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SÍNDROME NEFRÓTICA – Dra. Alba Brandão É um conjunto de sinais e sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem quando, por alguma razão, ocorre aumento patológico exagerado da permeabilidade dos gromérulos às proteínas, levando à uma proteinúria maciça. Proteinuria maciça define, isoladamente, síndrome nefrótica Perda de proteína na urina ocorre pelo aumento da permeabilidade dos glomérulos por algum fator etiológico. Tríade Clássica: Proteinuria maciça > 3,5g em 24h em adulto e 50mg/kg/dia em cça Se pct com proteinuria subnefrótica ou não-nefrótica = até 3g biopsia + investigação p outras causas Hipoalbuminemia Edema anasarca = Edema + Serosite (Ascite, Derrame pleural, Derrame percartico, hidrocele) Associado à: Hiperlipidemia/lipidúria – dislipidemia Achado no EAS de cor de ac. Graxos Mecanismo de Retenção das proteínas O glomérulo tem as células epiteliais, que possui duas barreiras: mecânica e elétrica. A barreira mecânica é o tamanho dos poros e a elétrica é a carga. O epitélio e a proteína possuem cargas negativas Barreira epitelial íntegra não filtra proteína, pois se repelem as cargas. Quando há lesão, há tanto aumento dos poros quanto perda da carga elétrica da barreira glomerular, escapando proteína para os polos urinários. Estados de deficiência de proteica Perda de albumina na urina edema, ascite, derrame pleural, dislipidemia, perda de antitrombina III Pcts portadores de Sd. Nefrotica tem tendência a ter trombose. Perda de fator B ou sistema alternado do complemento, o que desfavorece opsonização bacteriana (permitiria menos infecção). Pct nefrotico com hipotireoidismo redução do T3 e T4 pela diminuição da globulina ligadora da tireotoxina Deficiência de cobre pela perda de ceruloplasmina Perda de IgG aumento de infecções Diminuição da Lecitina colesterol-aciltransferase hiperlipidemia Fisiopatogenia – teorias da formação do edema Underfiling – desidratado (devido a diminuição do volume arterial efetivo): Proteinúria maciça hipoalbuminemia diminuição da pressão oncótica diminuição do volume plasmático efetivo diminuição do vol. Arterial efetivo desidratado Ativação do SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA + SN Simpático + ADH (vasopressina) Retenção de SODIO E AGUA EDEMA OSMÓTICO Overfiling – Teoria da sobrecarga Retenção primária renal de SÓDIO de etiologia desconhecida Aumento do volume plasmático arterial Hipoalbuminemia EDEMA PRESSÓRICO Quando estamos diante de um paciente com S. Nefrótico essas duas terorias podem estar superpostas, não conseguimos saber se ele esta desidratado, normovolêmico ou hipervolêmico. Hiperlipidemia – não vai entrar em detalhes Sintese hepática aumentada, aumentando VLDL, IDL, LDL Diminuição da atividade lecitina-colesterol-acetiltransferase responsável pelo HDL remoção do colesterol hepático prejudicada aumento da aterogenicidade Pct sujeito a dislipidemia (^ de colesterol e triglicerídeo), maior tendência aterogenicidade e trombose Disturbio da hemostasia Tendência à trombose por Diminuição da antitrombina III Aumento do fibrinogênio, do fator 8 e da proteína C e S Complicação Tromboembólica Trombose veia renal É a complição mais comum e mais presente na glomérulonefrite membranosa Tromboembolismo pulmonar Trombos V. cava aa. Axilar V. Iliaca VD e embolismo pulmonar maciço aa. periférica por necrose isquêmica aa. Coronariana Trombose de veia renal e Membros inferiores locais mais comuns O tratamento para paciente com S. Nefrótica e com trombose é Clexane em dose terapêutica 12/12h e ASS 100mg 1x/dia. Quando devemos suspeitar de trombose da veia renal (Falou que cai muito em prova de residência) Hematúria macroscópica Mudanças no padrão de proteinúria (fica mais nefrotico) Redução inexplicada do débito urinário (podendo evoluir com anúria) Assimetria do tamanho e/ou função dos rins Varicocele do lado esquerdonos homens DOENÇAS Glomerulopatias Primárias que cursam com Sd. Nefrótica (ela falou que tem que saber, é questão de PROVA) Patologias que acometem o glomérulo, ou seja, que acomete alguma das membranas da barreira de filtração do glomérulo. 1. Doença de lesão mínima (DLM) 2. Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) 3. Glomerulopatia membranosa (glomerulonefrite por lesão mínima) 4. Glomerulonefrite membrano-proliferativa Glomerulopatias Secundárias – associadas a: Diabete, lupus eritematoso sistêmico, hepatite C/B, SIDA, sífilis, drogas, amiloidose, neoplasias Na investigação de todo paciente nefrotico, para o medico dizer que ele tem uma doença primaria é necessário solicitar toda a sorologia. PEDIR: complemento (C3, C4, Ch50), FAN anti-DNA, sorologias para Hepatites B e C, sorologia para mononucleose, toxoplasmose ,citomegalovírus, HIV, VDRL, screening neoplasias em pacientes acima de 50 anos, glicemia e hemoglobina glicada. Questão de PROVA: Qual exame para diagnostico definitivo de doença glomerular excluindo as lesões secundárias? Biopsia Renal (histopatológico) Epidemiologia Predominante nas faixas etárias; Infância – DLM > GESF > Outras glomerulopatias Adultos Jovens– GESF > Membranosa Idosos – Membranosos DOENÇA POR LESÃO MINIMA (DLM) (NEFROPATIA POR LESÃO MÍNIMA E NEFROSE LIPOIDE) É responsável 80% síndrome nefrótica em crianças e 20% em adultos 1-6 anos e 70% sexo masculina Na bipsia renal o histopatológico normal, só tem alterações na microscopia eletrônica. Única alteração era a presença de depósitos lipídicos nas células dos túbulos proximais Patogenia – hipóteses: Perda da carga negativa da barreira glomerular, originando um tipo seletivo de proteinúria. Perda da barreira elétrica de carga. Perde principalmente albumina pois ela tem carga negativa. Reincidência sugere a presença de um fator circulante que neutraliza a carga negativa glomerular. Doença de linfócitos T – secretam alguma citocina que age sobre os podócitos, inibindo a síntese dos poliânicos responsáveis pela barreira de carga. A apresentação clínica clássica Sem hipertensão arterial ou hematúria Com função renal conservada Podendo ser precedida por infecção inespecífica de vias aéreas ou por infecção viral. Hipertensão diastólica( HAD) de 10%das crianças e 30% dos adultos Hematúria microscópica 30%. Diferente da síndrome nefrítica que tem na tríade clássica: 100% hematúria microscópica, edema e hipertensão. Etiologia Primária IDIOPÁTICA (a grande maioria) Secundária Doença de Hodgkin (principal) Micose Fungóide, Sífilis, AIDS, Drogas: AINEs, sais de ouro, rifampicina, metimazol, interferon, lítio Patologia Histopatológico normal – A microscopia optica está normal Na microscopia eletrônica fusão dos podócitos (células epiteliais do glomérulo) – microscopia eletrônica alterada. OBS: Barreiras de filtação do glomérulo: 1º - célula epitelial 2º – Membrana Basal 3º- Célula endotelial. Curso Clínico e Tratamento Doença é marcada por períodos de remissão e atividade Dramática resposta aos corticoides 90% dos pacientes com DLM respondem a melhora da proteinúria em 4-8 semanas após o início da corticoterapia (prednisona) A maioria dessas doenças glomerulares é tratada com corticoide, por conta do intenso processo inflamatório glomerular. Recidivante frequente indivíduo que responde a corticóide, mas apresenta 2 recidivas nos primeiros 6 meses após a resposta inicial ou tem 4 recidivas ao longo de um ano. Nesses casos, se usa imunossupressores e não corticoide. A 1ª escolha é ciclofosfamida, seguido de ciclosporina Córtico-dependência é definida como 2 recidivas consecutivas que ocorrem durante o tratamento ou nos 14 dias após à conclusão da corticoterapia. Pct dependente do corticoide. Quando o medico começa a diminuir a dose o paciente fica nefrótico de novo. Córtico-resistência com 16 semanas de uso da droga em dose plena GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL (GESF) 10 a 15% em crianças e em torno de 30% em adultos Adulto jovem homens negros – curso clínico maisgrave Atualmente é a causa mais comum se SN idiopática no adulto CURSO CLÍNICO Secundária 5% - A principal patologia que cursa com GESF é o HIV. Paciente com AIDS perdendo proteína na urina principal hipótese é GESF. 95% é idiopática, é primaria. 