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Tecnologia em Eletrotécnica – Cefet/Pr Introdução a Robótica Prof. Winderson E. dos Santos e-mail: winder@cefetpr.br 2 Índice Analítico Introdução ...............................................................................................................................4 1. Robôs Industriais ................................................................................................................5 1.1 O Estado da Arte...........................................................................................................6 1.2 Aplicações e Benefícios................................................................................................6 2. Fundamentos da Tecnologia em Robótica..........................................................................8 2.1 Braço Mecânico ............................................................................................................8 Tipos de Juntas................................................................................................................8 Graus de Liberdade .........................................................................................................9 Classificação Pelos Tipos de Articulação .......................................................................9 Classificação Pelo Tipo de Controle.............................................................................11 Classificação Pelo Tipo de Acionamento .....................................................................13 Classificação Pelo Tipo de Transmissão (Direta ou Indireta) ......................................15 2.2 Punhos e Efetuadores..................................................................................................16 Garras de dois membros ...............................................................................................17 Garras de três membros ................................................................................................17 Garras para objetos cilíndricos......................................................................................18 Garras para objetos frágeis ...........................................................................................18 Garras de Juntas ............................................................................................................18 Garra Eletromagnética ou a Vácuo ...............................................................................18 Trocador Automático de Ferramentas ..........................................................................18 3. Atuadores e Sensores ........................................................................................................20 3.1 Tecnologias Empregadas nos Atuadores ....................................................................20 Atuadores Pneumáticos e Hidráulicos ..........................................................................20 Atuadores Elétricos.......................................................................................................22 Transmissão Mecânica..................................................................................................26 3.2 Tecnologias Empregadas nos Sensores ......................................................................28 Sensores de Posição ......................................................................................................28 Sensores de Velocidade ................................................................................................31 4. Cinemática ........................................................................................................................33 4.1 Matriz de Transformação Homogênea........................................................................33 Vetor posição de um corpo ...........................................................................................33 Matriz de rotação (ou orientação) de um corpo ............................................................34 Matriz de Transformação Homogênea..........................................................................35 4.2 Cinemática Direta .......................................................................................................36 Convenção de Denavit-Hartenberg...............................................................................37 Procedimento Operacional............................................................................................39 Cinemática da Estrutura de Manipuladores Típicos .....................................................42 4.3 Espaços das juntas e cartesianos .................................................................................49 4.4 Sistemas de Referência Padrões .................................................................................49 Sistema da Base {B}.....................................................................................................49 Sistema da Estação {S}.................................................................................................49 Sistema do Punho {W}.................................................................................................50 Sistema da Ferramenta {T}...........................................................................................50 Sistema do Objetivo {G} ..............................................................................................50 4.5 Localização da Ferramenta .........................................................................................50 4.6 Cinemática Inversa .....................................................................................................50 Solubilidade ..................................................................................................................50 3 Existência de Soluções..................................................................................................51 Multiplicidade de soluções ...........................................................................................52 Método de solução ........................................................................................................53 Sub-Espaço do Manipulador.........................................................................................53 Solução Algébrica x Solução Geométrica ....................................................................54 4.7 Cinemática Diferencial ...............................................................................................59 5. Introdução à Dinâmica......................................................................................................61 6. Controle de Robôs ............................................................................................................64 6.1 A Questão do Controle ...............................................................................................64 6.2 Controle no Espaço de Junta.......................................................................................65 6.3 Controle Independente por Junta ................................................................................66 6.4 Controle em malha fechada ........................................................................................68 Realimentação de Posição ............................................................................................69 Realimentação de Posição e Velocidade ......................................................................71 Realimentação de Posição, Velocidade e Aceleração...................................................74 7. Programação de Robôs .....................................................................................................78 7.1 Gerações de linguagens de programação de robôs .....................................................797.2 Linguagens de segunda geração..................................................................................80 7.3 Estrutura da linguagem de programação de robôs......................................................80 Constantes e variáveis...................................................................................................82 Comandos de movimento .............................................................................................82 Comandos de órgão terminal e dos sensores ................................................................84 Cálculos e operações.....................................................................................................85 Controle do programa ...................................................................................................86 Comunicações e processamentos de dados...................................................................87 Comandos do modo monitor.........................................................................................87 8. Considerações Finais ........................................................................................................88 8.1 Desempenho do sistema..............................................................................................88 8.2 Capacidade de