Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 2 - DIREITO CONTRATUAL 1. Formação dos Contratos II 2. Classificação dos Contratos I. 3. Classificação dos Contratos II. 4. Exceções à Relatividade dos Efeitos dos Contratos. 5. Dos Vícios Redibitórios. 6. Da Evicção e dos Contratos Aleatórios. 7. Do Contrato Preliminar e do Contrato com Pessoa a Declarar. 8. Da Extinção do Contrato I. 9. Da Extinção do Contrato II. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS II Lugar da celebração Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Onde a proposta foi feita é que será reputado celebrado, o que corrobora a teoria da recepção e não da expedição. Mas quando os contratantes residem em países diferentes, o que aplica-se aos contratos firmados pela internet, cabe a LINDB, 9 § 2º, ou seja, o lugar onde residir o proponente, ou seja, quem fez a ofertaou proposta. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no lugar em que residir o proponente. Nestes casos, assevera a doutrina que, embora o CDC no art. 51, I não permite redução aos direitos do consumidor, isso pode ocorrer se o país onde for domiciliada a empresa com quem contratar o permitir; vai valer as regras de lá.1 Da mesma forma que a empresa brasileira que exportar, tem que respeitar claramente o CDC, mesmo no comércio exterior, sendo o fornecedor o único responsável pelos produtos ou serviços, bem como pelas informações. O provedor aonde é feito o anúncio não responde pela regularidade do mesmo se atuar apenas como veículo. 1 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 751. Cabe ainda, o foro de eleição, quando for o caso. Domicílio de eleição (art. 78 CC): autoriza os contratantes a especificar o domicílio (foro) onde irão exercitar e cumprir as obrigações do contrato. Contudo, deve-se estar atento as regras do CPC, arts. 46 e 47 no tocante as demandas decorrentes do contrato. Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. § 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor. § 3o Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4o Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. § 5o A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. § 1o O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. § 2o A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta. Classificação dos Contratos I e II e Exceções à Relatividade dos Efeitos dos Contratos2. Quanto aos efeitos: a) Unilateral: criam obrigações para uma das partes e benefício para a outra (ex.: doação pura, fiança). b) Bilateral (ou sinalagmático): pois cria direitos e deveres equivalentes para ambas as partes. Ex: compra e venda, locação. c) Plurilateral: contém mais de duas partes, como os contratos de sociedade e de consórcio. d) Onerosos: ambos os contraentes têm vantagem e proveito econômico. ex: compra e venda, locação. contrato unilateral e oneroso: são aqueles onde existe uma pequena contraprestação da outra parte. Ex.: doação modal - há um encargo por parte do donatário, já que o doador exige que o donatário faça algo em troca da coisa (art. 553 CC). Ex.: mútuo feneratício - empréstimo de dinheiro a juros (art. 591 CC). Empréstimo entre amigos em geral não tem juros (mútuo simples), sendo unilateral e gratuito. e) Gratuitos: só beneficiam uma das partes. (ex.: doação pura). f) Comutativos: são de prestações certas e determinadas, os quais não envolvem risco, existindo certa equivalência entre a prestação e a contraprestação. ex: compra e venda, troca, locação. Estes serão estudados mais aprofundadamente a frente, no estudo dos vícios redibitórios (defeitos ocultos em coisa recebida que a tornam imprópria ao uso a que se destina, diminuindo o seu valor), da evicção (perda da coisa em virtude de sentença judicial que a dá a outra pessoa em função de cláusula preexistente no contrato). 2 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 759 ss. g) Aleatórios: são caracterizados pela incerteza, onde uma das partes terá mais vantagem do que a outra, que depende de um fato futuro e incerto (aleatório). Jogo, aposta e seguro (aleatórios por natureza) já que o risco é parte integrante destes. “Ex: contrato de seguro onde eu pago mil reais para proteger meu carro que vale vinte mil; se o carro for roubado eu receberei uma indenização muito superior ao desembolso efetuado, mas se durante o prazo do contrato não houver sinistro, a vantagem será toda da seguradora.”3 Contrato aleatório especial: Venda de coisa futura: Venda de colheita futura com cláusula que a coloca como perfeita e acabada com ou sem safra, se esta se perder sem culpa do agricultor, como no caso da geada. Se total, como o descrito no exemplo, chama-se emptio spei (458 CC).4 Se em relação a parte da safra, e nada for colhido, será nulo o contrato, liberando o