Buscar

DIREITO PENAL IV PAULO TEOTONIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 163 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 163 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 163 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL IV- UNAERP 
PROF. Paulo José Freire Teotônio 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
2 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
 
UNIDADE I- DO LENOCINIO E DO TRAFICO DE PESSOAS ..................................................................... 4 
1. MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM ............................................................................................ 4 
2. FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO ............................................................................................................... 6 
3. CASA DE PROSTITUIÇÃO .................................................................................................................................. 9 
4. RUFIANISMO ................................................................................................................................................. 11 
5. TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS .......................................................................................................... 13 
6. TRÁFICO INTERNO DE PESSOAS ...................................................................................................................... 16 
UNIDADE II – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PÚDOR .................................................................................. 20 
7. ATO OBSCENO .............................................................................................................................................. 20 
8. ESCRITO OBSCENO ........................................................................................................................................ 22 
UNIDADE III – CRIMES CONTRA A FAMILIA............................................................................................... 25 
9. BIGAMIA ...................................................................................................................................................... 25 
10. ABANDONO MATERIAL ................................................................................................................................. 26 
11. ABANDONO INTELECTUAL ............................................................................................................................ 29 
UNIDADE IV – CRIMES CONTRA A SAÚDE PUBLICA............................................................................ 32 
12. EPIDEMIA ..................................................................................................................................................... 32 
13. INFRAÇÃO DE MEDIDA SANITÁRIA PREVENTIVA ............................................................................................. 35 
14. OMISSÃO DE NOTIFICAÇÃO DE DOENÇA ....................................................................................................... 36 
15. EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA, ARTE DENTÁRIA OU FARMACÊUTICA ...................................................... 37 
16. CHARLATANISMO ......................................................................................................................................... 39 
17. CURANDEISMO ............................................................................................................................................. 41 
UNIDADE V- CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA ..................................................................................... 47 
18. INCITAÇÃO AO CRIME .................................................................................................................................. 47 
19. APOLOGIA AO CRIME ................................................................................................................................... 52 
20. QUADRILHA OU BANDO ............................................................................................................................... 55 
21. CONSTITUIÇÃO DE MILICIA PRIVADA ........................................................................................................... 60 
UNIDADE VI - DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA ............................................................................ 63 
22. MOEDA FALSA ............................................................................................................................................. 63 
23. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO ..................................................................................................... 70 
24. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR ............................................................................................... 74 
25. FALSIDADE IDEOLÓGICA ............................................................................................................................... 77 
26. FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMAS OU LETRAS ........................................................................................ 81 
27. CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO ................................................................................... 82 
28. FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO .............................................................................................................. 83 
29. USO DE DOCUMENTO FALSO – FORÇADO ...................................................................................................... 84 
30. SUPRESSÃO DE DOCUMENTO ........................................................................................................................ 85 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
3 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
31. FALSA IDENTIDADE ...................................................................................................................................... 87 
32. ADULTERAÇÃO DE SINAL DE IDENTIFICADOR DE VEICULO AUTOMOTOR ...................................................... 88 
33. ART 311-A CÓDIGO PENAL – FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PUBLICO ............................................ 89 
UNIDADE VII – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ...................................................... 97 
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONARIOS CONTRA A ADMINISTRAÇAO .................................. 97 
34. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO .......................................................................................................... 97 
35. PECULATO .................................................................................................................................................... 99 
36. CONCUSSÃO ............................................................................................................................................... 106 
37. EXCESSO DE EXAÇÃO ............................................................................................................................... 109 
38. CORRUPÇÃO PASSIVA ................................................................................................................................. 112 
39. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO ................................................................................... 115 
40. PREVARICAÇÃO .......................................................................................................................................... 117 
41. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA ................................................................................................................. 120 
42. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA ................................................................................................................... 122 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..... 123 
43. RESISTÊNCIA .............................................................................................................................................. 123 
44.DESOBEDIÊNCIA ......................................................................................................................................... 125 
45. DESACATO ................................................................................................................................................. 127 
46. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA ............................................................................................................................ 129 
47. CORRUPÇÃO ATIVA .................................................................................................................................... 132 
48. CONTRABANDO OU DESCAMINHO ............................................................................................................... 134 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA .................................................................. 134 
49. DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA ........................................................................................................................ 134 
50. COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU DE CONTRAVENÇÃO ......................................................................... 136 
51. AUTO- ACUSAÇÃO FALSA ........................................................................................................................... 138 
52. FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA .................................................................................................... 139 
53. COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO ............................................................................................................ 143 
54. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZOES ......................................................................................... 145 
55. FAVORECIMENTO PESSOAL ......................................................................................................................... 147 
56. FAVORECIMENTO REAL .............................................................................................................................. 148 
57. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER .......................................................................................... 150 
58. FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA A MEDIDA DE SEGURANÇA ...................................................... 152 
59. EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA .................................................................................... 154 
60. ARREBATAMENTO DE PRESO ...................................................................................................................... 156 
61. MOTIM DE PRESOS ..................................................................................................................................... 157 
62. PATROCÍNIO INFIEL .................................................................................................................................... 158 
63. PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO ....................................................................................... 160 
64. SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR ........................................................................................... 161 
65. EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO ....................................................................................................................... 162 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
4 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
UNIDADE I- DO LENOCINIO E DO TRAFICO DE PESSOAS 
 