movimento..........................................................................................88 8.3 Espaço de Trabalho.....................................................................................................89 8.4 Precisão de robô..........................................................................................................90 Resolução......................................................................................................................91 Repetibilidade ...............................................................................................................91 Precisão .........................................................................................................................92 Apêndice – Principais Fabricantes de Robôs Industriais......................................................93 Bibliografia ...........................................................................................................................96 4 Introdução Desde a época em que a imaginação criativa de Korel Capec introduziu o termo robô pela primeira vez (referindo-se à sua peça teatral Rossum’s Universal Robots), observa-se que cada vez mais a sociedade busca pela materialização do conceito do que a palavra robota (do idioma tcheco) significou naquela peça teatral em 1921, ou seja, “trabalhador forçado”, realizado por criaturas mecânicas semelhantes à forma humana. Não é surpresa que na atualidade haja a constante busca pelo desenvolvimento de máquinas robóticas cada vez mais sofisticadas capazes de substituir o trabalho humano em situações de insalubridade, riscos de vida, ou entediantes. Neste sentido, e apesar das manifestações contrárias por parte de sindicatos trabalhistas, cada vez mais se utilizam robôs principalmente na área industrial. Deixando a ficção científica à parte, um primeiro mecanismo com aparência humana, foi apresentado na Exposição Mundial de Nova Yorque em 1927 por J. Wersley em sua máquina chamada Robô Televox. Pouco tempo depois, em 1928, no Japão, foi apresentado um boneco, réplica de um ser humano, com capacidade de movimentação de algumas poucas articulações no seu corpo. Apesar de tais máquinas terem apenas o objetivo de entretenimento, elas carregam consigo o embrião histórico da robótica como ferramenta para realização de trabalho útil, que de fato surgiu pela primeira vez em meados do século XX por ocasião da necessidade de manipulação de materiais radioativos através de tele-operação. Ainda que para os atuais robôs industriais possam prevalecer as mesmas três leis da robótica ditadas pelo escritor soviético Isac Assimov, 1a Lei : Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um humano seja ferido; 2a Lei : Um robô deve obedecer às ordens dadas por humanos, exceto quando isto conflitar com a primeira lei; 3a Lei : Um robô deve proteger sua própria existência, a menos que isto conflite com a primeira ou segunda lei. tais máquinas em quase nada se assemelham a aparência humana. Ao contrário, são formados por articulações mecânicas capazes de realizar os movimentos da tarefa a que se destinam, não importando, para isto, a aparência que venham a ter. 5 1. Robôs Industriais De uma forma geral o conceito atual de robótica industrial passa pela particularização de um ramo do conhecimento tecnológico denominado mecatrônica, o qual trata simultaneamente de aspectos relativos a mecânica, eletrônica, controle e processamento de informações em máquinas e instrumentos genéricos. A definição oficial de um robô industrial, dada pelo RIA (Robot Institute of America) em 1981 ainda reflete a atual condição da tecnologia robótica: Um robô industrial é um manipulador re-programável, multifuncional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em movimentos varáveis programados para a realização de uma variedade de tarefas. Partindo desta definição, é possível associar um robô industrial ao tipo de máquina aplicada na automação flexível [SCI-96], sendo constituída basicamente por elementos (ou elos) mecânicos acionados por atuadores a partir de um controlador que opera baseado em informações de movimentos programados e de sinais gerados por elementos sensores de realimentação. Tais elos permitem um correto posicionamento e orientação da peça ou ferramenta destinada para a tarefa. As últimas três décadas foram preponderantes no desenvolvimento de tecnologias que se refletem nos atuais robôs manipuladores industriais. Uma revisão dos últimos 25 anos mostra que os seguintes avanços tecnológicos que foram agregados à robótica: •’74: Acionamentos elétricos eficazes •’74: Controle microprocessado •’82: Interpolações cartesianas •’82: Comunicação via computador •’82: Uso de Joy-Stick •’82: Programação por menus •’84: Sistema de visão •’86: Controle digital •’86: Acionamentos em CA •’90: Interconexão em redes •’91: Controle digital de torque •’94: Modelo Dinâmico Completo •’94: Interface Windows •’94: Simulação em robôs virtuais •’94: Uso de fieldbus •’96: Cooperação entre robôs •’98: Sistemas de detecção de colisões •’98: Identificação de objetos •’98: Movimentação em alta velocidade 6 1.1 O Estado da Arte Atualmente o entendimento da complexidade dos robôs bem como suas aplicações requerem o conhecimento de: • Engenharia (elétrica, mecânica, industrial); • Ciências da Computação; • Economia; • Matemática; O atual estado da arte de robôs industriais implica preponderantemente em tarefas de controle de posicionamento e movimentação, que é ainda o principal objetivo destes mecanismos. Diversas capacidades de controle lógico de entrada e saída têm sido acrescentadas nos recentes robôs, assim como capacidades de comunicação como em redes ethernet, fieldbus, conexões seriais (RS-232, RS-485, etc). Quanto a forma de programação observa-se o uso de scripts para acesso aos recursos de software disponível no robô. A fronteira tecnológica dos atuais manipuladores pode ser melhor visualizada através da tabela dada a seguir: Repetibilidade Até 0.003 mm (0.1mm usualmente) Velocidade Até 5 m/s Aceleração Até 25 m/s2 Carga admissível A partir de 2 a 3 kg até limites ~ 350kg Relação Peso/Carga Em torno de 30 a 40 Número de eixos 6 Comunicação Profibus, Ethernet, canais seriais (RS 232, 485) Capacidades de E/S Similares a um PLC para sinais analógicos e digitais * Fonte:Welding 2001, International Workshop on Robotic Welding Systems and Process Monitoring, Portugal 1.2 Aplicações e Benefícios Uma classificação mais detalhada das tarefas realizadas por um robô pode ser descrita como de três tipos de natureza, quais sejam: Movimentação: em operações de embalagem classificação de peças colocação e retirada de peças em centros de usinagem ou máquinas ferramenta carga e descarga de depósitos paletização 7 Medição: na inspeção de objetos localização de contornos detecção de falhas na manufatura Manipulação: para soldagem a arco ou ponto pintura com spray furação ou fresagem colagem e selamentos cortes a laser ou jato de água montagens elétricas ou mecânicas montagem de placas de circuitos impresso parafusamento O maior fator que impede a adoção em massa de robôs nas indústrias é seu alto custo. O tempo que leva para se recuperar o investimento em um robô depende dos custos de compra, instalação e manutenção. Este tempo não é fixo, depende da fábrica onde o robô será instalado e de sua aplicação. Deve-se considerar as seguintes condições: • número de empregados substituídos pelo robô; • número de turnos por dia; • produtividade comparada a seu custo; • custo de projeto e manutenção; • custo dos equipamentos periféricos. O preço de um robô é determinado pelos seguintes fatores: • tamanho; • sofisticação ou grau de complexidade; • exatidão; • confiabilidade. Nos últimos tempos, através da automação, observou-se o decréscimo do nível de emprego nas atividades industriais. A curto prazo, a automação levanta problemas como o desemprego, necessária reconversão e treinamento pessoal, conseqüências da redução de horas de trabalho, questões de aumento de salários em atividades de maior produtividade. Alguns aspectos do confronto operacional de homens e robôs são que um robô tem claramente algumas vantagens sobre os humanos (não se cansa; não necessita de salário; pode manter uma qualidade uniforme na produção; não necessita de condições ambientais especiais tais como ar condicionado, luz, silêncio, etc). Em compensação, o robô tem aprendizado, memória e movimentos limitados se comparado a um homem. 8 2. Fundamentos da Tecnologia em Robótica As partes de um robô correspondem a algumas das partes de uma pessoa (e outros animais), pois os problemas de percepção, movimento e controle que os robôs devem resolver são análogos aos muitos problemas que os humanos e outras criaturas vivas também enfrentam. De fato, a fim de descobrir como solucionar esses problemas para os robôs os engenheiros freqüentemente preferem estudar como a natureza tentou solucioná-los. Robôs industriais tem quatro partes fundamentais: uma base fixa (a qual pode girar e deslizar por uma curta distância), um braço articulado (freqüentemente chamado de manipulador do robô), uma unidade de controle (o computador do robô) e um dispositivo de programação (possivelmente um teach box, joystick ou teclado). 