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Exame físico do sistema respiratório Profª. Ma. Ana Paula Machado Silva Sistema Respiratório O sistema respiratório tem como principal função a promoção das trocas gasosas. É responsável pelo transporte de ar do ambiente para os avéolos pulmonares, onde ocorre a extração de oxigênio e liberação de dióxido de carbono (CO2). Esse sistema compreende as vias aéreas superiores e inferiores. Anamnese do aparelho respiratório A história respiratória deve ser detalhada e fornecer pistas valiosas quanto aos sintomas do paciente e ao grau de disfunção respiratória, bem como quanto à compreensão do paciente e da família sobre a situação e seu controle e à capacidade de lidar com os sintomas e o tratamento. Algumas questões são fundamentais para avaliar os sintomas respiratórios. Dentre elas, podem-se citar: quando e em que situações os sintomas ocorrem com maior frequência? O aparecimento é gradual ou súbito? Há quanto tempo ocorrem? O que os alivia? Dispneia Significa dificuldade respiratória. É um sintoma subjetivo e reflete a avaliação do paciente sobre seu grau de trabalho respiratório relacionado a uma tarefa e/ou a determinado esforço. Os pacientes podem definir a dispneia como falta de ar, sufocação, aperto no peito, perda de fôlego ou respiração curta. O sinal objetivo da dispneia é a utilização da musculatura acessória e o batimento das asas do nariz. O entrevistador deve perguntar ao paciente se a dispneia surge quando ele se movimenta, está em repouso ou realiza atividade física (leve/moderada), se ocorre quando se deita (ortopneia), se é constante, se o acorda à noite (dispneia paroxística noturna – DPN) e se existem outros sinais e/ou sintomas que ocorrem com a dispneia (dor, tontura, tosse, aperto no peito, sudorese). Deve ser descrita toda a evolução da dispneia, incluindo fatores de exacerbação, duração dos episódios e medidas de alívio tentadas até o momento. A dispneia súbita, sem causa aparente, pode advir de pneumotórax espontâneo, embolia pulmonar ou infarto do miocárdio. O estado emocional do indivíduo também deve ser avaliado. Estados de ansiedade, depressão e alta emotividade podem levar a queixas como “fôlego curto“ e “o ar não entra até o fim”, e mesmo à hiperventilação. Essa condição é denominada de falta de ar psicogênica. Outras afecções, além das respiratórias, também podem causar dispneia, como cardiopatias, anemia, obesidade, febre e acidose metabólica. Tosse É uma resposta reflexa a estímulos irritantes na laringe, na traqueia ou nos brônquios. Esses estímulos podem ser decorrentes de: Processos inflamatórios (hiperemia, edema e secreções), Mecânicos (poeira, corpo estranho), Químico (gases irritantes) Térmicos (ar quente ou frio demais). É importante saber: Há quanto tempo a tosse iniciou-se Frequência Intensidade Se possui relação com a época do ano ou período do dia/noite, se é dolorosa, se é seca ou produtiva, e se o paciente consegue aliviá-la e como é obtido esse alívio. A tosse produtiva visa a eliminar as secreções que se acumulam em muitas alterações pulmonares. A tosse seca é um fenômeno irritativo cujo estímulo pode ser mecânico ou químico. Expectoração Quanto à expectoração, a árvore traqueobrônquica normalmente produz cerca de 100 mL diários de muco, que fluem das pequenas vias aéreas para as grandes, por meio dos cílios. Quando atinge a traqueia, tende a misturar-se com a saliva, sendo deglutida como parte do mecanismo normal de depuração. O escarro é a substância expelida pela tosse. Doenças do sistema respiratório em geral resultam na produção de escarro. Devem-se investigar suas características: Quanto à coloração (claro, amarelo, verde, ferruginoso, róseo, sanguinolento) Odor, Qualidade (aquoso, mucoide, espumoso, espesso) Quantidade (colher de chá, de sopa ou xícara). As modificações de tais características são dados importantes, assim como seu início, frequência e sua relação