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6. Regulagem da Economia: O Governo Página 87 6.1 O "papel" do Governo Para regular a economia organiza-se um governo que: Recebe parte da renda das pessoas (através de impostos, taxas, etc.), Devolve uma parcela dessa renda sob a forma de subsídios, investimentos e salários de funcionários públicos, Realiza despesas. Assim, em uma primeira aproximação, o governo é uma "pessoa" coletiva que: Compra mercadorias e serviços no mercado em nome da coletividade nacional. Realiza pagamentos a fatores de produção Financia essas compras pela retirada compulsória de poder aquisitivo dos consumidores particulares (pessoas) através dos impostos, taxas ou por empréstimos. O governo não tem para gastar com ninguém um só centavo que não seja tirado de alguém. [Fréderic Bastiat] Regulagem da Economia O Governo 6 Unidades Produtivas Pessoas Demanda Despesa Privada Oferta Produtos Mercado de Produtos Renda (fichinhas) Taxas e Impostos Subsídios e Salários Governo Despesa Pública 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 88 De uma maneira geral, denominando-se os gastos do governo como G, a equação da Demanda Final fica: Y = C + I + G onde: Y = renda nacional C = Consumo agregado I = Investimento agregado G = gastos do governo 6.2 O setor público O governo está organizado em um setor público que é o coletivo para A autoridade central (Governo Federal), As autoridades regionais (Governos Estaduais, Governos Municipais) Órgãos dessas autoridades. Em primeira aproximação, exclui-se do setor público toda atividade produtiva, isto é: o governo deverá proporcionar serviços coletivos "que normalmente não se vende" (não se pode comprar a justiça e o exército, por exemplo). Entretanto, o governo pode possuir ou controlar uma parte considerável das unidades produtivas, na forma de: Serviços de utilidade pública (energia, comunicações, transportes, saúde) Terras (parques florestais, estradas, etc.) Edifícios e construções (hospitais, pontes, portos) Muitas dessas empresas, denominadas Estatais, funcionam de modo bem semelhante ao de firmas particulares, pois: Seus custos de produção são cobertos (ou deveriam ser) por aqueles que diretamente se beneficiam dos serviços por elas proporcionados. Possuem existência legal separada e "certa" independência financeira (podem manter suas próprias reservas e fazer empréstimos) Seria apropriado classificar tais empreendimentos como empresas, já que facilitaria identificar o setor de empresas com as atividades produtoras da economia. O governo é, portanto, um tipo especial de "pessoa" cujas atividades são bastante diferentes das demais pessoas justifica uma classificação separada (pode ser visto tanto como unidade produtiva quanto pessoa). 6.3 As funções básicas tradicionais do governo A principal função do Governo, sua própria finalidade, é buscar realizar o bem comum, que não se confunde apenas com o bem estar, reflexo da felicidade geral. Felicidade é estado da alma humana, sempre transitório ante as novas expectativas que se abrem às pessoas, notadamente no mundo do consumo. O bem comum resulta de se assegurar a todos, como seres humanos dotados de razão e emoção, a plena realização de suas potencialidades. Observação-1: O governo pode determinar quanto vai gastar (G), mas não quanto vai ganhar (arrecadação de Impostos) Cerca de 1/3 do que o governo gasta (G) retornam (ou deveriam retornar) sob a forma de impostos. Mas se o setor privado estiver desanimado, apático, o consumo “C” não cresce, o investimento “I” também não, e então a arrecadação de impostos cai configura-se uma situação de déficit Observação-2: Dada a Equação da Demanda Final: Y = C + I + G Quando o Governo resolve aumentar ou diminuir o gasto “G”, afeta a renda “Y” de todos nós. 