Lenocínio é uma prática criminosa que consiste em explorar, estimular ou facilitar a 
prostituição sob qualquer forma ou aspecto, havendo ou não mediação direta ou intuito de 
lucro. 
O lenocínio compreende toda ação que visa a facilitar ou promover a prática de atos de 
libidinagem ou a prostituição de outras pessoas, ou dela tirar proveito, que é um grave 
problema social. 
O crime de lenocínio não pune a própria prática da prostituição, mas sim toda conduta 
que incentiva, favorece e facilita tal prática, com intenção lucrativa ou profissionalmente 
(conhecido juridicamente como lenocínio questuário). 
Quando há mediação no lenocínio, esta é chamada de cafetinagem, ou seja, é feita por 
um sujeito apelidado de “cafetão”, que é um agente para as prostitutas, responsável por recolher 
parte dos seus lucros em troca de serviços de publicidade, proteção física, ou para fornecer um 
local onde elas possam “atender” seus clientes. 
A relação cafetão x prostituta pode ser abusiva, sendo baseada em técnicas de 
intimidação psicológica, manipulação, força física e agressão sexual para controlar as 
prostitutas (ou garotos de programa). 
Este crime está tipificado no artigo 227 ao 230 do Código Penal Brasileiro. 
1. Mediação para servir a lascívia de outrem 
Art. 227 CP: "Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena Reclusão, de um 
a três anos." 
 
A mediação é o ato que pode vir a fomentar o desejo de alguém se prostituir. No art. 
218 o núcleo é induzir. A vítima é um menor de 14 anos, enquanto “outrem” é pessoa incerta e 
indeterminada. Então, nos dois artigos referidos, não há o requisito prostituição, em que pese 
ser uma figura de lenocínio. 
 
Bem jurídico: A moralidade na vida sexual e, na forma qualificada, também a 
liberdade sexual e a liberdade sexual 
 
Sujeito Ativo: Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem (o prazer sexual de 
alguém); 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
5 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
 Sujeito Passivo: Qualquer pessoa que colabore com a ação do agente; 
 
 Tipo Objetivo: Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem (o prazer sexual de 
alguém); 
 Tipo Subjetivo: O dolo, com o fim de satisfazer a luxúria ou o prazer sexual de 
terceiro; Inexistindo modalidade culposa. “Para satisfazer a lascívia de outrem” = com fins de 
satisfazer = dolo específico. O dolo aqui é necessário. A lascívia não precisa ser satisfeita, mas 
o intuito de satisfazê-la é suficiente. Quem pratica o crime não tem nenhum encontro sexual 
com a vítima. O encontro que o autor tem com a vítima é para induzir, não para se favorecer. 
 
Consumação: Quando houver a satisfação da lascívia. 
Tentativa: A tentativa é admissível. 
Sem induzimento, não há crime. Por que não? Pois aí estaremos dentro da esfera da 
liberdade sexual da pessoa. Isso na mediação. O induzimento é o núcleo; sem induzimento, 
caímos no puro exercício da liberdade sexual. 
 
Figuras Qualificadas: 
a) Se a vítima for menor de 18 anos e maior de 14 anos; O legislador incluiu aqui no art. 
218 uma figura equiparada ao lenocínio, pois se assemelha ao art. 227. 
Art. 218 CP “Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de 
outrem”. 
 
b) Se o agente for ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou 
curador ou pessoa que cuide da educação, tratamento ou guarda da vítima; 
c) Se o crime for cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude; 
d) Se o crime for cometido com intuito de lucro, aplica-se também a pena de multa. 
 