com a posição (deitado, decúbito lateral). É importante perguntar se há presença de sangue no escarro. A quantidade de sangue deve ser avaliada, verificando-se se há estrias ou pontos, muco tingido ou sangue puro. Deve-se tentar determinar se o sangue está associado à produção de escarro, como ocorre geralmente na bronquite e na pneumonia, ou se é isolado, como ocorre na embolia pulmonar. Recomenda-se verificar se o escarro não é uma secreção proveniente da região oral ou nasofaríngea (sinusite). Hemoptise A hemoptise corresponde à expectoração de sangue pela boca proveniente da ruptura dos vasos brônquicos (hemorragia brônquica) ou ruptura dos capilares ou transudação de sangue (hemorragia alveolar). As principais causas são: bronquiectasias, neoplasias e tuberculose. Deve-se diferenciar das hemorragias das vias aéreas superiores (rinorragias e epistaxe) e da hematêmese (sangramento proveniente do estômago que geralmente apresenta aspecto de borra de café e não é arejado). Também é preciso investigar se ocorreu como resultado de tosse forçada, além da frequência e da quantidade da expectoração, se está relacionada a esforços ou se ocorre mesmo em repouso. O sangue proveniente dos pulmões, em geral, é vermelho-vivo, com algumas porções espumosas. Contudo, se estiver no pulmão por tempo prolongado, pode se tornar vermelho-escuro ou acastanhado. Dor torácica A dor torácica pode estar associada a problemas pulmonares ou cardíacos, e a diferenciação entre essas duas causas é muito importante. Em geral, a dor de origem pulmonar manifesta-se por uma queimação, constante e persistente (retroesternal), ou de forma aguda, com uma pontada que se acentua com o movimento e a inspiração profunda (dor pleurítica). Ela também pode originar-se nas partes ósseas e cartilagíneas do tórax. A localização, a duração, a intensidade e o tipo de dor são dados importantes a serem pesquisados. Rouquidão A rouquidão em geral é resultante de alterações da laringe e das cordas vocais. Contudo, pode ser proveniente, também, de tumor pulmonar ou de aneurisma da aorta, que lesionam o nervo laríngeo recorrente, ocasionando paralisia da corda vocal Tabagismo O tabagismo atualmente não é mais considerado um hábito e sim uma doença por dependência química catalogada na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). A história de tabagismo é fundamental, pois é a principal causa de câncer de pulmão, enfisema e bronquite crônica. Deve ser investigado o início do tabagismo (com quantos anos iniciou), o número aproximado de cigarros ou charutos que fuma por dia, o grau de dependência e, se cessou o tabagismo, há quanto tempo. EXAME FÍSICO DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Quais estruturas anatômicas estão envolvidas na respiração? SISTEMA RESPIRATÓRIO Respirar é uma necessidade humana básica Caixa torácica SISTEMA RESPIRATÓRIO Bronquíolos Alvéolos SISTEMA RESPIRATÓRIO http://images.slideplayer.com.br/9/2533202/slides/slide_9.jpg http://images.slideplayer.com.br/9/2533202/slides/slide_10.jpg Como deve ser o ambiente para realização da avaliação do sistema respiratório? Que materiais são necessários? Qual é o posicionamento do cliente? SISTEMA RESPIRATÓRIO Preparo do ambiente: Ambiente calmo / ausência de ruídos / boa iluminação / privacidade - Sentado ou deitado, com tórax desnudo Materiais: Caneta, papel, estetoscópio, algodão com álcool Entrevista: Dispnéia ( ao realizar atividade ou em repouso) Dor ao respirar( localização, tipo, intensidade) Tosse (duração, produção do escarro e aspecto) Histórico prévio de doenças respiratórias, alergias Alterações da voz Que informações devem ser pesquisadas na anamnese do sistema respiratório? Quais são os sinais e sintomas que indicam desconforto respiratório? SISTEMA RESPIRATÓRIO Entrevista: Histórico de tabagismo(tipo, quantidade,tempo) Exposição ambiental( silicose, trabalhadores com aves, radiação..) idade( vacinação BCG e gripe) Ortopnéia