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INICIO DA PERSONALIDADE: • Pessoa: Na dogmática do Direito, pessoa é sujeito titular de relações jurídicas. Pessoa é todo ser humano nascido com vida. Art 1, CC – “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” • Personalidade: é a aptidão que toda pessoa tem de adquirir direitos e contrair deveres na ordem civil. No Brasil, toda pessoa é capaz de adquirir direitos e contrair deveres, portanto, toda pessoa é dotada de personalidade. Art 2, CC – “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. O nascimento com vida se dá através da primeira respiração (lei 6015/73, art 55, parágrafo 2). • Inicio da personalidade: Como diz no artigo 2 do Código Civil, o nascimento com vida se dá através da primeira respiração do bebe. O nascituro aparece no artigo como capaz de direitos, porém não tem personalidade ainda, de acordo com a teoria adotada. Nascimento com vida = adquirir personalidade. Existem diversas teorias em cima de quando começa a personalidade humana. 1) Teoria natalista: A personalidade só começa a partir do nascimento com vida. Nasceu = respirou = adquiriu personalidade. 2) Teoria concepcionista: A personalidade começa a partir da concepção do ovulo. 3) Teoria da personalidade condicional: A personalidade só começa com o nascimento com vida, porém o nascituro tem expectativas de direito. CAPACIDADE: De acordo com o art 1 do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Essa capacidade se refere a capacidade de direito, é a aptidão para adquirir e ser sujeito de direitos e deveres. Qualquer pessoa tem capacidade direito, porém nem todas podem exercer plenamente esses direitos e deveres concedidos. A capacidade de fato se dá quando a pessoa tem a aptidão generica para exercer pessoalmente os atos da vida civil. TEORIA DAS INCAPACIDADES: • Os incapazes são aqueles que não possuem capacidade de fato plena para exercer os atos da vida civil. É uma restrição legal ao exercício de atos da vida civil imposta a aqueles que não possuem o pleno discernimento necessitando assim de proteção. • Incapacidade absoluta: a pessoa não conserva nenhum grau de discernimento. Precisa de um representante (são os pais ou um tutor) para exercer os atos da vida civil em seu nome. Essa pessoa tem somente a capacidade de direito, mas não tem a capacidade de fato. São absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil os menores de 16 anos. EX: uma criança de 5 anos herda um imóvel de seu avô. Ela tem direitos e deveres sobre esse imóvel, porém ela não poderá por exemplo, realizar um contrato de compra e venda pois ela não é plenamente capaz para fazer isso. Ela precisa de um representante que faça isso em seu nome. Qualquer ato praticado sem o representante é nulo (art 166, I, CC). • Incapacidade relativa: a pessoa relativamente incapaz não possui idade, discernimento ou condições físicas para exercer plenamente sua vontade, por este motivo ela precisa de um assistente (pais, tutor ou curador) para lhe auxiliar nos atos da vida civil. A diferença entre o absolutamente incapaz para o relativamente incapaz é que o incapaz absoluto não poderá exprimir sua vontade, quem exprime essa vontade é sempre seu representante. O incapaz absoluto precisa de um representante que realize os atos da vida civil por ele. Já o relativamente incapaz tem sua vontade levada em consideração, mas seus atos só terão validade se seu assistente o auxiliar. Os relativamente incapazes podem realizar pessoalmente sem o auxílio de seu assistente os seguintes atos previstos em lei: 1) fazer testamento 2) celebrar contrato de trabalho 3) ser testemunha em processo 4) votar. São relativamente incapazes: 1) os menores de 16 anos e os menores de 18 anos; 2) ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 3) aqueles que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir sua vontade (deficiência mental, estado de coma, perda de memória, etc); 4) pródigos. • Cessação da incapacidade: A cessação da incapacidade depende do critério: 1) etário: art 5, CC – quando completa 18 anos, a incapacidade relativa cessa automaticamente. Se adquire a capacidade plena (capacidade de direito + capacidade de exercício de direitos). 2) em casos de deficiência: quando a pessoa que não exprimia vontade passa a exprimi-la. EX: uma pessoa que estava em coma, volta ao normal com plena consciência. Tem que ser comprovado pelo juiz o fim dessa incapacidade. 3) no caso de ébrios e tóxicos: quando é curado o vício. Também tem que ser comprovado pelo juiz. • Emancipação: é a antecipação da capacidade civil antes de a pessoa atingir maioridade, ou seja, antes dos 18 anos completos. Se divide em: 1) emancipação voluntária: tem como requisitos a vontade dos pais, a vontade do menor. Deve ser realizada no cartório, por instrumento público e independe de homologação judicial. O menor precisa ter 16 anos completos para ser emancipado. 2) emancipação judicial: o menor precisa ter um tutor e ter 16 anos completos. É preciso que o juiz ouça o tutor e a emancipação será conferida pelo juiz através de uma sentença. 3) emancipação legal: se dá através dos seguintes requisitos: casamento; exercício de emprego publico efetivo; colação de grau em ensino superior ou desde que o menor, com 16 anos completos, tenha economia própria em função de estabelecimento civil, comercial ou relação de emprego. FIM DA PERSONALIDADE: • Morte real: art 6, CC – “A existência da pessoa natural termina com a morte”. O único critério que temos previsto em lei do que é morte se encontra na lei 9434/97 art 3 (lei dos transplantes). A morte encefálica só é considerada morte se a pessoa for um potente doador de órgãos, caso contrário, sua morte se dá através do fim de seus batimentos cardíacos. A prova da morte real se dá através da certidão de óbito. • Morte presumida: se divide em dois critérios: 1) morte presumida com decretação de ausência: ausentes são aquelas pessoas que desapareceram e nunca mais se teve noticias; estão desaparecidas. EX: a pessoa saiu pra trabalhar e nunca mais foi vista. Quando a pessoa desaparece e não deixa noticias, é aberto um processo judicial de ausência, que possui 3 fases: a) curadoria: o juiz nomeia alguém que vai falar em nome do ausente (dura 1 ano). b) sucessão provisória: o juiz começa a dividir os bens do ausente entre seus possíveis herdeiros (dura 10 anos). c) sucessão definitiva: art 38, CC – o que estava provisoriamente divido, passa a ser definitivo. Quando a lei autoriza a sucessão definitiva, se tem a morte presumida com declaração de ausência. 2) morte presumida sem decretação de ausência: art 7, CC – a morte presumida pode ser declarada se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. Após esgotadas as buscas e averiguações, o juiz irá declarar a morte presumida sem decretação de ausência. EX: acidente de avião que não foi possível localizar o corpo. A decisão de morte presumida pode ser reversível se a pessoa for encontrada ou o momento da morte pode ser revisto se for encontrado o corpo da pessoa. • Comoriência: art 8, CC. Comoriência é também conhecida como morte simultânea. Ocorre quando duas ou mais pessoas vem a falecer na mesma ocasião e não se sabe dizer quem faleceu primeiro e quem faleceu depois. EX: acidente de avião. Não temos como verificar que pessoa morreu antes da outra. A comoriência somente tem importância jurídica quando se discute transferencia de direitos entre os comoventes, ou herança, pois não há transmissão de direitos entre os comoventes. DIREITOS DE PERSONALIDADE: São os direitos inerentes ao próprio ser humano (pessoa). São os direitos que dizem respeito aos atributos físicos, psíquicos emorais da pessoa, como por exemplo: vida, liberdade, honra, integridade física, nome, intimidade, etc. Os direitos da personalidade são os direitos que a pessoa tem de defender seus direitos de existência, de defender seu direito a vida, a integridade física, moral, dignidade, etc. Todo ser humano possui os direitos da personalidade como razão da sua própria existência, não