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 89 O fluxo de serviços aos indivíduos, vindo da economia, é um fluxo de artigos econômicos produzidos e conseguidos sob condições de Paz interna, Proteção legal de direitos e Segurança externa. Assim, as funções básicas tradicionais de qualquer governo é: Preservação da lei e da ordem (paz interna, proteção legal de direitos). Defesa do país (segurança externa). Tais funções pressupõem a compra (pelo governo) de: Serviços de indivíduos (policiais, militares, funcionários e administradores públicos) Bens (armas, aeronaves, navios, etc.) Despesa c/funcionalismo das estatais p/1994 Número Despesas Servidores da União (civis e militares da ativa) 1.056.333 24,1 US$ bilhões Funcionários das estatais 606.051 27,7 US$ bilhões Fonte: JB, 10/01/94, pag.4 6.4 A função de regulagem Foi visto que a estabilização de uma economia requer o equilíbrio entre oferta e a demanda, que ocorre no mercado. Para regular este equilíbrio é necessário a intervenção de uma entidade "neutra" capaz de compensar os desvios atuando nas duas pontas: oferta (investimentos) e demanda (poupança). Assim, tem-se os casos: (A) oferta > demanda: supersafra - O Governo pode intervir no mercado e entrar comprando o excedente da produção (que irão compor os estoques reguladores)de maneira a sustentar os preços mínimos evita uma queda excessiva dos preços do produto no mercado. Esta intervenção do governo: Neutraliza o desestímulo, gerado pelos preços baixos, que os produtores teriam na oferta do produto nos anos seguintes Preserva muitos pequenos e médios produtores. Evita as perdas e preserva o know-how. - O Governo pode estimular a exportação do excedente, reduzindo os impostos sobre a exportação do produto. - O Governo pode aumentar a renda das pessoas (reduzindo os impostos) de modo a incentivar o consumo do referido produto. (B) oferta < demanda: quebra de safra - O governo pode entrar no mercado vendendo os estoques reguladores evita a subida excessiva dos preços. - O governo pode incentivar a importação do produto reduzindo os impostos sobre a importação - O governo pode reduzir a renda das pessoas aumentando os impostos e com isso reduzindo a demanda pelo produto. Observação: Em uma guerra, grande parte dos recursos nacionais são dedicados a fins militares. Isto representa uma escassez de artigos de consumo e serviços de todos os tipos, de tal modo que a nação como um todo mostra-se em pior situação. 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 90 A regulagem da demanda final (controle do fluxo das despesas públicas e privadas que chegam ao mercado) pelo governo se faz: Desviando mais ou menos renda das pessoas através dos impostos Injetando mais ou menos despesa no mercado Permite estabilizar a economia, estimulando ou desestimulando sua expansão.Assim, realizando despesas ou reduzindo a renda das pessoas, o governo agrega à demanda um valor de consumo capaz de equilibrar a oferta de produtos existentes. Se o governo gastar mais do que recolhe, ele estará estimulando a economia e aumentando o déficit público, onde: (i) Se nesse momento a economia estiver sem capacidade ociosa ele provocará aumento de preços (chegam mais fichinhas no mercado do que produtos). (ii) Se existir capacidade ociosa, a economia poderá voltar a trabalhar a pleno emprego, que eventualmente poderá significar saída de uma recessão. Isto significa que não se pode ser inimigo constante do déficit público. O Déficit Nominal do setor público inclui União, estados, municípios e estatais, e não leva em conta o efeito da inflação sobre os resultados.. O Déficit Operacional (ou Déficit Público no conceito operacional )incluí os gastos com juros, descontada a variação da inflação. Desta maneira, o governo tem a disposição 4 ferramentas com as quais pode controlar a economia como um todo: Gastos do governo (comprando mercadorias e serviços no mercado) atua no lado da demanda Produção das estatais (fornecendo mais produtos ao mercado) atua no lado da oferta Impostos e subsídios (retira ou injeta mais renda