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1 Resumo de Semiologia II Flávia Marques Manifestações clínicas pulmonares Primárias: Originam-se na própria estrutura do órgão. Das vias aéreas (tosse, expectoração, hemoptise, chieira torácica). Manifestações funcionais (dispneia e cianose) Manifestação pleural (dor torácica) Secundárias: Associadas as pneumopatias, sem serem específicas e exclusivas das doenças pulmonares. Manifestações gerais (febre, astenia, anorexia, emagrecimento) Manifestações mediastinais (compressão dos nervos frênico e recorrente, síndrome da veia cava superior) Manifestações extratorácicas (Baqueteamento digital, síndrome da osteoartroparia hipertrófica e síndromes paraneoplásicas). 1. Manifestações primárias – VIAS AÉREAS 1.1 TOSSE Expiração explosiva e acompanhada de um ruído característico Mecanismo de defesa que visa limpar as vias aéreas inferiores e a laringe. NÃO existe tosse normal Produzida por uma cadeia de quatro fase: fase neural, fase inspiratória, fase compressiva e fase explosiva. Estímulos sensibiliza o receptor, que segue via aferente levando o impulso até o centro da tosse, que depois vai seguir a via eferente e acionar a musculatura respiratória e a glote. O músculo abdutor abre a glote, há uma inspiração rápida seguindo de fechamento da glote e contração da musculatura expiratória. Abertura súbita da glote com fluxo aéreo explosivo em alta velocidade, que resulta em ruído característico. Os receptores podem ser disparados por estímulos mecânicos (partículas, secreções, poeira, tumor, corpo estranho), químicos (fumaça, vapores ou gases irritantes) e térmicos. Maior densidade de receptores: Laringe, traqueia posterior, carina e ramificação dos brônquios. Nos espaços aéreos não há receptores. Receptores – via colinérgica. Apenas as estruturas inervadas pelo vago seriam locais de origem da tosse. Centro desconhecido, talvez no bulbo. Centros superiores podem estimular ou inibir o centro da tosse. 2 Ineficácia da tosse Fase neural: Fármacos e anestésicos podem inibir (anestesia geral, álcool, barbitúricos, ansiolíticos, antitussígenos) Fase inspiratória: Estados dolorosos e pós-operatórios, doenças debilitantes, cifoescolise. Fase compressiva: Paralisia das cordas vocais, traqueostomia, intubação orotraqueal (impossibilitam o fechamento da droga). Fase explosiva: Redução de fluxo aéreo (asma, DPOC, bronquiectasias). Complicações Fratura de costela Ruptura do musculo reto abdominal Laceração e escape de ar para espaço intersticial (pneumotórax, enfisema subcutâneo, pneumomediastino). Classificação Aguda: Menos de 3 semanas; Crônica: Maior ou igual a 3 semanas. Seca x Produtiva – Ver e escutar o paciente tossindo Manobra de aspiração nasofargingea para remover secreções do gotejamento nasoposterior comum em rinites e sinusites. Causas principais Infecções agudas das vias aéreas: Tosse aguda, seca ou produtiva. Infecções agudas do TRS ou TRI. Traqueobronquites, laringites, rino-faringo-sinusites. Autolimitadas e viróticas. Rinossinusite alérgica: Reações inflamatórias com mastócitos e eosinófilos como células efetoras. Coriza, espirros e obstrução nasal. Asma e Hiperreatividade Brônquica: Tosse pode ser o único sintoma. HRB é quando as vias aéreas se tornam mais sensíveis a estímulos, e é uma característica marcante de asma. Refluxo gastresofágico: Tosse crônica no adulto, seca ou produtiva. Tosse pelos inibidores de ECA Bronquite crônica: Fumo. Sensibilização química dos receptores por componentes químicos e estimulação mecânica. Bronquiectasias: Tosse crônica produtiva. Na manhã tem mais escarro com tosse mais intensa. Insuficiência Cardíaca Esquerda: Tosse noturna decorrente de estimulo pelo edema. Infecções pulmonares: Tosse produtiva de escarro purulento, aguda ou crônica (pneumonias, TB, broncopneumonias). Câncer de pulmão: Tosse crônica que muda de característica em fumantes acima dos 40 anos. Doenças intersticiais difusas: Tosse seca, dispneia, crepitações teleinspiratórias. Acontece toda vez que tem uma inspiração profunda. 