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FICHAMENTO A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL

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FICHAMENTO A EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE INTERNACIONAL
INTRODUÇÃO
- Um entendimento de como a sociedade contemporânea de Estados veio a ser o que é, e como pode desenvolver-se no futuro, exige uma noção de como outras sociedades operaram e desenvolveram-se no passado.
- O livro propõe-se a perguntar, em primeiro lugar, quais eram as instituições e também os pressupostos e os códigos de conduta por meio dos quais grupos pretéritos de entidades politicas tentaram ordenar e regular os sistemas que os uniam.
- Um entendimento adequado do passado e do presente também é necessário para que se possa ver o que pode acontecer no futuro e como podemos esperar influenciá-lo. 
- Wight descreveu a sociedade internacional europeia como uma sucessão de hegemonias, na qual uma grande potencia após a outra tenta transformar o sistema de Estados, ou mesmo aboli-lo. Queria examinar as semelhanças, assim como as diferenças entre sistemas, e não queria descartar nenhum deles, por serem ultrapassados, exceto os Estados independentes.
- Para entender sociedades igualitárias de Estados mais ou menos independente precisa-se de um horizonte mais amplo, que veja a independência como apenas um fim de toda a gama da experiência humana, ao administrar a coexistência de grandes e diversas comunidades de homens. 
- Embora sistemas de Estado independentes certamente difiram de sistemas suseranos ou imperiais, uma simples dicotomia entre eles é inadequada para descrever as verdadeiras realidades.
- Os estadistas e estudiosos do século XVIII viam a Europa não como uma anarquia, mas como uma família ou comunidade de Estados em sua maioria governados por príncipes aparentados.
CAPITULO UM
- O sistema internacional contemporâneo surgiu a partir do sistema europeu, e muitas das regras e instituições da sociedade europeia foram simplesmente aplicadas de maneira global: mas o sistema também incorpora ideias e praticas de sistemas anteriores.
- Há, nos sistemas de Estados, uma tensão inevitável entre o desejo de ordem e o desejo de independência. A ordem promove a paz e a prosperidade, que são grandes dádivas. Toda ordem limita a liberdade de ação das comunidades e especialmente a de seus dirigentes. Todavia em que a ordem é imposta pela força real ou potencial de uma autoridade hegemônica, esta pode ser sentida como opressiva. A ordem é ainda promovida por acordos e regras gerais, que limitam e favorecem todos os membros de uma sociedade.
- O desejo de autonomia e depois de independência, é o desejo dos Estados de relaxar as limitações e os comprometimentos sobre eles impostos.
- Na pratica, a liberdade para tomada de decisões externas é diminuída pelas limitações que o envolvimento em qualquer sistema impõe e também pelos comprometimentos voluntários que os Estados assumem a fim de gerir suas relações externas de maneira mais eficaz. 
- O uso do termo hegemonia pode ser utilizado para explicar o exercício da autoridade exercido por uma única potencia. A autoridade pode ser exercida, seja por um Estado individual oso, seja como ocorre amiúde, por um grupo de Estados nessas condições. 
- A hegemonia quer sejam exercida por uma potencia individual, quer por um pequeno grupo, envolvem dialogo constante entre a autoridade hegemônica e os outros Estados e uma noção, dos dois lados, da vantagem da celeridade. (Celeridade – rapidez, velocidade, agilidade).
- A legitimidade é a aceitação da autoridade, o direito de uma regra ou de um dirigente, de ser obedecido, diferentemente do poder de coagir. É determinada pelas atitudes daqueles que obedecem a uma autoridade. Quanto mais estreitamente envolvidos estejam Estados independentes entre si, menos tentarão operar isoladamente, pois podem promover alguns de seus interesses e defender seus princípios, especialmente a preservação de sua independência, por meio da cooperação com aliados, levando em conta as visões e os desejos deles, assim modificando seu próprio comportamento. 
- A sucessão de sistemas permite examinar o problema da continuidade: como um sistema pode herdar e adaptar as instituições e as práticas de seus predecessores, as maneiras específicas de organizar as relações entre entidades politicas e também as suposições sobre o que essas relações eram e deveriam ser. 
- A sociedade de Estados indiana interessa graças a seu complexo desenvolvimento próprio e pelo impacto que sofreu com a influência das práticas persa e macedônica. As práticas e as teorias do sistema chinês desenvolveram-se praticamente no isolamento. Esses dois sistemas fornecem base útil para comparação com a sucessão que se observa no Oriente médio. 
CAPITULO DOIS
- A Suméria foi uma das primeiras e mais inovadoras civilizações, tendo sido especialmente criativa em sua maneira de administrar a coisa pública. Não era um império, mas um conjunto de comunidades separadas dentro do quadro de uma cultura comum, cada uma com sua personalidade distinta e sua vida econômica individual. Mantidos por um sistema de religião e governo.
- O estimulo econômico e culturais exercidos pelos povos vizinhos ofereciam difusão da palavra escrita e do conhecimento dos números era disseminado entre a periferia de comunidades independentes, sendo muito maior que sua área de sociedade politica de Estados. 	
- A questão básica que dominava as relações entre as cidades sumérias era como regular o comercio e a concorrência entre elas, mais especificamente, como resolver as inevitáveis disputas a respeito de agua, terra e comercio, de modo que pudessem prosperar em seu envolvimento estreito umas com as outras, mas de maneira que cada cidade pudesse preservar sua independência. 
- Cada cidade suméria era de um deus ou deusa especifico, os negócios eram regidos pelo rei, que era o representante de seu deus. A religião oficial suméria era eminentemente prática, quase comercial. Mantinha registros, calculava calendário e o momento apropriado para as atividades, à rede de templos estava disponível como um serviço diplomático entre as cidades. 
- A função do rei era de moderar os conflitos entre as cidades, proclamar e quando necessário, aplicar os vereditos, realizando a vontade do deus de sua própria cidade. A necessidade de vereditos sábios dados por eles manteriam a ordem desejada pelos deuses e especialmente por seu deus, que era rei e pai de outros deuses. 
- O sistema sumério de relações internacionais não era um único império, como o Egito, mas sim uma hegemonia, uma cidade que por intermédio de seu dirigente, recebia autoridade legitima para funcionar como arbitro entre outras cidades e para manter a concorrência e o uso de forças dentro de limites aceitáveis, mas não o direito de interferir em seus assuntos internos. 
- As cidades sumérias eram Estados internamente independentes, coletivamente capazes de mudar a autoridade hegemônica, que elas consideravam necessária para regular suas relações interestatais, de uma cidade para outra. 
- O dialogo diplomático entre Estados independentes desenvolveu-se a partir da inviolabilidade dos mensageiros de um governante a outro. 
- Os sistemas integrados de cidades-estados eram organizados não como um império diretamente administrado ou como independências múltiplas, mas como uma hegemonia complexa, mais ou menos no meio do espectro entre os dois extremos.
- As relações entre grandes impérios pertencentes a civilizações diferentes eram relaxadas e regulatórias, sem qualquer legitimidade ou prática hegemônica. 
CAPITULO TRÊS 
- Os Assírios derivavam do deus Asshur, estavam ao redor do curso setentrional do tigre	, no centro do crescente fértil. Os assírios foram conquistados e subordinados diversas vezes pelos babilônios, com os quais muito aprenderam. Em todas às vezes conseguiram realizar e reafirmar sua independência, com ênfase nas proezas militares e na disciplina politica, combinada com uma arte do Estado extremamente astuta e realística. Seu exercito era bastião indispensável do Estado.
- Cercados de inimigos e de aliados em potencial, aprenderam que o sucesso ea própria sobrevivência dependia de descobrir o máximo possível sobre seus perigosos vizinhos. Eles desenvolveram uma notável capacidade no que deveríamos chamar inteligência militar e politica, no qual aparentemente obtiveram dos mercadores assírios e de outros amigos em países estrangeiros.
- Os assírios consideravam que o nacionalismo e a tendência para rebelar-se estavam enraizados no solo da pátria e que, se as pessoas fossem mudadas de sua terra nativa e para longe de seus deuses, haveria mais paz e mais produtividade no império. 
- O grande rei da Assíria começou a técnica diplomática imperial, que atingia diretamente os povos e não apenas seus governantes. A tentativa era de colocar o povo contra seu rei, e assim, não precisar utilizar o exercito, porém o tendo como alternativa em ultimo recurso. Desenvolvimento importante nas RI.