é um direito adquirido, ele já nasce com a gente. Todas as pessoas têm direitos da personalidade pelo simples fato de ser humano, independentemente da idade, sexo, crença, cor, etc. Os direitos da personalidade são intransmissíveis, irrenunciáveis, ilimitados, absolutos, extrapatrimoniais, impenhoráveis, indisponíveis, imprescritíveis e vitalícios. • Direito à integridade física (art 13, CC): a integridade física é tutelada pelo Estado. A pessoa não pode dispor do próprio corpo se não for por exigência medica. Um cidadão não pode, por exemplo, amputar um membro saudável por vontade própria. A única disposição do corpo que é permitida sem exigência médica são os transplantes de órgãos e transfusão de sangue. • Direito ao nome (art 16, CC): o nome é a forma de individualizar a pessoa perante o Estado e perante a sociedade. Possibilidades de alteração do nome: 1) nome que exponha a pessoa ao ridículo; 2) erro de grafia; 3) mudança de sexo; 4) adoção durante a menoridade; 5) para proteção de vitimas e testemunhas; 6) apelido publico e notório (ex: Xuxa Pelé, etc). Possibilidades de alteração do sobrenome: 1) casamento; 2) divórcio; 3) adoção. • Direito à imagem (art 20, CC): A imagem pode ser: 1) imagem retrato (foto ou video da pessoa) 2) voz humana 3) imagem atribuída (aquela imagem com a qual a pessoa contratou no meio da sociedade). • - A utilização da imagem de uma pessoa de maneira indevida, mesmo sem afronta à honra ou para fins comerciais, já impõe o deve de reparar. • - O direito à imagem não depende de afronta à honra. • - O direito à imagem pode ser cedido à titulo gratuito ou oneroso, de maneira expressa ou tácita. • - Consentir o direito de ser filmado ou fotografado não consente o direito de publicação dessa imagem. EX: fotos e videos intimos que vazam na internet. • Direito à vida privada (art 21, CC): A proteção à vida privada visa a resguardar o direito das pessoas de intromissões indevidas no seu lar, em sua família, em sua correspondência, em sua economia, etc. Direito de estar só, se isolar, se vê muito ameaçado hoje pelo avanço tecnológico. Desta forma o art 21 protege a zona intima e espiritual da pessoa, assegurando o direito de tomar as providencias necessárias para impedir ou fazer cessar o ato lesivo ou pedir uma reparação do dano já consumado. PESSOA JURIDICA: É a reunião de pessoas e bens, que empreendem esforços em busca de fins comuns podendo ser sujeito de direitos e deveres na ordem civil. • Características da PJ: 1) tem personalidade própria; 2) patrimônio próprio; 3) limitação de responsabilidade; 4) existência própria; 5) pode exercer todos os atos não privativos da pessoa natural. • A pessoa jurídica não é titular de direitos de personalidade, mas os utiliza quando necessário (art 52,CC). • Classificação da PJ (art 40.CC): 1) Pessoa jurídica de direito público (art 41,CC): a) Interno (art 41): União, Estados e municípios (administração indireta) e Autarquias e associações publicas (administração indireta). b) Externo (art 42): Estados Nação. 2) Pessoa jurídica de direito privado (art 44,CC). TIPOS DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: • Associações: As associações caracterizam-se pela união de pessoas que se organizam em busca de uma finalidade e que não possuem fins econômicos. EX: Minas Tênis Clube. • Sociedades: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício da atividade econômica e a partilha entre si dos resultados. Todas as sociedades precisam de duas ou mais pessoas físicas para existir. • Fundações: A fundação é a destinação de um patrimônio em prol de uma finalidade. No artigo 62 do CC estão elencados: cultura, educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos, etc. EX: Fundação Clovis Salgado (Palácio das Artes). PERSONALIDADE DA PESSOA JURIDICA DE DIREITO PRIVADO: • O inicio da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art 45,CC). Da mesma forma que a pessoa natural somente adquire personalidade com o nascimento com vida, a pessoa jurídica adquire personalidade após seu registro. O artigo 46 elenca tudo o que o registro deverá declarar. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA: • Ocorre quando o juiz determina que os bens dos sócios ou dos administradores responderão pelas dividas da pessoa jurídica. Pelo princípio da autonomia patrimonial, o patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio de seus sócios ou administradores. EX: se uma empresa tem carros, patrimônios no nome da empresa, esses bens pertecem unicamente a pessoa jurídica empresa. • A desconsideração da personalidade jurídica ocorre nos casos elencados no artigo 50, CC. Para que o juiz desconsidere a personalidade jurídica da pessoa jurídica tem que estar presente o abuso da personalidade jurídica, que consiste em: a) Desvio de finalidade (EX: um posto de gasolina que começa a comercializar carros) ou b) Confusão patrimonial (EX: uma empresa que não tem nada em seu nome e todos os bens estão no nome dos sócios para que a pj não tenha que pagar dividas). Essa é a teoria maior da desconsideração. A teoria menor encontra-se no CDC. • A desconsideração inversa da personalidade jurídica ocorre quando é afastado o principio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por obrigações de seus sócios. EX: o sócio de uma empresa pretende se divorciar, então passa todos seus bens para o nome da empresa afim de que no divorcio sua esposa não fique com nada. Quando isso acontece, o juiz pode fazer a desconsideração inversa, pegando bens da pessoa jurídica para que seus sócios cumpram suas obrigações como pessoa física. FIM DA PESSOA JURIDICA: • A pessoa jurídica adquire sua personalidade no momento da inscrição do ato constitutivo e extingue a personalidade com o fim da pessoa jurídica. • O fim da pessoa jurídica se dá pelo decurso de prazo de sua duração, pelo consenso unanima dos sócios, deliberação dos sócios, falta de pluralidade dos sócios, extinção ou cassação da autorização para o seu funcionamento, etc. Todas esses exemplos se encontram no art 1033 do CC. • A extinção da pessoa jurídica não se dá de forma automática (art 51). A partir da sua dissolução, ela continuará existindo para que possa ser feita sua liquidação (até que se resolva tudo o que aquela empresa tem para receber e tem para pagar essa empresa está em liquidação). Encerrada a liquidação, se dá o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. • A dissolução da pessoa jurídica deve ser averbada no registro de onde a pessoa jurídica está inscrita. DOMICILIO: • Domicilio é o local onde a pessoa é encontrada, onde ela vai responder por suas obrigações, exercer seus direitos e celebrar seus negócios jurídicos. O artigo 70 diz que o domicilio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com animo definitivo. Moradia: a pessoa não tem a intenção de ficar. EX:hotel Residência: a pessoa possui o ânimo definitivo de se estabelecer no local. EX: casa onde a pessoa mora. • Se a pessoa não tiver uma residência habitual, o artigo 73 do Código Civil diz que o domicílio será onde a pessoa for encontrada. Isso acontece muito com integrantes de circo, ciganos, etc. • Domicilio legal é aquele determinado pelalei (art 76) BENS: • Bens considerados em si mesmos: A) Móveis - Imóveis B) Fungíveis - Infungíveis C) Consumíveis - Inconsumíveis D) Divisíveis - Indivisíveis E) Singulares - Coletivos • Bens Imóveis (art 79): São bens imóveis o solo e tudo que lhe incorporar natural ou artificialmente. • Bens imóveis por determinação legal (art 80): Direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta. • Artigo 81: Classifica quais bens não perdem o caráter de imóvel: 1) Edificações que, separadas do solo, mas conservando sua unidade forem removidas para outro local. 