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Nota de Aula 4

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RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade Civil Extracontratual 
Nota de aula 4
DANO
1) Conceito:
Dano é aquilo que se efetivamente causou na esfera de direito da vítima. É pela extensão do dano que podemos mensurar a indenização, conforme art. 944, caput, CC.
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.
Podemos observar que há responsabilidade civil sem culpa, por exemplo, responsabilidade civil objetiva, mas não há responsabilidade civil sem dano, vez que se não houver dano, não há indenização devida.
Nesse sentido, vislumbra-se que o dano é consequência lesiva da conduta do agente ao patrimônio econômico ou moral de outrem.
DANO E SUA IMPRESCINDIBILIDADE
O dano é pressuposto de todas as responsabilidades, inclusive da responsabilidade objetiva, vez que o único pressuposto prescindível desta é a culpa.
Nesse sentido, para que haja responsabilidade, deverá haver dano, conforme se demonstra nos arts. 186, CC c/c 927, caput, CC.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Sendo assim, se eu ultrapasso o sinal vermelho, mas não colido com nenhum veículo, não haverá responsabilidade, vez que o dano esteve presente.
Se não há dano, não há responsabilidade civil.
2 – ESPÉCIES DE DANO:
2.1 – Dano Patrimonial ou Material:
O patrimônio é o conjunto de bens (corpóreos ou incorpóreos) de uma pessoa. 
O dano poderá diminuir o patrimônio de uma pessoa ou, por exemplo, impedir o seu crescimento (danos emergentes e lucros cessantes).
Por fim, vale mencionar que o valor da reparação dos danos materiais poderá ser atualizado, conforme Súmula 562, STF. 
Súmula 562, STF. Na indenização de danos materiais decorrentes de ato ilícito cabe a atualização de seu valor, utilizando-se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices de correção monetária.
a) Dano Emergente: 
Define-se no que a vítima efetivamente perdeu, ou seja, culmina em diminuição imediata do patrimônio da vítima. 
Por exemplo, colisão entre o veículo de A e veículo de B, causando, assim, perda total do veículo da vítima B.
Por exemplo, meu vizinho que, imprudentemente (saiu e esqueceu algo no forno), causa incêndio no seu apartamento e o a proporção do fogo atinge o meu.
b) Lucro Cessante:
Define-se como o que o agente deixou de ganhar. Possui efeitos futuros e mediato.
O lucro cessante não é baseado em dados hipotéticos, vez que haverá razoabilidade para mensurá-lo, não se confundindo, portanto, com o dano imaginário (hipotético) ou dano remoto.
Por exemplo, taxista que estava trafegando normalmente e um carro colide em sua traseira. Desse modo, o veículo deverá passar 2 (duas) semanas na oficina, ou seja, o taxista deixará de trabalhar por duas semanas, vez que não há disponibilidade de carros para utilização.
Sendo assim, deverá ser analisado o quanto em média o taxista lucrava por dia e multiplicar pelos dias que ele trabalhava efetivamente.
Nesse sentido, há que se falar um pouco da teoria da diferença, vez que esta visa realizar uma avaliação concreta do dano, não sendo o dano, portanto, aferido de forma abstrata.
Desse modo, o dano deverá ser vislumbrado por meio de um juízo hipotético, havendo uma comparação da situação da esfera do direito já violada e da situação a esfera do direito antes de ser violada.
DEFINIÇÃO DE DANOS EMERGENTES E LUCRO CESSANTE NO CASO CONCRETO
Por exemplo, cirurgião que estava correndo pela manhã e é atropelado, tendo que passar por cirurgia e fisioterapias, ficando parado 2 (dois) meses ante a situação exposta. 
O que ele deixou de lucrar nesses dois meses será configurado como lucro cessante e o que ele gastou efetivamente, por exemplo, cirurgia e sessões de fisioterapia se configuram como danos emergentes, conforme art. 402, CC.
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
	
c) Dano Direito:
O Código Civil trouxe a teoria do dano direto ou imediato, vez que a conduta do agente, em regra, deverá gerar direta e imediatamente o dano, não sendo responsabilizado, em regra, por danos que vierem a ocorrer posteriormente ao fato, salvo se houver relação de causalidade, conforme art. 403, CC. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Por exemplo, atropelamento e, consequentemente, a morte da vítima em razão da não disponibilidade de médicos suficientes para atendê-la. 
