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CIÊNCIA POLÍTICA

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Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
1 
 
Todas as noções de Ciência Política giram em torno da noção de 
“poder”. É preciso examinar essa noção de poder, antes de expor as 
diversas concepções relativas ao objeto da Ciência Política. 
CONCEITO DE PODER, BASE DA CIÊNCIA POLÍTICA 
A) Noção do poder: Léon Duguit chama de distinção entre governados 
e governantes. Ou seja, em todo grupo social há aqueles que dão as regras e 
os que obedecem. 
Dessa forma, a palavra “poder” designa, ao mesmo tempo, os 
governantes e a função que eles exercem. A Ciência Política, então, aparece 
como a ciência dos governantes. 
- Críticas à Duguit: 
A separação entre governantes e governados não é tão nítida, pois todo 
mundo é, ao mesmo tempo, governante e governado. Ex: o funcionário 
arrecadador é governante em relação ao contribuinte, mas governado em 
relação ao Ministro da Fazenda. 
B) Elementos do poder: 
Natural: o poder é talvez, em primeiro lugar, um fenômeno biológico. 
Assim como nos animais, certos indivíduos – os machos em geral – têm um 
verdadeiro caráter de chefe de grupo. Outro exemplo é a hierarquia da idade ou 
da força física, ambos fenômenos biológicos. 
Coação: 
- Física: Polícia, exército, torturas, prisões, etc. 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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- Econômica: aquele que pode privar um homem de comer obtém 
facilmente a sua obediência. 
- Pressão social difusa: obediência aos pais e aos adultos em geral; 
tradições e costumes, como o homem não poder usar saia para que não seja 
sancionado difusamente. 
- Enquadramento coletivo: armadura social coerente e rígida, que 
permite enquadrar grandes massas humanas e estabelecer sobre elas uma 
autoridade poderosa. Ex: partidos políticos. 
- Psicológica: tende a não ser sentida por aquele que a sofre. Tende a 
torna-se uma das fontes fundamentais do poder em certos Estados. Ex: 
propagandas. 
PS: Pressão social difusa, enquadramento coletivo e propaganda estão 
na fronteira dos elementos materiais do poder e das crenças, em que as 
crenças não são sentidos como coação e o poder repousa largamente sobre as 
crenças. Dessa forma, a legitimidade (que aproxima-se da noção de consenso) 
é uma das chaves do poder. 
Falar de consenso é reconhecer que o poder repousa sobre as crenças, 
sobre a aceitação e conformidade; falar de poder é admitir que o consenso não 
é espontâneo, nem automático e que a coação e a força desempenham 
também o seu papel. 
C) Poder de dominação 
Dominação: não se situa no antagonismo governantes-governados, 
mas no nível dos governados: antagonismos entre governados. Ou seja, o fato 
de existir, no interior dos grupos sociais, alguns elementos mais fortes que 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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outros. Ex: firmas dominantes nas concorrências econômicas, classes 
superiores na vida social, etc. 
Dominação é, portanto, uma relação de assimetria entre os governados, 
que, por sua vez, é a relação entre os cidadãos. Há a superioridade, mas não 
por caráter formal. Por exemplo, um empregado fica sujeito ao patrão, mas 
apenas enquanto ele aceita as condições de trabalho. 
Poder: tem um caráter organizado e estrutural. É conhecido como o 
esqueleto da sociedade. O domínio resulta dos conflitos e lutas entre os 
governados. É a relação Estado e cidadão. A hierarquia entre os cargos 
estatais também é uma relação de poder. Ex: Ministro e Presidente. 
DIFERENÇAS PRINCIPAIS: 
- O que diferencia fundamentalmente o poder e a dominação é que o 
poder é institucionalizado. Ou seja, o poder é organizado de acordo com aquilo 
que é prescrito em normas jurídicas; 
- A dominação é um fato material, o poder é, também, um fenômeno de 
crença. Ou seja, entra a legitimidade, a crença, por parte do povo, de que estão 
sendo bem representados e há um consenso de que é necessário aquele poder 
para que se haja vida em sociedade; 
- O poder é reconhecido como poder, qualquer um pode insugir-se 
contra ele se não houver legitimidade; 
- A dominação é apenas suportada, ou seja, luta-se contra ela para 
garantir a igualdade ou reconstituí-la em seu proveito. 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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DIFERENTES CONCEPÇÕES DA CIÊNCIA POLÍTICA A) Ciência 
Política, Ciência do Estado 
É a definição mais em harmonia com a noção de política. Teoria geral do 
Estado. Perspectiva mais estrita. Discute como as coisas devem funcionar, 
excluindo as anomalias. 
A definição jurídica tradicional do Estado repousa sobre a ideia de 
soberania, que é certa qualidade do poder. 
- Soberania no Estado 
- Soberania do Estado: define o Estado. É o fato de o Estado estar 
situado no topo da hierarquia dos grupos sociais, não havendo nenhum acima 
dele. 
B) Ciência Política, Ciência do Poder 
Repousa, ao mesmo tempo, sobre uma noção sociológica do Estado 
oposta ao conceito tradicional de soberania, e sobre considerações 
metodológicas. Hoje, tende-se para uma visão realista do Estado, baseada na 
análise sociológica. Se tratar a Ciência Política como Ciência do Poder, não 
trata apenas do Estado, mas também dele, de uma forma mais ampla. Ele trata 
de anomalias. 
 
Trata o Estado com duas características em relação aos outros grupos 
humanos: 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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- Organização política mais aperfeiçoada. Distinção entre governantes e 
governados. 
- A comunidade humana que serve de base para o Estado é a mais 
fortemente integrada ao momento atual. Laços sociais são mais fortes, em caso 
de conflito, a solidariedade nacional prevalece sobre a solidariedade de outro 
grupo social. 
Oposição entre a noção jurídica do Estado e a noção sociológica: 
Noção jurídica é a diferença entre o Estado e os outros agrupamentos 
humanos. É uma diferença de natureza: o Estado é soberano, as outras 
comunidades não são. 
Noção sociológica é a diferença de grau: todas as comunidades 
humanas têm governantes (organização política) dispondo de um sistema de 
sanções e de certa força material. No Estado, a organização política e as 
sanções são mais aperfeiçoadas e a força material maior. 
POLITY: conceitos que determinam a instituição. A sua estruturação. 
Como as coisas funcionam na teoria. 
POLITICS: dinâmica política, agir político, relações políticas. É a parte 
humana da política. Ex: como o presidente vai conseguir votos; a formação de 
alianças; a pressão a outros, etc. 
POLICY: qual o resultado que obter com as medidas políticas: 
resultados coletivos. É o conteúdo. Ex: o Governo diz que vai tomar medidas 
tais para obter resultados coletivos no futuro, por exemplo, baixar impostos 
para aumentar o investimento privado e bolsa família para reduzir a miséria. 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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OBS: Usar, por exemplo, o Bolsa Família para conseguir votos é politics. 
C) Concepções intermediárias 
Ciência Política como Ciência do Estado é um domínio estreito. Ciência 
Política como Ciência do Poder é um domínio amplo. 
A Ciência Política não está estrita ao Estado e nem ampla ao Poder. 
Isolar certas formas do poder, qualificadas de “poder político”, que constituiriam 
o objeto próprio da Ciência Política. 
O PODER DO ESTADO Do conceito de poder. 
“A faculdade de tomar decisões em nome da coletividade” – Afonso 
Arinos. 
O poder está subdividido em dois fatores: força e competência. 
Se o poder se consolida unicamente na força, chama-se “poder de 
fato” 
 
Com a soberania se chegara à solução política da existência do Estadomoderno, distinto do antigo Estado medieval. A soberania de início é a 
monarquia e a monarquia o Estado. Não alcançaram ainda o moderno poder 
política em suas bases institucionais. Contudo, isso vem depois com as 
doutrinas e revoluções, de onde surge o Estado de direito, que constitui o 
respeito à hierarquia das normas e dos direitos fundamentais. 
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Então, a ordem econômica da burguesia se implanta no ocidente e os 
reis conferem-lhe toda sorte de proteção. Fazem o primeiro intervencionismo 
estatal ajudando a burguesia a crescer e prosperar; fazem a legislação 
industrial do empresário burguês. Até que a burguesia quer também a 
influência política. 
2. Os precursores da separação de poderes 
O princípio da separação de poderes conheceu precursores na 
antiguidade, na idade média e nos tempos modernos. 
Aristóteles distinguiu a assembléia-geral, o corpo de magistrados e o 
corpo judiciário. Locke assinala também a distinção entre os três poderes e 
adiciona um quarto: o poder prerrogativo. Este compete ao príncipe que terá 
também a maior atribuição de promover o bem comum onde a lei for omissa. 
3. A doutrina da separação de poderes na obra de Montesquieu 
A Inglaterra conheceu Locke, a França vai conhecer Montesquieu. A 
grande reflexão política de Montesquieu gira em torno do conceito de liberdade. 
Esta consiste em fazer tudo o que a lei permite. Contudo, para que não se 
possa abusar desse poder, é necessário organizar a sociedade política de tal 
forma que o poder seja um freio ao poder. 
4. Os três poderes: Legislativo, Executivo, Judiciário 
A cada um desses poderes correspondem determinadas funções. 
Montesquieu diz que a liberdade estará presente toda vez que haja um governo 
em que os cidadãos não o temam. O sentimento de segurança e garantia que o 
ordenamento jurídico proporcione proteção às relações sociais. 
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- Com o poder legislativo e executivo na mão de uma única pessoa, a 
liberdade política desaparece, pois há o temor de elaborações de leis tirânicas, 
sujeitas a uma aplicação tirânica. 
- Com o poder judiciário e legislativo com uma só pessoa, confere ao juiz 
o poder de um opressor, em que a opressão é a ausência ou privação da 
liberdade política. 
Ou seja, um poder limitaria o outro, já antecipando a técnica dos “checks 
and balances” desenvolvida posteriormente na Inglaterra. 
 