2.1 Braço Mecânico O braço articulado é formado por várias partes: elos, juntas, atuadores de juntas, sensores de posição de juntas, punho e efetuador final (a mão do robô). Elos são as partes rígidas de um robô, comparáveis aos ossos do braço de uma pessoa. Juntas são as partes do braço de um robô que lhe permitem uma conexão móvel entre dois ligamentos (são a versão do robô de ombros, cotovelos e punhos). Tipos de Juntas • Juntas prismáticas: (também chamadas juntas lineares ou deslizantes) movem-se em linha reta sem girar. São compostas de duas hastes que deslizam entre si de forma telescópica. Elas se estendem, retraem ou movem-se para dentro e para fora como um elevador hidráulico num posto de gasolina, ou ainda ao longo de um trilho como um carro de máquina de escrever. • Juntas de revolução: (também chamadas juntas rotacionais) giram em torno de uma linha imaginária estacionária chamado eixo de rotação. Elas giram como uma cadeira giratória e abrem e fecham como uma dobradiça. • Juntas esféricas: Esta conexão funciona como a combinação de 3 juntas de revolução, realizando a rotação em torno de três eixos. No corpo humano existem algumas juntas esféricas como a junta entre o ombro e o braço, o braço e o punho, o tronco e as pernas. 9 Graus de Liberdade O número de articulações em um braço do robô é também referenciado como grau de liberdade. Quando o movimento relativo ocorre em um único eixo, a articulação tem um grau de liberdade. Quando o movimento é por mais de um eixo, a articulação tem dois graus de liberdade. A maioria dos robôs têm entre 4 e 6 graus de liberdade. Já o homem, do ombro até o pulso, tem sete graus de liberdade. Classificação Pelos Tipos de Articulação Os robôs são normalmente classificados conforme o tipo de juntas, ou mais exatamente pelo conjunto de juntas que formam o sistema de articulação do robô. A divisão em classes possibilita obter-se informações sobre características tais como: • Espaço de trabalho; • Grau de rigidez mecânica; • Extensão do controle sobre a movimentação e • Tipos de aplicação para cada robô. Cartesianos Neste tipo de estrutura os três elos deslocam-se de forma translacional, aqui denominada TTT, conforme ilustrado na figura 1. Devido à ortogonalidade entre os elos mecânicos obtém-se boa rigidez mecânica, ainda que apresentem baixa habilidade de posicionamento. Figura 2.1 – Robô Cartesiano Esta estrutura é aplicável principalmente em sistemas para manipulação e movimentação e, tipicamente apresenta-se com acionadores de natureza elétrica, podendo, em alguns casos, também serem encontrados com acionamentos pneumáticos. Cilíndricos A estrutura cilíndrica difere da estrutura cartesiana pelo fato de que o primeiro elo mecânico apresenta movimento de rotação ao invés de translação, por isto denominada RTT, ilustrado na figura 2. Esta estrutura ainda guarda boas características 10 de rigidez mecânica, apesar de apresentar menor resolução de posicionamento na direção horizontal. Figura 2.2 – Robô Cilíndrico Esta estrutura é particularmente aplicável em situações onde se deseja obter acesso em cavidades horizontais. Em geral os elementos mecânicos são acionados com tecnologia hidráulica pois normalmente necessita-se dispor de elevados torques para movimentação da carga. Esféricos A estrutura esférica é composta por dois elos mecânicos com movimento rotacional seguido por um terceiro com movimento translacional, por isto denominada RRT. Sua aparência é ilustrada na figura 3. Em função desta configuração os movimentos apresentam menor resolução de posicionamento ao longo do eixo radial do robô, além de comportarem-se com menor grau de rigidez mecânica. Figura 2.3 – Robô Esférico (ou Polar) Este tipo de estrutura é amplamente usado em operações junto a centros de usinagem. Normalmente empregam-se acionamentos elétricos na estrutura esférica. SCARA Esta estrutura ilustrada na figura 4, assim como na esférica, apresenta dois elos mecânicos com movimento rotacional seguido por um terceiro com movimento translacional, sendo também denominada RRT. O nome SCARA é um acrônimo do termo inglês Selective Compliance Assembly Robot Arm pelo fato da estrutura 11 apresentar uma alta rigidez para cargas verticais enquanto para cargas horizontais a rigidez é baixa. Figura 2.4 – Robô SCARA Normalmente utiliza-se a estrutura SCARA para a manipulação de pequenos objetos. Seus acionamentos são tipicamente de natureza elétrica. Articulado Neste tipo de estrutura os três elos mecânicos de posicionamento deslocam-se de forma rotativa, conforme ilustra afigura 5, e por isto é denominada RRR. Tal estrutura, apesar de ter menor rigidez mecânica do que as anteriores e, resolução de posicionamento variável no espaço de trabalho, é a que apresenta maior grau de habilidade. Figura 2.5 – Robô Articulado Devido à grande habilidade para o posicionamento, esta estrutura é empregada numa ampla faixa de situações tanto de movimentação e de manipulação como também para medição. Na grande maioria dos casos são empregados acionamentos de natureza elétrica para sua movimentação. Classificação Pelo Tipo de Controle Para operar um robô, deve-se ter meios de controlar seu sistema de acionamento a fim de regular adequadamente seus movimentos. Nesta seção descreve-se brevemente os diversos tipos de sistemas de controle. Um tratamento mais detalhado desses tópicos é apresentado em seção posterior. 12 Os robôs industriais disponíveis comercialmente podem ser classificados em quatro categorias, de acordo com seus sistemas de controle: 1. Robôs de seqüência fixa 2. Robôs de repetição com controle ponto a ponto 3. Robôs de repetição com controle de trajetória contínua 4. Robôs inteligentes. Das quatro categorias, os robôs de seqüência fixa representam o mais baixo nível de controle, e os robôs inteligentes são os mais sofisticados. Robôs de seqüência fixa não empregam servo-controle para indicar posições relativas das juntas. Ao contrário, são controlados mediante instalação de chaves-limite e/ou batentes mecânicos para estabelecer os pontos extremos de deslocamento para cada uma de suas juntas. O estabelecimento de posições e da seqüência desses batentes envolve um ajuste mecânico do manipulador, ou, preferivelmente a programação do robô no sentida usual do termo. Com esse método de controle, as juntas individuais somente podem ser movidas para seus limites extremos de deslocamento, o que restringe seriamente o número de pontos distintos que podem ser especificados num programa para esses robôs. A seqüência em que o ciclo de movimento é executado é definida por uma chave escalonada ou outro dispositivo de seqüenciamento. Esse dispositivo, que constitui o controlador do robô, sinaliza a cada um dos acionadores particulares que opere numa sucessão adequada. Em geral não há realimentação associada a um robô de seqüência fixa para indicar que a posição desejada foi alcançada. Qualquer um dos três sistemas de acionamento pode ser usado com esse tipo de sistema de controle, porém o acionamento pneumático parece ser o tipo mais comumente empregado. Aplicações para esse tipo de robô geralmente envolvem movimentos simples, tais como operações "pega-e-põe". Os robôs de repetição usam uma unidade de controle mais sofisticada, em que, uma série de posições ou movimentos são "instruídas" ao robô, gravadas na memória e em seguida, repetidas pelo robô sob seu próprio controle. O termo "repetição" é descritivo desse modo geral de operação. Ao procedimento de instruir e gravar na memória é denominado programação do robô. Os robôs de repetição geralmente têm alguma forma de servo-controle (isto é, sistema de realimentação em malha fechada) para garantir que as posições alcançadas pelo robô sejam as que foram instruídas. Os robôs de repetição podem ser classificados em duas categorias: robôs ponto a ponto (PTP) e robôs por trajetória contínua (CP)*. Os robôs ponto a ponto podem executar ciclos de movimento que consistem em uma série de localizações de ponto desejadas e ações correlatas. O robô é instruído sobre cada ponto, e esses pontos são registrados na unidade de controle do robô. Durante a repetição, o robô é controlado para mover-se de um ponto para outro na seqüência adequada. Robôs ponto a ponto não controlam a trajetória tomada pelo robô para ir de um ponto até o próximo. Se o programador quiser exercer uma quantidade de controle limitada sobre a trajetória seguida, isto terá de ser feito mediante programação de uma série de pontos ao longo da trajetória desejada. O controle da seqüência de posições é bastante adequado para 13 muitos tipos de aplicações, incluindo máquinas de carregar e descarregar e soldagem a ponto. Os robôs de trajetória contínua podem realizar ciclos de movimento em que a trajetória seguida pelo robô é controlada. Isto é geralmente realizado fazendo-se com que o robô se desloque através de uma série de pontos intimamente espaçados que descrevem a trajetória desejada. Os pontos individuais são definidos pela unidade de controle e não pelo programador. O movimento linear é uma forma comum de controle por trajetórias contínuas para robôs industriais. O programador especifica o ponto de partida e o ponto final da trajetória, e a unidade de controle calcula a seqüência de pontos