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rosana baeninger - nova configuração urbana no brasil - anos 1980-1990 - encontro nepo

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A NOVA CONFIGURAÇÃO URBANA NO BRASIL: 
DESACELERAÇÃO METROPOLITANA 
E REDISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO
Rosana Baeninger1
1 INTRODUÇÃO
A emergência do processo de reestruturação produtiva em
âmbito internacional, neste final de século, tem contribuído, ao nível
nacional, regional e local, para a configuração de espaços urbanos
selecionados. Tais espaços têm apresentado transformações significa-
tivas em termos econômicos, políticos e sociais em um esforço de
inserção nessa dinâmica global. Modificaram-se as formas e os proces-
sos urbanos até então vigentes nas cidades; intensificou-se a velocida-
de das transformações tecnológicas; as cidades pequenas e de porte
médio passaram a constituir uma importante fatia do dinamismo
regional; mudaram a direção e o sentido dos fluxos migratórios.
Esse novo cenário traz novos contornos às cidades, onde a
compreensão dos fenômenos locais pressupõe o entendimento dos
fenômenos regionais, metropolitanos e até aqueles em âmbito mun-
dial. O surgimento de rearranjos nas funções urbanas das cidades, em
termos de atividades econômicas e de redistribuição espacial da popu-
lação, constitui um elemento fundamental no fortalecimento de eco-
nomias regionais e na busca de feições próprias e atuais. No caso
brasileiro, e especificamente do Estado de São Paulo, os impactos
territoriais dos processos de desconcentração econômica e populacio-
nal, iniciado na década de 70, tomaram maior impulso nesse novo
panorama, consolidando a presença de regiões fortes e o desenvolvi-
mento de pólos regionais.
O delineamento dessa nova territorialidade representa
importantes transformações demográficas. A primeira delas está liga-
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 729
1 Professora colaboradora no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH e
pesquisadora do Núcleo de Estudos de População – NEPO/UNICAMP.
da ao desaparecimento do conceito tradicional de área rural; hoje o
“rural” faz parte, e significa, uma extensão da dinâmica urbana, com
sua produção e cultivo voltados, inclusive, para a dinâmica do mercado
internacional. Por outro lado, a predominância de população urbana
tem gerado novas demandas sociais, refletindo-se na “homogeneiza-
ção” de determinados indicadores demográficos, como grau de urba-
nização, taxas brutas de mortalidade, taxas de fecundidade, bem como
nas novas formas de redistribuição espacial da população, destacan-
do-se a importância dos deslocamentos populacionais intra-urbanos e
a redefinição dos papéis das áreas metropolitanas.
Até os anos 70, o processo de urbanização e de redistribui-
ção espacial da população brasileira esteve condicionado praticamente
a uma só vertente: o crescimento acelerado e progressivo das grandes
cidades e das metrópoles. Com os resultados censitários de 1991, no
entanto, pode-se observar que tais áreas apresentaram uma diminui-
ção significativa em seu ritmo de crescimento populacional, indicando
outras áreas de recepção de migrantes.
Este trabalho visa apontar as especificidades recentes do
processo de redistribuição espacial da população brasileira, destacan-
do particularmente o papel da metrópole de São Paulo nesse processo.
2 O PERÍODO DE CONCENTRAÇÃO URBANA 
NO BRASIL: 1940-1980
A intensidade e a forma como se processaram a urbaniza-
ção e a redistribuição espacial da população brasileira acentuaram, ao
longo de quarenta anos, a dinâmica concentradora de determinadas
áreas. A dinâmica das cidades e o processo de urbanização modifica-
ram-se ao longo do tempo, acompanhando as transformações da socie-
dade em seu conjunto.
As cidades no período colonial surgiam como ponto de
saída de produtos de exportação e atuavam também como locais de
entrada para as mercadorias vindas de Portugal. No final do século
XIX, as cidades já passavam a desempenhar papel fundamental tanto
para o armazenamento como para o transporte, comércio e exportação
de café (Oliveira, 1985). A consolidação do complexo cafeeiro e a
herança por ele deixada (ferrovias, sistema bancário, núcleos urbanos
730 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
etc.) permitiu a emergência de uma incipiente economia industrial e
de importante rede urbana a partir dos anos 20 (Cano, 1977). Até os
anos 30, período em que se encerra a etapa de desenvolvimento
primário-exportador no Brasil, o surgimento das cidades e a estrutura
territorial estiveram voltadas para os interesses de comercialização
ligados aos ciclos produtivos de monoculturas de açúcar, algodão e
café.
A incipiente economia industrial que se processava, a
partir de então, impunha novos padrões de urbanização, através da
integração econômica, intercâmbio entre as regiões e o desenvolvi-
mento do mercado nacional. Os planos de desenvolvimento industrial
exigiram a unificação do mercado e sua articulação. Nesse contexto,
foram criadas e ampliadas as vias de transporte para a interligação
dos mercados regionais, propiciando a significativa expansão da rede
urbana em todo o País (Faria, 1983).
O processo de localização e concentração industrial ten-
deu-se a implantar nos centros urbanos com certa densidade popula-
cional e facilidades administrativas ligadas a exportação. Com a con-
solidação do mercado nacional, as indústrias instalaram-se, predomi-
nantemente, na Região Sudeste, especialmente em São Paulo, Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. As mudanças ocorridas na estrutura produ-
tiva nacional pós-1960, com maiores reflexos em São Paulo, implica-
ram, de um lado, subordinação da agricultura a indústria e, de outro,
desenvolvimento mais acentuado do setor secundário, com a indus-
trialização pesada constituindo um parque produtor diversificado, em
que os ramos tradicionais foram perdendo peso relativo (Cano, 1988).
Nesse contexto, assistiu-se a intensificação do processo de urbanização
no País.
De fato, tem-se observado no Brasil, desde os anos 40,
aumento significativo de sua população urbana. Em 1940, 12,8 mi-
lhões de pessoas residiam no meio urbano, sendo que a população rural
ainda representava 69% do total nacional; em 1991, mais de 110
milhões de habitantes residiam em áreas urbanas, passando para 123
milhões em 1996 (Tabela 1). Ou seja, segundo a Contagem de 1996,
apenas 21,6% da população nacional viviam em áreas rurais – cerca
de 34 milhões de pessoas. As projeções populacionais apontam que 80%
da população brasileira estará residindo em áreas urbanas até o final
deste século, o que representará mais de 136 milhões de habitantes.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 731
Até os anos 70, os fenômenos da urbanização e da redistri-
buição espacial da população, marcados por intensos fluxos migrató-
rios, apontavam para o crescimento progressivo das grandes cidades.
Esse afluxo crescente de pessoas para o meio urbano, particularmente
na década de 70, fez com que tal período fosse marcado pela “explosão
do crescimento urbano”, com o processo de concentração da população
em cidades cada vez maiores (Martine, 1987); ressalte-se que esse
panorama concentrador de redistribuição interna da população foi se
montando ao longo de quase meio século, indicando a rapidez das
transformações urbanas no Brasil.
Como forma de tentar homogeneizar essa redistribuição
populacional no espaço brasileiro, soluções como a expansão de fron-
teiras agrícolas foram adotadas no Paraná, em meados da década de
30; na faixa central – Mato Grosso do Sul, passando por Goiás até o
Maranhão, em 1940; e na Amazônia, a partir de 1970. O esgotamento
dessa áreas, no entanto, já havia sido evidenciado nos anos 60 nas
fronteiras do Paraná e do Centro-Oeste, sendo que no caso da Amazô-
nia, logo na primeira metade dos anos 80. Dado que essas frentes de
expansão responderam às políticas explícitas de redistribuição da
população, grande parte da população rural, nelas anteriormente
Tabela 1
POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURALBRASIL – 1940-1991
Ano
População 
(em milhares)
Taxas
de Crescimento (% a.a.)
Total Urbana Rural Total Urbana Rural
1940 41.236 12.880 28.356
2,33 3,84 1,58
1950 51.994 18.783 33.162
3,05 5,32 1,54
1960 70.191 31.534 38.657
2,87 5,15 0,60
1970 93.139 52.084 41.054
2,48 4,44 –0,62
1980 119.002 80.436 38.566
1,93 2,96 –0,66
1991 146.917 110.876 36.042
1,35 2,11 –1,16
1996 157.080 123.082 33.997
Fontes: FIBGE, Censos Demográficos de 1940 a 1991 e Contagem Populacional de 1996.
732 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
alocada, transferiu-se para os grandes centros urbanos do Sudeste
brasileiro. Além disso, o processo de transformação agrícola provocou
forte concentração da terra, expulsando enorme contingente popula-
cional do campo para a cidade. Estima-se que cerca de 30 milhões de
pessoas deixaram a área rural em busca de áreas urbanas entre
1960-1980 (Martine, Camargo, 1984).
Por outro lado, o processo de urbanização no Brasil gerou
a criação de significativa rede urbana, diferentemente de outros países
latino-americanos que se caracterizam por uma primazia urbana
(Faria, 1983; Villa, Rodríguez, 1994). O dinamismo e a complexidade
desse processo se expressou na multiplicação do número de cidades no
País. Entre 1950 e 1980 passou-se de 1.889 cidades, no início do
período, para 3.991, ao seu final. No entanto, do total de cidades em
1980, a grande maioria era constituída pelas cidades pequenas (com
menos de 20 mil habitantes) que respondiam por 87,6% do total das
cidades brasileiras, concentrando apenas 22% da população. Em con-
traposição, nas 13 cidades brasileiras acima de 500 mil habitantes
residiam 31% da população nacional. Em conjunto, as cidades médias
e grandes (95 localidades) alocavam, em 1980, aproximadamente 54%
da população residente em cidades do País.
De fato, o enorme esvaziamento do campo que se operava,
a partir dos anos 50, levou a aceleração do processo de urbanização; a
taxa de crescimento da população urbana passou de 3,8% a.a., no
período 1940-50, para 5,32% a.a. entre 1950-60. O impacto da trans-
ferência de população rural para o meio urbano se fez sentir de
maneira mais acentuada nos anos 50, uma vez que a base demográfica
não era tão extensa; à medida que essa base foi se alargando, o impacto
dessa população foi diminuindo e apresentando, portanto, taxas me-
nores de crescimento urbano: 5,15% a.a., no período 1960/70; 4,44%
a.a. entre 1970/80; 2,96% a.a, no período 1980-91, chegando a 2,11%
entre 1991-1996.
