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DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL (1)

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1 
Desenvolvimento de um Projeto de Habitação de Interesse Social 
segundo a Coordenação Modular e os Princípios do Eco-design. 
 
1 Introdução 
A busca por projetos sustentáveis e ambientalmente corretos na arquitetura 
direcionou o que o proposto trabalho visa apresentar, com um modelo 
habitacional de projetos de edificação para habitação de interesse social (HIS) 
baseado na coordenação modular, conforme os princípios da eco-arquitetura, 
buscando alcançar um resultado com qualidade similar ou com o mesmo nível de 
qualidade das edificações convencionais. 
A expectativa da proposta é facilitar a execução dessas edificações com a 
compatibilização de projetos e de materiais empregados, utilizando materiais 
provenientes da reciclagem dos resíduos sólidos urbanos, empregando as raspas 
de pneus, que, somando a estes Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), outros 
materiais utilizados na construção civil convencional, tais como areia, cimento, 
brita, resultando em um novo composto. 
Segundo o Ministério das Cidades (2004), o problema habitacional no Brasil 
demonstra que mais de sete milhões de famílias necessitam de habitações, sem 
contar com aproximadamente 10 milhões de domicílios com problemas de infra-
estrutura básica. As características da sociedade brasileira de desigualdades 
sociais e de concentração de renda manifestam fisicamente os espaços 
segregados das cidades. Talvez as carências habitacionais constituam o maior 
problema que é a falta de moradia digna para população mais carente, 
correspondente à por 92% do déficit habitacional brasileiro. 
Segundo SATTLER (2007), a preocupação com os danos causados pelo homem, 
a sua reparação, assim como com projetos de menor impacto ambiental, 
recentemente adquiriram maior influência nas propostas de edificações. Termos 
como desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, arquitetura sustentável, 
construções sustentáveis, permacultura, entre outros, estão sendo utilizados, na 
maioria das vezes sem que se tenha conhecimento do que representam. Sente-se 
a necessidade de esclarecer o significado destes conceitos. 
Conforme MORALES (2006), uma proposta para ser considerada eco-eficiente 
deve ser economicamente viável e socialmente atrativa, também considerando os 
 
 
 2 
impactos ambientais, por isso é ecologicamente correta. 
ADAM (2001) entende por eco-arquitetura a possibilidade de conciliar 
ecossistema natural e edifício. O compromisso do ecoedifício é contextualizar 
urbanisticamente e arquitetonicamente as recentes descobertas cientificas 
juntamente com as tradições milenares. 
Os impactos ambientais e a eficiência energética passam a ser de extrema 
importância para soluções nos projetos para a “Nova Arquitetura”, na qual os 
arquitetos e engenheiros devem atentar para a importância destas questões 
ambientais e as incorporar aos elementos necessários em projetos 
ambientalmente corretos. 
O material empregado em um projeto é um fator que tem grande peso na decisão 
dos profissionais da área de construção civil, assim, novas soluções devem ser 
analisadas frente à preocupação com o destino de resíduos sólidos urbanos, 
causadores de problemas relacionados a impactos ambientais. 
LENGEN (2004), afirma que uma Eco-técnica é que faz uma determinada 
comunidade independente de indústrias de outros locais, como exemplo a 
produção de tijolos cerâmicos que usa argila do local, e sua preparação gera 
empregos aos habitantes desta região. 
Outra alternativa bastante explorada na solução do problema habitacional é a 
execução através de mutirão, onde a autoconstrução, conforme LENGEN (2004), 
não é difícil, onde uma família possa construir sua própria casa, havendo poucas 
tarefas difíceis, sendo um exemplo o levantar a estrutura do teto, podendo ser 
obtida ajuda de vizinhos e amigos. 
Segundo MARTINEZ (1987), Tecnologia Alternativa, Habitação Evolutiva ou 
Projeto Participativo, qualquer destas denominações é o resultado parcial de um 
conjunto de preocupações e propostas que orientam o trabalho. Ele nega que a 
atividade de se projetar deva ser do ato de se fazer privado, realizado para 
terceiros num círculo fechado. Acredita que o projeto seja uma ação coletiva nas 
quais arquitetos e usuários se relacionem entre desenho e canteiro em harmonia. 
Ainda MARTINEZ (1987), procura aplicar e desenvolver técnicas adequadas aos 
materiais, mão-de-obra, ferramentas e recursos locais, reduzindo investimentos, 
equipamentos e materiais, utilizando uma usina no próprio canteiro permitindo a 
otimização dos recursos regionais. LENGEN (2004), afirma que para a obra 
avançar, é importante saber usar as máquinas, organizando ferramentas, 
 