Sendo assim, o agente responderá apenas pelos danos causados em decorrência do atropelamento e não por sua morte, vez que se torna causa relativamente superveniente, ou seja, produz o resultado por si só, quebrando, assim, o nexo de causalidade.
2.2 – Perda de uma Chance:
2.2.1 – Conceito:
Define-se como a perda da probabilidade de ter lucro ou evitar um dano.
2.2.2 – Como aferir/avaliar a perda da chance:
Quando se fala em perda de chance, há que se verificar a certeza do dano, vez que se este for hipotético, não caberá reparação.
Desse modo, para se aferir a perda da chance devemos vislumbrar dados que possibilitem a certeza do dano, não podendo servir como base de aferição dados hipotéticos. Ademais, ressalta-se novamente que o dano deve ser real e certo, não sendo suficiente a mera possibilidade de dano.
Sendo assim, o grau de probabilidade é que possibilitará a conclusão do quantum indenizatório.
2.2.3 – Exemplos:
Trazemos o exemplo de Silvio de Salvo Venosa: 
Assim, por exemplo, como em caso concreto que julgamos, há efetiva perda de chance para engenheiro jovem que, vitimado por atropelamento, torna-se tetraplégico: evidente que no seu mercado de trabalho nunca obteria o mesmo salário de um engenheiro sadio. (VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil – Responsabilidade Civil. 14. Ed. – São Paulo: Atlas, 2014, p. 44)
Nesse caso, a indenização deverá ocorrer pela perda da oportunidade de vantagem e não pela perda da própria vantagem.
Por exemplo, deixar de recorrer da sentença por negligência do advogado, causando, assim, o trânsito em julgado da mesma.
2.3 – DANO MORAL:
2.3.1 – Conceito:
Define-se como dano que atinge o ânimo psíquico, moral e intelectual de outrem, atuando nos direitos de personalidade, por exemplo, direito à dignidade da pessoa humana, incluindo a imagem, honra subjetiva ou objetiva, intimidade, privacidade, liberdade.
Antes da Constituição de 88, o dano moral não era reparado, passando a ser após o seu advento, bem como com a origem do Código Civil de 2002 que prevê a reparação dos danos morais causados por atos ilícitos, conforme art. 186, CC e art. 927, CC.
Ademais, tornou-se necessária a previsão de cumulação dos danos, podendo, portanto, haver cumulação de danos morais, materiais e estéticos na mesma ação, conforme Súmula 37 e 387, STJ.
2.3.2 – Dificuldades:
A grande dificuldade dos danos morais é a forma compreender a extensão do dano, vez que é algo interno. Desse modo, dificulta-se estipular um valor adequado à reparação do dano sofrido.
Entretanto, com o advento do Novo Código de Processo Civil, o dano moral deverá vir estabelecido pela própria vítima, servindo como uma diretriz para o juiz, cabendo ao mesmo condenar ao pagamento do valor dos danos morais ou não, mas sempre respeitando o limite do que fora pedido, conforme art. 292, V, CPC/15.
Art. 292.  O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;
Sendo assim, não cabe mais ao juiz realizar o arbitramento do valor dos danos morais, mas a parte já estipular o valor dos danos morais, ficando a critériodo magistrado a concessão ou não.
Ressalta-se que o valor dos danos morais não pode estar previsto em tabelas ou não pode ser consolidado em preços fixos, vez que isso engessaria/limitaria o valor que seria atribuído pela parte prejudicada, conforme Enunciado nº 550 da VI Jornada de Direito Civil. 
Enunciado nº 550. A quantificação da reparação por danos extrapatrimoniais não deve estar sujeita a tabelamento ou a valores fixos
2.3.3 – Configuração dos Danos Morais:
A configuração do dano moral deverá ser analisada pelo critério objetivo do homem médio, não levando em consideração aquele que é muito sensível, que se aborrece por tudo e nem aquele que é insensível, o qual nada atinge a sua moral.
Nesse sentido, vislumbra-se que meros aborrecimentos não configuram danos morais, vez que habitualmente há casos de meros aborrecimentos, conforme Enunciado nº 159 da III Jornada de Direito Civil.
Enunciado 159 - O dano moral, assim compreendido todo dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento inerente a prejuízo material.
Sendo assim, será dano moral aquele que causa uma mudança de comportamento na vítima, um dano psíquico que causa desconforto.PODE HAVER DANO MORAL SEM CAUSAR DOR À VÍTIMA?