2) Os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se retemperarem. EX: um vitral de uma Igreja que foi removido para restauração é um bem imóvel. • Bens móveis pela própria natureza (art 82): São bens móveis os bens suscetíveis de movimento próprio (animais), ou de remoção por força alheia (ex: carro), sem alteração da substancia ou da destinação econômico social. • Bens móveis para efeitos legais (art 83): 1) Energias que tenha valor econômico 2) Os direitos reais sobre moveis de as ações que correspondentes 3) Os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações • Artigo 84: Classifica quais bens conservam a qualidade de móveis. EX: materiais de alguma construção que ainda não foram empregados em um prédio, como uma janela. EX2: materiais de construção provenientes da demolição de um prédio, como as telhas, portas, etc. • Artigo 85 - Dos bens fungíveis: São fungíveis os moveis que podem substituir-se por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade. EX: uma caneta BIC pode ser substituta facilmente por outra igual. Os bens infugiveis são aqueles que não poderão ser substituídos de nenhuma forma. EX: uma caneta que pertenceu ao meu avô que está gravado o nome dele. • Artigo 86 - Bens consumíveis: São bens consumíveis cujo o uso importa na destruição imediata da própria substancia (comida) e os destinados à alienação (aqueles bens que estão colocados a venda). • Artigo 87 - Bens divisíveis: Bens divisíveis são aqueles que podem se fracionar (dividir) sem a alteração na substância, sem a diminuição considerável de valor e sem o prejuízo do uso a que se destinam. • Artigo 88 - Bens indivisíveis: Os bens naturalmente divisíveis podem se tornar indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. • Artigo 89 - Bens singulares: São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si (por si só), independentemente dos demais. EX: um livro em relação à biblioteca. • Artigo 90 - Bens coletivos: Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes a mesma pessoa, tenham destinação especifica. EX: uma mesa, um frigorífico, uma geladeira, etc que são utilizados para constituir uma lanchonete. • Artigo 91 - Bens coletivos: Constitui uma universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. EX: patrimônio de uma pessoa • Bens reciprocamente considerados: 1) Bem principal: Existe sobre si mesmo; desenvolve sua função e utilidade independentemente de outro bem. 2) Bem acessório: Existe em razão de um bem principal, serve para ser utilizado em um bem principal. • Artigo 92: Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. • Classificação dos bens acessórios: 1) Acessórios/Acessórios: seguem a classificação do bem principal. 2) Acessórios/Pertenças: não seguem o bem principal 2) Principio da gravitação jurídica: quando o acessório segue o bem principal • Artigo 93 - Bem principal e as pertenças: São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou aformoseamento de outro. • Artigo 94: Os negócios jurídicos que dizem a respeito ao bem principal não abrangem pertenças. • Artigo 95: Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negocio jurídico. • Artigo 96 - Benfeitorias: As benfeitorias podem ser voluptuarias, úteis ou necessárias. 1) São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 2) São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem 3) São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. • Artigo 97: Não são consideradas benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos feitos sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor do bem. FATO JURIDICO: É todo acontecimento, natural ou humano que gera efeitos jurídicos. Se dividem em: • Fato jurídico stricto sensu ou fato natural: também denominados de fatos jurídicos em sentido estrito, se dividem em: 1) ordinários, como o nascimento e a morte (inicio/fim da personalidade); 2) extraordinários, quando a ocorrência é inesperada e imprevisível, como um terremoto destrói uma propriedade (gera consequências como registros dos danos e pagamentos de seguros). • Fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo: são efeitos judiciais provocados por ação humana. É um comportamento voluntário juridicamente relevante. Subdivide em 3 tipos: 1) Ato-fato: não são frutos da vontade nem da intenção do autor, mas geram consequências para o âmbito jurídico. EX: art 1264, CC - uma pessoa que sem intenção encontra um tesouro. Nessa hipótese, a pessoa não tinha qualquer intenção de adquirir a metade do que encontrou, mas o artigo 1264 do CC lhe confere a propriedade. 2) Ato jurídico stricto sensu: é toda ação humana, voluntária e consciente que acarreta consequências jurídicas pré-determinadas por lei. O efeito jurídico é automático e inevitável e o indivíduo não pode excluir as consequências do mesmo. Os efeitos são decididos por força legal e não por vontade do indivíduo. EX: se um pai reconhece legalmente um filho, ele não pode excluir as consequências legais de tal ato, como a tipificação desse filho como de um dos seus herdeiros. • Negócio jurídico: gera efeitos jurídicos mediante uma negociação entre as partes. Tais efeitos são organizados no ato da negociação e dispostos, de maneira objetiva, presumindo-se sempre a boa fé dos envolvidos em um documentos com valor legal. CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: • Quanto ao número de declarantes: 1) Unilaterais: são os que se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade (EX: testamento, procuração, renuncia de direitos, renuncia a herança, promessa de recompensa, etc). 2) Bilaterais: são os que desenvolvem-se com duas manifestações de vontade coincidentes sobre o objeto. São vontades diferentes que se convergem em uma só. (EX: compra e venda de um produto. A vontade de uma pessoa é comprar e da outra pessoa é vender, mas essas vontades se complementam resultando em um negócio jurídico). 3) Plurilaterais: são os contratos que envolvem mais de duas partes, onde há uma unanimidade de vontade, ao contrário da bilateral onde existem vontades distintas. (EX: contrato de sociedade. Os sócios têm todos a mesma vontade: participar da sociedade de determinada empresa). • Quanto ao exercício de direitos: 1) Negócios de diposição: quando autorizam o exercício de amplos direitos, incluindo a alienação, sobre o objeto transferido (EX: doação). 2) Negócios de administração: admitem apenas a simples administração e uso do objeto cedido (EX: comodato e mútuo). • Quanto às vantagens patrimoniais: 1) Gratuitos: são aqueles em que só uma das partes consegue vantagens ou benefícios, como sucede na doação pura, por exemplo. 2) Onerosos: ambos os contratantes têm vantagens, às quais, porém, correspondem a um sacrifício ou uma contraprestação. EX: compra e venda, locação, empreitada, etc. Oscontratos onerosos se subdividem em: a) comutativos: quando a prestação de uma parte depende de uma contraprestação da outra, que é equivalente, certa e determinada. b) aleatórios: quando a prestação de uma das partes depende de acontecimentos incertos e inesperados. A sorte é elemento do negócio (EX: contrato de seguro). c) neutros: são negócios que não podem ser incluídos na categoria dos onerosos, nem dos gratuitos, pois lhes falta atribuição patrimonial. d) contratos bifontes: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes (EX: mútuo, mandato, depósito, etc.). • Quanto à forma: 1) solenes/formais: são negócios que devem obedecer à forma escrita em lei para se aperfeiçoarem. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é “ad solemnitatem”, isto é, constitui a própria substância do ato (EX: escritura pública na alienação de imóvel, no testamento público, etc.). Mas determinada forma pode ser exigida apenas como prova do ato. Nesse caso, se diz tratar-se de uma formalidade “ad probationem tantum” (EX: assento do casamento no livro de registro – art. 1536). 2) forma livre: são os negócios jurídicos de forma livre. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal (EX: art. 107). • Quanto ao momento da produção de efeitos: 1) inter vivos: os negócios celebrados destinam-se a produzir efeitos desde já, isto é, estando as partes ainda vivas. (EX: promessa de venda e compra, locação, casamento, etc). 2) mortis causa: são os negócios destinados a produzir efeitos após a morte do agente. (EX: testamento). • Quanto ao conteúdo: 1) patrimoniais: relacionados com bens ou direitos verificáveis pecuniariamente (EX: negócios reais, obrigacionais). 