5. As técnicas de controle como corretivos para o rigor e rigidez da 
separação dos poderes 
- Pesos e contrapesos: dessa técnica resulta a presença do executivo na 
órbita legislativa por via do veto e da mensagem. Pelo veto, impede resoluções 
legislativas, pela mensagem, recomenda, propõe e, eventualmente, inicia a lei. 
A participação do executivo na esfera do poder judiciário se exprime mediante o 
indulto (ato de clemência ao Poder Público) e da atribuição reconhecida de 
nomear membros do poder judiciário. 
Do legislativo, há pontos de controle sobre o executivo como o da 
rejeição do veto, o processo de impeachment, aprovação de tratado, etc. E em 
relação ao judiciário, determina o número de membros do judiciário, limita a 
jurisdição, fixa a despesa dos tribunais, etc. 
A faculdade de impedir do judiciário só se manifesta concretamente 
quando decide sobre inconstitucionalidade de atos do legislativo e profere a 
ilegalidade de certas medidas administrativas do poder executivo. 
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6. Primado da separação de poderes na doutrina constitucional do 
liberalismo 
Todo o prestígio que o princípio da separação de poderes auferiu, 
decorre da crença da garantia das liberdades individuais. Assentavam os 
constituintes liberais a esperança de imobilizar a progressiva democratização 
do poder, sua inevitável e total transferência ao braço popular. 
- A primeira adoção mais célebre da separação ocorreu na Constituição 
Americana de 1787. 
- O Brasil, ao decidir-se pela forma republicana de governo, aderiu ao 
princípio da separação dos poderes na tradição francesa. ‘’Art. 2º São Poderes 
da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
7. Em busca de um quarto poder: o moderador 
Benjamin Constant diz que para que não haja crise entre os três poderes 
e que o equilíbrio esteja sempre em vigência, era necessário um poder 
moderador, que serviria como um judiciário dos três poderes. O Brasil foi o 
primeiro e, talvez, o único país a adotar os quatro poderes. 
O poder moderador era a chave de toda a organização política, velando 
sobre a manutenção, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos. 
 
SEPARAÇÃO DE PODERES 
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Através da obra de Montesquieu foi concebida para assegurar a 
liberdade dos indivíduos, além de aumentar a eficiência do Estado pela 
distribuição de suas atribuições entre órgãos especializados. Dessa forma, 
também excluiria a ideia de um governo tirânico, já que se apenas um homem 
tiver o poder de legislar, executar e julgar, haveria leis tirânicas sendo 
executadas de formas tirânicas. 
Vale lembrar que essa teoria foi acolhida em uma época que se 
buscavam meios para enfraquecer o Estado. 
Mesmo com a separação de poderes, o poder do Estado é uno e 
indivisível. Ou seja, há órgãos exercendo o poder de soberania, mas o Estado é 
único. Faz-se analogia ao corpo humano: é uno, embora haja vários órgãos o 
fazendo funcionar. 
Há quem sustente que é inadequado falar em separação de poderes, 
quando na verdade há uma distribuição de funções. Leroy-Beaulieu adota esta 
posição, dizendo que essa distribuição das funções estatais é resultado do 
princípio da divisão do trabalho, que foi inconscientemente aplicado. 
A separação desde Aristóteles 
O antecedente mais remoto da separação de poderes encontra-se em 
Aristóteles, que considera injusto e perigoso a atribuição do poder a um só 
homem. Entretanto, a concepção moderna da separação de poderes não foi 
buscar em Aristóteles a sua inspiração. 
No século XVIII surge uma primeira sistematização doutrinária da 
separação de poderes com Locke. Ele advogada esta separação em quatro 
funções fundamentais exercidas por dois órgãos do poder: o legislativo, que 
caberia ao parlamento e o executivo, exercido pelo rei, dividido em duas 
funções: função federativa, que era o poder de guerra e paz, de ligas e alianças 
e de todas as questões que devesse ser tratadas fora do Estado; e a função 
prerrogativa, que é o poder de fazer o bem público sem se subordinar a regras. 
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Dessa forma, pode-se concluir que, embora Locke era expressamente 
oposto ao absolutismo pregado por Hobbes, ele não achava anormal a 
existência de um poder livre de limitações. 
Com Motesquieu aparece o sistema semelhante ao atual, com a 
presença do legislativo, executivo e judiciário, harmônicos e independentes 
entre si. Garantia, assim, a liberdade individual, enfraquecendo o Estado na 
companhia da função limitadora da Constituição. Esse princípio tornou-se um 
dos dogmas do Estado Moderno, onde havia a impossibilidade da democracia 
sem a separação. 
Tal premissa foi publicada na Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão aprovada na França em 1789: “Toda cidade na qual a garantia dos 
direitos não está assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não 
tem Constituição”. 
Sistema de freios e contrapesos 
O sistema de separação de poderes, associadoà ideia de Estado 
Democrático, deu origem ao sistema de freios e contrapesos. Dessa forma, os 
atos exercidos pelo Estado são de duas espécies: atos gerais e os atos 
especiais. Os primeiros só podem ser praticados pelo poder legislativo. 
Consiste na emissão de regras gerais e abstratas sem saber a quem elas vão 
atingir. Assim, pois, o legislativo não atua concretamente na vida social, não 
tendo meios para o abuso de poder. Os atos especiais acontecem depois de 
emitida a norma geral, entrando em ação a atuação do executivo. Este dispõe 
de meios concretos para agir, mas estão limitados pelos atos gerais do 
legislativo. 
OBS: se houver conflito entre os dois poderes, entra o poder judiciário, 
obrigando cada um a permanecerem em seus limites. 
Crítica: a separação de poderes é meramente formalista, jamais tendo 
sido praticada. Ou seja, guarda-se apenas a aparência da separação, visto que, 
na prática, um poder dominava os demais. Além disso, jamais conseguiu 
assegurar a liberdade dos indivíduos ou o caráter democrático, pois há 
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tremendas injustiças criadas pelo liberalismo, havendo uma minoria 
privilegiada. Junto à isso, a emissão de atos gerais, muitas vezes, obedece ao 
executivo. 
ORIGEM DO ESTADO 
- Formação originária: o Estado não nasce de outro Estado. É uma 
formação espontânea, não contratual, muito menos demarcado e artificial. Há 
quatro vertentes teóricas que tentam explicar a formação espontânea: 
- Formação de origem familial: Estado nasce a partir das relações 
familiais, tendo a ideia de família uma aglomeração de indivíduos que vão 
crescendo e desenvolvendo-se até a formação do Estado. A crítica feita para 
essa concepção é que ela não explica como esse grupo sai da informalidade 
para a formalidade. 
- Formação pela força: um grupo social se figura de maneira estável à 
outro grupo social, em uma espécie de superioridade. Oppenhewer diz que os 
vencedores submetem os vencidos, onde aqueles ditarão as diretrizes, 
inclusive econômicas. Haveria uma formação estatal derivada do conflito. 
- Formação por causas econômicas: essa formação tem como princípio a 
divisão social do trabalho. Ou seja, ao invés de matar os vencidos das guerras, 
era melhor usá-los como produção econômica, ajudando a produzir em prol do 
Estado e aumentando a população. Com a divisão de funções, haveria a 
racionalização da produção, porém geraria diferenças, pois um trabalho 
certamente seria mais valorizado que o outro. Marx e Weber vêem que a 
burguesia necessita do Estado e este serviria para a dominação burguesa se 
perpetuar. 
- Formação por desenvolvimento social: passagem de uma sociedade 
simples para uma mais complexa. Lowie diz que só teria uma formação estatal 
formal de acordo com as necessidades do grupo em formação. Ou seja, não 
adianta criar um alto grau de formalização para um grupo que ainda não requer 
tal necessidade. À medida que houvesse o desenvolvimento deste grupo, tanto 
político como econômico, suas influências aumentariam e, portanto, as suas 
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necessidades de serem regidos por uma instituição de alto nível 
organizacional. 
- Formação contratual: É uma decisão de criar o Estado por desejos 
jurídicos e políticos. Hobbes dizia que o homem é livre para fazer o que quiser, 
ou seja, se quiser matar, mata. Isso instalaria o caos. Dessa forma, acharam 
melhor limitar a liberdade com a criação de um contrato para limitá-la por um 
ente criado que seria o Estado. Dessa forma, os cidadãos estariam 
concordando em ter a sua liberdade limitada, por meio de um contrato, onde a 
liberdade só é aceita à medida que a lei permitir. Isso seria uma forma de 
proteção aos cidadãos pela regulação da vida. 
- Formação derivada: o Estado nasce de outro Estado. Ou seja, a 
presença do primeiro foi determinante para a origem do outro. 
- Formação por fracionamento: por conta, normalmente, de desavenças, 
podendo ser guerras, o Estado resolve se dividir. Pode haver a divisão em dois 
novos Estados, portanto acarretando no completo desaparecimento do Estado 
de origem; ou apenas na divisão de territórios, onde o Estado de origem não se 
destrói, apenas perde algum território. Ex: a Catalunha, caso venha a ser 
independente, ocorrerá uma divisão fracionária por mera divisão de territórios, 
visto que a Espanha não deixará de existir. 
Obs: quando uma colônia se torna independente há uma situação de 
fracionamento. Quando ocorre esse fracionamento pode ocorrer conflitos 
culturais, políticos e administrativos, havendo guerras internas e problemas 
externos, no caso, por exemplo, de países que faziam parte de blocos 
econômicos e foram completamente extintos. 
- Formação por união do Estado: situação oposta ao fracionamento. Dois 
ou mais Estados se unem formando apenas um que, normalmente, torna-se um 
Estado Federal. Ex: Estado brasileiro, com a União Federativa, estados e 
município. 
Conceito de Estado 
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Nação diz respeito a um vínculo cultural, ou seja, pode haver diversas 
nações em um único Estado, bem como pode haver nação sem haver Estado. 
Portanto, a definição de Estado como “nação politicamente organizada” é alvo 
de críticas. 
Kant: “multidão de homens vivendo sob as leis do direito”. 
Tal definição é criticada, pois, apesar de estar certa, de certa forma, a 
definição é muito abrangente, pois um município, por exemplo, está contida 
nessa convicção, bem como uma instituição pública ou privada, visto que há 
leis que as regem e as multidões as quais as constituem vivem sob as suas 
leis. 
Burdeau: “resultado de um processo de institucionalização do poder, 
onde as normas seriam praticadas de maneira impessoal, com as distribuições 
de competências” 
Esta definição seria adequadamente colocada em um Estado de Direito, 
entretanto não cabe a um Estado absolutista, visto que este é marcado pela 
pessoalidade do Monarca. 
Em regra, os cientistas políticos colocam o poder como exercício central 
do Estado. 
A questão jurídica do Estado enfatiza a ordem, que, por sua vez, são 
normas jurídicas que vão reger o poder. Ou seja, ela não nega o poder, mas 
enfatiza a disciplina jurídica. 
Dallari: “ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um 
povo situado em um determinado território”. Dallari se preocupa mais com o 
aspecto jurídico e político. 
ELEMENTOS DO ESTADO 
1. Soberania 
 
