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Geovana Sanches, TXXIV GLOMERULOPATIAS A síndrome nefrítica e a síndrome nefrótica representam diferentes respostas clínicas e labotatoriais de danos glomerulares, os quais são chamados em conjunto de glomerulopatias. Elas podem coexistitr dentro de uma determinada agressão. As glomerulopatias podem ser doenças primárias, ou seja, provenientes do próprio rim, ou secundárias, quando decorrentes de doenças sistêmicas que cursam com agressão glomerular. Primárias Secundárias Hereditárias GN proliferativa difusa aguda Lúpus eritematoso sistêmico Síndrome de Alport GN rapidamente progressiva Diabetes mellitus Doença da membrana basal fina Glomerulopatia membranosa Amiloidose Doença de Fabry Lesão mínima Síndrome de Goodpasture Glomeruloesclerose segmentar focal Poliartrite nodosa GN membranoproliferativa Granulomatose de Wegener Nefropatia por IgA Púrpura de Henoch- Schonlein GN crônica Endocardite bacteriana O exemplo mais característico de glomerulonefrite proliferativa difusa aguda (GNDA) é a glomerulonefrite pós-estreptocócica, a qual atinge principalmente crianças pré-escoloras e escolares após faringoamigdalites. A glomeruloesclerose segmentar focal (GESF) é a principal causa de síndrome nefrótica e a nefropatia por IgA é a que mais vem crescendo no mundo. Dentre as secundárias, as duas mais importantes são o LES e o DM. A amiloidose normalmente está relacionada a processos inflamatórios crônicos e a síndrome de Goodpasture consiste numa síndrome pulmão- rim, na qual há comprometimento dos vasos do glomérulo e dos capilares. Dentre as causas hereditárias, a principal é a Síndrome de Alport, a qual cursa com diminuição da acuidade auditiva. ESTRUTURA GLOMERULAR O glomérulo é a estrutura renal em que ocorre a filtração do sangue, o qual chega pela arteríola aferente e, após a filtração, deixa essa es- -trutura através da arteríola eferente. O ultrafiltrado formado vai inicialmente para a cápsula de Bowman e, em seguida, é encaminhado para o sistema tubular. A membrana basal glomerular é semipermeável, ou seja, há seletividade para passagem ou não das substâncias. Isso se dá por duas barreiras: elétrica e mecânica, sendo que para que o sistema funcione, ambas devem estar íntegras. As células podocitárias apresentam poros por onde as substâncias deixam o capilar e atingem o espaço de Bowman. Os poros têm diâmetro médio de 6 a 7 mil daltons e substâncias maiores do que isso não são capazes de passar, determinando a barreira mecânica. Além disso, a membrana basal glomerular é composta por proteoglicanos e possui carga negativa, de forma a repelir outras substâncias com carga negativa, o que determina a barreira elétrica. A albumina, principal proteína circulante não deve atravessar essa barreira tanto por bloqueio elétrico, quanto mecânico (apresenta tamanho maior que o das fendas de filtração). Por Geovana Sanches, TXXIV isso, presença de albuminúria é um grande marcador de dano glomerular. PROTEÍNAS Aceita-se como limite superior da normalidade a excreção urinária de até 150 mg de proteína ou 30 mg/g de creatinina. As proteinúrias podem ser classificadas como: • Proteinúrias glomerulares: perda predominante de albumina; • Proteinúrias tubulares: perda de proteínas de baixo peso molecular, tais como ß-2- microglobulina, proteína transportadora de retinol (RBP), lisozima e Tamm-Horsfall. Mecanismos de proteinúria • Alteração da carga elétrica da membrana capilar glomerular • Alteração do tamanho e/ou número de poros HEMÁCIAS Os valores considerados normais para hemácias na urina são de abaixo de 10.000 células por mL ou de 3 a 5 células por campo. A presença de valores acima disso determina hematúria (presença de sangue na urina), sendo necessário rompimento de vasos para que isso ocorra. Dentre as possíveis causas para isso estão: • Doenças glomerulares: quando decorrente dos glomérulos, a hematúria normalmente ocorre por glomerulonefrite. A inflamação da membrana basal glomerular leva a taxia de medidores pró-inflamatórios, os quais promovem vasodilatação. A partir do rompimento do vaso, a hemácia passa para o espaço de Bowman e altera sua forma. Com isso, há hematúria com dismorfismo eritrocitário urinário. • Cálculos no trato urinário: quando os cálculos renais deixam o rim e passam pelo ureter, rompem vasos no trajeto, levando a um processo inflamatório e hematúria. • Infecções urinárias altas ou baixas: o principal agente etiológico é a E. coli, a qual penetra no urotélio e promove lesão tecidual. Com isso, há rompimento dos vasos e conseguente hematúria. • Neoplasias: o câncer de bexinga, por exemplo, causa hematúria macroscópica, muitas vezes com coágulos. • Discrasias sanguíneas • Traumas • Contaminação: como por menstuação o Evitar realizar exame de urina I durante o período menstrual Classificação A hematúria pode ser macroscópica, principalmente quando decorrente de doença do trato urinário baixo, ou microscópica, quando não há coloração visível da urina, mas