2) extrapatrimoniais: referentes a direitos sem conteúdo econômico (EX: direitos de personalidade). INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS (arts 110 a 114 do CC): • Artigo 110 – Reserva mental: É a divergência que existe entre a vontade declarada e a vontade intima da pessoa. A vontade é essencial para a validade do negócio jurídico, mas se deve levar em conta a vontade declarada pela pessoa e não sua vontade íntima. O artigo 110 prevê duas possibilidades: 1) Quando o destinatário tinha conhecimento da reserva mental- quando isso ocorre, o negócio jurídico é inexistente. (EX: Pedro transfere as suas cotas da empresa para o seu sócio para não dividir as cotas com sua esposa no divórcio. O sócio tem conhecimento da reserva mental feita por Pedro. Ele só está passando as cotas para não ter que dividi-las no divórcio. Se o sócio de Pedro quiser reivindicar posteriormente essas cotas para ele em uma divisão de sociedade, como ele sabia dessa reserva mental, o negócio jurídico é inexistente e Pedro não terá direito à essas cotas sociais). 2) Quando o destinatário não tinha conhecimento da reserva mental- se leva sempre em conta a vontade que foi declarada. O negócio jurídico subsistirá, terá validade. (EX: José anuncia uma promessa de recompensa para quem achar seu cachorrinho, no entanto, em seu intimo não pretende pagar a recompensa {reserva mental}. Porém, como ele já havia manifestado a vontade de entregar a recompensa, prevalece a vontade que foi manifestada, e não aquela que ele pensou e guardou no seu intimo). • Artigo 112 – A intenção das partes nos negócios jurídicos: Quando houver divergência em um contrato ou em alguma cláusula contratual, haverá a necessidade de fazer uma interpretação do contrato ou da cláusula. Quando a divergência for entre a vontade (intenção) declaradas e as palavras empregadas no negócio, terá preferência a vontade (intenção) das partes. Essa divergência, muitas vezes, ocorre porque as partes não sabem empregar as palavras corretas em um contrato ou não sabem exprimir com perfeição a sua vontade. (EX: Consta no contrato que a Empresa “A” pagará aos seus funcionários vale alimentação. No entanto, a empresa fornece refeições e não um vale alimentação. Há uma divergência pois a palavra escrita diz que a empresa dará um vale alimentação, enquanto na realidade ela oferece as refeições. A intenção declarada as partes era fornecer alimentação aos seus funcionários, e foi realizada mesmo pela confusão de palavras). • Artigo 113 – Boa fé nos negócios jurídicos: Este artigo trata da interpretação do negócio jurídico. Às vezes, é necessário interpretar os negócios jurídicos ou alguma cláusula contratual pois seus termos nem sempre são exatos. 1) Boa fé subjetiva: a boa fé subjetiva diz respeito a uma crença interna da pessoa. Ela acredita que esta realizando um negocio nos termos da lei e não tem a consciência do vicio que incide sobre o negócio. (EXs: a) Maria casa com João sem saber que João já possui outra esposa. b) Joaquim compra um relógio de seu conhecido Antônio sem saber que o relógio é roubado. c) Eduardo compra um imóvel de Caetano sem saber que Caetano não é o proprietário do imóvel). 2) Boa fé objetiva: a boa fé objetiva é um modelo de conduta baseada na honestidade, na lealdade entre as partes contratantes. É um padrão de comportamento que se espera dos contratantes e que deve refletir no negócio jurídico. A boa fé nos negócios jurídicos se presume e a má fé se prova. A boa fé encontrada no art 113 é a objetiva. (EX: João e José firmaram um contrato de compra e venda de uma casa. José alega que a assinatura posta no contrato é falsificada. José terá que provar que a assinatura no contrato é falsa, já que a boa fé se presume e a má fé se prova). ELEMENTOS ACIDENTAIS OU NÃO ESSENCIAIS (art 121 ao 137): • A condição, o termo e o encargo somente vão constar no negócio jurídico se as partes quiserem, ou seja, pela exclusiva vontade das partes. 1) Condição: é uma cláusula que pode ser inserida no negócio jurado pela vontade das partes, e que subordina a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto. Existem dois tipos de condição: a) Suspensiva: suspende a eficácia do negócio jurídico. Na condição suspensiva, enquanto não se realizar a condição, não haverá a aquisição do direito, e o negócio jurídico (ou parte dele) não surtirá efeitos. (EX: o empregado terá direito a ser promovido como assessor jurídico da empresa caso seja aprovado no exame da OAB. Evento futuro e incerto= ser aprovado no exame da OAB. Eficácia do NJ (direitos e efeitos)= a partir do implemento da condição, ele passou no exame da OAB e agora o NJ surtirá efeitos e assim será promovido. Caso ele não seja aprovado no exame, o NJ não surtirá efeitos e ele não será promovido). b) Resolutiva: põe fim a eficácia do NJ assim que ocorre a condição. Na condição resolvia, enquanto não se realizar a condição, o NJ produzirá efeitos, podendo-se exercer os direitos provenientes do negócio desde a sua conclusão. Assim que implementada a condição, o negócio jurídico deixará de surtir efeitos e cessarão os direitos provenientes do negócio. (EX: Cessará a bolsa de estudos caso o aluno tire média abaixo de 7 no bimestre. Evento futuro e incerto= tirar média abaixo de 7. Implementação da condição= o aluno tirou média abaixo de 7. Eficácia do NJ (direitos e efeitos)= como o aluno tirou nota abaixo de 7, ele perderá a bolsa de estudos e o NJ se encerra. Se ele não tirar nota abaixo de 7, o negócio jurídico permanecerá surtindo efeitos). 2) Termo: O termo é uma cláusula que subordina a eficácia do NJ a um evento futuro e certo (ainda não ocorreu, mas temos certeza de que irá ocorrer). a) Termo inicial: inicia a eficácia do NJ. (EX: João alugou uma casa de veraneio para o dia 15 de janeiro de 2018. Termo inicial= 15/01/18 Evento futuro e certo= 15/01 Aquisição do direito= no dia da assinatura do contrato Exercício do direito= somente dia15/01/18. O exercício do direito está suspenso enquanto espera a ocorrência do termo. Quando chegar no termo, 15/01/18, o NJ surtirá efeitos). b) Termo final: é o momento em que o NJ deixará de surtir efeitos. (EX: Pedro prestará serviços para a empresa até o dia 31 de dezembro, ou seja, seu contrato de prestação de serviços só irá até essa data e depois disso, o NJ cessará). 3) Encargo: O encargo é uma obrigação ou um ônus imposto, ao beneficiário em NJ gratuito ou benéfico, tais como: doações, comodato, testamento, promessa de recompensa, etc. (EX: João doou para o Hospital Municipal de sua cidade um aparelho de ultrassom, sendo que o hospital assumiu o encargo de atender gratuitamente 20 pacientes carentes por mês). INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (art 166 ao 184): • Como o próprio nome diz, invalidade do NJ quer dizer que o NJ deixará de ter validade, não surtirá ou deixará de surtir efeitos. A invalidade ocorre quando existe um vicio no negócio jurídico, e quando este ocorre, a norma jurídica impõe uma sanção que é a invalidade do NJ. A invalidade é a sanção imposta pela norma jurídica ao negócio jurídico realizado com vício para impedir que o negócio produza efeitos. Quando o vicio é grave (é de interesse social), o ato é nulo. Quando é de gravidade relativa (interesse individual), o ato é anulável. (EX1: Um contrato realizado com assinaturas falsificadas é um vicio muito grave, de interesse social, pois a sociedade não tem interesse que circulem documentos falsificados= NULO. EX2: Um contrato de compra e venda de um carro batido sem informar ao comprador esse fato, constitui um vicio de gravidade relativa, pois é de interesse exclusivo do comprador (individual)= ANULÁVEL). ATOS NULOS: • Não poderá ser sanado pelo juiz, já que ele está morto. • Não poderá ser confirmado pelas partes já que está morto. • Não vai se tornar válido pelo decurso de tempo • A declaração de nulidade do ato nulo é de interesse social, por esse