3 Investigação Clínica Pesquisar tabagismo, infecções recorrentes de vias aéreas e uso de inibidores de ECA. Manifestações nasais e gotejamento posterior. Um simples e rápido teste, realizado no consultório, de pico de fluxo expiratório, antes e após broncodilatador, pode ajudar no diagnóstico de asma (>60 L/min). Se esse teste for negativo, pode-se fazer o de espirometria. Pesquisar refluxo gastresofágico. Exames de acordo com suspeita clínica. Rx de tórax ou Rx de seios da face, Rx de esôfago no caso de suspeita. TC de tórax: Bronquiectasias e infiltrações pulmonares intersticiais difusas, CA de pulmão. TC de seios da face: Sinusite Bronco-provocação: HRB Phmetria de esôfago 1.2 EXPECTORAÇÃO Escarro = mistura de secreções eliminadas pela boca (material o TRI, boca e nasofaringe). Pós-bronquíolos respiratórios, orofaringe, cordas vocais e entrada das narinas não tem epitélio mucociliar. Pulmão = órgão que mantém o maior contato com o ar ambiente. Alvéolos 90m². Os mecanismos de defesa garantem uma condição estéril do trato respiratório inferior. Mecanismos de defesa pulmonar Defesa mecânica: Sistema de filtro das vias aéreas superiores, depuração mucociliar, reflexos (tosse e espirro). Defesa fagocítica: Macrófago alveolar, polimorfonuclear. Defesa imunológica: Imunidade humoral (anticorpos linfócitos B) e imunidade celular (linfócitos T). Investigação clínica de escarro Paciente expectorar sobre uma folha branca Considerar o volume, aspecto e cheiro. O volume igual ou maior a 30ml é médio a grande volume. Quando for muito grande, pensar em supuração pulmonar como Bronquiectasias, abcessos pulmonares, pneumonias necrosantes e nos empiemas. Aspecto: Seroso, mucoide, mucupuruento, purulento, sanguíneo e em moldes brônquicos. Purulento: pode ser verde (secreções ficam retidas por muito tempo). Moldes brônquicos: Podem ocorrer em asma e bronquite crônica. Cheiro: Fétido = infecção por germes anaeróbios (abcessos pulmonares, pneumonias necrosante, Bronquiectasias, empiemas). 4 1.3 HEMOPTISE Qualquer sangramento do trato inferior (abaixo da glote). O volume não importa Comprovar se realmente é hemoptise. Falsa hemoptise: Sangramento do nariz, nasofaringe, boca, laringe e TGI superior. Ver se é precedido por tosse. Borbulhamento ou ronqueira no peito antes do sangramento = sugere origem verdadeiramente pulmonar. Hemoptise pequena: < 30 ml Moderada: 30 a 200 ml Grave: 200 a 500 ml Maciça: > 500 ml O raio x te tórax se encontra alterado a partir da hemoptise moderada (?). Causas Principais Bronquite crônica: No fumante, principal causa. Pequeno volume, rajas de sangue, escarro mucoide ou mucopurulento. Bronquiectasia: Hemoptise frequente, volumosa. Escasso mucopurulento de grande volume, hipocratismo digital é sugestiva. Tuberculose pulmonar cavitárias: Grande volume, frequente em lesões residuais. Micetoma intercavitário: Colonização da cavidade pelo Aspergillus fumigatus. Sequela da TB. CA de pulmão: Tabagista > 40 anos com rx de tórax normal. Hipertensão arterial: Com rx de tórax normal. Idiopática: Cerca de 10 a 20% das hemoptises. Investigação clínica Afastar a falsa hemoptise Examinar vias aéreas superiores e orofaringe. Crepitações na ausculta pulmonar = hemitórax acometido. Dados de história pregressa como pneumonia na infância, TBC, cardiopatia,tabagismo. Hipocratismo + hemoptise = Bronquiectasia ou CA de pulmão. Sangue com escarro mucopurulento = Causa infecciosa. Embolia pulmonar = Escarro de sangue puro. Hemoptise de grande volume recidivaste = Bronquiectasia e Micetoma intercavitário. 5 1.4 CHIEIRA TORÁCICA Traduz obstrução brônquica. Obstrução por edema, broncoespasmo, inflamação da mucosa brônquica, muco, fibrose cicatricial, tumor, corpo estranho. Fixa: Obstrução mecânica constante devido a tumores, fibrose ou corpos estranhos. Asma e DPOC = Principais diagnósticos. Insuficiência cardíaca esquerda = Chieira episódica e paroxística, pode imitar asma. Viroses respiratória da infância = edema inflamatório de laringe = respiração ruidosa e estridor. 