detectam-se hemácias no exame. A hematúria por glomerulonefrites normalmente é microscópica. Além disso, pode ser classificada de acordo com a presença ou não de dimorfismo etritocitário urinário. A presença do dismorfismo é bem característico das glomerulonefrites e decorre da exocitose dessas células por rompimento do vaso e alteração da forma devido ao processo inflamatório. As duas formas mais comuns são os: • Codócitos: hemácias em alvo (Mickey) • Acantócitos: hemácias com espícula Dismorfismo eritrocitário urinário São hemácias com alteração na sua morfologia, chamadas de acantócitos ou codócitos. A presença dessas hemácias na urina sugere fortemente doença glomerular. Na presença de hematúria, sempre devemos pesquisar se há ou não dismorfismo para diferenciar se a hematúria é proveniente dos rins ou do trato urinário. FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS GLOMERULARES Quando há alteração da permeseletividade do capilar glomerular, há proteinúria. Assim, a albuminúria é o principal marcador de dano glomerular, pois reflete doença glomerular que promoveu perda da barreira elétrica e mecânica. Além disso, a presença de células inflamatórias promove interposição entre a luz do capilar e o espaço de Bowman, o que cursa com diminuição do Kf (constante de passagem de solutos do capilar para o espaço de Bowman) e, consequentemente da taxa de filtração glomerular. Com a diminuição da TFG, há distúrbios na secreção sódio e água (retenção hídrica e salina), com expansão da volemia. A hipervolemia, por sua vez, ocasiona hipertensão arterial e aumento da pressão hidrostática dos capilares, o que se manifesta no indivíduo como edema (pode ser localizado ou maior, causando inclusive congestão pulmonar). Por diversas causas, esse processo inflamatório pode gerar rompimento de vasos sanguíneos e, além disso, há migração facilitada de células sanguíneas em decorrência da inflamação. Geovana Sanches, TXXIV Assim, as hemácias passam para o espaço de Bowman e podem se aglutinar no túbulo, formando cilindros (cilindrúria). A partir da fisiopatologia da doença, temos que as principais manifestações clínicas são: proteinúria, diminuição de TFG, hipertensão, edema, hematúria/cilindrúria. Síndrome nefrítica A síndrome nefrítica é caracterizada por processo inflamatório. Costumam ser doenças com quadro mais abrupto, de início rápido, caracterizado pela presença de marcadores inflamatórios. O processo inflamatório promove perda abrupta da superfície de filtração, com diminuição de Kf e, consequentemente, da taxa de filtração glomerular. Assim, há redução da excreção de líquidos, pequenos solutos e eletrólitos (Na+), gerando hipervolemia. Esta se manifesta por hipertensão e aumento da pressão hidrostática dos capilares(edema). Síndrome nefrótica A síndrome nefrótica ocorre por um processo mais destrutivo, com menor componente inflamatório. Caracteriza-se pela alteração da carga elétrica dos proteoglicanos e perda dos poros, de forma que há aumento difuso da permeabilidade do capilar glomerular à passagem de proteínas. Assim, ocorre uma proteinúria maciça, com peras superiores a 3,5g de albumina em adultos ou 50mg/kg/dia em crianças. Com isso, há hipoalbuminemia e quadro de anasarca; normalmente não há hematúria, além de pouco ou nenhum aumento da pressão arterial. É frequente a associação entre as síndromes nefrítica e nefrótica. SÍNDROME NEFRÍTICA A síndrome nefrítica é um tipo de resposta ao dano glomerular, com quadro clínico caracterizado por início relativamente abrupto de edema, oligúria, hipertensão, hematúria com dismorfismo eritrocitário urinário, proteinúria leve a moderada e redução da taxa de filtração glomerular (pela diminuição do Kf, a depender do grau de inflamação) REDUÇÃO DA SUPERFÍCIE DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR A redução da superfície de filtração glomerular leva à insuficiência renal de intensidade variável. Além disso, caso haja inflamação, há hematúria e proteinúria. Glomérulo normal Glomérulo inflamado PATOGENIA A reação inflamatória na síndrome nefrítica é de causa imunológica e produz lesão renal por vários mecanismos: • Ativação do complemento o Os complexos antígeno-anticorpo (Ag-Ac) levam a intensa ativação e consumo do complemento. Com isso, há ligação do complemento ao glomérulo, gerando inflamação que cursa com glomerulonefrite. • Infiltração celular • Ativação dos fatores de coagulação • Produção de radicais livres de O2 Consequências da inflamação glomerular Os mediadores inflamatórios podem ocasionar a obliteração dos capilares e a ruptura desses vasos. Na imagem a direita, verifica-se o glomérulo preenchido por células inflamatórias, as quais fazem interposição entre o espaço glomerular e o capilar, com consequente diminuição de Kf e TFG. Glomérulo normal Glomerulonefrite difusa aguda • Obliteração dos capilares à redução do Kf à redução da filtração glomerular à hipervolemia e retenção de catabólitos do metabolismo proteico à hipertensão, edema, insuficiência