Poderá sim ocorrer dano moral sem que haja causado dor à vítima. Por exemplo, pessoa em coma que fora operada por erro médico e acaba tendo um membro amputado.
Nesse caso, ainda que a pessoa não esteja em condições de sentir dores, o dano se configura. Desse modo, deverá o médico reparar os danos morais causados e estéticos, conforme Súmula 387, STJ.
SÚMULA N. 387. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. 
A mora (mero atraso) ou o inadimplemento (não cumprimento da obrigação) não geram, em regra, dano moral, vez que não atingem a dignidade da pessoa humana.
****PERGUNTA***
PESSOA JURÍDICA SOFRE DANOS MORAIS?
As pessoas jurídicas possuem direitos, por exemplo, direito à imagem, à honra. Desse modo, o art. 52, CC, prevê a aplicação, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Sendo assim, corroborando com o Código Civil, o STJ consolidou entendimento nos seguintes termos:
Súmula 227, STJ. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral
Por fim, ressalta-se que a honra atingida não é subjetiva, mas objetiva. Quem tem honra subjetiva é a pessoa física.
2.3.4 Dano Moral In Re Ipsa :
Trata-se do dano moral presumido, não havendo a necessidade de sua comprovação. Desse modo, torna-se exceção, vez que o dano moral deve ser comprovado.
Podemos citar, por exemplo, inscrição indevida nos órgãos de proteção ao crédito. Vide.
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DÍVIDA DESCONHECIDA. ATO ILÍCITO INCONTROVERSO. RECURSOS DAS PARTES. APELO DA PARTE RÉ. NEGATIVAÇÃO NOS ORGANISMOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PROVA. ABALO MORAL. DESNECESSIDADE. DANO IN RE IPSA. É assente na jurisprudência que a inscrição indevida do nome da vítima nos cadastros de mau pagadores dá ensejo à indenização por danos morais, independente da demonstração dos prejuízos, porque são presumidos. QUANTUM INDENIZATÓRIO. INSURGÊNCIA COMUM. VALOR QUE DEVE SER ARBITRADO EM CONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. ELEVAÇÃO QUE SE IMPÕE. O quantum indenizatório arbitrado deve ter o efeito pedagógico, pois deve servir para evitar a reincidência, desestimulando novas práticas ilícitas, além de possibilitar uma satisfação compensatória à vítima, obedecendo aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, sempre evitando o enriquecimento ilícito. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. ACOLHIMENTO. ARBITRAMENTO QUE DEVE SER CONDIZENTE COM O § 3º DO ART. 20 DO CPC. Os honorários advocatícios devem ser arbitrados de forma que remunerem com dignidade o profissional que ofertou seus conhecimentos técnicos e seu tempo na ação. RECURSO AUTORAL PROVIDO E DA RÉ IMPROVIDO.
(TJ-SC - AC: 20160048683 Turvo 2016.004868-3, Relator: João Batista Góes Ulysséa, Data de Julgamento: 17/03/2016, Segunda Câmara de Direito Civil)
Ademais, vale ressaltar que a presunção é juris tantum, ou seja, relativa, podendo a outra parte provar que a inscrição fora devida.
2.3.5 – Prova do Dano Moral
Regra geral, o dano moral não pode ser presumido, salvo nos casos de dano moral in re ipsa. 
Desse modo, parafraseando Silvio de Salvo Venosa, o juiz precisa utilizar muito mais do que máximas da experiência, pois, não há que se falar em análise objetiva de um dano subjetivo, vez que deve ficar consolidado que a conduta do ofensor gerou determinado dano e, portanto, este deverá ser indenizado.
2.3.6 – Legitimidade para Requerer Danos Morais
Regra geral, a legitimidade é de quem fora ofendido, ou seja, de quem sofreu o dano.
Entretanto, há casos em que o agente falece, passando a legitimidade para os seus herdeiros, conforme art. 20, parágrafo único c/c art. 943, CC.
Art. 20. (...)
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Sendo assim, o legitimado para requerer indenização não é o espólio, mas o herdeiro do falecido. Vide texto complementar.
2.3.7 – Transmissibilidade do Dano Moral
Há três posicionamentos sobre a transmissibilidade ou não do direito à requerer o dano moral.
O primeiro posicionamento versa sobre a impossibilidade da transmissão do direito moral, vez que se trata de honra subjetiva, extinguindo-se quando o titular morre.
