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DI Dissertação Direitos Humanos

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A JURISDIÇÃO INTERNA BRASILEIRA E OS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS
I - Introdução
Com um conceito internacional de proteção de direitos humanos, é de grande importância, a adequação judiciária estatal para cada tipo de prerrogativa, bem como, a ampliação nos estudos das estruturas do Poder Judiciário, em sintonia com tratados internacionais de direitos humanos. 
Entrando em diferentes aspectos da discussão, destaca-se, a competência da Justiça Federal, neste âmbito, e sua importância na tratativa internacional, com relação aos direitos humanos, com decisões e entendimentos da mesma. 
Dar-se-á maior ênfase, em aplicação de tratados pela Jurisdição Constitucional brasileira, pois, como base do Ordenamento Jurídico brasileiro, tem grande importância no estudo. Verifica-se o controle de constitucionalidade de tratados internacionais, e o papel do Supremo Tribunal Federal na proteção de Direitos Humanos. 
II - O Poder Judiciário na Constituição Federal de 1988
Há uma divisão de poderes, no Estado Democrático de Direito do mundo contemporâneo, feito de maneira, a organizar os mesmos, dividindo entre diferentes atores, que se inter-relacionam no momento em que o poder é exercido, construído sobre quatro elementos fundamentais, sendo eles: a existência da Constituição como norma suprema, servindo como base ao ordenamento jurídico, não podendo o mesmo ultrapassar seus limites e valores; a democracia como regime político, que assegura o direito do povo, através de seus representantes; o gozo e exercício dos direitos humanos, elemento crucial na ordem política e econômica; o controle do poder, como sistema político constitucional, que impede o abuso de autoridades estatais.
A Constituição Federal de 1988, já em seu art.2º, independe os Poderes da União, sendo o Legislativo, Executivo e judiciário, não subordinados e harmônicos, não existindo uma hierarquia, sobre qualquer um deles, sua principal tarefa, é garantir a satisfação da sociedade, solucionando de conflitos, sejam estes, entre pessoas privadas, ou até mesmo interesses do Estado. Sendo a jurisdição, incumbida de abordar temas, no que se refere a aplicação de tratados internacionais de direitos humanos. 
Verifica-se na estrutura do Poder Judiciário, disposto no art. 92 da Constituição Federal de 1988, que a ideia do doutrinador, era pela criação de duas jurisdições, sendo uma ordinária e outra extraordinária, bem como, uma especializada e outra comum, concretizando direitos, não somente com fatos concretos, mas também, garantindo o livre exercício dos Direitos Fundamentais e ou mesmo os Direitos Humanos. 
 Com a autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário, os magistrados, não são somente encarregados de aplicar o direito, mas também possui voz ativa, no que tange em resolução de conflitos, trazendo a questão definitiva da matéria, sendo crucial sua participação na defesa dos Direitos Humanos. 
É de tamanha importância a não violação dos Direitos Humanos, que esta exposta na Constituição Federal, mas, ainda não se percebe, uma aplicação dos Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
II.I – Do dever de Aplicação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos pela Magistratura brasileira
O direito interno do Brasil, deveria abrir-se mais a ideia internacional de Direitos Humanos, o que não ocorre, o mesmo continua trabalhando fechado a sua norma interna, não tratando os tratados internacionais com sua devida, importância, podendo até mesmo, sofrer penalidades futuras, pela falta de empenho em se adequar a norma, que é batalhada por diversos Estados internacionais, em prol da garantia dos Direitos Humanos. 
III – A Competência da Justiça Federal para aplicação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos
É de dever da Justiça Federal, julgar casos fundados em tratados internacionais, que envolvam interesses da União com outros Estados ou organismos internacionais; os crimes previstos em tratado ou convenção internacional; os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro; a execução de carta rogatória, após o “exequatur”, e de sentença estrangeira, após a homologação; as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização. Também sendo inegável o exercício dos Direitos Humanos em suas competências. 
