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Introdução O tomate (Lycopersicon esculentum Mill) é um fruto da família Solanaceae, impropriamente considerado legume pelos leigos. É fonte de vitaminas A e C e de sais minerais como potássio e magnésio. Está entre as hortaliças mais consumidas no mundo, sendo originária da América Central e do Sul. Inicialmente o tomate era cultivado como plantas ornamentais, pois era tido como venenoso pelos europeus. Somente a partir do século XIX é que os europeus que retornavam da América e o fruto vermelho começou a ganhar popularidade, no início na Itália, depois na França e na Espanha. A partir deste momento, o tomate passou a ser um dos principais ingredientes da culinária mediterrânea. O Brasil é o oitavo maior produtor com cerca de 63 mil hectares cultivados e produção que atinge a 3,5 milhões de toneladas, o que significa uma média de 56 t/ha ou seja, o dobro da média da produtividade mundial, que chega a 27 t/ha. Embora cultivado em todos os estados em maior ou menor escala, os principais produtores são Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro. Da produção total, 70% são destinados ao mercado para consumo ao natural e o restante são matéria-prima para industrialização, com os quais são elaborados diversos produtos, tais como estratos, pastas, molhos, sucos e outros derivados. É necessário- rio ressaltar que as cultivares de tomate para mercado são diferentes daquelas para industrialização, tanto no que se refere à planta quanto ao fruto e sistemas de cultivo. Importância econômica Tomate de mesa É cultivada no mundo inteiro e é a hortaliça de maior expressão econômica no mundo tanto em área plantada como em valor comercial. O Brasil é um dos maiores produtores do mundo e São Paulo é o maior produtor nacional com 60% da produção (Tomate de mesa). É a segunda hortaliça de importância econômica no Brasil perdendo somente para a batata. É o 4º produto mais comercializado no CEASA – GO, responsável por 8,66% do total comercializado, vindo atrás da batatinha, laranja e abacaxi. Tomate industrial O Brasil oscila entre o 6º e o 7º maior produtor de tomate industrial no mundo e o estado de Goiás aparece como o maior produtor nacional e sul-americano com mais de 1,28 milhões de toneladas e uma área cultivada de 15,7 mil ha (IBGE, 2009). O tomate do tipo indústria deve ter alta resistência ao transporte, coloração vermelha intensa e uniforme, elevado teor de sólidos solúveis e adequado teor de ácido cítrico. Principais doenças do Tomateiro Mancha-de-estenfílio (Stemphyllium spp.) Caracterizada pela presença de manchas pequenas, escuras e angulares nas folhas. Algumas manchas apresentam rachaduras no centro das lesões. Os sintomas começam a surgir nas folhas mais jovens, ao contrário do que ocorre com as manchas causadas por Alternaria e por Septoria. O ataque severo provoca intensa queima das folhas, devida ao coalescimento das lesões e necrose das hastes. Os frutos não apresentam sintomas. Temperatura elevada (acima de 25 ºC) e umidade alta favorecem o ataque do fungo. O fungo sobrevive de um ano para outro, saprofiticamente, nos restos culturais e em hospedeiros alternativos. A doença é também transmitida pela semente. Como medidas de controle, recomenda-se: plantar cultivares resistentes, não deixar que ocorra desequilíbrio nutricional na planta e incorporar os restos culturais imediatamente após a colheita. Septoriose (Septoria lycopersici) Doença caracterizada pela presença de manchas pequenas, circulares, esbranquiçadas, com pontuações negras no centro da lesão nas folhas. O fungo infecta inicialmente as folhas mais velhas. Ataques severos causam também lesões nas hastes, pedúnculo e cálice; porém, os frutos permanecem sadios. A incidência é mais severa nos cultivos feitos durante o período quente (25 a 30 °C) e chuvoso do ano, mas ataques severos podem ocorrer também no período seco, desde que haja bastante orvalho ou excesso de irrigação. O fungo sobrevive nos restos culturais do tomateiro e é transmitido por meio das sementes. Várias solanáceas são hospedeiras alternativas desse fungo, dentre elas a batata e a berinjela. Como medida de controle, recomenda–se: a rotação de cultura com gramíneas e a incorporação dos restos culturais imediatamente após a última colheita. Mela-de-rizoctonia (Rhizoctonia solani) A doença manifesta-se durante a floração, formação e maturação dos frutos, quando é maior a cobertura foliar. As folhas e hastes infectadas apresentam podridão mole e aquosa, principalmente nas partes que ficam em contato com o solo. Os frutos doentes apresentam podridão marrom, mole e aquosa, coberta por um mofo marrom-claro. Para o manejo de controle, recomenda-se: não plantar em solos compactados ou sujeitos a encharcamentos, evitar locais e épocas favoráveis à doença, adotar uma densidade adequada de plantas, plantar preferencialmente cultivares mais eretas e controlar a irrigação, principalmente durante as fases de floração e frutificação. Requeima (Phytophthora infestans) A requeima causa manchas encharcadas, grandes e escuras nas folhas e nas brotações. Na face inferior da lesão nas folhas, geralmente observa-se um mofo pulverulento esbranquiçado. Nos frutos, a podridão é dura, de coloração marrom-escura. O ataque severo provoca grande desfolha e podridão dos frutos. A doença é favorecida em condições de clima ameno e