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paper o humanismo de Pierre Teilhard de Chardin

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O HUMANISMO EM TEILHARD DE CHARDIN E O SER AMAZÔNICO
Fábio Assunção Melo Vasconcelos[1: Acadêmico do terceiro período do curso de Licenciatura em Filosofia da Faculdade Salesiana Dom Bosco, Manaus – AM. E-mail: fabioiv12@hotmail.com.]
Jeane Torres da Silva[2: Mestra em Educação em Ciência na Amazônia pela Universidade Estadual do Amazonas, UEA (2016). Especialização em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Amazonas, UFAM (2002). Graduação em Licenciatura em Filosofia pela Universidade Federal do Amazonas (1998). Atualmente é professora titular na Faculdade Salesiana Dom Bosco, FSDB. Email: jeanetorres3@gmail.com]
Resumo: A importância de Pierre Teilhard de Chardin para o campo do pensamento reside no fato de ele buscar abordar de forma abrangente o fenômeno humano, ao considera-los sujeitos em processo evolutivo, e apropriando-se das descobertas da paleontologia, biologia, física, das teorias evolucionistas, sem menosprezar os saberes filosóficos e teológicos. Ele conseguiu sintetizar uma forma de compreender o processo evolutivo com a ideia de atuação de uma força atrativa e consciente (Divina) do universo, pondo como chave interpretativa deste progresso o despontar da humanidade. O ser amazônico, não está alheio a toda essa discussão empreendida por Pierre Teilhard de Chardin em meados do século XX e pode beneficiar-se de aspectos presentes no seu modo de conceber o universo. Sem desconsiderar as peculiaridades da interação humanidade e ambiente neste contexto, podemos perceber, que há possíveis conexões entre os homens e mulheres Amazônia e a visão humanística chardiniana. 
Palavras-Chave: Humanismo, Antropologia Filosófica, Teilhard de Chardin, Humanidade Amazônida. 
Introdução 
Pierre Teilhard de Chardin, foi um paleontólogo, geólogo, filósofo e teólogo que no seu pensamento buscou unir, o que desde muito tempos, e particularmente com o advento do pensamento moderno, parecia inconciliável: Fé e ciência, ser humano e mundo. Em sua síntese entre filosofia, teologia e ciência lançou o olhar sobre o ser humano, a quem visou compreender como fenômeno, considerando o processo evolutivo, o designou como cume e flecha desta trajetória, adequando essa ideia à concepção cristã desenvolveu o pensamento de um universo que não está estático, mas, em movimento e que este embalo do cosmo tem uma consciência, ou seja uma evolução criadora.
Partindo do tema “o humanismo em Teilhard de Chardin e o ser amazônico”, se busca concentrar a pesquisa, que tem como área de atuação a antropologia filosófica, nas contribuições do pensamento teilhardiano, que engloba um diálogo entre Filosofia, Teologia e ciência, para a compreensão sobre o ser humano e sua inserção de forma complexa no contexto do cosmos, e, em um segundo passo, verificar ainda que se podemos realizar uma contextualização do tema à realidade amazônica, mesmo que diretamente em seus escritos Chardin não tenha aludido à Amazônia. O objetivo geral do presente trabalho é o de expor o conceito de humanismo de Chardin, para contextualizá-lo à algumas questões do “ser amazônico”. 
Fazendo uso do método de hermenêutica filosófica de Hans-Georg Gadamer, buscamos compreender os processos históricos e a linguagem do autor, e com uma análise dos textos teilhardianos, compreender a construção do seu conceito sobre o fenômeno humano. E ainda por meio do método de Gadamer tecemos uma “conversação” entre a visão do autor e a realidade amazônica. Os procedimentos de pesquisa adotados foram o bibliográfico e o comparativo. No uso do recurso bibliográfico, recorrendo as obras publicadas de Teilhard de Chardin e de seus comentadores, fizemos uma análise do seu conceito humanístico. Com o método comparativo, elencamos alguns padrões de vida na cultura amazônica e os associamos ao pensamento de Chardin. 