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É um conceito histórico e relativo. Histórico, pois a soberania surgiu com 
o advento do Estado Moderno. Relativo, pois há Estados soberanos e não 
soberanos. Do ponto de vista externo, a soberania é apenas uma qualidade do 
poder, podendo o Estado ter ou não. Do ponto de vista interno, onde há 
Estado, há soberania. Ou seja, é da essência do Estado uma superioridade e 
supremacia, sobrepondo-se, o Estado, aos demais poderes sociais. 
 
A crise desse conceito se manifesta, de um lado, pela dificuldade de 
conciliação da soberania do Estado com o ordenamento internacional, ou seja, 
o Estado como poder soberano escolhe se quer ou não submeter-se aos 
ordenamentos externos; de outro lado, a concorrência com a existência de 
grupos e instituições sociais que disputam ao Estado sua qualificação de poder 
supremo. 
 
A negação da soberania do Estado ocorre, normalmente, em visões 
anarquistas e marxistas. 
A discussão pelo poder por parte de grupos sociais cria centros 
concorrentes de poder que, antes de se submeter,agem paralelamente ao 
Estado, diminuindo-lhe a autoridade e supremacia. 
 
Afirmação absoluta, relativa e negação do princípio de soberania 
 
A corrente contemporânea mais copiosa é a de que a soberania é 
apenas uma qualidade do Estado, que se for tomar a soberania como elemento 
essencial, estaria excluindo comunidades políticas vassalas, bem como o 
caráter de estado às comunidades componentes de uma Federação. 
 
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Jellinek: “capacidade do Estado a uma autovinculação e 
autodeterminação jurídica excessiva.” 
Com essa afirmação, Jellinek responde a Bodin, que dizia que a 
soberania é elemento inseparável do Estado. 
 
Traços característicos da soberania 
 
Soberania é uma e indivisível, irrevogável, perpétua e suprema. Não a 
se delega, ou seja, intransferível. Esses são os principais pontos de Bodin que, 
na época, era a teoria mais aceita, pois prestigiava a nova forma política que 
vinha crescendo: a dos monarcas absolutos. Importante salientar que Bodin 
visa a soberania para com outros Estados, enquanto Hobbes legitima a 
supremacia do monarca sobre os súditos. 
 
Leonardo David – 1º semestre – Ciência Política – T1AA – 2017.1 
 
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O titular do direito de soberania: as doutrinas teocráticas e as 
democráticas 
 
Soberania do Estado: assinala a preeminência do Estado sobre os 
demais grupos sociais internos e externos. 
 
Soberania no Estado: forma novos tipos de problemas concentrados na 
determinação da autoridade suprema no interior do Estado, na verificação 
hierárquica dos órgãos da comunidade política e na justificação da autoridade 
conferida ao sujeito ou titular do poder supremo. 
 
Tal discussão abriu espaço para várias doutrinas, dentre elas, duas 
merecem destaque: a teocrática e a democrática. 
 
Doutrinas teocráticas: sustentam o direito divino dos reis. 
 
- Doutrina da natureza divina dos governantes: mais exagerada e 
rigorosa das doutrinas. Conferia aos governantes o posto de deuses, com 
caráter de divindade. Ou seja, eles eram realmente os deuses e negar essa 
evidência era cometer blasfêmia ou sacrilégio. Ex: faraós, imperadores romano, 
etc. 
 
- Doutrina da investidura divina: confere aos reis o poder supremo, 
entretanto não os tira da posição de humano. Dessa forma, o poder divino é 
delegado ao governante. 
 
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- Doutrina da investidura providencial: admite-se apenas a origem divina 
do poder, tornando cada vez mais legítimo a intervenção da divindade em 
matéria política. Essa doutrina alcança a eventual ideia da participação dos 
governados na escolha dos governantes, ou seja, o governante já não é o 
Deus propriamente dito, nem foi designado por Ele para exercer o poder. A 
partir daí, começa-se a interação com as doutrinas democráticas. 
 
Doutrinas democráticas: sustentam no povo a ideia de soberania; 
influência grande na formação do Estado Moderno. 
 
- Doutrina da soberania popular: primeira e a mais democrática das 
doutrinas. Não necessariamente uma forma republicada de governo. Essa 
doutrina funda o processo democrático sobre a igualdade política dos cidadãos 
e o sufrágio universal. Igualdade política no sentido de que cada um detém 
uma parcela igual de soberania perante o Estado. 
 
- Doutrina da soberania nacional: participação limitada da vontade 
popular, que evitasse o regime monárquico autocrático e coibisse os excessos 
da soberania popular, caso lhe fosse conferido o exercício do poder pleno. 
Essa doutrina foi usada pela Revolução Francesa, onde teve a Nação – corpo 
político vivo, atuante, detentora da soberania e a exerce através de seus 
representantes - como única e exclusiva detentora da soberania e não mais 
cada um com uma parte da soberania. 
 
Ou seja, a diferença significativa entre as duas doutrinas é que a 
doutrina da soberania nacional a nação se limita a escolha dos seus 
representantes, já na soberania popular cada um tem uma parcela da 
soberania. 
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Essa doutrina dominou quase todo o direito político da França pós-
revolucionária. “A soberania é una, indivisível, inalienável e imprescritível. 
Pertence à nação; nenhuma seção do povo, nenhum indivíduo pode atribuir-se-
lhe o exercício”. 
 
Soberania inalienável: soberano não pode conferir poder a outro agente, 
tornando-o igual ou maior que o Estado. Ou seja, no caso do direito 
internacional, o Estado aceita ou não se vincular às normas de ordenamento 
externo. 
 
Soberania indivisível: não pode dividir a vontade coletiva, pois isso seria 
dividir o povo, que implicaria na divisão do Estado. 
 
Soberania una: só há uma soberania, o Estado não admite mais de um, 
pois deve haver um, o Estado, que seja maior que todas as outras instituições. 
 
Soberania irrevogável: não pode revogar a soberania, assim como não 
pode transferir. No caso da revogação, é extinguir a soberania, sem passar a 
outrem. Transferência é justamente delegar a outro. Ambos não são 
permitidos. 
 
Soberania incondicionada: apenas o próprio Estado pode impor limites a 
sua soberania, ou seja, só faz acordos se ele quiser. 
 