Hemoptise Perfusão periférica Qualidade e frequência da respiração Quais são as técnicas utilizadas na avaliação do sistema respiratório? • INSPEÇÃO: • PALPAÇÃO: • PERCUSÃO: • AUSCULTA: Métodos propedêuticos: SISTEMA RESPIRATÓRIO Posição do paciente: Sentado ou deitado, com tórax desnudo A avaliação sempre é comparativa, avalia-se o pulmão direito e esquerdo, o ápice com a base, parte anterior e posterior Técnicas de avaliação: Inspeção Palpação Percussão Ausculta • INSPEÇÃO: TÓRAX O que observar ao realizar o Exame de inspeção do tórax ? ESTÁTICA E DINÂMICA ESTÁTICA: • Inspecionar a pele: lesões de pele, coloração e distribuição de pelos • Simetria: deformidades na coluna, • Abaulamentos - é o aumento do volume, podendo localizar-se em qualquer região do tórax. • Retrações - dizem respeito à restrição do hemitórax, que também pode localizar-se em qualquer região do tórax • Cicatrizes • Posição da pessoa, expressão facial, nível de consciência Inspeção A inspeção pode ser de dois tipos: estática e dinâmica. Na inspeção estática, o examinador deve observar as condições da pele (coloração, hidratação, cicatrizes, lesões), os pelos e sua distribuição, abaulamentos e retrações. Abaulamento – é o aumento do volume, podendo localizar-se em qualquer região do tórax. O derrame pleural, por exemplo, provoca abaulamento na base do hemitórax correspondente. Aneurisma de aorta pode ser visto na parte anteroposterior como um abaulamento arredondado e pulsátil. Retrações – dizem respeito à restrição do hemitórax, que também pode localizar-se em qualquer região do tórax. Assim, atelectasias ou lesões fibróticas podem levar a depressão do lobo ou pulmão correspondente. A inspeção estática prossegue com a observação da caixa torácica. A forma do tórax apresenta variações em relação à idade, ao sexo e ao biotipo. As alterações no diâmetro anteroposterior ou transverso indicam algumas deformidades torácicas: Tórax chato ou plano – tem como característica o reduzido diâmetro anteroposterior, com sobressaliência das escápulas no relevo torácico. É mais comum nos indivíduos longilíneos e em alguns portadores de doença pulmonar crônica. Tórax em tonel ou globoso – é aquele em que o diâmetro anteroposterior iguala-se ao transversal, sendo frequentemente relacionado a enfisema pulmonar, mas pode, algumas vezes, ser encontrado em idosos que não tenham essa doença. Tórax em funil ou infundibuliforme (pectus escavatum) – é uma deformidade na qual o esterno fica deprimido no nível do terço inferior e os órgãos que se situam abaixo dele são comprimidos. O diâmetro anteroposterior está diminuído. Peito de pombo (pectus carinatum) – é o oposto de tórax em funil. O esterno projeta-se para a frente, aumentando o diâmetro anteroposterior. As comunicações interatriais ou interventriculares congênitas são as causas mais comuns, mas a asma, o raquitismo grave podem contribuir para o peito de pombo. Tórax em sino ou cônico – produz um alargamento da porção inferior, como uma boca de sino, comum nas grandes hepatoesplenomegalias e na ascite volumosa. Tórax cifótico – consiste na acentuação da curvatura torácica normal. O paciente adota uma postura encurvada ou um aspecto corcunda. As causas incluem osteoporose secundária ao envelhecimento, tuberculose da coluna, artrite reumatoide e vícios de postura por tempo prolongado. Tórax cifoescoliótico – presença de cifose e também do desvio lateral da coluna (escoliose). Os pulmões situados abaixo dessa deformidade ficam distorcidos, tornando difícil a interpretação dos achados. Tórax normalnormal Tórax normal: diâmetro anteroposterior é menor do que o diâmetro transverso. Tórax em tonel: diâmetro anteroposterior é igual ao transverso Causas: doença pulmonar obstrutiva Tórax escavado ou pectus excavatum: depressão acentuada no esterno e cartilagens costais CAUSAS: congênito ou adquirido Tórax em peito de pombo ou pectus carinatum: saliência do esterno, parecido com peito de pombo. CAUSAS: genéticas ou adquiridas Tórax cifótico Tórax escoliótico ALTERAÇÃO NA COLUNA VERTEBRAL INSPEÇÃO DINÂMICA Avaliar a movimentação da caixa torácica durante a respiração: amplitude/ ritmo/ frequência/ uso de musculatura acessória/ simetria Tipo de respiração: torácica / abdominal e toracoabdominal Frequência respiratória: Eupnéia Dispneia Taquipnéia Apnéia Tiragem intercostal Avaliação do nível de consciência e enchimento capilar INSPEÇÃO DINÂMICA Cheyne Stokes : períodos de respiração rápida e profunda alternados com períodos de Apnéia.