nas unidades produtivas ou nas pessoas) atua no lado da demanda Controles (exigências para a produção das empresas, como por exemplo: estudo de impacto ambiental, cinto de segurança, etc.) atua no lado da oferta 6.5 A função de redistribuição de renda - Pagamentos de transferência Com o seu poder fiscal, o governo pode redistribuir direitos dos contribuintes à uma parcela da população, mas não na forma de artigos em espécie, i.e., de maneira diversa dos pagamentos por serviços dos fatores de produção, quando: Realiza pagamentos de previdência social na forma de benefícios monetários. Realiza pagamentos de juros da dívida pública aos portadores de títulos. Fornece subsídios para certos tipos de atividades. O termo geral para essa forma de despesa é pagamentos de transferência. Observação: A inflação elevada é uma boa sócia do governo, pois deteriora as despesas e, ao mesmo tempo, aumenta as receitas de impostos e contribuições (grande parte indexados). 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 91 Uma transferência é um pagamento que o governo faz a uma pessoa sem exigir bens ou serviços em troca do beneficiário. Exemplos: aposentadorias, pensões, doações, etc. Assim, é função do governo a redistribuição de renda através da taxação e pagamentos de transferência. Observações: As receitas ou pagamentos líquidos do governo aos não-residentes no país não representam uma redistribuição da renda interna, mas são tomados como acréscimos ou diminuições à renda nacional total. Todo subsídio tem que ser financiado. E o financiamento é pago através de impostos, ou seja todos pagam. Assim quando o BNDES fornece um empréstimo com taxas de juros subsidiadas (abaixo do mercado) para um grande empresário, ele está no fundo concentrando a riqueza, ao invés de distribuir a renda (mesmo que se argumente que lá na frente este empréstimo irá gerar empregos, não se pode esquecer de que o bem será de propriedade, e portanto continuará na mão do tomador do empréstimo, indivíduo ainda mais rico). Portanto é um mecanismo de transferência de riqueza das mãos de quem tem menos (todos os cidadãos) para as mãos de quem tem mais (ricos empresários). E mais ainda, as oportunidades não são iguais pois para fazer jus ao empréstimo o indivíduo tem que fornecer garantias reais (bens de valor similar). 6.6 As despesas do governo Correspondem aos pagamentos referentes as: Compras de artigos e serviços correntes feitas às firmas. Transferências tais como os juros da dívida nacional Previdência social às pessoas. Faz-se distinção entre: Despesa governamental corrente (análoga ao consumo das pessoas) Despesa com artigos "capitais" (com aumentos ou diminuições de estoque, muito parecida ao investimento) Pois: Certos produtos adquiridos pelo governo proporcionam serviços por períodos muito curto (corrente) enquanto que outros por tempo muito maior (capital) A despesa pública de capital é feita numa escala muito grande (inclui gastos com escolas, estradas, habitações públicas, etc.). Se privatizadas, todas as despesas desse tipo seriam lançadas como investimento no "setor particular", do qual rendas de fatores na forma de aluguel e lucro adviriam por muitos anos. A despesa governamental que é considerada como representando "formação de capital" é encarada como investimento no setor de produção (apesar do governo não estar no setor de produção). Observação: Segundo o conceito definido por Adam Smith: despesa corrente é aquela que termina no próprio instante de seu desempenho 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 92 6.7 As receitas do governo São os impostos fixados pelo governo e pagos pelas pessoas e unidades produtivas. Assim, os impostos são elementos de coerção (têm de ser pagos) que visam fornecer recursos para cobrir as despesas do governo. Além deste objetivo, os impostos também: Ajudam a diminuir a procura de certos bens (taxados com alíquotas maiores, caso de bebidas