2. Manifestações primárias – FUNCIONAIS Órgão de respiração, defesa, filtro do sangue ao reter êmbolos impedindo que alcancem a circulação esquerda. Rir, falar, cantar, suspirar, chorar, etc. Manobra de Vasalva: Parto e defecação. Respiração 1. Fase ambiental: Fotossíntese 2. Fase pulmonar: Ventilação pulmonar (renovação do ar alveolar) e fase alveolocapilar (renovação do sangue dos capilares). 3. Fase circulatória: Transpor de O2 e CO2 através de vasos e capilares. 4. Fase mitocondrial: Glicose e O2 formam CO2 e água, fornecendo energia. Dispnéia: Manifestação clínica que traduz distúrbio da ventilação Cianose: Dificuldades de trocas gasosas. 2.1 DISPNÉIA Sensação de respiração difícil. Ato de respirar = esforço desagradável Sensação subjetiva percebida de diversas maneiras: Falta de ar, cansaço, aperto no peito, fôlego curto, sufocação, canseira, etc. Atividades podem ser limitadas por fadiga muscular e gerar confusão com dispnéia. Cardiopatas e desnutridos são suscetíveis aos dois sintomas. Pode ser uma demanda excessiva de ventilação ou por um distúrbio ventilatório. Demanda excessiva: Gravidez, exercício, grandes altitudes, anemia, hipertireoidismo, ansiedade, acidose metabólica). Distúrbios ventilatórios podem ser neuromuscular, restritivo, obstrutivo ou misto. 6 Aguda ou crônica de acordo com o tempo de aparecimento do sintoma. Classificada com tolerância aos esforços (máximos, médios e mínimos), dispneia de repouso e a decúbito ou ortopnéia. Escala de dispnéia do MRC muito útil. 0 = Ao realizar exercício intenso 1 = Apressar o passo ou subir escadas e ladeiras 2 = Precisa parar quando anda no próprio ritmo, anda mais devagar que as outras pessoas da minha idade. 3 = Precisa parar muito por falta de ar quando anda 100 metros, caminhada no plano. 4 = Falta de ar quando não sai de casa, precisa de ajuda pra tomar banho e se vestir. Principais causas Asma: Dispneia + chieira torácica e tosse. Dispneia paroxística noturna com variabilidade no dia a dia. DPOC: Dispneia crônica, tosse produtiva. Embolia pulmonar: Dispneia é o sintoma mais frequente e é aguda. TVP. Doenças pulmonares intersticiais Pneumotórax espontâneo: Dispneia subtia em pessoa previamente sadia Insuficiencia cardíaca congestiva Anemias Doenças psicogênicas e neuromusculares 2.2 CIANOSE Coloração azulada da pele e superfície mucosa Aumento da hemoglobina não saturada de O2. Saturação do sangue arterial menor que 88% = hipoxemia acentuada Manifestação tardia da hipoxemia. Depende da quantidade média de hemoglobina, anemia dificulta o aparecimento de cianose. Cianose central: Hipoventilação, distúrbio de trocas gasosas, desvio arteriovenoso. Cianose periférica: Vasoconstrição, obstrução venosa, redução do debito cardíaco. 3. Manifestações primárias – PLEURAIS 3.1 DOR TORÁCICA Estimulação da pleura parietal, traqueia, brônquios e artérias pulmonares pode causar dor torácica. A pleura é a mais sensível. É frequente que a dor originária de uma estrutura intratorácica seja referida em outro local que não o tórax. A dor torácica pode ser parietal, pleural ou mediastinal. 7 Dor Torácica Parietal Maioria das causas de dor torácica Superficial x Profunda Bem localizada Ventilatório dependente ou não O paciente consegue achar uma posição antiálgica. Hiperestesia local Compreende pele, músculos, ossos e nervos. Dor Torácica Parietal – Muscular Tem história de traumatismo ou exercício incomum. Profunda Bem localizada Exame local = Revela grupo muscular espástico Hiperestesia local Estiramento provoca dor Pode acontecer por causa de tosse intensa. Dor Torácica Parietal – Costal Superficial Bem localizada Ventilatório dependente Hiperestesia local acentuada Compressão do esterno desperta dor no local da lesão Trauma local ou tosse intensa que pode levar a fratura de costelas Síndrome de Tietze: pericondrite das quatro primeiras articulações condrocostais com dor profunda, hiperestesia local e infiltração dos tecidos subcutâneos. Dor Torácica Parietal – Neural Superficial x Profunda Difusa Hiperestesia local Nervo intercostal -> Herpes zoster Dor superficial em queimação e hiperestesia local = dor de origem nervosa Raízes nervosas: Compressão ou irritação das raízes nervosas posteriores. Síndrome da entrada torácica, síndrome de Horner (ptose palpebral, enoftalmia, miose, anidrose facial). 