(Idosos, RN, ICC,TCE, AVE) Respiração de Kussmaul: respiração profunda com inspirações rápidas e amplas / curtos períodos de apnéia / após resp. profundas e ruidosas.(distúrbios metabólicos: uremia ,CAD) Ritmo respiratório: respiração rítmica ou arrítmica Alterações: Respiração de biot: períodos de respiração irregular seguidos por períodos variados de apneia.(lesões cerebrais, meningite) • PALPAÇÃO: Como é avaliado a simetria da expansibilidade torácica? PALPAÇÃO È realizada com as mãos espalmadas sobre o tórax. Verificar a presença de nódulos, massas, dor, enfisema subcutâneo, sensibilidade, pulsações, simetria, frêmito tátil Começar no ápice indo de um lado ao outro até a base https://i.ytimg.com/vi/f1ZFcIcwUh0/hqdefault.jpg Expansibilidade torácica: colocar os polegares sobre o tórax e observar a simetria Comparar movimentos das mãos bilateralmente. Expansibilidade lobos superiores Expansibilidade lobos médio Expansibilidade Lobos inferiores Verificar o frêmito tátil ou toracovocal: Transmissão da vibração do movimento do ar por meio da parede torácica durante a fonação Coloque a superfície palmar no tórax e peça para a pessoa falar 33 Verificar o frêmito tátil ou toracovocal: As vibrações devem ser iguais em ambos os lados É mais perceptível entre as escapulas e ao redor do esterno, pois os brônquios estão mais próximos do tórax Muco, colapso do tecido pulmonar, lesões bloqueiam as vibrações. • PERCUSSÃO: Vibrações originadas por meio de pequenos golpes realizados em determinada superfície do organismo. PERCUSSÃO Avalia a produção de sons da parede torácica Determina se os tecidos contêm ar, líquidos ou se são sólidos. PERCUSSÃO Percutir os espaços intercostais / Sempre bilateralmente/ápice para base PERCUSSÃO ALTERAÇÕES: Som hipersonoro: indica aumento de ar no alvéolo, causas: enfisema pulmonar Som timpânico: indica a presença de ar no espaço pleural, causas: pneumotórax Som maciço ou submaciço: indica diminuição ou ausência de ar no alvéolo e condensação pulmonar, causas: derrame pleural, pneumonia, atelectasias Som normal: som claro pulmonar AUSCULTA PULMONAR SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS: Murmúrios vesiculares SONS ANORMAIS: Ruídos adventícios (roncos, estertores,sibilos) NÃO AUSCULTAR SOBRE ROUPAS Avaliar o fluxo de ar através da árvore traqueobrônquica Ouvir ruídos torácicos durante o ciclo respiratório (inspiração, expiração) Comparar regiões simétricas, do ápice para base AUSCULTA PULMONAR AUSCULTA PULMONAR SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS: Som tubular audível sobre a traqueia. Som bronco vesicular audível sobre os brônquios, abaixo das clavículas e entre as escápulas Sons vesiculares ou murmúrios vesiculares audível sobre os alvéolos AUSCULTA PULMONAR SONS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS: Roncos - secreções espessas nos grandes brônquios/ mais proeminente na expiração. Sibilos - passagem de ar numa via aérea estreita/ secreções espessas nos brônquios e bronquíolos, podendo ser acompanhada de espasmos muscular AUSCULTA PULMONAR SONS RESPIRATÓRIOS ANORMAIS: Crepitaçõesfinas Estertores - ruídos finos, descontinuados, curtos, ouvidos durante a inspiração Crepitações grossas Estertores - som semelhante ao rompimento de bolhas, pode ser auscultado em todo o tórax, na inspiração e expiração
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