comprador; mas se parcial e algo for colhido, mantém o contrato, devendo ser pago o total do preço ajustado, independentemente do quanto for entregue. Chama-se emptio rei speratae (459 CC).5 Venda de coisa existente, mas exposta a risco: é a venda de mercadoria transportada em navios pequenos, onde se assume o risco de naufrágio, será válido o contrato mesmo que a embarcação tenha sucumbido quando da realização do contrato. Mas se o alienante já sabia do naufrágio quando contratou, a sua má-fé não o protege, podendo ser anulado o contrato6 (arts. 460, 461 e 422 CC). Quanto à formação: 3 http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Fonte-das-Obriga%C3%A7%C3%B5es/5/aula/7 4 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. 5 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. 6 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. a) Paritários: são os contratos tradicionais, onde as partes conjuntamente resolvem as cláusulas contratuais em pé de igualdade. b) De adesão: contrato previamente pronto por uma das partes, cabendo à outra parte aderir ou não ao mesmo. Dessa forma, prepondera a vontade de apenas um dos contratantes, não havendo qualquer possibilidade a outra parte de negociá-lo. Somente adere ao mesmo, sem qualquer autonomia quanto a sua vontade. OCódigo de Defesa do Consumidor, além de estabelecer um conceito de contrato de adesão (art. 54)7 proíbe cláusulas abusivas nos contratos de adesão, porque o mesmo não foi objeto de discussão (art. 51)8. 7 Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior. § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. 8 Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste código; III - transfiram responsabilidades a terceiros; IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade; V - (Vetado); VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor; VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor; X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor; XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor; XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua celebração; XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais; XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor; XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias. § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; Ex.: contrato de adesão: com a Copel, Sanepar, telefonia, transporte terrestre, aéreo e náutico, seguro, entretenimento (espetáculos públicos, cinemas, jogos etc), bancário etc. c) Contrato-tipo (de massa, em série ou por formulário): próximo ao de adesão porque também pré-fabricado, mas admite discussão sobre o conteúdo, sendo deixados claros, a fim de serem preenchidos de acordo com a vontade dos contratantes. Não há, necessariamente, a desigualdade do contrato de adesão, já que as cláusulas não são impostas, mas pré-redigidas. Destina-se a grupos específicos. Ex.: certos contratos bancários que tem espaços em branco quanto a taxa de juros, prazo e condições do financiamento, para serem preenchidos à máquina, após o acordo das partes. Quanto ao momento de sua execução: a) De execução instantânea: se cumprem num só ato, imediatamente. Ex.: compra e venda à vista, troca, doação. b) De execução diferida: se cumprem num só ato, mas a execução é futura. Ex.: a compra e venda a prazo, que se forma em um só ato, mas sua execução é diferida no tempo. c) De execução continuada ou trato sucessivo: se prolongam por dias, semanas e meses, sendo feito por atos reiterados. Ex: locação, seguro. Quanto ao agente: III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. § 3° (Vetado). § 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes. a) Personalíssimo (intuitu personae): é celebrado com certa pessoa em virtude de suas qualidades pessoais. Cabe perdas e danos para o não cumprimento (art. 389 CC). “Ex: contrato um ator famoso para gravar um filme, caso ele desista, não aceitarei o filho no lugar dele. Quando a obrigação é de fazer um serviço, em geral o contrato é personalíssimo.” 9 b) Impessoais: pode ser cumprido pelo obrigado ou por 3º, como nas obrigações de dar uma coisa. Se admite a execução forçada do contrato (art. 475 CC). Ex.: se Antônio me deve um mil reais, não tem problema que seu pai ou Carlos me paguem. c) Individuais: neste, as vontades são individualmente consideradas, mesmo se houver várias pessoas contratando. d) Coletivos: quando há 2 pessoas jurídicas de direito privado, representando categorias profissionais (sindicatos). Quanto ao modo por que existem: a) Principais: é aquele que tem vida própria, existe por si só, não depende de outro para existir. Ex.: locação, empréstimo. b) Acessórios: a sua existência depende de outro contrato. Seguem a sorte do principal (art. 184 CC). Ex: a fiança, depende da locação; hipoteca garante um empréstimo; cláusula penal no contrato. c) Derivados ou subcontratos: seu objeto está esta estabelecido em outro contrato, ou seja, os direitos dele dependem do escrito em outro. Ex.: sublocação em relação a locação, subempreitada em relação a empreitada. Quanto à forma: a) Solenes ou formais: a lei exige solenidades para sua conclusão. Ex.: doação, fiança devem ser escritos (arts. 541 e 819 CC); compra e venda de imóvel, deve ser por escritura pública (arts. 108 e 215 CC). 