motivo, ele pode ser alegado por qualquer interessado. ATOS ANULÁVEIS: • O ato anulado poderá ser confirmado pelas partes ou por um terceiro • Poderá ser sanado pelo juiz se a parte requerer • Poderá se tornar válido pelo decurso de tempo (se a parte deixar passar muito tempo) • Como é de interesse individual, somente a pessoa interessada (prejudicada) poderá alegar a anulabilidade e somente aproveitará aquele que a alegarem. ATOS NULOS VS ATOS ANULÁVEIS: Outra diferença entre o ato nulo e o ato anulável é quanto aos efeitos da declaração da invalidade, pois o ato anulável somente deixará de produzir efeitos após a decretação de sua invalidade (ex nunc). Já o ato nulo não produz qualquer efeito desde a declaração da vontade (ex tunc), salvo exceções. DEFEITOS DO NEGÓCIO JURIDICO: Dizemos que há um defeito no negócio jurídico, quando existe um vicio, que: a. Incide sobre a vontade (consentimento) da pessoa = vícios do consentimento b. Foi realizado com a intenção de prejudicar terceiros = vícios sociais • Vicios do consentimento: recebem esse nome porque incidem sobre o consentimento (vontade) da pessoa. O NJ é um ato de vontade (consentimento) da pessoa, e ao realizar o negocio tem que ser livre e consciente. Quando existe uma divergência entre a vontade real da pessoa e a vontade declarada no negocio jurídico, diz-se que há um vicio de consentimento no negocio jurídico. EX: assinar um cheque com uma arma apontada na sua cabeça. Vontade real = a pessoa não queria assinar o cheque. Vontade declarada = a pessoa assinou o cheque. São vicios do consentimento: a. Erro (art 138 a 144) b. Dolo (art 145 a 150) c. Coação (art 151 a 155) d. Estado de perigo (art 156) e. Lesão (art 157) • Vícios sociais: São aqueles que incidem sobre o negocio jurídico, pois o negocio jurídico foi realizado com a intenção de prejudicar terceiros; ferir a lei ou a boa fé. Nos vícios sociais não existe a divergência entre a vontade real da pessoa e a vontade declarada no negocio, pois a intenção da pessoa realmente era prejudicar os terceiros. Considerando que o negocio jurídico foi realizado com a intenção de prejudicar terceiros = defeito no negocio jurídico = vicio social. É vicio social previsto no CC a Fraude contra credores (art 158 a 165). ERRO (Artigo 138 a 144): • Ocorre o erro quando uma pessoa realiza um negocio jurídico sem ter a noção exata sobre uma coisa, objeto, pessoa ou mesmo sobre a natureza do próprio negocio jurídico. Essa falsa noção da realidade faz com que a pessoa realize um negocio jurídico em que há divergência entre sua vontade real e a vontade declarada no negocio = erro • O CC trata da mesma forma o erro e a ignorância, sendo erro a noção inexata sobre algo e ignorância o total desconhecimento sobre algo. • Quando o negocio jurídico foi realizado com erro: a) o negocio pode ser anulado (art 138) b) o negocio pode ser mantido, por ser um erro acidental (art 142) c) o negocio juridico pode ser mantido e o erro pode ser corrigido para atender a vontade real do manifestante (art 144). • Artigo 138 - Erro substancial: “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligencia norma, em face das circunstancias do negocio”. Os negócios jurídicos podem ser anulados quando realizados com erro, mas o erro tem que ser substancial. Erro substancial é aquele que faz com que a pessoa realize o negocio jurídico sem ter a noção exata da realidade, pois se a pessoa tivesse conhecimento do erro, não teria realizado o negocio jurídico. Os erros substanciais estão descritos no art 139. A primeira parte do art 138 exige que o erro seja substancial, já a segunda parte exige que o erro seja escusável. Erro escusável quer dizer aquele erro que qualquer pessoa de inteligência normal poderia ter cometido. • Artigo 139 - Erro substancial quanto à natureza do NJ: No caso de erro quanto à natureza do NJ a pessoa engana-se (erra) quanto ao tipo de negocio que estava celebrando. A pessoa acreditava estar celebrando uma determinada modalidade de negocio quando, na verdade, está celebrando outra modalidade. EX: João assinou um contrato acreditando estar alugando uma casa para seu sobrinho. No entanto, ao analisar o documento, o filho de João verificou que seu pai havia vendido o imóvel, e não alugado. João errou quanto à natureza do negocio jurídico, pois acreditava estar alugando o imóvel, quando na verdade estava vendendo. • Artigo 139 - Erro substancial quanto ao objeto: No caso de erro quanto ao objeto principal do negocio jurídico, a pessoa engana-se (erra) quanto ao objeto em si. A pessoa acredita estar negociando um objeto quando, na verdade, está negociando outro. EX: João comprou um terreno para construir uma casa de praia ao lado da casa de seu pai. Ocorre que João, por engano, acabou comprando o lote errado que fica 3 quarteirões distantes da casa de seu pai. João errou quanto ao objeto principal do negocio jurídico, pois acreditava que havia comprado um lote (a) quando na verdade havia comprado outro lote (b). No caso de erro quanto à qualidade essencial do objeto, a pessoa não se engana quanto ao objeto em si, mas se engana quanto a uma qualidade essencial do objeto. A pessoa acredita que o objeto tem uma qualidade (característica), mas o objeto tem outra. • Artigo 139 - Erro substancial quanto à pessoa: No caso de erro quanto à identidade da pessoa, o erro incide sobre a pessoa a quem se refere a declaração de vontade. A pessoa acredita estar realizando um negocio jurídico (ou beneficiando ou favorecendo) com uma pessoa mas está realizando com outra. EX: João sofreu um acidente de carro e foi atendido pelos paramédicos. João ficoumuito agradecido pelo serviço prestado e fez uma doação para o medico Pedro que acreditava ter lhe atendido na ocorrência e salvado sua vida. Ocorre que João fez a doação para a pessoa errada, pois quem salvou sua vida foi Fabio e não Pedro. Sendo assim, João pretende anular o negocio jurídico pois errou quanto à identidade da pessoa. No caso de erro quanto à qualidade essencial da pessoa, o erro não incide sobre a identidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade, mas sim a uma qualidade essencial da pessoa. A pessoa não erra quanto à identidade da outra pessoa mas sim quanto à qualidade dessa pessoa. É necessário que essa qualidade da pessoa seja uma qualidade essencial. EX: A pessoa pode requere anulação de casamento porque descobriu que a pessoa com quem casou é traficante de drogas e honestidade é uma qualidade essencial. • Artigo 142 e 143 - Erro acidental: É aquele que incide sobre um aspecto secundário, ou acessório, da declaração de vontade. Considerando que o erro acidental incide sobre um aspecto secundário da declaração de vontade, ele não anula o negocio jurídico, pois se a pessoa tivesse o conhecimento do erro teria realizado o negocio jurídico mesmo assim. • Artigo 142 - Erro acidental de indicação da pessoa ou coisa: O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negocio quando, por seu contexto e elas circunstancias, se pude identificar a coisa ou pessoa cogitada. Houve um erro no momento de indicar a pessoa ou a coisa (objeto) no NJ, no entanto esse erro pode ser corrigido, pois pelo contexto pode-se identificar a pessoa ou a coisa. Esse tipo de erro não anula o NJ. EX: João vendeu um imóvel para Felipe. Na confecção do contrato, o CPF de Felipe constou com os números errados. No entanto, pelos demais dados que constavam no contrato (endereço, filiação, identidade, etc) era perfeitamente possível identificar Felipe. Considerando que o erro incidiu sobre a indicação (identificação) da pessoa de Felipe, mas pelo contexto era possível identifica-lo, logo, o negocio jurídico deve ser mantido. • Artigo 143 - Erro de calculo: O erro de calculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. O erro de calculo não anula o negocio jurídico, apenas deve ser corrigido. Exemplos de erro de calculo: soma errada do valor das parcelas da um contrato; divisão errada do valor total do contrato em numero de parcelas; o valor unitário dos objetos difere do valor