O segundo posicionamento é o da transmissão condicionada, por exemplo, quando o titular ingressou com a ação de reparação de danos, mas morre no trâmite, ficando os herdeiros habilitados para o regular prosseguimento do feito.
O terceiro posicionamento que, inclusive, é o adotado pelo Código Civil, conforme art. 943, é o da possibilidade da transmissão incondicionada, ou seja, mesmo que o titular/ofendido não tenha ingressado com a demanda, os herdeiros podem requerer, desde que a pretensão não esteja prescrita, conforme Enunciado 454 da V Jornada do Direito Civil.
Enunciado 454 da V Jornada de Direito Civil. O direito de exigir reparação a que se refere o art. 943 do Código Civil abrange inclusive os danos morais, ainda que a ação não tenha sido iniciada pela vítima.
O que se transmite aos herdeiros é a pretensão de exigir e não o direito moral em si, pois este, no caso, é do falecido.
2.3.8 – Dano Moral pela Morte de Filho Menor
O STF já consolidou entendimento de que o acidente que cause a morte de filho menor é indenizável. 
Desse modo, faz-se necessário vislumbrar a Súmula 491, STF.
Súmula 491, STF. É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado.
Do mesmo modo, a Terceira Turma do STJ consolidou o referido entendimento:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. MORTE DE FILHO E IRMÃO. TRÁFEGO DE TREM COM PORTAS ABERTAS. NEXO CAUSAL. CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA N. 7/STJ. PENSÃO MENSAL. MORTE DE MENOR. FAMÍLIA HIPOSSUFICIENTE. SÚMULA N. 491/STF. VALOR FIXADO. DIMINUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 83/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A Corte estadual, analisando o contexto fático-probatório dos autos, julgou procedente a ação de indenização, concluindo pela existência de nexo causal e do dever de indenizar. Assim, a alteração desse entendimento, tal como pretendida, demandaria, necessariamente, novo exame do acervo fático-probatório, o que é vedado pela Súmula n. 7 do STJ. 2. Não se conhece o recurso especial pela divergência ante a falta de similitude fática entre os acórdãos paradigmas. 3. Se a parte agravante não apresenta argumentos hábeis a infirmar os fundamentosda decisão regimentalmente agravada, deve ela ser mantida por seus próprios fundamentos. 4. Agravo regimental a que nega provimento.
(STJ - AgRg no AREsp: 610378 RJ 2014/0289996-0, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 03/03/2015, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/03/2015)
 Sendo assim, ressalta-se que, ainda que o menor não esteja exercendo atividade remunerada, o acidente que cause a sua morte deverá ser indenizável.
3 – Dano Estético
O dano estético é considerado, atualmente, como algo distinto dos danos morais.
Segundo Carlos Roberto Gonçalves: 
A pedra de toque da deformidade é o dano estético. O conceito de deformidade repousa na estética e só ocorre quando causa impressão, se não de repugnância, pelo menos de desagrado, acarretando vexame ao seu portador. (GONÇAVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Vol. 4: Responsabilidade Civil. 9. Ed. São Paulo: Saraiva, 2014, pág. 403). 
Desse modo, os danos morais são internos, enquanto os danos estéticos são externos.
Sendo assim, o próprio STJ consolidou o referido entendimento na Súmula 387, permitindo, assim, a cumulação dos danos estéticos e morais.
Súmula 387, STJ. É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Por fim, ressalta-se que os danos podem ser cumuláveis entre si, ou seja, um não exclui o outro, podendo, inclusive, do dano estético gerar outros danos. Por exemplo, caso de modelo que faz cirurgia plástica e fica deformada, perdendo o contrato, bem como pagando vários tratamentos. Da mesma conduta surgiu o dano estético e o dano material, ensejando, em determinados casos, o dano moral também.
4 – Situações Especiais
4.1 – Dano Material Reflexo ou Indireto
A relação do dano material reflexo é a seguinte: Pedro e João possuem um contrato de locação. Entretanto, Paulo com raiva de João (locatário) pôs fogo no veículo do mesmo, o qual servia como táxi. 
Desse modo, impossibilitado de trabalhar e auferir pecúnia, João não conseguiu mais arcar com os aluguéis, vez que não tinha sequer um veículo disponível para utilizar como táxi, ainda que temporariamente.
Assim, vislumbra-se que o dano causado por Paulo repercutiu, inclusive, na relação de João e Pedro, vez que o locador, no caso, Pedro, não recebeu os valores dos aluguéis, sendo este, portanto, atingido reflexamente.