Em suma, veremos como se desdobra o pensamento chardiniano a respeito do homem e, com base nestas informações esboçamos, por meio de algumas informações e exemplificações, vias de uma possível contextualização, de forma geral, do mesmo à realidade dos povos da Amazônia brasileira.
 
O conceito de humanismo em Teilhard de Chardin 
A grande preocupação de Teilhard é em relação ao entrelaçamento de Deus e do Universo, o que lhe conduz ao estudo do fenômeno humano. E ele irá desenvolver esse objeto de pesquisa, com a variedade de conhecimentos que possuía. Seu modo de agir se compara ao dos filósofos da physis, ou como “um velho físico” preocupado com o princípio de tudo (cosmogênese), sempre tentando conciliar sua paixão pelas questões do Céu e da Terra, sendo um filho dessas duas realidades (NOGARE, 1970, p. 5). 
Chardin, constrói a sua abordagem fenomenológica do homem por meio da ciência, sem deixar de lado uma abordagem filosófica e teológica. Seu método pode ser descrito como uma fenomenologia científica, diferindo então do método de Kant, Hegel, Husserl ou Sartre, que viam o fenômeno de forma introspectiva e subjetiva, como algo que fica posto diante do ser humano (NOGARE, 1970, p.167; BETTO, 2011, p.89).
Teilhard enceta uma reflexão sobre o “ver”, que não se configura apenas como o ato da visão, mas, no gesto que está presente em todos os momentos da existência humana. Essa visão do mundo, que nós empreendemos, nos conduz à um agir nele, um fazer história. Conhecer é permitir-se nascer conjuntamente, e ir abraçando pela via da complexidade da consciência a união ao qual o homem e todos os seres se destinam. Em “O Fenômeno Humano”, sua “obra mestra”, Teilhard nos esclarece sobre o seu objetivo de nós levar a “ver”, com outros olhos, o ser Humano, nela explica os motivos da sua análise do fenômeno humano, da seguinte forma: 
O homem na natureza é na natureza um fato que se sobressai (parcialmente ao menos) das exigências e dos métodos da ciência. Em seguida para fazer entender que, entre os fatos que se aparecem ao nosso conhecimento, nenhum é mais extraordinário, nem mais esclarecedor. Finalmente, para insistir bem no caráter peculiar do Ensaio que apresento (CHARDIN, 2014 [1988], p. 97) 
O universo que está em um dinâmico processo de evolução e se encaminha para o sentido maior de tudo o que existe. Em decorrência da lei de complexificação- consciência, a humanidade tem um lugar privilegiado. Por esse motivo, Chardin nomeia o homem como ”flecha, chave e desfecho da cosmogênese” (NOGARE, 1977 p. 178), o que se caracteriza como uma outra forma de destacar o homem, diferente do antropocentrismo, (dispondo o ser humano no centro estático do universo) que teve seu falimento iniciado nas descobertas de Darwin e Galileu, a partir de onde o homem tomou noção da sua pequenez frente ao universo e na história da consolidação do tecido cósmico.
Existe um universo antes do aparecimento do homem, e da sua tomada de consciência disso, e haverá um depois, pois a humanidade não fecha a estrada da evolução, e sim, caminha na continuidade deste processo. O humanismo delineado por Chardin nos revela que nos constituímos como peça importante no processo evolutivo de todo o universo, pois, podemos pensar essa expansão e com nossa ação colaborar nesta dinâmica transformação.
Teilhard observava o homem como caminhante, dentro de um processo histórico, biológico e psicológico de transformação, não como um mero espectador, mas, como um fenômeno que precisa ainda de acabamento. Por compreender essa singularidade do homem e da mulher, ele irá preocupar-se com seu passado (pré-vida/ cosmogênese ) o seu presente (vida, antropogênese e seu processo de tomada de consciência/ surgimento da noosfera) e o seu futuro (ponto ômega / Cristogênese).