renal (aumento da creatinina sérica) • Ruptura dos capilares glomerulares à hematúria (acantócitos e codócitos), leucocitúria estéril (por processo inflamatório e não infeccioso), cilindros hemáticos, proteinúria de leve a moderada Geovana Sanches, TXXIV o Na síndrome nefrítica, a hematúria é mais pronunciada do que a proteinúria; o Caso o processo inflamatório recrute muitos leucócitos, podem- se formar cilindros leucocitários o Normalmente está relacionada a infecção urinária, mas não é uma característica obrigatória Presença de hemácias no espaço de Bowman Microscopia eletrônica: hemácia dismórfica emitindo prolongamento através do sítio rompido do capilar glomerular Codócitos e acantócitos Cilindro hemático ETIOLOGIA: DOENÇAS RENAIS QUE PODEM SE MANIFESTAR COM SÍNDROME NEFRÍTICA • Glomerulonefrite associada às infecções o Infecção pós-Estreptocócica (pele ou faringoamigdalite), abscessos, endocardites § Crianças pré-escolares o Entre 14 a 21 dias após a infecção inicial • Nefropatia da IgA o Ocorre por processo inflamatório com deposição de IgA no glomérulo. Relaciona-se com infecções virais em que há liberação de IgA no sangue o Acredita-se que os pacientes que a desenvolvem possuem receptores para IgA no glomérulo, além da diminuição da depuração hepática da IgA • GN membranoproliferativa • GN do lúpus eritematoso sistêmico o Nefrite lúpica pode acometer até 60% dos pacientes o Nas fases 3 e 4 há resposta nefrítica § Agressão leve até quadro mais grave com proliferação difusa e perda rápida de função renal o Classe 5 é uma exceção, com quadro nefrócito, apresentando histologia membranosa • GN das vasculites renais o Principal causa de glomerulonefrite rapidamente progressiva por agressão imunológica § Perda rápida da função renal, que se desenvolve em dias o Algumas são relacionadas ao ANCA (anticorpo anti-citoplasma de neutrófilo) Classificação AS diversas possibilidades são divididas entre as glomerulopatias hipocomplementêmicas, ou seja, nas quais há consumo do completo, e glomerulopatias normocomplementêmicas, nas quais não há consumo do complemento. Glomerulopatia normocomplementêmica Essas glomerulopatias cursam com inflamação no glomérulo por mecanismo não relacionado a ativação do sistema complemento. Geovana Sanches, TXXIV • Nefropatia de IgA • Vasculite renal o Apresenta consumo de complemento em 30 a 40% dos casos Glomerulopatia hipocomplementêmica Essas glomerulopatias cursam com níveis séricos reduzidos de complemento devido ao depósito dessas proteínas no glomérulo. Isso pode se dar pela via clássica ou via alternativa, sendo que na clássica há redução do CH50, C3 e C4, enquanto na alternativa não há envolvimento de C4. Via clássica (redução em CH50, C3 e C4) Via alternativa (redução em CH50 e C3) Lúpus eritematoso sistêmico Glomerulopatia pós infecciosa (GNDA) Endocardite infecciosa Glomerulonefrite membranoproliferativ a tipo 2 Crioglobulinemia Abscessos viscerais Nefrite de Shunt Glomerulonefrite membranoproliferativ a tipo 1 Dentro as glomerulopatias com consumo do completo por via clássica, a mais importante é a nefrite lúpica. Já dentre as da via alternativa, a principal é a glomerulopatia pós-infecciosa, em especial a pós-estreptocócica. Obs.: a crioglobulina é uma proteína produzida pelo fígado principalmente em pacientes com hepatite B e C. INVESTIGAÇÃO PROPOSTA EM CASO DE SUSPEITA DE SÍNDROME NEFRÍTICA AGUDA E POSSÍVEIS ACHADOS Diante quadro clássico de síndrome nefrítica, o primeiro exame a ser solicitado é Urina I associado a creatinina e complemento para início do diagnóstico diferencial. Urina I • Hematúria macro ou microscópica com dimorfismo eritrocitário urinário • Em caso de proteinúria, realizar Urina 24h o Proteinúria pode estar presente, mas em geral é menor do que 3g/dia • Pode haver cilindros hemáticos e leucocitúria Creatinina sérica • Pode estar ou não aumentada • Se aumentada, indica TFG reduzida Complemento • Pode haver diminuição de CH50, C3 e C4 Pesquisa de doenças de base • É especialmente importante a pesquisa de lúpus eritematoso sistêmico o Glomerulopatia rapidamente progressiva Exames complementares • Clearance de creatinina • Eletrólitos séricos: o principal é o K+ • Complemento total • ASLO, hemoculturas, sorologia para hepatite B, C, HIV, FAN, ANCA o ASLO é feito quando há suspeita de glomerulopatia pós- estreptococica, mas não dá o diagnóstico o HIV normalmente cursa com síndrome nefrótica o FAN auxilia no diagnóstico de LES o ANCA relaciona-se a vasculite • Biópsia renal: é indicada quando há perda de função renal, sendo também importante no prognóstico do paciente. TRATAMENTO DA SÍNDROME NEFRÍTICA • Dieta pobre em sal, tendo em vista que os pacientes estão em retenção hídrica e salina • Diuréticos e hipotensores quando indicados • Tratamento da infecção, caso esta seja a responsável • Tratamento da inflamação o Imunossupressores § Corticoide, ciclofosfamida, ciclosporina, azatioprina, microfenolato de mofetil, rituximabe • Medidas de nefroproteção