Soberania coativa: se não obedecer = coação. Ou seja, força-se a 
obediência ou apena aquele que desobedece. 
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2. Finalidade de Estado 
É impossível chegar a uma ideia completa de Estado sem ter 
consciência de seus fins. A finalidade abrange a legitimidade do Estado, sua 
essência, razão de ser, conjunto de valores que o justifica. Precisa o Estado ter 
uma missão específica para existir? 
Para Vinlleneuve, a legitimação de todos os atos do Estado depende de 
sua adequação às finalidades. (Caracteriza um pensamento extremista). 
Kelsen não concorda de que a Teoria Geral do Estado se ocupe com 
essa questão, pois afirma que isso é uma questão política e a TGE trata de 
assuntos técnico-jurídicos. 
Mortati diz que a finalidade do Estado é genérica. 
Outros autores defendem a finalidade do Estado como elemento 
essencial. Entre eles estpa Groppali. 
Há, portanto, autores que defendem que não existe Estado sem uma 
finalidade. Exemplo: Alemanha Nazista. Sua finalidade era de supremacia 
racial. Entretanto, não precisa dessa finalidade forte, mas é necessária 
qualquer finalidade que seja. 
Entretanto, esse debate caracteriza-se por um debate ideológico, já que 
há autores que acham que aceitar a ideia da finalidade é aceitar a finalidade 
forte, assim como o nazismo. Ou seja, já há o medo dessa finalidade no 
sentido forte, então é preferível retirá-la. 
Atualmente, em Estado Democrático (intolerante aos unidimensionais), 
seria uma coexistência de finalidades: pluralismo de finalidades. Há uma 
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finalidade fraca, aberta, onde abortaria o medo da finalidade forte do 
totalitarismo. 
*Finalidade dos países socialistas seria forte, pois é unidimensional, já 
que é igualdade para todos, ferindo, por exemplo, a liberdade individual. 
Durante muito tempo houve discussão de qual seria a finalidade do 
Estado. Antigamente não tinha uma distinção clara entre a ciência política e a 
filosofia política. Nesta, os filósofos descreviam o que seria melhor, ou seja, 
propostas de modelo de Estado, uma concepção de justiça. Quando as teorias 
do Estado discutem sua finalidade, entende-se a figura política analiticamente,não como deve ser, pois, quando os teóricos colocam o “como deve ser”, estão 
invadindo a filosofia política, normatizando as teorias do Estado e esse é um 
dos motivos da antipatia dessa discussão. 
Pode-se admitir que o Estado prevalecem algumas concepções de 
finalidade, mas não pode apontar um dogmatismo, ou seja, ter uma finalidade 
específica. 
*Brasil tem algumas finalidades explícitas na Constituição, mas não são 
dogmas, já que pode haver outras finalidades. Se for de forma literal, não se 
poderia extrair outras finalidades nos códigos e resto da Constituição. 
Fins exclusivos e fins concorrentes 
Fins exclusivos são determinadas tarefas que o Estado assume sozinho. 
Ex: tarefa de segurança pública. 
Fins concorrentes são tarefas que o Estado assume com os particulares. 
Ex: prestar educação é um serviço público, mas pode ser exercida pelo Estado 
ou particulares. Ou seja, o Estado delega essa responsabilidade aos 
particulares. Outro exemplo é a saúde. 
Distinção entre o caráter desses fins 
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Há quem entenda que são universais e objetivos, outros entendem que 
são particulares e objetivos e, por fim, há os que dizem que são apenas 
subjetivos, ou seja, derivado dos interesses particulares. 
- Fins universais e objetivos: defendido por Platão e Aristóteles, são 
fins que serão sempre os mesmos, não variam no tempo, nem por Estado. O 
Estado servirá para concretizar o bem comum. 
Crítica: quando está negando outras finalidades, está colocando um 
critério normativo, fugindo da concepção empírica. 
*Perspectiva unidimensional. 
- Fins particulares e objetivos: nesse, cada um tem sua finalidade e 
esta pode mudar com o tempo (em tese, mudando a constituição e não o 
governo). Tende a gerar confusão entre as finalidades do Estado e a opção 
política que o Estado adotou (esta caracteriza-se como finalidade do governo). 
A finalidade não pode mudar com a mera mudança do governo. 
- Fins subjetivos: a finalidade do Estado é a síntese dos fins individuais 
já que estes movem o Estado e em suas ações sempre há fins, ou seja, a 
soma das finalidades subjetivas resultaria na finalidade do Estado (relação 
entre o Estado e os fins individuais). É o modelo mais liberal, diferente do 
comunitarismo. 
Grau de abrangência das finalidades 
Há fins expansivos, fins limitados e fins relativos. 
- Fins expansivos: é o Estado sem limites na busca da finalidade. 
Coloca o interesse da coletividade ao extremo acima do indivíduo. Há duas 
espécies: utilitárias e éticas. As utilitárias são os interesses materiais como 
bem supremo, ou seja, busca o desenvolvimento material, mesmo que for 
preciso sacrificar os valores fundamentais da pessoa humana. Ex: União 
Soviética era sem propriedade privada, pois o custo benefício será melhor para 
a coletividade. Outro exemplo mais moderado é o bem estar social. As éticas, 
por sua vez, vão rejeitar o utilitarismo, com a absoluta supremacia dos fins 
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éticos, ou seja, buscam o valor moral. Vai guiar o Estado e não vai ter limites 
para esse valor, caracterizando também o totalitarismo, pois o Estado vai ser 
bastante rigoroso com os comportamentos fora da moral oficial. Dessa forma, 
há uma supremacia absoluta das vontades dos governantes, já que eles são os 
responsáveis por dizer qual é a moral oficial. 
- Fins limitados: aqui, o Estado tem que ser autocontido. Ou seja, vai 
ser um mero vigilante da ordem social. Alguns autores caracterizam o Estado 
como “Estado-polícia”, ou seja, está ali apenas para garantir a segurança 
pública e garantir que o ouro não invada a sua propriedade privada. Dessa 
forma, é um Estado liberal, defendido por Locke e Smith. 
- Fins relativos (teóricas solidaristas): aqui, as ações humanas estão 
determinadas pelos vínculos sociais, numa espécie de interdependência social. 
O Estado vai cumprir suas finalidades na proporção que os vínculos 
determinarão. Cabe ao Estado conservar, ordenar e ajudar essa solidariedade 
que fundamenta as relações dos indivíduos. Sendo assim, há um equilíbrio 
entre as duas dimensões. 
*Estado Democrático de Direito: igualar liberdade com a igualdade 
material. Tendência pluralista. 
3. Povo 
Antes de determinar o conceito de povo, é importante fazer algumas 
considerações acerca de conceitos que, eventualmente, serão confundidos 
com a ideia de povo. Por exemplo, o conceito de população e de nação. 
Noção de população: expressão no sentido demográfico, quantitativo. 
Não analisa o vínculo jurídico ou político com o Estado. São todos aqueles que 
se encontram, em determinado momento, naquele Estado, independente da 
nacionalidade de cada um. Ou seja, não engloba apenas os residentes, mas 
todos aqueles que estejam ali, por qualquer razão, inclusive os apátridas. 
Noção de nação: para nação há a concepção antiga e a concepção 
contemporânea. Para a antiga, a nação é vinculada à soberania nacional. 
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Constrói a ideia de que todo Estado tem a necessidade de ter uma nação. Ou 
seja, para cada nação há um Estado. Entretanto, com o passar do tempo, 
foram surgindo críticas pertinentes, como, por exemplo, a que não é sempre 
que em um Estado tem-se uma única comunidade histórico-cultural. A partir 
dessa crítica que surge a nação contemporânea. Esta consiste na ideia de que 
nem toda nação vai ter um Estado, visto que podem ter várias nações dentro 
de um mesmo Estado. Dessa forma, nesta concepção contemporânea, 
desvincula-se a nação do Estado, sendo ela um vínculo histórico-cultural e não 
político-jurídico. Mas o que integra esse vínculo? Há três categorias de fatores: 
fatores naturais, históricos e psicológicos. 
- Fatores naturais: 
Território: pode haver uma mesma cultura em vários territórios. 
Raça: a teoria naturalística diz que a raça humana é uma só. Raça é 
uma ideia reducionista de nação. Pode haver uma hierarquização de raça, o 
que pode ser perigoso, como foi no nazismo. 
Língua: fator relevante, mas não pode ser coordenada absoluta, pois 
existem línguas faladas por mais de um grupo histórico-cultural. Ex: Canadá, 
EUA, Inglaterra. Língua é um produto cultural. 
- Fatores históricos: 
Tradição e costumes: elementos mais importantes para configurar a 
ideia de nação. É um elemento pacífico, o resgate de algo que vem do 
passado. É, também, uma narrativa comum de muitas pessoas. 
Leis: normas que regem a vida social. Não pode igualar esse fator 
histórico com o direito positivo. Ex: muçulmanos na França e no Marrocos: 
pode ter normas positivas no Marrocos e na França, mas os marroquinos não 
são obrigados a obedecer a normas marroquinas na França, embora é possível 
que cumpram, mas não por conta do direito positivo marroquino, mas por eles 
acharem que são marroquinos independente do território. 
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Região: há a Alemanha protestante e católica. Não estão integradas em 
um mesmo fator histórico-cultural? Não necessariamente. Apenas uma 
variação muito mais individual que coletiva; pluralismo religioso. 
*Muitas vezes a religião vai ser irrelevante para o vínculo 
histórico0cultural, mas pode ser um fator determinante. 
Fatores psicológicos: consciência nacional; sentimento de 
pertencimento. Conceito voluntarístico de nação. Vontade de perpetuar aquele 
pertencimento. Pode desvincular-se desse pertencimento. 
Posto esses conceitos, agora podemos conceituar a ideia de povo: 
conjuntos e indivíduos que através deum momento jurídico, unem-se para 
constituir Estado (teoria contratualista), estabelecendo com este um vínculo 
jurídico de caráter permanente, participando da formação da vontade do 
Estado e do exercício do poder soberano (soberania popular). 
*Vínculo de cidadania: conjunto de todos aqueles nacionais do Estado. 
*Muito vinculada às revoluções burguesas. 
Segundo Jellinek, o povo tem aspecto subjetivo e objetivo, no qual o 
aspecto subjetivo diz respeito ao sujeito do poder político estatal. Sujeitos de 
direito e vão ter determinados direitos subjetivos de participação política 
(sufrágio). Já o aspecto objetivo diz respeito ao objeto do Estado, pois é o 
destinatário das próprias leis que criaram. O povo se subordina ao próprio 
Estado que ele rege. 
Status de povo 
Há quatro status de povo: positivo, negativo (esses dois não 
necessariamente participação política), ativo (subjetivo) e passivo (objetivo). 
- Ativo: poder de participação política no Estado. 
- Passivo: aqueles a quem as normas serão aplicadas. 
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- Negativo: diz respeito ao direito do sujeito em interditar a participação 
do Estado na sua propriedade; Estado não pode invadir nem tomar a 
propriedade privada. 
- Positivo: cidadão vai exigir postura ativa do Estado. 
Acepção política, jurídica e sociológica de povo 
Acepção política: povo é o corpo eleitoral, ou seja, aqueles que podem 
votar. Criança não é povo então? Caracteriza-se, portanto, uma acepção 
restrita. 
Acepção jurídica: vínculo estável com uma ordem jurídica. Não é um 
vínculo puramente jurídico. 
Acepção sociológica: comunidade histórico-cultural. Acepção sociológica 
de nação. 
*Mais adequado chamar povo de um vínculo político-jurídico. 
Cidadania: situação jurídica subjetiva, consistente em um complexo de 
direitos e deveres públicos (Chiarelli). 
Não tem nada a ver com território. Morar na China não quer dizer 
extinguir a cidadania brasileira e nem adquirir a chinesa. 
4. Território 
Parte do globo terrestre, na qual se acha fixada a população de um 
Estado com a exclusão da soberania de qualquer outro Estado. A soberania 
interna se exerce sob a população atual, por exemplo, estrangeiro no Brasil 
tem que seguir as regras da soberania do Brasil, conforme o princípio da 
impenetrabilidade que diz que um Estado não pode penetrar a sua soberania 
em outro Estado, mesmo que tenha um cidadão que compõe um povo 
estrangeiro. 
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Na antiguidade dificilmente tinha conflitos de entrada e saída dos 
territórios. Não eram comuns conflitos entre públicos e privados. Não era tão 
importante as delimitações. 
Na Idade Média, a noção de territorialidade fica mais forte, tanto quanto 
a soberania. 
Na Modernidade, fixa a territorialidade como elemento do Estado, como 
estabilidade e efetividade do poder e essencial para a organização. 
O território caracteriza-se por uma figura tridimensional em forma de 
cone invertido, para que alcance o ar, a terra e a água. Existem delimitações no 
direito internacional que delimitam o espaço aéreo e marítimo do território. Os 
limites marítimos sempre deram muita confusão. 
Para se entender os limites marítimos, há a necessidade da consciência 
da existência de três faixas: a faixa chamada mar territorial, a zona contígua e 
a zona econômica exclusiva. Lembrando que cada país tem as suas 
delimitações e, portanto, esses números cabem apenas à legislação brasileira. 
Mar territorial: faixas de água que banham as costas do Estado, que 
exerce a sua soberania. (0 a 12 milhas). 
Zona Contígua: abrange a legislação aduaneira, tributária, migratória e 
sanitária (de 12 a 24 milhas). 
Zona Econômica Exclusiva: abrange os recursos naturais, a investigação 
científica, etc. (de 12 a 200 milhas) 
*entre as milhas 12 e 24 há uma interseção entre a zona contígua e a 
zona econômica exclusiva. 
Há também a plataforma continental, que é o leito ou subsolo das águas 
submarinas que se estendem além do mar territorial. Ou seja, se onde acabar a 
terra não ultrapassar as 200 milhas, a plataforma continental acabará lá, se 
ultrapassar, acaba nas 200 milhas. 
Concepções de território 
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São teorias que explicam a relação entre Estado e território. Há quatro 
concepções de território: teoria do território-patrimônio; teoria do território-
objeto; teoria do território-espaço e teoria do território-competência. 