Sendo assim, o terceiro atingido também possui direito de arguir reparação de danos materiais, podendo, inclusive, ingressar como assistente litisconsorcial em uma possível demanda já ajuizada pelo ofendido direto.
Por fim, outro exemplo a ser considerado é de quando a vítima de homicídio é o provedor de alimentos de filhos, conforme art. 948, II, CC. 
4.2 – Direito à Imagem e Direito à Informação
Como se sabe, não se pode falar que os direitos fundamentais são absolutos, pois, inclusive o direito à vida pode ser relativizado, claro, exceção, mas pode!
Desse modo, deve-se observar que havendo choque entre direitos fundamentais, vislumbram-se princípios, quais sejam, princípio da harmonia e o princípio da ponderação.
Se os direitos não puderem conviver entre si, exclui-se o princípio da harmonização e recorre ao princípio da ponderação, sopesando os direitos e vislumbrando aquele que se reputa predominante, conforme Enunciado 279 da IV Jornada de Direito Civil.
Enunciado 279 da IV Jornada de Direito Civil. A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações.
Ademais, o art. 20, CC, prevê a possibilidade de indenização por informações veiculadas e não autorizadas, bem como os legitimados, não esquecendo do companheiro, confirmado pelo enunciado 275 da IV Jornada de Direito Civil.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais  
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Enunciado 275 da IV Jornada de Direito Civil. O rol dos legitimados de que tratam os arts. 12, parágrafo único e, 20, parágrafo único, do Código Civil também compreende o companheiro.
Ademais, são solidariamente responsáveis o autor do escrito e o proprietário do veículo de imprensa, conforme Súmula 221, STJ.
Súmula 221, STJ. São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação 
Mesma coisa ocorre quando outros direitos fundamentais se chocarem, por exemplo, direito à informação e a privacidade.
4.3 – Morte de Filho Maior
O tempo limite para perdurar a indenização pela morte de filho maior que auxiliava no sustento da casa é até 65 (sessenta e cinco) anos do beneficiário ou do tempo de sua morte, se esta vier a ocorrer primeiro.
Sendo assim, faz-se necessário demonstrar o posicionamento do TJ – SP.
Acidente de veículo. Indenização. Colisão em cruzamento. Desrespeito à sinalização "pare". Danos emergentes. Indenização mantida, comprovada a culpa dos réus. Filho maior, que percebia salário. Família de baixa renda. Presunção de dependência econômica em relação ao filho falecido. Pensão devida no importe de 2/3 dos vencimentos do de cujus até quando este completaria 25 anos, e de 1/3, até a data em que completaria 65 anos de idade, ou até a morte do beneficiário. Precedentes do C. STJ. Limitação, contudo, ao montante fixado na origem, sob pena de inadmissível reformatio in pejus. Pensão devida até a morte da genitora, que se deu no curso do processo. Parcelas pagas de uma só vez, com juros de mora legais e correção monetária, ambos a partir de cada vencimento. Dano moral. Desnecessidade de prova. Perda de ente querido. Redução do valor a 100 salários mínimos. Juros de mora de 1% ao mês, desde o evento danoso. Súmula 54/STJ. Correção monetária a partir deste arbitramento. Súmula 362/STJ. Constituição de capital. Desnecessidade. Termo final do pensionamento já aperfeiçoado. Exclusão de doze parcelas vincendas da base de cálculo dos honorários advocatícios. Erro material. Recurso parcialmente provido, com observação
(TJ-SP - APL: 00233634620088260451 SP 0023363-46.2008.8.26.0451, Relator: Walter Cesar Exner, Data de Julgamento: 13/06/2013, 25ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/06/2013)
Ademais, reduz-se o valor da indenização quando da data em que o filho falecido faria 25 anos.
5. Prescrição da Pretensão do Direito à Reparação de Danos:
O art. 206, § 3o, V, prevê que a pretensão de reparação civil prescreve em 3 (três) anos.
Art. 206. Prescreve:
(...)
§ 3o Em três anos:
(...)
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
Desse modo, não exercendo o direito dentro de 3 anos, este prescreverá, podendo, inclusive, ser alegada como prejudicial de mérito, caso venha a ser alegada em inicial de forma intempestiva, acarretando a extinção do processo com resolução de mérito, conforme art. 487, II, CPC/15.
Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:
(...)
II- decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
(...)
Entretanto, não podemos confundir a prescrição prevista no Código Civil e a prescrição prevista no Código de Defesa do Consumidor. A prescrição prevista no Código de Defesa do Consumidor é oriunda do fato do produto ou do serviço, possuindoum prazo de 5 anos, contados a partir da ciência do dano e de sua autoria, conforme art. 27, CDC.
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
 Desse modo, o artigo supramencionado se aplica somente às relações consumeristas.
Ademais, vale ressaltar que as ações que decorrem de atos de improbidade prescrevem em 5 anos, conforme Lei 8.429/92. 
Entretanto, não se limitam a esse prazo as ações de ressarcimento por danos causados ao erário público, sendo estes imprescritíveis, conforme art. 37, § 5º, CF.
Sendo assim, faz-se necessário demonstrar as palavras de Dirley da Cunha Júnior e Marcelo Novelino.
A Lei 8.429/92 prevê os prazos prescricionais para as ações decorrentes de ato de improbidade. Assim, nos temos do art. 23, a ação por ato de improbidade prescreve em cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão, a prescrição ocorre dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com a demissão a bem do serviço público.
Porém, as ações de ressarcimento por danos causados por agente público são imprescritíveis, consoante dispões a parte final do § 5º do art. 37, CF. (JÚNIOR, Dirley da Cunha; NOVELINO, Marcelo. Constituição Federal para Concursos. 7 Ed. Salvador: Juspodium. 2016, pág. 378). 
6 – QUESTÕES
1) Julgue o item que se segue, a respeito de responsabilidade civil, indenização, dano moral e dano material. (Banca: CESPE; Órgão: TCE-PA; Ano: 2016; Prova: Auxiliar Técnico de Controle Externo – Área Administrativa)
A obrigação de reparar o dano causado não se transmite por sucessão aos herdeiros. (Certo ou Errado) Parte superior do formulário
2) Julgue o item que se segue, a respeito de responsabilidade civil, indenização, dano moral e dano material. (Banca: CESPE; Órgão: TCE-PA; Ano: 2016; Prova: Auxiliar Técnico de Controle Externo – Área Administrativa)
Como regra, o valor da indenização deve corresponder à extensão do dano material; mas excepcionalmente o juiz poderá reduzir a indenização se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano causado. (Certo ou Errado) 
Parte superior do formulário
 Parte superior do formulário
3) Segundo a legislação civil vigente: (Banca: FCC; Órgão: TJ-PE; Ano: 2015; Prova: Juiz Substituto)
Parte superior do formulário
a) a) a proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as pessoas jurídicas.
b) aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
c) apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade.
d) para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que também ocorra dano patrimonial.
e) às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral.
4) A respeito da responsabilidade civil, é correto afirmar: (Banca: FCC; Órgão: Prefeitura de Teresina-PI; Ano: 2016; Prova: Auditor Fiscal da Receita Municipal)
Parte superior do formulário
a) Caso o ato ilícito seja causado por agente incapaz, este poderá responder com o seu próprio patrimônio pelos danos que causou, de forma subsidiária em relação aos seus pais, tutores ou curadores. 
b) O dano moral tem natureza personalíssima, de modo que a legitimidade para pleitear a sua reparação é exclusivamente daquele diretamente ofendido pelo ato ilícito, vedado no ordenamento jurídico brasileiro o dano moral por ricochete. 
c) A jurisprudência predominante no Superior Tribunal de Justiça sustenta que a quebra de um contrato gera dano moral presumido (in re ipsa). 
d) Na responsabilidade civil subjetiva, o valor da indenização deve se medir pela extensão do dano causado, de modo que é irrelevante o grau de culpa para fins de fixação do montante da indenização. 
e) O caso fortuito e a força maior são excludentes da responsabilidade civil subjetiva, pois afastam a culpa genérica (lato sensu) e, assim, não se aplicam às hipóteses em que a lei impõe a responsabilidade civil objetiva.
	1- Errado
	2 – Certo
	3 – B
	4 - A
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7 – Leitura Complementar
http://www.dizerodireito.com.br/2014/01/o-espolio-tem-legitimidade-para-ajuizar.html
http://www.dizerodireito.com.br/2015/02/inscricao-do-devedor-em-cadastros-de.html
http://www.dizerodireito.com.br/2014/03/em-caso-de-indenizacao-por-morte.html (imporante)

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