66% Apresenta uma proteinúria não neurótica 33% Proteinúria nefrótica 40% a 50% responsiva a glicocorticoide e 50% a 60% resistente a glicocorticoide. Esses paciente evoluem para dialise. PATOGENIA FORMA PRIMARIA Tem a potogenia parecida com a lesão mínima Às vezes a lesão mínima evolui para a GESF Distúrbio do linfócito T, que secretam uma citoquina, responsável pela lesão do epitélio visceral glomerular (podócitos). A lesão é mais grave afetando a arquitetura das fendas de filtração. Esclerose se refere ao acúmulo de material homogêneo não fibrilar, levando ao colapso de alças capilares glomerulares Na GESF este material é hialino, derivado de proteínas plasmáticas que extravasam pelo epitélio visceral lesado. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DA GESF (através da biopsia renal) Formas primárias: a forma variante colapsante, presente nos portadores de HIV, evolui para diálise em 2 a 3 meses. Secundárias Sequela direta de doença glomerular focal necrotizante: - Glomerulonefrite do Lupus ( LES) - Nefropatia por IgA - Vasculite necrotizante Resultado de sobrecarga fisiológica: - Nefropatia por refluxo - Nefroesclerose Hipertensiva - Anemia falciforme Resultado de Vasodilatação renal: - Obesidade. Está muito atual levando à doença glomerulares, além da síndrome metabólica Origem não esclarecida: - HIV Variante colapssante é a mais comum - Heroína - Neoplasias (Principalmente lifoide) GESF é a forma mais comum de síndrome nefrótica em indivíduos negros. Nesta população e em particular em pacientes HIV, a evolução para uma forma colapsante de evolução rápida para rim terminal é frequente. (rim terminal = classe V na classificação de IRC, com filtração glomerurar <15 ml/min/dia. E a uriana é o ultrafiltrado do plasma). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Início súbito Pode ter apresentação de síndrome nefrótica clássica ou não A maior parte da forma secundária início insidioso Proteinúria do tipo não seletiva. Tem alteração tanto da barreira elétrica de carga, quanto da barreira dos poros. HAS ( importante causa de HAS secundária em adultos) Hematúria microscópica Complemento sérico normal, complexos imunes circulantes em 30% dos casos e os níveis de IgG estão diminuídos. CURSO CLÍNICO O curso da doença é variável. Pacientes que não respondem a tratamento tendem a evoluir para insuficiência renal crônica dialitica (30 a 63%). Os pacientes não-tratados apresentam uma evolução semelhante à dos que não respondem a tratamento. São considerados como fatores de mau prognóstico: Creatinina sérica inicial aumentada; Fibrose intersticial; Hipertensão arterial sistêmica; Proteinúria de nível nefrótico; Ausência de resposta a tratamento. TRATAMENTO Tratamento conservador para todos os pacientes proteinuria subnefrotica Manter PA < 125/75, IECA ou BRA, Estatina, evitar dieta hiperproteica SN Sintomatica, alto risco de complicações: Todos os itens do tratamento conservador Prednisona 1mg/kg/dia por 6-8 semanas com subsequente redução da dose, avaliando critérios de remissão Terapeutica alternativa para os pacientes resistentes ao corticoide: Ciclosporina oral 4-6mg/kg/dia 4-6semas Ciclosfosfamida 2mg/kg/dia 2-4meses Micofenolato de mofetil GLOMERULONEFRITE MEMBRANOSA A GNM é doença de instalação insidiosa Sexo masculino (60 a 70%) Idade média oscilando entre 45 e 50 anos Parece haver predomínio da raça branca CAUSA Idiopática Secundária: Infecciosa Hepatite B (principal) Hanseníase, Síflis, Esquistossomose, Malária, Outros; VHC, Filariose Neoplasica (pulmão, mama, cólon, gástrico, renal) Colagenoses: LES (nefrite lupica tipo V) PATOGENIA 70% HLA classe II DR3 Depósito granular de imunocomplexos Reação de anticorpos circulantes com antígenos glomerulares nativos com formação de complexo imune in situ Reação de anticorpos circulantes contra antígenos planados no glomérulo Ativação do sistema complemento com formação de complexo de ataque a membrana (MAC) QUADRO CLÍNICO E LABORATORIAL 80% SN e 30% proteinúria não nefrótica Proteinúria não seletiva Hematúria microscópica 50% e HAS Trombose de veia renal é mais com na GM Complemento sérico normal DIAGNÓSTICO Biópsia renal Espessamento difuso da membrana basal capilar, com presença de espículas. (impregnação pela prata) Depósitos subepiteliais de material elétron-denso em paciente portador de GNM, estádio II Depósitos granulares de IgG ao longo da membrana basal glomerular em paciente portador