 
 3 
materiais e mão-de-obra para se ter um uso intensivo, sendo que nas pequenas 
comunidades as pessoas podem organizar um mutirão para construir um galpão 
ou praça que possa servir a todos. 
Para MAMEDE (2001), racionalizar a construção é o processo que torna possível 
otimizar todos os recursos, buscando atingir objetivos no desenvolvimento de 
acordo com a realidade socioeconômica regional. Os cuidados para garantir que a 
racionalização da construção atinja o nível de produtividade esperado, devem ser 
tomados já na etapa do projeto com relação à modulação. 
A Coordenação Modular se torna imprescindível desde o inicio do processo 
projetual. Conforme BALDAUF (2004), a Coordenação Modular (CM) mostra 
preocupação com redução dos custos nas etapas do processo construtivo. A 
otimização do uso da matéria prima, a agilidade no processo projetual e compras 
dos componentes, assim como traz melhor aproveitamento de componentes 
construtivos, tendo como conseqüência redução do consumo de matérias primas, 
energético e de resíduos de construção e demolição (RCD), justificada pelos 
preceitos econômicos e sustentáveis. 
Projetar edificações segundo a coordenação modular que, além de respeitar 
condições indispensáveis como habitabilidade, funcionalidade, durabilidade, 
segurança e acabamento, também apresentem características relacionadas à 
produtividade, construtividade, baixo custo e desempenho ambiental, quesitos de 
grande importância e que atualmente representam um desafio para os 
profissionais da área. 
Com base em informações coletadas na bibliografia e através de procedimentos 
experimentais, poderá determinar o modelo mais adequado para poder utilizar na 
modulação do projeto arquitetônico de habitações de interesse social. 
Para a definição do estudo, será trabalhado, através de simulação gráfica, um 
modelo de edificação a partir de casa térrea, podendo em trabalhos futuros 
ampliar para sobrado, planta geminada, bloco vertical multi-familiar, e atendendo 
as diretrizes da Eco-arquitetura, se propõe o emprego de materiais reciclados, 
dentre os quais as raspas de pneus. 
Um dos grandes problemas atuais relacionados à qualidade de vida nas cidades é 
a geração dos resíduos sólidos urbanos, tal como pneu inservível. Depositados 
em terrenos baldios, ruas de periferias ou em depósitos clandestinos, ocasionam 
problemas como enchentes, poluição visual, proliferação de doenças, podendo 
 
