Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Recursos Especial e Extraordinário Vamos estudá-los em seu conjunto, comparativamente. Eles são meios extra- ordinários de impugnação, de fundamentação vinculada, porque o STJ e o STF não reexaminam todo o julgamento, limitando-se às questões de direito expres- samente previstas na CF. Valem os arts. 1.029 a 1.041, NCPC! Questões de fato são vedadas (Súms. 7 e 279, STJ e STF, respectivamente), e não o regime legal das provas (exs.: regras processuais, princípios, prova ilícita e sua derivação, atribuição ao acusado, etc); o que não se admite é um “simples” reexame. Daí, nada impede a discussão da qualificação jurídica do fato - o juízo de tipicidade dado pelo tribunal a quo, valendo, ainda, a incidência ou não da norma penal no caso, a interpretação e os limites semânticos do tipo. A distinção é tênue, complexa - a prova (questão fática) pode fazer o pano-de- fundo sem ser, contudo, o objeto da discussão, permitindo o REsp, como na hipótese do acidente de trânsito em que se aborda pronúncia por dolo (eventual) ante a tese defensiva de culpa - impossível cuidar do recorte de tais conceitos jurídicos sem adentrar na prova. Ambos os recursos destinam-se a impugnar decisões proferidas em única (nos casos de competência originária dos tribunais) ou última instância - ultima ratio do sistema recursal - a pressupor sempre o exaurimento das vias recursais or- dinárias. * Cabimento e adequação no REsp. Ver o art. 105, III, CF: a) é mais uma questão hermenêutica - conformidade - entre a interpretação e a aplicação (contrariedade e negativa de vigência) de tratado ou lei federal do tri- bunal a quo com a do STJ. Costuma dar-se em relação às formas processuais, a atos judiciais afetos às regras procedimentais ou probatórias. Os tratados que dispõem sobre direitos humanos não se incluem aqui! b) inaplicável no processo penal. c) tem-se um tribunal, ao decidir, a divergir de outro quanto à interpretação e aplicação ou não de lei federal. Importante observar § 1.º do art. 1.029, NCPC, e, além de mencionar, apontar a divergência, transcrevendo e comparando emen- tas e analisando os núcleos de fundamentação. * Cabimento e adequação no RExtr. Ver o art. 102, III, CF (não há menção a tri- bunais e a interposição deve ser simultânea (art. 1.031, NCPC), se dupla a vio- lação no Decisum): a) a contrariedade deve ser direta e frontal, não reflexa (exs.: má interpretação, aplicação, e mesmo a inobservância de norma infraconstitucional - prova ilícita, nos arts. 5.º, LVI, CF, e 157, CPP, após 2008). Mas vale, afinal, o que o STF as- sim o entender (jurisprudência e precedentes). Tratados internacionais de dire- itos humanos, incluindo a CADH, devem ser aqui abordados, cf. o disposto nos §§ 2.º e 3.º do art. 5.º, CF. b) atente-se ao art. 97, CF - havendo declaração de inconstitucionalidade em seus termos caberá RExtr; fora deles, Reclamação (art. 102, I, l, CF), direta- mente no STF. c) e d) inaplicáveis no processo penal. Outros requisitos: Tempestividade - ver os arts. 1.030 e 1.031, § 1.º, NCPC. A impugnação pre- matura como já visto não causa prejuízo algum. Preparo - exigíveis as custas, salvo no caso de dispensa (art. 32, CPP), em ação penal de iniciativa privada, pena de deserção (já criticamos isso). Legitimidade - ambos podem ser interpostos tanto pelo Ministério Público, o querelante, o assistente de acusação (no caso dos arts. 584, § 1.º, e 598, CPP), quanto pelo próprio réu (via advogado). Interesse recursal - o gravame dá-se ex vi legis, isto é, decorre do simples (efeti- vo ou até presumido) arranhão a tratado, lei federal ou à CF. Prequestionamento - o recorrente ventila, suscita a problemática, mas quem pre- questiona é o tribunal, no acórdão. Daí as situações da arguição pela parte, sem análise na decisão, e da violação surgida no próprio acórdão. Cabível a oposição de embargos declaratórios, pois, para o esgotamento dos meios ordinários de discussão, ou para iniciar tal debate e a decisão correspondente. No prequestionamento explícito, a questão é enfrentada claramente; no implíci- to, acha-se diluída (não expressa) na fundamentação. Este último só é admitido no STJ, mas existem exceções. Na prática, melhor embargar, sempre! A repercussão geral - eficiente instrumento de filtragem negativa, instituto ainda em construção - encontra disciplina nos arts. 102, § 3.°, CF; 1.035, NCPC; e no RI, STF. Destina-se a fazer do STF uma efetiva Corte Constitucional, analisando questões relevantes para além de subjetividades, e sem que o tenha de reiterar frente a impugnações idênticas. Sua formalização deve ser demonstrada em pre- liminar perante o tribunal a quo, o qual verifica, concorrentemente com o STF, sua existência; no entanto, sua análise compete, exclusivamente, a este. Quanto aos efeitos, o devolutivo não apresenta dificuldade, mas o suspensivo sim, dada a antecipação de pena, olvidado o direito fundamental da ampla defesa e do estado de inocência em relação a um mero “efeito recursal”. O remédio é, apesar da “novidade”, o HC. Mas o STJ entende ser cabível o § 5.° do art. 1.029, NCPC, para tal fim. Como visto, tem-se, portanto, nos dois recursos que proceder em conformidade com o disposto nos arts. 1.030 a 1.035, NCPC. Da decisão que denega, na origem, a subida dos recursos cabem agravos. Meros desdobramentos dos recursos constitucionais, tais agravos estão regula- dos pelo art. 1.042, CPC. Não se faça confusão com o agravo interno (art. 1.021, NCPC). O prazo em ambos é de 15 dias. Distribuído o agravo, será ele objeto de apreciação do ministro relator, que, em decisão monocrática, poderá conhecer ou não dele (se inadmissível por si mes- mo ou sem ataque apropriado aos fundamentos da decisão agravada), dando-lhe, se for o caso, provimento (decisão agravada em confronto com súmula ou ju- risprudência dominante na Corte), sendo cabível outro agravo (à turma) em 5 dias, cf. o art. 258, RISTJ, e 317, RISTF. Cabem efeitos regressivo e extensivo, 1.040, caput, II, NCPC, e 580, CPP, re- spectivamente.
Compartilhar