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UNIVERSIDADE FERDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
RELAÇÃO ENTRE DIREITO E CONTABILIDADE
A INFLUÊNCIA DA CONTABILIDADE NO PROCESSO LICITATÓRIO
VINÍCIUS DE OLIVEIRA VIEIRA
Disciplina: DIR 204 - Instituições de Direito
Prof.a Ms. Joséli Fiorin Gomes
PORTO ALEGRE
2009�
�
Introdução
Antes de mencionar realmente o assunto a qual vou abordar neste trabalho, entraremos numa pequena visão geral sobre a importância da relação de direito com a contabilidade, para uma melhor compreensão. Temos como exemplos: 
Os impostos, suas bases, fatos geradores, estão todos abrangidos pelo Código Tributário Nacional. 
A composição do capital, sua relação com acionistas, a forma legal de administrar segundo regras das sociedades estão todas inclusas na Lei de Sociedades por Ações, etc...
Explica toda a legislação referente aos atos de comércio: livros obrigatórios, dependendo do tipo empresarial, entre eles os contábeis, registro nas juntas comerciais, espécies de crimes comuns e falimentares.
O real objetivo deste trabalho é apresentar um breve panorama na ligação entre o direito administrativo que fala sobre a lei 8.666/93, lei de licitações com o meu curso, que é a contabilidade. 	
Escolhi me focar neste assunto, que trata a importância da ligação entre a contabilidade e a licitação, porque sem dúvida não é muito abordado, sendo que é de grande relevância. Foi separadamente escolhido, para que eu pudesse ter um maior aprofundamento sobre o tema do trabalho. 
2 A relação de direito no modo geral com a contabilidade.
As relações entre a Contabilidade e o Direito são de natureza essencialmente formal e abrangem quase todos os ramos do Direito.
“O fato contábil nasce, de forma simultânea, com o fato jurídico. Os fatos são em princípio os mesmos, mas o Direito e a Ciência Contábil enfocam os fatos de uma visão diferente. O tratamento dos fatos é distinto, porque cada ciência têm a sua ordem de conhecimentos, com sistematização própria, embora com fins convergentes e complementares. Vê melhor os fatos, com visão mais universal, o profissional com conhecimentos jurídicos e contábeis.” (Newton Freitas)
No atual momento, fala-se muito da necessidade da existência de um Direito específico da Contabilidade, o denominado “Direito Contabilístico”. De fato, com o desenvolvimento das normas juridíco-fiscais e sua aplicação à Contabilidade, assiste-se a uma influência significativa do Direito Fiscal na Contabilidade, o que, de certa forma, lhe retira identidade.
Existem áreas no direito que são fundamentais para a contabilidade. Como por exemplo:
No que diz respeito ao Direito Fiscal, e em especial à fiscalidade, salientamos as diversas referências que os Códigos Fiscais fazem à Contabilidade. 
Na Legislação Tributária, a qual engloba os impostos, as taxas, as contribuições, em todas as esferas de poder que são federal, estadual e municipal, é o contador quem instrumentaliza os comandos jurídicos das diversas normas legais e complementares, determinadas pelas autoridades administrativas como obrigação acessória. 
No direito Empresarial ou Comercial que explica toda a legislação referente aos atos de comércio, criação da sociedade empresária, sua inscrição e matrículas nos órgãos públicos, desde o Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) ou Registro Civil das Pessoas Jurídicas, arquivamento e registros de seus livros, títulos e documentos; como os critérios adequados de escrituração regular e levantamento de suas demonstrações financeiras periódicas; até o tratamento a ser adotado em casos de falência e concordata, entre outras regras específicas.
O mesmo acontece na área do Direito e da Legislação Trabalhista como da Previdenciária (que juntas constituem o chamado Direito Social), sendo o Contador o primeiro a traduzir, em cálculos ou em termos operacionais, os comandos jurídicos que retratam os respectivos direitos dos trabalhadores, preenchendo os mais variados documentos, como contratos de trabalho, recibos de rescisão, folhas de pagamento, contracheques, recibos de férias, guias de INSS e de FGTS e outros instrumentos de controles indispensáveis, tanto ao benefício dos trabalhadores como ao contrário, sendo em cumprimento das obrigações empresariais.
Podemos ver que, existem várias situações do direito que invadem a contabilidade. Temos também, regras de direito civil, direito penal, direito bancário, contratual, ambiental, e tantos outros ramos que se torna quase impossível sua completa enumeração.