 
 4 
alcançar córregos e leitos de rios, por meio das águas das chuvas nas encostas 
ou por galerias pluviais. 
Esta alternativa surgiu em decorrência dos problemas ambientais e o principio da 
sustentabilidade, onde MARTINS (2004) afirma que a reciclagem adequada 
consiste em reutilizar determinado rejeito de forma útil e economicamente viável. 
Conclui que o emprego da borracha de pneus adicionada a ligantes asfálticos em 
pavimentação mostra-se uma técnica promissora para aumentar a durabilidade de 
ruas e estradas. 
Por ser um material de difícil degradação, se justifica a reciclagem do pneu para 
diminuir o descarte junto ao meio ambiente. Segundo MARTINS (2004), a 
utilização dos rejeitos vem de encontro às preocupações com relação ao passivoambiental de detritos, economizando recursos naturais. 
Segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos - ANIP (2008) o 
volume de produção (unidades de pneus) em 2007 foi de 57,3 milhões de 
unidades e o volume de vendas, incluindo produção e importação, foi de 63,1 
milhões de unidades. Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
do Estado de São Paulo - IPT e Secretaria de Ciência, Tecnologia, 
Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo, 
aproximadamente 22 milhões de pneus são trocados anualmente no país, sendo 
46,8% dos pneus usados podem retornar ao mercado e reutilizado nos veículos 
ou submetido a alguma reforma e 53,2% de pneus inservíveis. Com relação aos 
53,2% dos pneus inservíveis, 26,5% do material tem destinação ambientalmente 
adequada e regulamentada, se transformando em combustível de fábricas de 
cimento, solados de sapatos, aproveitamento do negro de fumo, tapetes para 
carros, além de uso na construção civil. 
Visando diminuir o passivo ambiental dos pneus inservíveis no país, o Conama 
publicou a Resolução Nº. 258, de 26 de Agosto de 1999, que trata da destinação 
final de pneus de forma ambientalmente adequada e segura, dispondo sobre a 
reciclagem, prazos de coleta, entre outros fatores. 
MARTINS (2004), afirma que a reciclagem de pneus emprega a coleta, o 
transporte, a trituração e a separação de seus componentes (borracha, aço, nylon 
ou poliéster), transformando descartes em matéria prima para o mercado. Em seu 
estudo, a utilização da borracha do pneu moído na mistura asfáltica, mostra-se 
uma alternativa ambientalmente adequada, que pode apresentar reduções de 
 
 
 5 
volume desse resíduo. 
A utilização da reciclagem de pneus pode ser feita com baixos custos de 
equipamentos e instalações, diminuindo também o custo de transporte. As 
empresas de reciclagem de pneus geralmente comercializam as raspas de pneus 
que não terão utilidade na vulcanização dos pneus que serão recauchutados. 
Muito embora o descarte de pneus seja visto como grande causador de 
problemas, este material pode se constituir numa nova fonte geradora de 
materiais para construção civil na forma de raspas usadas como agregados para 
argamassas e concretos, entre outros. 
Conforme Akasaki (2002), estes elementos podem favorecer o sistema 
construtivo por se constituírem em materiais mais leves, econômicos e 
ecologicamente corretos, contribuindo na diminuição do impacto ambiental. 
Utilizando as raspas em blocos de concreto, apresentou resultados satisfatórios 
neste caso, onde utiliza uma quantidade suficiente de resíduos na composição do 
concreto, sem que a mesma diminua a resistência dos blocos. Também constata 
que esse tipo de bloco apresenta condições técnicas para competir com o bloco 
de concreto tradicional, demonstrando um campo a ser mais explorado pelas 
indústrias de blocos. 
 
1.1 Problema Analisado 
A degradação do meio ambiente, somada ao déficit habitacional brasileiro, requer 
uma busca de soluções tecnológicas para a moradia, agregando habitabilidade e 
economia. Para atender as necessidades habitacionais e minimizar o problema 
de poluição ambiental, propõe-se um estudo da viabilidade de emprego de um 
processo projetual de arquitetura modular, segundo a CM, utilizando materiais 
recicláveis para a construção de habitação de interesse social. 
A proposta inclui a indicação de procedimentos e recomendações para a 
produção das unidades habitacionais, seguindo as diretrizes da sustentabilidade 
e visando uma melhora para o futuro e o meio ambiente. 
O sistema construtivo proposto visa, através de decisões projetuais simples, 
melhorar o desempenho e a durabilidade da edificação. 
 
2 Objetivos 
 
 
 6 
O objetivo deste trabalho é propor um projeto de habitação de interesse social 
utilizando um sistema construtivo segundo os princípios da Coordenação Modular, 
seguindo padrões internacionais de modulação e respeitando as diretrizes do 
Eco-design. Com estes procedimentos projetuais almejando sustentabilidade, 
busca minimizar desperdícios de tempo na execução da obra, eliminar a 
deposição de pneus em locais inapropriados, aumentar a produtividade no 
canteiro de obras, diminuir a geração de resíduos sólidos nas obras, possibilitar a 
compatibilização dos projetos, utilizando materiais e tecnologias sustentáveis. 
 
