificar a importância da produção cultural grega para a formação do universo mental de diversos povos antigos;
2. enumerar as principais áreas de conhecimento desenvolvidas no mundo grego;
3. determinar os principais componentes da religiosidade no mundo grego;
4. apontar as diversas finalidades do teatro para o homem grego;
5. relacionar a origem da filosofia e das ciências no mundo grego às suas tentativas de compreensão do universo em que viviam;
6. explicar por que os elementos da cultura grega foram absorvidos pelos povos que os subjugaram;
7. detectar as permanências da cultura grega no mundo contemporâneo.
Todas as sociedades antigas nos legaram contribuições culturais. No entanto, os gregos são sempre citados pois, certamente, nenhuma dessas sociedades apresentou a diversidade por eles experimentada. Enquanto nos lembramos dos egípcios por suas pirâmides e monumentos, podemos associar aos gregos conhecimentos de vários matizes. A eles atribuímos a criação da filosofia, do teatro, da história, além de descobertas no âmbito da matemática, das artes plásticas, da literatura.
Para não sermos injustos, devemos considerar a problemática da conservação e difusão cultural. Isso significa que não sabemos muito sobre outros povos da Antiguidade  porque, provavelmente, muita coisa se perdeu ao longo dos séculos. No entanto, os  gregos também passaram pelas intempéries temporais. Então, por que sabemos tanto sobre sua cultura? Então, por que sabemos tanto sobre sua cultura? Bem, esse é o primeiro conceito com que você deve se familiarizar; conhecemos tanto sobre eles graças ao HELENISMO.
Alexandre, o grande, rei da Macedônia, conquistou vários territórios, dentre eles, a Grécia. Por admirar profundamente a cultura grega, em cada território dominado, criava centros de irradiação cultural que promoviam a divulgação do saber científico e das formas artísticas e literárias do mundo grego. Houve, é claro, uma mistura com os valores culturais desses outros povos. O resultado é o HELENISMO. (A Grécia era conhecida pelo nome de Hélade, ou seja, terra dos  helenos. Seria uma referência a um personagem mítico, Heleno, cujos filhos seriam os primeiros ocupantes do território. A Macedônia de Alexandre era um território imediatamente acima da Grécia, portanto, tinha traços culturais semelhantes. Por conta disso, o período de dominação macedônia sobre os gregos, que durou de 336 a. C até a conquista romana, em 146 a. C é chamado de Período Helenístico. Alexandre, que havia sido educado pelo filósofo Aristóteles, como vimos, cuidou da difusão desse conhecimento. Dessa forma, a religiosidade, os costumes, a literatura e a língua grega se transformaram no padrão para as pessoas cultas de então).                   
Ao longo dos séculos, muitos componentes da cultura grega ainda serviram de referência. Nos séculos XIV-XV, por exemplo, houve uma retomada dos padrões clássicos durante o Renascimento. Renascimento foi um movimento cultural dos séculos XIV - XV e XVI, cujo berço foi a Itália, e que produziu nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, entre outros. Um dos princípios seguidos pelos artistas era o chamado Classicismo, ou seja, valorização da Antiguidade Clássica como padrão por excelência do sentido estético. Vamos conhecer então essa cultura maravilhosa a partir de seus tópicos principais.
Politeísmo é a crença em vários deuses. Os deuses gregos eram homens superlativizados, ou seja, possuíam os mesmos defeitos e qualidades dos humanos, no entanto, se distinguiam deles por serem ATHANATOI (imortais) e poderosos. Devemos observar que sua definição é menos automática do que parece. Temos exemplos que nos permitem notar o conceito de politeísmo associado ao monoteísmo de grupo, existem muitos deuses, mas somente um nos representa. O politeísmo aparece bastante em estruturas sociais com múltiplas origens, constituindo panteões específicos.
O Panteão grego era formado por uma grande variedade de deuses, dentre os quais podemos citar: Zeus – Senhor do Olimpo. (Nome latino: Júpiter)
Hera – esposa e irmã de Zeus, deusa da família e do matrimônio. (Nome latino: Juno)
Ares – deus da guerra. (Nome latino: Marte)
Afrodite – deusa do amor. (Nome latino: Vênus)
Atená – deusa da sabedoria. (Nome latino: Minerva)
Deméter – deusa da fertilidade. (Nome latino: Ceres)
Hermes – mensageiro dos deuses. (Nome latino: Mercúrio)
Artémis – deusa da caça. (Nome latino: Diana)
Hefaistos ou Hefestos: deus da metalurgia. (Nome latino: Vulcano)
Hades – deus do mundo subterrâneo. (Nome latino: Plutão)
Poseidon – deus dos mares e oceanos. (Nome latino: Netuno)   
Além dos deuses, os gregos também acreditavam nos heróis ou semideuses, filhos de deuses e deusas com humanos, tais como: Herácles ou Hércules, Odisseus, Aquiles, Teseu e em entidades como faunos, musas e ninfas.