Infelizmente, no Brasil, são raríssimas, as vezes em que magistrados, fundamentem suas decisões de acordo com tratados internacionais, estando-os mesmos, fechados a decisões internas. 
Ocorre, que as decisões, tomadas fundamentadas, em tratados internacionais, visam maior aplicabilidade no reconhecimento de pessoa humana, trazendo grande importância a nível internacional, conforme decisão tomada nos autos da Ação Ordinária interposta por Andrimana Buyoya Habizimana, que tramitou na 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte, na qual o autor, refugiado de seu país de origem em virtude de violenta guerra civil e étnica, solicitou o reconhecimento de sua condição de apátrida, uma vez que não detém a condição de nacionalidade reconhecida por nenhum Estado.
Apesar de a União Federal ter contestado o pedido feito pelo autor e pugnado pelo seu indeferimento, o citado Juízo entendeu por aplicar as disposições da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, no que toca ao direito a nacionalidade e de ser reconhecido como pessoa, e a Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas de 1954, para fundamentar o reconhecimento ao autor da condição de apátrida, com todos os direitos que esse status lhe confere, tais como o direito a demandar em juízo, ao exercício de atividade profissional remunerada, benefícios da previdência, saúde e assistência social, livre circulação, obtenção de documentos de identidade, dentre outros. Devidamente aplicada com tratado internacional de direitos humanos, evitou que o autor, fosse considerado um mero objeto. 
Fora atribuída a Justiça Federal, uma nova competência, chamada de incidente de deslocamento de competência, adveio da emenda 45/2004, tratando do julgamento de crimes cometidos contra os direitos humanos, à serem julgados por juízes federais. Mantendo também a harmonia com Tribunais internacionais, evitando que o Estado sofra penalidades, em virtude de práticas que desrespeitem os direitos humanos. Sendo por quatro condições cumulativas para ocorrer o deslocamento: a) estar originariamente à competência atribuída a Justiça estadual; b) haver grave violação de direitos humanos; c) obter o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais dos quais o Brasil haja incorporado; e, d) ser suscitado pelo Procurador-Geral da República. 
IV – A Proteção dos Direitos Humanos pelo Supremo Tribunal Federal
O Supremo Tribunal Federal, tem grande importância na defesa dos direitos humanos e na politica internacional, por ser o competente, em garantir o controle de constitucionalidade dos tratados internacionais, já disposto na Constituição Federal em seu art. 102, certificado o seu dever de proteger os direitos fundamentais e os direitos humanos, aplicando consequentemente os dispostos em tratados internacionais, que versam sobre os ditos direitos. 
O Supremo Tribunal Federal, é responsável tanto pelo controle abstrato quanto pelo concreto, enquanto os outros órgãos só cuidam do incidental/difuso. Desse modo não é de hoje que a Corte Internacional, analisa a validade e aplicação dos tratados internacionais no Ordenamento Jurídico brasileiro.
Há uma necessidade de controle prévio de constitucionalidade, pois após aderir à um tratado, o país não pode mais declara-lo inconstitucional, sem sofrer alguma penalidade, por não aplicabilidade do mesmo, por isso, antes do aceite no controle de constitucionalidade do tratado, deve este, ser feito de forma prévia. 
V – Conclusão 
Diante do exposto, destaca-se, a importância dos Órgãos do Poder Judiciário, supracitados, na aplicabilidade, bem como, no controle de tratados internacionais, que visam assegurar os direitos humanos, trabalhando de forma maislógica e não deixando os mesmos, serem vistos como objeto de descarte.
Ainda há muito que trabalhar, com relação à fundamentação jurídica usada pelos magistrados, que estão de olhos fechados a doutrinas exteriores, usando somente as internas, o que pode trazer uma penalidade futura ao Estado, posta por Cortes Internacionais ou Tribunais Internacionais, por desrespeitos aos Direitos Humanos, matéria tão discutida atualmente.
É inegável, a necessidade de concretização de tratados internacionais de direitos humanos na Jurisdição brasileira, aplicando efetivamente as normas contidas nos mesmos, para maior respeito ao cidadão e a sociedade internacional.

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