Concurso De Pessoas: Na hipótese de participação apenas secundária ou acessória em 
outro delito queima de 48 horas de dignidade sexual. 
No caso do induzimento de pessoa maior de 14 anos, deve-se provar que houve o 
induzimento. No art. 227, dever-se-á comprovar a vontade da vítima de satisfazer a lascívia de 
outrem. Mas essa vontade é derivada do induzimento. 
E os outros vulneráveis? Quem são? Os que não podem oferecer resistência ou que 
tenham debilidade mental a ponto de não compreenderem o que praticam. Note que não existe 
essa figura aqui. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP6 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Mas, em relação à idade, veja o que ocorre no art. 227: 
Art. 227 CP § 1º: “§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) 
anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, 
tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de 
tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco anos." 
 
E, em relação aos outros vulneráveis, só haverá a previsão para a ocorrência de 
violência real ou fraude. Não haverá agravação da pena, pois o alienado mental, por exemplo, 
na melhor das hipóteses só poderá ser enquadrado no caput. 
Art. 218-A. CP “Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou 
induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer 
lascívia própria ou de outrem: 
“Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” 
 
Este era o antigo crime de corrupção de menores. Era o antigo art. 218, bem como trazia 
a Lei 2252/54. 
Induzi-lo a presenciar ato de libidinagem. O que é? Qualquer ato sexual. Pode ser 
conjunção carnal, ou qualquer outro ato libidinoso. É uma figura parecida com a antiga 
corrupção de menores. O que mudou? É que além do presenciar/induzir a presenciar, hoje o 
crime não mais se chama corrupção de menores, e não temos mais o art. 218, que foi revogado 
pela Lei 12015. A Lei 2252 previa outra figura de corrupção de menores, que era para a prática 
de atos infracionais, ou seja, para infrações penais, norma que também foi revogada. 
 Essas duas figuras foram parar no Estatuto da Criança e do Adolescente. Aqui no 
Código Penal o crime se chama de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou 
adolescente. 
Mas o sujeito passivo é quem mesmo? Quem é a vítima? Não é criança ou adolescente 
como o ECA. É menor de 14. Então cuidado com isso. São todas as crianças, mas não todos os 
adolescentes; são somente os que tenham 12 ou 13 anos. Muito cuidado. 
Grifem ato de libidinagem em suas anotações. Não é conjunção carnal ou somente 
outros atos libidinosos. Não exige contato físico, pois a norma fala em presenciar. Ato de 
libidinagem não inclui filmes, mas presenciar o ato sexual. Até aqui temos crimes sexuais 
contra vulneráveis, e precisavam de contato físico (até o art. 218). O art. 218-A dispensa o 
contato físico com a vítima. 
2. Favorecimento da prostituição 
Art. 228 CP: "Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: Pena - reclusão, de 
2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. [...]" 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
7 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Prostituição é o comércio habitual do próprio corpo, exercido por qualquer pessoa 
(homem ou mulher), em que estes se prestam à satisfação sexual de indeterminado número de 
pessoas, em troca de pagamento não somente monetário, mas também por meio de bens e 
serviços. A reiteração do comércio sexual é imprescindível, pois, trata-se de atividade 
necessariamente habitual. Pressupõe o contato físico entre as pessoas envolvidas na atividade 
sexual (conjunção carnal, sexo oral, sexo anal, masturbação etc.). A prostituição em si mesma, 
embora seja um ato considerado imoral, não é crime, somente a exploração do lenocínio por 
terceiros constitui ilícito penal. 
 
Objetivo Jurídico: a dignidade e a liberdade sexual 
Objeto Material: o menor de dezoito anos ou que, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento para optar pela prostituição. 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, homem ou mulher 
Sujeito Passivo: Qualquer pessoa não menor de 18 anos, homem ou mulher, capaz de 
entender o ato que pratica, no momento da ação praticada. 
 
 Tipo Objetivo: Induzir, atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone. O favorecimento pode ocorrer 
por ação ou omissão. Esta última, no caso de o agente, que possua o dever jurídico de impedir 
que a vítima ingresse na prostituição, nada fazer e aderir à sua conduta; 
 
Tipo Subjetivo: O dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de induzir, atrair, facilitar, 
impedir ou dificultar, com o fim de satisfazer a luxúria ou o prazer sexual de terceiro; 
 
Consumação: Nas modalidades induzir, atrair e facilitar, o delito se consuma no 
momento em que a vítima passa a se dedicar à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, colocando-se, de forma constante, à disposição dos clientes, ainda que não tenha 
atendido nenhum. A consumação se prolonga no tempo, enquanto a vítima estiver impedida ou 
sofrendo embaraços para abandonar a prostituição. 
 Já na modalidade de impedir ou dificultar o abandono da exploração sexual, o crime se 
consuma no momento em que a vítima delibera por deixar a atividade e o agente obsta esse 
intento, protraindo a consumação durante todo o período. 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
8 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Tentativa: Há quem considere que a tentativa é admissível e quem não sustente que 
não cabe tentativa nas formas induzir e atrair, pois o crime depende da efetiva ocorrência da 
prostituição. A tentativa é possível por se tratar de crime plurissubsistente (costuma se realizar 
por meio de vários atos), permitindo o fracionamento do iter criminis. 
 