A Contabilidade obedece a um critério consistente e uniforme de escrituração, não apenas por determinação da Lei das Sociedades por Ações que é a Lei n.° 6.404/76, alterada pela Lei n.° 9.457/97, e agora também pelos dispositivos do Novo Código Civil, que estão nos artigos 1.179 a 1.195 da Lei n.° 10.406/02, em vigor desde 11/01/2003, mas, igualmente, em obediência aos princípios e convenções estabelecidos pelo CFC em suas Resoluções Técnicas, de modo a permitir ao Contador, seja na condição de empregado, seja na de profissional liberal, um correto procedimento no exercício de sua profissão, principalmente no que diz respeito à coleta, classificação e registro de dados oriundos dos fatos contábeis, mediante um plano de contas adequado e suficiente inclusive para implementar procedimentos das áreas de Controle Interno, Auditoria Interna ou Externa, Perícias, Apuração e Análise de Custos, Elaboração de Orçamentos, Avaliação e Controle Patrimonial é elaboração das Demonstrações Contábeis (balanços), além de outras análises econômico-financeiras nas diversas espécies de empresas.
A norma, enquanto técnica,é um dos canais através do qual se manifesta o direito. Mas nem sempre a lei é justa, e isso ocorre, até que com certa freqüência. A própria ciência da história propicia-nos claro testemunho disso: quantas vezes a Lei serviu aos tiranos ou, simplesmente, a interesses imoral de algum grupo privilegiado.
A própria Contabilidade vem sendo constantemente vitima da norma legal, seja de caráter tributário, seja de caráter civil ou comercial. Depara-se ela com uma dificuldade colossal para por em prática até mesmo seus princípios ha muito tempo sedimentados, o que quer dizer, então, das modernas teorias que vem sendo dedicadamente desenvolvidas pela doutrina, muitas já maduras, “prontas para serem colhidas e apreciadas”.
A importância desta relação é grande, que num dos artigos de Newton Freitas, fala-se que: “Todas as empresas estão obrigadas a manter contabilidade, levantar anualmente seus balanços patrimonial e o de resultados, prescreve o artigo 1.179 do Código Civil”.
3 A importância do direito administrativo, licitações, com a contabilidade.
A presença do contabilista é bastante decisiva quando o assunto diz respeito a licitações e concorrências públicas.
Para um melhor entendimento da relação de licitação, que se encontra na lei 8.666/93 (direito administrativo), com a contabilidade, vamos ver uma breve especificação de cada um deles respectivamente. 
A palavra licitação pode ser definida através de várias denotações. A maioria está ligada à idéia de oferecer, arrematar, fazer preço sobre a coisa, disputar ou concorrer.
Segundo Meirelles, pode-se definir licitação como procedimento administrativo de compras, onde a administração pública seleciona a proposta mais lucrativa e busca propiciar iguais oportunidades aos que desejam fazer acordos com algum órgão público, dentro dos padrões estabelecidos antecipadamente pela Administração, e atua como fator de eficiência e moralidade dos negócios administrativos.
Licitação significa o procedimento administrativo no qual a Administração Pública, submissa aos princípios constitucionais que a norteiam, elege a proposta de fornecimento de bem, obra ou serviço mais vantajosa para os cofres públicos.
A licitação é, via de regra, um procedimento obrigatório para as contratações de todas as entidades mantidascom recursos públicos, entre elas a Administração direta e a indireta, que tenham por objetivo obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e locações (Lei 8.666/93, arts. 1.º e 2.º e Constituição Federal, art. 37, XXI). Ficam excetuadas aqui as empresas governamentais que exploram atividade econômica (art. 173 §1.º da Constituição Federal) e as organizações sociais, por se sujeitarem ao regime jurídico próprio das pessoas jurídicas de direito privado; porém sua liberdade não é absoluta, devendo sempre respeitar os princípios que regem a administração pública.
A contabilidade tem várias definições. Porém, iremos ver algumas que são evidenciadas por escritores da Contabilidade.
Segundo CAMPIGLIA (1966:10) “a palavra contabilidade, originária do francês contabilité empregava-se para designar a arte de escriturar as contas revelando pois, o aspecto meramente instrumental da disciplina. Os autores italianos a utilizavam apenas para indicar as aplicações especializadas aos diferentes setores da atividade econômica como contabilidade mercantil, bancária, agrícola, contabilidade pública. A ciência ou a doutrina contábil dão eles o nome de “Ragioneria” no intento de sobrelevar aquela ao simples método ou à escrituração, etimológicamente porém, ambas se equivalem”.
Para FRANCO (1997:21) a Contabilidade “é a ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial”.
JACINTO (1990:26) conceitua a “Contabilidade como o estudo do patrimônio, suas variações, pelos efeitos das atividades desenvolvidas pela empresa”.
A Contabilidade permite o controle da movimentação do Patrimônio das empresas. O Patrimônio de uma empresa é movimentado em função dos acontecimentos diários, tais como compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc.
Registrando esses acontecimentos, a Contabilidade terá condições de fornecer informações sobre a situação do Patrimônio, sempre que solicitada.
Determina a Lei 8.666/93 que uma das exigências para a qualificação econômico-financeira é o balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social que são ferramentas da contabilidade, já exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação da proposta.