alcoólicas, cigarros, etc.) Ajudam a mudar a distribuição de renda (taxas mais elevadas para rendas maiores) Facilitam o equilíbrio oferta-demanda (retiram renda do mercado) Se dividem em duas classes: Impostos diretos - é um tipo de transferência ao governo, pagos pela renda das companhias e pelas pessoas. Oneram diretamente as pessoas e empresas, têm portanto como característica o caráter personalista. Pagam imposto apenas os que ganham mais. Incluem impostos de renda e impostos sobre lucros. Impostos indiretos - são impostos com referência ao nível de vendas (uma percentagem sobre a venda). Incidem sobre o valor da mercadoria ou serviço, independentemente do nível de renda de quem compra. Sua incidência tenderá normalmente a elevar o preço e a reduzir a produção. Incluem os seguintes impostos: - Impostos sobre a produção (IPI - para o governo federal) - Impostos sobre as vendas de mercadorias (ICMS - para o governo estadual) - Impostos sobre as vendas de serviços (ISS - para o governo municipal) Pelo fato dos impostos indiretos elevarem o preço dos produtos (as unidades produtivas repassam estes impostos aos preços), eles são na realidade pagos pelas pessoas. Devido a isto, costuma-se não colocar tais impostos como despesa das unidades produtivas, e sim como despesa das pessoas. Os subsídios podem ser encarados como impostos indiretos negativos e pagos pelo governo às firmas. A política tributária do governo é um instrumento eficiente de controle da economia, fazendo com que possa haver expansão ou retração da demanda, simplesmente pela alteração das alíquotas de impostos. PAÍS CARGA TRIBUTÁRIA Brasil 36% Rússia 23% China 20% Índia 13% África do Sul 18% Observação: Contribuições - são diferentes de impostos pois são pagamentos ao governo pelos contribuintes que recebem direitos em troca de dinheiro (por exemplo, o contribuinte do INSS adquire o direito a aposentadoria). Taxas - implicam em uma contraprestação de serviços (por exemplo: taxade água, luz, etc.). Imposto Coerção Contribuição Direito Taxa Serviço Observação: Os ricos, que têm propriedades, empresas, não recebem salários. Eles recebem por dividendos, que no Brasil não pagam impostos. 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 93 A Carga Tributária Brasileira (em % do PIB) CARGA CARGA ANO TRIBUTÁRIA GOVERNO ANO TRIBUTÁRIA GOVERNO S/PIB S/PIB 1986 22,39% SARNEY 2000 30,03% FHC 1987 20,28% SARNEY 2001 30,81% FHC 1988 20,01% SARNEY 2002 32,64% FHC 1989 22,16% SARNEY 2003 32,53% LULA 1990 29,91% COLLOR 2004 33,49% LULA 1991 24,61% COLLOR 2005 34,13% LULA 1992 25,38% COLLOR 2006 34,52% LULA 1993 25,09% ITAMAR 2007 34,69% LULA 1994 28,61% ITAMAR 2008 34,85% LULA 1995 28,92% FHC 2009 33,83% LULA 1996 25,19% FHC 2010 34,22% LULA 1997 25,47% FHC 2011 36,02% DILMA 1998 27,38% FHC 2012 36,37% DILMA 1999 28,63% FHC 2013 36,42% DILMA Fonte: Receita Federal 6.8 A Arrecadação de Impostos Quem gasta em comida, roupa, casa, ou deixa na poupança, está redistribuindo o dinheiro recebido. Nesse movimento são recolhidos impostos diretos e indiretos, que retornam o dinheiro ao governo. Além disso, estimula a construção, a indústria, o comércio, o transporte, etc. A atuação de um setor impulsiona outros setores, criando mais empregos, gerando mais impostos, mais atividade econômica. Nossa sociedade privilegia quem é rico. Exemplo: o IPTU (que normalmente é um valor muito alto) tem desconto elevado para quem pagar a cota única (i.e., justamente aqueles para os quais essas cotas não pesam nada, e que são poucas pessoas). 