Elementar Do Tipo: Crime doloso (não há previsão de modalidade culposa), 
transeunte (praticado de forma que não deixa vestígios, não havendo necessidade, em regra, de 
prova pericial. 
 
Figuras Qualificadas: 
a) Se o agente for ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge ou 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por 
lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) Se o crime for cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude; 
c) Se o crime for cometido com intuito de lucro. Quem se favorece da prostituição, 
induz, atrai, facilita ou dificulta o abandono. Com ou sem fim lucrativo. Se houver o intuito de 
lucro, haverá rufianismo também. 
Exemplo: aquele que trabalha numa agência captando meninas para uma escola de 
modelos que não existe. Na verdade, é uma casa de prostituição. Ganha para isso, mas não sabe 
o destino físico, apesar de saber o que acontecerá. 
Art. 218-B CP: “(Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
de vulnerável) Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de 
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-
la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.” 
 
Compare os dois artigos agora. Vejam que aqui temos uma espécie maior de 
vulneráveis, de sujeitos passivos. No art. 228 não se trata apenas dos vulneráveis. No 218-B 
trata-se por vulnerável aquele que tem menos de 18 anos. Sempre fique atento na redação dos 
tipos penais para não se enrolar. Cuidado hein! Até então os vulneráveis eram os menores de 
14, deficientes mentais, os que não tinham discernimento e não poderiam oferecer resistência. 
Agora é tudo isso, com a exceção de que não é mais o menor de 14 anos, mas sim o menor de 
18 anos. 
Regra geral: art. 228. Regra especial: art. 218-B. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
9 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também 
multa. Se efetivamentese favorece da prostituição alheia e se sustenta disso, há concurso 
material com rufianismo. 
Como comprovar que o sujeito se sustenta de rufianismo? Vendo como ele paga as 
contas, se ele trabalha, onde ele passa o tempo. Se o marido deixa a mulher se prostituir e não 
objeta, ele pode ou não ser rufião. Se o que entra em casa é para o sustento dele, ele é rufião. 
Se houver concurso de pessoas, aplica-se também o art. 69, o que será levado em conta 
na dosimetria. 
 
3. Casa de prostituição 
§ 2º do art. 218-B: “Incorre nas mesmas penas: 
 I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as 
práticas referidas no caput deste artigo.” 
 
Objeto Jurídico: A moralidade pública sexual 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, lembrando, porem que não pratica o crime a prostituta 
que mantém lugar para explorar, ela própria e sozinha, seu comércio carnal. 
Sujeito Passivo: A pessoa explorada sexualmente e, mais remotamente, a coletividade. 
 
Tipo Objetivo: O verbo manter (sustentar, prover, conservar). Manter, por conta 
própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja ou não intuito de 
lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente. 
É indiferente que o proprietário do local ali compareça, já que o tipo não pune a conduta 
daquele que participa da exploração sexual, no local a ela destinada ou em qualquer outro. 
 
Tipo Sujeito: O dolo consistente na vontade consciente de manter estabelecimento em 
que ocorre exploração sexual. 
 
Consumação: Consuma-se o crime com a manutenção do estabelecimento, pois se trata 
de crime habitual. Por essa razão, não admite tentativa; 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
10 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Isso é uma grande Novidade. Por quê? Quem é que vai ser punido aqui? A prostituição 
não está sendo favorecida, mas o ato sexual com menor de 18 anos está sendo praticado. 
Veja que aqui temos dois detalhes importantes: a pessoa não favorece a prostituição 
porque tem que ser um ato habitual. Aqui, o legislador quis incluir a conduta do cliente. Não 
havia crime antes, só estupro, na pior das hipóteses. Quem contrata o serviço de prostituição, 
pagando ou não, responde pelo crime na forma equiparada do § 2º. Quem pratica ato sexual 
também pratica o crime de favorecimento, como figura equiparada. 
Até hoje não tínhamos, no Direito Brasileiro, a figura do cliente da prostituição. Havia 
somente a possibilidade de ele responder por estupro ou atentado violento ao pudor, desde que 
comprovadas as elementares 
Aqui, o vulnerável foi colocado não como o menor de 14 anos, mas o que tem entre 14 
e 18. O Código Penal, como falamos antes, tinha essas duas categorias: o menor de 14, que, 
caso praticasse ato sexual com alguém, o legislador presumia a ocorrência de violência contra 
ele (a), e o "menor", que é o maior de 14 e menor de 18, que também é vulnerável, mas que 
tinha algum discernimento. Cuidado, então. 
*Menor é o maior de 14 e menor de 18. 
Nos crimes envolvendo prostituição, tem que haver dolo do cliente. Mas as presunções 
do legislador permitem também entender que houve dolo eventual. Professora entende que o 
legislador acabou com essa discussão, pois agora a presunção é absoluta. Será matéria de 
defesa, pois a princípio o crime está tipificado. 
Quanto às outras formas de vulnerabilidade, não se precisa ter uma demência tão 
profunda e imperceptível. Tem que ser algo que o homem médio observaria. 
Art. 218-B, § 2º, inciso II CP: “Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra 
forma de exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: 
 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as 
práticas referidas no caput deste artigo. [...]” 
 