- Território-patrimônio: parte da Idade Média, onde a noção de 
propriedade era muito importante. Entretanto, nessa época não havia a 
distinção entre o poder do império e o domínio, no qual o poder do império é o 
poder sobre as pessoas e o domínio é o poder sobre as coisas. Portanto, a 
relação de Estado e território seria de um proprietário e um objeto, ou seja, 
relação de domínio. 
- Território-objeto: aprimoramento da primeira. Território é objeto de um 
direito real e especial (caráter público). Direito real é aquele que incide sobre as 
coisas (vem de “rés”, onde significa “coisa”). Análogo ao que ocorre na 
propriedade privada, mas não necessariamente essa relação. Aqui, a lógica 
continua sendo de domínio, entretanto, nessa teoria distingui-se os níveis de 
domínio (domínio público e privado). 
Não é boa ainda, pois na questão da soberania é preciso inserir a ideia 
de império. 
Território-espaço (mais aceita): território é a extensão espacial da 
soberania do Estado. Ou seja, agora é exercida sobre as pessoas, excluindo a 
ideia de domínio, dando lugar a ideia de império. Dessa forma, não tem relação 
de direito real, mas sim de direito pessoal. É o poder no território e não sobre o 
território, no qual o poder no território diz respeito ao poder sobre as pessoas 
situadas no território. Já o poder sobre o território quer dizer o poder em 
relação ao território. Nesta, o Estado tem poder sobre as propriedades, pois 
tem poder sobre o território, na primeira, o Estado tem poder sobre as pessoas, 
mas não em suas propriedades. 
- Território-competência (teoria de Kelsen): território é o âmbito de 
validade da ordem jurídica do Estado. Não há uma oposição entre essa e a 
terceira, é mais uma questão de ênfase. A teoria de Kelsen trata das 
competências enfatizando-a e não enfatizando a questão geográfica. 
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Exceções à territorialidade 
 - Situação em que uma coisa situada no território de um Estado X, ou 
neutro, é tratada como se essa coisa estivesse no território de um Estado Y. 
Por exemplo: navio em alto mar: fisicamente em nenhum território, entretanto o 
navio é tratado como território a qual ele pertence e, portanto, sua população 
também. 
 - Navio de guerra situado em outro Estado trata o navio como Estado 
ao qual ele pertence. 
 - Agentes diplomáticos são dotados de imunidade pessoal, ou seja, não 
são submetidos às normas do Estado no qual ele está, garantindo, assim, 
autonomia do agente para exercer o seu cargo. 
*Se houver ocupação de outro país, não se caracteriza como perda de 
território, pois é uma ocupação temporária. Só perde o território se, após a 
guerra, houver uma espécia de tratado dizendo que o território foi apropriado 
por outro país. 
FORMAS DE ESTADO 
1. Estado unitário 
Terá uma unidade orgânica entre suas dimensões políticas, jurídicas e 
administrativas. No caso das administrativas, não têm funções bem definidas 
como o Brasil, mas existem divisões em que estão condicionados a um podercentral. Dessa forma, não há um ente autônomo como no Estado Federal. 
Quando fala-se de autonomia, se refere a autonomia política, onde no 
Estado Unitário não há. Pode haver certa autonomia administrativa que, 
mesmo assim, está subordinado a um poder central. 
Atualmente ainda há Estado Unitário, mas inclinando ao federalismo. Em 
períodos em que a moda era o totalitarismo, era melhor o Estado Unitário, 
entretanto hoje em dia a moda é democracia, logo, há uma tendência ao 
federalismo. 
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 Transpersonalização do princípio jurídico 
É a distinção do sujeito que exerce a função de governante e o seu 
cargo. Ex: uma coisa é Temer, outra coisa é o cargo de presidente. Não se 
pode personalizar isso. Dessa forma, há a impessoalidade da posição 
institucional, com a tendência ao aborto de eventuais abusos. 
Formação do Estado Unitário 
Pode ser pela fusão de dois Estados Unitários; pode ser pela parte do 
Estado Unitário que torna-se independente e cria-se outro Estado Unitário; e 
pode ser pela decomposição do Estado Federal, em que todos os estados 
membros viram um Estado Unitário. 
O Estado Unitário gira em torno da ideia de centralização. Há a 
necessidade de estabelecer comparações entre elas: 
Centralização Política x Centralização Administrativa 
A centralização política com certeza estará presente no Estado Unitário, 
visto que é um requisito necessário para a permanência dele. Não há qualquer 
traço de pluralismo, ou seja, há apenas uma ordem sem subdivisões de 
autonomia. 
A centralização administrativa, em regra, vai ter, embora não seja 
essencial para um Estado Unitário. A centralização administrativa refere-se a 
unidade em relação à execução das leis. Não há esferas autônomas 
administrativas, mas há divisões subordinadas ao poder central. 
*Dessa forma, pode haver Estado Unitário com descentralização 
administrativa, mas não política. 
Centralização Territorial x Centralização Material 
A centralização territorial quer dizer que o Estado Unitário vai exercer a 
sua soberania por todo o território, não havendo locais com autonomia 
espacial. 
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A centralização material quer dizer que o Estado Unitário concentra em 
suas mãos as competências para governar. Não é necessário ter todas as 
competências centralizadas, mas nunca terá uma esfera totalmente autônoma, 
no sentido do Estado não poder atuar nesse espaço. Dessa forma, quanto 
menor o grau da centralização material, maior é a tendência ao Estado Federal. 
Centralização Concentrada x Centralização Desconcentrada 
A centralização concentrada diz respeito a um nível mais opressor. Há 
um centro de decisão e o centro de execução. O poder central toma todas as 
decisões e transfere a tarefa de cumprir a um ente inferior. 
A centralização desconcentrada diz respeito a um nível intermediário. O 
poder central delega um pouco de competência a órgãos hierarquicamente 
inferiores. Vale ressaltar que órgãos não são pessoas jurídicas e, portanto, 
desprovidos de autonomia. Age meramente como um meio de eficiência da 
pessoa jurídica a qual o órgão é subordinado (nesse caso, o Estado). 
Vantagens e desvantagens da centralização 
Vantagens: 
- Simplifica o governo, pois tudo está direcionado a um único poder; 
- Em matéria de eficácia do poder é muito bom (força, controle); 
 - Reforça o princípio de unidade nacional; 
- Mais fácil planificar gastos; 
- Há quem ache que pode ajudar na impessoalidade, pois se tem um 
poder central decidindo em um lugar pouco visível, ele decidirá sem conhecer, 
ou seja, não sofrerá influência de ninguém para tomar suas decisões sobre 
aquele local. 
Desvantagens: 
- Ameaça a autonomia das coletividades particulares; 
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- Tende a desmobilizar politicamente a população, visto que eles nunca 
terão influência política, na medida em que há um poder central; 
- Sobrecarrega o poder central com muita coisa sem importância; 
- Poder central não conhece os problemas das comunidades menores 
(em paralelo a ultima vantagem). 
Descentralização Administrativa x Descentralização Política 
Existem determinadas centralizações administrativas, mas não é uma 
centralização política. Na descentralização administrativa, confere-se 
competências a órgãos administrativos razoavelmente amplas. Não é mais um 
poder voltado totalmente ao poder central. Indiretamente esses órgãos 
continuam subordinados ao poder central. Dessa forma, fatia-se 
administrativamente, mas não politicamente. 
*Dentre os Estados Unitários, o mais próximo do Federal é o que tem a 
descentralização administrativa. 
2. União de Estados 
Primeiro, é importante dizer que a união de estados é diferente da fusão 
de estados, pois este diz respeito ao surgimento de um Estado, o que não 
acontece na união. Dessa forma, na união de estados, continua existindo os 
estados, mas ligados com algum tipo de vínculo. 
Há duas categorias de união: uniões paritárias e uniões desiguais, na 
qual na primeira não há um Estado submetido a outro, diferentemente da 
segunda, em que um Estado terá vantagem em relação a outro. 
Níveis de aprofundamento da união: Uniões organizadas x Uniões 
desorganizadas 
As uniões desorganizadas resolvem apenas matérias pontuais. Há 
autores que nem consideram como uma união de Estado, visto que essas 
matérias podem ser resolvidas por meio de tratados. 
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As uniões organizadas são subdivididas em União Pessoal e União 
Real. A União Pessoal diz respeito à lei de sucessão da coroa que o torna rei 
de dois Estados. Ou seja, a união vai se dá na pessoa privada do governante. 
Entretanto, não torna um Estado dependente do outro. Antigamente não havia 
nenhuma relevância jurídica, entretanto, hoje poderia haver uma grande 
relevância jurídica, pois poderia haver a pessoalidade no governo. Algumas 
características da união pessoal é que ela se dá de forma aleatória, pois, em 
tese, não é algo planejado; é transitória, pois quando o governante morre 
acaba a união, caso o sucessor dele não for um sucessor comum; não existe 
qualquer tipo de personalidade jurídica internacional; e é um elemento subjetivo 
(rei). 
Já a União Real, diz respeito à união de coisas. Algumas características 
dessa união é que, diferente da união pessoal, ela é um elemento objetivo 
(comunhão de interesses), na medida em que os participantes acham que é 
mais fácil conquistar os seus objetivos através dessa união; portanto, é uma 
decisão consciente; não torna um Estado só, mas estabelece-se apenas um 
governante; está mais próxima de confederação do que de união pessoal; não 
dá pra ter guerra entre si; não se forma uma personalidade jurídica nova; em 
regra, envolvem Estados que tem fronteiras entre si; pode ser permanente. 
*Brasil já foi uma União Real pouco antes da independência. 
3. Confederação 
Primeiro é necessário dizer que confederação é diferente de federação. 
Isto posto, pode-se definir protetorado como uma união de estados que, sem 
abrir mão de suas soberanias, criam órgãos comuns para seguir políticas 
comuns, principalmente em questões de defesa externa e segurança interna. 
Muitas vezes é uma espécie de solução para resolver conflitos entre povos 
semelhantes histórico e culturalmente. 
Dessa forma, não se pode confundir com uma criação de um novo 
Estado. Confederação não é a criação de um novo Estado. Ou seja, em uma 
confederação, continua-se comEstados independentes, mas unidos mediante 
tratados, enquanto federação é formada via Constituição, o que designa um 
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único Estado. Portanto há cidadania própria para cada membro da 
confederação, mas não há uma cidadania da confederação propriamente dita. 
Para sair de uma confederação, o Estado deve fazer uma “denúncia de 
tratado”. Para um estado sair de uma federação, em tese, é por meio de 
guerra. 
Em uma confederação, normalmente existe uma espécie de corpo 
comum, que é um corpo deliberativo para tomar decisões comuns. Para isto 
chama-se “dieta”. 
*O Direito Internacional reconhece a personalidade internacional da 
confederação. 
*Em uma confederação os membros vão conferir uma quantidade de 
competências à confederação muito menor que em uma federação, ou seja, há 
pouca centralização de competências. Na federação, a competência da União 
é muito maior, por haver resquícios do Estado unitário (no caso do Brasil). No 
EUA, por exemplo, há resquícios da confederação e, por isso, os Estados são 
mais autônomos e descentralizados, pois há competências descentralizadas. 
4. Protetorado 
Entende-se por protetorado como uma espécie de “vassalagem 
moderna”, no qual um Estado tem uma organização política fraca que não tem 
capacidade de se estabelecer com autonomia. Nesse caso, cria-se uma 
espécie de tutela com outro país desenvolvido, no qual este irá assumir a 
responsabilidade do Estado menor. 
Há três categorias de protetorado: 
- Colônia: metrópole protege a colônia (protetorado colonial) 
- Semi Protetorado: existiram situações em que os EUA invadiram 
territórios do caribe, dizendo-se pacificador para manter uma estabilidade 
política, até tornaram-se independentes. Esta categoria é criticada por autores, 
pois acontece sem a autorização dos Estados menores. 
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- Protetorado internacional: embora uma determinada nação tenha 
condições de ser um Estado independente, ele é inferior aos ricos e é preferível 
fazer essa espécie de protetorado. Por exemplo: Mônaco com a França. 
Mônaco é um território muito rico, mas é minúsculo e encontra-se no meio do 
território francês. Caso fosse independente, em momentos de guerra, estaria 
em completa minoria e sofreria uma instabilidade para se estabelecer. 
Além desses três tipos, o autor Bonavides encaixa mais uma categoria 
de protetorado: o protetorado ideológico. Este diz que alguns Estados, mesmo 
sendo formalmente independentes, se comportaram como protetorados. Por 
exemplo os Estados que se relacionavam com os EUA ou URSS (veja que não 
são os territórios que foram anexados pela URSS, mas os que eram 
independentes, mas que eram mantidos por essas nações. Por exemplo: Cuba. 
Dessa forma, eles eram independentes, mas ideológico e politicamente 
condicionados à esses Estados. Essa independência chama-se de 
“independência nominal”, na qual está findada apenas no papel, mas 
materialmente são protetorados. 
5. Commonwealth 
A Commonwealth designa uma comunidade política fundada no bem 
comum. É mais ou menos a “república” do latim, na qual significa “coisa 
pública”. Representa de modo aparente o ponto de chegada da evolução 
política e conceitual do antigo Império Britânico. 
Quando é designado com letra minúscula, no sentido lato, caracteriza-se 
por uma oposição da ideia de monarquia. Com letra maiúscula refere-se a uma 
Commonwealth como um nome próprio, ou seja, uma comunidade específica, 
tendo, portanto, a monarquia no meio. 
Império Britânico foi dividido em três fases: 
- Sec XVIII: colônias 
- Sec XIX: domínios (autogoverno local, autonomia) 
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36 
 