6.9 A Distribuição dos Impostos entre as Unidades Federativas Receita Federal Receita Estadual Receita Municipal Impostos 176.024.000 ICMS 73.911.276 12.157.340 Previdência 48.045.100 IPVA 5.125.727 FGTS 15.292.723 ITCD 287.039 Total 239.361.823 Taxas 1.447.028 Outros 286.256 Out.Trib. 7.146.050 Total 88.203.376 Fonte: IBGE, Receita Federal 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 94 6.10 Influência dos Impostos na Renda Considere uma economia autônoma (sem governo) onde: Y = C + I C = 40 + 0.8 Y I = 10 Resolvendo-se o sistema acima tem-se: Y = 40 + 0.8 Y + 10 Logo Y - 0.8 Y = 50 Então: 0.2 Y = 50 e Y = 250 6.10.1 Influência dos Gastos do Governo na renda Adicionando-se o governo: Y = C + I + G C = 40 + 0.8 Y I = 10 G = 10 Resolvendo-se o sistema acima tem-se: Y = 40 + 0.8 Y + 10 + 10 , Logo Y - 0.8 Y = 60 , então: 0.2 Y = 60 e Y = 300 Conforme pode ser observado: Os gastos do governo provocaram um acréscimo de renda maior do que os próprios gastos (para um acréscimo de 10 dos gastos de governo, tem-se um acréscimo de 50 na renda final). Os gastos do governo têm um efeito multiplicador. Agem como uma injeção de dinheiro no circuito econômico fazendo com que a renda aumente. De uma maneira geral: Para uma economia com C = a + b Y e sabendo-se que Y = C + I + G , através da substituição de C em Y tem-se: Y = a + b Y + I + G Sabendo-se que I é uma constante, G é variável, e diferenciando-se Y, tem-se: Y b Y G b Y G Y b G . 1 1 1 que é o fator multiplicador 0,8 40 I y C 0,8 40 I y C G b a I y C G 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 95 6.10.2 Efeito da tributação indireta na renda A tributação indireta (Tg) atua diretamente na renda. Colocando um nível de tributação indireta igual aos dos gastos do governo tem-se: Y = C + I + G - Tg C = 40 + 0.8 Y I = 10 G = 10 Tg = 10 Resolvendo-se o sistema acima tem-se: Y = 40 + 0.8 Y + 10 + 10 - 10 Logo Y - 0.8 Y = 50 Então: 0.2 Y = 50 e Y = 250 Conforme se pode observar: A tributação indireta anulou o efeito multiplicador dos gastos governamentais. A tributação indireta absorveu o dispêndio global sem criar renda de fatores. Um aumento de Tg provoca um aumento de preços dos produtos deixando as rendas monetárias inalteradas. Havendo aumento nos preços, haverá necessariamente redução da procura, anulando portanto o efeito multiplicador dos gastos do governo. 6.10.3 Efeito da tributação direta na renda A tributação direta (Ty) atua no poder de consumo dos indivíduos. Colocando um nível de tributação direta igual aos dos gastos do governo tem-se: Y = C + I + G C = 40 + 0.8 (Y - Ty) I = 10 G = 10 Ty = 10 Resolvendo-se o sistema acima tem-se: Y = 40 + 0.8 (Y - 10) + 10 + 10 Logo Y - 0.8 Y = 52 Então: 0.2 Y = 52 e Y = 260 Conforme se pode observar: O efeito da tributação direta é menos intenso do que o da tributação indireta. Os acréscimos da tributação direta incidem mais sobre a poupança e em menor escala sobre o consumo. 6.11 Curva de Laffer Quanto mais alto o imposto, menor a arrecadação Perda Tributária Evasão Parcial (caixa 2) Evasão Total (informatização) Sonegação Inadimplência Desestímulo 0,8 40 I y C G - Tg 0,8 40 I y C G - Ty 0.0 100.0 Alíquota Perda Tributária Arrecadação Efetiva Arrecadação 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 96 6.12 As Contas Nacionais Incluindo o Governo Definindo-se: C = Consumo Pessoal G = Gastos do governo Ty = Impostos diretos Tg = Impostos indiretos Y = Compra dos serviços de fatores das pessoas S = Poupança das pessoas F = Pagamentos de transferências pelo governo Ig = Poupança do governo I = Investimento das empresas a) Forma matricial Do quadro acima pode-se tirar as seguintes observações: A renda total tem que pagar o consumo das pessoas, os investimentos e os gastos do governo: Y = C + I + G O volume de recursos das pessoas (Y + F) tem que pagar o consumo (C), a poupança (S) e os impostos (Ty + Tg) O volume de recursos do governo (Ty + Tg + Ig) tem que pagar os gastos do governo (G) e as transferências (F). O investimento total (I + Ig) se faz com a poupança das pessoas (S) b) Forma contábil Despesas das unidades produtivas Despesas das pessoas Despesas Governo Despesas de capital Total Receitas das unidades produtivas --- C G I C + I + G Renda das pessoas Y --- F --- Y + F Renda do Governo --- Ty + Tg --- Ig Ty + Tg + Ig