Observa-se também, através da Tabela 1, que o ritmo de
crescimento da população brasileira em seu conjunto vem perdendo
intensidade a partir dos anos 60, em função da acentuada queda da
fecundidade. De uma taxa de crescimento correspondente a 3,05% a.a.,
no período 1950-1960, passou para 2,48% a.a. nos anos 70, passando
a 1,93% a.a., no período 1980-1991. No período 1991-1996, a taxa de
crescimento da população brasileira chegou a 1,3% a.a., valor que era
esperado apenas na virada do século.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 733
Embora tanto a taxa anual de crescimento da população
brasileira quanto a taxa de crescimento urbano tenham registrado
decréscimos ao longo do período em estudo, o acelerado processo de
urbanização pode ser evidenciado através da elevação da participação
da população urbana no total populacional: 45%, em 1960; 56%, em
1970; 67%, em 1980; 75%, em 1991 e 78,4%, em 1996. Esse incremento
da população urbana foi conseqüência, basicamente, de três fatores:
do próprio crescimento vegetativo das áreas urbanas, da migração com
destino urbano e da expansão do perímetro urbano de muitas locali-
dades, antigamente consideradas rurais. Em contrapartida, a popula-
ção rural vem apresentando participação cada vez menor no conjunto
da população brasileira; os anos 50, como já destacado, marcaram uma
mudança expressiva na distribuição da população no País: a taxa de
crescimento da população rural passara de 1,54% a.a., entre 1950-60,
para 0,60% a.a., no período 1960-70, alcançando taxas negativas, em
torno de 0,60% a.a., nos anos 70 e nos 80. Em 1980, aliás, a população
rural brasileira registrou pela primeira vez na história deste século
diminuição em números absolutos; em 1996, sua taxa de crescimento
alcançou –1,2% a.a.
O avanço do processo de urbanização no País, entretanto,
não atingiu todas as regiões de forma homogênea, de modo que os
contrastes socioeconômicos prevalecentes no território nacional refle-
tiram-se no âmbito da urbanização. Em 1960, por exemplo, quando a
média nacional apontava 45% de sua população morando em áreas
urbanas, somente a Região Sudeste registrava população urbana
superior a 50%, ao passo que no Nordeste essa participação chegava
apenas a 34%. A acentuada urbanização que se processava contribuiu
para que, a partir de 1980, em todas as grandes regiões, mais da
metade de suas populações estivessem residindo em áreas urbanas
(Tabela 2). Apesar disso, em 1996, enquanto o Sudeste registrava um
grau de urbanização de quase 90%, no Norte e Nordeste este situava-se
em torno de 60%, demonstrando etapas distintas de tais regiões no
processo de urbanização do Brasil. 
734 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Quanto a população rural, a Região Norte foi a única a
apresentar, no período 1970-1980, significativa taxa de crescimento:
3,35% a.a., devido à fronteira amazônica. O Nordeste rural cresceu a
uma taxa também positiva, embora pequena, de 0,52% a.a. As demais
regiões acompanharam a tendência nacional; todas apresentaram
taxas negativas para os seus contingentes rurais, destacando-se o Sul
com uma taxa de – 2,5% a.a., refletindo o esgotamento da fronteira
agrícola do Paraná. O Sudeste, particularmente São Paulo, já havia
apresentado diminuição em sua população rural, em números absolu-
tos, em 1970. No período 1980-91, à exceção da Região Norte, todas
as demais registraram taxas negativas de crescimento da população
Tabela 2
GRAU DE URBANIZAÇÃO 
E TAXAS DE CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO RURAL 
GRANDES REGIÕES DO BRASIL 
1950-1991
Indicadores Brasil
Grandes regiões
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Grau de urbanização (%)
1950 36,2 31,5 26,4 47,5 29,5 24,4
1960 44,9 37,4 33,9 57,0 37,1 34,2
1970 55,9 42,6 41,8 72,7 44,3 50,7
1980 67,6 50,3 50,5 82,8 62,4 70,8
1991 75,5 59,0 60,6 88,0 74,1 81,3
1996 78,4 62,0 65,0 89,0 77,0 84,0
Taxas de crescimento população rural (%)
1940-50 1,58 1,80 1,84 0,64 2,97 2,98
1950-60 1,54 2,37 1,02 1,06 2,90 3,89
1960-70 0,60 2,11 1,10 –1,88 2,20 3,14
1970-80 –0,62 3,35 0,52 –1,99 –2,48 –1,24
1980-91 –0,66 2,04 –0,28 –1,52 –2,01 –1,05
1991-96 –1,16 –0,35 –1,40 –0,91 –1,31 –1,49
Fontes: FIBGE, Censos Demográficos de 1940 a 1991 e Contagem Populacional de 1996.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 735
rural. Os anos 90, por sua vez, marcam o decréscimo da população
rural, inclusive na Região Norte, acentuando-se este ritmo de cresci-
mento negativo no Nordeste (que de uma taxa de –0,3% a.a., entre
1980-91, passou para –1,4% a.a., no período 1991-96), provavelmente
em função da intensificação do êxodo rural, e no Centro-Oeste (de
–1,05% a.a. e –1,5% a.a., respectivamente) tanto em decorrência da
evasão da população rural quanto do menor volume de migrantes para
a zona rural desta região.
O rápido crescimento das áreas urbanas apontava, até os
anos 70, que o campo não só crescia menos que a cidade como também
começava a sofrer um processo de esvaziamento populacional. Esse
fenômeno de transferência de população era indicativo das mudanças,
ou ausência delas, na estrutura produtiva rural e urbana, incluindo-se
aí a estrutura da propriedade fundiária. O processo de modernização
agrícola, intensificado a partir de meados da década de 60, provocou
uma forte concentração de terra que, aliada ao esgotamentodas
fronteiras agrícolas, conduziu “a população migrante a se dirigir para
as cidades, e cidades cada vez maiores” (Martine, 1987, p. 29), com o
crescente fenômeno da metropolização dos espaços urbanos de maior
porte.
O panorama dos deslocamentos populacionais ocorridos
na década de 70 apontava, então, para o aumento dos estados expul-
sores de população e a diminuição dos receptores, resultando num
incremento populacional elevado para o Sudeste, e particularmente
São Paulo (Martine, Carvalho, 1990). Assim, o processo de urbaniza-
ção no Brasil foi marcado por enormes deslocamentos populacionais
do campo para a cidade, de curta e de longa distância, gerando a
predominância da população residindo em áreas urbanas, que parecia
se concentrar em aglomerações de maior porte; a população residente
nas noves regiões metropolitanas representava 30% da população
nacional em 1980, sendo seu crescimento, em conjunto, responsável
por mais de 40% do crescimento total verificado no País. As principais
tendências da urbanização e da redistribuição espacial da população
brasileira, no período 1940-80, apontaram, portanto, para a multipli-
cação do número de cidades, para a crescente concentração da popu-
lação em localidades urbanas de grande porte, principalmente em
áreas metropolitanas, e para a concentração da atividade econômica e
populacional na Região Sudeste, especialmente São Paulo e Rio de
Janeiro.
736 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
3 ANOS 80: INFLEXÃO DO PADRÃO CONCENTRADOR
Como apontado anteriormente, até os anos 70, o processo
de urbanização e de redistribuição espacial da população brasileira
esteve condicionado a três vertentes: o progressivo esvaziamento do
campo e conseqüente crescimento urbano, notadamente dos centros
regionais; os deslocamentos populacionais com destino às fronteiras
agrícolas; e o contínuo e intenso fenômeno da metropolização. Algu-
mas dessas tendências já estavam em transformação no período 1970-
80, particularmente os deslocamentos com destino às fronteiras agrí-
colas e os grandes movimentos populacionais do campo para a cidade,
independente do seu porte, que predominaram até 1960; iniciou-se a
intensificação do movimento urbano-urbano, com novas modalidades
de deslocamentos populacionais (pendular, de retorno, intrametropo-
litano etc.). A reorganização da população no espaço modificou-se com
tanta força que tais movimentos passaram a ter uma só direção: os
grandes centros metropolitanos. Já com os resultados do Censo De-
mográfico de 1991 pode-se observar, no entanto, que a mudança no
padrão de urbanização brasileiro iniciou-se justamente com o menor
crescimento dessas áreas e com enormes transformações no processo
de redistribuição espacial da população. Os primeiros anos da década
de 90 consolidam esta tendência, deixando as regiões metropolitanas,
em especial suas sedes, perderem posições no ranking das taxas de
crescimento do país.
3.1 Crescimento da população no Brasil 
e nas grandes regiões nas últimas décadas
A década de 80 foi marcada pela diminuição no ritmo de
crescimento da população brasileira e pelas suas formas de distribui-
ção espacial. De maneira geral, observou-se uma queda na taxa de
crescimento populacional em todas as regiões brasileiras (Tabela 3),
devido principalmente ao declínio da fecundidade que já vinha se
manifestando, embora diferencialmente, para o conjunto do País, a
partir de 1970, bem como, no caso da Região Sudeste, aos menores
volumes migratórios interestaduais que para lá se dirigiram, nos anos
80, e ao enorme volume emigratório em direção aos Estados do
Nordeste e Minas Gerais.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 737
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
Gilmar
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Tabela 3
POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL, 
TAXAS DE CRESCIMENTO (% A.A.) 
E DISTRIBUIÇÃO RELATIVA (%) 
GRANDES REGIÕES DO BRASIL – 1970, 1980 E 1991
Brasil
Grandes regiões
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
POPULAÇÃO
1970
Total 93.139.037 4.121.966 28.111.927 39.853.498 16.496.493 4.555.153
Urbana 52.087.092 1.754.553 11.752.916 28.965.601 7.304.586 2.309.436
Rural 41.051.945 2.367.413 16.359.011 10.887.897 9.191.907 2.245.717
1980
Total 119.002.706 6.623.397 34.812.356 51.734.125 19.031.162 6.801.666
Urbana 80.436.409 3.332.429 17.566.842 42.840.081 11.877.739 4.819.318
Rural 38.566.297 3.290.968 17.245.514 8.894.044 7.153.423 1.982.348
1991
Total 146.825.475 10.030.556 42.497.540 62.740.401 22.129.377 9.427.601
Urbana 110.990.990 5.922.574 25.776.279 55.225.983 16.403.032 7.663.122
Rural 35.834.485 4.107.982 16.721.261 7.514.418 5.726.345 1.764.479
TAXAS DE CRESCIMENTO (% A.A.)
1970/1980
Total 2,48 4,86 2,16 2,64 1,44 4,09
Urbana 4,44 6,62 4,10 3,99 4,98 7,64
Rural –0,61 3,35 0,52 –1,99 –2,48 –1,24
1980/1991
Total 1,93 3,85 1,83 1,77 1,38 3,01
Urbana 2,97 5,37 3,54 2,34 2,98 4,31
Rural –0,66 2,04 –0,28 –1,52 –2,01 –1,05
1991/1996
Total 1,35 1,94 1,06 1,35 1,23 2,22
Urbana 2,11 3,48 2,54 1,64 2,07 3,00
Rural –1,16 –0,35 –1,40 –0,91 –1,31 –1,49
POPULAÇÃO TOTAL 
DISTRIBUIÇÃO RELATIVA NO BRASIL (%)
1970 100,00 4,43 30,18 42,79 17,71 4,89
1980 100,00 5,57 29,25 43,47 15,99 5,72
1991 100,00 6,83 28,94 42,73 15,08 6,42
1996 100,00 7,17 28,49 42,66 14,99 6,69
Fontes: FIBGE, Censos Demográficos de 1970, 1980 e 1991 e Contagem Populacional de 1996.