individuais que permitem ao robô seguir uma trajetória retilínea. Alguns robôs têm a capacidade de seguir um caminho suave, curvo, que foi definido por um programador que movimenta manualmente o braço através do ciclo de movimento desejado. Atingir um controle por trajetórias contínuas, em medida mais do que limitada requer que a unidade controladora seja capaz de armazenar um grande número de localizações de ponto individuais que deixem a trajetória curva composta. Isto geralmente envolve o uso de um computador digital (um microprocessador é usado tipicamente como a unidade central de processamento para o computador) como controlador de robô. O controle por trajetórias contínuas é requerido para certos tipos de aplicações industriais, tais como pintura e soldagem a arco. Robôs inteligentes constituem uma classe crescente de robôs industriais que possuem capacidade não apenas de repetir um ciclo de movimento programado, mas também interagir com seu ambiente de modo a parecer inteligente. Invariavelmente, a unidade controladora consiste em um computador digital ou dispositivo similar (por exemplo, controlador programável). Os robôs inteligentes podem alterar seu ciclo programado em resposta a condições que ocorrem no local de trabalho. Podem tomar decisões lógicas com base nos dados sensoriais recebidos do local de trabalho. Os robôs nessa classe têm a capacidade de comunicar-se durante o ciclo de trabalho com humanos ou sistemas com base em computadores. Robôs inteligentes são geralmente programados usando-se uma linguagem simbólica parecida com o inglês, não muito diferente de uma linguagem de programação de computador. Na verdade, os tipos de aplicações que são realizados por robôs inteligentes baseiam-se no uso de uma linguagem de alto nível para realizar as atividades complexas e sofisticadas que podem ser realizadas por esses robôs. Aplicações típicas para robôs inteligentes são tarefas de montagem e operações de soldagem a arco. Classificação Pelo Tipo de Acionamento Acionamento Elétrico Este tipo de acionamento utiliza motores elétricos que podem ser: motor de corrente contínua, motor de passo e motor de corrente alternada. Muitos robôs novos têm acionamento com motor de corrente contínua devido ao alto grau de precisão e simplicidade de controle deste tipo de motor elétrico. As vantagens do acionamento elétrico são: 14 1. Eficiência calculada, controle preciso. 2. Envolve uma estrutura simples e fácil manutenção. 3. Não requer uma fonte de energia cara. 4. Custo relativamente pequeno. Mas, suas desvantagens são: 1. Não pode manter um momento constante nas mudanças de velocidade de rotação. 2. Sujeitos a danos para cargas pesadas suficientes para parar o motor. 3. Baixa razão de potência de saída do motor e seu peso, necessitando um motor grande no braço. Acionamento Hidráulico Esta unidade é composta de: motor de movimento rotativo e cilindro para movimento deslizante. A unidade de acionamento hidráulico provoca movimento em pistões que comprimemo óleo. O controle é feito através de válvulas que regulam a pressão do óleo nas duas partes do cilindro e que impulsionam o pistão. As vantagens do acionamento hidráulico são: 1. Momento de torque alto e constante sob uma grande faixa de variação de velocidade. 2. Precisão de operação (menor que o elétrico e maior que o pneumático). O óleo não é compressível e não há variação de seu volume quando se varia a pressão. 3. Pode manter um alto momento para um longo período de tempo, quando parado. Entretanto suas desvantagens são: 1. Requer uma fonte de energia cara. 2. Requer uma manutenção cara e intensa. 3. Requer válvulas de precisão caras. 4. Está sujeito a vazamento de óleo. Acionamento Pneumático Esta unidade é similar à hidráulica e é composto de: motores pneumáticos de movimento rotativo e cilindros pneumáticos de movimento deslizante. Possui um alto grau de precisão nas paradas. São utilizados em sistemas automáticos simples, mas pouco utilizado em robôs devido à alta compressibilidade, o que reduz a habilidade de realizar controle preciso. É muito utilizado em movimentos de agarramento, tanto para abrir como para fechar as garras. As vantagens do acionamento pneumático são: 1. Podem operar em velocidades extremamente altas. 2. Custo relativamente pequeno. 3. Fácil manutenção. 4. Podem manter um momento constante em uma grande faixa de velocidade. 5. Pode manter alto o momento por longos períodos de tempo sem danos, quando parado. 15 Já as suas desvantagens são: 1. Não possui alta precisão. 2. Está sujeito a vibrações quando o motor ou cilindro pneumático é parado. Seleção Resumindo, o acionamento elétrico é melhor em aplicações envolvendo: • Alta precisão de posicionamento; • Transferência de carga de tamanho pequeno a médio; • Pequenas ambientes para sistemas de compressores de óleo e ar; O acionamento hidráulico trabalha melhor em situações envolvendo: • Transferência de cargas pesadas (de 2.000 pounds ou mais); • De média para alta precisão na localização e velocidade; O acionamento pneumático é preferível em aplicações envolvendo: • Baixa precisão; • Necessidade de baixo custo; • Altas velocidades; • Transferências de pequenas e médias cargas. Classificação Pelo Tipo de Transmissão (Direta ou Indireta) No caso de transmissão direta, o motor é montado diretamente na junta que ele irá mover. Se o motor é montado longe da junta, próximo da base, a transmissão é indireta; neste caso há elementos de transmissão de torque mecânico como correntes, correias, diferenciais e engrenagens. As vantagens da transmissão indireta sobre a direta são: 1. Redução do peso do braço mecânico; 2. Permite fácil mudança na velocidade de rotação das juntas. Mas, as desvantagens da transmissão indireta sobre a direta são: 1. Falta de precisão da operação da junta devido a liberdade mecânica dos pontos de conexão entre os dispositivos de transferência; 2. Perdas consideráveis de potência. 16 2.2 Punhos e Efetuadores Punho é o nome usualmente dado às três últimas juntas do braço do robô. Estas, em geral, são juntas rotacionais, e seus eixos de rotação são mutuamente perpendiculares, configurando o que se conhece por punhos esféricos, isto é, punhos cujos eixos das juntas se intersectam num único ponto. Uma das vantagens do punho esférico é que seu uso simplifica consideravelmente a cinemática do manipulador, permitindo o desacoplamento entre a posição e a orientação do efetuador. Tipicamente, os manipuladores possuem três graus de liberdade para posicionamento. O número de graus de liberdade para orientação depende então do punho. São comuns os casos em que este tem um, dois ou três graus de liberdade. O braço e o punho são utilizados basicamente para o posicionamento e orientação do efetuador e de qualquer ferramenta que ele possa carregar. É o efetuador ou a ferramenta que em realidade executa o trabalho. Figura 2.6 - Eixos de rotação de um punho No sentido de saída do braço, essas juntas são conhecidas como junta de yaw, junta de pitch e junta de roll (nesta ordem). Os movimentos giratórios resultantes são chamados yaw, pitch e roll. Se você mantiver sua mão estendida a frente, de palma para baixo, com os dedos apontando para longe de você, os movimentos de yaw, pitch e roll poderão ser assim definidos: • Yaw é uma rotação ao redor de um eixo vertical que vai da parte superior à parte inferior através do punho. Isto produz um movimento da direita para a esquerda, assim como aquele usado para dizer não. • Pitch é uma rotação ao redor de um eixo horizontal que vai da esquerda para à direita através do punho. Isto produz um movimento de sobe e desce da mão, assim como aquele usado para dizer até logo. • Roll é uma rotação ao redor de um eixo horizontal que vai de trás para a frente através do punho. Isto produz um balanço lateral da mão, assim como aquele usado para dizer mais ou menos. Depois da junta de roll do punho vem o órgão terminal do robô. Alguns punhos chamados punhos de mudança rápida, vem com órgãos terminais desconectáveis, os quais podem ser rapidamente mudados, até durante uma mesma operação fabril. Os órgãos terminais podem ser classificados em dois grandes grupos garras e ferramentas 17 especializadas. Robôs usam garras para mover objetos e usam ferramentas especializadas para executarem tarefas especiais. As garras podem ser de vários tipos: pinças mecânicas para pegar a maioria dos objetos rígidos, atrativos eletromagnéticos para pegar objetos de ferro e ventosas de sucção a vácuo para pegar objetos delicados com superfícies lisas, como espelhos, pratos largos, vidros e até ovos. Mãos destras são garras avançadas que se assemelham à mão humana em versatilidade, podem ser usadas tanto para pegar e mover objetos industriais (matéria prima, bens acabados, ou material de embalagem) como para manipular e usar ferramentas projetadas para trabalhadores humanos. As ferramentas especializadas que os robôs podem usar em vez de garras incluem pistolas de pintura e de solda a ponto, tochas de solda a arco, cortadores a jato d’água e a laser e rebitadeiras automáticas. O termo efetuador final é uma palavra genérica para todos os sistemas montados no final do braço do robô, ou seja, no fim do vínculo mais afastado da base do robô; cuja