- Sec XX: soberania. Domínios saem de autônomos para independentes, 
entretanto vinculados entre si. Dessa forma, mantêm-se os laços de união 
imperial, agora assentados sobre o princípio básico da cooperação e da 
solidariedade dos povos participantes. A partir daí que resultou o 
“Commonwealth”. Tem gente que nem reconhece a terceira fase como império 
britânico. 
Segunda metade do século XX: Irlanda e India criam problemas, pois 
resolvem virar repúblicas. Dessa forma, a Irlanda sai do Commonwealth e a 
Índia vira república, mas desejou ficar. A partir daí estabeleceu-se que a 
Commonwealth podia abranger as duas formas de governo. Portanto, saiu de 
British commonwealth para Commonwealth of Nations, alcançando uma “união 
livre e paritária de Estados soberanos”, no qual está em estreita consonância 
com seu caráter “multirracial, multicultural e multilinguístico”. 
*Todo mundo era regido por uma mesma coroa, mas com o surgimento 
da república não tinha mais como. Dessa forma, a Commonwealth passou a ter 
status dual. 
Hoje há países republicanos, com a rainha como chefe da 
Commonwealth, mas sem interferir internamente no Estado, países 
monárquicos, com a rainha como chefe da Commonwealth, mas não chefe de 
Estado e reinos da Commonwealth, com a rainha sendo as duas coisas. 
6. Estado Vassalo (união desigual) 
O Estado Vassalo é considerado como a versão antiga do protetorado1. 
Alguns autores compactuam a ideia de que tecnicamente não se pode nem 
dizer que é um Estado, pois não reconhece ao Estado Vassalo uma 
personalidade internacional – há quem diga que o Estado Vassalo é uma 
extensão do Estado Suserano2. 
 