Renda de capital --- S --- S Total Y C + S + Ty + Tg G + F I + Ig Conta Produção (unidades produtivas) Receitas Despesas Vendas de bens de consumo e serviços para as pessoasC Compra dos serviços de fatores das pessoas Y Vendas de artigos e serviços para o governo G Investimento bruto I C + G + I Y Conta Consumo (pessoas) Receitas Despesas Vendas dos serviços de fatores para as unidades produtivas Y Compra de bens de consumo e serviços das unidades produtivas C Pagamentos de transferências pelo governo F Impostos diretos Ty Impostos indiretos Tg Poupança S Y + F C + Ty + Tg + S 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 97 6.13 Avaliação das Contas Públicas Para avaliar o comportamento das contas públicas, o Governo usa três diferentes conceitos: Resultado Primário - leva em conta apenas as despesas e receitas do Governo. Neste caso não são computados os gastos com pagamentos de juros da dívida interna e externa (papéis que o Governo vende aos investidores no mercado financeiro). Resultado Nominal - leva em conta não só as despesas e receitas da União (Tesouro, Banco Central, Previdência), estados, municípios e estatais, mas também os juros da dívida corrigida pela variação da inflação e do câmbio. Não aplica a correção monetária nas contas. É o usado pelos organismos internacionais. Resultado Operacional - inclui todas as despesas, receitas e juros menos a variação da inflação e do câmbio. Déficit Nominal ( % do PIB) Déficit Operacional ( % do PIB) Governo federal Gov. estaduais Empresas estatais Total Governo federal Gov. estaduais Empresas estatais Total jan/95 -1.73 2.22 0.09 0.58 -2.42 0.93 -0.39 -1.88 fev/95 1.71 3.00 1.11 5.82 0.95 1.57 0.57 3.09 mar/95 0.51 2.96 1.01 4.47 -0.33 1.32 0.39 1.38 abr/95 0.29 3.48 0.98 4.75 -0.49 1.92 0.39 1.82 mai/95 -0.29 3.66 0.96 4.33 -1.06 2.10 0.38 1.42 jun/95 0.65 3.76 1.25 5.66 -0.21 2.04 0.61 2.44 jul/95 1.00 3.81 1.23 6.04 0.11 2.05 0.58 2.74 ago/95 1.09 3.89 1.22 6.20 0.32 2.34 0.64 3.31 set/95 1.35 3.78 1.19 6.32 0.73 2.46 0.70 3.88 out/95 1.60 3.75 1.17 6.52 0.98 2.47 0.69 4.14 nov/95 1.83 3.77 1.23 6.83 1.20 2.52 0.76 4.48 dez/95 2.33 3.69 1.33 7.35 1.66 2.43 0.87 4.95 Fonte: BC - JB, 24/02/96, p.10 O Déficit Público corresponde ao conceito operacional, que incluí as despesas com juros e desconta a variação da inflação. Convenção: (+) Déficit, (-) Superávit. Quando a arrecadação é maior do que os gastos (superávit), a diferença é usada para cobrir as despesas com os juros, o que reduz a emissão de títulos públicos. Conta Governo Receitas Despesas Impostos diretos Ty Compras de artigos e serviços das unidades produtivas G Impostos indiretos Tg Transferências para pessoas F Investimento do governo Ig Ty + Tg + Ig G + F Conta Capital (Excedente) Receitas Despesas Poupança das pessoas S Investimento bruto das unidades produtivas I Investimento do governo Ig S I + Ig 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 98 Principais instrumentos para conter os gastos do governo: Contenção dos salários do funcionalismo Contenção dos gastos da Previdência 6.14 O Orçamento do Governo A demanda que chega ao mercado tem que ocupar perfeitamente a oferta de maneira que não haja excessos. Para que isso venha ocorrer a ferramenta adequada é o orçamento do governo. Portanto, o orçamento do governo é o instrumento que permite regular o aquecimento ou o desaquecimento excessivo da economia, evitando dessa maneira O aumento da pobreza, A concentração da riqueza, A inflação, e As crises de desabastecimento. Assim, uma das leis mais importante do país é a lei orçamentária que permite ao cidadão saber onde e quanto vai ser gasto, em suma permite definir o que será feito na economia. A função fundamental do congresso é discutir e barganhar o orçamento segundo os princípios e metas definidos por cada partido, defendendo, dessa maneira os interesses das diferentes classes e dos diferentes setores da economia. Todo ano a