8 Dor Torácica Pleural Somática e bem localizada Picante; Percebida como pontada ou fincada Precisamente apontada pelo paciente Ventilatório-dependente Hiperestesia local inexistente 8ª a 12ª costela: Dores da pleura são percebidas no abdome até as fossas ilíacas. Dor Torácica Mediastinal Visceral, dolente e profunda Projetada na região retroesternal Dor mal definida, paciente a localiza com a mão aberta sob o esterno De início agudo: Deve ser orientada no sentido de identificar doenças graves com risco de vida iminente (IAM, arritmias, TEP, aneurisma dissecante de aorta). A originada no TGI (esôfago principalmente) simula dor coronariana. 4. Manifestações secundárias – EXTRATORÁCICAS Gerais: Podem ser o único sinal de doença no aparelho respiratório, como em tuberculose e alguns tumores. São febre, astenia, anorexia, emagrecimento. Mediastinais: Pode ocorrer por invasão direta, disseminação linfohematogênica para gânglios do mediastino ou através de decorrência de contiguidaede. A compressão ou tração das estruturas pode ocorrer em doença inflamatória ou neoplásica. Sindrome da veia cava superior Sindrome da disfunção do nervo laríngeo recorrente Sindrome da compressão ou invasão do nervo frênica Extratorácicas: Representadas por algumas síndromes que quando presente devem alertar o médico para presença de pneumopatias especificas. Hipocratismo digital: Quase sempre se trata de uma doença grave, especialmente dentro do tórax. Sindrome de osteoartropatia hipertrófica: Associação a algumas doenças pulmonares e se caracteriza pela presença de hipocratismo digital, artropatia inflamatória, alargamento de extremidades, disfunção autonômica, neoformação óssea subperiosteal (periostite embainhante). Síndromes paraneoplásicas: Efeitos do tumor que ocorrem em sítios distantes da doença primária ou de suas metástases. Tumores de pulmão, estomago e mama. Podem ocorrer antes do diagnóstico do câncer, coexistir com ele ou após. As mais comuns são as hormonais (Cushing, hipercalcemia, secreção inapropriada de ADH) e as neurológicas (poliomistose-dermatomiosite, degeneração cerebelar, síndrome de Earton-Lambert).9 Exame Físico do Tórax Tórax anterior = paciente em decúbito dorsal Tórax posterior = paciente sentado ou em pé em posição ereta O paciente acamado deve ser levantado. Exame posterior em decúbito lateral: Primeiro examina a parte que está em cima. Exame do tórax é um exercício comparativo, deve-se comparar cada região cotralateralmente. A comparação deve ser feita na inspeção, percussão, palpação e ausculta. Alterações encontradas devem ser descrita com precisão anatômica, por isso, o tórax é dividido em linhas e regiões. O tórax sem alterações tem relação entre diâmetro anteroposterior e lateral de 1:2. O diâmetro lateral é duas vezes maior que o anterolateral. Linha paraesternal Região esternal (1) Região supraesternal (2) Região supraclavicular (3) Região infraclavicular (4) Região mamária (5) Região inframamária (6) Linhas axilar anterior, média e posterior Região axilar e infraxilar Linha escapular Linha vertebral Região supraescapular (9) Região escapular (10) Região interescapulovertebral (11) Região infraescapular (12) 10 Tórax globoso ou em tonel Diâmetro anteroposterior é aumentado Acompanha doenças com obstrução de fluxo aéreo, como DPOC, asma e bronquiectasias. Forma globosa = hiperinsuflação pulmonar que acompanha as doenças ou alterações degenerativas esqueléticas que acompanham o envelhecimento. Tórax em peito de pomba