A religiosidade dos gregos era vivenciada em público, ou seja, através de festivais, procissões. A base do relacionamento entre homens e deuses era a permuta, ou seja, o mortal reconhece seu poder e consegue, por isso, ser agraciado.O templo era a morada dos deuses, não lugar de reunião entre os crentes. Em geral,  possuíam em seu interior uma imagem do deus ali adorado ou algo que o simbolizasse. A adoração aos deuses era processada no exterior do templo, ao leste. Essa é uma das razões para o exterior dos templos ser o lugar das decorações arquitetônicas mais elaboradas - homenagem aos deuses. Na religiosidade grega, não havia culto estabelecido com rígidas regras, não havia verdade revelada, nem livro sagrado. Os sacerdotes eram sorteados anualmente entre os cidadãos.Quando desejavam conhecer a vontade dos deuses, os cidadãos iam a um vidente (Mânthis) ou aos oráculos. O mais famoso deles foi o Oráculo de Delfos.   A ideia de culpa, pecado, bem como a preocupação com a vida após a morte eram totalmente desconhecidos pelos gregos. Apenas alguns grupos minoritários as utilizavam, tal como o Orfismo.
Orfismo era uma crença criada a partir dos séculos VII e V a.C. Seu fundador teria sido o poeta Orfeu que desceu ao Hades e retornou. Os mistérios órficos prometiam uma vida melhor após a morte. Quando morriam, os gregos acreditavam que os indivíduos passavam a habitar o mundo subterrâneo, denominado Hades, cuja entrada era protegida pelo cão Cérbero. A entrada era separada do interior pelo rio Estige, cuja travessia era feita pelo barqueiro Caronte. Os recém chegados tinham que pagar para fazer a travessia, por isso, os mortos eram enterrados ou cremados com moedas sobre os olhos para que tivessem com que pagar o barqueiro. Para agradar aos deuses, os gregos faziam sacrifícios, geralmente, os primeiros frutos de uma colheita ou uma novilha. Oferecendo-se o melhor aos deuses, eles acreditavam que estabeleciam uma relação de reciprocidade e assim, esperavam receber também o melhor. Os festivais aumentaram em número e grandiosidade no século V a.C. Ocupavam grande parte do ano cívico de cada pólis. Embora fosse prática cada comunidade ter seu deus protetor, eles costumavam homenagear outros deuses também. O Teatro, que veremos à frente, surgiu desses festivais, ou seja, tinham uma função religiosa.Em geral, participavam dos festivais todos os habitantes da pólis, mesmo os escravos e estrangeiros (metecos).
Em todas as sociedades, os indivíduos narram histórias, seja verídicas ou ficcionais. Os gregos não eram diferentes e, no início de sua civilização, as transmitiam uns aos outros oralmente. Os autores dessas narrativaseram chamados de rapsodos e, um dos mais conhecidos era HOMERO.
Nas comédias, o principal nome é Aristófanes que, em suas peças, fazia críticas à sociedade, indivíduos e política ateniense.As encenações eram custeadas por homens abastados e os atores eram sempre homens, que representavam vários papéis na mesma peça. Eles usavam máscaras  que cobriam seus rostos e indicavam se estavam felizes ou tristes. O público sabia o sexo do personagem pelas roupas e perucas que portavam.  As peças, a partir do século IV a.C passaram a ser repetidas, sobretudo, após o domínio macedônio.
Matemática--Pitágoras (525 a.C),  para escapar da tirania em sua terra, migrou para o sul da Itália, onde fundou uma escola em que ensinava um novo mundo, um novo modo de vida. Lá, ele fez uma série de descobertas sobre a relação da natureza com o mundo.Os pitagóricos sugeriram que o número está no centro da realidade. Uma das grandes contribuições de Pitágoras foi seu teorema, que todos estudamos na escola até hoje: a soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.Os gregos eram seduzidos pela Matemática por sua precisão e também eram fascinados pelo problema do infinito. Um outro matemático, Zenão de Eleia (490 a.C) afirmou que se cortássemos uma linha ao meio, isso poderia ser feito indefinidamente. Outros estudiosos que podem ser citados: Tales de Mileto e Parmênides.
Medicina
Até onde sabemos, os gregos foram os primeiros a transformar a medicina em algo mais sistematizado. O principal defensor dessa medicina racional foi Hipócrates. Ele fundou uma “escola” de medicina e escreveu alguns tratados como SOBRE A DOENÇA SAGRADA.  Seu juramento é proferido até hoje pelos formados em medicina. Para os gregos, as doenças eram resolvidas a partir do equilíbrio entre os elementos que compunham o corpo, os chamados humores. Através de dietas, sangrias, purgativos e cirurgias, esses humores eram reequilibrados e as doenças sanadas.A força da medicina grega estava no prognóstico, isto é, na cuidadosa observação dos rumos que a doença tomava, de modo que, quando surgiam sintomas semelhantes, os médicos poderiam prever a evolução da doença.Eles já possuíam conhecimento de cirurgia, especialmente do tratamento de ferimentos de guerras  e da comparação de dados conseguidos com a dissecação de animais. Eles não dissecavam humanos por questões religiosas.
Os gregos consideravam o próprio passado e passaram a repensá-lo inventando a História (significa pesquisa, indagação). Quando os gregos passaram a colonizar outras regiões, houve a necessidade de criar uma espécie de guia para os colonos onde eram informados os costumes locais, a descrição da geografia, enfim, narrativas sobre aquele povo. Assim, nasceu a História. Heródoto, que descreveu os fatos das guerras médicas, era considerado o Pai da História. Seu método de narrativa era totalmente inusitado. Ele introduziu perguntas: Como? Por quê? Em relação aos eventos sobre os quais dissertava. Além disso, integrou em sua obra os costumes, a cultura dos povos que haviam entrado em contato com os gregos. Ao introduzir esses elementos, ele estabeleceu uma “postura” histórica: os indícios devem ser, na medida do possível, verificados por indagações e pesquisas.  Outro nome digno de menção é o de Tucídides, que narrou em sua História da Guerra do Peloponeso, todos os fatos que cercaram essa luta fratricida. Nessa obra, ele excluiu o “romance”, as conversas e priorizou os aspectos militares e políticos da guerra. Iniciou uma tradição analítica, pois  considerou as mudanças ano a ano do conflito.