9 http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Fonte-das-Obriga%C3%A7%C3%B5es/5/aula/7 b) Não solenes ou informais: na maioria dos contratos são informais e consensuais, bastando o acordo de vontades para sua formação, podendo ser verbais (arts. 107 e 104 III). c) Consensual: todo contrato é consensual, exige acordo de vontades. d) Reais: além do acordo de vontades, a lei exige a entrega da coisa(tradição). Estes, podem até ser informais, dependem da entrega da coisa. Ex: doação de bens móveis (art. 541, § ú CC) “Porém na compra e venda, troca, locação, etc., já vai existir contrato após o acordo de vontades e mesmo antes da entrega da coisa, de modo que uma eventual desistência pode ensejar perdas e danos ou até a execução compulsória do 475. Então se A promete emprestar sua casa de praia para B passar o verão (= comodato), só haverá contrato após a ocupação efetiva da casa por B. Já se A se obriga a alugar sua casa de praia a B durante o verão (= locação), o contrato surgirá do acordo de vontades, e eventual desistência de A, mesmo antes da entrega das chaves, ensejará indenização por perdas e danos (389). A tradição não é requisito de validade, mas de existência dos contratos reais”.10 Quanto ao objeto: a) Pré-contrato: tem por objeto que se faça um contrato definitivo. Pode vincular a ambos ou não. Ex.: promessa de compra e venda de imóvel se irrevogável; promessa unilateral ou opção se gera obrigações para apenas uma das partes. b) Definitivo: é o contrato em si, de acordo com o que se quer contratar. 10 http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Fonte-das-Obriga%C3%A7%C3%B5es/5/aula/7 Quanto a designação: a) Típicos: têm previsão na lei, disciplinados pelo legislador, pois são os mais comuns. Vão do art. 481 ao art. 853 no CC. b) Atípicos: contratos não previstos em lei, de acordo com o exercício da autonomia privada. c) Misto: típico e atípico (mistura dos dois). Ex.: um contrato típico com cláusulas criadas pelas partes em algumas situações. d) Nominados: tem designação própria. e) Inominados: não tem designação própria. f) Coligados: vários contratos que se apresentam interligados. Exceções à Relatividade dos Efeitos dos Contratos Estipulação em favor de terceiro (436 a 438 CC): Quando uma pessoa convenciona com outra que está dará uma vantagem/benefício a 3ª pessoa que não figura na relação contratual. Não pode haver contraprestação da pessoa que recebe, e permite que a obrigação assumida possa ser exigida tanto pelo estipulante quanto pelo beneficiário dele. Ex.: mando depositar o aluguel de que sou locatário na conta do meu filho, ele ou eu pode exigir o pagamento; seguro de vida; prole eventual. Promessa de fato de terceiro (art. 439 CC) Quando uma pessoa se compromete com a outra de que obterá prestação de fato de um terceiro. Não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Ex: um promoter promete a um empresário trazer determinado comediante para fazer um show. Se este não vier, o promoter é que arcará com as perdas e danos, já que tinha se responsabilizado pela apresentação do comediante, não integrando este o contrato inicial (empresário e promoter), mas somente um segundo contrato do artista com o promoter. Dos Vícios Redibitórios. - defeitos ocultos na coisa recebida em virtude de um contrato comutativo oneroso (são de prestações certas e determinadas, os quais não envolvem risco, existindo certa equivalência entre a prestação e a contraprestação) que a tornam imprópria para o uso a que se destina ou lhe diminuem o valor. - Fundamento: todo alienante deve GARANTIR que o bem se destine ao seu uso. Dessa forma, o adquirente pode recusar a coisa (rescinde o contrato por ação redibitória). Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Ou ficar com ela, requerendo abatimento no preço (por ação quanti minoris ou estimatória). Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato. Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição. Ex.: se o cavalo morrer logo após ser adquirido, decorrente de doença pré- existente a compra/tradição, cabendo obrigatoriamente ação redibitória, nesse caso, em face do perimento da coisa (morte do animal). Para entrar com as ações edilícias (redibitória/estimatória) prazo decadencial de 30 dias (bens móveis); 1 ano (bens imóveis), contados da entrega da coisa (tradição). Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. O prazo pode ser ampliado pelos contratantes. Ex.: na oferta de veículos o prazo é de 1, 2 ou até 5 anos. Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência. Isso é assim especificado, quanto a denúncia do defeito para manter a probidade e boa-fé das relações contratuais. Exceções a contagem de prazo a partir da tradição: - máquina sujeita a experimentação (somente quando se der o perfeito funcionamento constatado na experimentação - § 1º 445); - venda de animais (da manifestação da doença de que é portador até 180 dias) Art. 445. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria. Não cabem as ações edilícias quando: - a coisa é vendida conjuntamente, o defeito oculto de uma não permite a rejeição de todas, a não ser que se tornem um todo inseparável (uma coleção original com dedicatória do autor de Pontes de Miranda, par de sapatos); Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. - a entrega de uma coisa por outra, não é vício redibitório, é caso de inadimplemento contratual, cabendo perdas e danos. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. - erro quanto a qualidade essencial do objeto, não é vício redibitório, cabendo ajuizamento de ação anulatória do negócio jurídico. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; No CDC, protege-se o vício oculto e o aparente (art. 26). Vício aparente produto não durável: 30 dias; Vício aparente produto durável: 90 dias da entrega; Vício oculto produto não durável: 30 dias, contados da ciência do vício; Vício oculto produto durável: 90 dias, contados da ciência do vício; Ex.: comprar um carro em uma loja ou concessionária protege-se os vícios ocultos e aparentes (CDC); contratarde particular para particular – direito civil. Da Evicção e dos Contratos Aleatórios11. Evicção – do latim evincere, significa a perda da coisa em virtude de sentença judicial que a entrega a alguém (evictor) por causa jurídica pré-existente no contrato. - Fundamento: todo alienante deve GARANTIR que o bem se destine ao seu uso. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública. Ex.: Antônio Marcos adquire de Bento a propriedade de um apartamento, o qual, posteriormente, perde essa propriedade, em razão de sentença judicial proferida em ação que movida por Maria Carla. Na sentença o juiz declarou que a compra e venda feita de Bento para Antônio Marcos seria inválida, pois Maria Carla seria a real proprietária do apartamento (proprietária originária) – e não Bento, o qual, portanto, não o poderia ter vendido o apartamento para Antônio Marcos. A vítima de evicção, no caso, Antônio Marcos, terá o direito de regresso contra Bento, tendo em vista que este lhe vendeu um bem que não poderia ser vendido. Nesse sentido, Antônio Marcos terá o direito de cobrar a devolução do preço ou outra contraprestação dada em troca do bem + indenização por perdas e danos caso houverem, além dos custos com a ação judicial e honorários de advogado. Requisitos: - perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; - onerosidade da aquisição; - ignorância pelo adquirente da litigiosidade da coisa (457 CC); Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. 11 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 812 ss. - anterioridade do direito do evictor; Verbas devidas além da restituição das quantias pagas: Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial. Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente. Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu. Contratos Aleatórios – neste tipo contratual, não há previsão do total da prestação das partes desde logo, por depender de um risco futuro, que pode provocar sua variação. São, dessa forma, caracterizados pela incerteza, onde uma das partes terá mais vantagem do que a outra, que depende de um fato futuro e incerto (aleatório). Jogo, aposta e seguro (aleatórios por natureza) já que o risco é parte integrante destes. “Ex: contrato de seguro onde eu pago mil reais para proteger meu carro que vale vinte mil; se o carro for roubado eu receberei uma indenização muito superior ao desembolso efetuado, mas se durante o prazo do contrato não houver sinistro, a vantagem será toda da seguradora.”12 Contrato aleatório especial: Venda de coisa futura: Venda de colheita futura com cláusula que a coloca como perfeita e acabada com ou sem safra, se esta se perder sem culpa do agricultor, como no caso da geada. Se total, como o descrito no exemplo, chama-se emptio spei (458 CC).13 Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. Se em relação a parte da safra, e nada for colhido, será nulo o contrato, liberando o comprador; mas se parcial e algo for colhido, mantém o contrato, devendo ser pago o total do preço ajustado, independentemente do quanto for entregue. Chama-se emptio rei speratae (459 CC).14 Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Venda de coisa existente, mas exposta a risco: é a venda de mercadoria transportada em navios pequenos, onde se assume o risco de naufrágio, será válido o contrato mesmo que a embarcação tenha sucumbido quando da realização do contrato. Mas se o alienante já sabia do naufrágio quando contratou, a sua má-fé não o protege, podendo ser anulado o contrato15 (arts. 460, 461 e 422 CC). 