Nota: Considera-se a atual divisão político-administrativa do País em 1970, 1980, 1991 e 1996.
738 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
A taxa de crescimento da população nacional passou de
2,48% a.a., no período 1970-1980, para 1,93% a.a., entre 1980-1991,
assistindo-se a continuidade de taxas negativas para a população
rural (de –0,62% a.a., de 1970-1980, e de –0,66%, no período 1980-
1991). Em contrapartida, a taxa de crescimento da população urba-
na do Brasil, apesar da desaceleração em seu ritmo de crescimento
nos anos 80, seguiu elevada: 4,44% a.a., em 1970-1980, e 2,97% a.a.,
em 1980-1991.
A Região Norte destacou-se, no período 1980-91, por apre-
sentar a taxa de crescimento da população mais elevada (3,85% a.a.),
demonstrando a importância da fronteira agrícola nos anos 80 como
canalizadora de importantes fluxos migratórios para as áreas rurais,
particularmente para os Estados de Rondônia e Pará; a taxa de
crescimento da população rural da Região Norte foi a única que se
revelou positiva no período 1980-1991 (2,04% a.a.), sendo que sua taxa
de crescimento da população urbana também superou a das demais
regiões, 5,37% a.a., contribuindo para que, em 1991, 59% da população
dessa região estivesse residindo em áreas urbanas. Essa região tam-
bém ganhou peso relativo na distribuição de sua população no total do
país: respondia por 4,43% da população nacional, em 1970, passando
para 5,57%, em 1980, e alcançando 6,53%, em 1991.
Esse enorme crescimento populacional da Região Norte
esteve condicionado, sem dúvida, aos fluxos migratórios que para lá
se dirigiram do final da década de 70 até 1986. Entretanto, como
aponta Martine (1994),
“a partir de 1986, a atração migratória da
fronteira agrícola foi arrefecida, ou pratica-
mente cessou. Coincidiram para isso o fim do
Polo noroeste e de outros subsídios à agricultu-
ra na Amazônia; as dificuldades inerentes ao
desenvolvimento econômico da região e a au-
sência de soluções tecnológicas para a agricul-
tura; as mudanças nas políticas de preço míni-
mo e de transportes feitas no intuito de fortale-
cer os mecanismos de ‘mercado’; o custo dos
subsídios para a industrialização na Zona
Franca de Manaus; o protesto nacional e inter-
nacional contra as políticas públicas que favo-
reciam o desmatamento amazônico e outros
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 739
fatores correlacionados (...). Na Região amazô-
nica, a ocupaçãoda fronteira já não se processa
de forma clássica (assiste-se a um maior incre-
mento da população urbana); as migrações não
são mais predominantemente compostas de
pessoas com origem e destino rural (...) a rápi-
da expansão do garimpo, das atividades ma-
deireiras, do comércio, do setor de serviços, e
até do narcotráfico, serviram para multiplicar
as condições de habitabilidade das localidades
da região” (p. 13 e 14).
Nesse sentido, o autor conclui que, na verdade, a magnitude do
crescimento demográfico verificado para a década de 80 reflete uma
realidade já ultrapassada, e que, em termos prospectivos, dificilmente
se mantenha a sustentabilidade desse crescimento demográfico na
Região. De fato, no período 1991-96, a taxa de crescimento da popula-
ção urbana do Norte diminuiu para 3,5% a.a., apesar de ser a mais
elevada dentre as regiões.
As Regiões Nordeste e Centro-Oeste, no período 1980-
1991, registraram taxas de crescimento da população (1,83% a.a. e
3,01% a.a., respectivamente) superiores às das Regiões Sudeste (1,77%
a.a.) e Sul (1,38% a.a.). No caso da Região Nordeste, o recente dina-
mismo ligado ao Pólo Petroquímico de Camaçari, às atividades turís-
ticas e à produção de frutas para exportação (Bacelar, 1993) am-
pliaram e diversificaram a estrutura econômica nordestina contri-
buindo tanto para a absorção de uma população que potencialmente
migraria quanto para incentivar fluxos migratórios de retorno, oriun-
dos principalmente do Sudeste, em especial de São Paulo e Rio de
Janeiro – áreas onde a crise econômica dos anos 80 foi mais acentuada,
com o crescente desemprego.
É importante destacar que os anos 80 marcaram o decrés-
cimo em números absolutos da população rural nordestina (de 17,2
milhões para 16,7 milhões), registrando uma taxa de crescimento da
população rural; de 0,52% a.a., nos anos 70 para –0,28% a.a., entre
1980-1991. Apesar de ainda concentrar quase a metade da população
rural do Brasil, a Região Nordeste experimentou significativas trans-
formações econômicas, sociais e demográficas, ao longo da última
década, refletindo-se em sua taxa de crescimento urbano (3,55% a.a.)
que superou a média nacional (2,97% a.a.). O grau de urbanização do
740 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Nordeste que era de 42%, em 1970, passou para 50,5%, em 1980,
alcançando 60,6%, em 1991.
Considerando a Região Centro-Oeste, o elevado crescimen-
to populacional observado no período 1980-1991 esteve condicionado
à sua situação de fronteira agrícola, mas com uma nova dinamização
das atividades agropecuárias, voltadas para o complexo grãos/carne.
Nesse contexto, o setor terciário e a atividade industrial da Região
estão fortemente atrelados ao dinamismo agropecuário com reflexos
importantes na configuração urbana regional, chegando o Centro-
Oeste a registrar 81% de sua população em localidades urbanas, em
1991. De fato, a taxa de crescimento da população urbana do Centro-
Oeste apresentou-se bastante elevada nas duas últimas décadas, si-
tuando-se bem acima da média nacional; nos anos 70, essa taxa havia
sido de 7,63% a.a., e, no período 1980-1991, de 4,31% a.a., inferior
apenas à taxa da Região Norte. A participação relativa da população
do Centro-Oeste no total da população do Brasil também aumentou
nas últimas décadas, passando de 4,9%, em 1970, para 6,4%, em 1991.
Segundo Martine (1994) pode-se constatar na Região Centro-Oeste
dois padrões diferenciados de crescimento econômico-demográfico,
onde, por um lado, o Estado do Mato Grosso vem se destacando pela
expansão do cultivo da soja e seus efeitos multiplicadores nas áreas
urbanas e, por outro lado, por estados que já não denotam o dinamismo
de áreas de fronteira (Goiás e Mato Grosso do Sul) ou de ‘nova capital’,
como Brasília.
A população urbana do Sudeste, por sua vez, apesar do
decréscimo em seu ritmo de crescimento, chegou a registrar uma taxa
de 2,34% a.a., enquanto que sua população rural continuou registran-
do queda absoluta, de 8,8 milhões, em 1980, para 7,5 milhões, em 1991,
demonstrando que o crescimento da região se estabeleceu em locali-
dades urbanas; 88% da população do Sudeste estavam concentradas
em áreas urbanas, em 1991. Apesar de ter registrado taxa de cresci-
mento inferior a algumas das regiões brasileiras, o Sudeste ainda
concentrava, em 1991, 42,7% da população nacional.
A Região Sul apresentou, no período 1980-1991, a menor
taxa de crescimento populacional (1,38% a.a.), refletindo, em grande
medida, sua taxa negativa de crescimento da população rural (–2,0%
a.a.), devido ao grande êxodo rural do Paraná, que se iniciou nos anos
70 estendendo-se aos 80. O crescimento das áreas urbanas do Sul (com
uma taxa de crescimento da população de 3% a.a. e um grau de
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 741
urbanização de 74%) garantiu o incremento populacional da região,
manifestando os efeitos do desempenho apresentado pela indústria
sulista na última década, em especial a catarinense e, mesmo, para-
naense (Bandeira, 1993).
Os anos 90 iniciaram-se com taxas de crescimento da
população total apresentando um processo de desaceleração em seu
ritmo de crescimento em todas as regiões brasileiras, especialmente a
Região Norte urbana: de 6,6% a.a., nos anos 70, para 3,5% a.a. no
período 1991-96. Na realidade, as Regiões Sudeste e Sul registraram
taxas de crescimento da população urbana abaixo da média nacional
(2,1% a.a.), enquanto que as demais superaram essa média de cresci-
mento urbano.
As taxas de crescimento da população total foram mais
elevadas para as Regiões Norte e Centro-Oeste (em torno de 2% a. a.,
entre 1991-1996), sendo que nas Regiões Nordeste e Sul essas foram
inferiores à taxa média do país (1,4% a.a.) e o Sudeste acompanhou o
ritmo do crescimento nacional. As maiores diferenças nos crescimen-
tos das populações totais ocorreram em função do ritmo de crescimen-
to do rural das distintas regiões. Enquanto a população rural obteve
nas Regiões Sudeste e Sul taxas de crescimento negativas inferiores
às da década de 80, nas demais assistiu-se a intensificação desse
fenômeno, chegando à inversão de tendência no caso da Região Norte,
onde somente nos anos 90 sua população rural registrou crescimento
negativo.
Assim, o Brasil registrou, nos anos 80 e início dos 90,
ritmos diferenciados de crescimento de suas populações regionais,
onde o crescimento das áreas urbanas teve papel fundamental no
processo de urbanização e de redistribuição espacial da população em
nível nacional. Dentre as mais baixas taxas de crescimento populacio-
nal, chama atenção a taxa de crescimento apresentada pela Região
Sudeste nos últimos quinze anos que, comportando três importantes
áreas metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte)
apresentou uma taxa inferior a média nacional. De fato, foram justa-
mente as áreas metropolitanas que apresentaram os resultados mais
surpreendentes já no Censo de 1991, indicando a inflexão do padrão
urbano que tendia a concentração progressiva da população nas gran-
des cidades.
742 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Gilmar
Realce
3.2 Crescimento populacional metropolitano
Apesar das regiões metropolitanas terem se configurado
como receptoras de grandes contingentes populacionais há várias
décadas, no período 1970/80 já se podia evidenciar um arrefecimento
no ritmo de crescimento da população residente nessas áreas: a taxa
média de crescimento populacional metropolitano passou de 4,7% a.a.,
em 1960-70, para 3,8%, em 1970-80. Mesmo assim, o volume migra-
tório que havia se dirigido para essas metrópoles justificava apontar
um padrão crescente de concentração populacional. Nos anos 80, no
entanto, a taxa de crescimento da população metropolitana nacional
apresentou um decréscimo considerável, registrando 1,99% a.a., bai-
xando para 1,5% a.a. entre 1991-96.