1 A diferença entre vassalagem e protetorado é que o primeiro é imposto (relação unilateral), 
quanto o protetorado é feito através de um acordo (bilateral). 
 
2
 Se o Estado Suserano quiser diminuir as competências do Estado Vassalo, ele poderá. Ou seja, 
o Estado Suserano que determinará a faixa de autonomia do Estado Vassalo. 
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37 
 
7. Estado sob administração fiduciária 
O Estado Fiduciário é uma modalidade especial de protetorado. Ou seja, 
pega-se determinado espaço – protetorado ou colônia de alguém, mas esse 
alguém não tem mais condição de administrar esse espaço – e põe um 
administrador fiduciário para “arrumar a casa”. Portanto, é a arte de nomear 
um interventor para arrumar as cosias até torná-lo independente. 
*Em tese essa relação ocorre por interesse humanitário (polity), mas há 
o interesse estratégico (politics). 
8. Estado Federal 
O Estado Federal é uma realidade mais nova. Caracteriza-se pela união 
entre estados – não estados independentes, mas sim estados membros, pois 
se os estados membros tiverem soberania, independência, não há federação – 
uma aliança. 
*Entretanto a União não é hierarquicamente superior aos estados 
membros. Ou seja Esfera federal é diferente de Estado Federal. O primeiro é 
uma única esfera dentre inúmeras; uma fatia das demais competências. 
Portanto, há esfera estadual e municipal, a qual não há hierarquia entre eles e 
sim competências, onde uma, em tese, não poderá invadir a outra. O Estado 
Federal, por sua vez, engloba todas essas esferas. É como o país se mostra 
para o mundo. 
Contudo, a União que cumpre a função de falar em nome da República 
em âmbito internacional. Nesse sentido, o presidente (ou o Ministro de 
Relações Exteriores) age como Chefe de Estado. Ou seja, o presidente fala em 
nome da União que tem a competência de falar em nome do Estado. 
*A União em seu feixe de competências internas vai chamar de feixe 
nacional e não federal. Ou seja, competências federais dizem respeito apenas 
à esfera federal, enquanto o feixe nacional diz respeito à todas as esferasexistentes no Estado. 
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Dessa forma, a União também vai exercer competência de caráter 
nacional, que envolve todos os entes, inclusive ela mesma. Ex: Código 
Tributário Nacional. 
Ou seja, quando se fala em união como esfera federal, fala em algo 
específico, e quando fala em União em caráter nacional, engloba todos os 
entes. 
Há uma pirâmide em que expressa a dinâmica das leis no Brasil. Nela, 
há as leis ordinárias, que são, por exemplo, as leis de cada ente criadoras dos 
impostos. Em seguida tem a lei complementar, por exemplo, o CTN (tem 
caráter nacional, portanto abrange todas as esferas) e, por fim, o sistema 
constitucional tributário que estabelece as competências para que os entes 
criem leis. Estabelece a competência para a União criar a lei complementar 
sobre normas gerais tributárias. 
A lei complementar se diferencia da ordinária quanto ao coro de 
aprovação. Nesse contexto, para uma lei ordinária ser aprovada, é necessária 
apenas a maioria simples dos que estão presentes na votação. Já a lei 
complementar, para ser aprovada, é necessária a maioria absoluta de todos os 
votantes do congresso, não apenas dos presentes. 
Soberania e Autonomia 
Soberania é aquele que não se submete a ninguém; independente. 
Logo, quem tem soberania é o Estado Federal e não municípios, estados ou 
união. Eles tem apenas uma esfera autônoma de competência que não pode 
ser invadida por outros entes. 
*Apesar da União falar em nome do Brasil, quem figura é o Brasil como 
Estado Federal e não pela União. 
A Constituição estabelece o quadro de competências, no qual um não 
pode invadir o outro. Nesse sentido, a União, como ente nacional, não está 
invadindo os outros entes, pois a Constituição estabelece essa competência 
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nacional a ela, na qual abrangerá os entes municipais, estaduais e, inclusive, a 
esfera federal. 
Contudo, há a possibilidade de intervenção federal (nome que a 
Constiuição dá, mas não se caracteriza uma invasão, pois é lícito, previsto na 
CF/88) em caso de grande catástrofe, onde a união intervirá para apaziguar a 
situação. 
Os entes da federação são autônomos, ou seja, vai reconhecer aos 
estados membros, municípios e união determinadas qualidades. 
Não se pode fazer mudanças na Constituição, via emenda 
constitucional, se isso caracterizar um desequilíbrio entre os entes. Portanto, 
não se pode delegar uma qualidade de um ao outro, pois isso implica em uma 
violação da autonomia deles. 
Por outro lado, pode-se criar competências novas – com cuidado para 
não ser um disfarce à invasão da autonomia de outro ente – mas não pode tirar 
de um e delegar a outro. 
A autonomia dos entes se desdobram em quatro capacidades: 
a) Capacidade de autogoverno 
b) Capacidade de autolegislação 
c) Capacidade de autoorganização 
d) Capacidade de autoadministração 
Capacidade de autogoverno: 
Capacidade para que cada ente da federação organize sozinho os seus 
poderes, dentro dos termos constitucionais (união e estado com 3 poderes, 
município com 2 poderes). 
Capacidade de autolegislação: 
Capacidade de exercer as suas competências legislativas 
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Capacidade de autoorganização: 
Capacidade de estabelecer uma norma fundante3 para as entidades da 
federação. Vale lembrar que a união não terá uma norma fundante, visto que 
há a Constituição Federal. 
Os estados poderão criar a constituição estadual e os municípios 
provêm da lei orgânica municipal. 
*O poder do estado membro criar a sua própria constituição chama-se 
de poder constituinte decorrente, pois decorre de outra constituição (a federal). 
Logo não é soberano, mas sim autônomo. 
Há quem entenda que os municípios são entes inferiores e não 
poderiam ser considerados um ente da federação, pois não tem representação 
no congresso. Por isso tem a lei orgânica e não a constituição municipal, o que, 
em tese, é a mesma coisa. 
Capacidade de autoadministração: 
Capacidade de exercer as suas competências administrativas. 
Tipos de federalismo 
Federalismo centralizado x federalismo descentralizado 
No federalismo centralizado, as principais competências (executivo e 
legislativo) são outorgadas ao ente federal (união). Ex: Brasil, onde grande 
parte do que importa fica na união. 
No federalismo descentralizado, essas competências são carregadas a 
outros entes. Ex: EUA, onde grande parte do que importa ficam nos estados 
membros. 
 