Proeminência anterior anormal do esterno. Pode ser congênito (a alteração vai se pronunciando à medida que a criança se desenvolve) ou adquirido (acompanha defeitos congênitos do septo interatrial ou interventricular). Tórax em peito escavado O oposto do peito de pomba. O tórax se rebaixa, os arcos costais anteriores de projetam mais anteriormente que o esterno. Usualmente congênito e sem nenhuma repercussão clínica. Indicação cirúrgica por estética. Simetria do tórax Os dois hemitórax costumam ter forma e movimentos simétricos A simetria da forma está relacionada ao volume pulmonar de cada lado O volume é modificado por distúrbios nos pulmões e os efeitos provocados por alterações da caixa torácica, pleura e diafragma. Movimentos respiratórios Frequência respiratória é importante, por exemplo para avaliar insuficiência respiratória. FR em uma pessoa saudável em repouso é entre 16 a 20 IRPM. Superior a 30 pode ser um sinal clínico de pneumonia grave. Taquipnéia (aumento a FR), bradipnéia (diminuição da FR a níveis anormais) e apnéia (parada total). Normalmente usamos os músculos apenas na fase inspiratória, sendo o diafragma o principal musculo da respiração. A expiração é passiva e realizada por causa da força elástica e retrátil dos pulmões. Os músculos não participam da expiração fisiológica. 11 Ritmo dos movimentos Apnéia e hipopnéia do sono - Respiração acidótica Respiração de Cheyne-Stokes - Hiperventilação neurogênica central Rítmo caótico Inspeção A inspeção da parede torácica pode revelar: Cicatrizes: traumatismo, cirurgia (drenagem, toracotomia, mastectomia) e chama atenção para um passado de doença importante que deve ser investigado. Inflamações: Empiema pleural fistulizado, osteomielites, abcessos, micoses. Tumores: Os ósseos, quase sempre são metastáticos. De partes moles são os lipomas, nódulos múltiplos com mancha café com leite que lembram neurofibromatose Palpação – Expansibilidade É na palpação que os movimentos respiratórios são mais bem estudados. Pequenas variações de expansibilidade podem ser detectadas pela palpação e isso pode ser sinal de anormalidade na caixa torácica, pleura ou pulmão (atelectasia, fibrose cicatricial, derrame pleural, pneumotórax, etc.). A pesquisa de expansibilidade deve ser feita nos lobos superiores, lobo médio e língula e lobos inferiores, todos tanto no tórax anterior e do posterior. Os lobos inferiores são melhores avaliados no tórax posterior e a expansibilidade é quase que exclusivamente lateral. Posição do mediastino Palpação – Detectar desvios do mediastino superior através da posição da traqueia, e do mediastino médio através do impulso cardíaco apical (ictus cordis). Palpação da traqueia: paciente deitado de costas com cabeça fletida O ictus cordis se encontra na linha hemiclavicular ao nível do 4º ou 5º espaço intercostal esquerdo. Frêmito toracovocal Diferenciar uma consolidação dos espaços aéreos da atelectasia ou derrame pleural, depois de ser evidenciada uma macicez na percussão. Consolidação: Praticamente única situação em que o frêmito toracovocal está aumentado. Ele não existe na atelectasia e no derrame pleura A palpação deve ser feita com a superfície palmar dos dedos da mão de forma comparativa, começando pelo hemitórax tido como sem alteração. 12 Palpação de linfonodos Pesquisa presença de adenopatias nas fossas supraclaviculares Os gânglios são acometidos nas doenças que envolvem o pulmão e o mediastino A tuberculose, paracoccidioidomicose e a sarcoidose, assim como o carcinoma brônquico e os linfomas causam adenopatias supraclaviculares. Percussão Produzir vibrações na parede torácica que se transmitem aos órgãos e tecidos subjacentes. As vibrações produzem um som que vai variar dependendo da relação entre quantidade de tecido e ar, No tórax normal, vai ser um som de baixa tonalidade (som claro pulmonar). Se houver quantidade excessiva de ar, o som vai ser mais ressonante que o normal (vai de hipersonoridade até ao timpanismo). Exemplos