- O império assírio é um bom exemplo da regra geral de que as autoridades imperiais não administram na pratica a totalidade da área que exercem influencia. 
- Foi como comerciantes que os assírios primeiramente surgiram na história. O comércio, especialmente, e de maneira mais geral, a riqueza, a civilização e as comunicações diplomáticas, que eram difundidas ao longo de rotas especificam e apenas melhoraram. 
- Depois de séculos de poder imperial suserano, os governantes de Estados subordinados como a babilônia e o Egito ainda eram suficientemente autônomos na pratica, ou seja, ainda tinham suficiente liberdade de ação para renunciar a sua fidelidade e negociar uma coalizão anti-hegemonica com inimigos externos do império, como os medos. Adquirem legitimidade e permanecem na mente dos homens.
CAPITULO QUATRO 
- O império persa representou o clímax dos métodos que evoluíram no mundo antigo pré-romano para administrar muitas comunidades diferentes dentro de um sistema imperial. 
- Os medos e os persas eram raças arianas, originalmente cavaleiros nômades das estepes ao norte do mar negro e do mar Cáspio. Estabeleceram-se na área leste da mesopotâmia, entre a suméria e a índia, onde seus descendentes ainda hoje vivem. Típicas comunidades itinerantes, independentes do crescente fértil, mas comercializando com eles e absorvendo muito de sua tecnologia. 
- Meio séculos após a queda da Assíria os medos e os persas levaram toda a área de volta ao sentido da extremidade imperial do espectro sem muita dificuldade e reestabeleceram uma única autoridade nominal sobre o império assírio e bem além dele. 
- Os persas assimilaram a civilização mesopotâmica, a escrita cuneiforme destes, invenções provenientes da suméria, forneceu e difundiu as técnicas de administração, as ciências e a medicina egípcia. Apropriaram-se da estrutura governamental assíria. Adotavam prontamente os costumes estrangeiros. Valorizavam suas virtudes nômades antigas. Apegavam-se a própria religião, reformada por Zaratustra, sendo uma crença num deus cósmico de luz e verdade, ao qual faziam oposição aos poderes das trevas. 
- O tamanho e a diversidade do império persa eram enormes em suserania, exceto numa área central, mais descentralizada e com tendência a fissão de seus predecessores. 
- Os persas operavam por meio de autoridades locais que eram difíceis de coagir, e consequentemente confiavam na persuasão e no consentimento, chamado diplomacia hegemônica. Quanto mais eficazmente um sistema suserano proporciona vantagens para aqueles que o apoiam, mais ele espalha sua autoridade radial. 
- O governo persa era reafirmado por meio da violência, atingido o poderio, instala-se uma excepcional moderação naquela região do mundo. A crueldade e a implacabilidade dos assírios e dos babilônios deu lugar a uma relativa brandura, a um ideal proclamado de governo justo e ao desejo de manter a autoridade por meio da conciliação e granjeando ao menos lealdade dos grupos dirigentes das comunidades subjugadas. 
- Os governadores civis, comissários, eram chamados satrapas, e eram persas, ou amiúde, membros de famílias reais ou proeminentes locais que adquiriam uma nova função ou titulo e assim gozavam de legitimidade local e imperial. Padrões locais de vida permaneciam intocados na medida da praticidade. 
- Brandura e desejo persa de trabalhar com populações que cooperassem com sua autoridade imperial estão no exemplo do tratamento politico aos judeus. Quando a autoridade imperial se consolida, os persas puderam insistir em que as comunidades autônomas sob sua suserania não recorressem a força umas contra as outras. (Judeus e Palestinos). Recurso das forças das armas como maneira legitima de desenvolvimento e proteção de interesses, espíritos livres podiam se ressentir diante da imposição estrangeira da ordem, ou receber bem a segurança que ela proporcionava. 
- No reinado de Dário no Egito, foi construído um canal ligando o mar mediterrâneo ao mar vermelho, que estimulou o comercio com a Índia, parte da qual também estava sob supremacia politica persa. 
- Os persas desenvolveram o conceito e as práticas de um governo ou de uma influência imperiais tão brandos, que o sistema se aproximava de uma sociedade hegemônica de Estados e era, portanto, baseado no fornecimento de um saldo de vantagens àqueles dispostos a trabalhar com eles, ou pelo menos a aquiescer com a autoridade persa.
- Ao lidar com Estados além do alcance de sua superioridade militar, e (até onde os registros sobreviveram) especialmente em seu envolvimento com as cidades gregas independentes, os persas exploraram conceitos correspondentes aos dos direitos e responsabilidades das grandes potências numa sociedade de Estados, que ainda são encontrados sob formas muito transmudadas até nossos dias.
CAPITULO CINCO
- A Grécia é importante para o sistema internacional por duas razões: as cidades-estados e os persas, na primeira metade do período, e as monarquias helênicas na segunda, organizaram suas relações externas de maneiras muito inovadoras e significativas. O sistema grego-pérsico exerceu grande influencia sobre o sistema europeu, a partir do qual se desenvolveu o atual sistema; e, durante vários séculos, aspectos da pratica grega serviram de modelo para a sociedade europeia de estados. 
- Os gregos chamavam-se helênicos e a área ocupada por eles é chamada Hélade, como a Europa ela era uma área e uma tradição cultural dividida em alguns estados independentes. As cidades helenicas centrais eram independentes de qualquer suserania, embora muitas delas fossem dominadas por um vizinho mais poderoso. 
- As cidades gregas desde o inicio eram polis independentes, de nenhuma maneira governadas pela cidade-mãe, embora mantivessem relações com as mesmas. A comunicação era feita atraves do mar, o que fragmentou a politica. O compromisso dos gregos com a independencia é lendario, eles eram apegados ao ideal de que cada polis deveria administrar seus proprios interesses. Na pratica, elas tinham de aceitar algum grau de controle por parte de um suserano ou de um aliado hegemonico em suas relações externas.
- Os gregos classicos eram excepcionalmente livres de inibições devidas a sua experiencia preterita em materia de relações internacionais, assim como em outros campos, se sentiam livres para ordenar os assuntos de maneira que melhor lhes parecesse. 	
- O ideal grego da cidade-estado foi importado pelo renascimento para dentro do sistema europeu, e a legitimidade da independencia sem impedimentos permanece como um forte comprometimento de nossa sociedade internacional hoje em dia. 
- Um cidadão proprietário grego deveria ser capaz de portar armas, especialmente uma vez que as decisões que ele e seus concidadãos tomavam diziam respeito não só as leis que governavam a cidade, mas tambem a paz e a guerra. A guerra era sempre legitima se os cidadãos nela vissem vantagens (estrategica ou economica).
- Três laços do sistema helenico estavam presentes na visão dos lideres politicos gregos e persas: anti-hegemonismo, o comprometimento grego com a independencia levou outras corporações a formar uma coalizão anti-hegemonica depois da outra. Stasis,significava o uso de armas dentro da cidade para alterar a maneira pela qual era governada. Dike significava um meio mais sofisticado e menos juridico de resolver disputas do que nosso sistema atual é capaz de lidar. Acerto razoável, três elementos: posição legitima e de direito; posição real no terreno < não se coincidiam, caso isso acontecesse, o terceito elemento era os bons oficios de uma terceira parte ou terceiro Estado. Paciente diplomacia de vai e vem.
- Quatro cidades-estados gregas independentes eram as centrais antes do dominio de Felipe da Macedonia: atenienses, espartanos, corintios e tebanos. 
- A estagnação confusa em Atenas entre os oligarcas tradicionalistas e as facções rivais favoraveis a tirania e a democracia, levava as partes contendoras a apelar aos persas por auxilio. O fracasso da expedição de Dário e a tentativa principal de Xerxes de estabelecer suserania ensinou aos persas a importante lição de que eles não podiam colocar no campo nem no mar uma força capaz de enfrentar uma aliança de cidades gregas. 
- Ideia de que as grandes potencias (Esparta), não resolvendo brigas com a guerra, mas por meio do Dike, trazia os compromissos de ampla abrangencia e que estão envolvidas em empreitadas externas, também devem ter um sentido de responsabilidade uma com as outras. 