3 Justificativa 
Na construção civil, as edificações de alvenaria convencional de um modo geral, 
utilizam na maioria das obras materiais como areia, cimento, cal, tijolos 
cerâmicos, blocos de concreto e cerâmico, que somados entre si resultam em 
componentes para estrutura de uma edificação. 
Mas o uso dos materiais para execução de alvenaria convencional na construção 
civil tem gerado muitos resíduos no decorrer e fim das obras, ocasionado tanto 
pela falta de conhecimento na utilização destes materiais e incentivos para 
melhoria da mão-de-obra (conhecimentos geralmente obtidos através da 
observação), como a má utilização destes materiais sem conhecimento de 
sistemas mais racionais. Por ser a maneira mais popular de execução de 
edificações, aparenta ser a mais viável este tipo de construção, gera desperdício 
de materiais no canteiro. 
Por esse motivo, a intenção do trabalho na utilização de materiais provenientes de 
resíduos sólidos urbanos, utilizando a racionalização projetual e do uso de 
materiais através da Coordenação Modular, onde busca menor desperdício de 
tempo e materiais. Consiste em adotar um modelo de processo construtivo onde 
será utilizado um determinado material residual proveniente de resíduos sólidos 
urbanos (RSU). Somado com outros materiais utilizados na construção civil, estes 
resíduos (raspas de pneus), mais os materiais como cimento e seus agregados, 
resultam em um novo composto para utilização em sistemas construtivos nas 
habitações de baixo custo. 
Por ser um processo de produção de blocos de concretos, busca maior agilidade 
e limpeza da obra, com peças otimizadas em blocos e modulação pré-
 
 
 7 
determinada, possibilitando a facilidade de execução por ser executada com 
encaixes dos mesmos. 
A idéia de construção sem agredir o meio ambiente vem sendo discutida nas 
últimas décadas, e resultou em conceitos que já vêm sendo implementados como, 
por exemplo, as estações de tratamento de água e esgoto, na reciclagem do lixo 
e na diminuição do entulho e das perdas durante a obra. 
Diversos estudos e várias obras já foram executados segundo o conceito da 
arquitetura sustentável. E a idéia por trás da arquitetura sustentável é interferir o 
mínimo possível no meio ambiente, durante todas as fases de uma construção. 
Os materiais utilizados devem ser tão naturais quanto possível, e sua produção 
deve ser ecológica, onde a construção em si não deve poluir, e o uso dos 
ambientes criados deve interferir o mínimo do entorno. 
Obedecendo aos conceitos de aproveitamento energético e apelo ecológico, a 
edificação pode dispor de captação da água da chuva, de seu próprio sistema de 
tratamento de esgoto, aberturas de esquadrias proporcionando ventilação e 
iluminação natural, e também o uso de materiais que possibilitem melhor 
eficiência energética da habitação. 
Como resultado deste cuidado, o projeto habitacional oferece a vantagem de ser 
uma espécie de máquina. Para MIGUEL (2003), o conceito “casa” destina-se a 
um edifício ou parte dele para habitação humana. Sendo um objeto construído 
para uso familiar onde as relações do plano físico e as trocas de emoções de 
seus moradores possam fazer desta edificação um lar. 
Por ser modulada a edificação, busca uma moradia a partir do desenho de um 
sistema construtivo que utiliza e conjuga sistemas que possam ser 
manufaturados, podendo ser feita em maiores quantidades, pois pretende unir 
reciclagem, sustentabilidade e praticidade, facilitando a mão-de-obrana execução 
da edificação. 
 
3.1 Coordenação Modular 
A Coordenação Modular pode ser considerada um sistema de simplificação e 
relação de objetos diferentes de procedência distinta, que devem ser unidos na 
etapa de construção ou montagem, com mínimas modificações ou ajustes. Possui 
sistema dimensional de referência que, a partir de medidas com base em um 
 
 
 8 
módulo predeterminado (10 cm), compatibiliza e organiza a aplicação racional de 
técnicas construtivas e o uso de componentes em projeto e obra, sem sofrer 
modificações. 
 