em que isso ocorre são DPOC, asma e pneumotórax. Se a relação ar/tecido estiver reduzida o som será de alta frequência e tonalidade, sem ressonância (indo de submacicez até macicez), como no caso de atelectasia, derrame pleural e liquido nos espaços aéreos. Realiza-se percussão quando há redução dos movimentos ventilatórios localizada em determinado hemitórax, especialmente quando os sons respiratórios encontram-se abolidos nesta área; É importante sinal para diagnostico clinico do pneumotórax e é útil na delimitação de um derrame pleural. Ausculta respiratória Realizado com o estetoscópio. Principais fontes sonoras do tórax são o coração e os pulmões. A traqueia, os brônquios, a pleura, o pericárdio, o esôfago e os vasos grossos podem gerar sons. Foco de ausculta de um som é a região da pele onde ele é ouvido com maior intensidade. Precisa de silencio e deve ser feita de maneira comparativa entre as regiões de cada lado do pulmão. Os recentes progressos tecnológicos, como a sonografia digital, permitiram analisar melhor a origem e a composição dos sons respiratórios e formular hipóteses mais consistentes com a fisiopatologia pulmonar. Na ausculta respiratória os sons são produzidos através da vibração de corpos em um meio elástico. Para sua transmissão, é preciso que o meio seja elástico. Respiração produz turbulência aérea e vibração das estruturas pulmonares. Sons fisiológicos: Som bronquial, som vesicular e som broncovesicular Sons anormais (ruídos adventícios): Descontínuos (crepitação), contínuos (sibilos, estridor, roncos) e de origem pleural (atrito pleural). Tranqueia tem fluxo turbulento, os brônquios têm transicional, os bronquíolos é laminar e os alvéolos é difuso. 13 1. Sons fisiológicos 1.1 Som bronquial Pode ser auscultado com o esteto no pescoço Os componentes se originam da faringe, laringe e traqueia (a mais importante), com fluxo aéreo rápido e turbulento) As vibrações ocorrem tanto na expiração quanto na inspiração Caracterizado por inspiração rude, bem audível, a seguir de uma passa, e depois expiração rude e bem audível, de duração igual a inspiração. 1.2 Som vesicular Ao sair da traqueia o ar alcança as grandes vias aéreas (13cm²) Há uma desaceleração à medida que se distancia em direção aos alvéolos e o fluxo deixa de ser turbulento e passa a ser transicional. Inspiração: Fluxo de ar atinge pontos de ramificação em ângulo agudo, provocando mais vibrações. Mesmo com a desaceleração, as vibrações ainda continuam em nível periférico. No compartimento das pequenas vias aéreas o fluxo é lento, laminar e sem provocar vibrações. O som é formado de notas de baixa frequência em razão do filtro acústico seletivo do parênquima (o parênquima absorve as notas de alta frequência). Inspiração de intensidade e duração maior, bem audível, suave. Expiração curta e pouco audível. Não existe pausa entre as duas fases. A inspiração é mais audível por causa da origem mais periférica e regional, porque a expiração tem origem mais central. A predominância do parênquima no tórax faz com que o som vesicular seja predominante. 1.3 Som broncovesicular Audível nas regiões do tórax que correspondem as zonas apicais dos pulmões. Acontece nos níveis das regiões infra e supraclavicular e supraescapulares. Também pode nas interescapulovertebrais. Tem menor densidade de parênquima, então a inferência sobre os sons será menor, havendo notas de alta frequência. Maior proximidade com traqueia e brônquios faz com que a expiração possa ser bem audível, mais do que no vesicular. Som intermediário entre o bronquial e o vesicular. Inspiração e expiração tem duração e intensidade quase iguais e não há pausa entre elas. 14 Som bronquial no tórax Consolidação dos espaços aéreos significa substituição do ar por transudato, exsudato ou células. Os espaços aéreos passam a ser preenchidos por liquido ao invés de gás. Parênquima consolidado – perde capacidade de filtro acústico seletivo – deixa de filtrar notas de alta