caso a GN não seja reversível e o paciente evolua para DRC o Inibidores da ECA, estatinas, anti- fibróticos, anti-oxidantes § Jamais utilizar esses medicamentos no quadro agudo, apenas para o retardo da progressão caso a DRC já esteja instalada. Geovana Sanches, TXXIV GLOMERULOPATIA DIFUSA AGUDA (GNDA): GLOMERULOPATIA PÓS-ESTREPTOCÓCICA (GNPE) A glomerulopatia pós-estreptocócicaé a principal causa de GNDA e ocorre principalmente em crianças. É caracterizada pelo acometimento renal após infecções (faringoamigdalites e piodermites) causadas por cepas nefritogênicas de estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (Streptococcus pyogenes). Há agressão tardia do glomérulo, com instalação da glomerulopatia de 14 a 21 dias após a infecção. Epidemiologia • Rara antes dos 3 anos de idade • Acomete mais meninos do que meninas (2:1) • Na faixa pré-escolar (2 a 6 anos), a GNPE é mais comum após piodermites • Na faixa escolar e adolescência (6 a 15 anos), é mais frequente após faringo- amigdalites • A frequência da doença tem diminuído nas últimas décadas. Fisiopatologia Há várias teorias fisiopatológicas, sendo que a mais aceita é que há estreptococcia que leva a formação de anticorpos no organismo. Os antígenos se ligam ao tecido glomerular renal e há formação e deposição dos imunocomplexos nos glomérulos. Associadamente, há um processo inflamatório agudo com ativação da via alternativa do complemento. A partir da proliferação de células inflamatórias e produção de citocinas (IL 2 e IL6 principamente), ocorre interposição entre o capilar e o espaço de Bowman, o que ocasiona diminuição da taxa de filtração glomerular. Com isso, o paciente manifesta oligúria (devido a menor formação de urina), além de retenção de sódio e água, ocasionando hipervolemia com hipertensão arterial, edema e possível congestão pulmonar. Com a evolução, pode ocasionar insuficiência ventricular esquerda aguda. A lesão do glomérulo decorrente do processo inflamatório leva a proteinúria de leve a moderada, cilindrúria (cilindros hemáticos e leucocitários) e hematúria com dismorfismo. Diagnóstico clínico O diagnóstico clínico depende de uma anamnese ativa, questionando infecções de vias aéreas ou pele nos últimos 14 a 21 dias, com ou sem uso de antibióticos. Os principais sinais e sintomas apresentados que levam a suspeita da doença são: • Prostação • Palidez • Náuseas e vômitos • Diarreia Febre baixa • Dor abdominal e dor em flancos • Oligúria: diurese < 0,6 ml/kg/hora o Ocorre em cerca de metade dos pacientes, a depender do grau de inflamação • Edema: geralmente é a primeira manifestação o Discreto, duro, pouco depressível, de início súbito, mais comum em face e região periorbitária (local de menor resistência), mas pode ocorrer em membros inferiores, região abdominal, genital e até anasarca § A depender do grau de hipervolemia, pode ocorrer edema agudo de pulmão, encefalopatia, etc. • Hipertensão arterial: ocorre em 70 a 90% dos pacientes e é ocasionada pela hipervolemia. Pode evoluir para emergências hipertensivas, como encefalopatia hipertensiva (5 a 10% dos casos), caracterizada por sonolência, cefaleia, vômitos, convulsões, cegueira e coma. o Tratamento com nitroprussiato de sódio IV, o qual promove venodilatação e diminuição da pré- carga; também vasodilata o segmento arterial, melhorando a pós-carga • Congestão cardiocirculatória: ICC, dispneia, B3, hepatomegalia, edema, turgência jugular Geovana Sanches, TXXIV Diagnóstico laboratorial • Urina I o Hematúria dismórfica: pode ser micro ou macroscópica, sendo que a microscópica pode demorar de 6 a 12 meses para retornar ao normal § Retorno ao normal em até 6 meses em 90% dos casos o Proteinúria: menor que 3,5g/24h. A normalização pode levar de 2 a 5 anos. o Cilindrúria: por cilindros hemáticos e/ou leucotiários • Anemia normocrômica o Decorrente da hipervolemia (mecanismo dilucional) • Aumento de ureia e creatinina • Alterações eletrolíticas o Hiponatremia: a retenção de água leva a diluição desse íon o Decorrentes da IRA § Hipercalemia § Hiperfosfatemia § Hipocalcemia § Acidose metabólica • Hipoalbuminemia o Não se dá por perda expressiva de albumina, mas sim por mecanismo dilucional. Não é tão comum • Aumento dos anticorpos contra as enzimas estreptocócicas: mostram que houve contato com a bactéria, mas não determinam o diagnóstico o ASLO: é o anticorpo mais encontrado pós-faringoamigdalite. Os títulos aumentam 10-14 dias após a infecção e se normalizam em até 6 meses § VR= até 200 UI/mL o Anti-DNAse B e Anti-hialuronidase: são anticorpos mais encontrados após infecções cutâneas o Outros: antiestreptoquinase e estrptozima • Diminuição do complemento: o complemento sempre deve ser dosado para verificar se há ou não consumo o A diminuição predominante é de C3 e CH50 (via alternativa) o C1q, C2, C4 e C5 geralmente são normais, mas podem estar ligeiramente diminuídos. o A normalização do complemento normalmente ocorre em até 8 semanas. Isso traduz diminuição da inflamação sobre o