12 http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Fonte-das-Obriga%C3%A7%C3%B5es/5/aula/7 13 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. 14 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. 15 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 820. Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. Do Contrato Preliminar Contrato preliminar – (pactum de contrahendo) visa celebrar um contrato definitivo, ou seja, é uma espécie de pré-contrato, onde se deve respeitar os requisitos essenciais do contrato a ser celebrado. Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive. Requisitos Objetivos Subjetivos Formais Objeto licito, possível, determinado ou determinável (104, II). Capacidade para contratar (104, I) e legitimidade para alienar o bem. Seriam os requisitos para cada contrato descrito na lei (estudar-se-á em cada contrato) Não deve tentar contra a ordem pública e os bons costumes, ser contra a lei ou impossível de se realizar. Ex.: vender a virgindade (contra os bons costumes); venda de um órgão (ilegal); vender terreno no céu (impossível). Necessidade de outorga uxória se os contraentes forem casados. O art. 462 CCnão exige para o contrato preliminar esse requisito Ex.: mesmo que o contrato definitivo exija instrumento público (compra e venda de imóvel), o preliminar pode ser particular. Art. 463. Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. Esse registro não é considerado requisito necessário para que torne obrigatória a celebração do contrato definitivo entre as partes. Contudo, se for registrado, deverá respeitar que se for relativo a compra e venda de bem imóvel (promessa de compra e venda), deverá ser registrado no cartório de registro de imóveis. E no registro de títulos e documentos, quando se tratar de bens móveis. Enunciado 30 I Jornada Direito Civil CJF A disposição do parágrafo único do art. 463 do novo Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros. Ou seja, mesmo se não registrado, gera obrigação de fazer para as partes. Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. Nesse sentido, diz a doutrina16, que o legislador primou pela aplicação do princípio da execução específica da obrigação de fazer contida no contrato preliminar. Ou seja, somente se não houver interesse do credor ou em função da natureza da obrigação, é que o contraente que cumpriu sua parte, poderá pleitear perdas e danos. Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. Caberá a quem adquirir o bem realizar o registro evitando, assim, a venda sucessiva do bem. Todavia, mesmo sem o registro, poderá pleitear a adjudicação compulsória do imóvel registrado em nome do promitente vendedor. A adjudicação compulsória é uma espécie de ação judicial que visa promover o registro imobiliário que efetiva à transmissão da 16 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 826. propriedade imobiliária, quando não vier a ser realizada a escritura definitiva em razão de uma promessa de compra e venda de imóvel. Ocorre quando a pessoa compra o bem em prestações e ao chegar ao final, não procede a escritura, e quando vai proceder o vendedor (PF) já morreu, ou o vendedor (PJ) já encerrou suas atividades. Tem que mover a ação, e se o juiz entender como correta a adjudicação, ordenará a expedição de carta de adjudicação, a qual se constitui no título próprio a ser transcrito no registro imobiliário (Decreto-Lei nº 58/1937, art. 16). Se a ação for proposta pelo vendedor contra o comprador (não quer mais ser responsável pelo bem, principalmente quanto à responsabilidade tributária), o comprador será intimado para comparecer em cartório para assinar a escritura de compra e venda. Se o comprador não for assinar, o imóvel ficará depositadoem juízo, por conta e risco do comprador, que responderá pelas despesas judiciais e custas do depósito (Decreto-Lei nº 58/1937, art. 17). STJ - Súmula 239: Adjudicação Compulsória - Registro do Compromisso de Compra e Venda O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis. STJ, interpretando o art. 33 da Lei de locações (8.245/1991), entende: cabe ação de adjudicação compulsória do inquilino para adquirir imóvel vendido pelo locador sem a observância do