tarefa é agarrar objetos ou ferramentas e/ou transferi-los de um lugar para o outro. Exemplos de efetuador são as garras, soldadores e pistolas de pintura. A operação do efetuador é a meta final do desempenho do robô. Todos os sistemas do conjunto (controlador, unidade motriz, etc.) são dimensionados para capacitar a ação correta do efetuador. Uma falha na operação de agarrar um objeto causa erros que comprometem o sucesso da realização do trabalho. Por isso, é essencial que a garra seja apropriada para cada ambiente de trabalho. Existem vários tipos de efetuador em uso nas indústrias, concentraremos nosso foco no estudo das garras. A garra é comparável à mão humana. A estrutura da mão é realmente espantosa e interessante: ela possui 22 graus de liberdade, várias unidades motrizes na forma de músculos e muitos elementos sensoriais. É tão complexa e bem desenvolvida que não há garra feita pelo homem capaz de imitá-la. Dado esse fato, é óbvio que as garras são limitadas a uma faixa de operações. Devido ao desenvolvimento das indústrias e a constante renovação de processos de manufatura, houve a necessidade de se desenvolver garras capazes de realizar tipos diferentes de operações. Garras de dois membros Esse é o tipo de garra mais comum. Diversas variedades foram criadas, variando em tamanho e/ou movimento dos dedos, onde este pode ser configurado de maneira paralela ou rotatória. A desvantagem básicada garra de dois membros é a sua limitação de abertura, impossibilitando o manuseio de objetos maiores que sua abertura total. Garras de três membros Ela é basicamente similar à garra de dois membros, mas permite maior segurança no agarrar objetos, podendo segurar formas esféricas, triangulares, etc. Seus dedos são retráveis e constituídos de várias conexões. 18 Garras para objetos cilíndricos Essa garra consiste de dois dedos, cada um deles possuindo três ou mais depressões circulares, possibilitando a pega de objetos cilíndricos de diversos tamanhos. A garra para objetos cilíndricos tem duas desvantagens: 1) É pesada (por ser geralmente maciça) e tem que ser suportada pelo robô durante toda a operação 2) Tem movimento limitado devido a sua extensão Garras para objetos frágeis Para pegar um objeto frágil sem quebrá-lo, os dedos da garra devem exercer um certo grau de força. Esta força se for concentrada num simples ponto do objeto, é capaz de danificar partes delicadas. Sendo assim muitas garras para esse propósito tem sido desenvolvidas. Garras de Juntas Estas garras são designadas para pegar objetos de vários tamanhos e de superfícies irregulares. As conexões são movidas por pares de cabos. Um cabo de cada par flexiona a junta, e o outro a estende. Para pegar um objeto, as juntas dos dedos envolvem-no e seguram-no firmemente. Quanto menor o tamanho das juntas dos dedos, maior é a firmeza e a capacidade de pegar objetos irregulares. Garra Eletromagnética ou a Vácuo Garras a vácuo ou ventosas são utilizadas para pegar objetos lisos e chatos através de um vácuo criado nas suas ventosas. Já as Garras Eletromagnéticas são empregadas para pegar objetos metálicos através de campo magnético. Ambos os tipos de garras são eficientes, já que elas podem pegar objetos de diversos tamanhos, e não requerem grande precisão na localização do objeto. As garras a vácuo são usadas para pegar objetos de superfície plana, como chapas de metal e caixas de papelão. Geralmente cada garra à vácuo possui um determinado número de ventosas conforme sua aplicação, isto para reduzir o risco de escorregamento, bem como para aumentar a capacidade de transporte. Trocador Automático de Ferramentas Muitos tipos de trabalho envolvem o manuseio de peças e objetos de tamanho e formatos variados, num só ambiente de trabalho. Nesses casos, o uso de uma chave de fenda pode ser feito alternadamente com uma garra ou uma ventosa, e assim por diante. Como não há garra capaz de tal feito, visto que cada uma tem sua função própria, 19 desenvolveu-se uma ferramenta chamada trocador automático de ferramentas. É um adaptador que permite a troca rápida de garras. Uma restrição óbvia é que todas as conexões pneumáticas, hidráulicas, etc., devem ser feitas da mesma forma. Existem algumas desvantagens no uso de trocador automático de ferramentas: • O peso é somado ao braço do robô • O custo de instalação é alto Por essas observações, fica evidente que o desenvolvimento e produção de garras é um dos importantes estágios no desenho de robôs para tarefas dedicadas. 20 3. Atuadores e Sensores 3.1 Tecnologias Empregadas nos Atuadores Atuadores Pneumáticos e Hidráulicos Tanto os atuadores pneumáticos quanto os hidráulicos são acionados por fluidos em movimento. No primeiro caso, o fluido é o ar comprimido e, no segundo caso, o fluido é geralmente óleo pressurizado. A operação desses acionamentos é geralmente semelhante, exceto em sua capacidade para conter a pressão do fluido. Os sistemas pneumáticos tipicamente operam a aproximadamente 100 lb/in2 (68,96N/cm2) e sistemas pneumáticos a 68,96N/cm2 até 3.000 lb/in2 (2068,8N/cm2). As vantagens e desvantagens relativas desses tipos de sistemas de acionamento já foram apresentadas na seção onde os manipuladores foram classificados pelo seu tipo de acionamento. O dispositivo de acionamento por fluido mais simples é o cilindro, como ilustrado na figura a seguir, que pode ser usado para acionar uma junta linear por meio de um pistão móvel. Esse exemplo é chamado um cilindro de extremidade simples, porque a haste do cilindro somente sai do cilindro numa extremidade. Outros tipos de cilindros incluem cilindros de duas extremidades. Figura 3.1 - Cilindro e pistão Existem duas relações de interesse particular ao discutir os atuadores: a velocidade do atuador em relação à potência de entrada. Para atuadores tipo cilíndrico, essas relações são dadas por A tftV )()( = AtPtF ).()( = 21 em que V(t) é a velocidade do pistão, f(t) é a vazão do fluido (volumétrica), F(t) é a força, P(t) é a pressão do fluido, e A é a área do pistão. Visto que os requisitos de um robô são de portar uma carga útil a uma dada velocidade, podemos usar as relações descritas para escolher o atuador apropriado. Um outro tipo de atuador de fluido é o atuador de aletas rotativo, mostrado na figura a seguir. Figura 3.2 - Atuador de aletas Num atuador rotativo, estamos interessados na velocidade angular, ω, e no torque, T. As relações descrevendo a saída de um atuador rotativo são: hrR tft )( )(2)( 22 − =ω 2 )).(().()( rRrRhtPtT +−= onde R é o raio externo da aleta, r é o raio interno da aleta, h é o comprimento da aleta, ω é a velocidade angular em rad/seg, e T é o torque. 22 Atuadores Elétricos Motores de passo e servo-motores (com ou sem escovas) têm cada um suas respectivas vantagens e desvantagens. Em geral não existe uma solução única para cada tipo de acionamento. Figura 3.3 - Tecnologias disponíveis para implementação do acionamento Os argumentos a seguir mostram um rápido panorama quanto ao uso de cada uma destas tecnologias. MOTOR DE PASSO VANTAGENS DESVANTAGENS Menor custo Se uma aplicação pode ser realizada com motor de passo, então esta deve ser a escolha natural. Perda de suavidade em baixas velocidades Maior problema dos motores de passo. Pode, porem ser solucionado com drives de micro- passo. Isento de Manutenção Não há escovas ou outras partes sujeitas a desgastes, não necessitando portanto de manutenções ou trocas periódicas. Perda de posicionamento em malha aberta Pode ocorrer em situações de sobrecarga. Um encoder para confirmação de passo poderia resolver o problema, porém neste caso seria preferível o uso de um servo motor. Estabilidade em paradas Sem comutação na corrente de fase o rotor permanece completamente parado. Não há tendências do rotor em se agitar em torno de uma posição do encoder ou do resolver. Corrente nominal mesmo quando parado Como o torque de retenção exige circulação de corrente, isto causará aquecimento do motor mesmo quando parado. MOTOR DE PASSO (...continuação) Industrialmente padronizado Ressonâncias em altas velocidades 23 São fabricados com eixo ou face padronizados (Norma NEMA ou Métrico) sendo portanto facilmente substituíveis. Os motores de passo não são recomendáveis para velocidades de operação em torno de 2000 rpm. Baixa limitação pelo ambiente Podem ser usados em quase todos os ambientes (inclusive no vácuo). Isentos de falhas Não há como uma falha no drive ocasionar perda de controle do movimento. Pelo contrário em tais situações há a tendência do rotor em parar (ao contrário do que pode acontecer nos sistemas servo controlados) Dificilmente desmagnetizável Elevados níveis de corrente não causam desmagnetização de seus materiais (ao contrário do que pode ocorrer com os motores com escova). Seguro e confiável Os motores de passo são bastante simples sob o ponto de vista construtivo, praticamenteisentos de falhas. Resistente a sobrecargas Não há elevação da corrente no motor quando em situações de sobre carga como ocorrem nos servo motores. Relação torque/tamanho Comparado com motores DC (com escovas) de mesmo tamanho, o motor de passo pode fornecer altos torques de saída em baixas velocidades. Conexão simples Apenas 4 vias de alimentação são necessárias, o que pode ser uma vantagem em situações onde as conexões tenham elevados custos. 