3.2 Objetivos da Coordenação Modular 
O objetivo da Coordenação Modular é a racionalização da construção. A 
racionalização é definida como a aplicação mais eficiente de recursos para a 
obtenção de um produto dotado da maior efetividade possível. 
Nas etapas processo produtivo, desde idealização dos projetos envolvidos 
(arquitetônico, estrutural e complementar), as normas, as medidas, a utilização da 
matéria-prima para sua fabricação e a montagem e manutenção das edificações, 
são comprometidas entre si. Desta maneira, todos os envolvidos na produção são 
responsáveis pelo sucesso do empreendimento. 
 
3.3 Concreto com adição de borracha 
Segundo AKASAKI (2002), os resíduos da recauchutagem de pneus podem ser 
definidos como resíduos sólidos particularmente intratáveis, já que sua 
decomposição pode acontecer em até 240 anos. E embora existam oportunidades 
para reciclagem dos resíduos de pneus, o mercado brasileiro está longe de 
consegui-lo visto à enorme quantidade deste material que é acumulada. 
Conforme Holanda (2000 apud AKASAKI), os blocos estruturais de concreto são 
materiais que atualmente estão sendo bastante utilizados na construção civil. 
Apesar de sua utilização datar de tempos remotos, a alvenaria como é vista hoje, 
é tratada como um método construtivo recente. 
No trabalho apresentado por AKASAKI (2002) no 44º Congresso Brasileiro do 
Instituto Brasileiro de Concreto, utiliza a metodologia empregada através da 
analise granulométrica e da determinação das massas especificas dos materiais 
envolvidos (areia, pedrisco e as raspas de pneus). Em seguida foi realizado um 
tratamento nas raspas por meio de seleção e peneiramento, pois as mesmas 
estavam com volume muito grande, visto na Figura 01, sendo a fração escolhida 
para a execução dos blocos as que passaram pela peneira nº20, resultando num 
material mais uniforme, com tamanho máximo de 3 mm, observado na Figura 02. 
 
 
 
 9 
 
Figura 01 Figura 02 
Conforme AKASAKI (2002), a preocupação era atingir a resistência mínima sem a 
preocupação se o consumo de cimento era excessivo ou não. A principal 
finalidade do trabalho era com a questão ambiental, ou seja, dar uma contribuição 
para a deposição final deste material poluidor e causador de doenças nocivas. 
Ainda AKASAKI (2002) conclui que para o bloco estrutural a quantidade 
considerada suficiente de resíduos na composição do concreto, sem que o 
mesmo venha diminuir a resistência dos blocos e ao mesmo tempo consumir o 
limite máximo de cimento adotado, é de 13% (volume) com aproximadamente 245 
kg/m³ de cimento. De acordo com essa análise global, pode-se dizer que esse 
tipo de bloco demonstra boa capacidade técnica podendo vir a competir com o 
bloco de concreto tradicional, evidenciando um campo a ser mais explorado 
futuramente pelas indústrias e blocos. 
 
3.4 Eco-design 
ADAM (2001) afirma que os ambientes, edifícios e cidades devem ser entendidos 
e conceituados como ecossistemas integrados, e que a tecnologia deve ser social 
antes de ser técnica, podendo-se dizer que arquitetura e tecnologia 
continuamente redefiniram uma à outra, concluindo que o ato de planejar é a 
síntese de responsabilidades sociais, qualificação de uso energético e 
consciência ecológica. 
A arte de se projetar com eficiência, adotando e utilizando seu entorno, técnicas, 
materiais e sistemas construtivos, significa a criação de edificação e ecos-sistema 
agregados, num processo mutuo de interatividade e de comunidade. 
Uma casa com ambiente agradável, energeticamente eficiente e sem umidade, 
destaca como sendo que obteve em seu planejamento e construção as Eco-
tecnicas, onde LENGEN (2004) caracteriza este procedimento como Eco-tecnica. 
Ele também exemplifica o aquecimento de água com energia solar, substituindo 
 
 
 10 
as queimas das lenhas, mais uma eco-tecnica. 
 