O inciso I é a figura do cliente. Temos que ter uma cautela quanto a quem é considerado 
“menor”, que é o menor de 18 e maior de 14 anos. Os responsáveis pelo estabelecimento 
também responderão. Neste momento, importará a boa-fé: se tenho um apartamento, não moro 
na cidade e alugo para uma pessoa, e depois de meses descubro que o imóvel está sendo usado 
como casa de prostituição e promoção de encontros de natureza sexual, não responderei (talvez 
eu tenha uma dor de cabeça na delegacia, ao explicar a situação). Importa saber quem gerencia 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
11 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
a casa. E se ele mantém a casa e não estamos falando de uma pessoa que tenha menos de 18 
anos? Qual o crime? Casa de prostituição. Vale para quem tem a posse do espaço físico. Se 
houver vulneráveis, art. 218, se não tiver, art. 229. 
 
4. Rufianismo 
Art. 230 CP - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus 
lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é 
cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, 
tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei 
ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: (Redação dada pela 
Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
12.015, de 2009) 
 
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça fraude ou outro meio 
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada 
pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à 
violência. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 
Rufianismo: é Crime contra os costumes, consistente em tirar proveito da prostituição 
alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, 
por quem a exerça, consiste num modelo de lenocínio em que determinada pessoa vive de 
modo “parasita” as custas dos lucros obtidos pela prostituição de outrem (prostitutas ou garotos 
de programas). 
A expressão “tirar proveito” diz respeito à vantagem econômica, e não sexual, 
acontecendo quando o agente participa diretamente dos lucros do sujeito passivo ou se fazendo 
sustentar por quem a exerce, famosamente conhecido pelo termo “gigolô”, “cafetões” ou 
“cafetinas” (quando são mulheres). 
 
Bem Jurídico Tutelado: é a moralidade pública, ou seja, os bons costumes. 
 
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, logo, trata-se de crime comum. 
Sujeito Passivo: A pessoa que exerce a prostituição e, secundariamente, a coletividade. 
O crime pode ser praticado na forma de omissão imprópria, quando a agente é garantidor do 
sujeito passivo. 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
12 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
A ação penal nesta espécie de delito será sempre de natureza pública incondicionada. 
 
Consumação: A consumação ocorrerá com a prática reiterada de atos tendentes à 
obtenção de proveito ou de sustento por parte do rufião. 
Tentativa: Por se tratar de crime habitual, não se admite tentativa: Divergências 
ocorrem quando se trata da possibilidade de tentativa deste crime, prevalecendo, a não 
possibilidadede tentativa em crimes habituais. 
 
Tipo Objetivo: Tirar proveito e fazer-se sustentar, no todo ou em parte, pela 
prostituição alheia. Na primeira hipótese (rufianismo ativo), o rufião obtém vantagem 
diretamente dos lucros obtidos pela prostituta, embora deles não necessite para seu sustento. Já 
na segunda modalidade (rufianismo passivo), o agente participa indiretamente do proveito da 
prostituição, vivendo às custas da meretriz, recebendo dinheiro, alimentação, vestuário, 
moradia e outros benefícios de que necessita para a sua manutenção; 
 
Tipo Subjetivo: O dolo consistente na vontade de tirar proveito da prostituição alheia 
ou de fazer-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça. Não se exige qualquer 
finalidade especial por parte do sujeito ativo; 
Este crime está previsto no artigo 230 do Código Penal Brasileiro, sendo a pena de um a 
quatro anos de reclusão, mais o pagamento de multa, a ação penal nesta espécie de delito será 
sempre de natureza pública incondicionada. 
 