glomérulo e, caso não retorne em até 8 semanas, indica-se a biópsia renal o VR: § C3= 85 a 185 mg/dL § C4= 20 a 58 mg/dL § CH50: 65 a 145 U/mL Diagnóstico histopatológico Indicações de biópsia renal • Ausência de evidências de infecção estreptocócica • Desenvolvimento de insuficiência renal aguda ou síndrome nefrótica o Não é característico da GNPE • Oligúria por mais de uma semana o É revertida em até 5 dias normalmente • Hipocomplementenemia > 8 semanas o Indicativo de perpetuação da inflamação • Ausência de hipocomplementenemia • Doença sistêmica • Persistência de hematúria ou proteinúria acentuada Microscopia óptica • Glomérulos aumentados de volume, hipercelulares • Proliferação de células mesangiais e endoteliais • Obstrução de capilares • Presença de macrófagos e PMN Microscopia eletrônica • Presença de “humps” (patognomônicos) – depósitos eletrodensos se projetando no lado epitelial da membrana basal Imunofluorescência • Depósitos granulares, principalmente de IgG e C3 ao longo das paredes dos capilares glomerulares e no mesângio Prognóstico • 90% dos pacientes recuperam-se completamente Geovana Sanches, TXXIV o Adultos raramente desenvolvem a doença, mas caso isso ocorre, até 25% acabam cronificando • Os demais podem complicar com glomerulopatia rapidamente progressiva (GNRP), proteinúria crônica, glomeruloesclerose focal e IRC • As glomerulonefrites associadas as infecções cutâneas têm melhor prognóstico que as associadas as IVAS • Recorrências são raras o O fato da criança desenvolver a GNPE uma vez não leva a maior chance de glomerulopatia em caso de nova infecção. Não é indicada profilaxia. Tratamento Cuidados gerais • Peso diário o Caso o ganho de peso por edema seja muito grande, pode-se dar diurético com meta de redução de 2,5 a 5% do peso • Volume urinário diário • Medidas frequentes de PA • Repouso relativo o Principalmente se há HAS instalada • Restrição hídrica o Normalmente entre 800 e 1000mL de água ao dia • Dieta hipossódica. o Menos de 2g de sal/dia Antiioticoterapia • Não previne o desenvolvimento de GNDA • Não interfere na evolução da glomerulonefrite • Indicada apenas caso o paciente não tenha sido tratado anteriormente, com o intuito de eliminar as cepas nefritogênicas da orofaringe ou de pele • Utilizar penicilina IM ou amoxicilina VO por 10 dias. Em caso de alergia, utilizar eritromicina. Diuréticos • Diuréticos de alça são as drogas de escolha para o tratamento de edema, congestão volêmica e de hipertensão • Droga de escolha: furosemina o 3 a 4 mg/kg/dose VO na congestão leve a moderada o 0,5 mg/kg/dose EV em casos graves Anti-hipertensivos • Indicados quando há manutenção dos níveis tensionais elevados, mesmo após o uso de diuréticos • Droga de escolha: bloqueadores dos canais de cálcio • Nas emergências hipertensivas: nitroprussiato EV é a melhor alternativa • Jamais utilizar iECA ou BRA na perda aguda de função renal GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (COM CRESCENTES) É um padrão morfológico comum a glomerulonefrites graves, relacionado a rápida e progressiva perda de função renal,com instalação em dias ou semanas. São caracterizadas pela presença de crescentes, os quais proliferações de fibroblastos ocasionadas por agressão autoimune, que acometem o espaço de Bowman podendo ocupar todo o espaço. Os crescentes só podem ser vistos na biópsia renal, aparecendo como “meia lua” ou “casca de cebola”. Trata-se de uma emergência médica, tendo em vista que caso não cesse a agressão imunológica, perde-se o glomérulo de forma definitiva. Causas • Vasculite: principal causa o Anticorpos anti-MBG (anticorpos anti membrana basal glomerular) § Não há etiologia e são raros. Agridem diretamente a membrana basal glomerular o Podem ser ANCA relacionadas o Síndrome pulmão-rim (Sd. de Goodpasture) o Granulomatose de Wegener (vasculite com granuloma que acomete rins e vias aéreas superiores) • Glomerulonefrites por imunocomplexos (formas graves) • Glomerulonefrite pauci-imune (ANCA) Geovana Sanches, TXXIV Tratamento • Realiza-se imunossupressão para diminuir rapidamente a resposta imune e cessar a agressão ao glomérulo. • Pulsoterapia: realizada quando há perda da função renal o Associam-se 2 imunossupressores com doses elevadas o Antes da realização da pulsoterapia é realizada profilaxia com uso de anti-helmíntico de amplo espectro o A contra-indicação para iniciar a imunossupressão é se o paciente estiver em vigência de um quadro infeccioso, sendo que nesse caso é necessário tratar a infecção antes da imunossupressão. NEFROPATIA POR IgA (DOENÇA DE BERGER) A nefropatia por IgA é a causa mais comum de glomerulonefrite. Ocorre isolada ou em um quadro idêntico que acompanha a púrpura de Henoch-Schonlein, doença celíaca e doenças hepáticas. A IgA é uma imunoglobulina produzida pela mucosa e está associada a infecção viral. Acredita- se que os pacientes que cursam com essa nefropatia apresentam receptores de IgA nos glomérulos, além do retardo em sua depuração hepática. Há processo inflamatório