- Desejo ateniense de dominação de todo sistema. Mégaros eram rivais especificios dos atenienses no comercio de cereais e de escravos no Mar Negro, as facções queriam suprimir a Mégara, essa questão precipitou o conflito conhecido como A Guerra do Peloponeso, entre atenienses e aqueles que os odiavam e temiam. 
- A vitória anti-hegemonica na guerra do peloponeso pareceu reestabelecer um sistema mais liberal na Hélade europeia do que o que os atenienses tinham tentado organizar. Nem corintios e nem persas eram fortes o suficiente para apoiar sua propria hegemonia na região. Corintios por meio da ação militar, persas se inclinavam a pacificação. 
- No congresso de ratificação, em Esparta, os lideres espartanos, atenienses e tebanos aceitaram subsidios persas como um elemento de paz do rei. Comparado a paz de Vestfália de 1648, que pela primeira vez exerceu paz generalizada na Europa com base na independencia e num equilibrio geral de poder. 
- A paz do rei, nova ordem internacional era de natureza unilateral. Sua propria forma não era a de um governante suserano, todas as partes envolvidas sabiam que era uma forma negociada para uma nova legitimidade, no principio do dike, combinada com a oferta de apoio naval e financeiro a uma aliança anti-hegemonica contra uma polis que tentasse desequilibra-la. Foi concebida para preservar as independencias da Hélade central por meio de uma forma inicial de convenio ou de garantia, destinada a proporcionar limitações coletivas contra qualquer tentativa individual de hegemonia. 
- Os hegemonicos gregos e macedonicos, como os persas, exigiam três coisas das comunidades cujas relações exteriores eram determinadas: uma contribuição para o tesouro imperial; um contingente militar ou naval; a presença de um comissário imperial, ou sátrapa e um comandante militar. 
CAPITULO SEIS
- O periodo macedônico assistiu a movimentos dramaticos do pendulo ao longo do espectro. Felipe II era um expansionista e estabeleceu uma hegemonia proxima do dominio sobre a Hélade central. A morte de Alexandre, o Grande levou a fragmentação daquela estrutura num grupo de reinos imperiais independentes e de Estados menores. Os reinos helenicos dominaram um novo sistema de Estados, semelhante ao sistema Europeu. 
- Após a derrota dos atenienses e tebanos na guerra dos estreitos estrategicos do mar negro, Felipe usou uma astuta mistura de força e diplomacia para reunir a maioria dos estados gregos, tanto aliados como inimigos, no que era nominalmente uma liga de cidades sob sua liderança militar, mas na pratica, uma estrutura altamente hegemonica sob controle macedonico. 
- Após a conquista de Alexandre, filho de Felipe II, a Persia, a autoridade do império já não seria mais puramente persa, mas uma combinação de autoridade macedonica e persa; com duas raças governantes que ele incentivava a se casarem entre si e a dominar conjuntamente o império. 
- O conceito helênico de autoridade aceitava formas muito variadas de governo local tradicional sob a égide geral de um rei semidivino. Após a morte de Alexandre, os generais macedônicos que desejavam o poder, não tinham direito a legitimidade do trono, então precisavam do apoio de seus soldados europeus. Os reis selêucidas mantiveram muito da antiga máquina para governar a população não helênica, mas deixaram-lhe menos autonomia e impuseram-lhes tributos mais pesados que aqueles cobrados pelos persas. 
- O novo reino dos ptolomaicos extraíam tanta riqueza quanto podiam da população egipcia subjugada. Gastavam-na extensão maritima de seu reino, que ia até o mar Egeu, e em Alexandria, a maior de todas as cidades helênicas, que se tornou o centro do reino Ptolomaico e a principal capital econômica e cultural de todo mundo helênico.
- A legitimação da autoridade torna as coisas mais fáceis para aqueles que a ela se submetem, assim como para os que a exercem. Os habitantes de Rodes, uma rica corporação mercante, que num certo sentido eram os sucessores espirituais dos coríntios, preservavam independencia efetiva por meio de uma politica discretamente anti-hegemônica e fizeram contribuições notáveis ao que deveríamos chamar o direito internacional marítimo e comercial.
- O sistema era dominado pelas duas grandes potências semelhantes, os ptolomaicos e os sêleucidas, mas não era uma diarquia ou uma hegemônia compartilhada, era bipolar, girando em torno da rivalidade entre grandes potências. A rivalidade entre as duas potências trouxe os conjuntos heterogêneos de comunidades de uma estrutura interligada e deu ao sistema macedônio um grau de ordem e previsibilidade. 
CAPITULO SETE 
- Nenhum sistema de Estados e povos diversos desenvolveu maior sofisticação na antiguidade que o da Índia. O grande subcontinente era, e ainda é, habitado por uma enorme diversidade de povos que falam uma grande variedade de linguas. Quando os arianos gradualmente se expandiram na direção do oriente Próximo e a Europa, também atravessaram o Himalaia, e, com o passar do tempo, impuseram um domínio ariano e uma lingua comum ariana, o sânscrito, sobre toda a Índia, exceto a meridional. 
- A religião e os modos de vida ariano se mesclam com os indianos já estabelecidos e formam a religião hindu. O hinduísmo, em suas muitas variantes, é uma das principais civilizações da humanidade, uma cultura complexa que afeta todos os aspectos da vida religiosa, social e econômica, bem como o pensamento. 
- Um dos traços da tradição hindu era que, como na Hélade Clássica ou na Europa depois do renascimento, uma forte noção de uma civilização comum distinguia os hindus dos outros povos. Alguns estados independentes eram mais poderosos do que outros, mas todos estavam conscientes de que o bem-estar, a expansão e a propria sobrevivencia de um Estado dependiam de suas relações com seus vizinhos. Regras e instituições moldadas pela tradição cultural hindu. 
- Kautilya escreveu um manual chamado Arthashastra, ou livro do Estado. Nessa obra, descreve em detalhes a natureza do sistema de Estado indiano e as relações entre os governantes, e explica como o principe, chamado de “conquistador” poderia explorar o padrão a fim de transformar a Índia num império do tipo persa. Como conquistar e governar um império, como levar todo sistema bem na direção da extremidade imperial do espectro. Relações Internacionais como parte integrante dos problemas da arte do Estado. 
- Cada Estado ou reino consiste de seis elementos: o rei, o governo ou os ministros, o país e sua população, a fortificação do país, o tesouro ou os recursos financeiros disponiveis para o rei e as forças armadas.
- Na sociedade de estados indiana, os embaixadores normalmente eram brânames, da mais alta casta de sacerdotes e literatos, eeles não eram residentes, eram enviados que iam e vinham. Suas funções incluiam entregar mensagens e trazer ou levar respostas, assim como a manutenção dos tratados e em especial a necessidade de insistirem que o rei que o embaixador estivesse visitando observasse os tratados com seu próprio rei.
- O livro do Estado ainda prefere a paz do que a guerra, assim como a paz a neutralidade armada e expectante nas guerras entre outros reis, em virtude do custo, em homens e em dinheiro, de fazer a guerra ou mesmo de manter a neutralidade armada e dos azares da guerra.
- A finalidade de estabelecer um império, o fim do poder não era o serviço dos deuses, ou uma ideologia, mas a felicidade do Estado. Acreditando, como os persas, mas diferentemente dos gregos e da legitimidade convencional de hoje em dia, que uma multidão de independências não era o estado de coisas mais desejável e que, ao contrario, maior felicidade poderia advir do estabelecimento de um governo imperial benevolente. 
- A duração, de cerca de um século de um império benevolente, não foram suficientes para legitimá-lo e mantê-lo uno. As tradições locais e o desejo submerso da independência reafirmaram-se. O império foi fragmentado, e a Índia rapidamente retornou a colcha de retalhos de Estados independentes que guerreavam entre si, descritas no livro dos Estados. 
CAPITULO OITO
- A visão da civilização chinesa sobre a estrutura de autoridade e as relações com vizinhos não chineses se desenvolveram separadamente da experiência da Asia Ocidental, a qual influenciou até mesmo o sistema indiano. 
- Somente os chineses atingiram um grau de sofisticação na administração de relações entre diferentes comunidades mantidas unidas dentro de um sistema e deixaram registros escritos de suas realizações.
- O colapso da autoridade Zhou (autoridade suserana sobre a área cultural chinesa) levou o sistema chinês bastante na direção da extremidade onde se situam as independências múltiplas do espectro. A autonomia interna não era suficiente: os atributos de estado independente eram a capacidade de preservar seu território, fazer a guerra, mudar de aliados e fazer tratados. Estados que possuíam essas qualidades eram tratados de maneira igual, os que não, eram considerados inferiores.