Filosofia:A palavra Filosofia significa amor à sabedoria. Muitos homens, desde os primórdios da História grega, passaram a refletir sobre a natureza humana, o universo e fizeram descobertas que permanecem até os nossos dias.A Filosofia surgiu no período arcaico com a Escola de Mileto. Para os seguidores dessa escola, todos os elementos da natureza vinham de um elemento básico (a água, o ar ou a matéria). Nessa escola destacaram-se Anaxímenes e Anaximandro. Tales de Mileto e Pitágoras, já citados, eram filósofos matemáticos.
No século V a.C surgiram os sofistas, que se dedicavam ao ensino da retórica e os outros assuntos aos jovens atenienses abastados. Muito os viam com maus olhos, mas o fato é que eles estiveram  à frente de um movimento que considerava o homem e não o mundo físico como centro do debate intelectual.Um dos grandes nomes do sofismo era Protágoras que afirmava: “O homem é a medida de todas as coisas”. Eles não acreditavam em verdades absolutas e defendiam que havia diferentes visões sobre o mundo e as coisas.   
No final do século V a.C, a ciência e a filosofia começaram a formar ramos distintos de conhecimento. A filosofia passou a se preocupar especialmente com o homem, a ética e a estética. Surgiu então a chamada Escola Socrática, baseada em seus ensinamentos. 
Sócrates não deixou seu conhecimento escrito e o que sabemos de seu pensamento foi o que seus discípulos citavam. Como educador era preocupado em conhecer o indivíduo e os segredos do universo. Foi o autor da célebre frase: “Só sei que nada sei”Sendo um dos maiores filósofos de todos os tempos, morreu em 399 a.C condenado pela democracia a tomar cicuta. Foi acusado de tentar corromper a juventude ateniense  e introduzir novos deuses .
Criou um método chamado Maiêutica (parto em grego), pois partia do pressuposto de que o conhecimento estava em cada um e devia ser “parido”. Dizia que, como sua mãe era parteira, ele também era, mas que fazia nascer a sabedoria. Desinteressado da física e preocupado apenas com as coisas morais, Sócrates em sua obra era capaz de regular a conduta humana e orientá-la no sentido do bem. A virtude supõe o conhecimento racional do bem, razão pela qual se pode ensinar. Teve muitos seguidores, dentre os quais podemos citar Platão, e Xenofonte.Seu discípulo Platão, nascido em 428 a.C, vinha de uma família aristocrática. Depois da morte de seu mestre, empreendeu uma série de viagens. Voltando a Atenas, fundou a Academia, sua célebre escola. Era vivamente interessado pela vida política de sua pólis e fazia sérias críticas à democracia. Costumava dizer que o homem comum era incapaz de tomar decisões políticas inteligentes e que, para liderar, deveria haver conhecimento intelectual. Segundo Platão, o conhecimento humano era dividido em duas partes: o conhecimento sensível, particular, mutável e relativo, e o conhecimento intelectual, universal, imutável, absoluto, que ilumina o primeiro conhecimento, mas que dele não se pode derivar. Pregava, ainda, que a moral individual deveria ser acompanhada de uma mudança na sociedade, afirmando existir um mundo perfeito, o mundo da ideias. Escreveu várias obras das quais destacamos a República, onde explicava as regras para um governo perfeito, criando ainda uma hierarquia para as formas de poder existentes, dividindo-as em perfeitas e imperfeitas... O principal discípulo de Platão foi Aristóteles. É considerado o filósofo que mais influência exerceu no mundo Ocidental. Defendia o escravismo ao afirmar que alguns indivíduos nasceram para ser escravos. Em 343 foi convidado por Filipe II da Macedônia, para tornar-se preceptor de  Alexandre, então com treze anos. Lá permaneceu por três anos. De volta a Atenas, em 335, Aristóteles fundou sua escola. O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética. O Liceu, também chamado de Escola Peripatética, devido ao costume de dar lições, em amena palestra, passeando pelos jardins do ginásio de Apolo, foi muito frequentado. Esta escola seria a grande rival e a verdadeira herdeira da velha e gloriosa academia platônica. Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas de crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon,que reúne grande parte de seus pensamentos. Como vimos, a cultura grega é bastante diversificada. Que tal buscar mais informações sobre os personagens aqui citados e ler sua produção intelectual? Certamente você se impressionará ainda mais com esse povo tão distante cronologicamente, mas tão próximo de nós culturalmente. 
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Observar os aspectos da Guerra do Peloponeso;
2. analisar as críticas de Aristóteles ao sistema democrático;
3. identificar os aspectos que permitiram entender o crescimento dos macedônios;
4. o governo de Alexandre e o helenismo;
5. a relação entre Grécia e Roma.
Como conhecemos a história da Guerra do Peloponeso?
Temos um cronista de guerra, alguém capaz de nos contar com detalhes das batalhas, dos feitos, realizados pelos gregos.  Será? Será que estudar a história é isso? Achar o relato de um contemporâneo e usar o que ele nos conta para sabermos com detalhes o que aconteceu no passado?Isso passa pela compreensão do que é história, de qual é o seu objetivo... Antes de passarmos para a Guerra propriamente dita, vamos conhecer um pouco a grande opositora de Atenas: Esparta???
Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. Baseava seu modelo político em uma oligarquia governada por dois reis. Após o século VI a.C, houve uma diminuição de sua produção cultural e fortalecimento de um modelo militarista. 
Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação iniciava-se por volta dos 7 anos, quando eram obrigados a viver com os demais cidadãos da pólis em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à luta, aprendendo a sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram obrigadas à prática da atividade física para se tornarem boas “parideiras”. Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas características físicas. Caso possuíssem algum tipo de deformidade, eram jogadas do Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade. Para manter esse modelo, os espartanos submeteram populações vizinhas da Lacônia e constuitíram duas formas de submissão: os periecos e os hilotas. Os periecos poderiam se dedicar às atividades comerciais e ao artesanato. Não possuíam direitos políticos e gozavam de autonomia limitada. Contribuíam com impostos e eram obrigados a servir o exército espartano em unidades diferenciadas. Os hilotas eram subordinados, exerciam atividades bastante pesadas e pagavam tributos. Eram mantidos em suas terras o que os faziam ainda mais revoltados. Os espartanos viviam temerosos de uma rebelião desse grupo. Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento cultural. A cidade (pólis) é construída em torno da valorização da escrita. Seus referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da filosofia e do pensamento escrito. Esse elemento é central dentro de Atenas. Após as vitórias diante dos persas, Atenas passa a ser o centro do poder grego, a liderança da liga de Delos. Cobra impostos, o que garante sua posição de representante máxima dos exércitos. Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma sistemática resistência ao crescimento ateniense.  O ponto crítico se dá quando os Coríntios se recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos  afirmam que, se houvesse qualquer ataque a esses, a guerra começaria.
E assim se fez. Certeza? A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como afirma Finley. Ela se torna famosa não pelos seus efeitos de maneira direta, mas sim pelo fato de ser narrada por Tucídides. Passe o mouse sobre a palavra em negrito. Claro que devemos relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os eventos da guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes atenienses, Péricles.Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais especificamente no artigo os gregos antigos e sua nação, sinaliza para desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso foi uma guerra civil ou coisa que o valha.  É essencial captar o tom contextual exato.  Todo grego antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma multiplicidade de grupos. Sabemos que as poleis guardavam grande proximidade cultural, mas isso não fazia dela uma nação no sentido moderno. Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os atenienses concederam - num gesto sem precedentes - a cidadania ática a Samos, o aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa para se duplicar como comunidade.A efêmera medida foi revertida pela rendição de Atenas em abril de 404 e pela expulsão, uns meses depois, dos democratas de Samos por parte do golpista ateniense, Lisandro. Pouco tempo depois, foi de novo posta em prática pela democracia restaurada no arcontado de Euclides. Era uma maneira de honrar os democratas exilados de Samos. Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, a coligação chefiada por Atenas e pareceu por momentos que o vencedor, famoso por ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia para uma Atenas praticamente indefesa, um político democrático tão irregular na militância como original na sua vida privada.  Hipérides, propôs a libertação de cento e cinquenta mil escravos agrícola e mineiros.  Todavia, acabou por se julgado pela sua ilegal iniciativa, acusado de ser agitador. Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase de conflitos extremamente sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco espaço aos neutrais  - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga, trabalha com a própria concepção do poder no mundo ateniense.Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira.  Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas, a tragédia que exaltava Temístocles, foi ele quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro.   A imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo pagamentos estatais para a participação nos espetáculos e para a participação nos júris do tribunal, além de outras remunerações públicas e festas.  A adoção sistemática destas formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no período de seu maior florescimento, consolidando a imagem de liderança aristocrática. Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe democracia à liberdade: a falta de outro termo - diz ele - costumamos atribuir a este regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia: trata-se, porém, de um sistema político livre.  Em certo sentido, o orador estabelece uma antítese entre democracia e liberdade. Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo grego. As oligarquias estão ampliadas, a relação com os estrangeiros será revista, uma vez que Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à Hélade. Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse momento: "Se Atenas, com efeito, durante a maior parte do século V foi a cidade-Estado mais poderosa do mundo grego, se no momento em que Péricles pronunciava o elogio da democracia, a guerra, que durava há um ano, ainda não tinha calado suas forças atuantes, não ia mais fazê-lo no início do século IV.  Um quarto de século de conflitos, que para simplificar, chamamos de guerra do Peloponeso, tinha feito dela uma cidade vencida, uma cidade assassinada, uma cidade dilacerada. Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta como uma vitória da liberdade. Não devemos entender que o domínio oligárquico espartano tenha sido melhor que o ateniense. No entanto, significou o distanciamento de Atenas do centro de poder. Claude Mossé demonstra a substituição dos modelos políticos da Hélade por centros oligárquicos e pela ascensão dos macedônios no mundo grego. Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense.Eles participavam no séculoV das Olimpíadas e participaram em alguns momentos de batalhas do mundo grego.
Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidades Estado, tinha uma economia e um sistema de guerra. No entanto, o mundo grego era referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e construções que geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, como os macedônios.Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, após a derrota de Esparta em novo embate entre as poleis gregas. As tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas, empobrecidas e precisavam do apoio militar de Felipe. Ele envia então, nobres para serem educados nos valores do mundo grego.  Um deles é seu filho, Alexandre. Felipe II da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa Olímpia, no século IV.  Boa parte da história sobre Alexandre é escrita por Plutarco, grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que tenhamos cuidado em apreciar seus relatos.Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado helenístico (até o século II d.C.) e o que o precedeu. O relacionamento entre macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora as cidades-Estados gregas fossem primeiramente democracias ou oligarquias, Macedônia era um reino composto por cantões separados governados por líderes locais poderosos. Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram a repensar seus padrões culturais. Os gregos esperaram determinados comportamentos para demonstrar que você era grego: participação nos jogos e consulta aos oráculos, por exemplo. Os macedônios participavam nesses eventos, mas eram geralmente os reis macedônios que afirmaram ser gregos. Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos macedônios, gregos. Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. Seu pai, Amyntas III (393-370 BC), tinha dois filhos mais  velhos que precederam Filipe II no trono. Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado por seu cunhado e  Perdiccas III, que governou entre 360-359. O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial contra as tribos do norte que pacificou usando técnicas bastante gregas: diplomacia, corrupção e aliança militar. Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe se moveram para o sul e o leste. Uma vez que tinha capturado as minas de ouro de Mt. Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: Torone, Olynthus, e Amphipolis. Esse movimento acabou por envolvê-lo em um conflito com Atenas que considerava Amphipolis como sua própria colônia. Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, valendo-se de suas próprias disputas, até os limites de Termópolis.  Filipe torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no século IV, Demóstenes, um orador ateniense, defender claramente na Ágora a aliança com Felipe.Em  338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, com o Felipe comandando diretamente o exército com seu filho de 16, Alexandre, na frente de batalha. Em Coríntios, Felipe estabelece a liga helênica, mas não reivindica um poder rela frente aos gregos.Dois anos mais tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido por seu filho, Alexandre.  A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos de Alexandre levariam elementos da cultura grega de Atenas a Afeganistão, mas não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos mais tarde, os gregos estariam livres. A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de Felipe possuir Olímpia fisicamente, Zeus desce como um raio e a engravida.  Felipe, desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho a reconduz ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de maneira dura, mas entender sua representatividade. Primeiro, a união de Felipe com o mundo grego, foi feita através de uma aliança humana. O “bárbaro” e da bela sacerdotisa, a representante divina. Alexandre, como sucessor do trono macedônio, teria sido concebido por Zeus, ou seja, era, antes de tudo, filho do mundo grego e de sua tradição. Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre.  Sem dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que não representavam uma monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do poder macedônico em torno de Alexandre.  Educado por Aristóteles, a legitimidade Alexandrina fica ainda maior.  Em 336 a.C., Alexandre ascende ao poder, após o assassinato de seu pai em uma disputa interna entre os macedônios. Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de Alexandre.  Em uma assembleia em 335 a.C. em Coríntios é escolhido como o líder militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas.  Reprimiu ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio.  As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos guerreiros que por ali passaram, Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido.  Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na organização persa.  Suas vitórias sobre a Babilônia e Egito fazem com que o próprio Alexandre assuma o título de rei da Pérsia.  O conceito de rei dos reis é reformulado. Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no Oriente, sempre com a visão de dialogar com as duas culturas.  O helenismo sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos.
Existe muito de personificação neste momento, mas, por favor, evitemos. Não é Alexandre capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros heróis que a história inventa, tenhamos sempre cuidado. Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como verdade, é licença poética e para o historiador ajuda a visualizar, pensar.  O discurso do filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não invalida ninguém de ser um herói...  O que no mundo grego é uma prática bem diferente, uma leitura não sexualizada como pensada na prática contemporânea.
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Comparar a explicação sobre a origem mitológica romana com a explicação histórica; 
2. analisar algumas características das cidades-estados etruscas; 
3. identificar as principais instituições políticas existentes em Roma durante o domínio etrusco; 
4. determinar os motivos que levaram Roma a obter sua autonomia em relação à Etrúria; 
5. caraterizar as diferenças surgidas na política romana após a obtenção de sua autonomia; 
6. explicar os motivos que levaram Roma ao seu processo expansionista inicial 
7. especificar as razões que levaram os plebeus a iniciarem seus conflitos contra os patrícios.
É possível que já falassem a língua indo-europeia que, mais tarde, se transformou no latim. É bastante provável também que, a partir da Idade de Bronze, esses povoamentos tenham continuado sem interrupção. Segundo a tradição, Roma foi fundada em 753 a.C. Essa data, porém, é totalmente mítica, muito tardia para os vestígios da arqueologia. Essa crença surgiu a partir do relato deixado pelo poeta romano Virgílio e pelo historiador também romano Tito Lívio.
A ORIGEM MITOLOGICA DE ROMA
Provavelmente, os romanos criaram essa lenda para enaltecer a origem de sua civilização, envolvendo deuses e nobres. Enéas, um príncipe troiano, filho de um mortal (rei de Troia) e da deusa Vênus, fugiu de sua cidade durante a Guerra de Troia.Acompanhado de alguns homens, seguiu para a península Itálica, onde seu filho Ascânio fundou uma cidade, chamada Alba Longa. Numitor e Amúlio, descendentes de Enéas, estão presentes no relato da lendária fundação de Roma.
Fonte: <http://www.historialivre.com/antiga/romalenda.htm>. Com adaptações.