Embora o Censo de 91tenha registrado 42 milhões de
pessoas vivendo nas nove áreas metropolitanas, a proporção de popu-
lação residente nessa área manteve-se estável, representando 29% do
total da população brasileira em 1980, 1991 e 1996 (Tabela 4). O
incremento absoluto da população metropolitana nacional reduziu-se,
passando de 10,6 milhões no período de 70-80, para 8,3 milhões entre
1980-91, chegando a 3,4 milhões de 1991 para 1996, o que representou
um decréscimo considerável desse incremento no crescimento absolu-
to da população brasileira. No período 1970-80, o acréscimo popula-
cional das áreas metropolitanas respondeu por 41,3% do incremento
absoluto do País; no período, 1980-91, a participação do crescimento
absoluto das áreas passou a ser de 30,0% do incremento total, man-
tendo este nível no período 1991-1996.
Assim, 70% do incremento populacional se deveu ao cres-
cimento de municípios não-metropolitanos, nos últimos 15 anos de-
monstrando a nova face do processo de redistribuição espacial da
população no Brasil. Mesmo ainda respondendo por importante par-
cela da população brasileira, essas informações referentes ao cresci-
mento metropolitano evidenciam um processo de desconcentração
populacional que parte das principais áreas metropolitanas, em espe-
cial da Região Metropolitana de São Paulo; de fato, o crescimento
populacional desta região havia sido responsável por 17,2% do incre-
mento populacional brasileiro nos anos 70, baixando essa participação
para 10,3%, no período 1980-1991 e por 11,1%, entre 1991-96.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 743
Gilmar
Realce
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Tabela 4
POPULAÇÃO TOTAL E INCREMENTO ABSOLUTO DA POPULAÇÃO 
REGIÕES METROPOLITANAS 
BRASIL – 1970-1991
Regiões 
metropolitanas
População total Incremento absoluto
1970 1980 1991 1996 1970-80 1980-91 1991-96
Belém 655.901 999.165 1.332.840 1.485.569 343.264 333.675 152.729
Fortaleza 1.036.779 1.580.074 2.307.017 2.582.820 543.295 726.943 275.803
Recife 1.791.322 2.347.146 2.858.147 3.087.967 555.824 511.001 229.820
Salvador 1.147.821 1.766.614 2.496.521 2.709.084 618.793 729.907 212.563
Belo Horizonte 1.658.482 2.609.583 3.436.060 3.803.249 951.101 826.477 367.189
Rio de Janeiro 6.891.521 8.772.265 9.814.574 10.192.097 1.880.744 1.042.309 377.523
São Paulo 8.139.730 12.588.725 15.444.941 16.583.234 4.448.995 2.856.216 1.138.293
Curitiba 821.233 1.440.626 2.000.805 2.425.361 619.393 560.179 424.556
Porto Alegre 1.574.239 2.285.140 3.038.792 3.246.869 710.901 753.652 208.077
Total RM 23.717.028 34.389.338 42.729.697 46.116.250 10.672.310 8.340.359 3.386.553
Brasil 93.139.037 119.002.706 146.825.475 157.079.573 25.863.669 27.822.769 10.254.098
Regiões 
metropolitanas
Distribuição relativa 
do incremento absoluto no total do país (%)
Part. populações metropolitanas
nos respectivos estados (%)
1970-80 1980-91 1991-96 1980 1991
Belém 1,33 1,20 1,49 29,36 26,93
Fortaleza 2,10 2,61 2,69 29,88 36,24
Recife 2,15 1,83 2,24 38,20 40,33
Salvador 2,39 2,62 2,07 18,69 21,04
Belo Horizonte 3,68 2,97 3,58 19,51 21,83
Rio de Janeiro 7,27 3,75 3,68 77,69 76,63
São Paulo 17,20 10,27 11,10 50,27 48,89
Curitiba 2,39 2,01 4,14 18,88 23,68
Porto Alegre 2,75 2,71 2,03 29,47 33,25
Total RM 41,26 29,98 33,03 38,46 39,23
Brasil 25.863.669 27.822.769 10.254.098 28,90 28,88
Fontes: FIBGE, Censos Demográficos de 1970 a 1991 e Contagem Populacional de 1996.
744 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Essa desconcentração metropolitana, no entanto, é mais
visível nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde pode-se
observar, inclusive, uma diminuição da participação relativa da popu-
lação das respectivas regiões metropolitanas no total populacional de
cada estado, bem como maiores taxas de crescimento no Interior dos
respectivos estados, nos anos 80. No caso do Estado de São Paulo
observa-se que, em 1980, 50,3% de sua população estava residindo em
municípios metropolitanos, baixando para 48,9%, em 1991; a Grande
Rio respondia por 77,8% da população do estado, passando para 76,6%,
nos anos mencionados. A Região Metropolitana de Belém também
perdeu peso relativo no total do Estado do Pará, passando de 29,4%
para 26,9%, registrando taxa de crescimento superior no interior que
na área metropolitana: 3,8% a.a. contra 2,6% a.a., respectivamente,
no período 1980-1991.
Para todas as regiões metropolitanas, no entanto, as taxas
de crescimento registraram ritmos decrescentes (Tabela 5). As Re-
giões metropolitanas do Nordeste, apesar da diminuição em suas taxas
de crescimento populacional, apresentaram ritmos mais acentuados
em seu crescimento metropolitano que as demais regiões. No caso da
Região Metropolitana de Fortaleza, esta passou de 4,3% a.a., entre
1970-1980, para 3,5% a.a., sendo que na de Salvador, as taxas foram
de 4,4% a.a. e de 3,2% a.a., respectivamente, taxas maiores que as
registradas, nos anos 80, para o interior do Estado do Ceará (0,83%
a.a.) e da Bahia (1,82% a.a.); a Região Metropolitana de Recife,
entretanto, passou de uma taxa de 2,7% a.a., nos 70, para 1,8% a.a.,
no período 1980-1991, mesmo assim demonstrando ritmo de cresci-
mento maior na metrópole que o interior do Estado de Pernambuco,
que registrou uma taxa de 1,04%, no período 1980-1991
As metrópoles do Sudeste, especialmente São Paulo e Rio
de Janeiro foram áreas fortemente concentradoras de população no
contexto estadual, ao longo dos últimos cinqüenta anos, manifestando
com maior intensidade o processo de desconcentração populacional.
De fato, a Região Metropolitana de São Paulo passou de uma taxa de
crescimento populacional de 4,5% a.a., no período 1970-1980, para
1,9% a.a., nos anos 80; além disso, o interior paulista cresceu, no
período 1980-1991, a uma taxa mais elevada que a metropolitana:
2,4% a.a., indicando a consolidação e emergência de novas áreas de
recepção migratória. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro passou
de uma taxa de 2,4% a.a. para 1,0% a.a., nos períodos em estudo, sendo
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 745
Gilmar
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que o interior do Estado do Rio de Janeiro também cresceu a um ritmo
mais elevado, 1,6% a.a. No caso do Estado de Minas Gerais, sua área
metropolitana registrou taxa de crescimento mais elevada (2,5% a.a.)
que as demais metrópoles da Região Sudeste e sua área interiorana
também apresentou uma elevação em sua taxa de crescimento, pas-
sando de 0,92% a.a., no período 1970-1980, para 1,2% a.a., nos anos
80, apontando maior capacidade de retenção de sua população, inclu-
sive com migração de retorno, além de menor emigração.
As Regiões Metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre,
mesmo com diminuição nas suas taxas de crescimento, demonstraram
maior vigor que o interior dos respectivos estados. O Estado do Paraná
cresceu a taxas baixas nas duas últimas décadas (inferior a 1% a.a.)
em função do esgotamento de sua fronteira agrícola a partir do final
dos anos 60, tendo o esvaziamento populacional se refletido fortemen-
te no interior do estado, que nos anos 70 registrou uma taxa de 0,13%
a.a. e nos 80, de 0,37% a.a.; sua região metropolitana, no entanto,
Tabela 5
TAXAS DE CRESCIMENTO POPULACIONAL (% A.A.) 
REGIÕES METROPOLITANAS – NÚCLEO E PERIFERIA, 
ESTADO E INTERIOR – BRASIL – 1970-80 E 1980-91
Regiões 
metropolitanas
Total Núcleo Periferia Estado Interior do Estado
70-80 80-91 91-96 70-80 80-91 91-96 70-80 80-91 91-96 70-80 80-91 91-96 70-80 80-91
Belém 4,30 2,65 2,23 3,95 2,65 –1,67 11,33 2,65 3,11 4,62 3,46 2,17 2,55 3,78
Fortaleza 4,30 3,50 2,32 4,29 2,77 2,17 4,30 6,38 2,77 1,95 1,70 1,35 1,10 0,83
Recife 2,74 1,81 1,14 1,27 0,71 0,75 4,61 2,92 1,44 1,76 1,36 0,75 1,20 1,04
Salvador 4,41 3,19 1,68 4,07 2,97 1,31 6,53 4,31 3,39 2,35 2,09 1,11 1,94 1,82
Belo Horizonte4,64 2,53 2,09 3,73 1,14 0,73 6,95 4,98 3,87 1,54 1,49 1,15 0,92 1,22
Rio de Janeiro 4,46 1,88 1,46 3,67 1,15 0,44 6,34 3,20 3,07 2,30 1,15 1,55 1,82 1,58
São Paulo 2,44 1,03 0,77 1,82 0,66 0,28 3,38 1,47 1,38 3,49 2,13 0,92 2,60 2,39
Curitiba 5,78 3,03 3,40 5,35 2,28 2,37 6,95 6,40 5,03 0,97 0,93 1,28 0,13 0,37
Porto Alegre 3,80 2,63 1,43 2,43 1,06 0,40 5,35 3,12 2,10 1,55 1,48 1,07 0,77 0,97
Total RM 3,79 1,99 1,49 3,15 1,37 0,95 5,11 3,05 – – – – – –
Fontes: FIBGE, Censos Demográficos de 1970 a 1991 e Contagem Populacional de 1996.
746 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
chegou a apresentar uma taxa de 5,8% a.a. e 3,03% a.a., respectiva-
mente. No Estado do Rio Grande do Sul, ocorreu o mesmo, com o
interior crescendo a taxas inferiores a 1% a.a., e a Região Metropoli-
tana de Porto Alegre, com taxas de 3,8% a.a., no período 1970-1980, e
de 2,6% a.a., nos 80.
Ao lado desse intenso fenômeno da metropolização já
vinha se delineando também um marcante processo de “periferização”
da população metropolitana; a maioria das regiões havia apresentado
no período 1970-80 taxas de crescimento mais elevadas em seus
municípios periféricos2. Nos anos 80 evidenciou-se que, a par desse
processo de desconcentração populacional, embora as sedes metropo-
litanas tenham registrado decréscimos em suas taxas de crescimento
populacional, o processo de periferização intensificou-se, no qual a
periferia das áreas metropolitanas continuaram exibindo taxas eleva-
das e superiores às de seu núcleo.