- Os Estados periféricos se espalharam no entorno das comunidades não chinesas e se tornaram maiores e mais fortes, introduziram importantes inovações na arte da guerra, que a tornaram mais intensa e seus resultados mais decisivos: equiparam soldados com lanças de ferro, adotaram novos métodos de treinamento com formações disciplinadas de infantaria, aprenderam com os nômades a dominar a cavalaria e desenvolveram bestas mais eficientes.
- O processo militar e politico de integração do reino Zheng foi realizado pelos novos Estados, mas a despeito de todas as suas práticas inovadoras e de seu desprezo para com a antiga tradição, sua autoridade no sistema continuava a derivar, em certa medida, do antigo conceito de um único rei Zhou. 
- Comparando com o sistema Greco-Pérsico: havia duas alianças principais em cada caso. A liga correspondia ao período anti-hegemônico da aliança espartana e a aliança Chu, concebida para apoiar as suas aspirações hegemônicas correspondia a aliança ateniense. O ba ou protetor anti-hegemônico tinha um papel semelhante ao dos espartanos no final da guerra do Peloponeso. 
- Nenhuma potência externa comparável ao Império Persa desempenhou um papel construtivo de importância no império chinês, no entanto, os Estados chineses hegemônicos, tal qual a Macedônia, extraiam forças de fontes que iam além dos limites da civilização chinesa. 
- O período dos Estados guerreiros conheceu a maior atividade criativa e intelectual da China, giravam em torno da legitimidade do poder, dos objetivos das artes do Estado e de remédios para as guerras crescentemente violentas. 
- Quatro correntes principais de pensamento politico: pacifismo anárquico de Dao (Tao) acreditava numa ordem natural, que seria bem mais atingida por meio da não violência, e sustinha que qualquer governo ativo era uma interferência na ordem natural. Os confucionistas e mohitas aceitavam o Estado como uma necessidade, refletia a aspiração dos Estados centrais que reconheciam a supremacia de Zhou. Os defensores da autoridade despótica e da unificação por meio da conquista defenderam a doutrina de guerra defensiva como a chave para conseguir a paz entre Estados. 
- Os mohitas sustentavam que um Estado que renunciasse a guerra ofensiva poderia tornar-se tão eficiente em técnicas defensivas que nenhum outro Estado o atacaria. Se esse plano fosse seguido de um modo geral, todos os estados se tornariam vulneráveis a ataques e teriam de viver amigavelmente uns com os outros. O programa mohista de neutralidade armada era genuinamente anti-hegemônico, esse era o único conceito chinês de Relações Internacionais teoricamente formulado. 
- A quarta escola era a dos legalistas, tendo a conotação enganosa de que seria um império ao quais os reis e governos executivos estivessem sujeitos, a lei dos legalistas chineses era a vontade de um governante autocrático, formulada em decretos legais precisos aos quais todos os seus súditos deveriam obedecer sem questionamentos. Eram antidemocráticos e antiaristocráticos. Sustentavam que sua ordem politica interna tornaria os Estados mais fortes do que do ponto de vista externo. Os legalistas sustentavam a ideia que todos os Estados hostis deviam ser suprimidos, pois aumentaria a área de ordem até que existisse somente um Estado. 
 - A dinastia Han, durando 4 séculos repudiava doutrinas legalistas e a brutalidade repressiva do governo Qin. A fusão Han de ideias confucionistas e legalistas tornou-se a ortodoxia intelectual da China por dois milênios. 
CAPITULO NOVE
- Ao longo de vários séculos, Roma expandiu sua autoridade e adaptou seus métodos de governo para trazer primeiro a Itália, depois o mediterrâneo ocidental e finalmente quase toda a totalidade do mundo helênico para dentro de um império maior do que qualquer um que já tenha existido desde então. 
- A estrutura imperial romana não era aceita apenas pelas diversas comunidades que a compunham, mas chegou a ser considerada pelos cidadãos do império como a única autoridade legitima e aceitável. 
- Roma ajudou a dar forma a pratica e as opiniões europeias e contemporâneas relativas ao Estado, sobre o direito internacional e especialmente sobre o império e sobre a natureza da autoridade imperial. 
- A capacidade de Roma de manter a lealdade da maior parte de suas conquistas italianas em tais circunstâncias (séries de lutas e conflitos) é prova marcante do sucesso da politica do senado nos territórios conquistados.
- A intervenção romana no oriente normalmente era uma represália contra ataques a interesses ou a clientes de Roma, ou então as intervenções eram resultados de convites e destinados a evitar a consolidação de uma potencia forte que se opusesse a Roma. 
- Otavio, filho de Cesar, ganhou a guerra civil por meio de crueldade excepcional e da capacidade militar de seus comandantes, demonstrou moderação e reorganizou o mundo romano, utilizando de um meio construtivo: concentrava o controle executivo nas próprias mãos, mas legitimou a autoridade com seus concidadãos romanos restaurando as formas da politica senatorial. Simbolizou a introdução da pax romana no âmbito do império, que significava paz e ordem, vantagens principais da administração imperial, mas que não significava o fim das guerras e conquistas.
- Os imperadores romanos dos dois primeiros séculos, assim como seus predecessores persas e macedônicos preferiam o governo indireto e a preservação das autoridades locais quando essas fossem confiáveis. (...) os efeitos padronizadores de uma burocracia central se afirmaram de maneira mais firme, o horizonte dos homens alargou-se e o império romano adquiriu legitimidade forte. 
- As pressões externas, entretanto, certamente, e as demandas internas correspondentes de defesa contra aquelas pressões,combinaram-se para empurrar o pendulo de volta do principado imperial unificado do inicio do século III na direção de um padrão mais relaxado e fragmentado. (...) O esforço necessário para reafirmar a autoridade imperial levou o sistema romano mais na direção da extremidade imperial do espectro do que havia feito o principado inicial. 
- Explicações mais gerais, como a decadência e o declínio dos padrões materiais e morais podem ajudar a explicar porque o império inteiro não pode ser mantido uno, mas não porque metade dele continuou enquanto a outra metade ruiu, certamente não foi qualquer desejo geral por parte das comunidades de readquirir liberdade politica, pois as comunidades locais lamentaram o desaparecimento da autoridade romana. 
- O império romano era uma forma de governo marcadamente mais civilizada e ordeira do que a pratica germânica, de modo que aqueles que tinham tido a experiência do governo romano compreensivelmente desejavam mantê-lo. 
CAPITULO DEZ
- Os bizantinos poderiam ter se considerados um Estado como os outros, talvez o mais civilizado, mas não o mais poderoso, portanto, sujeito a pressões externas, que deveriam estar sempre prontos para se defender e se expandir quando a oportunidade aparecesse. 
- Haviam herdado o pensamento romano de que seu império deveria cobrir toda a totalidade do mundo civilizado, o oikoumene, e deveriam disseminar a verdadeira fé e a verdadeira civilização entre todos os povos ainda não civilizados do mundo. 
- A sociedade bizantina era devotadamente imperialista e missionária, assim como era absolutamente convencida da superioridade de sua própria civilização. 
- O sistema imperial bizantino era organizado como um centro que falava grego, era cristão ortodoxo e estava permanentemente sob a administração direta, embora as vezes feudal, de Constantinopla, e em uma zona cinzenta muito flutuante sob graus progressivamente decrescentes de controle ou influencia bizantina. 
- Um princípio politico bizantino, surgido de sua fraqueza inerente era e quase sempre observado era não coagir com os povos conquistados, mas deixar todas as etnias de posse de seus próprios costumes e leis. O que importava era a lealdade, não a conformidade. 
- Durante a maior parte da existência do império bizantino, mesmo em períodos de força militar, ele estava basicamente na defensiva contra a grande potencia imperial missionaria rival, o islã, que continuamente o ameaçava e posteriormente o destruiu. 
- Assim como os assírios, os bizantinos mantinham uma fonte de informação com os povos menos civilizados, sabiam de gostos pessoais e enviavam presentes adequados para cada governante, membros de sua família e seus rivais. 