4 Proposta 
Neste trabalho foi desenvolvido um modulo habitacional segundo a Coordenação 
Modular, com um programa de unidade habitacional com Blocos de Concreto com 
adição de borracha formada por raspas de pneus provenientes da reciclagem 
deste mesmo material, onde os blocos seguirão uma modulação de 15x15x15cm 
e 15x15x30cm, conforme Figura 03. 
 
Figura 03 
A edificação segue a medida decimétrica de 10cm, com módulos de 3M com 
extensão nas laterais de 10.50x6.90m, num total de 48.92m2 de área construída 
na proposta da planta base da HIS. A proposta apresenta a possibilidade de 
aumento de área, conforme a necessidade do morador, com o acréscimo de 01 
dormitório, obtendo uma área construída de 60.66m2. Caso exista a necessidade 
de mais acréscimo na edificação, poderá ser aumentado mais um dormitório, 
totalizando em 71.59m2 de área construída, demonstrado na Figura 04. 
 
Figura 04 
 
 
 11 
Será construída no sistema de blocos estruturais, onde a modulação da malha 
dimensional irá reger o processo de execução. Elementos como esquadrias, 
revestimentos cerâmicos e estruturas de cobertura, deverão ser adquiridos 
conforme o padrão a ser elaborado segundo a CM, seguindo um padrão de 
qualidade tanto projetual quanto de execução, sempre visando menor desperdício 
de tempo e matéria-prima na sua execução. 
Os cortes esquemáticos da edificação mostram como será executada, com dados 
dos detalhes construtivos. A Figura 05, Figura 06 e Figura 07, mostram os 
Cortes A-A, B-B e C-C, respectivamente. 
 
 
Figura 05 
 
Figura 06 
 
Figura 07 
 
 
 12 
Como a proposta busca uma edificação segundo os princípios do eco-design, 
possuirá cobertura com telhas recicladas de embalagens TETRA-PAK, aquecedor 
solar, tratamento de esgoto, modulação nas estruturas de cobertura, e também 
dos demais materiais a compor o objeto proposto, no caso a HIS. 
A Figura 08 apresenta a proposta em modelo tridimensional, com seus volumes 
puros, seguindo a tendência do não desperdício de materiais como uma pureza 
na linguagem arquitetônica, remetendo aos conceitos da arquitetura moderna dos 
anos 50. 
 
Figura 08 
Seguindo as tendências de mercado, a edificação tem em seu ambiente social 
planta livre, onde a cozinha se integra com os demais ambientes, criando uma 
situação de ambientes amplos, valorizando não só o imóvel , mas também a 
integração da família, conforme pode ser observado na Figura 09. 
 
Figura 09 
 
 
 13 
5 Conclusão 
 
Com este trabalho, concluiu-se que conceitos de construtibilidade, especialmente 
no que envolve a modulação de componentes, são pouco utilizados na indústria 
da construção civil. Mesmo com avanços da tecnologia, pouca coisa foi alterada 
nos canteiro de obras, onde perdas de materiais e de trabalho humano continuam 
grandes. 
Órgãos públicos, profissionais da construção e fornecedores de materiais 
precisam se unir, com trocas de informações que permitam a melhoria das 
interfaces entre os diversos elementos que compõe as HIS, para que seus 
usuários possam obter residências com melhores condições de habitabilidade. 
É possível afirmar que a modulação é uma maneira de realizar projetos para 
melhor atender a população. Portanto, considera-se que o atributo da modulação 
para implementação de sistemas construtivos deveria necessariamentefazer 
parte dos projetos, particularmente em instituições e organizações envolvidos com 
habitações de interesse social. 
A proposta possibilitará grandes benefícios para o público em geral, através do 
entendimento de aspectos sobre a modulação e a utilização de materiais 
reciclados na construção de moradias. Para os órgãos públicos envolvidos com a 
habitação, o trabalho fornece dados, baseados em evidências científicas, que 
possibilitarão a elaboração de programas habitacionais voltados para o eco-
design. O mesmo favorecerá os profissionais que lidam com os programas 
habitacionais, como alternativas na diminuição do déficit; a pesquisadores, 
favorecendo a compreensão dos diferentes fenômenos das etapas de processo 
de produção de HIS. Aos fabricantes de componentes de materiais de construção, 
indicará parâmetros para se controlar as variáveis que interferem no processo de 
produção. Finalmente, aos professores, permitirá complementar a formação dos 
estudantes, ampliando as possibilidades de atuação da CM e Eco-design no 
exercício dos futuros profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 14 
6 Referências Bibliográficas 
 