Os primeiros anos da década de 90 consolidaram o processo
de menor ritmo de crescimento metropolitano iniciado no decorrer dos
anos 80, onde os núcleos metropolitanos de Belém, Recife, Belo Hori-
zonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre registraram taxas de
crescimento de suas populações inferiores a 1% a.a. e permanecendo
a tendência de taxas superiores às dos núcleos nos entornos metropo-
litanos. Destacam-se os crescimentos elevados dos municípios perifé-
ricos das Regiões Metropolitanas de Curitiba (5% a.a., entre 1991-96),
Belo Horizonte (4% a.a.), Salvador, São Paulo e Belém (em torno de
3% a.a.), demonstrando o rigor dos processos internos de redistribui-
ção espacial das populações metropolitanas, em especial os desloca-
mentos intrametropolitanos que partem dos núcleos para os entornos
das regiões metropolitanas.
Ressalta-se que apenas nos casos das Regiões Metropolita-
nas de São Paulo e do Rio de Janeiro, as taxas de crescimento médias
estaduais foram ligeiramente superiores às das respectivas metrópo-
les, indicando maior dinamismo populacional em suas áreas inte-
rioranas; nas demais regiões, apesar dos decréscimos verificados nos
ritmos de crescimento de suas metrópoles, suas taxas superaram
aquelas registradas para seus estados.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 747
2 Considera-se como núcleo, a sede regional de determinada área metropolitana ou
região, e como periferia os demais municípios que compõem tais áreas.
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
Assim, a mudança mais expressiva e que marca a inversão
na tendência predominante foi apresentada pelo menor crescimento
populacional da área metropolitana que sempre figurou como carro-chefe
do País – São Paulo. No caso da Grande Rio já se esperava um arrefeci-
mento no seu ritmo de crescimento populacional, em função das tendên-
cias apontadas na década de 70. As demais regiões metropolitanas, à
exceção de Belém, embora tenham registrado queda em seu ritmo de
crescimento populacional, elevaram sua participação no total da popula-
ção de seus respectivos estados. Na verdade, o Estado de São Paulo em
seu conjunto apresentou acentuada diminuição no ritmo de crescimento
populacional, refletindo o novo caráter da migração interna e da redis-
tribuição espacial da população no contexto nacional.
4 MIGRAÇÃO INTERNA NO BRASIL NOS ANOS 80 E 903
Os resultados censitários de 1991 revelaram novas formas
de redistribuição espacial da população e o novo caráter da migração
interna no Brasil, onde as mudanças iniciaram-se, justamente, com
enormes transformações no ritmo de crescimento das áreas metropo-
litanas, em especial na de São Paulo. As mudanças ocorridas, no
decorrer dos anos 80, no processo de redistribuição espacial da popu-
lação e de urbanização se consolidaram nos anos 90, com o progressivo
decréscimo no ritmo de crescimento populacional dos grandes centros
urbanos; a Contagem Populacional de 1996 aponta, por exemplo, uma
taxa de crescimento populacional para o Município de São Paulo de
0,3% a.a., o que reflete uma enorme emigração desta área. O entendi-
mento de tão baixas taxas de crescimento populacional, bem como das
novas formas de redistribuição espacial da população e de urbanização
no Brasil passa, necessariamente, pela atual configuração do fenôme-
no migratório. Com os resultados censitários de 1991 pode-se traçar
um retrato das correntes migratórias no país, no período 1981-1991,
bem como com os dados da PNAD 95, para o período 1990-1995 e da
Contagem Populacional de 1996, indicando a enorme mobilidade
espacial da população brasileira nos últimos quinze anos.
748 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
3 A análise referente aos movimentos migratórios nos anos 80 está baseado no
relatório síntese do Projeto “Tendências da Urbanização e do Crescimento
Populacional Brasileiro: população em idade escolar, 1991-2000”. NESUR/IE-
UNICAMP, FECAMP/FNDE, 1997.
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
4.1 Dinâmica migratória no contexto interestadual
Apenas com a análise das taxas de crescimento da população
das grandes regiões e seus respectivos estados, nos anos 80, já se podia
visualizar importantes mudanças no comportamento da migração nacio-
nal, muito embora não se tivesse a clareza dos processos em curso. A
disponibilidade das informações do boletim da amostra permitiu carac-
terizar os principais fluxos migratórios no Brasil, aprofundando algumas
questões. De acordo com o Censo Demográfico de 1991, cerca de 26
milhões de brasileiros declararam ter mudado, pelo menos uma vez, de
município no período 1980-1991; nos anos 70 foram 24 milhões.
Considerando o total de migrantes4 provenientes de deslo-
camentos populacionais entre os estados brasileiros, no período 1981-
1991, este chegou a um volume de 10.614.218 pessoas (Tabelas 6 e 7).
Do total da imigração nacional, destaca-se o Estado de São Paulo, que
foi destino migratório para 25% dessa população migrante (2.679.160);
seguem-se, com volumes bem menores, os Estados de Minas Gerais
(com 797.882 migrantes interestaduais), do Paraná (588.088), Rio de
Janeiro (576.400), Mato Grosso (541.747), Goiás (518.145) e Pará
(508.408 pessoas com menos de dez anos de residência). No Mapa 1
pode-se verificar a distribuição dos volumes de imigração para cada
Unidade da Federação do Brasil.
Torna-se importante ressaltar que antes da possibilidade
de trabalhar com essas informações censitárias, levantou-se a hipótese
de que poderia ter havido uma interrupção dos fluxos migratórios para
o Estado de São Paulo, durante os anos 80, em função do acentuado
decréscimo em seu ritmo de crescimento populacional, particularmen-
te de sua Região Metropolitana, dada a crise econômica dos 80 ter
afetado mais diretamente esta área; de um saldo migratório de mais
de 2 milhões de pessoas, na década de 70, passou para cerca de 500 mil
no decênio seguinte. No entanto, o volume de migrantes nordestinos
com destino à Região Metropolitana de São Paulo, no período 1980-
1991, continuou nos mesmos patamares da década anterior (mais de
um milhão de pessoas), tendo sim diminuído a entrada de paranaenses
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 749
4 Para poder captar o fenômeno migratório em sua totalidade, utiliza-se uma definição
mais abrangente de migrante, considerando a pessoa que reside hámenos de 10 anos
na Unidade de Federação de residência atual, incluindo, portanto, tanto as pessoas
não-naturais da UF de destino quanto aquela que nasceu na UF de residência atual,
mas mudou de UF e retornou nos últimos 10 anos.
Gilmar
Realce
e mineiros que registravam menores volumes migratórios. Assim, a
outra face revelada pelo fenômeno migratório no Estado de São Paulo
está associada a um enorme fluxo de emigrantes: 1.494.935 pessoas
deixaram o Estado, durante a década de 80, em direção a outras áreas,
correspondendo ao maior volume de emigrantes no País e responden-
do por 14% da emigração nacional; desse total de emigrantes, 669.781
eram migrantes que retornaram aos seus estados de origem, em
especial para os estados do Nordeste. Nos mesmos patamares de
emigrantes encontraram-se os Estado do Paraná (1.081.534 pessoas),
de Minas Gerais (1.016.118) e da Bahia (876.902).
O resultado das trocas migratórias (imigração menos emi-
gração) entre os estados aponta para a inserção de novos estados na
rota da migração interna no País, inclusive com o aumento no número
de estados receptores de população. No caso dos estados da Região
Norte, somente o Acre não obteve troca migratória positiva, destacan-
do-se Rondônia e Pará, como centros receptores da migração nessa
Região, com um volume de imigrantes bem maior que o de emigrantes.
Do total dos migrantes interestaduais da Região Norte – cerca de 1,3
milhão de pessoas – 22% tinham feito seu último deslocamento a partir
de um estado da própria Região, destacando-se a importância desses
deslocamentos internos para os Estados do Acre, Amazonas e Amapá,
sendo que o restante (mais de um milhão de pessoas) tinham como
local de procedência estados localizados em outras regiões brasileiras,
particularmente para os Estados de Tocantins, Roraima e Rondônia.
Apesar dos migrantes serem mais numerosos no Pará, foram nos
Estados de Roraima e Rondônia onde a participação da migração no
total populacional apresentou-se mais significativa (30% e 37%, res-
pectivamente). Ressalte-se que, mesmo tendo havido um aumento no
volume de migrantes na Região Norte, da década de 70 para a de 80,
a participação desses no total populacional praticamente não se alte-
rou entre as duas décadas, tendo se situado em torno de 14%. Os
estados da Região Nordeste figuraram como principal origem dos
fluxos em direção ao Norte, representando 48% da migração interes-
tadual da área. No caso de Rondônia ainda predominaram, nos anos
80, os fluxos migratórios oriundos do Sul e Sudeste como prossegui-
mento de tendência da década anterior, muito embora tenha havido
um arrefecimento da importância relativa da migração dessas regiões
para o estado, indicando o esgotamento da enorme evasão rural do
Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul para a Região Centro-Oeste,
com prolongamento até Rondônia.
750 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Tabela 6
MOVIMENTO MIGRATÓRIO INTERESTADUAL(*) 
BRASIL – 1981-1991
Unidades 
da Federação Imigrantes
Distribuição
relativa Emigrantes
Distribuição
relativa Trocas
Rondônia 411.803 3,88 157.958 1,49 253.845
Acre 29.247 0,28 30.550 0,29 –1.303
Amazonas 113.396 1,07 96.785 0,91 16.611
Roraima 62.581 0,59 13.522 0,13 49.059
Pará 508.408 4,79 340.291 3,21 168.117
Amapá 43.153 0,41 14.005 0,13 29.148
Tocantins 159.016 1,50 144.703 1,36 14.313
Maranhão 236.893 2,23 498.084 4,69 –261.191
Piauí 161.234 1,52 287.565 2,71 –126.331
Ceará 292.912 2,76 519.711 4,90 –226.799
Rio Grande do Norte 159.249 1,50 165.444 1,56 –6.195
Paraíba 208.519 1,96 356.295 3,36 –147.776
Pernambuco 370.584 3,49 657.833 6,20 –287.249
Alagoas 133.852 1,26 212.366 2,00 –78.514
Sergipe 122.043 1,15 94.041 0,89 28.002
Bahia 455.167 4,29 876.902 8,26 –421.735
Minas Gerais 797.882 7,52 1.016.118 9,57 –218.236
Espírito Santo 269.064 2,53 197.132 1,86 71.932
Rio de Janeiro 576.400 5,43 623.738 5,88 –47.338
São Paulo 2.679.160 25,24 1.494.935 14,08 1.184.225
Paraná 588.088 5,54 1.081.534 10,19 –493.446
Santa Catarina 329.915 3,11 271.445 2,56 58.470
Rio Grande do Sul 233.958 2,20 296.123 2,79 –62.165
Mato Grosso do Sul 262.614 2,47 237.424 2,24 25.190
Mato Grosso 541.747 5,10 244.439 2,30 297.308
Goiás 518.145 4,88 345.174 3,25 172.971
Distrito Federal 349.188 3,29 340.101 3,20 9.087
Subtotal 10.614.218 100,00 10.614.218 100,00 –
Brasil s/especificação 25.619 25.619
Total 10.639.837 10.639.837
Fontes: FIBGE, Censo Demográfico de 1991; Tabulações Especiais, UNICAMP 1996.