com depósito mesangial de IgA e C3, sem consumo de complemento. A manifestação clínica vai desde quadro mais brando com hematúria até quadro mais grave com proteinúria e perda progressiva de função renal. Normalmente a doença não é grave, sendo descoberta a partir de urina I em paciente com hematúria recorrente associada a quadro de infecção viral. É incomum abrir o quadro com hipervolemia e características encontradas em outras glomerulonefrites. Sinais de mal-prognóstico • Alteração da função renal ao diagnóstico • Proteinúria > 1g/24h • Sexo masculino o Pior evolução em homens • Hematúria microscópica o Em vez de macroscópica (melhor prognóstico) • Paciente com hipertensão arterial sistêmica em decorrência do quadro Tratamento O tratamento é realizado quando há proteinúria acima de 1g ou quando há perda de função renal. Nesses casos, realiza-se imunossupressão. Quando não está indicado o tratamento, realiza-se acompanhamento e medidas de nefroproteção (iECA ou BRA). GLOMERULONEFRITE LÚPICA O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença autoimune com acometimento em diversos locais. Os glomérulos são o local de maior agressão em decorrência da formação de anticorpos contra eles. O envolvimento renal no LES ocorre clinicamente em cerca de 60% dos pacientes e pode determinar alterações tubulares, intersticiais, vasculares e glomerulares. No entanto, é o envolvimento deste último compartimento que determina a maior parte dos sinais e sintomas da nefrite lúpica (NL). Classificação da nefrite lúpica Geovana Sanches, TXXIV A nefrite lúpica pode-se apresentar em 6 diferentes classes, sendo que as classes II e IV compreendem a maior parte dos pacientes com sintomatologia (síndrome nefrítica clássica). A classe V apresenta-se como síndrome nefrótica, mas é uma exceção. Na classe VII, há esclerose avançada com mais de 90% do parênquima fibrosado, manifestando-se por insuficiência renal crônica instalada. Tratamento: indução classes III e IV • Corticóides o Pulsoterapia (metilprednisolona 0,5 a 1,0 g/dia por 3 dias; seguida de prednisona 1mg/kg/dia – máximo 80 mg/dia – por 4 semanas) § É realizada devido a perda de função renal e é feita para que o paciente consiga recuperar a função renal perdida o Quanto maior a dose de corticoide, maior a ação imunológica, quanto menor, maior a ação anti- inflamatório • Imunossupressores: pulsos IV de ciclofosfamida durante 6 meses na dose de 15 mg/kg (cerca de 1g do dia) • Efeitos distintos, porém sinérgicos para reduzir a resposta imunológica. Ao utilizar imunossupressores em pulsoterapia, pode-se utilizar anti-helmínticos de largo espectro para evitar parasitoses, como albendazol e ivermectina. Manutenção • Visa manter a resposta imunossupressora por via oral. o Azatioprina, ciclosporina, MMF o Inibidores do sistema renina angiotensina aldostesterona (SRAA): nunca utilizar na fase aguda, apenas após o retorno da função renal normal quando há proteinúria crônica § iECA ou BRA utilizados para tentar reduzir a progressão da DRC Recomendações SBR para biópsia renal na nefrite lúpica • Fazer biópsia renal sempre que possível e houver indicação • Elevação da creatinina sérica sem causa aparente e potencialmente associada ao LES • Proteinúria isolada > 1g/24h (ou Relação P/C > 1) • Proteinúria > 0,5g/24h associada a hematúria dismórfica glomerular e/ou cilindros celulares. SÍNDROME NEFRÓTICA Na síndrome nefrítica, há perda abrupta da superfície de filtração (redução de Kf) com redução da excreção de líquidos, pequenos solutos e eletrólitos. Enquanto isso, na síndrome nefrótica há aumento difuso da permeabilidade do capilar glomerular à passagem de proteínas, causando proteinúria maciça. DEFINIÇÃO A síndrome nefrótica é caracterizada por um componente inflamatório menos importante, porém com maior dano glomerular. Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas relacionados à agressão glomerular e caracterizado pelo aumento da permeabilidade da membrana basal glomerular. Caracteriza-se por proteinúria maciça, acima de 3,5 g/dia/1,73m2 de superfície corpórea em adultos ou acima de 50 mg/kg/dia em crianças, com edema generalizado, hipoalbuminemia e hiperlipidemia. Também podem estar presentes complicações infecciosas (há perda de imunoglobulinas, sobretudo IgG, em decorrência do aumento da permeabilidade glomerular) e tromboembólicas (há hipercoagubilidade em decorrência da perda de antitrombina III na urina). ETIOLOGIAS Primariamente renais As síndromes nefróticas primariamente renais são a maioria, correspondendo a cerca de 70% dos casos. • Glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) - 43% dos casos o Principal causa em adultos • Glomerulonefrite membranosa idioática – 30% dos casos Geovana Sanches, TXXIV • Glomerulonefrite por lesões mínimas – 12% dos casos o Principal causa em crianças, nas quais a prevalência é de mais de 90% • Glomerulonefrite membranoproliferativa – 12% dos casos • Neuropatia da IgA – 3% dos casos o Raros casos, tendo em vista que a