- O meio mais importante de persuasão durante essa hegemonia, assim como com os persas, era o dinheiro. Em suas linhas principais, sua politica era a persa divide sed non impera, e gostavam bastante quando vizinhos perigosos aceitavam o dinheiro e conselhos bizantinos e voltavam suas energias destrutivas uns contra os outros. 
- Os que recebiam dinheiro bizantino, aceitavam acordos e se comprometiam a colocar certo numero de soltados a disposição do imperador, sendo uma fonte importante de tropas. Os tratados incluíam arranjos comerciais vantajosos e privilégios econômicos para os súditos mercadores do governante cliente em todo o império. As satisfações de suas vaidades ajudavam a estabelecer uma relação formal de dependência para com a basileus e de participação no sistema imperial. 
- A diplomacia bizantina teve sucesso tanto na tarefa mais mundana de salvar o império muitas vezes de invasão e destruição, quanto na finalidade missionária e imperial de atrair tantos povos menos civilizados para a orbita da civilização Greco romana. Muitos desses traços, como o cristianismo ortodoxo e a finalidade dos missionários imperiais foram herdados pela Rússia e ainda de alguma maneira dão cor a visão que os russos tem do mundo.
- As negociações de Bizâncio com seus oponentes era a combinação de uma força militar, truculência, subsídios financeiros e proselitismo religioso e cultural, fazia isso com a missão de que deveria trazer o mundo inteiro para baixo de seu poderio, combinada com a consciência realística de que a cidade não era tão forte quanto seus vizinhos.
CAPITULO ONZE
- A expansão árabe foi possível graças a sua nova religião, o islã, que começa quando Maomé e seus fieis foram expulsos de Meca e se organizaram num movimento militar e religioso. Maomé era um líder religioso de primeira magnitude, e também um estadista. Inspirado pelo judaísmo e cristianismo, elaborou um sistema de leis e uma pratica de governo. 
- É de extrema importância para as Relações Internacionais o fato de que o Islã foi, desde o começo, uma religião missionaria universal, sem limitações étnicas ou geográficas que tinha como objetivo a conversão de toda a humanidade. 
- Como outros conquistadores nômades, os árabes adotaram conhecimentos das civilizações anteriores, tendo como resultado uma cultura e um sistema de governo eclético e mesclado que se espalhou na maior parte do mundo. Esse sucesso é relevante na sociedade internacional até hoje. 
- Os árabes influenciavam a conversão, mas não sob o domínio da espada. Eles tratavam os cristãos e os judeus como povos subordinados e inferiores, que pagavam impostos, mas permaneciam organizados em comunidades com suas próprias religiões e leis. 
- O pensamento politico muçulmano considerava a área de paz (dar al islam) como uma única estrutura politica e não desenvolveu o conceito de Estados ou de governantes dentro do islã que fossem legitimamente independentes uns dos outros do ponto de vista politico. Um governante independente deveria reconhecer uma lealdade nominal ao califa (sucessor de Maomé) mais próximo ou reivindicar para si a posição suprema deste. Mesquita e Cunhagem – preces rezadas e moedas cunhadas. 
- O islã é o exemplo mais claro de uma religião messiânica que permeia e da forma a toda uma cultura, envolveu-se desde o começo com governo e administração, bem como com conduta pessoal e salvação. 
- O registro histórico mostra que os povos civilizados conquistados frequentemente adotavam a religião, a língua e os costumes de seus novos senhores, mas os conquistadores mais primitivos tendiam a aprender dos conquistados as vantagens da civilização. Ibn Khaldun (pensador muçulmano mais influente da história) concluiu que uma área de civilização não é determinada pela etnia, mas segue-se ao estabelecimento de uma poderosa autoridade imperial, está limitada em extensão a área controlada por aquela autoridade e desaparece quando a autoridade declina e seus detentores são conquistados. 
- O islã era um modo de vida aberto para todos, e dentro da sociedade islâmica as pessoas tinham mobilidade excepcional, mudando sua localização geográfica e seu modo de ganhar a vida com mais facilidade do que na maioria das outras sociedades. 
- O contexto limitado do conceito contemporâneo de uma sociedade internacional de Estados-membros independentes é bem ilustrado pelo fato que dos grandes analistas sistemáticos de politica, nem o árabe Ibn Khaldun que via a autoridade como potencialmente universal, nem o grego Aristóteles que a entendia como limitada a cidade, consideravam qualquer desses conceitos com seriedade.
CAPITULO DOZE
- O mundo antigo conheceu muitos modos de administrar as relações entre diferentes comunidades que estivessem envolvidas umas com as outras de maneiras suficientes para constituir um sistema. Toda vez que alguns Estados ou autoridades eram mantidos unidos por uma rede de pressões e interesses econômicos e estratégicos, desenvolviam algum conjunto de regras e convenções para regular suas relações. 
- A cultura dominante numa sociedade de Estados dava forma a reação consciente de seus membros, aos métodos que utilizavam para lidar com a rede de interesses e pressões que os mantinham unidos. 
- Quanto mais o pendulo balançava ascendentemente no arco, fosse à direção dos Estados independentes,fosse à do império, maior seria a força gravitacional centrípeta entre a hegemonia e o domínio. A força gravitacional é uma metáfora para o que em termos sociológicos seriam as limitações exercidas pela rede impessoal de interesses e pressões que mantem o sistema unido: limitações que se tornam maiores a medida que um sistema se desloca na direção dos extremos da independência ou do império. 
- É difícil para uma autoridade hegemônica, seja ela a de um único Estado ou de uma diarquia, ordenar a conduta externa de Estados menores sem algum grau de intervenção em sua politica interna. 
- A aceitação da autonomia pode trazer benefícios tanto para os governantes quanto para os governados enquanto o efetivo exercício de administração direta pode exigir maior esforço, mais dinheiro e mesmo mais sangue do que valha esse exercício. 
- As vantagens do lado imperial do espectro são de natureza pratica. Mas a força na direção da independência é principalmente moral e emocional, ligada à identidade cultural e a um ideal heroico.
- Na metade imperial onde o domínio estrangeiro regulava a governabilidade interna das comunidades independentes, o objetivo era a manutenção de uma identidade separada e a ampliação da autonomia local. Nas independências, o desejo de maior independência inspirava as lutas por parte dos Estados para enfraquecer a regulação de suas relações externas pela autoridade hegemônica do momento. 
- As comunidades itinerantes eram obrigadas por seu meio ambiente a desenvolver governos mais fortes e técnicas militares superiores a fim de sobreviver, mas elas admiravam a civilização que vinham a dominar: elas se tornavam seus porta-estandartes e herdavam as estruturas hegemônicas que já uniam o sistema. 
- A legitimidade levava a gestão de uma sociedade de Estados ou de comunidades em direção ao ponto do espectro em que as comunidades envolvidas se sentissem mais a vontade, representava uma força a favor da estabilidade e da continuidade. 
- Desde que as legitimidades parecessem permanecer bastante intactas, a fluidez da pratica permitia que os sistemas do mundo antigo se estreitassem ou se flexibilizassem de maneira mais fácil e permitia que fosse percebido pelos governados ou mesmo pela maioria de seus governantes e lideres.
- Três fatores desempenhavam papel de relevância no ponto em que o espectro seria mais estável e mais geralmente aceitável para um sistema num determinado momento: Primeiro o Sein, equilíbrio de vantagem material, tanto para o governante quanto para os governados. Segundo o Sollen, ponto de maior legitimidade para as partes interessadas. A cultura dominante nos sistemas antigos determinava o ponto de legitimidade. Em terceiro a força gravitacional que leva o pendulo para fora dos pontos altos da curva, do império em direção a autonomia e da independência em direção a hegemonia. 
- O ponto mais estável da curva é o ponto de mescla ideal entre legitimidade e vantagem modificado pela força exercida no pendulo para fora dos extremos, sendo diferente em cada sistema à medida que o tempo passa.
- A sociedade europeia de Estados fornece provas instrutivas quanto à questão da unidade cultural. Seu traço característico é o conceito de Estados independentes. 
CAPITULO TREZE
- Os muçulmanos viam-se como porta-estandartes de uma civilização mais desenvolvida, já haviam absorvido muito das praticas romanas, de modo que aprendiam pouco dos latinos cujo território ocupava, na ultima parte da Idade Média, acabavam servindo como professores das comunidades latinas.