total do contrato, etc. DOLO (Artigo 145 a 150): • Ocorre o dolo quando uma pessoa de má fé, de forma maliciosa engana a outra pessoa para obter vantagem em um negócio jurídico. No dolo uma pessoa de má fé induz a outra em erro em um negocio jurídico. • Artigo 145 - Dolo principal: O dolo principal vicia o negocio jurídico e faz com que ele possa ser anulado. Dolo principal é aquele que foi a causa determinante da declaração de vontade, ou seja, o dolo influenciou diretamente na realização do negocio jurídico = se não fosse dolo, a pessoa nem o teria realizado. EX: João comprou de José uma loja franquia de perfumes. José apresentou varias planilhas de faturamento para João. Posteriormente, João descobriu que as planilhas eram falsas e o faturamento era muito inferior ao apresentado nas planilhas. Dolo = apresentação das planilhas. Dolo principal = o dolo influenciou diretamente na realização do negocio jurídico (causa determinante), pois se não fossem as planilhas falsas, João não teria comprado a loja. Consequência = Se João conseguir provar que houve dolo da parte de José, o negocio jurídico poderá ser anulado. • Artigo 146 - Dolo acidental: Só obriga à satisfação das perdas e danos e é acidental quando, a seu despeito, o negócio jurídico seria realizado, embora de outro modo. O dolo acidental não vicia o negocio jurídico, pois o dolo não foi a razão determinante da realização do negocio jurídico. No dolo acidental, mesmo que a pessoa soubesse do dolo, ela teria realizado o negocio jurídico só que em outras condições. Por isso, a consequência do dolo acidental não é a anulação do negocio jurídico, mas sim a satisfação das perdas e danos. A pessoa que sofreu o dolo acidental não vai alega-lo para anular o negocio jurídico, somente vai alega-lo para requerer as perdas e danos. EX: Maria queria muito comprar o imóvel, ao lado de sua casa que pertencia a Gabriel. Maria economizou dinheiro e comprou o imóvel por R$ 500.000,00. Gabriel disse, e fez constar no contrato, que o imóvel possuía 400m2. Posteriormente, Maria descobriu que o imóvel possuía apenas 320m2. Maria não pretende anular o negocio jurídico, pois ele teria realizado o negocio mesmo que soubesse que o imóvel possuía apenas 320m2. • Artigo 147 - Dolo positivo e negativo: Dolo positivo ou comissivo é aquele em que a pessoa age positivamente; toma uma atitude; atua de má fé com a intenção de enganar outra pessoa para obter vantagem em um negócio jurídico.EX: Um cara me vende um Rolex alegando que ele é verdadeiro, na caixa e com certificado. Quando vou usa-lo, ele cai no chão e quebra. Fui na loja da Rolex para consertar e eles alegaram que meu relógio era falso. Dolo negativo ou omissivo é aquele em que a pessoa de má fé se omite, esconde, silencia, oculta algo a respeito de um fato ou de uma qualidade que a outra parte deveria saber, pois se a pessoa soubesse não teria realizado o negocio jurídico. EX: Felipe vendeu um carro para Wanderlei e intencionalmente omitiu o fato de que o carro havia sido comprado em um leilão de carros batidos. Dolo omissivo = Felipe deveria ter dito para Wanderlei que o carro era batido, pois se Wanderlei soubesse não teria comprado o veiculo. Ao omitir essa informação, Felipe agiu com dolo negativo ou omissivo. • Artigo 148 - Dolo de terceiros: No dolo de terceiro, uma pessoa que não faz parte da relação jurídica (terceiro) age de má fé com a intenção de enganar uma pessoa na realização de um negocio jurídico que lhe é prejudicial, mas que pode aproveitar a outra parte. EX: Fabiana estava vendendo uma casa que ficava em um bairro que alagava. Quem estava negociando o imóvel para Fabiana, era o corretor Pedro. O corretor Pedro ao vender o imóvel para Maria, garantiu que o imóvel não alagava. Ao enganar Maria, o corretor Pedro agiu com dolo de terceiro já que o negocio jurídico de compra e venda foi feito entre Fabiana e Maria. As consequências de um dolo de terceiro são: a) anulação do NJ b) manutenção do negócio, mas o terceiro respondera por perdas e danos. Para que o NJ jurídico seja anulado por dolo de terceiro será necessário que a parte tenha obtido beneficio com o dolo e que a parte a quem aproveitou o dolo tivesse ou devesse ter conhecimento do dolo de terceiro. EX: Fabiana estava vendendo uma casa que ficava em um bairro que alagava. Quem estava negociando o imóvel para Fabiana, era o corretor Pedro. O corretor Pedro ao vender o imóvel para Maria, garantiu que o imóvel não alagava. Fabiana estava presente quando Pedro disse isso a Maria e silenciou, permitindo que Maria comprasse o imóvel sem saber que este alagava. Dolo de terceiro = Pedro, o corretor. Proveito = Fabiana tirou proveito do dolo de terceiro pois vendeu o imóvel a Maria (requisito para anulação). Conhecimento = Fabiana tinha conhecimento do dolo de terceiro, pois estava no momento da venda (requisito para anulação). Exemplo de manutenção do NJ por dolo de terceiro: João deixou um quadro para vender em uma galeria de arte. O representante da galeria, sabendo que o quadro era uma replica, intermediou uma venda como se fosse um quadro verdadeiro. João não sabia que o quadro foi vendido como verdadeiro, pois deixou claro que se tratava de uma replica. Dolo de terceiro = o representante da galeria garantiu que o quadro eraverdadeiro, mas era uma replica. Consequências = a) O NJ não devera ser anulado pelo dolo de terceiro, pois João estava de boa fé ao realizar o negocio, tendo em vista que não tinha conhecimento que seu quadro foi vendido como verdadeiro. b) Caso o negocio seja mantido, o terceiro que cometeu o dolo devera responder por perdas e danos ao comprador do quadro. • Artigo 149 - Dolo de representante legal e convencional: A responsabilidade do representado em relação ao dolo cometido pelo seu representante se dá em duas situações: a) se o dolo foi cometido por representante legal b) se o dolo foi cometido por representante convencional. Representação legal: quando os poderes de representação são conferidos por lei (pais que representam os filhos menores de 16 anos). O dolo do representante legal só obriga o representado responder civilmente até a importância que o proveito que teve. Considerando que não foi o representado que escolheu seu representante, ele somente terá responsabilidade na quantia de seu proveito, pois ele não pode enriquecer sem causa. Se o representado não obteve proveito, ele não terá qualquer responsabilidade. Se o representado obteve proveito = ele será responsável até o valor do proveito que teve. Se o representado não obteve proveito = ele não terá qualquer responsabilidade. • Artigo 150 - Dolo de ambas as partes ou dolo bilateral: Se ambas partes procederem com dolo, nenhuma pode alega-lo para anular o negocio, ou o reclamar indenização. O direito somente protege a boa fé. Se ambas partes agiram de má fé, o direito não vai proteger aquele que agiu assim, pois ninguém pode se beneficiar da própria torpeza. COAÇÃO (Artigo 151 a 155): • Coação é a ameaça física ou moral exercida sobre uma pessoa ou bens com o objetivo de constranger alguém a realizar um negocio jurídico. Existem duas espécies de coação: Absoluta (física) e Relativa (moral, psíquica). • Coação absoluta: A ameaça exercida é uma ameaça física que impede qualquer manifestação de vontade. A pessoa realiza um NJ, no entanto, ela não teve qualquer intenção de realiza-lo ou qualquer opção de escolha. Neste caso não houve qualquer consentimento da pessoa coagida, então o negocio jurídico é nulo ou inexistente. EX: Sr. Líbero estava internado em coma no hospital. Alguns de seus filhos, abusando da condição física de seu pai, tomaram sua mão e puseram em alguns documentos sua impressão digital. Tendo em vista que o NJ foi realizado sem qualquer manifestação de vontade por parte do Sr. Líbero, o tribunal reconheceu a nulidade dos documentos. • Coação relativa: A ameaça exercida sobre a pessoa não é uma ameaça física, mas sim uma ameaça psicológica. A pessoa está sofrendo a coação e tem a possibilidade de escolher entre realizar o NJ ou não. No caso de