frequência. Os sons respiratórios são mais bem transmitidos pelo parênquima consolidado, fazendo o som bronquial. O som bronquial pode também acontecer quando o parênquima é destruído por uma cavitação. Novamente perde-se a capacidade de filtro acústico seletivo. Não se deve chamar esse som de sopro tubário (consolidação) ou sopro cavernoso (cavidade). O som bronquial no tórax pode ainda ser confirmado através da ausculta da voz alta e cochichada. Na broncofonia, os sons vocais serão mais intensos na área consolidada. Na pectorilóquia afônica consegue- se perceber nitidamente as sílabas das palavras trinta e três com a voz cochichada. Sons respiratórios reduzidos Redução ou interrupção da ventilação para determinada área (atelectasia obstrutiva). Perda de energia sonora ao atravessar meios diferentes (derrames pleurais, pneumotórax, espessamento pleural, obesidade). Graves obstrução de fluxo aéreo (DPOC e asma). 2. Sons anormais Só existem dois tipos de ruídos adventícios: os sons descontínuos, explosivos e de curta duração e os sons contínuos e musicais de longa duração. 15 2.1 Crepitações (crakles) Sons descontínuos, explosivos e de curta duração (< 20 ms) A duração é mais importante que se é seco ou úmido, grossos ou finos, etc. Dois mecanismos diferentes são considerados na origem das crepitações: A presença de secreções nas grandes vias aéreas Crepitações decorrentes de secreções em brônquios proximais ocorrem geralmente na inspiração e expiração. Pacientes em coma com retenção de secreções em vias respiratórias altas, bronquiectasias, bronquite crônica e edema pulmonar avançado. A principal característica que relaciona a crepitação às secreções em brônquios proximais é a sua modificação com a tosse. Reabertura súbita de brônquios previamente colapsados. O diâmetro e a estabilidade dos bronquíolos dependem do volume pulmonar e da pressão negativa intrapleural. A tração elástica exercida pelo parênquima menos insuflado e a menor negatividade pleural fazem com que as pequenas vias aéreas tenham menor diâmetro interno e sejam mais facilmente colapsadas nas regiões basais. O colapso das pequenas vias aéreas tende a ocorrer durante a expiração. A reabertura súbita das pequenas vias aéreas produz fluxo explosivo ao final de cada inspiração. Existe uma miniexplosão aérea resultante do gradiente de pressões que irá produzir vibrações e ruídos adventícios finos. Fechamento e reabertura de brônquios mais proximais Nas vias aéreas mais proximais não existe tanta interdependência entre os brônquios e o parênquima que os envolve. Quando a parede desses tubos se torna infiltrada por edema, inflamação ou fibrose o colapso desses brônquios poderá acontecer. Por ocorrer mais precocemente na fase inspiratória, as crepitações terão uma tonalidade mais baixa (graves) e serão mais precoces durante a inspiração. Fechamento e reabertura de brônquios na fase expiratória Uma reabertura brônquica na expiração é realmente estranha e à primeira vista pode ser considerada como paradoxal. Crepitações graves inspiratórias e expiratórias repetitivas e fixas são comumente encontradas na bronquite crônica, na asma e, especialmente nas bronquiectasias. 16 2.2 Sibilos (wheezes) Sons contínuos, musicais e de duração maior que 250ms. Têm a sua origem nas vias aéreas e requerem o fechamento prévio de brônquios. Ao invés de acontecer uma reabertura súbita, as paredes brônquicas passam a vibrar ao serem atingidas por um fluxo aéreo em alta velocidade. Trata-se de uma verdadeira vibração das paredes brônquicas impulsionadas por um jato de ar sob uma velocidade crítica. Os sibilos comumente acompanham as doenças que levam à obstrução do fluxo aéreo, como a asma e DPOC, mas podem acontecer em inúmeras outras doenças que acometem as vias aéreas. Os sibilos graves e de baixa tonalidade, também chamados de roncos, costumam acontecer quando a obstrução de fluxo aéreo é menor e indicaria um som com vibrações de menor frequência. Quando os sibilos