- A cristandade medieval estava dividida em quatro classes: nobreza, de reis a cavaleiros; o clero; os aldeões e habitantes de cidades, artesão e mercadores e a massa de pessoas que se envolvia com a agricultura. Essa função na sociedade costumava ser hereditária e bem fluida. A nobreza tinha a função de pegar armas e governar. Os reis medievais tinham pouca autoridade e riqueza, dependendo principalmente de seus feudos. 
- O poder governamental e a capacidade militar ainda eram muito difusos, e era difícil que qualquer governante medieval concentrasse muito ou qualquer um dos dois em suas mãos, ou arrecadasse receitas que não fossem aquelas a eles alocadas pelos costumes ou derivadas de suas próprias possessões. Não constituía uma unidade politica única. 
- A autoridade dual da idade media (clero e poder medieval) surgiu da coexistência da Igreja Romana com os reinos bárbaros, ambos compartilhavam autoridade, todos os homens deviam lealdade e obediência aos dois.
- Os desenvolvimentos prodigiosos da civilização, do governo, dos serviços sociais e das ideias realizadas pelos níveis de chefia da igreja e da nobreza eram apoiados pela riqueza produzida pelos dois extratos da sociedade medieval mais envolvido em sua produção: o campesinato e os habitantes da cidade e mercadores. 
- Para as pessoas, a igreja deveria determinar o que era certo e errado e ditar a lei como faz um legislativo moderno, mas os governantes laicos deveriam ser independentes. (Ideia de separação de poderes). 
- Grandes famílias e seus confrontos políticos dominavam os territórios. Noção de guerra justa aparece logo depois.
- A cristandade medieval, assim como o mundo árabe, herdou do império romano uma grande preocupação com a lei e a justiça e as funções judiciais eram responsabilidade domestica especifica do rei ou do príncipe. A noção de justiça estava ligada a que certa pessoa tinha direitos específicos de sua posição social e econômica, garantir o que era do individuo por direito e legitimidade. Objetivo mundano da igreja: assegurar o uso da força a serviço da ordem.
- A expansão mundial do sistema internacional europeu foi em si uma continuação da expansão da cristandade medieval e disseminou as regras, instituições e os valores elaborados na Europa pelo mundo inteiro. 
CAPITULO CATORZE 
- O renascimento é um fenômeno da Itália, principalmente por tratar e desenvolver a evolução do conceito de Estado e das relações entre os Estados. A essência do renascimento foi o humanismo. Dois aspectos principais: acesso direto a experiência clássica, principalmente a grega, antes aberta apenas a países cristãos, e a difusão entre um espirito liberal de investigação e de um sentimento de que o homem podia e devia pensar as coisas novamente.
- Foco do renascimento foi Florença, dominada pelos Medici. O seu progenitor, Lorenzo, tinha o objetivo de controlar não apenas Florença, mas também toda cena politica italiana a fim de precaver-se contra o perigo externo que ameaçava a ela e a seu banco Medici. 
- A contribuição da Itália no renascimento foi desenvolver novas técnicas de aquisição e consolidação de poder real, dentro de uma área territorial e se estendendo para além dela. O principal problema era garantir a legitimidade de sua autoridade dentro do Estado. E também a concentração territorial de poder independente, talvez ilegítimo que era chamado de stato de um governante. 
- As operações militares tendem a se tornar uma exibição de poder e de animo, calculada e destituída de fanatismo, conduzida para causar o mínimo de dano compatível com o sucesso do contrato. Desenvolvimento do dialogo diplomático pelos príncipes renascentistas. 
- Uma das principais invenções técnicas do sistema europeu de administração de relações entre comunidades independentes foi o agente residente de uma potencia um enviado que permanecia no local. O cerimonial e o brilho declinantes das embaixadas, e ainda mais importantes, o conceito de extraterritorialidade e imunidade diplomática provém das cavalgadas antigas de nobres e não dos agentes humildes, mas uteis, do governo italiano. 
- O governante que quisesse preservar e estender seu stato e lidar com outros statos semelhantes a seu redor deveria ser orientado não por padrões de certo e errado, mas pelo calculo frio do que fosse prática, a Razão de Estado. O poder econômico se traduzia em poder militar. 
CAPITULO QUINZE
- Por toda a europa, o que viria a ser considerado relações internacionais, isto é, asrelações de autoridades territoriais laicas entre si e as disputas entre príncipes e entre estes a igreja, ainda era considerado como estando debaixo de um sistema universal de direito baseado em heranças e legislações individuais e locais. 
- A metade oriental da cristandade ainda era sujeita ao dualismo do império e do papado, os imperadores e os papas eram governantes eleitos que representavam coalizões de poder rivais, os dois pontos mais altos de uma complexa hierarquia. 
- A partir do stato do renascimento, desenvolveram-se novas relações entre os príncipes tal como o conceito de uma europa organizada como um sistema de Estados soberanos e independentes, estreitamente envolvidos uns com os outros mas cada um guardando ciosamente sua soberania. Os governantes que melhor entenderam esse statos transformaram sua suserania medieval mas ainda indefinida de seus domínios em escala grandiosa, mas sendo eles mesmos senhores verdadeiros e absolutos dentro da fronteira de seus próprios reinos. 
- Por maior que fosse a coesão na europa em muitos outros campos, a rápida disseminação das ideias italianas junto a outros governantes marca uma divisão significativa na evolução do sistema europeu de Estados. 
- A autoridade alemã pode ser comparada a dos sumérios, era uma hegemonia vitalícia e dependia da autoridade de quem detivesse a função, que poderia mudar na eleição seguinte e em parte dependia de seu próprio poder. 
- Maximiliano, um importante governante não tinha a pretensão de transformar o império num stato, mas em vez disso criou um stato só pra ele, por meio de casamentos dinásticos e técnicas italianas de poder. Através desses casamentos, conseguiu uma ampla, mas intermitente faixa de domínios hereditários e de alianças que se estendiam através do meio da Europa, da Antuérpia a Budapeste, suas politicas tendiam a não unir a Europa, mas antes a fragmentar o Império. 
- A incapacidade de unificar e modernizar o império, transformando num reino nacional alemão, a maneira da França e da Espanha é considerada uma das tragédias da Europa, porém também é visto como uma coisa boa pois impediu a Alemanha de se tornar um hegemon para toda a cristandade. 
- A santa liga, uma coalizão anti-hegemonica organizada pelo papa para impedir a dominação da França a Italia, e colocou a maior parte da cristandade oriental num sistema único de statos pela primeira vez. O efeito dessas ideias renascentistas levou a um novo sistema europeu fragmentado em statos territoriais que não reconheciam nenhuma autoridade geral, movendo-se assim para o espectro das independências múltiplas. 
CAPITULO DEZESSEIS
- Impacto da Reforma sobre a evolução da sociedade internacional europeia e sobre a administração dos diferentes grupos e entidades que compõem um sistema. 
- Distorceu e complicou em formas inesperadas as novas praticas da arte do Estado ligada ao Renascimento. Distorceu o crescimento gradual das lealdades nacionais no âmbito dos novos centros territoriais de poder. Opôs-se ao conceito de que a distribuição de poder entre novos statos deveria ser equilibrada, independente da religião para que os mais fortes deles dominassem o sistema. Além dos limites da cristandade, mudou a natureza do impulso continuo e dramático da sociedade europeia para que o império otomano se dividisse na Europa. 
- Primeira parte da reforma: Luterana, aceitavam uma quebra com o papado, mas confiavam em bispos protestantes, em reis e outros governantes laicos para defender áreas reformadas de tentativas católicas de retomada de rédeas pela força. Segunda parte: Calvinista, rejeitava não apenas o papado e certas doutrinas, mas também a estrutura e a tradição hierárquicas da universal preferindo que cada congregação pudesse escolher seus próprios ministros. 
- A Inglaterra não pôde escapar das armadilhas do sistema europeu, não se sabia até que ponto ela podia ser governada segundo a vontade da maioria protestante e dependia internamente de quem portasse a coroa e externamente de até que ponto os outros Estados pudessem manter o poder Habsburgo sob controle, assim levando o sistema europeu na direção da extremidade do espectro, das independências múltiplas. 
- A tradição medieval de particularismo dos príncipes e de oposição a autoridade imperial e as novas técnicas italianas de governo que estavam ensinando os príncipes a transformar seus domínios em Statos agora se associavam ao luteranismo para dividir as áreas alemãs do império em vários principados independentes. 