lei orçamentária (após as discussões no congresso) é publicada, informando onde os gastos serão realizados. Isto permite que os investidores saibam antecipadamente onde aplicar os seus recursos, minimizando dessa forma os riscos dos indivíduos e as perdas globais, e direcionando toda a economia para um único sentido: o uso eficiente dos recursos disponíveis (foco). No Brasil não existia orçamento básico até 1982/83. A partir de 1984 foi definido um orçamento do Governo Federal (unificado pela primeira vez em 1988) com os seguintes componentes: Orçamento Fiscal ou do Tesouro - contemplando os fluxos previstos de gastos da administração direta (não entram estatais) e impostos a serem recolhidos. É superavitário. Orçamento Monetário - contemplando o estoque de moedas que inclui o total de financiamento a ser realizado para expansão da base monetária. Tem um subsídio fantástico, por exemplo: no início de um ano o Banco do Brasil empresta 100 para os agricultores. No final desse mesmo ano, devido aos subsídios, só recebe 150 (isto com inflação de no mínimo 100%). No ano seguinte os agricultores exigem no mínimo 200 (equivalentes a 100 do ano anterior), como só retornaram 150, o Banco do Brasil apanha a diferença 50 no Banco Central (conta de movimento), caracterizando, portanto, o subsídio. 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 99 Outros setores recebem esse crédito às custas da conta de movimento. O subsídio aparece no orçamento monetário implicitamente. Orçamento da Dívida Pública - corresponde aos juros (fluxos) de empréstimos realizados (estoques). Orçamento das estatais - corresponde também a fluxos e estoques 6.15 Exercícios Propostos 6.15.1 Para regular a economia organiza-se um governo que: I. Recebe parte da renda das pessoas (através de impostos, taxas, etc.), II. Devolve uma parcela dessa renda sob a forma de subsídios, investimentos e salários de funcionários públicos, III. Não pode realizar despesas (compras no mercado) IV. Controla uma parte considerável das unidades produtivas, na forma de Serviços (energia, comunicações, transportes, saúde) V. Controla Terras (parques florestais, estradas, etc.) e Edifícios e construções (hospitais, pontes, portos) Dessa relação está errado apenas o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) IV. (E) V. 6.15.2 Assinale com um X a coluna que tem a situação que recomenda a ação do governo listada: Ação do Governo O fe rt a > d e m an d a: su p e rs af ra O fe rt a < d e m an d a: q u e b ra d e s af ra Comprar o excedente da produção para formar estoque regulador Estimular a exportação do excedente reduzindo impostos Incentivar o consumo do produto através do aumento da renda das pessoas Vender os estoques reguladores Incentivar a importação do produto Reduzir a demanda pelo produto aumentando os impostos 6. Regulagem da Economia: O Governo Página 1006.16 Para saber mais [1] WONNACOTT, Paul; WONNACOTT, Ronald. Introdução à Economia. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, 1994. [2] MOCHÓN, Francisco. Princípios da Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. [3] MANKIW, N. Gregory. Introdução À Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [4] IBGE: http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/lista_tema.aspx?op=1&no=1 (acessado em 02/09/2014) [5] SEI - Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&id=135&Itemid =218 (acessado em 02/09/2014) [6] CEIC Data Euromoney Institutional Investor http://www.ceicdata.com/ (acessado em 02/09/2014) http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/09/31619-como-e-gasto- o-dinheiro-dos-impostos.shtml http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2013/10/14/saiba-como- acompanhar-a-elaboracao-e-a-execucao-do-orcamento/ http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2013/10/78527-como- acompanhar-o-orcamento-do-governo.shtml
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