surgem apenas em uma fase do ciclo respiratório, como os sibilos expiratórios, o grau de obstrução de fluxo aéreo também costuma ser menor. No caso de uma obstrução de fluxo aéreo muito intensa, como acontece nas crises muito graves de asma, o fluxo aéreo acentuadamente reduzido será incapaz de levar à vibração das paredes brônquicas, e os sibilos desaparecem. É o chamado “tórax silencioso”, que traduz mau prognóstico. Estridor: pode ser considerado como um tipo especial de sibilos, com maior intensidade na inspiração, audível a distância, e que acontece nas obstruções altas. É geralmente imputado ao atrito entre os dois folhetos pleurais inflamados durante os movimentos respiratórios. Atrito Pleural: geralmente audível nas duas fases do ciclo, e tanto pode ser um ruído de curta ou de longa duração. Principais síndromes pulmonares e pleurais Manifestações das vias aéreas inferiores: Tosse Expectoração Hemoptise Chieira torácica Manifestações das vias aéreas superiores: Obstrução nasal Espirro Coriza ou corrimento nasal Gotejamento nasal posterior Exame físico das vias aéreas inferiores: Ausculta: crepitação e sibilo 17 Exame físico das vias aéreas superiores Aspecto da mucosa nasal Secreção Gotejamento nasal posterior Exame físico do tórax normal.DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS 1. Obstrução de fluxo Tórax globoso Musculatura inspiratória acessória Expiração ativa prolongada Sons respiratórios reduzidos Presença de sibilos 2. Doença do parênquima Consolidação dos espaços aéreos: Transudato, exsudato, sangue, material estranho, células inflamatórias, células neoplásicas Som bronquial: Espaços aéreos adquirem densidade, transmitem melhor os sons e não absorvem as notas de alta frequência (perde o papel de filtro acústico) Percussão submaciça Frêmito aumentado Crepitações: Quando a inflamação se estendeu para a parede de pequenas vias aéreas Broncofonia pectorica brônquica Preservação de volume pulmonar 3. Síndromes Pleuropulmonares Atelectasia Perda de volume pulmonar Total/parcial/laminar/microatelectasia Obstrutiva central Atelectasia lobar ou pulmonar total Sons respiratórios abolidos ou diminuídos Retração do hemitorax comprometido Obstrução generalizada (bronquiectasia) possui os mesmos efeitos 18 Obstrutiva periférica Brônquios segmentares Não causa atelectasia devido a ventilação colateral Retração o hemitorax Som bronquial Crepitações inspiratórias e expiratórias Não Obstrutiva/Fibroatelectasia Cura por fibrose espaço aéreo reduzido, colapsados, preenchidos tec. de cicatrização Bronquiectasia Crepitações graves inspiratórias e expiratórias Som bronquial na região interescapulovertebral (desvio traqueal) Som bronquial no hemitorax lesado 4. Síndromes Intersticiais Doenças pulmonares difusas Dispneia Tosse seca Febre Perda de peso Taquipnéia Cianose Hipocratismo digital Crepitações teleinspiratórias 5. Síndrome de derrame pleural Dor do tipo pleural Febre com atrito pleural Dispneia proporcional a quantidade de liquido na cavidade Expectoração purulenta e Hemoptise acometimento das vias aéreas ou do parênquima Causas: Derrame parapneumonico TEP Pleurite TB Pleurites das colagenases Neoplasias Empiemas e outros exsudatos pleurais 19 Exame físico: INSPEÇÃO: hemitorax abaulado PALPAÇÃO: expansibilidade reduzida PERCUSSAO: maciez Sons respiratórios e frêmito abolidos 6. Síndrome do Pneumotórax Manifestações: Dor pleural súbita Opressão retroesternal Dispneia Classificação: Espontâneo primário Espontâneo secundário Hipertensivo Traumático Sinais clínicos: Expansibilidade reduzida Timpanismo Sons respiratórios reduzidos ou abolidos Frêmito toracovocal reduzido Desvio traqueal para o lado oposto 7. Síndrome de Hidropneumotórax Difícil diagnostico apenas com exame físico Pneumopatia infecciosa fistulabroncopleural piopneumotorax 8. Síndrome de Espessamento pleural Sequela Pleurite seca Derrame inflamatório Empiema e Hemotorax fibrotorax Retração de volume no hemitorax comprometido