Para ser mais explicativo, o legislador prevê para a prova de boa situação financeira dos potenciais proponentes, a denominada qualificação econômico-financeira, cujos limites são estabelecidos pelo artigo 31 da Lei de Licitações (8.666/93). Ali, o legislador estabeleceu os critérios que devem ser acolhidos pelos administradores públicos para selecionar os candidatos que estão economicamente aptos a suportar as contratações propostas, evitando, assim, que o Estado contrate uma empresa que não conseguirá concluir o objeto contratado. Essa fase de procedimento contratual é particularmente importante para contratos de concessão, em que o futuro contratado deverá aportar recursos próprios na execução do objeto, ressarcindo-se não de pagamentos feitos pelo Estado em medições mensais, mas pela exploração do próprio serviço ou bem concedido, como nas estradas, ferrovias, portos, terminais rodoviários etc.
A outra grande prova de ligação do direito administrativo da lei 8.666/93 com a contabilidade é que, a conduta ética do contabilista e sua responsabilidade social devem prevalecer, sobretudo nos casos que implicam em gastos de recursos públicos, pois são as informações produzidas pela contabilidade que respaldam e atestam a comprovação da boa situação financeira da empresa. Além da apresentação do balanço relativo ao último exercício social, os certames usualmente exigem que a comprovação da boa situação financeira se faça pela apresentação de "índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo, vedadas a exigência de índices e valores não usualmente adotados para correta avaliação da situação financeira suficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes da licitação". Esses índices, cujo cálculo partem das demonstrações contábeis relativas ao último exercício social, são traduzidos, em geral, pela apresentação do índice de liquidez geral, índice de endividamento etc.
Numa das fases da licitação, dependendo do objeto do edital ou serviço é necessário um planilha que demonstre o que a empresa vai ter de custos com seus funcionários, encargos sociais e trabalhistas e outros. O cálculo deve ser visto com muita atenção pela pessoa responsável, que geralmente é um contador. Existem vários tipos de planilhas, mas tenho como exemplo:
É o trabalho do contabilista, bem como sua responsabilidade técnica na elaboração da contabilidade e demonstrativos, que possibilitam às empresas uma trégua no cumprimento das suas obrigações junto aos seus credores, haja vista serem os livros e demonstrações contábeis indispensáveis à obtenção de um importante benefício que poderá ser concedido às empresas que passam por dificuldades em saldar suas dívidas - a concordata. Muitas empresas que circunstancialmente passam por situações financeiras difíceis, conseguem sobreviver, pagar suas dívidas, manter empregos, conquistas sociais e voltam a crescer amparadas por uma concordata.
Sobre crimes na administração pública. Uma das atividades privativas do profissional formado em ciências contábeis é a perícia contábil. A Perícia Contábil é a verificação dos fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião.
Trabalha-se com perícias contábeis e econômicas em crimes diversos na esfera federal, e um exemplo deles é fraudes nas licitações.
Conclusão
A profissão contábil é uma atividade fundamentada em princípios, leis e outras normas decorrentes das relações sociais entre pessoas, empresas e instituições em geral, sendo, portanto, vinculada à área das ciências sociais aplicadas.
Podemos ver que o profissional contábil que atua tanto nas áreas técnicas controladas pela Contabilidade, como também nas de Auditoria, Consultoria Empresarial e Perícia Contábil - porquanto precisa o mesmo, na prática, saber aplicar devidamente os dispositivos que compõem as normas jurídicas, especialmente os comandos descritos nas legislações tributária, trabalhista, previdenciária, financeira e empresarial, entre outras, para bem desincumbir-se de sua nobre missão.
Vimos que na licitação, conforme previsto na lei 8.666/93 que na parte de qualificação econômica financeira, é necessário alguns documentos da contabilidade que são fundamentais para dar continuidade à empresa no certame. Que são, o balanço patrimonial e demonstrações contábeis, capital social, índice de liquidez e outros.
Sendo assim, comprovando a boa situação financeira da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais.
REFERÊNCIAS
ANGELICO, João. Contabilidade Pública. Atlas, 8ª Edição. 
KOHAMA, H. Contabilidade Pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
CAMPIGLIA, Américo Oswaldo. Contabilidade Básica. Ed. Universidade de São Paulo SãoPaulo,1966.
FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral 23 ed. Ed. Atlas. São Paulo, 1997. 
JACINTO, Roque. Contabilidade Geral. São Paulo: Ática, 1990.
MAGALHÃES, Antônio de Deus farias et al. Perícia Contábil: Uma abordagem teórica, ética, legal, processuale operacional, Casos Praticados. São Paulo: Atlas, 2001.
Revista Contábil & Empresarial Fiscolegis, 27 de Agosto de 2008.
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES – Site:
www.planalto.gov.br
www.newton.freitas.nom.br

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