Os demais animais também interagem com o meio, tem seu modo de percepção, mas, eles não tomam posse desse entendimento, o que mostra uma ascensão de consciência na espécie humana. Os seres humanos destacaram-se, pelo processo da cefalização, dos outros modos de vida, todavia, estes outros viventes possuem um tipo de “consciência”, um “dentro” compatível com seu desenvolvimento (CHARDIN, 2006, p.162).
 A capacidadereflexão permite ao homem “saber que sabe”, ou seja, o torna apto para o um exercício caracterizado por Chardin como “o poder adquirido por uma consciência de se dobrar sobre si mesma, e de tomar posse de si mesma como de um objeto dotado de própria consciência e de seu próprio valor” (CHARDIN, p.186). Com a reflexão as pessoas puderam prever e inventar, fazendo despontar a Noosfera, ou a camada pensante (CHARDIN, 2006, p. 197). 
O conceito de humanismo em Teilhard de Chardin não pode ser separado do conceito de evolução de um ser corporal-espiritual. Em “O Meio Divino” Teilhard mostra uma faceta da espécie humana, que é a ser espiritual em evolução por via da ascese. Contudo, ele propõe um modelo ascético baseado na potência de amar e agir dentro da nossa realidade concreta, rumo à plenitude do nosso processo evolutivo no encontro com o Ponto Ômega (ou Cristo Cósmico). Ele neste escrito demostra que o ser humano tem as dimensões da ação e da contemplação, descritas como atividades e passividades, e dentro desta última, ele apresenta uma subdivisão entre as forças amigas e as potências inimigas, que são componentes daquelas atividades fora do nosso controle que colaboram para o aperfeiçoamento do ser humano. (CHARDIN, 2010, [1957] p.11-14)
O ser humano, que sente sua dimensão religiosa integrada ao todo do seu existir e dentro da complexidade do universo, não despreza a vida, nos afazeres cotidianos, não realiza a dicotomia entre sagrado e profano e torna-se alguém empenhado no desenvolvimento humano. O homem e a mulher para Chardin são um “ser para os outro” e não egoisticamente seres para si mesmos, encerrados nas suas próprias preocupações. E esse novo humanismo cristão, sabe dialogar com a ciência e com o mundo, se mostra inserido, ensinando que não se passa ao meio divino sem antes viver plenamente no meio natural, conectando-se com todos os outros seres que também esperam a plenitude.
Na humanidade desenvolve-se o senso ser comunitário, a capacidade de se viver a comunhão, que se constitui como parte do processo de evolução do ser humano, que se destina para unir-se primeiramente com todas as formas de vida, por conseguinte com todos os outros seres humanos e com o Transcendente, que se faz “tudo em todos” permanecendo o mesmo (CHARDIN, 2010 [1957] p.88), essa é uma ideia panenteísta, divergente da panteísta (tudo é Deus). A total comunhão é semelhante àquela vivenciada pela planta e o meio que a sustenta. A comunhão (Koinonia, no termo grego) não anula a interiorização, a subjetividade, mas, faz o indivíduo se perceber como parte integrada a um todo, e vice-versa.
O processo de evolução, sob a observação de Chardin, encontra nas etapas de passagem das origens para a vida e da vida animal e para a consciência humana uma revolução. A tomada de consciência por parte dos seres humanos muda não só a sua vida, mas a de todo o Planeta. Esse ser dotado de racionalidade empreende ações sólidas e indeléveis, cada conhecimento adquirido e cada produção humana estão participando e convergindo para o movimento da grande esfera de consciência (noosfera) e colaboram para o crescimento de todos os indivíduos, que deveriam progredir na “consciência, no conhecimento e no gesto de amar” (MOURÃO,2011, p. 19). 
Teilhard vai além da compreensão do aspecto sentimental analisando-o no seu dinamismo natural e na sua importância para o processo evolutivo. O Amor para Teilhard de Chardin consiste na expressão suprema da energia humana, “uma energia físico-moral de personalização o que resume todas as atividades manifestadas no estofo do universo” (BETTO, 2011, p.93; CHARDIN, 2014 [1988], p. 297). A força amorosa é uma energia presente em toda vida, que vem favorecer o processo de união ao qual os homens e mulheres se destinam, assim, a história universal seria, para Chardin, a jornada da evolução do Amor (NOGARE, 1970 p. 127). 