Forma qualificada: há a forma qualificada para o crime de rufianismo, prestando 
bastante atenção que, no caso da vítima ser menor de 18 anos e maior de 14, haverá a 
qualificação do delito. Obs.: E se a vítima for menor de 14 anos? Estaremos diante do crime de 
Estupro de Vulnerável, podendo o agente (rufião) figurar como partícipe do delito. 
 
 Art.230 CP §1° Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou 
se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem 
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009). 
 
§ 2º, Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça fraude ou outro meio 
que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada 
pela Lei nº 12.015, de 2009). 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
13 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
O rufião vem a utilizar de violência ou grave ameaça, a fim de ter participação dos 
lucros da prostituta. É o caso mais comum na prática, quando o autor impõe “medo” à vítima a 
fim de receber parte da quantia adquirida, e também oferece em troca proteção à prostituta. 
Temos, nos § 3º tanto do art. 227 quanto do 228, a previsão de pena de multa para os 
crimes de lenocínio e outras formas de exploração sexual. Com exceção do crime de 
rufianismo, que não existe contra vulnerável, todas as outras figuras podem ter um acréscimo 
de multa em razão do fim econômico querido pelo agente. Temos que lembrar que prostituição 
para os efeitos penais não tem fim lucrativo. Para quem explora, pode ou não haver intuito de 
lucro. Quem se sustenta da prostituição alheia também pratica o crime de rufianismo. Daí 
temos a possibilidade de crime de rufianismo. 
 
5. Tráfico internacional de pessoas 
Art. 231 CP. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém 
que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a 
saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. (Redação dada pela Lei nº 12.015, 
de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 
2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
 
§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar aliciar ou comprar a pessoa 
traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la 
ou alojá-la. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 
13.344, de 2016) (Vigência) 
 
§ 2o A pena é aumentada da metade se: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato; (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
(Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou (Incluído 
pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. (Incluído pela Lei nº 12.015, 
de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) 
 
§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) (Revogado pela Lei nº 13.344, 
de 2016) (Vigência) 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
14 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
O tráfico de pessoas é uma prática criminosa mundial e sem fronteiras. É uma espécie 
de máfia altamente rentável, movimentando bilhões de dólares por ano em todo o mundo, 
chegando a atingir milhões de pessoas, forçadas a trabalhos escravos e sexuais. 
 
Bem Jurídico Tutelado: é a liberdade (dignidade) sexual, sendo punido o tráfico para 
exploração sexual de criança, adolescente, adulto e idoso. 
 
Sujeito Ativo: pode figurar qualquer pessoa, tratando-se de crime comum. 
Sujeito Passivo: pode ser qualquer pessoa (corrente majoritária). A pessoa que exerce a 
prostituição ou que é sexualmente explorada (corrente minoritária) que entendia que apenas a 
prostituta poderia figurar no pólo passivo, porém não é a que prevalece e, secundariamente, a 
coletividade. 
 
Tipo Objetivo: Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que 
nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém 
que vá exercê-la no estrangeiro. O § 1º estabelece que incorram nas mesmas penas aquele que 
agenciar (servir de agente ou intermediário), aliciar (atrair) o u comprar a pessoa traficada, 
assim como, tendo o conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. A 
pena será aumentada de metade se houver emprego de violência, grave ameaça ou fraude (§2º, 
IV); 
 
Tipo Subjetivo: O dolo, com a finalidade especial por parte do sujeito ativo de 
promover a prostituição da pessoa que fez ingressar ou sair do país. Nas formas equiparadas, 
transportar, transferir e alojar a vítima traficada deve o agente ter conhecimento de sua 
condição. Se o crime for cometido também com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também a multa (§3º); 
Qual é a teoria da ubiqüidade? Aplica-se a lei brasileira independente de onde ele 
estiver, desde que dentro do território brasileiro. Aqui dentro só será discutida a competência 
para julgar o crime. Temos alguns preceitos de Direito Processual Penal, como a prevenção do 
juízo, que deverão ser levados em conta. O complicador só existe quando há 
extraterritorialidade. Quem efetivamente investigará é a Polícia Federal e pedirá auxilio à 
Interpol. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
15 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Aquele que aloja: suponhamos que uma pessoa que praticou tráfico de pessoas liga para 
um amigo dizendo que não conseguiu cama para as amigas, na verdade, prostitutas. Não há o 
condicionamento a lucro ou a resultado. O terceiro de boa-fé não responderá. 
Não existe o crime de tráfico de pessoas a título de culpa. O dolo eventual pode ficar 
evidente em alguns casos. 
Diga que o crime ocorreu entre Brasil e Itália. Mas imagine que ele passe pelo espaço 
aéreo deMarrocos. Pode o espaço aéreo marroquino ser considerado lugar do crime? Não, pois 
não é ali o destino do crime, e não foi onde começou, e também por causa do direito de 
passagem inocente. Considera-se espaço do crime o local onde se produziu a ação ou 
resultado. 
Todavia nada disso importa para a caracterização do crime: saiu do território brasileiro? 
Já consumou. Saiu do território de um Estado estrangeiro? Consumou. A passagem inocente é 
um tratado em que uma aeronave, que esteja em espaço aéreo de um outro Estado, se ali não 
era a intenção de se realizar o resultado do crime, este não será punível à luz do ordenamento 
daquele lugar. 
Diferente é o caso do tráfico de drogas: se a aeronave sobrevoar o espaço a brasileiro, 
não se identificar e houver indícios de que o avião está traficando, o abate é autorizado. 
 