ADAM, Roberto S. – PRINCIPIOS DO ECOEDIFICIO – INTERACAO ENTRE 
ECOLOGIA, CONSCIENCIA E EDIFICIO – São Paulo : Aquariana, 2001 
 
AKASAKI, Jorge L.;FIORITI, César F.; NIRSCHL, Gustavo C. - ESTUDO DA 
VIABILIDADE DE PRODUÇÃO DOS BLOCOS ESTRUTURAIS DE CONCRETO 
COM ADIÇÃO DE RESÍDUOS DE BORRACHA - Instituto Brasileiro do Concreto - 
44º Congresso Brasileiro 
 
BALDAUF, Alexandra S. F. – Contribuição à implementação Coordenação 
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como parte dos requisitos para obtenção do titulo de mestre em engenharia na 
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Cidades – Habitação. Olívio Dutra - Ministro de Estado das Cidades. Brasília, DF: 
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LENGEN, Johan van. – Manual do arquiteto descalço – Porto Alegre: Livraria do 
Arquiteto; Rio de Janeiro: TIBA, 2004 
 
MAMEDE, Fabiana C. – Utilização de Pré-moldados em edifícios de alvenaria 
estrutural – Dissertação apresentada a Escola de Engenharia de São Carlos a 
Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de 
mestre em engenharia das estruturas. São Carlos – 2001. 
 
 MARTINS, Haroldo A. F. A utilização da borracha de pneus na pavimentação 
asfáltica. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Anhembi 
Morumbi no âmbito do Curso de Engenharia Civil com ênfase Ambiental. SÃO 
PAULO – 2004. 
 
 
 
 15 
MARTINEZ, Juan V. – O papel da assessoria técnica na construção por ajuda 
mutua. SEMINÁRIO Habitação e Saneamento para Populações de Baixa Renda 
– NATAL - 1987. 
 
MILANEZ, Bruno – RESIDUOS SOLIDOS E SUSTENTABILIDADE – Princípios, 
indicadores e instrumentes de ação – Dissertação apresentada ao Programa de 
pós-graduação em Engenharia Urbana do titulo de mestre em engenharia urbana. 
– São Carlos - 2002. 
 
MIGUEL, Jorge M. C. – A Casa – Jorge Marão Carnielo Miguel – Londrina: Eduel, 
São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003. 
 
MORALES, Gilson et al. Desenvolvimento de um Programa de Análise da 
Produção de Estruturas de Concreto pelo Método “Case-Based Planning” 
introduzindo os Princípios do Eco-design. Florianópolis, 2006. 
 
SATTLER, Miguel A. HABITAÇÕES DE BAIXO CUSTO MAIS SUSTENTÁVEIS: A 
Casa Alvorada e o Centro Experimental de Tecnologias Habitacionais 
Sustentáveis - Coleção HABITARE / FINEP - Porto Alegre, 2007. 
 
TRINDADE, Christiane A. E et al.Propriedades de Concretos Dosados com 
Resíduos de Borracha de Pneus Usados. – Anais do 49º Congresso Brasileiro de 
Concreto. Bento Gonçalves-2007

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