Nota: (*) Pessoas com menos de 10 anos de residência na Unidades da Federação atual.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 751
Tabela 7
PRINCIPAIS FLUXOS IMIGRATÓRIOS
E EMIGRATÓRIOS INTERESTADUAIS(*) 
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – BRASIL, 1981-1991
(Continua)
Unidades 
da Federação Origem Imigração % Destino Emigração %
Rondônia
Paraná 104.083 25,27 Mato Grosso 30.509 19,31
Minas Gerais 39.300 9,54 Paraná 27.492 17,40
Mato Grosso 39.531 9,60 São Paulo 18.954 12,00
Outras UFs 228.889 55,58 Outras UFs 81.003 51,28
Total 411.803 100,00 Total 157.958 100,00
Acre
Amazonas 7.795 26,65 Rondônia 12.771 41,80
Rondônia 6.798 23,24 Amazonas 6.686 21,89
Paraná 2.100 7,18 São Paulo 1.856 6,08
Outras UFs 12.554 42,92 Outras UFs 9.237 30,24
Total 29.247 100,00 Total 30.550 100,00
Amazonas
Pará 43.930 38,74 Rondônia 19.632 20,28
Ceará 12.773 11,26 Pará 16.177 16,71
Maranhão 8.776 7,74 Rio de Janeiro 6.934 7,16
Outras UFs 47.917 42,26 Outras UFs 54.042 55,84
Total 113.396 100,00 Total 96.785 100,00
Roraima
Maranhão 21.807 34,85 Amazonas 1.652 12,22
Pará 10.068 16,09 Rondônia 1.615 11,94
Amazonas 6.895 11,02 Pará 1.551 11,47
Outras UFs 23.811 38,05 Outras UFs 8.704 64,37
Total 62.581 100,00 Total 13.522 100,00
Pará
Maranhão 197.109 38,77 Maranhão 56.170 16,51
Tocantins 61.101 12,02 Amazonas 43.930 12,91
Ceará 35.506 6,98 Amapá 32.628 9,59
Outras UFs 214.692 42,23 Outras UFs 207.563 61,00
Total 508.408 100,00 Total 340.291 100,00
Amapá
Pará 32.628 75,61 Pará 8.217 58,67
Maranhão 3.317 7,69 Ceará 1.193 8,52
Ceará 1.161 2,69 Maranhão 899 6,42
Outras UFs 6.047 14,01 Outras UFs 3.696 26,39
Total 43.153 100,00 Total 14.005 100,00
Tocantins
Maranhão 39.461 24,82 Pará 61.101 42,23
Pará 26.507 16,67 Goiás 36.804 25,43
Goiás 39.374 24,76 Maranhão 15.914 11,00
Outras UFs 53.674 33,75 Outras UFs 30.884 21,34
Total 159.016 100,00 Total 144.701 100,00
Fontes: FIBGE, Censo Demográfico de 1991; Tabulações especiais, UNICAMP 1996.
Nota: (*) exclui Brasil sem especificação, País Estrangeiro ou Mal efinido e Ignorado.
752 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Tabela 7
PRINCIPAIS FLUXOS IMIGRATÓRIOS
E EMIGRATÓRIOS INTERESTADUAIS(*) 
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – BRASIL, 1981-1991
(Continua)
Unidades 
da Federação Origem Imigração % Destino Emigração %
Maranhão
Piauí 60.478 25,53 Pará 197.109 39,57
Pará 56.170 23,71 Piauí 58.463 11,74
Ceará 24.028 10,14 Tocantins 39.461 7,92
Outras UFs 96.217 40,62 Outras UFs 203.051 40,77
Total 236.893 100,00 Total 498.084 100,00
Piauí
Maranhão 58.463 25,53 São Paulo 197.109 27,76
São Paulo 26.004 23,71 Maranhão 58.463 21,03
Ceará 25.225 10,14 DistritoFederal 39.461 13,24
Outras UFs 51.542 40,62 Outras UFs 203.051 37,97
Total 161.234 100,00 Total 498.084 100,00
Ceará
São Paulo 74.877 25,56 São Paulo 188.677 36,30
Rio de Janeiro 33.719 11,51 Rio de Janeiro 53.708 10,33
Pernambuco 23.226 7,93 Pará 35.506 6,83
Outras UFs 161.090 55,00 Outras UFs 241.820 46,53
Total 292.912 100,00 Total 519.711 100,00
Rio Grande 
do Norte
Paraíba 38.950 24,43 São Paulo 46.311 27,99
São Paulo 27.815 17,47 Paraíba 25.405 15,36
Rio de Janeiro 21.401 13,44 Rio de Janeiro 19.954 12,06
Outras UFs 71.128 44,66 Outras UFs 73.774 44,59
Total 159.294 100,00 Total 165.444 100,00
Paraíba
Pernambuco 48.918 23,46São Paulo 111.249 31,22
São Paulo 45.014 21,59 Rio de Janeiro 63.695 17,88
Rio de Janeiro 41.020 19,67 Pernambuco 51.077 14,34
Outras UFs 73.567 35,28 Outras UFs 130.274 36,56
Total 208.519 100,00 Total 356.295 100,00
Pernambuco
São Paulo 121.071 32,67 São Paulo 322.687 49,05
Paraíba 51.077 13,78 Bahia 61.704 9,38
Bahia 41.177 11,11 Alagoas 54.043 8,22
Outras UFs 157.259 42,44 Outras UFs 219.399 33,35
Total 370.584 100,00 Total 657.833 100,00
Alagoas
Pernambuco 54.043 40,38 São Paulo 92.946 43,77
São Paulo 30.358 22,68 Pernambuco 38.682 18,21
Bahia 12.919 9,65 Sergipe 24.916 11,73
Outras UFs 36.532 27,29 Outras UFs 55.822 26,29
Total 133.852 100,00 Total 212.366 100,00
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 753
Tabela 7
PRINCIPAIS FLUXOS IMIGRATÓRIOS
E EMIGRATÓRIOS INTERESTADUAIS(*) 
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – BRASIL, 1981-1991
(Continua)
Unidades 
da Federação Origem Imigração % Destino Emigração %
Sergipe
Bahia 39.596 32,44 São Paulo 32.536 34,60
Alagoas 24.916 20,42 Bahia 27.357 29,09
São Paulo 23.464 19,23 Alagoas 9.640 10,25
Outras UFs 34.067 27,91 Outras UFs 24.508 26,06
Total 122.043 100,00 Total 94.041 100,00
Bahia
São Paulo 147.587 32,42 São Paulo 437.132 49,85
Pernambuco 61.704 13,56 Minas Gerais 53.326 6,08
Minas Gerais 45.067 9,90 Goiás 50.991 5,81
Outras UFs 200.809 44,12 Outras UFs 335.453 38,25
Total 455.167 100,00 Total 876.902 100,00
Minas Gerais
São Paulo 326.580 40,93 São Paulo 475.268 46,77
Rio de Janeiro 124.710 15,63 Rio de Janeiro 107.871 10,62
Goiás 65.792 8,25 Espírito Santo 105.953 10,43
Outras UFs 280.800 35,19 Outras UFs 327.026 32,18
Total 797.882 100,00 Total 1.016.118 100,00
Espírito Santo
Minas Gerais 105.953 39,38 Minas Gerais 58.959 29,91
Rio de Janeiro 60.745 22,58 Rondônia 38.736 19,65
Bahia 45.043 16,74 Rio de Janeiro 35.742 18,13
Outras UFs 57.323 21,30 Outras UFs 63.695 32,31
Total 269.064 100,00 Total 197.132 100,00
Rio de Janeiro
Minas Gerais 107.871 18,71 São Paulo 128.979 20,68
São Paulo 77.086 13,37 Minas Gerais 124.710 19,99
Paraíba 63.695 11,05 Ceará 33.719 5,41
Outras UFs 327.748 56,86 Outras UFs 336.330 53,92
Total 576.400 100,00 Total 623.738 100,00
São Paulo
Minas Gerais 475.268 17,74 Minas Gerais 326.580 21,85
Bahia 437.132 16,32 Paraná 222.365 14,87
Paraná 446.281 16,66 Bahia 147.587 9,87
Outras UFs 1.320.479 49,29 Outras UFs 798.403 53,41
Total 2.679.160 100,00 Total 1.494.935 100,00
Paraná
São Paulo 222.365 37,81 São Paulo 440.281 40,71
Santa Catarina 104.421 17,76 Mato Grosso 164.597 15,22
Rio Grande do Sul 59.191 10,06 Santa Catarina 153.243 14,17
Outras UFs 202.111 34,37 Outras UFs 323.413 29,90
Total 588.088 100,00 Total 1.081.534 100,00
754 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Tabela 7
PRINCIPAIS FLUXOS IMIGRATÓRIOS
E EMIGRATÓRIOS INTERESTADUAIS(*)
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – BRASIL, 1981-1991
(Conclusão)
Unidades 
da Federação Origem Imigração % Destino Emigração %
Santa Catarina
Paraná 153.243 46,45 Paraná 104.421 38,47
Rio Grande do Sul 97.237 29,47 Rio Grande Sul 83.003 30,58
São Paulo 37.689 11,42 Mato Grosso 25.880 9,53
Outras UFs 41.746 12,65 Outras UFs 58.141 21,42
Total 329.915 100,00 Total 271.445 100,00
Rio Grande 
do Sul
Santa Catarina 83.003 35,48 São Paulo 97.237 32,84
Paraná 54.618 23,35 Minas Gerais 59.191 19,99
São Paulo 27.185 11,62 Goiás 29.412 9,93
Outras UFs 69.152 29,56 Outras UFs 110.283 37,24
Total 233.958 100,00 Total 296.123 100,00
Mato Grosso 
do Sul
São Paulo 93.829 35,73 São Paulo 70.250 29,59
Paraná 64.602 24,60 Paraná 33.752 14,22
Mato Grosso 24.828 9,45 Mato Grosso 68.320 28,78
Outras UFs 79.355 30,22 Outras UFs 65.102 27,42
Total 262.614 100,00 Total 237.424 100,00
Mato Grosso
Paraná 164.597 30,38 Paraná 52.559 21,50
Mato Grosso do Sul 68.320 12,61 São Paulo 37.689 15,42
Goiás 51.121 9,44 Rondônia 39.531 16,17
Outras UFs 257.709 47,57 Outras UFs 114.660 46,91
Total 541.747 100,00 Total 244.439 100,00
Goiás
Minas Gerais 73.581 14,20 Minas Gerais 65.792 19,06
Bahia 50.991 9,84 Distrito Federal 53.434 15,48
Distrito Federal 153.642 29,65 Mato Grosso 51.121 14,81
Outras UFs 239.931 46,31 Outras UFs 174.827 50,65
Total 518.145 100,00 Total 345.174 100,00
Distrito 
Federal
Minas Gerais 49.048 14,05 Goiás 153.642 45,18
Goiás 53.434 15,30 Minas Gerais 34.663 10,19
Piauí 38.082 10,91 Rio de Janeiro 22.498 6,62
Outras UFs 208.624 59,75 Outras UFs 129.298 38,02
Total 349.188 100,00 Total 340.101 100,00
Brasil
São Paulo 2.679.160 25,24 São Paulo 1.494.935 14,08
Paraná 588.088 5,54 Paraná 1.081.534 10,19
Mato Grosso 541.747 5,10 Minas Gerais 1.016.118 9,57
Goiás 518.145 4,88 Bahia 876.902 8,26
Pará 508.408 4,79 Pernambuco 657.833 6,20
Rio de Janeiro 623.738 5,88
Outras UFs 5.778.670 54,44 Outras UFs 4.863.158 45,82
Total 10.614.218 100,00 Total 10.614.218 100,00
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 755
Para a Região Nordeste, as trocas migratórias de seus
respectivos estados, apontam apenas uma certa recuperação migrató-
ria para o Estado de Sergipe, que chegou a apresentar uma troca
líquida positiva de 28 mil migrantes, enquanto que os demais estados,
ainda que em volumes menores em relação às décadas anteriores,
continuaram a se caracterizar por uma forte emigração. Apesar disso,
a Região Nordeste recebeu expressivo volume migratório de retorno,
destacando-se os estados compostos por áreas metropolitanas (Ceará,
Pernambuco e Bahia), nos quais mais da metade de seus migrantes
eram de retorno.