Rômulo e Remo, irmãos gêmeos, eram filhos do deus grego Ares (ou Marte, seu nome latino), e da mortal Réia Sílvia,filha de Numitor, rei de Alba Longa. Amúlio, irmão do rei Numitor, deu um golpe de Estado, apoderou-se da coroa e fez de Numitor seu prisioneiro. éia Sílvia foi confinada à castidade, para que Numitor não viesse a ter descendência. Entretanto, Marte desposou Réia, que deu a luz aos gêmeos Rômulo e Remo. Amúlio, rei usurpador, ao saber do nascimento das crianças, jogou-as no rio Tibre.
A correnteza jogou à margem os irmãos que foram encontrados por uma loba, Capitolina, que teria amamentado e cuidado dos dois até que foram achados pelo pastor Fáustulo que, junto com sua esposa, criou-os como filhos.
Fonte: <http://www.historialivre.com/antiga/romalenda.htm>. Com adaptações.
Quando adulto, Remo se indispôs com pastores vizinhos. Estes o tomaram e levaram a presença do rei Amúlio, que o encarcerou. Fáustulo revelou a Rômulo as circunstâncias de seu nascimento e o jovem foi ao palácio para libertar o irmão. Matou Amúlio e libertou seu avô Numitor. Para recompensar os netos, Numitor deu-lhes  o direito de fundar uma cidade junto ao rio Tibre. Os dois consultaram os presságios e seguiram até a região destinada à construção da cidade. Remo dirigiu-se ao Aventino e viu seis abutres sobrevoando o monte. Rômulo, indo ao Palatino, avistou doze aves e fez então um sulco por volta da colina, demarcando o Pomerium, recinto sagrado da nova cidade.Remo, enciumado por não ser o escolhido, escarneceu do irmão e, em um salto, atravessou o sulco, sendo morto por Rômulo, que o enterrou no Aventino e deu o nome à sua cidade (Roma) em homenagem ao irmão.
ETRÚRIA 
Durante séculos, Roma teria sido dominada por seus vizinhos do norte, os etruscos. Suas cidades-estados floresceram nos séculos VII e VIII a.C. Os etruscos nos reservaram poucos detalhes sobre sua história. Sabemos que dominavam a ourivesaria, cujos detalhes lembram em muito a arte oriental desse período. Os gregos também teriam contribuído para sua arte. Como haviam fundado colônias ao sul da Península Itálica, os gregos precisavam de cobre e ferro dos etruscos. Em troca, davam aos a eles vasos pintados cheios de âmbar, estanho e chumbo. Ao que parece, a Etrúria não era unificada sob o domínio de um único rei. Eram cidades-estados como a Grécia, com suas diferenças sociais, políticas e econômicas. Esse aspecto é de grande importância para o entendimento da Roma primitiva. Roma teria sido influenciada, de tempos em tempos, por essa ou aquela cidade etrusca. Pela proximidade geográfica, provavelmente Tarquínia, Ceveteri ou Veios. Roma estava no meio do caminho para a Campânia, onde os etruscos comercializavam com os gregos e possuía planícies muito férteis. Dessa forma, era necessário subjugá-la para ter acesso facilitado a essas benesses. Não tardou para essa influência virar dominação de fato. Foi estabelecida uma monarquia etrusca. Durante o domínio etrusco (VI-VIII a. C), Roma era uma monarquia. Essa é a primeira fase da história romana. Sua organização administrativa era baseada na divisão da população. Ali se organizaram três tribos (TRIBUS) e essas foram divididas em dez cúrias (CURIAE) – cada uma composta de um certo número de famílias ou clãs.
O Senado foi uma instituição presente em todas as fases da história romana. Teria nascido dessa divisão, pois conta com 300 membros, ou seja, 10 de cada cúria/100 de cada tribo.
Esses senadores eram escolhidos pelo rei entre os pater familiae, chefes de clãs. As cúrias também se reuniam para formar uma antiga assembleia, chamada de Comitia Curiata, que possibilitava a ratificação das decisões do monarca, depois de consulta ao Senado. Desse  sistema curial parece ter surgido também a base para a mais antiga organização militar de Roma. A monarquia etrusca foi derrubada devido ao crescimento de Roma, utilizada como rota comercial por eles. A data mais provável é 510 a.C. No entanto, os romanos ficaram temerosos de uma possível reconquista e ainda, do assédio de povos ao redor.
CÔNSULES - Em número de dois, eleitos pela assembleia, com vétuo mútuo. Possuíam poder administrativo, comando do exército, interpretação e execução da lei. SENADO - Aumento de influência após a queda da monarquia. Não possui poder Executivo; era órgão consultivo dos magistrados eleitos em questões de política externa e interna, finanças e religião. COMITIA CENTURIATA - Assembleia composta pelos cidadãos romanos. As centúrias dos mais abastados tinha maior peso que as demais. Além disso, os membros do Consulado eram nomeados entre os senadores escolhidos por eles. CENSORES - Eram dois, invariavelmente ex-cônsules. Exerciam o recenseamento dos cidadãos, a orientação sobre as construções públicas e a fiscalização da conduta moral dos cidadãos. PRETORES - Ligados à Justiça, tinham cargo vitalício. EDIS - Encarregados da preservação das cidades, abastecimento, da polícia, dos mercados. QUESTORES - Função administrativa, ligados à cobrança de impostos.