24 SERVO MOTORES DC VANTAGENS DESVANTAGENS Baixo custo Os motores DC são produzidos atualmente com baixos custos de fabricação Manutenção das escovas Não chega a ser um problema se o motor estiver em local de fácil alcance, caso contrário inviabiliza a aplicação. Há que se considerar também a emissão de pó por parte do carvão das escovas, o que inviabiliza seu uso em locais extremamente limpos. Suavidade em baixas rotações Esta característica é obtida através de modelos com grande número de ranhuras (lamelas) no rotor, o que o torna a melhor opção de suavidade das três opções. Riscos de explosão Devido ao faiscamento gerado nas escovas tal característica inviabiliza seu uso em ambientes sujeitos a explosão (ou no vácuo). Drives de baixo custo Um drive de corrente contínua pode ser tão simples quanto apenas uma ponte de transistores. Comutações limitadas A repetibilidade de movimentos curtos (menor do que uma rotação) fica limitada devido a comutação mecânica. Sem consumo em paradas Sem carga estática no motor não haverá consumo de corrente para manter uma posição. Baixa dissipação térmica Todo calor é gerado internamente no rotor, o que dificulta sua dissipação para o meio. Altos torques de pico Em aplicações com ciclo de trabalho intermitente (particularmente no posicionamento de cargas tipicamente inerciais), o motor pode operar com sobre- correntes. Pode ser desmagnetizado Elevadas correntes podem resultar em desmagnetizações parciais do motor. Planicidade da curva torque-velocidade Permite obter ótimas performances através da simples geração de rampas de aceleração tipo linear. Custo de instalação Os servo-motores DC apresentam maiores custos de instalação quando comparados aos motores de passo. Grande variedade de modelos disponíveis Os motores DC são encontrados em uma grande variedade de opções, incluindo motores com baixa inércia para aplicações de alta dinâmica. Operação em altas velocidades Motores DC podem operar sem problemas em velocidades de até 5000 RPM 25 SERVO MOTORES SEM ESCOVAS (BRUSHLESS) VANTAGENS DESVANTAGENS Isentos de manutenção Pelo fato de não apresentarem escovas para comutação. Elevado custo Principalmente devido ao uso de materiais magnéticos compostos por terras raras. Boa dissipação térmica Todo calor é gerado no estator o que facilita sua dissipação para o meio. Drives mais caros e complexos Drives do tipo seis estados, trapezoidais não são tão mais caros do que os drives para motores DC com escovas, porém drives com geração de ondas senoidais podem custar várias vezes mais. Altíssimas velocidades Não há comutadores mecânicos para limitarem a velocidade, pequenos motores brushless podem facilmente atingir velocidades de até 12000 RPM Insensíveis ao ambiente Não emitem ruídos, pós, faíscas, ou outros tipos de resíduo ao ambiente. Além disto podem suportar elevadas temperaturas bem como ambientes em vácuo. 26 Transmissão Mecânica A fim de transmitir os torques motores às juntas do manipulador dispõem-se de duas alternativas principais. Uma delas através do acionamento direto, ou seja, sem a presença de elementos redutores mecânicos e, outra alternativa através da utilização de mecanismo redutor. Cada uma das alternativas apresenta suas respectivas vantagens e desvantagens técnicas. O quadro a seguir apresenta um breve resumo de tais características. ACIONAMENTO COM TRANSMISSÕES VANTAGENS DESVANTAGENS Redução no torque do motor Devido ao fator de redução da transmissão, o torque exigido do motor fica reduzido. Presença de folgas Os elementos redutores mecânicos apresentam folgas que ocasionam backlash, podendo comprometer a precisão do sistema. Minimização de não-linearidades Todas as não linearidades do sistema manipulador devido aos acoplamentos entre juntas bem como devido a torques gravitacionais ficam reduzidas. Inserção de inércia e atritos Um elemento redutor ocasionará a introdução de uma inércia própria bem como elevará as perdas por forças de atrito. Rendimento reduzido Todo elemento redutor irá ocasionar um fator de rendimento de transmissão de torque < 1 (~0,95). ACIONAMENTO DIRETO VANTAGENS DESVANTAGENS Isentos de folgas Como não há redutor o sistema fica isento de folga mecânica. Elevado torque do motor O torque necessário para o motor não é reduzido pelo fator de transmissão. Motores de alto torque são exigidos. Alto rendimento O uso de elemento redutor apresentaria um rendimento < 1. Presença de não-linearidades Todas as não linearidades oriundas dos acoplamentos entre juntas têm que ser tratadas pelo controlador. Pelas características acima expostas é possível concluir que ambas as formas de transmissão apresentam semelhantes razões de vantagens/desvantagens, fato que a princípio não permite extrair uma escolha definitiva. Entretanto, cabe ressaltar que a grande maioria dos casos reais de robôs manipuladores utilizam-se de elementos para transmissão tais como reduções do tipo harmonic-drives ou cicloidais. Por este motivo apresenta-se a seguir uma discussão prévia a respeito de tais elementos. Para a transmissão do movimento às juntas de um robô é conveniente que se utilizem elevados fatores de redução. Tal critério se baseia no fato de que as não linearidades, devido ao acoplamento entre juntas típicas de um sistema robótico, têm um 27 efeito de perturbação sobre o sistema de controle inversamente proporcional ao quadrado da relação de redução (exceto para os torques gravitacionais). Além disto é conveniente que tais reduções apresentem: - baixo valor de inércia, - massa tão reduzida quanto possível, - isentas de folgas, - elevada rigidez e - grande fator de redução Com tais características é possível reduzir a inércia dos componentes mecânicos referida ao eixo do motor, compatibilizar as velocidades de operação entre o motor e o acionamento das juntas, além de aumentar o torque do motor. As opções comercialmente disponíveis para propiciar tais características são as transmissões mecânicas transformadoras especiais do tipo “Planetária Cicloidal” e do tipo “Harmonic Drive”. Figura 3.4 – Opções tecnológicas para implementação da transmissão TRANSMISSÃO HARMONIC DRIVES VANTAGENS DESVANTAGENS Alta capacidade de torque Necessita lubrificação Boa precisão de posicionamento Eficiência depende da rotação Repetibilidade Alta rigidez à torção Zero backlash (segundo o fabricante) 28 TRANSMISSÃO CICLOIDAL VANTAGENS DESVANTAGENS Alta grau de rigidez Geração de calor Baixa inércia de entrada Erro de velocidade minimizado Correção de backlash < 1 min. Não necessita lubrificação Alta eficiência 3.2 Tecnologias Empregadas nos Sensores Sensores de Posição Na maioria dos casos em robótica, um interesse fundamental é controlar a posição do braço. Existe uma grande variedade de dispositivos disponíveis para detectar posição. Serão apresentados os seguintes dispositivos: potenciômetros, resolvers e codificadores (ou encoders). POTENCIÔMETROS Os potenciômetrossão dispositivos analógicos cuja tensão de saída é proporcional à posição do seu cursor. A figura a seguir ilustra um potenciômetro típico. Uma tensão é aplicada através do elemento resistivo. Figura 3.5 - Potenciômetros A tensão entre a haste e a terra é proporcional à relação da resistência num lado do cursor para com a resistência total do elemento resistivo. Essencialmente, o potenciômetro atua como uma rede divisora de tensão. Isto é, a tensão através do elemento resistivo é dividida em duas partes pelo cursor. A medição dessa tensão fornece a posição do cursor. A equação do potenciômetro pode ser representada pela seguinte função: )()( tktV TPo θ= em que Vo(t) é a tensão de saída, kTP é a constante do potenciômetro em volts por radiano (ou volts por metro, no caso de um potenciômetro linear) e θ(t) é a posição do 29 potenciômetro em radianos (ou metros). Visto que um potenciômetro requer uma tensão de excitação, a fim de calcular Vo, podemos usar tot pos exVV θ θ =0 em que Vex é a tensão de excitação, θtot é o deslocamento total disponível da haste, e θpos é a posição efetiva do cursor. RESOLVERS Um resolver é um outro tipo de dispositivo analógico cuja saída é proporcional ao ângulo de um elemento de rotação em relação a um elemento fixo. Em sua forma mais simples um resolver tem um único enrolamento em seu rotor e um par de enrolamentos em seu estator, conforme ilustra a figura a seguir. Figura 3.6 - Resolver Figura 3.7 - Formas de onda Os enrolamentos do estator estão defasados em 90 graus. Assim, se o rotor for excitado com um sinal senoidal do tipo A.sen(ωt), a tensão nos dois pares de terminais estatóricos será )sen().sen(.)(1 θωtAtVS = )cos().sen(.)(1 θωtAtVS = sendo θ o ângulo do rotor em relação ao estator. Esse sinal pode ser usado diretamente, ou pode ser convertido numa representação digital, usando-se um dispositivo conhecido como um conversor resolver-digital. Já que um resolver é essencialmente um transformador rotativo, é importante lembrar que um sinal de corrente alternada deve ser usado para excitação. Se fosse usado um sinal de corrente contínua, não haveria sinal de saída. 