Para os estados do Sudeste, é interessante notar que a
saída de pessoas do Rio de Janeiro superou o volume de entradas,
colocando-o entre as áreas de “perda” de população ao nível nacional.
O Rio de Janeiro, pela primeira vez ao longo dos últimos quarenta
anos, apresentou na década de 80 saldo migratório negativo, sendo
que 30,4% dos emigrantes deste estado se dirigiu à Região Nordeste.
Minas Gerais, caracterizada há várias décadas como área
de emigração, passou a ser o segundo destino migratório no País,
mesmo ainda apresentando saldos negativos em suas trocas migrató-
rias. A procedência dos migrantes para Minas era majoritariamente
paulista (40% de seus imigrantes), sendo significativo o volume de
retorno. De fato, a migração de retorno para este estado foi bastante
expressiva, na última década, correspondendo a 47,6% do total dos
migrantes que para lá se dirigiram.
O Estado do Espírito Santo obteve saldo positivo em suas
trocas líquidas, invertendo sua condição de estado expulsor de popu-
lação em âmbito nacional. Os fluxos migratórios mais importantes
para o Estado tiveram origem em Minas Gerais e Rio de Janeiro,
demonstrando a importância dos estados vizinhos nos processos mi-
gratórios capixabas.
Assim, considerando a trajetória histórica dos estados do
Sudeste, as migrações da última década apontam para a contínua
diminuição do ritmo de expulsão em Minas Gerais, para a reversão do
comportamento migratório do Espírito Santo, sendo que para o Rio
de Janeiro assiste-se a um processo de desaceleração migratória. No
caso de São Paulo, mesmo com o enorme volume de emigrantes, este
registrou troca migratória positiva de mais de um milhão de pessoas,
indicando, por um lado, seu importante papel na redistribuição espa-
756 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
cial da população no Brasil e, por outro lado, tendência a recepção e
absorção de menores volumes migratórios, inclusive com menor tempo
de permanência na área metropolitana, se comparado à décadas ante-
riores.
Quanto à Região Sul, os anos 80 ainda testemunharam a
continuidade do processo de evasão populacional, embora em menores
volumes. Pela segunda década consecutiva, esta região, em particular
o Estado do Paraná, apresentou a menor taxa de incremento demo-
gráfico, reafirmando seu caráter expulsor de população. Apesar da
capacidadedemonstrada pelos centros urbanos da região em reter
parcelas significativas do êxodo rural e das perdas sofridas pelas
pequenas cidades, permaneceu a tendência a saldos migratórios nega-
tivos, sendo o caso do Estado do Paraná o mais expressivo, com um
saldo negativo em suas correntes migratórias de quase 500 mil pes-
soas. O Estado do Rio Grande do Sul vem se configurando como uma
área de recuperação demográfica, com o aumento em seu volume de
imigrantes, embora ainda registre significativa emigração. O destaque
da Região Sul coube à Santa Catarina, que chegou a receber um fluxo
imigratório de 329.915 pessoas, respondendo por 3,11% da imigração
nacional, e apresentando um volume de emigrantes que não superou
sua imigração (271.445 pessoas); parcela importante dessa imigração
teve origem nos próprios estados sulinos.
Os estados da Região Centro-Oeste, em seu conjunto,
caracterizaram-se por absorver significativa parcela da migração na-
cional, apresentando em suas trocas migratórias saldos positivos,
especialmente Mato Grosso e Goiás. De fato, essas áreas vêm se
constituindo em importantes eixos de desconcentração espacial da
população no País, juntamente com os Estados de Rondônia e Pará.
Enquanto os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresen-
taram significativa migração das Regiões Sudeste e Sul, o Distrito
Federal registrou uma maior participação de migrantes nordestinos,
sendo que para Goiás predominaram os fluxos provenientes da própria
Região Centro-Oeste, em especial do Distrito Federal. Os fluxos de
retorno para a região foram pouco significativos, em termos quantita-
tivos, destacando-se aqueles com origem na Região Norte em direção
a Mato Grosso do Sul e para Goiás.
O mapa das migrações internas no Brasil, nos anos 80,
permite identificar que, para determinadas áreas, a migração oriunda
de estados vizinhos respondeu, em grande parte, pela dinâmica do
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 757
fenômeno; ao passo que as migrações de longa distância ainda perma-
necem mais concentradas no eixo Sudeste-Nordeste. Os maiores flu-
xos migratórios no País foram estabelecidos com o Estado de São
Paulo; a entrada de mineiros neste estado chegou a 475.268 pessoas,
superando a de baianos (437.132) e de paranaenses (446.281). Ao
mesmo tempo, o Estado de São Paulo manteve com esses mesmos
estados um enorme volume de emigrantes, os quais, em sua grande
maioria, de retorno, como já destacado.
Os anos 80 foram marcados pela significativa emigração
do Estado de São Paulo, em especial de sua área metropolitana. De
fato, do total dessa emigração (cerca de 1,5 milhão de pessoas) 65,1%
partiu da Região Metropolitana de São Paulo, dos quais 47% saíram
da metrópole em direção às áreas interioranas do país (700 mil
pessoas) e 18,1% da Região Metropolitana de São Paulo para outras
regiões metropolitanas ou capitais (270 mil migrantes); apenas 34,9%
dessa emigração teve como origem o interior de São Paulo, sendo que,
desse volume, em torno de 400 mil pessoas tiveram como destino o
interior de outros estados (27% do total da emigração) e 8,1% saíram
do interior paulista para outras regiões metropolitanas ou capitais do
país.
Os fluxos migratórios que partiram da Região Metropoli-
tana de São Paulo (973 mil pessoas) tiveram no interior do Nordeste
a maior proporção de seu destino; do total dos migrantes que saíram
da metrópole paulista em direção aos estados do Nordeste (442 mil
pessoas), mais de 70% foram para o interior desses estados.
A migração com destino à Minas Gerais teve também
expressiva participação da Região Metropolitana de São Paulo (quase
60% do total que se destinou à este Estado), sendo predominantemen-
te o destino em direção ao interior mineiro.
De fato, o Estado de São Paulo e, principalmente, sua área
metropolitana tem como característica a própria imigração com ori-
gem no interior dos estados (Tabela 8), diferentemente da maioria das
metrópoles do país. 
Para as metrópoles do Norte e Nordeste a imigração inter-
estadual tem como origem outras regiões metropolitanas ou capitais,
ao passo que para as do Sul e Sudeste aumenta a importância da
imigração vinda de áreas interioranas.
758 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Gilmar
Realce
Gilmar
Realce
A emigração das regiões metropolitanas com destino a
outros estados, por sua vez, chega a ter para as metrópoles do Nordes-
te, quase 70% em direção a outras regiões metropolitanas ou capitais,
sendo que para as do Sul e Sudeste predomina aquela em direção ao
interior dos estados.
Já no caso da emigração do Estado de São Paulo em direção
ao Paraná, por exemplo, nota-se importante participação do interior
de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo para o interior
paranaense.
A primeira metade dos anos 90 reafirma as tendências
migratórias apresentadas nos anos 80, onde cerca de 5 milhões de
brasileiros realizaram deslocamentos populacionais interestaduais;
esse volume referente aos cinco primeiros anos da década aproxima-se
bastante do volume migratório nacional observado para a primeira
metade da década passada. Nos movimentos migratórios dessa primei-
ra metade dos 90 assistiu-se a continuidade da predominância de São
Paulo tanto como área de recepção migratória quanto de evasão de
migrantes dentre as UFs (Tabela 9).