úmido. Epidemias também podem ocorrer em regiões secas ou em épocas relativamente quentes, desde que a temperatura da noite permaneça em torno de 18 a 22 °C por períodos prolongados e a umidade do ar seja alta (acima de 90%). Para medidas de controle deve-se evitar o plantio em local de clima frio e úmido, sujeito a excesso de neblina e orvalho. Em épocas e locais com clima favorável à doença e em áreas onde a requeima ocorre de forma endêmica, sugere-se pulverizar preventivamente ou logo no início do aparecimento dos primeiros sintomas. Podridão-de-esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum) O fungo afeta as solanáceas, leguminosas, brássicas e outras famílias botânicas. Os sintomas aparecem na fase reprodutiva do tomateiro. A doença é observada em reboleiras, identificada pela seca prematura da planta. O fungo causa "mela" das folhas e das hastes e, com o amadurecimento da planta, o caule apresenta uma podridão seca, cor de palha, contendo, em seu interior, os escleródios em forma de grânulos pretos, semelhantes a fezes de rato. Os frutos permanecem fixados à planta doente e raramente apresentam sintomas de podridão. Os escleródios podem permanecer viáveis por mais de 10 anos no solo. O ataque é mais severo em lavouras cultivadas sob condições de clima ameno (15 a 21 °C) e umidade alta. A doença é agravada em solos com problemas de compactação, onde há acúmulo de água, e em plantios muito densos, com crescimento vegetativo vigoroso e com baixa circulação de ar. Murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum fsp. lycopersici) Plantas com esta doença apresentam murcha das folhas superiores, principalmente nas horas mais quentes do dia. As folhas mais velhas tornam-se amareladas e, muitas vezes, observa-se murcha ou amarelecimento em apenas um lado da planta ou da folha. Os frutos não se desenvolvem, amadurecem ainda pequenos e a produção é reduzida. Ao cortar o caule próximo às raízes, verifica-se necrose do sistema vascular. Temperatura alta em torno de 28 °C, solos arenosos com pH baixo e o ataque de nematoides favorecem a doença. O fungo sobrevive no solo por períodos superiores a sete anos, principalmente por meio de microescleródios (estrutura de resistência do fungo). Como medidas de manejo e controle, recomenda-se: plantar cultivares com resistência às raças do patógeno, evitar o plantio em áreas sabidamente infestadas pelo fungo ou por nematoides patogênicos ao tomateiro e fazer rotação de cultura com gramíneas. Murcha-de-verticílio (Verticillium dahliae) O sintoma inicial desta doença é a murcha suave e parcial da planta nas horas mais quentes do dia. As folhas mais velhas tornam-se amareladas e necrosadasnas bordas, em forma de "V" invertido. Os frutos ficam pequenos e mal formados. Na região do colo do caule, verifica-se leve necrose vascular, não tão intensa quanto a causada por F. oxysporum f. sp. lycopersici. O fungo é bem adaptado a regiões de solos neutros ou alcalinos e com temperaturas amenas (20 a 24 °C). No entanto, já foi relatada sua ocorrência onde as temperaturas médias são comumente elevadas. O fungo sobrevive no solo por mais de oito anos por meio de microescleródios e infecta mais de 200 hospedeiras. Como medidas de manejo de controle, recomenda-se plantar cultivares resistentes e fazer rotação da cultura com gramíneas Pinta-preta (Alternaria solani) Esta doença afeta toda a parte aérea da planta, a partir das folhas mais velhas e próximas ao solo. Na folha, a doença caracteriza-se pela presença de manchas grandes, escuras, circulares, com anéis concêntricos. O ataque severo provoca desfolha acentuada e expõe o fruto à queima de sol. Também é comum o aparecimento de cancro no colo, nas hastes e nos frutos. A doença é favorecida por temperatura elevada (24 a 34 °C) e umidade alta. O fungo sobrevive nos restos culturais e infecta outras hortaliças como a batata e a berinjela, além de plantas invasoras como o juá-de-capote. A doença é também transmitida por sementes. Não existem cultivares comerciais resistentes. Deve-se pulverizar preventivamente com os fungicidas registrados para essa doença. Recomenda-se, também, incorporar os restos culturais imediatamente após a última colheita e fazer rotação de cultura com gramíneas. Podridão-de-esclerócio (Sclerotium rolfsii) Plantas doentes apresentam uma podridão mole e aquosa, principalmente nas folhas, hastes e frutos, que ficam em contato direto com o solo. Em condições de alta umidade, há um crescimento micelial muito vigoroso, de cor branca, semelhante a fios de algodão, na superfície dos tecidos afetados. Algumas vezes esse micélio se desenvolve na superfície do solo, próximo à planta. Também é comum a formação de pequenos grânulos de cor marrom-clara (escleródios) na superfície dos tecidos afetados. O escleródio é uma forma de sobrevivência do fungo no solo por vários anos. A incidência da doença é maior em períodos quentes (30 a 35 °C) e chuvosos, em lavouras conduzidas em solos muito argilosos e/ou compactados, com encharcamento do solo. Excesso de folhas, solo úmido e contato do fruto com o solo favorecem a doença. ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO Campus Universitário de Nova Xavantina Departamento de Agronomia DOENÇAS DO TOMATEIRO Docente: Ary Gertes Caneiro¹ Discentes: Jader Junior Tirloni Mews ² Nova Xavantina-MT 2017
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