maioria se caracteriza por síndrome nefrítica Secundárias As síndromes nefróticas secundárias correspondem a cerca de 30% dos casos e são ocasionadas por alguma doença de base (sistêmica) que agride o glomérulo. • Diabetes mellitus o Cerca de 30% dos pacientes com DM2 irão desenvolver síndrome nefrótica • Lúpus eritematoso sistêmico o Forma membranosa (classe V) • Amiloidose o Proliferação de substância amilóide • Infecções o HIV: glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) o Esquistossomose o Sífilis o Hepatite B e C • Neoplasias o Câncer de órgãos sólidos o Glomerulonefrite membranosa • Medicamentos A insuficiência renal nos pacientes com SN pode ocorrer de forma aguda ou crônica, decorrente da evolução progressiva da glomerulonefrite, mas também associada ao estadonefrótico. Entre as possíveis causas de insuficiência renal aguda citam-se a hipovolemia, que pode ser decorrente do uso de diuréticos, o emprego de medicamentos nefrotóxicas e mais raramente trombose de veias renais. A evolução para insuficiência renal crônica (IRC) depende do tipo histológico da doença primária e da resposta ao tratamento. Em torno de 50% dos pacientes com GESF ou GNMP evoluem para IRC em 10 anos. INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL • Hemograma: pode apresentar anemia associada à amiloidose e mioma • Glicemia: a DM2 é a principal causa de síndrome nefrótica nos adultos • Exames de fezes: pacientes com esquistossomose podem apresentar lesão glomerular com síndrome nefrótica. Se os antecedentes para esta doença forem positivos e o exame de fezes não demonstrar a presença de ovos de S. mansoni, deve-se fazer biópsia de valva retal na tentativa de estabelecer o diagnóstico • Pesquisa de anticorpos nucleares • Sorologia para hepatite B e C • Reação sorológica para sífilis: não só para o diagnóstico da sífilis em si, mas ressaltando-se a aplicação do VDLR (falso positivo) como indício de LES • Pesquisa de anticorpos anti-HIV em pacientes de risco para a síndrome da imunodeficiência adquirida • Exames específicos para outras doenças infecciosas com base na suspeita clínica • Avaliação dirigida a neoplasias: a neoplasia é uma possibilidade a ser aventada, particularmente em pacientes idosos, mas a extensão da investigação deve ser julgada criteriosamente • Biópsia: na síndrome nefrótica, a biópsia é praticamente mandatória para identiciação do tipo histológico e o grau de fibrose FISIOPATOLOGIA Mecanismo de proteinúria • Alteração de carga elétrica da membrana capilar glomerular • Alteração do tamanho e/ou número dos poros Consequências da proteinúria maciça A proteinúria maciça faz com que o paciente curse com hipoalbuminemia, a qual se manifesta por: • Edema generalizado • Dislipidemia: a baixa da albumina sérica, por feedback positivo, estimula o fígado a produzir proteínas e acaba havendo aumento concomitante das lipoproteínas (o estímulo não é seletivo para a albumina) • Tromboembolismo: multifatorial, mas a perda urinária de antitrombina III por Geovana Sanches, TXXIV alterações na membrana basal glomerular é a principal responsável • Desnutrição • Infecções: decorrente da perda de imunoglobulinas, sobretudo IgG, que ocorre pela perda de seletividade de macromoléculas ocasionada pela destruição da membrana basal glomerular o O indivíduo fica mais suscetível à infecções, sobretudo por germes encapsulados Edema da síndrome nefrótica Características semiológicas • Localização: da raiz da coxa até os pés • Extensão: vasto e difuso -> anasarca • Horário de aparecimento: não há variação de acordo com horário, é constante • Consistência • Fatores de melhora • Fatores de piora • Fatores que o acompanham: urina espumosa • Presença de sinais flogísticos • Presença de alterações em fâneros cutâneos: mais característico de edemas crônicos Underfill Proteinúria maciça à hipoalbuminemia à diminuição da pressão oncótica à extravasamento de líquido para fora do vaso à diminuição do volume intravascular à estímulo aos sistemas de resgate (simpático, ADH e SRAA) à retenção de sódio e água à edema • A aldosterona e a angiotensina II retém sódio e, consequentemente, água. Já o ADH retém apenas água no túbulo coletor • Quanto mais grave a proteinúria, mais grave a hipoalbuminemia, menor a pressão oncótica e maior o extravasamento de líquido para fora do vaso, ocasionando o edema Ovorflow Retenção primária de sódio e água pelo túbulo: sem resposta ao fator natriurético atrial no túbulo distal (resistência tubular a sua ação) à retenção tubular de sódio e água à expansão do volume plasmático à aumento da pressão hidrostática à edema. Esse é o mecanismo que prevalece e por isso na síndrome nefrótica há um edema muito maior do que na síndrome nefrítica (não há hipoalbuminemia, de forma que a pressão oncótica é normal). A partir disso também é possível entender porque na síndrome nefrótica os pacientes não ficam tão hipertensos: o acumulo de líquido no vaso faz com que este logo extravase devido a baixa pressão oncótica. Alterações