de GNM INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA FAN, complemento sérico, Anti-DNA HBsAg, anti-HC, VDRL RX de tórax, US abdominal, sangue oculto nas fezes > 50 anos: mamografia e colonoscopia Área endêmica: esquistossomose e malária CURSO CLÍNICO 10-20% remissão espontânea 20-45% remissão espontânea parcial, mantendo nível de proteinúria de 200mg- 2g sem evoluir para insuficiência renal 40-50% apresentam perda progressiva da função renal Remissão parcial é quando o paciente chega no consultório com 4000mg de proteína de 24horas (normal é até 150mg) tratou com corticoide, dosou de novo e a proteinuria cai para 1000mg. Paciente não esta mais inchado, não esta nefrotico tratou a doença, mas ficou com proteinuria residual que vai ser 300mg ate 1-2g. Proteinúria >= 400mg. (depende da literatura: 200/300mg já considera) A remissão completa é a proteinuria < 200mg em 24horas. Mal prognóstico Sexo masculino Idade avançada Hipertensão Proteinúria maciça persistente Hipoalbminemia significativa Hiperipidemia Insuficiência renal no diagnóstico Esclerose focal Lesão túbulo-intersticial associada na biópsia TRATAMENTO O tratamento deve ser feito com o esquema de pontecele (dura 6 meses) Pulsoterapia com metilprednisolona no 1º, 3º e 5º meses de tratamento. Fazer 1g durante 3 dias e manutenção com prednisona 0,5 mg/kg/dia VO durante 28 dias. Alternado com a droga citotóxica escolhida (ciclofosfamida VO ou EV) no 2º, 4º e 6º meses, num total de 6 meses de tratamento. Se for VO fazer todos os dias, se for EV 1 dose por mês. GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA Caracteriza-se pela proliferação de células em torno das alças glomerulares, ou seja, no mesângio. Espessamento em duplo-contorno da parede do capilar glomerular Predominante em indivíduos jovens (70% < 30 anos) Sexo feminino (52-58%) – única que predomina no sex fem A presença de infecções de vias aéreas superiores antecedendo o aparecimento da GNMP, segundo relatos, varia em torno de 40%. CLASSIFICAÇÃO GNMP tipo I: Imunodepósitos subendoteliais de IgG e C3 GNMP tipo II (doença do depósito denso (DDD)): Ausência de imunoglobulina, mas com depósitos eletrodensos no interior da membrana GNMP tipo III: Depósitos subepteliais se comunicando com os depósitos subendoteliais através de fenestras ou ruturas na membrana Idiopática (pior prognóstico e não tem tratamento) - Tipo 1 (depósitos subendoteliais) - Tipo 2 (DDD) Infecciosa - Hepatite C - Endocardite infecciosa - Lupus (colagenose) - Crioglobulinemia (outras) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS SN na primeira consulta ocorre entre 40 e 70% dos pacientes 20% apresentam síndrome nefrítica aguda Hematúria e proteinúria assintomática 15-30% 5 e 10% procuram atendimento médico devido a hematúria macroscópica recorrente. A síndrome nefrítica aguda ocorre com maior frequência em indivíduos jovens. HAS 40 e 75% 25% apresetam IR. Pacientes com IR grave na primeira consulta devem ser estudados no sentido de excluir outras causas, que não a lesão glomerular, como responsável pela queda da filtração glomerular, como por exemplo necrose tubular aguda associada. BIOPSIA Tufos capilares em “trevo” Proliferação de células mesangiais Duplo contorno da membrana Deposição linear de material elétron-denso ao longo damembrana basal glomerular em paciente portador de GNMP tipo II Deposição granular de IgG ao longo da membrana basal glomerular e na região mesangial em paciente portador de glomerulonefrite membranoproliferativa MAL PROGNÓSTICO Insuficiência Renal HAS Síndrome nefrótica Crescentes e lesões túbulo intersticiais na biópsia TRATAMENTO Reservado para pcts com proteinuria nefrótica Podem não responder a cortoterapia em altas doses Manter por 6m a 1a de corticoide Prognostico muito ruim, eles evoluem quase sempre para doença renal crônica e o tratamento a maioria não respondem. Quais as glomerulopatias que evoluem com complemento sérico baixo (hipocomplementenemia)? Membranoploriferatva idiopática Nefrite lúpica (em qualquer classificação) Endocardite bacteriana Crioglobulinemia mista GNDA (glomerulonefrite difusa aguda) é a pós-infecciosa (C3 baixo)
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