direito de preferência. Quanto aos imóveis loteados, art. 26 lei 6766/7917 que os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de cessão 17 Art. 26. Os compromissos de compra e venda, as cessões ou promessas de cessão poderão ser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, de acordo com o modelo depositado na forma do inciso VI do art. 18 e conterão, pelo menos, as seguintes indicações: I - nome, registro civil, cadastro fiscal no Ministério da Fazenda, nacionalidade, estado civil e residência dos contratantes; II - denominação e situação do loteamento, número e data da inscrição; III - descrição do lote ou dos lotes que forem objeto de compromissos, confrontações, área e outras características; IV - preço, prazo, forma e local de pagamento bem como a importância do sinal; V - taxa de juros incidentes sobre o débito em aberto e sobre as prestações vencidas e não pagas, bem como a cláusula penal, nunca excedente a 10% (dez por cento) do débito e só exigível nos casos de intervenção judicial ou de mora superior a 3 (três) meses; VI - indicação sobre a quem incumbe o pagamento dos impostos e taxas incidentes sobre o lote compromissado; VII - declaração das restrições urbanísticas convencionais do loteamento, supletivas da legislação pertinente. poderão ser feitos por escritura pública ou por instrumento particular, e para os não loteados, admite-se também a forma particular.18 STF Súmula nº 413 - Compromisso de Compra e Venda de Imóveis - Direito a Execução Compulsória - Requisitos Legais O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não loteados, dá direito a execução compulsória, quando reunidos os requisitos legais. Em qualquer dos casos se faz necessária a outorga uxória. Do Contrato com Pessoa a Declarar. Permite a indicação de outra pessoa para agir em seu lugar, adquirindo direitos e contraindo obrigações. Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar- se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. § 1º O contrato deverá ser firmado em 3 (três) vias ou extraídas em 3 (três) traslados, sendo um para cada parte e o terceiro para arquivo no registro imobiliário, após o registro e anotações devidas. § 2º Quando o contrato houver sido firmado por procurador de qualquer das partes, será obrigatório o arquivamento da procuração no registro imobiliário. § 3o Admite-se, nos parcelamentos populares, a cessão da posse em que estiverem provisoriamente imitidas a União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas entidades delegadas, o que poderá ocorrer por instrumento particular, ao qual se atribui, para todos os fins de direito, caráter de escritura pública, não se aplicando a disposição do inciso II do art. 134 do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 4o A cessão da posse referida no § 3o, cumpridas as obrigações do cessionário, constitui crédito contra o expropriante, de aceitação obrigatória em garantia de contratos de financiamentos habitacionais. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 5o Com o registro da sentença que, em processo de desapropriação, fixar o valor da indenização, a posse referida no § 3o converter-se-á em propriedade e a sua cessão, em compromisso de compra e venda ou venda e compra, conforme haja obrigações a cumprir ou estejam elas cumpridas, circunstância que, demonstradas ao Registro de Imóveis, serão averbadas na matrícula relativa ao lote. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) § 6o Os compromissos de compra e venda, as cessões e as promessasde cessão valerão como título para o registro da propriedade do lote adquirido, quando acompanhados da respectiva prova de quitação. (Incluído pela Lei nº 9.785, de 1999) 18 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 826. Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado. Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários: I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la; II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários. Guarda relação com, por exemplo: a estipulação em favor de terceiro (ex.: aluguel meu que mando depositar na conta do meu filho); cessão de contrato (transferência posição ativa e passiva do dos direitos e obrigações de uma pessoa em um contrato bilateral já finalizado, mas de execução continuada). Da Extinção do Contrato I e II. Extinção com cumprimento: - Extinção se dá pelo cumprimento instantâneo; diferido ou continuado. a) De execução instantânea: se cumprem num só ato, imediatamente. Ex.: compra e venda à vista, troca, doação. b) De execução diferida: se cumprem num só ato, mas a execução é futura. Ex.: a compra e venda a prazo, que se forma em um só ato, mas sua execução é diferida no tempo. c) De execução continuada ou trato sucessivo: se prolongam por dias, semanas e meses, sendo feito por atos reiterados. Ex: locação, seguro. - E, ainda, pela quitação fornecida pelo credor. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. Extinção sem cumprimento: - nulidade absoluta - violou preceito de ordem pública (efeitos ex tunc, anulando desde a realização do ato). Quanto aos defeitos do negócio jurídico, se o contrato for realizado sob coação física ou por simulação, gera nulidade absoluta. Juiz deve reconhecer de ofício e tem eficácia erga omnes Ex.: contrato realizado com ou por absolutamente incapaz. - nulidade relativa (anulabilidade) – advém de alguma causa que pode eivar de vício, podendo este ser sanado pela parte (convalescer com o tempo caso não seja alegada ou aceita), mas para ser levantada, deverá ser suscitada pelo prejudicado. Juiz não pode reconhecer de ofício e tem eficácia apenas entre as partes. Efeitos ex nunc, desde a sentença que considerar a anulabilidade. Ex.: contrato realizado sob coação moral. - cláusula resolutiva – expressa (para hipótese de inadimplemento contratual, normalmente implicando em multa, operando de pleno direito); ou tácita que depende de interpelação judicial, sendo subentendida em todo contrato bilateral. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. - Direito de arrependimento – se previsto, autoriza a recisão do contrato por qualquer das partes, sujeitando a perda do sinal ou a sua devolução em dobro. Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. - Pela Resolução contratual: forma judicial de romper com o vínculo contratual. “É o meio de dissolução do contrato em caso de inadimplemento culposo ou fortuito. Quando há descumprimento do contrato, ele deve ser tecnicamente resolvido”.19 a) por inexecução voluntária culposa: comportamento culposo de um dos contraentes, que gera danos ao outro, produzindo efeitos ex tunc para os contratos de execução instantânea, e sujeitando a perdas e danos e ao pagamento da cláusula penal; Para os contratos de execução continuada e trato sucessivo, o efeito é ex nunc, não se restituindo as prestações já cumpridas. Mas para ser aplicada, dever-se-á analisar as razões reais, se realmente cabíveis a resolução, a partir de princípios da boa-fé e da função social do contrato. Ademais, deve-se analisar o disposto no art. 476, quanto a exceção do contrato não cumprido. Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la. b) por inexecução involuntária: é o fato não imputável as partes, como ocorre quando há caso fortuito ou força maior que impossibilitem o cumprimento da obrigação, devendo esta ser definitiva, porque se temporária, acarreta apenas a suspensão do contrato. Não cabe perdas e danos, a não ser que tenha se responsabilizado por isso, ou estiver em mora. 19 http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1111491 Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada. c) por onerosidade excessiva - aplicação da Teoria da imprevisão ou cláusula rebus sic stantibus (revogável se insustentável). Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá- la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. Consiste em presumir que nos contratos comutativos de trato sucessivo e execução continuada (contratos de longa duração), a existência implícita dessa cláusula Por força dela, “a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato”. 20 Se acontecer fato extraordinário que torne excessivamente onerosa o cumprimento, poderá o juiz isentar total ou parcialmente aobrigação.21 “Ex: compro um carro para pagar em três anos com prestações atreladas ao dólar, eis que por causa de uma guerra no Oriente Médio, o dólar triplica de preço e as prestações se tornam muito vantajosas 20 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 722. 21 GONCALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro 1˸ Esquematizado. São Paulo˸ Saraiva, 2013, p. 722. para o vendedor, devendo então o Juiz modificar o contrato para restaurar o equilíbrio entre as partes”.22 - Por Resilição: “É o desfazimento de um contrato por simples manifestação de vontade, de uma ou de ambas as partes. Ressalte-se que não pode ser confundido com descumprimento ou inadimplemento, pois na resilição as partes apenas não querem mais prosseguir. A resilição pode ser bilateral (distrato, art. 472 , CC) ou unilateral”.23 a) Bilateral (por distrato e por quitação): é a declaração de vontade no sentido oposto do contrato. Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. b) Unilateral (por denúncia, revogação ou renúncia e por resgate): b.1) denúncia: depende da obrigação ser duradoura (locação) e ocorre quando o sujeito comunica que não tem mais interesse em continuar com o contrato. b.2) revogação ou renúncia: como ocorre no mandato outorgado ao advogado pelo cliente, havendo quebra da confiança o cliente pode revogar o mandato e o advogado pode renunciar. b.3) resgate: é ligado a enfiteuse que é a “permissão dada ao proprietário de entregar a outrem todos os direitos sobre a coisa de 22 http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Fonte-das-Obriga%C3%A7%C3%B5es/5/aula/7 23 http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1111491 tal forma que o terceiro que recebeu (enfiteuta) passe a ter o domínio útil da coisa mediante pagamento de uma pensão ou foro ao senhorio. Assim, pela enfiteuse o foreiro ou enfiteuta tem sobre a coisa alheia o direito de posse, uso, gozo e inclusive poderá alienar ou transmitir por herança, contudo com a eterna obrigação de pagar a pensão ao senhorio direto.”24 Dessa forma, é um direito concedido ao enfiteuta que o permite adquirir o domínio pleno da coisa. - Pela morte de um dos contraentes, se o contrato for personalíssimo (se não for, os herdeiros se responsabilizam). - Pela Rescisão contratual, dissolução por lesão ou estado de perigo. Ocorre a lesão quando uma pessoa, por necessidade ou por falta de experiência, assume obrigação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Ocorre estado de perigo quando a pessoa assume obrigação excessivamente onerosa com o intuito de se salvar ou a pessoa da família; no caso, o dano deve ser grave e conhecido da outra parte, havendo aqui a inexigibilidade de conduta diversa diante do ato, posto que se encontra na iminência do dano. *** PARA LEMBRAR: Dos Defeitos do Negócio Jurídico Ignorância Art. 138 a 144 CC Erro Art. 138 a 144 CC Dolo Art. 145 a 150 CC - Completo desconhecimento; - se recair sobre aspectos essenciais ou substanciais – ato anulável; - se recair sobre aspectos acidentais ou secundários – ato válido. - é a falsa noção que se tem de um objeto ou pessoa; ESPONTÃNEO - se recair sobre aspectos essenciais ou substanciais – ato anulável; - se recair sobre aspectos acidentais ou secundários – ato válido. * Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne à identidade ou à - Artifício empregado para enganar a outra parte; INDUÇÃO - se recair sobre aspectos essenciais ou substanciais – ato anulável; - se recair sobre aspectos acidentais ou secundários – ato válido, mas deverá pagar 24 http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1061040/o-que-se-entende-por-enfiteuse qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. perdas e danos; - se o dolo for bilateral (de ambos), não poderá ser alegado por ninguém. Coação Art. 151 a 155 CC Estado de perigo Art. 156 CC Lesão Art. 157 CC - é o constrangimento feito a alguém para obriga-lo a praticar determinado ato; - se por pressão física – ato nulo; - se por pressão moral, psicológica – ato anulável; - excludentes: ameaça a exercício regular de um direito e temor reverencial. - ocorre quando a pessoa assume obrigação excessivamente onerosa com o intuito de se salvar ou a pessoa da família; - dano deve ser grave e conhecido da outra parte; - há aqui a inexigibilidade de conduta diversa diante do ato, posto que se encontra na iminência do dano; - é anulável. - ocorre quando uma pessoa, por necessidade ou por falta de experiência, assume obrigação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta; - é anulável. Não será anulado o negócio se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Fraude contra credores Art. 158 a 165 CC Simulação Art. 167 CC - prática fraudulenta e maliciosa de atos que desfalquem o patrimônio do devedor para salvá-lo de execução por dividas em detrimento dos direitos dos credores; - ato prejudicial ao credor/ intenção de prejudicar. - é um ato ilusório, que mascara a realidade para enganar as pessoas, criando uma aparência de direito que não existe; - é nulo, e uma vez assim declarado, o ato verdadeiro que aparece, permanece (mas poderá ser anulável). Da invalidade dos negócios jurídicos O ato inválido não gera efeitos. Nulidade Art. 166 a 170 CC Anulabilidade Art. 171 a 184 CC - invalidade mais grave; - interesse de todos (ordem pública), eficácia erga omnes; - qualquer interessado ou MP; - juiz pode/deve reconhecer de ofício, - invalidade menos grave; - interesse do prejudicado (ordem privada), eficácia apenas a quem alega; - só o prejudicado pode alegar; - juiz não pode reconhecer de ofício, mas não pode ser sanada; - não se convalesce com o tempo; - não pode ser confirmado ou ratificado; - em regra, não prescreve (salvo exceções, permitidas em lei); - efeito ex tunc, retroagindo a data da celebração do negócio. Ex.: contrato realizado por absolutamente incapaz. podendo ser sanada; - pode convalescer com o tempo; - pode ser confirmado ou ratificado; - prescreve; - efeito ex nunc, portanto, não retroage, operando efeitos a partirda decisão. Ex.: Contrato assinado sob coação.
Compartilhar