30 CODIFICADORES (ou ENCODERS) À medida que mais sistemas são controlados por computadores e dispositivos correlatos, aumenta o uso de codificadores digitais de posição. Codificadores estão disponíveis em dois tipos básicos: incrementais e absolutos. Isto se refere ao tipo de dados disponíveis do codificador. Existem várias categorias de codificadores, mas limitaremos nossa discussão àqueles que são os mais comumente usados nos robôs. São eles os codificadores ópticos. Um codificador incremental simples está ilustrado na figura a seguir. Consiste em um disco de vidro, marcado com listas, alternadas transparentes e opacas, alinhadas radialmente. Um foto-transmissor (uma fonte de luz) está localizado num lado do disco e um fotorreceptor no outro. Quando o disco gira, o feixe de luz é alternadamente transmitido e interrompido. A saída do fotorreceptor é um trem de pulso cuja freqüência é proporcional à velocidade de rotação do disco. Num codificador típico, existem dois conjuntos de foto-transmissores e receptores alinhados em defasagem de 90 graus. Esse ajuste de fases fornece informação de direção; isto é se o sinal A estiver adiantado do sinal B em 90 graus, o disco codificador está girando numa direção, se B estiver adiantado de A, então estará girando na outra direção. Contando os pulsos (adicionando ou subtraindo) com base no sinal de sentido de giro, é possível usar o codificador para fornecer informações sobre posição em relação a um local de partida conhecido. Figura 3.8 - Codificador de posição incremental Em alguns casos é desejável conhecer a posição de um objeto em termos absolutos, isto é, não em relação a uma posição de partida. Para isto pode ser usado um codificador absoluto. Os codificadores absolutos empregam a mesma construção básica que os codificadores incrementais, exceto que existem mais trilhas de listas e um número correspondente de receptores e transmissores. Usualmente, as tiras são dispostas de modo a fornecer um número binário proporcional ao ângulo do eixo. A primeira trilha pode ter 2 listas, a segunda 4, a terceira 8 e assim por diante. Desta forma o ângulo pode ser lido diretamente do codificador, sem que seja necessária qualquer contagem. 31 Figura 3.9 - Codificador de posição absoluto A figura anterior ilustra um codificador absoluto. A resolução de um codificador absoluto é dependente do número de trilhas e é dada por 2n, sendo que n é o número de trilhas no disco. Sensores de Velocidade Um dos dispositivos mais comumente usados para a realimentação de informações de velocidade é o tacômetro de corrente contínua. Um tacômetro é essencialmente um gerador CC, fornecendo uma tensão de saída proporcional à velocidade angular do induzido. Um tacômetro pode ser descrito pela relação )()()(0 ttktV TV ω= em que Vo(t) é a tensão de saída do tacômetro em volts, kTV(t) é a constante do tacômetro, usualmente em V/rad/s e ω(t) a é a velocidade angular em radianos por segundos. Os tacômetros são geralmente usados para fornecer informação sobre velocidade ao controlador. Isto pode ser usado para realizar controle de velocidade de um dispositivo ou, em muitos casos, para aumentar o valor de KV num sistema, melhorando assim a estabilidade do sistema e sua resposta a perturbações, como será apresentado na seção sobre controle de movimento. 32 33 4. Cinemática 4.1 Matriz de Transformação Homogênea Um dos problemas encontrados num mecanismo robótico é a descrição da correta localização espacial do efetuador final em relação a um sistema de referência de coordenadas normalmente localizada na base do mesmo. Além disto, é necessário descrever também com qual orientação este efetuador final se encontra. Assim, uma matriz de transformação homogênea é uma matriz que fornece a posição e a orientação de um ponto no espaço a partir de uma referência conhecida. Esta matriz é composta por uma sub-matriz de rotação e por um vetor de deslocamento que serão mais bem compreendidos a seguir. Vetor posição de um corpo Uma vez determinado um sistema cartesiano de referência, é possível definir a localização de um corpo no espaço a partir das coordenadas cartesianas que um ponto qualquer deste corpo apresente. Figura 4.1 – Posição e orientação de um corpo rígido no espaço Para o exemplo da figura anterior, vemos que o ponto O’ do corpo está posicionado nas coordenadas: zoyoxoo zyx ��� ′+′+′=′ O qual pode ser representado por uma forma vetorial como: ′ ′ ′ =′ z y x o o o o 34 Matriz de rotação (ou orientação) de um corpo Apesar do vetor posição, apresentado anteriormente, definir a posição do corpo no espaço, sabemos que o mesmo pode ter um sem número de diferentes orientações, ou seja, ele pode estar rotacionado por um ângulo qualquer em torno dos três eixos do sistema de referência de coordenadas. Assim, para descrever a orientação deste corpo, faz-se necessário a alocação de um segundo sistema de referencia atrelado a este corpo de forma a permitir a correta descrição do quanto este corpo está rotacionado em relação ao sistema de coordenadas de referência da base. Então, com relação a mesma ilustração anterior, tomamos o sistema de referência x’y’z’ localizada no ponto O’, podendo-se agora definir as possíveis rotações (ângulos α, β, γ) no sentido anti-horário em torno de cada um dos eixos (x, y,z) do sistema de referencia da base que o novo sistema apresenta: − = 100 0cossen 0sencos )( αα αα αzR − = αα αα β cos0sen 010 sen0cos )(yR −= αα ααγ cossen0 sencos0 001 )(xR Por exemplo, uma rotação em Rz(α) é apresentada na ilustração a seguir. Figura 4.2 – Rotação do sistema de coordenadas O-xyz de um ângulo α em torno de z Para rotações sucessivas ao longo de vários eixos basta pós multiplicar o novo sistema de referência por cada uma das rotações necessárias, observando que a ordem em que as sucessivas rotações forem executadas deve ser respeitada na ordem com que as matrizes são pós-multiplicadas. 35 Figura 4.3 – Rotações sucessivas de objetos em torno de eixos fixos Para a ilustração anterior, por exemplo, temos as seguintes distintas rotações: − − == ββ βααβα βααβα βα cos0sen sensencoscossen sencossencoscos )()( yzzy RRR − − == ββαβα αα ββαβα αβ cossensensencos 0cossen sencossencoscos )()( zyyz RRR Matriz de Transformação Homogênea A partir da definição da posição e orientação de um corpo, pode-se definir a matriz de transformação homogênea como a matriz que descreve simultaneamente a nova posição e orientação do corpo no espaço. Figura 4.4 – Representação de um ponto P em sistemas de coordenadas diferentes 36 Por exemplo, na figura anterior considerando um ponto P arbitrário no espaço, a matriz de transformação homogênea que leva este ponto a ser descrito no sistema de referência de coordenadas O1 a partir de sua descrição inicial no sistema de referência de coordenadas O0 é dada por: = 10 0 1 0 10 1 T oR A 4.2 Cinemática Direta Um robô manipulador consiste de uma série de corpos rígidos (elos) conectados por meio de pares cinemáticos ou juntas. Assume-se que cada junta provê uma estrutura mecânica com um simples grau de mobilidade, correspondente à articulação, ou variável de junta.As juntas podem essencialmente ser de dois tipos: de revolução ou prismática, conforme ilustra a figura a seguir. Figura 4.5 – Representações utilizadas para as juntas Tais estruturas formam uma cadeia de cinemática aberta. Um das pontas da cadeia consiste da base. E, na outra ponta da cadeia está o efetuador final (garra, ferramenta, etc) permitindo a manipulação do objeto no espaço. Considerando um manipulador constituído por n+1 elos conectados por n juntas, o objetivo da cinemática direta é determinar a posição e orientação do efetuador final como uma função das variáveis de junta. Então, com respeito ao sistema de referência de coordenadas O0 – x0y0z0, a função de cinemática direta é expressa pela matriz de transformação homogênea = 1000 )()()()( )( 0000 qpqaqsqn qT o , onde q é o vetor de (n x 1) variáveis de junta, n,s e a são os vetores unitários do sistema de coordenadas de referência ligadas ao efetuador final, e p é o vetor de posição da origem de tal sistema com respeito ao sistema de coordenadas de referência da base O0 – x0y0z0, conforme ilustrado a seguir. 37 Figura 4.6 – Descrição da posição e orientação do sistema de coordenadas do efetuador final O sistema de coordenadas de referência O0 – x0y0z0 é chamado sistema da base. O sistema de coordenadas atrelado ao efetuador final é chamado sistema do efetuador final, e é convenientemente escolhido de acordo com a geometria particular da tarefa a ser executada. Exemplo: Considerando uma estrutura planar com dois elos, conforme ilustrado a seguir. Figura 4.7 – Braço plano com dois elos Com base na análise trigonométrica, na escolha das variáveis de junta, do sistema de base e do sistema do efetuador final, obtém-se: − + +− = = 1000 0001 0 0 1000 )( 121111212 122111212 0000 0 sasasc cacacs pasn qT onde, si...j, ci...j denotam respectivamente seno(qi+...+qj) e cosseno(qi+...