Consumação: ocorrerá com a entrada ou saída da pessoa do território nacional, 
dispensando-se que pratique algum ato fruto de exploração sexual. Quando falamos da 
consumação deste delito, existindo a corrente que defende a consumação quando da entrada ou 
saída da vítima do território nacional, dispensando que esta venha a ser explorada sexualmente. 
(majoritária). Há uma segunda corrente entendendo que o delito apenas se consuma quando a 
vítima vem a praticar algum ato típico da prostituição, caso contrário ocorreria apenas a sua 
tentativa. 
Tentativa: é admissível em qualquer das formas previstas; 
 
A ação penal é pública incondicionada e sua competência para julgar é da Justiça 
Federal, conforme o Art. 109, V, da Constituição Federal. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos teve como suas principais preocupações 
à positivação internacional dos direitos mínimos dos seres humanos, complementando assim os 
propósitos das Nações Unidas de proteção aos direitos humanos, é tida como um dos principais 
instrumentos normativos de enfrentamento ao tráfico de pessoas, juntamente com outros 
tratados, convenções e pactos. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
16 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
No que tange ao tráfico de pessoas, a Declaração em seu art. 4º, faz menção que: 
 
Art. 4º “Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de 
escravos serão proibidos em todas as suas formas”. 
 
Hoje em dia o crime existe em quase todos os países e por força da Convenção de 
Palermo e seus protocolos adicionais são, antes de tudo, vários tratados que visam o combate 
ao crime organizado transacional. Existe uma grande necessidade de que se conjugue o referido 
instrumento aos vários tratados de direitos humanos, isso porque a Convenção surgiu vinculada 
a um tratado que trata da repressão ao crime organizado internacional. 
O Protocolo de Palermo, em seu art. 3º, define tráfico de pessoas como sendo: 
Art. 3º [...] o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o 
acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de 
coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de 
vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o 
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de 
exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de 
outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, 
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos. 
 
A referida alteração no dispositivo legal veio com o intuito de atender a nova idéia que 
surgia, de que não somente mulheres podem ser acometidas como vítimas desse crime. O 
dispositivo anterior tratava como vítima somente mulheres, pois não se imaginava que homens 
poderiam exercer a prostituição. Entretanto, com a evolução do crime, também se tornou 
necessário proteger o sexo masculino como sendo vítimas desse crime, pois a falta de proteção 
viria a ofender os princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade. 
Os traficantes, agentes do crime de tráfico, cometem crimes graves ao traficar, 
especialmente no local de trabalho ou no local onde a vítima é mantida sob trabalhos forçados, 
servidão ou tratamento de modo escravo. Dentre os crimes cometidos, cita-se: agressão, 
espancamento, estupro, tortura, abdução, venda de seres humanos, cárcere privado, homicídio, 
negligência dos direitos trabalhistas, fraude, entre outros. 
 
6. Tráfico interno de pessoas 
Art. 231-A CP. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território 
nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
 
 § 1o. Incorre na mesma pena aquele que agenciar aliciar, vender ou comprar a 
pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, 
transferi-la ou alojá-la. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
17 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
 
§ 2o. A pena é aumentada da metade se: 
 I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
 II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato; 
 III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
 IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
 
 § 3o. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
 
Bem Jurídico: Moralidade sexual e a liberdade sexual 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa seja como promotor do tráfico de pessoas seja como 
consumidor; 
Sujeito Passivo: A pessoa que exerce a prostituição ou que é sexualmente explorada e, 
secundariamente, a coletividade; 
 