Tabela 8
PROPORÇÃO DA IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO 
SEGUNDO REGIÕES METROPOLITANAS E INTERIOR 
(PESSOAS COM MENOS DE 10 ANOS NA UF DE RESIDÊNCIA ATUAL) 
REGIÕES METROPOLITANAS – 1991
Regiões 
metropolitanas
Imigração Emigração
De capitais/RMs Do interior Para capitais/RMs Para interior
Belém 59,61 40,39 69,02 30,98
Fortaleza 65,78 34,22 69,37 30,63
Recife 67,11 32,89 73,63 26,37
Salvador 66,44 33,56 66,51 33,49
Belo Horizonte 56,91 43,09 50,25 49,75
Rio de Janeiro 41,62 58,38 45,95 54,05
São Paulo 20,47 79,53 27,77 72,23
Curitiba 38,18 61,82 32,62 67,37
Porto Alegre 40,05 59,95 46,72 53,28
Fontes: FIBGE, Censo Demográfico de 1991; Tabulações Especiais NEPO/UNICAMP, 1997.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 759
Gilmar
Realce
Tabela 9
MOVIMENTO MIGRATÓRIO INTERESTADUAL(*) 
BRASIL – 1990-1995
Unidades 
da Federação Imigrantes % Emigrantes %
Participação relativa 
da migração de retorno
Imigração Emigração
Rondônia 71.094 1,41 81.290 1,61 2,66 23,92
Acre 19.084 0,38 11.503 0,23 10,17 10,53
Amazonas 66.645 1,32 53.941 1,07 5,70 17,34
Roraima 20.285 0,40 7.339 0,15 0,00 43,90
Pará 124.016 2,46 239.567 4,75 9,15 19,40
Amapá 22.878 0,45 9.983 0,20 1,45 43,08
Tocantins 138.430 2,75 64.356 1,28 9,96 34,80
Maranhão 124.469 2,47 211.605 4,20 32,47 8,59
Piauí 74.500 1,48 130.470 2,59 25,87 9,13
Ceará 151.006 3,00 182.552 3,62 41,43 3,96
Rio Grande do Norte 87.168 1,73 54.939 1,09 28,33 13,05
Paraíba 113.926 2,26 138.337 2,74 40,87 4,80
Pernambuco 154.385 3,06 302.316 6,00 36,52 8,46
Alagoas 55.122 1,09 98.714 1,96 29,16 8,44
Sergipe 51.655 1,02 49.595 0,98 23,17 11,93
Bahia 189.167 3,75 431.006 8,55 29,13 10,56
Minas Gerais 412.474 8,18 444.858 8,83 33,77 16,23
Espírito Santo 169.728 3,37 96.301 1,91 21,90 27,19
Rio de Janeiro 199.580 3,96 311.951 6,20 5,89 27,09
São Paulo 1.174.196 23,30 716.369 14,21 11,46 36,04
Paraná 392.153 7,78 434.900 8,63 37,50 15,01
Santa Catarina 231.543 4,59 145.363 2,88 12,35 28,91
Rio Grande do Sul 143.426 2,85 125.829 2,50 44,17 9,30
Mato Grosso do Sul 138.517 2,75 118.548 2,35 9,30 36,81
Mato Grosso 210.366 4,17 121.577 2,41 3,78 30,60
Goiás 289.152 5,74 177.488 3,52 18,35 17,50
Distrito Federal 214.956 4,27 173.358 3,45 34,28 22,40
Sem especificação – – 105.866 2,10 – 45,75
Brasil 5.039.921 100,00 5.039.921 100,00 19,88 19,88
Fonte: FIBGE, PNAD 1995.
(*) População residente há menos de 10 anos na Unidade da Federação de residência atual.
760 XI Encontro Nacionalde Estudos Populacionais da ABEP
Os resultados da PNAD 95, para o período 1991-1995,
indicam um pequeno decréscimo da concentração dos imigrantes em
São Paulo, que respondeu por 25% dos imigrantes do país no período
1980-1991, baixando para 23%, no primeiro qüinqüênio desta década,
mantendo, ao mesmo tempo, a primazia emigratória; os emigrantes
de São Paulo corresponderam a 14% do total nacional, como nos anos
80.
Destaca-se que nos anos 90, o Estado de Rondônia regis-
trou um decréscimo em sua participação relativa da imigração do
Brasil (de 4%, em 1980-1991, para 1,4%, em 1991-1995), bem como o
Estado do Mato Grosso (de 5% para 4%, respectivamente) e Pará (de
5% para 2,5%, nos períodos mencionados), indicando realmente o
esgotamento dessas áreas de fronteira na absorção da população
migrante do país. Já os Estados de Minas Gerais, Paraná, Santa
Catarina e Goiás passaram a responder por maiores participações da
imigração do país, nos anos 90.
Os estados do Nordeste seguiram registrando importantes
participações na emigração nacional, respondendo por 31,7% deste
movimento. Minas Gerais e Paraná passaram, nos anos 90, a fornecer
menores volumes de emigrantes, tendendo a consolidar seu movimen-
to migratório de retorno, uma vez que, para esses estados, mais de
30% de suas imigrações correspondiam a movimentos de retorno.
Aliás, os primeiros anos da década atual reforçaram os movimentos
de retorno; 36% da emigração com origem em São Paulo era consti-
tuída por migrantes de retorno.
Considerando a migração nos últimos cinco anos da década
de 80 (86-91) e nos cinco primeiros dos anos 90 (91-96) pode-se
verificar que no período 1986-91 cerca de 3,2 milhões de brasileiros
mudaram de uma para outra UF, baixando esse volume para 2,7
milhões no período 1991-96 (Tabela 10).
Em todas as regiões pode-se verificar também menor vo-
lume de emigrantes interestaduais, indicando a possibilidade de maior
retenção populacional, especialmente no caso da Região Sul (que de
uma emigração de mais de 470 mil pessoas, no período 86-91, passou
para 285 mil, entre 91-96). Mesmo no caso do Nordeste observa-se
uma ligeira diminuição de sua emigração em direção à outras UFs (de
1,3 milhões para 1,2 milhões de migrantes).
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 761
A migração entre os estados das distintas regiões aponta
diminuição (de 1,7 milhões de pessoas para 1,4 milhões), podendo estar
indicando até maior tendência aos deslocamentos intra-estaduais,
porém reforça a importância deste tipo de movimento migratório nas
Regiões Sul e Centro-Oeste, onde as dinâmicas intra-regionais vêm
marcando expressivas trocas populacionais entre os Estados do Para-
ná e Rio Grande do Sul com Santa Catarina, no primeiro caso, e entre
Goiânia e Distrito Federal, no Centro-Oeste.
Desse modo, os movimentos migratórios interestaduais no
País, nos anos 80 e início dos 90, apontaram alterações importantes,
embora não tenha havido mudanças na direção dos principais fluxos
migratórios; características marcantes dos anos 80 e 90 foram a forte
emigração de retorno com origem em São Paulo para os estados do
Nordeste, bem como a importância de movimentos migratórios mais
circunscritos às suas dinâmicas regionais, como são os casos de Santa
Catarina, Espírito Santo, Roraima e Goiás, contribuindo para o au-
mento do número de estados receptores de população no país.
Tabela 10
IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO 
NO PERÍODO 1986-91 E 1991-96 
GRANDES REGIÕES – BRASIL
Grandes 
regiões
Migração inter-regional Migração 
intra-regional
Imigração Emigração
1986-91 1991-96 1986-91 1991-96 1986-91 1991-96
Norte 408.696 310.370 277.478 249.526 144.447 133.865
Nordeste 477.915 384.291 1.354.449 1.237.023 459.777 319.643
Sudeste 1.426.934 1.219.899 786.796 622.009 726.557 552.341
Sul 285.264 254.718 470.655 285.228 268.410 223.610
Centro-Oeste 627.286 505.884 336.717 281.376 186.955 187.408
Brasil 3.226.095 2.675.162 3.226.095 2.675.162 1.786.326 1.416.867
Fontes: FIBGE, Contagem Populacional de 1996.
762 XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Gilmar
Realce
4.2 Movimentos migratórios segundo situação domiciliar5
Do total dos brasileiros que declararam ter mudado de
município de residência, pelo menos uma vez, durante os anos 80
(26.854.055 pessoas), 60,7% o fizeram partindo de uma área urbana
para outra área urbana (Tabela 11), indicando as características
recentes nos processos migratórios regionais, com o crescente processo
de urbanização. Para a Região Sudeste, os movimentos urbano-urbano
foram os mais expressivos, chegando a representar 79% da migração
no Rio de Janeiro e 70% em São Paulo.
Apesar da predominância desse tipo de fluxo migratório,
nas Regiões Norte e Nordeste, os deslocamentos intermunicipais do
tipo rural-urbano e rural-rural registraram significativas proporções.
Nos casos de Rondônia, Pará, Maranhão a Alagoas, os movimentos
rurais-rurais chegaram a representar mais de 20% do total dos respec-
tivos movimentos migratórios, refletindo as especifidades rurais des-
tes estados; os Estados do Paraná e Mato Grosso também registraram
participação do movimento rural-rural acima de 15%.
O êxodo rural correspondeu a quase cinco milhões de pes-
soas, no período 1980-1991, respondendo por 18% dos movimentos
migratórios no Brasil; 28% do movimento rural-urbano no país estava
concentrado na Região Nordeste. Para todas as Unidades da Federação,
este tipo de movimento migratório representou mais de 10% do total da
migração, sendo bastante significativo mesmo em áreas urbanas conso-
lidadas, como o caso de São Paulo; neste estado o êxodo rural foi superior
a um milhão de migrantes, representando 17% do total da migração.
Embora pouco significativo em termos relativos, o movi-
mento urbano-rural para o conjunto do país representou 8% da migra-
ção, envolvendo, na última década, cerca de dois milhões de brasileiros.
Nos estados da Região Norte, os fluxos urbanos-rurais responderam
por 16% de sua migração, correspondendo a 363 mil migrantes.
Destaca-se, nessa Região, o Estado do Pará, onde a migração urbano-
rural representou 21,7% de seus movimentos migratórios (mais de 200
mil pessoas); os reflexos da fronteira agrícola amazônica, bem como
as áreas de garimpo contribuíram para o redirecionamento da migra-
ção em direção ao meio rural.
XI Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP 763
5 Considera-se como migrante, a população residente há menos de 10 anos no Município
de residência atual segundo a situação do domicílio em áreas urbanas e rurais.
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Gilmar
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Gilmar
Nota
rural-urbano
Tabela 11
MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS 
SEGUNDO SITUAÇÃO DOMICILIAR 
UNIDADES DA FEDERAÇÃO – BRASIL – 1981-1991
(Continua)
Unidades 
da Federação
Fluxos migratórios
Urbano-
Urbano
Rural-
Urbano
Urbano-
Rural
Rural-
Rural
Ignorado 
com destino Total
Urbano Rural
Rondônia 219.563 64.411 73.449 163.504 3.517 3.600 528.044
(%) 41,58 12,20 13,91 30,96 0,67 0,68 100,00
Acre 31.195 15.351 4.888 9.797 839 166 62.236
(%) 50,12 24,67 7,85 15,74 1,35 0,27 100,00
Amazonas 146.038 46.645 10.104 6.709 6.600 710 216.806
(%) 67,36 21,51 4,66 3,09 3,04 0,33 100,00
Roraima 41.577 7.009 10.469 8.140 1.495 839 69.529
(%) 59,80 10,08 15,06 11,71 2,15 1,21 100,00
Pará 414.422 153.695 226.757 237.800 8.205 4.463 1.045.342
(%) 39,64 14,70 21,69 22,75 0,78 0,43 100,00
Amapá 31.631 15.047 4.150 4.470 984 224 56.506
(%) 55,98 26,63 7,34 7,91 1,74 0,40 100,00
Tocantins 122.431 45.888 33.200 48.960 2.265 1.149 253.893
(%) 48,22 18,07 13,08 19,28 0,89 0,45 100,00
Maranhão 232.881 158.747 178.574 259.512 5.162 6.241 841.117
(%) 27,69 18,87 21,23 30,85 0,61 0,74 100,00
Piauí 170.988 101.575 31.428 55.791 3.199 1.184 364.165
(%) 46,95 27,89 8,63 15,32 0,88 0,33 100,00
Ceará 554.403 238.907