A sociedade romana era dividida em duas grandes camadas: patrícios e plebeus. Os patrícios se diziam herdeiros dos primeiros fundadores de Roma. Dominavam a administração dos cultos, o poder de consultar os deuses (auspicium), bem como o controle da política. A grande maioria da população era formada por plebeus, excluídos de posição de influência. Isso irritava os plebeus mais poderosos e prósperos, que foram aumentando de número a partir das conquistas romanas. Esses homens não dependiam dos patrícios como os outros membros de sua camada.
 Essa relação envolve dois indivíduos: o patrício e o cliente. O cliente era um homem livre que se colocou sob proteção do outro, o patrono, ajudando-o a ter êxito na vida pública, defendendo seus interesses na medida do possível. Em troca, o patrono defendia os negócios dos clientes e lhes dava apoio financeiro e jurídico. Esse vínculo garantia uma certa estabilidade social.
 Muitos desse homens eram cooptados para lutar por Roma (soldados-cidadãos) e não recebiam retribuição pelo seu feito. Os territórios conquistados tornavam-se ager publicus (terras públicas), excluindo os plebeus. Nessa situação, eram frequentes os períodos de escassez de cereais, o que provocavam a fome.
Com o passar do tempo, os plebeus se conscientizaram de sua importância para os patrícios. Começaram a organizar secessões, ou seja, separação do resto da comunidade. Ao que parece, a primeira delas teria ocorrido em 494 a.C., quando um grupo de plebeus subiu o Monte Aventino (fora das muralhas de Roma) e ameaçou fundar  uma nova comunidade.
A ameaça funciona, pois as autoridades patrícias viram-se obrigadas a atender a algumas reivindicações. Surgiu o cargo de tribuno da plebe, que estava obrigado a interceder contra os atos de qualquer autoridade, afim de proteger os plebeus contra execução e perseguição.
Os tribunos não eram funcionários do Estado ou uma magistratura, mas faziam um juramento para tentar salvaguardar os plebeus. Quebrar esse juramento provocava a maldição e a pena de morte. Os primeiros ocupantes desses tribunais forma plebeus de posses e ambição.
Apesar da criação desse cargo, muitos plebeus perceberam que sua situação não mudou. A fome, a peste e as guerras ainda os assolavam. Nem sabiam quais eram seus direitos, já que as leis não eram escritas, sendo interpretadas pelos colégios sacerdotais (pontificium) nas mãos dos patrícios.
Embora tenha gozado de grande prestígio, este documento não atendeu às aspirações plebeias, o que provocou nos anos seguintes novas concessões. Em 376 a.C. foi criada a Lei Licínia Sextia, que obrigava que um dos cônsules fosse plebeu.15 anos depois foi permitido aos plebeus o acesso ao cargo de censor.
Essas mudanças criaram uma nova elite, não mais totalmente patrícia e sim, mesclada pelos plebeus enriquecidos. Os plebeus de menor posição foram auxiliados pela criação de um cargo, o pretor, exclusivamente deles.Essas medidas não apaziguaram Roma totalmente, mas criaram um período de relativa calmaria, o que permitiu seu expansionismo para além das fronteiras da península.
Esta aula passa pelas relações entrea transformação da Roma Antiga em uma república expansionista dos séculos IV - I a.C.  Previamente precisamos ter um cuidado, muito bem salientado pelo especialista Moses Finley em seu livro "O Estudioso da História Antiga e suas fontes" (Martins Fontes, 1994).  O autor busca demonstrar que Roma não nasce como Roma, e que a noção de romanidade, de uma sociedade evoluída e que se vale da escrita é pura falácia.
Citação do livro O Estudioso da História Antiga e suas fontes de Finley “é verdade que o que chamamos de "tradição literária" é um rótulo inadequado para um conglomerado muito complexo de dados, que inclui informações linguísticas e sobre as práticas religiosas as leis e as instituições políticas, bem como a narrativa de guerras, conspirações e diplomacia.  Entretanto, a narrativa é a rainha da tradição; sem ela muitos dos outros dados seriam ininteligíveis.  Por exemplo, como devemos aplicar à história dos inícios de Roma o fato de ter havido uma estreita afinidade entre o latim e várias outras línguas itálicas faladas no Lácio ou em torno dele?  O que isso nos diz sobre os romanos e os volscos, ou sobre os romanos e os sabinos, sem os indícios supostamente enraízados de uma tradição literária?Não existe nenhuma garantia de que a tradição não tenha surgido precisamente com o objetivo de explicar um dado linguístico, religioso ou político; em outras palavras, a tradição não é uma invenção etiológica - rapto das sabinas.
Finley, partindo de sua erudição, sinaliza que o que se entende como romano é fruto de uma tradição local misturada aos negados etruscos e tem relação direta com o contexto em que vivem.
Boa parte do que sabemos da história de Roma do período da monarquia e dos princípios da república foi escrito séculos depois e a valorização da escrita é muito mais presente a partir do século I a.C. do que nos momentos anteriores.Os relatos que temos são provenientes de material arqueológico e vem da noção de história presente no mundo romano, muitas vezes contada de maneira secundária. Todo cuidado deve ser tomado com esses escritos.
Segundo Finley, na já citada obra, os romanos construíram uma história narrativa e ligada diretamente aos grandes eventos, desde Rômulo e Remo até os feitos de seus generais e seus Imperadores.  Temos a menção pela primeira vez a Roma em um texto escrito na obra de Dionísio de Halicarnasso em 496 a.C., os dados arqueológicos falam em uma ocupação da região do Lácio desde um século antes.