ficar comprovada a coação relativa, o NJ é anulável. EX: Maria era proprietária de um veiculo da Fiat. João, atual namorado de Maria, querida que ela assinasse uma procuração autorizando a transferencia do Fiat para seu nome. João era uma pessoa extremamente violenta. Maria recusou-se a assinar a procuração. João ficou enfurecido e apontou uma arma para a filha de Maria. Maria não quis colocar em risco a vida de sua fi lha e assinou a procuração favorecendo João. Posteriormente, Maria ajuizou uma ação de anulação de NJ alegando que sofreu coação para assinar o documento. Sendo provado isso, o NJ poderá ser anulado. • Requisitos da coação: Todos que estão elencados no artigo 151. Nem toda ameaça, entretanto, configura coação. O art. 151 – CC, especifica os requisitos para que a coação possa viciar o consentimento: a) Deve ser a causa do ato – deve haver uma relação de causalidade entre a coação e o ato extorquido, ou seja, o negócio deve ter sido realizado somente por ter havido grave ameaça ou violência, que provocou na vítima fundado receio de dano à sua pessoa, à sua família ou aos seus bens. Sem ela, o negócio não se teria concretizado. b) Deve ser grave – a coação deve ser de tal intensidade que efetivamente incuta ao paciente um fundado temor de dano a bem que considera relevante. c) Deve ser injusta – deve ser ilícita, contrária ao direito, abusiva. Prescreve, com efeito, o art. 153, 1ª parte, que “não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito”. d) Deve ser de dano atual ou iminente – a lei refere-se ao dano próximo e provável, afastando, assim, o impossível, remoto ou eventual. Tem em vista aquele prestes a se consumar, variando a apreciação temporal segundo as circunstâncias de cada caso. e) Deve acarretar justo receio de dano – não mais se exige que este seja igual, pelo menos, ao decorrente do dano extorquido, visto que essa proporção ou equilíbrio entre o sacrifício exigido e o mal evitado, prevista no CC 1916, era alvo de críticas e não consta em outras legislações. f) Deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou a bens da vítima, ou a pessoas de sua família. • Coação exercida por terceiro: A coação vicia o ato, ainda quando exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos (art. 154 - CC). Subsistirá, no entanto, o negócio jurídico se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responder por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto (art. 155 - CC). ESTADO DE PERIGO (Artigo 156): • A pessoa precisa salvar-se ou salvar alguém de sua família de graves danos como: risco de morte, lesão à saúde, risco à integridade física, etc. O estado de perigo retira da pessoa a condição de declarar livremente sua vontade. A pessoa não realizaria o NJ se não tivesse em estado de perigo. • A pessoa que se encontrava em estado de perigo assume uma obrigação excessivamente onerosa, ou seja, assume uma obrigação desproporcional à contraprestação. O que se pretende reprimir é que uma pessoa abuse da situação ao tirar proveito de outra que está em estado de perigo e que, em virtude de sua fragilidade, faça com que ela assuma uma obrigação onerosa. EX: Meu pai está com um problema gravíssimo e urgente de saúde. Eu vou ao hospital e me falam que o tratamento é de 500 mil reais e que eu deveria pagar tudo em dinheiro pois o plano não cobre, e eu aceito pelo fato de precisar de salvar a vida do meu pai. Depois, descubro que na verdade, o preço do tratamento era de 100 mil reais e meu plano de saúde poderia cobri-lo. LESÃO (Artigo 157): • Ocorre a lesão quando uma pessoa, por inexperiência se obriga a prestação manifestante desproporcional ao valor da prestação oposta. • Elemento subjetivo: Se dá pela premente necessidade ou inexperiência. A premente necessidade está relacionada com a necessidade econômica que a pessoa tem de realizar o negocio jurídico. Não importa a condição social da pessoa, se ela é rica ou pobre, mas sim se ela estava em estado de necessidade no momento em que realizou o NJ. EX: Uma pessoa vende um imóvel muito abaixo do valor de mercado pois precisa de dinheiro urgente para pagar uma divida de pensão alimentícia sob pena de ser presa. A inexperiência não está relacionada ao grau de instrução de uma pessoa. Está relacionada à falta de conhecimento técnico do NJ. Por exemplo: um médico pode ser inexperiente em relação a um contrato imobiliário, enquanto um corretor de imóveis pode ser inexperiente em relação a um contrato de serviços médicos. EX: Maria tem 70 anos e ficou viúva. Seu marido sempre cuidou dos negócios da família. Maria, por inexperiência, vendeu um imóvel para seu vizinho que valia R $ 80.000,00 por R$ 10.000,00. • Elemento objetivo: Se dá pela prestação manifestante desproporcional ao valor da prestação oposta. Em um contrato comutativo(contrato de prestações certas e determinadas) deve haver um equilíbrio entre as prestações das partes. A desproporção entre as prestações ocorre quando uma das partes do negocio tem excessivo prejuízo, enquanto a outra parte ontem excessiva vantagem. Para que se caracterize a lesão, a desproporção entre as prestações deve ser considerável, acentuada e excessiva. EX: João estava devendo pensão alimentícia e foi citado para pagar o valor sob pena de prisão. Desesperado, com medo de ser preso, João vendeu seu carro que valia R$ 50.000,00 por R$ 20.000,00 para poder quitar sua divida. Ficou caracterizada a desproporção entre as prestações, sendo que João teve um excessivo prejuízo ao realizar o NJ e o comprador teve uma excessiva vantagem. FRAUDE CONTRA CREDORES (Artigo 158 a 165): • Credor = pessoa que tem a receber um credito, um serviço, um beneficio, um bem, etc. Devedor = pessoa que está obrigada a pagar um valor, prestar um serviço, pagar um bem, etc. • Fraude contra credores é a manobra maliciosa do devedor, que diminui seu patrimônio com o objetivo de não pagar os credores. Se o devedor alienar seu patrimônio, o credor não conseguirá cobrar seu crédito, pois o que garante o pagamento da divida é o patrimônio do devedor. Assim, ao diminuir seu patrimônio, o devedor se torna insolvente, pois não tem patrimônio suficiente para garantir o pagamento de suas dividas. • Para evitar que isso ocorra, o credor vai ajuizar uma ação chamada de ação Pauliana ou revocatória, com o objetivo de anular os atos fraudulentos cometidos pelo devedor. Ao anular os atos fraudulentos, os bens do devedor retornam para o seu patrimônio para pagamento de suas dividas. EX: João prestou um serviço para Miguel, que pagou com um cheque de R$ 50.000,00 para 30 dias. Decorridos os 30 dias, João depositou o cheque, mas este foi devolvido sem fundos. João é credor de Miguel na quantia de R$ 50.000,00. Após emitir o cheque, Miguel com o objetivo de não pagar a divida que possuía com João (para evitar a penhora de seu patrimônio), doou seu único bem imóvel, um terreno baldio, para seu filho de 3 anos de idade. Credor = João. Devedor = Miguel. Ato fraudulento = Miguel doou seu único imóvel para seu filho Ação = Pauliana ou revocatória. Objetivo = anular a doação que Miguel efetuou para seu filho para que o imóvel retorne para o patrimônio de José e satisfaça o credito do credor. SIMULAÇÃO: • É uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando “ a p a r e n t a r ” u m n e g ó c i o d i v e r s o d o e f e t i v a m e n t e desejado. Consiste num “desacordo intencional” entre a vontade interna e a declarada para criar, aparentemente, um ato negocial que inexiste, ou para ocultar, sob “determinada aparência”, o negócio quando, enganando terceiro, acarreta a nulidade do negócio. Negócio simulado é, assim, o que tem “aparência” contrária à realidade. É um vício social porque objetiva iludir terceiros e fraudar a lei. Pelo regime do Código Civil, a simulação (absoluta ou relativa) acarreta a nulidade do negócio simulado. Se a simulação for relativa, subsistirá o negócio dissimulado, se válido for na forma e substância (art. 167, caput - CC). Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado (art. 167, §2º - CC) A simulação pode ser: • Simulação Absoluta – na simulação absoluta, as partes na realidade não realizam nenhum negócio. Apenas fingem, para criar uma aparência, uma ilusão externa, sem que na verdade desejem o ato. Em geral, a simulação absoluta destina-se a prejudicar terceiro, subtraindo os bens do devedor à execução ou partilha. Por exemplo, é o caso da emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, feita pelo marido antes da separação judicial para lesar a mulher na partilha de bens, ou a falsa confissão de dívida perante amigo, com concessão de garantia real, para esquivar-se da execução de credores quirografários. • Simulação Relativa – na simulação relativa, as partes pretendem realizar determinado negócio, prejudicial a terceiro ou em fraude à lei. Para escondê- lo ou dar-lhe aparência diversa, realizam outro negócio. Compõe, pois, de dois negócios: um deles é o simulado, aparente, destinado a enganar; o outro é o dissimulado, oculto, mas verdadeiramente desejado. O negócio aparente, simulado, serve apenas para “ocultar” a efetiva intenção dos contratantes, ou seja, o negócio real. A simulação provoca falsa crença num estado não real; quer enganar sobre a existência de uma situação não verdadeira, tornando nulo o negócio. A dissimulação oculta ao conhecimento de outrem uma situação existente, pretendendo, portanto, incutir no espírito de alguém a inexistência de uma situação real. • Portanto, a simulação relativa resulta no intencional desacordo entre a vontade interna e a declarada. Ocorre sempre que alguém, sob a aparência de um negócio fictício, realizar outro que é o verdadeiro, diverso, no todo ou em parte, do primeiro, com o escopo de prejudicar terceiro. Apresentam-se dois contratos: um real (dissimulado) e outro aparente (simulado). Os contratantes visam ocultar de terceiros o contrato real, que é o querido por eles. Por exemplo, o negócio jurídico em que as partes passam escritura de um bem imóvel por valor menor ao valor real para burlar o fisco. ATO ILÍCITO (artigo 186): • Ato ilícito é todo aquele que viole o ordenamento jurídico, ou seja, todo aquele que viole direito e cause danos a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. A ilicitude está bem definida no ordenamento. Alguns critérios precisam ser preenchidos para que esta fique caracterizada. A ação ou omissão (dano), o resultado (fato), o nexo causal e a culpa precisam estar presentes no mesmo cenário para que fique caracterizado a ilicitude, e, consequentemente, se defina a responsabilidade civil. • Excludentes de ilicitude: estado de necessidade, legitima defesa e exercício regular de um direito. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA (Artigo 189 a 211): • A prescrição ocorre quando uma pessoa que teve um direito violado deixa transcorrer o tempo previsto na lei para ajuizar uma ação para fazer valer esse seu direito. A pessoa que teve um direito violado, adquire uma pretensão que pode ser exercida em juízo de uma ação judicial. EX: João não pagou o aluguel para José. José teve seu direito contratual de receber o aluguel violado. José tem o direito de ajuizar uma ação para exercer sua pretensão em cobrar os aluguéis atrasados. Se a pessoa não exercer sua pretensão no prazo exigido na lei, ocorrerá a prescrição e ela perderá o direito à pretensão. • Fases da Prescrição: • Violação de um direito subjetivo que faz nascer a pretensão de exigir um comportamento economicamente apreciável; • Inércia do titular; • Decurso do tempo fixado em lei; • → A prescrição supõe inércia do titular → só surge quando o direito puder ser exercido. • O titular de um direito tem o poder de exercê-lo. Se o direito é violado, nasce a pretensão. Se a pretensão não é exigida dentro de certo prazo surge a prescrição; • Impedimento e suspensão da prescrição: • Lei impede o início (causa impeditiva) ou impõe a paralisação do curso do prazo prescricional (causa suspensiva) em dadas circunstâncias; • Aproveita-se o prazo anterior (até o momento da suspensão) → computado quando a causa suspensiva se extingue; • Na causa suspensiva se aproveita o prazo anterior que já transcorreu; • Hipóteses: arts. 197 e 198, CC. • Art. 197, CC: artigo que pensa na solidariedade familiar, estabelecendo que o prazo prescricional não corre durante as relações disciplinadas neste artigo (casamento, poder familiar, tutelados e tutores); • Art. 198, CC: não corre a prescrição contra os incapazes de trata o art.3º, CF (os absolutamente incapazes), contra os ausentes do país em serviço oficial e também não corre contra aqueles à serviço das Forças Armadas. • O prazo prescricional só é contado quando não se enquadrar nas hipóteses dos arts. 197 e 198. • Causas interruptivas: todas as hipóteses de interrupção da prescrição partem de uma situação em que o credor sai da inércia para fazer valer sua pretensão. • Art. 202, CC: determina quais são as hipóteses para interrupção do prazo prescricional. Também determina que a interrupção fará com que o prazo prescricional anterior a ela seja desconsiderado. • Na interrupção desconsidera-se o prazo anterior ao ato que o credor sai da inércia. Na suspensão, de forma contrária, esse prazo anterior é considerado. • Ex.: o credor demora um ano para ajuizar ação contra o devedor. Após ajuizada, o trâmite do processo demora 10 anos. Quando o processo transitar em julgado é que se começará a contar o prazo prescricional, desconsiderando o anterior ao litígio. • Prazos prescricionais: são estabelecidos pelo art. 206, CC. • Ex.: o prazo prescricional para reparação civil (art. 206, CC, §3º, V), segundo o art. 206, CC, é de 3 anos. Dessa forma, caso alguém bata em meu carro, tenho 3 anos para cobrar a reparação dos danos. • Ex.2: prazo prescricional para cobrança de dívida (art. 206, CC, §5º, I) é de 5 anos. Esse mesmo prazo vale para a cobrança dos honorários após a execução do serviço. • Art. 205, CC: o prazo prescricional geral é de 10 anos, salvo quando a lei não estabelecer tempo menor. Para detectar se a pretensão faz parte desse prazo geral ou de outro, deve-se: consultar a legislação específica e as hipóteses do art. 206, CC. Caso não haja a pretensão em nenhum desses dois dispositivos o prazo será o estabelecido pelo art. 205, CC, de 10 anos. • Questões relevantes sobre a prescrição: • Art. 191, CC: a parte que aproveita a prescrição, ou seja, o devedor, pode renunciar a prescrição. Essa renúncia, todavia, só pode ser feita quando a prescrição se consumar. • Ex.: Hernane devia R$ 1.000,00. Passado o prazo prescricional para cobrança de dívida (5 anos), ou seja, com a prescrição já consumada, ele pode renunciá-la e arcar com o pagamento. • Art. 192, CC: as partes não podem alterar os prazos prescricionais; • Art. 193, CC: a prescrição pode ser alegada a qualquer momento; • Art. 195, CC: o relativamente incapaz e as pessoas jurídicas que derem causa à prescrição ou deixá-la consumar, têm possibilidade de ação contra seus assistentes ou representantes legais. • Art. 196, CC: a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor; • Decadência: • Decurso do prazo + inércia do titular; • A pretensão atinge a pretensão. A diferença da decadência é que esta atinge um direito potestativo; • Violado um direito, nasce a pretensão, a qual se exclui pela prescrição; • Direito potestativo é um direito subjetivo que parte da vontade de uma das partes, pouco importando a vontade da outra. Além disso, a execução desse direito potestativo é facultativo de seu agente. A decadência é quando não se executa um direito potestativo no prazo estabelecido. • Art. 178, CC: o prazo para anulação do negócio jurídico é decadencial de 4 anos. Dessa forma, pedir por essa anulação é um direito potestativo que tem 4 anos para ser realizado. • Ex.: art. 119, CC → este artigo determina que é anulável o negócio jurídico realizado em conflito de interesses. O parágrafo deste mesmo dispositivo determina que esse direito potestativo de pedir pela anulação possui prazo decadencial de 180 dias.
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