O humanismo chardiniano e os amazônidas 
Na Amazônia (até se poderia expressar com o termo “Nas Amazônias”) o ser humano não tem um único padrão, falar do povo amazônico é falar em diversidade, são múltiplos grupos étnicos que residem nessa região. Temos quilombolas, povos indígenas, estrangeiros, migrantes, brancos, caboclos (ou ribeirinhos ameríndios). Que formam o grande grupo que vive nestas terras e que também pode se beneficiar do conceito de ser humano formulado por Teilhard de Chardin. 
Precisamos pensar o sujeito, como refletido por Teilhard Chardin como um ser em seu contexto, para podermos lançar uma luz sobre os habitantes da Amazônia. E, principalmente, se nos voltarmos para os povos tradicionais iremos observar neles o profundo contato com a natureza, uma interação com o meio ambiente. A presença da espécie humana nesta área de trópico úmido é marcada pela sua adaptação a fatos como o da oscilação climática, que pode ocasionar em muitas áreas uma manhã de intenso calor seguida de uma noite de frio, o que interfere no modelo de habitação dos povos tradicionais, como atestado por (MORÁN, 1990, p.125) gerando um modelo de maloca observado, entre os povos do Xingu, totalmente revestida de palha, que resolve o problema do frio noturno, mas, que impossibilita a estadia nas manhãs de mormaço, que se adequam mais a um tipo de casa “aberta”, facilitando a circulação do vento. Estes exemplos, se alinham bem com pensamento de Chardin, pois, demostram como o homem e a mulher da Amazônia se comunicam intensamente com a complexidade de circunstâncias que os rodeiam.
O ser humano, “flecha da evolução”, no contexto amazônico empreende diversas ações que podem ser de um manejo sustentável dos recursos ou de forma exploratória. Os povos originários desenvolveram uma forma de lidar com a floresta, respeitando sua singularidade, mas, ao mesmo tempo modificam o hábitat para estimulá-lo para a produção de alimentos úteis. As florestas de cipó, os conglomerados de castanheiras e palmeiras, por exemplo, e as famosas “terras pretas de índio” são expressões da ação humana, do trabalho civilizacional dos indígenas. Aqui se percebe que ser humano e floresta evoluíram juntos numa grande relação de troca. (BOFF,1996, p.138) 
A sequência da evolução levou o gênero humano a desenvolver o pensamento, a atitude de refletir sobre seus próprios conhecimentos e de transformá-los. Os amazônidas bebem também deste grande reservatório de conhecimento, concebido por Chardin como Noosfera, e desenvolvem suas ações de modificação na natureza. Todavia, em nosso tempo de crise ética e ecológica, se faz imprescindível esta capacidade de reflexão sobre os gestos empreendidos pela mão do ser humano na sua relação com a Terra, se nós nos diferimos dos outros seres pela consciência, não podemos traçar nossa destruição e a dos demais estruturas vivas. 
Outro aspecto presente na visão humanística de Teilhard de Chardin é a do ser comunitário, que busca a unidade com os seus aspectos internos e externos e com os outros seres vivos, com toda a humanidade e por fim com o Cristo Cósmico. Os diversos povos da Amazônia, são plurais e tem uma diversidade de modos de pensar, mas não são seres de isolamento e, como argumenta Chardin, estão na marcha para o Ômega, e desta miríade de modos de ser vão tendendo sempre mais a união, que não significa um esvaziamento das ricas expressões particulares. Vemos que o diálogo entre as culturas na Amazônia é fecundo e poderia ser mais desenvolvido. 