+qj). Convenção de Denavit-Hartenberg A construção de um procedimento operacional para o cômputo da cinemática direta é naturalmente derivada da cadeia aberta típica na estrutura do manipulador em questão. De fato, como cada junta conecta dois e apenas dois elos subseqüentes, é 38 razoável considerar primeiro a descrição da relação cinemática entre dois elos consecutivos e então obter a descrição completa da cinemática do manipulador de um modo recursivo. Para este fim, a descrição de posição e orientação de um corpo rígido é útil para obter a composição de transformações coordenadas entre sistemas de referência consecutivos. Figura 4.8 – Parâmetros cinemáticos de Denavit-Hartenberg Com primeiro passo, um método geral e sistemático pode ser derivado da posição e orientação relativa de dois elos consecutivos; ou seja, o problema é determinar dois sistemas de referência ligados aos dois elos e obter a transformação de coordenadas entre eles. Em geral, os sistemas de referência podem ser arbitrariamente escolhidos contanto que estejam ligados ao elo a que se referenciam. Contudo, é conveniente adotar algumas regras para a definição destes sistemas de referência. Com referência à ilustração dada anteriormente, façamos o eixo i representar o eixo da conexão de junta entre do elo i-1 para o elo i; assim, a chamada convenção de Denavit-Hartenberg é adotada para definir o sistema de coordenadas do elo i: • Escolha o eixo zi ao longo do eixo da junta i + 1. • Aloque a origem Oi na interseção do eixo zi com a normal comum (reta que contém o segmento de menor distância entre duas retas quaisquer) aos eixos zi-1 e zi. Aloque também Oi’na interseção desta normal comum com o eixo zi-1. • Escolha o eixo xi ao longo da normal comum aos eixos zi-1 e zi com direção partindo da junta i para a junta i+1. • Escolha o eixo yi de forma a completar o sistema segundo a regra da mão direita. 39 Procedimento Operacional A convenção de Denavit-Hartenberg levará a soluções não únicas nos seguintes casos: o Para o sistema de coordenadas 0, apenas a direção do eixo z0 é especificada; então O0 e x0 podem ser arbitrariamente escolhidas. o Para o último sistema de coordenada n, apenas a escolha do eixo xn é obtida (que deve ser normal ao eixo zn-1). De fato, não existe a junta n+1, e assim zn não é definido e pode ser arbitrariamente escolhido. o Quando dois eixos consecutivos são paralelos, a normal comum entre eles não é definida unicamente. o Quando dois eixos consecutivos interceptam-se, a direção de xi é arbitrária. o Quando a junta i é do tipo prismática, apenas a direção do eixo zi-1 é determinada. Em todos estes casos, a indeterminação pode ser explorada de forma a simplificar o procedimento; por exemplo, fazendo com que eixos de sistemas de coordenadas subseqüentes tornem-se paralelos. Uma vez que os sistemas de coordenadas dos elos estejam estabelecidos, a posição e a orientação do sistema i com respeito ao sistema i-1 são especificadas pelos seguintes parâmetros: ai distância entre Oi e Oi’, di coordenada de Oi’ao longo de zi-1, αi ângulo entre os eixos zi-1 e zi em torno do eixo xi a ser tomado positivo quando a rotação é feita no sentido anti-horário, νi ângulo entre os eixos xi-1 e xi, em torno do eixo zi-1 a ser tomado positivo quando a rotação é feita no sentido anti-horário. Dois dos quatro parâmetros (ai e αi) são sempreconstantes e dependem apenas da geometria da conexão entre as juntas consecutivas estabelecidas pelo elo i. Para os dois parâmetros restantes, apenas um é variável dependendo do tipo de junta que conecta os elos i-1 e i. Em particular: � se a junta i é do tipo revolução a variável é νi, � se a junta i é do tipo prismática a variável di, Neste ponto, é possível expressar a transformação coordenada entre o sistema de referência i e o sistema de referência i-1 de acordo com os seguintes passos: 40 � Escolha um sistema de referência alinhado com o sistema de referência i-1. � Translade o sistema de referência escolhido por di ao longo do eixo zi-1 e rotacione-o de νi em torno do eixo zi-1; esta seqüência alinha o sistema de referência corrente com o sistema de referência i’ e é descrito pela seguinte matriz de transformação homogênea: 1000 100 00 00 1 ' i ii ii i i d cs sc A υυ υυ − = − � Translade o sistema de referência alinhado com o sistema de referência alinhado com o sistema de referência i’ pela distância ai ao longo do eixo xi’ e rotacione-o pelo ângulo αi em torno do eixo xi’; esta seqüência alinha o sistema de referência corrente com o sistema de referência i e é descrito pela matriz de transformação homogênea: 1000 00 00 001 ' ii i i i i cs sc A i αα αα α − = � A transformação de coordenadas resultante é obtida pela pós-multiplicação das transformações simples como: 1000 0 )( '1' 1 iii iiiiiii iiiiiii i i i ii i i dcs sascccs casscsc AAqA αα υαυαυυ υαυαυυ − − == −− Observe que a matriz de transformação do sistema de referência i para o sistema de referência i-1 é uma função apenas da variável de junta i, isto é, νi para junta de revolução ou di para junta prismática. A convenção de Denavit-Hartenberg permite construir a função de cinemática direta pela composição das transformações de coordenadas diretas expressa pela equação anterior dentro de um matriz de transformação homogênea. Uma vez definido o sistema de referência para cada elo, a transformação de coordenada que descreve a posição e orientação do sistema de referência n em relação ao sistema de referência da base é dada por: )()...()()( 12 1 21 0 1 0 n n nn qAqAqAqT − = Como esperado, o cômputo da função de cinemática direta é recursiva e é obtida de uma maneira sistemática pelo simples produto de contribuições de cada grau de 41 mobilidade. Este procedimento pode ser aplicado em qualquer cadeia cinemática aberta e pode ser facilmente reescrito em uma operação formal como: 1. Encontre e numere consecutivamente os eixos de junta; estabelecendo a direção dos eixos z0, z1, ...,zn-1. 2. Escolha o sistema de referência de base pela alocação da origem no eixo z0; os eixos x0 e y0 são escolhidos de forma a obter um sistema de referência baseado na regra da mão direita. Execute os passos 3 a 5 para i=1,...,n-1: 3. Localize a origem Oi na interseção de zi com a normal comum aos eixos zi-1 e zi. Se os eixos zi-1 e zi são paralelos e a junta i é do tipo revolução, então localize Oi tal que di=0; mas, se a junta i é do tipo prismática, localize Oi na posição de referência para a faixa da junta, isto é, no limite mecânico. 4. Escolha o eixo xi ao longo da normal comum aos eixos zi-1 e zi, com direção da junta i para a junta i+1. 5. Escolha o eixo yi de forma a obter um sistema de referência baseado na regra da mão direita. Para completar: 6. Escolha o último sistema de referência n com eixo xn normal ao eixo zn-1; se a junta n é do tipo revolução, então alinhe zn com a direção zn-1. 7. Para i=1,..,n monte a tabela de parâmetros ai, di, αi e νi. 8. Com base nos parâmetros de 7, obtenha as matrizes de transformação homogênea Aii-1(qi) para i=1,...,n. 9. Obtenha a função de cinemática direta Tn0 = A10...Ann-1 que leva a posição e orientação do sistema de referência n com respeito ao sistema de referência de base. 42 Cinemática da Estrutura de Manipuladores Típicos c.1) Braço Plano com Três Elos Figura 4.9 – Braço plano com três elos Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 a1 0 0 υ1 2 a2 0 0 υ2 3 a3 0 0 υ3 Cinemática Direta: ++ ++− = 1000 0100 0 0 )( 123312211123123 123312211123123 0 3 sasasacs cacacasc qT 43 c.2) Braço Esférico Figura 4.10 – Braço esférico Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 0 - π/2 0 υ1 2 0 π/2 d2 υ2 3 0 0 d3 0 Cinemática Direta: − + −− = 1000 0 )( 3222 2132121121 2132121121 0 3 dccs dcdssssccs dsdscscscc qT 44 c.3) Braço Articulado Figura 4.11 – Braço articulado Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 0 π/2 0 υ1 2 a2 0 0 υ2 3 a3 0 0 υ3 Cinemática Direta: + +−− +− = 1000 0 )( )( )( 233222323 2332211231231 2332211231231 0 3 sasacs cacascsscs cacacssccc qT 45 c.4) Punho Esférico Figura 4.12 – Punho esférico Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 0 - π/2 0 υ4 2 0 π/2 0 υ5 3 0 0 d6 υ6 Cinemática Direta: − +−+ −−− = 1000 )( 6556565 654546465464654 654546465464654 3 6 dccsscs dssssccscsscccs dscscsssccssccc qT 46 c.5) Manipulador de Stanford 47 Figura 4.13 – Manipulador de Stanford Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 0 - π/2 0 υ1 2 0 π/2 d2 υ2 3 0 0 d3 0 4 0 - π/2 0 υ4 5 0 π/2 0 υ5 6 0 0 d6 υ6 Cinemática Direta: = 1000 )(06 oooo pasn qT onde: −−− ++−− +−−− = 652646542 6465416526465421 6465416526465421 0 )( )())(( )())(( cscsscccs scccsccssssccccs scccsscssssccccc n ++ +−+++− +−−++− = 652646542 6465416526465421 6465416526465421 0 )( )())(( )())(( ssccssccs ccscscssscsscccs ccscssssscsscccc s +− ++ −+ = 52542 541525421 541525421 0 )( )( ccscs ssccssccs ssscssccc a +−+ ++++ −++− = 65254232 654152542121321 654152542121321 0 )( ))(( ))(( dccscsdc dssccssccsdcdss dssscsscccdsdsc p 48 c.6) Braço Articulado com Punho Esférico Figura 4.14– Braço articulado com punho esférico Parâmetros de Denavit-Hartenberg Link ai αi di υI 1 0 π/2 0 υ1 2 a2 0 0 υ2 3 0 π/2 0 υ3 4 0 - π/2 d4 υ4 5 0 π/2 0 υ5 6 0 0 d6 υ6 Cinemática Direta: = 1000 )(06 oooo pasn qT onde: +− +−−− ++−− = 65236465423 646541652364654231 646541652364654231 0 )( )())(( )())(( cscsscccs scccsccssssccccs scccsscssssccccc n −+− +−−++− +−+++− = 65236465423 646541652364654231 646541652364654231 0 )( )())(( )())(( ssccssccs scscscssscsscccs scscssssscsscccc s − −+ ++ = 5235423 54152354231 54152354231 0 )( )( ccscs ssccssccs ssscssccc a
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