- Uma stasis prolongada e guerras religiosas dividiram a França em bolsões de territórios controlados pela liga e pelos huguenotes, de modo que se tornou tão dividida quanto a Alemanha, e o grande peso externo que a França normalmente detinha foi muito reduzido durante um tempo. 
- Por intermédio de contatos franceses e príncipes protestantes que se opunham aos Habsburgos, os desenvolveram uma politica geral de incentivo a desordem na Europa cristã e de enfraquecer seus inimigos oferecendo cooperação politica e militar e atrativos econômicos a Estados anti-hegemônicos e a movimentos rebeldes dentro daqueles Estados.
- A necessidade dos otomanos de levar em conta, ao mesmo tempo, as forças montadas contra eles, tanto no oriente quanto no ocidente, os fez buscar aliados em potencial e negociar períodos de pausa com seus inimigos e a se envolverem ativamente do ponto de vista diplomático com os Estados cristãos emergentes. (Eles eram muçulmanos). Suas relações não eram regulares ou sistemáticas o suficiente para serem considerados membros de um mesmo sistema. 
- O desejo dos estadistas era de estabelecer a paz e a ordem dentro de seus Estados, fizeram com que os homens se dessem conta de que era necessária uma ordem mais ampla entre Estados para que se substituíssem a antiga coletividade e as regras crescentemente desconsideradas da cristandade.
- A solução dos habsburgos era essencialmente conservadora. Desejavam restaurar a unidade da cristandade e defende-la contra o Islã, externamente, e internamente contra a heresia. Defendiam a legitimidade dinástica, a qual deviam sua própria posição, mas a supressão da heresia envolvia interferência junto a legitimidade e intervenção nos assuntos internos de outros Estados, assim como nos seus próprios. 
- A ideia geral de equilíbrio de poder estava presente na mente dos estadistas venezianos e ingleses, mas naquela fase de desenvolvimento da sociedade europeia, o desejo do equilíbrio funcionava apenas contra os habsburgos e proporcionava uma justificativa para a cooperação com os otomanos. Construção de uma sociedade internacional anti-hegemonica. 
CAPITULO DEZESSETE
- A sociedade europeia de Estados evoluiu a partir da luta entre as forças que tendiam no sentido de uma ordem hegemônica e aquelas que conseguiram levar a nova Europa na direção da extremidade do espectro das independências múltiplas. 	Carta de Vestfália baseada num principio anti-hegemônico.
- Os huguenotes, nesta época, acabaram por estarem num dilema, eram favoráveis a politica externa de aliança com todos os protestantes contra os porta estandartes dos habsburgos da contra-reforma; mas seu poder militar e politico adquirido com dificuldade dentro de França, que os protegia de perseguições, também enfraquecia o Estado e a capacidade do rei de ir a guerra.
- A politica dos habsburgos baseava-se na manutenção de todos os direitos hereditários a eles concedidos por Deus, colocando-os numa posição hegemônica e também na crença de o que importava era o salvamento da alma de cada um, de modo a evitar quaisquer contatos com a heresia. 
- A guerra dos trinta anos resultou numa solução anti-hegemonica que evitou a concentração do poder num único Estado, mas permitiu a concentração do poderio francês.
- O acordo de Vestfália legitimou uma comunidade de Estados soberanos. Marcou o triunfo do stato, detentor do controle de seus assuntos internos e independente em termos externos. Lançaram muitas das regras e muitos dos princípios políticos da nova sociedade deEstados e proporcionaram provas do assentamento geral dos príncipes a esses princípios. Foram a origem de algumas ideias gerais que tem ecoado em acertos subsequentes da liga das nações e da ONU, assim como a condenação geral dos males da guerra e necessidade uma nova e melhor ordem. 
- Statos se transformaram numa hierarquia de Estados constituídos, divididas em três classes: a primeira, de alguns soberanos, tendo a sua frente o imperador e os reis de França e Espanha, reconhecidos universalmente como independentes, tanto de direita quanto de fato. O segundo, Estados independentes na pratica, mas não completamente em termos de teoria jurídica, era-lhes permitido apenas fazer alianças com Estados fora do império, mas para irem a guerra ainda precisavam de permissão. A terceira, composta de Estados constituídos separadamente, com suas próprias leis e instituições, mas dependentes. 
- O comprometimento da Europa com as independências múltiplas era tão forte e tão legitimado e reforçado pelo acordo de Vestfália que os planos de Luís XIV receberam inevitavelmente a oposição de coalizões anti-hegemonicas. 
- A segurança dos Estados era garantida pelos soberanos, e possuir segurança de Estado significava a segurança dos habitantes, muitos desses habitantes ofereciam sua confiança a maus governantes com medo de que ocorressem novos conflitos em seus territórios. 
- Na Italia e Alemanha, o desenvolvimento do stato levou a formação de unidades politicas que normalmente tinham uma tradição local, mas eram demasiadamente pequenas para compreender uma parte decisiva da nação medieval. 
- Para um Estado ser o centro, deveria ser itinerante e vigoroso e competente para conseguir estabelecer uma hegemonia sobre o sistema e um domínio sobre grande parte dele. 
- O dialogo diplomático e estratégico que coordenava a coalizão em tempo de guerra incluía os otomanos, mas tornou-se mais intimo entre os príncipes e as cidades cristãs da coalizão, grandes e pequenos, até mesmo os príncipes menores do império, tratando-se uns aos outros com base numa igualdade de fato, porque tinham de ser persuadidos e não obrigados a cooperar. As regras evoluíram com base numa pratica ad hoc para a legitimidade constitutiva da sociedade europeia de Estados.
- A hegemonia continuou a ser um traço constitutivo e integrante do sistema europeu de Estados, a despeito da legitimidade anti-hegemonica estabelecida nos acordos de Vestfália. 
CAPITULO DEZOITO
- O equilibro de tornou-se pratica viável para os estadistas do século XVIII, a despeito da complexidade aumentada que resultou na fusão dos sistemas setentrional e ocidental num só, porque a tentativa de hegemonia de Luis XIV foi quebrada por uma coalizão de Estados na qual nenhum era hegemônico.
- Um equilíbrio de poder entre Estados num sistema correspondia as ideias paralelas de um equilíbrio multilateral do comercio e aos múltiplos controles e equilíbrios que os constitucionalistas julgavam que devia operar dentro de um Estado. Não deveria haver um Estado dominante dentro de um sistema, mesmo que fosse legitimado, para isso deveria ser conservada a independência dentro dos Estados. 
- Dentro do equilíbrio de poder, a comunidade de Estados administrava seus territórios com base em 4 princípios: o direito internacional, o conceito de legitimidade, o dialogo diplomático conduzido por meio de embaixadas residentes permanentes e a guerra limitada, como um meio de ajuste de ultima instancia. 
- O direito internacional surge a partir da percepção dos Estados soberanos de que deveriam ser obrigados a partir de regras que eles negociariam juntos e que codificariam e padronizariam as praticas existentes entre eles. Sustentava-se na época que as sociedades humanas existiam como contratos sociais para a proteção individual dos que as consentiam. 
- A legitimidade costumava ser dada a hereditariedade de seus governantes, porem mais tarde, os membros soberanos reconheceram os direitos uns dos outros e a necessidade de que os súditos aceitassem a autoridade legitimada por herança ou pelo devido processo de eleição ou cessão. Causando um declínio da stasis. Era preferível a legitimidade dada pela hereditariedade, por ser conveniente, sendo flexível para permitir a realização de mudanças que fossem necessárias. 
- Os diplomatas, em cada corte ou capital se reconheciam como colegas, embora representassem interesses diferentes, aprendiam a trocar informações e opiniões bem como coordenar suas ações quando fosse conveniente para seus soberanos. 
- O dialogo diplomático continuamente bilateral e iminentemente coletivo, tornou possível a operação de relações moveis e constantemente cambiantes entre Estados membros e a preservação de um equilíbrio de poder, bem como a revisão continua do direito internacional e de outros aspectos da sociedade de Estados. 
- O sistema europeu do século XVIII funcionava bem, de maneira menos perigosa do que os sistemas da Europa tinham conhecido em qualquer época desde o apogeu da idade media e melhor do que as guerras e as stasis devastadoras da era da convicção religiosa ou da luta contra ou a favor da hegemonia. Assegurou a independência de seus Estados membros, embora não tenha garantido sua integridade territorial. 