O Panenteísmo chardiniano vislumbra a realidade presente irradiada pela presença do Divino, este é outro paralelo entre a vida dos povos da Amazônia e Chardin, pois na sua grande parte são envolvidos pela contemplação do mistério da vida, na grandiosidade dos rios, na riqueza da floresta que lhe fornece sustento, em tudo isso o homem e a mulher amazônida pode fazer uma experiência de aproximação de um sentido para sua caminhada no cosmos. A religiosidade dos ribeirinhos pode ver uma força atrativa, encantada nas realidades do rio; um povo indígena do alto rio negro pode enxergar em um determinado local a sua ligação com a Terra e a sua origem;um sujeito da zona urbana, não obstante toda a sua tecnologia e ciência, pode recorrer a uma “benzedeira” ou a um chá para lhe restituir a saúde, nesses exemplos notamos algumas expressões da força da crença dos povos da Amazônia e sua conexão com as realidades materiais e sensíveis. 
A concretização do gesto de amar, advindo da crescente consciência da humanidade em escalda para o Ponto Ômega (a plenitude da sua evolução no encontro com Cristo) na Amazônia se manifesta em um olhar para todos os seres com respeito, garantir os direitos dos povos originários, buscar formas de produção que não impactem o meio-ambiente. O amor com os outros seres, demonstra que estamos crescendo na nossa consciência do cuidado.
Considerações Finais
Neste trabalho visamos observar, a partir do pensamento humanista chardniano, o homem amazônida, no seu hoje histórico, com vistas para o seu futuro. O este artigo se insere em no caminho para um maior diálogo entre esse pensador e o contexto amazônico, numa perspectiva da Antropologia Filosófica. A compreensão Chardiniana da humanidade, põe o ser humano como ápice da criação, do processo evolutivo, que com suas capacidades e características pode determinar o seu futuro e chegar à sua plenitude no encontro com o Cristo-Cósmico (Plenitude da evolução humana).
Percebemos ao termino da pesquisa que se delineia em Teilhrd de Chardin um tipo de Filosofia, que seria um pensamento filosófico sobre a ação humana em relação ao meio ambiente, assim, constatamos como podemos nos enriquecer e ampliar as perspectivas de uma compreensão do sujeito humano e do mundo amazônico embasados neste filósofo. E ao ver um retrospecto histórico da construção do pensamento de evolução criadora, ensejamos uma ligação com a vida do homem e da mulher na Amazônia e ansiamos posteriores contextualizações mais aprofundadas. 
A relação tão desgastada entre a humanidade e a natureza, deve transfigurar-se de um paradigma da dominação ao da harmonia, e essa conversão será mais eficaz pela tomada de consciência de sermos um “ser planetário”, que tem a mesma origem e destino da Terra. A sede de explorar (na vastidão de simbolismos que o termo engloba) do ser humano o leva a “esquecer-se de quem é”, e justamente a mesma avidez, o faz, degradar a vida no Planeta. Precisamos despertar, e relembrar que somos frutos de uma mesma matéria, somos feitos do mesmo pó (de estrelas) e partilharemos o destino que traçarmos. 
REFERÊNCIAS
BETTO, Frei. Sinfonia Universal: a cosmovisão de Teilhard de Chardin. Petrópolis: Vozes, 2011. 127p. 
BOFF, Leonardo. Ecologia: Grito da Terra, Grito dos pobres. São Paulo: Ática, 1996. pp. 135-157.
CHARDIN, Pierre Teilhard de. O Fenômeno Humano. Trad.: José Luiz Archanjo. São Paulo: Editora Cultrix, 2006. 392p.
______________. O Meio Divino: Ensaio de vida interior. Trad.: Celso Márcio Teixeira. Petrópolis: Vozes, 2010. 135p.
MORÁN, Emilio. A ecologia Humana das populações da Amazônia. Petrópolis: Vozes, 1990. 367p. 
NOGARE, Dalle. Pessoa e amor segundo de Teilhard de Chardin. São Paulo: Herder, 1970. 230p.
________________. Humanismos e Anti-Humanismo: introdução à Antropologia Filosófica. Petrópolis: Vozes, 1994. pp. 168-189.

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