Veja o que diz Pedro Paulo Funari
Em uma mistura destes relatos, autores buscam uma reprodução factual deste momento, como Pedro Paulo Funari, em sua obra Paradidática Grécia e Roma. A República Romana nasce em 509 a.C., os nobres romanos, chamados de patrícios, teriam se revoltado contra seus dominadores etruscos, monarcas que representavam as últimas dinastias romanas, deposto o rei etrusco foi instaurado o sistema republicano.  Segundo os romanos, Brutus foi o líder da revolta contra os Tarquínios, e tornou-se o primeiro magistrado da Nova República.
Outro factualista famoso é Mário Curtis Giordani, com um olhar histórico longe da reflexão como objeto histórico. Giordani constrói grandes manuais, detalhados, e que de alguma forma acabam facilitando o conhecimento do contexto. Giordani, ao analisar a estrutura social romana em sua história de Roma, sinaliza que boa parte da organização republicana já estava presente em uma série de reformas organizadas pela dinastia dos Tarquínios, como por exemplo, a organização social entre Patrícios, militares e plebeus, todos passando em especial pela discussão da cidadania romana.
"O cidadão romano abrangia aqueles que de alguma forma tinham o direito às suas benesses, mas mesmo essa cidadania não era única, havia uma divisão entre os cidadãos completos, ou de primeira classe, e os cidadãos incompletos.”
O direito ao sacerdócio é um elemento importante e central para entendermos esta formação.  No mundo romano até 450 a.C., a justiça era organizada em torno da figura do Pontífice. Definição de Pontífice: aquele que faz a ligação, a ponte entre os dois mundos, humano e não humano.   Era este sacerdote que recebia as demandas dos cidadãos e era o responsável por julgá-las. Devemos destacar que as leis estavam estabelecidas pela tradição oral, não escrita, em que os fundamentos desta tradição definiam os caminhos a serem tomados, e tendo uma tendenciosa decisão que associada a fatores como a falta do direito a cidadania plena constituíam um quadro insustentável.
A Roma Republicana não era mais uma pequena cidade a organização de seus exércitos, o funcionamento de suas vias administrativas dependiam diretamente daqueles cidadãos considerados de segunda classe.  Funari constrói um modelo simples, mas bem direto: Os romanos estavam socialmente divididos em patrícios, os nobres, chefes das famílias poderosas, proprietários de terra; clientes, que eram servidores ou protegidos dos nobres; e plebe, congregando todos os outros cidadãos.  Nos primeiros tempos da República romana, os patrícios detinham todos os direitos políticos e só eles podiam ter cargos políticos, como os de cônsul e senador."
A disputa entre patrícios e plebeus - Até o século V, os plebeus foram mantidos sob relativo controle, apesar de serem considerados, como vimos, cidadãos de segunda classe. Após sua retirada para o Monte Aventino e a criação do cargo de tribuno da plebe, houve um período de “calmaria” interrompido por novas contingências: a crescente concentração fundiária, a não distribuição do ager publicus (terra pública) conquistada com o apoio militar dos camponeses plebeus, o enriquecimento de parte dos plebeus através do comércio, fez com que essa camada voltasse a pleitear melhorias em suas condições. Dentre as melhorias conquistadas pelos plebeus citamos:
Senado – Órgão que conservou o número de trezentos elementos por quase meio milênio. Conseguiram maior influência após o fim da monarquia. Não tinha poderes executivos, mas servia de consultor aos magistrados eleitos em questões de política interna e externa, finanças e religião, e aconselhava-os em propostas legislativas, embora tendessem a dar liberdade a esses funcionários, já que pertenciam à mesma camada dos senadores. Os cônsules, por sua vez, ouviam o Senado dada a vulnerabilidade de cargo, posto serem substituídos anualmente. 
Lei das XII Tábuas – Documento redigido, segundo a tradição, no ano de 451 a.C. Primeira codificação escrita do Direito com uma determinação ainda bastante dura para as camadas menos abastadas da população.    Lei Canuleia – Documento datado de 445 a.C., permitia casamentos mistos entre patrícios e plebeus e direitos civis comuns a ambas as camadas. Cônsules – Magistrados, em número de dois, eleitos anualmente e responsáveis pelo comando do exército, a interpretação e a execução das leis. Estavam sujeitos ao veto mútuo
Lei Lesetia – Documento datado de 366 a.C, permitia que os plebeus se tornassem cônsules e censores. Lei Licínia – Documento datado de 325 a.C, acabava com a possibilidade de escravidão por dívidas.Tribunato da plebe – Os plebeus passaram a ter um representante no Senado. Inicialmente era um patrício, mais tarde, um plebeu de nascimento. Poderiam vetar a aprovação de uma lei que fosse prejudicial aos interesses dos plebeus. 
É importante salientar uma importante permanência do período anterior, as relações de patronagem. Seu destaque se deve ao fato de servir de sustentáculo político para os indivíduos mais abastados da sociedade e ser uma estrutura de longa duração chegando até o Império. A partir do conceito de patronagem, inicia-se a problemática envolvendo a situação dos plebeus e sua exclusão político-social. Indicar suas primeiras conquistas utilizando alguns fragmentos da Lei das XII Tábuas para chegar às leis que criavam o tribunato da plebe e permitiam aos plebeus se tornarem cônsules. No âmbito econômico, a montagem do aparato republicano permitiu a Roma ampliar sua política expansionista para além das fronteiras da Península chegando, com

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