- A paz perpetua é um dos primeiros exemplos na sociedade internacional europeia de uma proposta apresentada não por um estadista, mas por um pensador, com base no raciocínio teórico e não obstante que veio a ser adotado, embora modificado, após as guerras napoleônicas. 
CAPITULO DEZENOVE
- O traço mais marcante das áreas mais civilizadas a leste da cristandade latina era a disseminação continua e bem sucedida do islã com sua especial adaptação das civilizações do Oriente próximo e do mundo helênico. 
- Através das capitulações, os otomanos as consideravam validas somente para o tempo de vida do sultão que as proclamasse de modo que elas tinham de ser renovadas após cada sucessão ao trono. Foram reescritas pelos europeus posteriormente. 
- Os europeus e os otomanos, assim como os Estados do mundo multicultural de hoje, formavam uma sociedade internacional no sentido de cooperarem entre si para o funcionamento de procedimentos acordados do direito internacional, diplomacia e organização internacional geral e costumes e convenções relativas a guerra. 
- Dentro dos quadros gerais de independência, os assentados europeus desenvolveram uma crescente capacidade de gerir seus próprios negócios e adquirir experiência de governo necessária para a existência e funcionamento de Estados independentes e para serem membros da sociedade internacional europeia quando chegasse o momento. 
- Um estágio importante na expansão da Europa foi quando dois Estados influenciados pelos europeus, a Russia e os Estados Unidos tornaram-se membros da sociedade europeia, se tornando as duas maiores superpotências do sistema global. 
- Enquanto as Américas herdaram o padrão europeu de uma grande republica dividida em vários Estados, os russos foram herdeiros da autoridade sem limites e monocentrica dos bizâncios e dos tártaros. Os czares tornaram-se russos ocidentalizados. 
CAPITULO VINTE
- A revolução francesa estimulou novas energias e aspirações na França e na maior parte da Europa, a ordem imperial de Napoleão foi o ponto mais avançado do balanço do pendulo para longe da ortodoxia e da legitimidade das independências múltiplas da Europa, levando o sistema para além da hegemonia e trazendo muito da Europa para dentro de seu domínio. A revolução produziu, e seus lideres ativamente estimularam uma stasis geral na Europa a leste da França. 
- A capacidade de Napoleão de organização mostrou-se em todos os aspectos da arte do Estado, sua mão autocrática e exitosa dirigia o governo de seu império, desde a nova redação de um código de leis unificado até pormenores de administração local, com uma lucidez que era francesa, um desprezo para com a tradição que vinha da revolução e um gênio prático que era dele. A guerra não era seu ultimo recurso, mas o seu sucesso dependiado sucesso militar, sendo as suas vitorias nas guerras decisivas para conseguir o que quisesse e demostrava a sua invencibilidade.
- Além da área de domínio ou governo indireto, existiam áreas como Prussia e Austria, que eram Estados independentes consideradas grandes potências, sendo logo depois reduzidos a inimigos de Napoleão e a aliados, mas mantendo o controle de seus assuntos internos. Numa sociedade que havia deposto a autoridade tradicional e onde o governo dependia do apoio popular, o bom governo proporcionava legitimidade e Napoleão fazia um bom governo, embora autocrático. 
- O maior problema para Napoleão dentro de seu sistema imperial não era a lealdade dos povos a seus regimes anteriores, mas a nova força do nacionalismo, que os franceses acabaram por desenvolver. As pessoas queriam ser tratadas como iguais e não sentiam lealdade a um pequeno Estado soberano, mas sim a sua nação e seus iguais. 
- Embora o sistema tenha sido breve para ter aceitação geral, após sua derrubada, as suas vantagens ainda eram impressionantes para fazer com que os europeus liberados desejassem ver quais de seus méritos podiam ser negociados por meio da cooperação entre as grandes potencias e implementados por meio de uma ação concertada, invés de impostos por uma força unilateral como a de Napoleão. 
CAPITULO VINTE E UM
- Os estadistas acreditavam que a paz internacional e a ordem estariam ameaçadas tanto por um desequilíbrio de poder, que permitiria que um Estado tentasse dominar como fizera a França napoleônica quanto também pelo que consideravam efeitos deletérios dos princípios revolucionários. 
- As cinco potências dominantes não confiavam umas nas outras para intervir no que lidava com a paz e segurança internacionais, mas nos casos em que concordaram em agir juntas ou pelo menos após consulta, puderam exercer a chamada hegemonia difusa, em que nenhuma agiria sozinha. Podiam ditar as leis juntas e também emendar a lei, essa harmonia ficou conhecida como concerto da Europa.
- A historia do sistema europeu de Estados no século XIX em grande medida tem a ver com os esforços das cinco potências para mediar as relações com seus parceiros e com as formas de nacionalismo e democracia, de maneira que as divergências de interesses e de princípios não prejudicassem as vantagens que elas extraem da manutenção de uma sociedade internacional ordeira.
- Os nacionalistas do século XIX não gostavam de sugestões de que seus estados-nações deveriam ser limitadas por um sistema ou concerto internacional, eles desejavam independência plena, liberdade com relação a limitações externas e o exercício soberano da vontade popular geral. O nacionalismo e a democracia levaram o sistema europeu de estados mais a frente na direção da extremidade das independências. 
- As três últimas décadas do século foram um período de expansão econômica e territorial para fora, longe das pressões do centro por parte grandes potencias e de algumas menores. A elasticidade que o concerto necessitava para operar cedeu lugar à rigidez. Também combinava as vantagens da hegemonia com o equilíbrio de poder.
CAPITULO VINTE E DOIS
- O tratado de Estado Russo-Chinês de Nerchinsk, em 1689, escrito em varias línguas, inclusive o latim, pode ser considerado um marco ao lento processo de incorporação da China numa sociedade mundial de Estados. Os Europeus encontraram resistência na Asia, mas nenhuma potencia imperial asiática era capaz, na época, de se expandir para além de seus territórios e sua civilização.
- A legitimidade das independências múltiplas que havia animado a sociedade internacional europeia desde Vestfália inspirava um numero crescente de assentados europeus nas Américas. Eles queriam sair da dependência de uma potencia europeia e do desenvolvimento no equilíbrio europeu e cuidar de seus próprios interesses como membros independentes da sociedade europeia. 
- Um Estado em grande parte vazia em busca da formação de uma nação por meio da adesão voluntária é diferente de um grupo étnico pré-existente e homogêneo que se torna uma nação dentro da pele de um leviatã dinástico e ainda mais diferente de uma nação étnica em busca de um Estado.
- A expansão do sistema internacional europeu não foi inibida pela secessão de Estados americanos de seus respectivos impérios europeus, que ocorreram dentro daquele sistema. Essa expansão foi resultado dos avanços repentinos da Revolução Industrial, que aumentaram o poder econômico e estratégico dos europeus com relação as comunidades não europeias. 
- A China era considerada pelo sistema e pelo direito internacional europeu como um Estado independente, por isso, o aspecto significativo para o sistema foi a decisão unanime das grandes potencias de que era necessário intervir nos assuntos internos da China em nome da comunidade internacional. 
- A medida que o sistema europeu se disseminou pelo mundo, muitos governantes não europeus quiseram entrar para a sociedade internacional europeia de Estados, a fim de serem tratados como iguais, e não como inferiores, e se possível para ter alguma voz ativa quanto a condução da nova sociedade internacional global. Esses Estados deveriam seguir as regras dos Estados europeus membros do sistema, muitas vezes inferiorizando seus próprios costumes.
- O concerto da Europa, que começou como uma hegemonia difusa e coletiva exercida pelos estadistas cosmopolitas que dirigiam as politicas das cinco grandes potências foi transformada durante o século, numa sociedade dominada por Estados-nações, cujos povos cada vez mais soberanos sentiam ter mais pontos em comum entre si, talvez, porem menos com outras nações.
- A sociedade internacional do séc. XIX foi empurrada pelo nacionalismo, pela democracia e pela importância crescente de seus membros não europeus para longe da estreita hegemonia instituída pelo Acordo de Viena na direção de uma atitude mental muito mais relaxada que enfatizava a independência, ao mesmo tempo em que os avanços tecnológicos e outros fatores estavam integrando o sistema mundial numa rede econômica e estratégica cada vez mais estreita de envolvimentos e de interação.
CAPITULO VINTE E TRÊS

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