lipídicas na Síndrome Nefrótica A proteinúria maciça leva a hipoalbuminemia e, por feedback positivo, há estímulo ao fígado. Com isso, há compensação na produção e albumina, mas também de outras lipoproteínas (LDL, VLDL, IDL). Associadamente, há diminuição do HDL. A dislipidemia é inversamente proporcional à hipoalbunemia, ou seja, quanto maior a perda de proteína, maior o aumento de lipoproteínas e, consequentemente, maior o risco do paciente para eventos cardiovasculares. Ao corrigir o dano glomerular, há correção das alterações lipídicas. Enquanto isso não for possível, devem ser utilizadas estatinas para o controle do perfil lipídico. Hipercoagulabilidade A hipercoagulabilidade é multifatorial, estando envolvidos os seguintes mecanismos: • Aumento da perda urinária de antitrombina III • Alterações da atividade das proteínas C e S: altera modulação da resposta de coagulação • Hiperfibrinogenemia: há aumento da produção de fibrinogênio devido à hipoalbuminemia • Diminuição da fibrinólise Geovana Sanches, TXXIV • Aumento da agregação plaquetária Complicações • Trombose venosa profunda • Trombose da veia renal (40%): local de maior acometimento • Embolia pulmonar Trombose de veia renal na síndrome nefrótica Complicações: infecções • Há maior suscetibilidade às infecções bacterianas por perda de IgG na urina o Streptococcus pneumoniae • Deve-se vacinar com vacina pneumocócica polivalente TRATAMENTO Os objetivos do tratamento dependem da entidade morfológica e doença causal. Associam- se medidas gerais para controle da proteinúria e controle das complicações. Tratamento inespecífico São utilizados inibidores do sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA). • Vasodilatação da a. aferente à diminuição da pressão intraglomerular à diminuição da proteinúria • Impede desenvolvimento de glomeruloesclerose segmentar • Protetores renais Tratamentos específicos Edema • Restrição moderada de sal o 1 a 2 g/dia • Diuréticos de alça (com cautela) • Não reduzir mais de 0,5 kg/dia Hipercoagulabilidade • Anticoagulação profilática ou terapêutica o Quando ocorre TVP, deve-se realizar tratamento por 6 meses. Tratamento geral da síndrome nefrótica • Dieta pobre em sal • Diuréticos e hipotensores quando necessários • Inibidores do SRAA • Imunossupressão: corticoides, azatioprina, ciclosporina • Anticoagulação: profilática ou terapêutica • Estatinas • Vacinação contra pneumococo e influenza Critérios de resposta ao tratamento na síndrome nefrótica em adultos CONSIDERAÇÕES FINAIS GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS • Doença de lesões mínimas • Glomeruloesclerose focal e segmentar • Glomerulopatia membranosa • Glomerulonefrite membranoproliferativa • Exceções o Nefropatia da IgA: raros casos o Nefrite lúpica: classe V (membranosa) PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES • Investigar causas secundárias: LES, agentes infecciosos, paraproteínas • Sempre indicar a biópsia renal em adultos, exceto na hematúria assintomática • Controlar rigorosamente a hipertensão • Utilizar antiproteinúricos e estatinas Geovana Sanches, TXXIV • Interromper o imunossupressor se a nefropatia evoluir para IRC (clearance < 30 ml/min) INDICAÇÕES DE BIÓPSIA RENAL EM GLOMERULOPATIAS Uma vez estabelecido o diagnóstico clínico- laboratorial de glomerulopatia, são indicações de realização de biopsia renal, desde que os rins apresentem dimensões normais (ou aumentadas) ao exame ultrassonográgico e que sejam levadas em conta contra-indicações absolutas à sua realização: • Síndrome nefrótica em pacientes adultos• Insuficiência renal de causa não esclarecida • Glomerulonefrite rapidamente progressiva São situações em que não há consenso quanto à indicação de biópsia renal em todos os casos, porém a realização é defensável: • Hematúria isolada de origem glomerular • Hematúria associada à proteinúria de pequena monta • Proteinúria isolada de pequena monta Não se recomenda a realização de biópsia renal em casos de nefropatia diabética com evolução e apresentação típica, como por exemplo, paciente com DM2 diagnosticado há mais de 15 anos, com fundoscopia alterada). Já em diabético com fundo de olho negativo, há indicação para biópsia renal porque a causa da síndrome nefrótica não é o DM2. Deve-se deixar claro que ao indicar biópsia renal em glomerulopatia, deve-se programar o envio do material para análise pelo menos para as técnicas de microscopia óptica e de imunofluorescência. Em qualquer situação, considera-se boa prática, sempre que possível, colher material para análise de 3 técnicas: microscopia óptica, microscopia eletrônica e imunofluorescência. A microscopia eletrônica pode sanar eventuais dúvidas. SÍNDROME NEFRÍTICA x SÍNDROME NEFRÓTICA Sintomas/ Sinal Síndrome nefrótica Síndrome nefrítica Instalação Incidiosa Abrupta Edema ++++ ++ Pressão arterial Normal Alta Proteinúria Maciça (++++) Leve (+) a moderada (++) Hematúria - ou + +++ Albumina sérica Baixa Normal
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