3
 Norma fundante estabelece as bases para a instituição de um ente político autônomo ou de 
um Estado soberano. 
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Dentre os Estados Federais, há os que são mais centralizados e os que 
são menos centralizados (mais descentralizados). .E daí vem as 
nomenclaturas: 
Federação centralizada: há a descentralização político-administrativa, 
mas dentre os Estados Federais, são os que são mais centralizados. 
Federação descentralizada: há uma descentralização político-
administrativa muito mais evidente que os Estados de federação centralizada. 
Federalismo centrípeto x federalismo centrífugo 
Há Estados que fizeram caminhos históricos diferentes e, por isso, vai 
influenciar diretamente no tipo de federalismo. 
Nesse contexto, o Brasil foi um Estado unitário, depois tornou-se uma 
federação, portanto, é um federalismo centrífugo a União dá as competências 
aos estados membros. Dessa forma, há a tendência do federalismo 
centralizado. 
Por outro lado, os EUA foi uma confederação, depois tornou-se 
federação e, portanto, é um federalismo centrípeto, onde os estados membros 
dão as competências para a União. Dessa forma, a tendência é de uma 
federalismo descentralizado. 
Entes da federação 
Estado membro: pessoa jurídica do direito público interno que é 
reconhecida como ente da federação e, consequentemente, dotado de 
autonomia. Está submetido ao princípio da simetria, que consiste no princípio 
que estabelece que a ordem estadual tem que espelhar naquilo que for 
essencial à Constituição Federal. 
Municípios: pessoa jurídica do direito público interno dotado de 
autonomia. Também é submetido ao princípio da simetria. A diferença entre os 
municípios e os estados é que os municípios não têm representação no 
Congresso. 
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Distrito Federal: unidade da federação com autonomia parcialmente 
tutelada4. Comporta outros territórios além de Brasília. Se for pra inserir o DF 
no conceito de estado membro ou município, faz mais sentido estreitar-se na 
concepção de estado membro, assim como o STF o faz, pois, em regra, as 
suas competências são similares aos dos estados. 
Por exemplo: o Distrito Federal tem governador e tribunal (municípios 
não têm poder judiciário). Entretanto, é provido de Lei Orgânica e não de 
Constituição Estadual. Ou seja, tem competências de município e de estado, 
mas é interferido pela União. 
Territórios Federais 
Os territórios federais não são entes da federação. É uma espécie de 
mecanismo de descentralização territorial. Ou seja, é um território da união que 
funciona como descentralização administrativa, mas sem autonomia política. 
Por exemplo: Fernando de Noronha não é um território federal, mas já 
foi. Hoje é integrado ao estado de Pernambuco. 
FORMAS DE GOVERNO 
Os franceses enxergam como forma de governo, nas classificaçõesmais 
antigas e tradicionais, a monarquia, a aristocracia e a democracia. Para definir 
qual é o tipo de governo, é necessário a adoção de três critérios: o critério do 
número de titulares do poder soberano (defendido por Aristóteles), o critério da 
separação de poderes e o critério dos princípios essenciais que animam as 
práticas governativas e o poder estatal limitado ou absoluto. Os dois últimos 
critérios são concepções mais recentes e, portanto, traduzem melhor a 
compreensão contemporânea. Dessa forma, essas concepções 
contemporâneas configuram-se como uma reação ao modelo rígido anterior. 
Vale lembrar que o critério de separação de poderes dominou durante toda a 
idade do Estado Liberal, apoiado na teoria de Montesquieu. 
 
4 Algumas competências administrativas e legislativas são da União. 
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Nesse contexto, dentre as três, as classificações mais aprovadas são as 
que abrangem o critério do número de pessoas que exercem o poder 
soberano, dependidas por Aristóteles, Maquiavel e Montesquieu. 
1. CLASSIFICAÇÃO DE ARISTÓTELES 
Aristóteles vai classificar as formas de governo em três tipos: a 
Monarquia, a Aristocracia e a Democracia. 
 1.1. Monarquia 
A Monarquia representa o governo de um só, ou seja, há uma exigência 
unitária e o máximo respeito às leis. 
 1.2 Aristocracia 
A Aristocracia diz respeito ao governo de alguns, dos melhores. É, 
portanto, regido pela força da cultura, da inteligência, dos melhores que puxam 
as rédeas do governo, ou seja, é exigido da aristocracia a seleção dos 
melhores para governar. 
 1.3 Democracia 
A Democracia atende aos princípios de liberdade e igualdade da 
população. 
Após isso, Aristóteles distingue as formas de governo puro das formas 
de governo impuro. As formas de governo puro dizem respeito ao governo que 
tem em vista o interesse comum, em qualquer uma das classificações. Por 
outro lado, o governo impuro diz respeito ao prevalecimento do interesse 
individual em face da coletividade. Nesse contexto, quando a monarquia tem 
seu governo voltado ao interesse próprio, configura-se em tirania. A 
Aristocracia, por sua vez, quando submetido a um governo voltado ao interesse 
individual, tem-se a oligarquia, plutocracia ou despotismo, voltado em 
interesses econômicos antissociais. Por fim, quando ocorre esse processo com 
a democracia, configura-se em demagogia, ou seja, um governo das multidões 
rudes, que transcendem às regras. 
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2. ACRÉSCIMO ROMANO À CLASSIFICAÇÃO DE ARISTÓTELES: O 
GOVERNO MISTO. 
Alguns escritores políticos da sociedade romana, como Cícero, 
acrescentaram o quarto tipo de governo: o misto. Nesse sentido, segundo 
Cícero, esta forma de poder já existia no Estado romano. 
O governo misto consiste, basicamente, na redução dos poderes da 
monarquia, aristocracia e democracia, mediante instituições políticas, tais qual 
o Senado Aristocrático e a Câmara Democrática. 
Vale lembrar que autores modernos que admitem a existência da forma 
mista, entendem que a Inglaterra oferece o melhor exemplo na atualidade. 
Para entender esse exemplo, é necessária uma breve explicação do estilo de 
governo inglês. 
O governo inglês é regido por um sistema monárquico constituído pelo 
Rei, pela Câmara Alta (Câmara dos Lordes) e pela Câmara Baixa (Câmara dos 
Comuns). Nesse contexto, o Rei se caracteriza como a Coroa monárquica, a 
Câmara Alta como a Câmara Aristocrática e, por fim, a Câmara Baixa 
configura-se na Câmara Popular. Essas três instâncias constituem o 
parlamento inglês. 
3. AS MODERNAS CLASSIFICAÇÕES DAS FORMAS DE GOVERNO: 
DE MAQUIAVEL A MONTESQUIEU. 
 3.1. Maquiavel 
Maquiavel se desfaz da tríplice governamental de Aristóteles e assume 
formas de governo em termos dualistas. Nesse sentido, para ele, há a 
monarquia, como poder singular, de governo hereditário e vitalício e a 
república, como poder plural, renovando-se mediante eleições. 
Na monarquia, há uma subdivisão baseada em monarquia absoluta e 
monarquia limitada, a qual esta subdivide-se em monarquia estamental, 
constitucional ou parlamentar. 
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 3.1.1. Monarquia absoluta 
A monarquia absoluta tem todo o poder concentrado no monarca. Dessa 
forma, o seu poder é proveniente da origem divina. 
 3.1.2. Monarquia limitada 
A monarquia limitada tem o poder central repartido. 
- Estamental: descentraliza certas funções e delega-as a elementos da 
nobreza reunidos em Cortes. É típico do regime feudal. 
- Constitucional: aqui o Rei exerce apenas o Poder executivo, ao lado 
dos poderes Legislativos e Judiciários. Por exemplo: Brasil imperial. 
- Parlamentar: aqui o Rei não exerce função de governo. Ou seja, ele 
reina, preside a nação, mas não governa. Esta função é exercida pelo Gabinete 
de Ministros. 
 3.1.3. República 
A república é o governo temporário e eletivo. É subdividido em república 
aristocrática e república democrática, na qual esta é subdividida em república 
democrática direta, indireta (representativa) e semidireta (mista). 
 República Aristocrática: 
É o governo de classe privilegiada por direitos de nascimento ou 
conquista, ou seja, o governo dos melhores. Exemplo: Atenas foi uma 
República Aristocrática. 
 República Democrática: 
Aqui, todo o poder emana do povo. 
- República Democrática Direta: é um modelo completamente 
abandonado atualmente, e consiste em um governo em que todos os cidadãos 
governam. Exemplo: antigo Estado ateniense. 
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- República Democrática Indireta (representativa): é a solução racional 
dos filósofos da modernidade, concretizada na Revolução Francesa. Nela, foi 
firmado o princípio da soberania nacional. Nesse contexto, consiste em conferir 
o poder do governo aos representantes escolhidos por meio de eleições. Dessa 
forma, o Poder Executivo e o Poder Legislativo são eleitos pelo povo e o Poder 
Judiciário é nomeado pelos dois outros poderes que foram eleitos pelo povo. 
- República Democrática Semidireta (mista): é o governo que limita o 
poder da Assembleia Representativa, reservando ao povo os assuntos de 
maior importância, principalmente os de ordem constitucional. Dessa forma, 
esses assuntos importantes são decididos mediante referendos, iniciativas 
populares, vetos populares, etc. Ou seja, o povo decide os conflitos em última 
instância. 
 3.2. Montesquieu 
Montesquieu é o dono da teoria mais conhecida dos tempos modernos. 
Nela, ele distingue a natureza e o princípio do governo. Nesse contexto, a 
natureza exprime-se naquilo que faz com que o governo seja o que ele é, 
enquanto o princípio é aquilo que faz o governo atuar, ou seja, que anima o 
exercício do poder, como, por exemplo, as paixões humanas. 
São formas de governo: república, monarquia e despotismo. 
 3.2.1. República 
A república compreende a democracia e a aristocracia. Nesse cenário, a 
natureza da democracia consiste na soberania residir nas mãos do povo, 
enquanto o seu princípio é a virtude, traduzido no amor à pátria, na igualdade. 
Por outro lado, a natureza da aristocracia consiste na soberania pertencer a 
alguns, aos melhores, enquanto o seu princípio é a moderação dos 
governantes. 
 3.2.2. Monarquia 
A natureza da monarquia decorre de ser o governo de um só. Nesse 
contexto, o soberano governa mediante leis fixas. Entretanto, há

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