Tipo Objetivo: Promover e facilitar o deslocamento de pessoa dentro do território para 
o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual. Incorrem nas mesmas penas 
aquele que agenciar aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo o conhecimento 
dessa condição, transportá- la, transferi- la ou alojá-la. 
As condutas incriminadoras não dizem respeito à pessoa que vai exercer a prostituição, 
mas a alguém que, dolosamente, promove intermedia ou facilita seu recrutamento, transporte, 
transferência, alojamento ou acolhimento. 
São três as condutas incriminadoras: Promover, intermediar ou facilitar, no território 
nacional, o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou o acolhimento de pessoa que 
venha exercer a prostituição. 
Promover é dirigir a realização. É organizar a execução. 
Intermediar é colocar-se na posição intermediária entre outro agente e a pessoa. 
Identifica-se com a negociação dos interesses do promotor e os da pessoa que irá exercer 
a prostituição. Nessa modalidade, indispensável a co-autoria, pois outro agente 
necessariamente estará promovendo. Ou seja, para haver intermediação é indispensável 
que haja um promotor. 
Facilitar é, de qualquer modo, auxiliar, contribuir para que fique mais fácil a 
realização do tipo. É vencer dificuldades, romper obstáculos, eliminar empecilhos. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
18 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
A pena será aumentada à metade, se houver emprego de violência, grave ameaça ou 
fraude; 
 
Tipo Subjetivo: O dolo, com o especial fim de promover a prostituição da pessoa em 
território nacional. Nas formas equiparadas, deve o agente ter conhecimentode sua condição; 
É crime doloso. O agente deve estar consciente da contribuição que dá para o 
recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento da pessoa, mas, 
principalmente, deve saber que ela irá exercer a prostituição. Se não sabe que a intenção da 
pessoa é o exercício da prostituição, o fato é atípico, por erro de tipo, excludente do dolo. 
 
Figura Equiparada : está no § 1º 
“Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa 
traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la 
ou alojá-la.” 
 
Consumação : Há crime consumado no momento em que é realizado o primeiro 
ato de recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento da pessoa. Será 
permanente enquanto durar o transporte da pessoa, bem assim a sua presença no 
alojamento ou no lugar onde tiver sido acolhida. 
Tentativa : Possível a tentativa quando, realizada a conduta, a pessoa não é 
transportada, transferida, alojada ou acolhida, por circunstâncias alheias à vontade do 
agente, inclusive quando ela, por sua própria vontade, resolve permanecer onde se encontra. 
 
Formas Qualificadas : O parágrafo único do art. 231-A determina seja aplicado, 
ao tráfico interno de pessoas, o disposto nos §§ 1° e 2° do art. 231. 
Assim, aplica-se a norma do § 1° do art. 227 que, com a redação da Lei n° 
11.106/2005, diz: 
 “Se a vítima é maior de 14 (catorze) anos e menor de 18 (dezoito) anos, ou se 
o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor 
ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de 
tratamento ou de guarda: 
Pena – reclusão, de 2(dois) a 5 (cinco) anos.” 
 
Qualifica o crime a menor idade da vítima ou uma das relações entre ela e o 
agente, referidas no preceito. 
Alcança os professores, educadores, diretores de estabelecimentos de ensino, de 
saúde, internatos, externatos, casas de internação de menores, enfim, pessoas que estejam 
exercendo um poder de autoridade, decorrente das relações de tratamento e guarda. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
19 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Estando o agente nas condições referidas na norma, merecerá maior reprovação pela 
violação decorrente do dever, legal ou jurídico, de proteger a vítima. 
A segunda forma qualificada cuida dos meios empregados pelo agente para realizar a 
conduta típica. Se usar violência, grave ameaça ou fraude, a pena será de reclusão de 
quatro a dez anos. 
Por violência física devem-se entender as lesões corporais, leves, graves ou 
gravíssimas e também as v ias d e fato. Grave ameaça é a promessa da causação de 
um mal importante. 
 
Causas de aumento: 
§ 2º: “A pena é aumentada da metade se: 
 I – a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II – a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato; 
III – se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV – há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.” 
 
Fraude é o engodo, o engano, o meio que o agente emprega para manter a vítima 
em erro ou levá-la a apreciar mal a realidade. Além da pena mais severa, o agente 
responderá, em concurso material, pelo crime contra a pessoa decorrente do emprego 
da violência – lesão corporal ou morte , a não ser quando tais resultados tenham derivado 
de culpa, caso em que incidirá o art. 223, aplicável também ao delito do art. 231-A, por força 
do que dispõe o art. 232. 
Assim, se o agente, ao realizar a conduta típica com violência, causa-lhe lesões 
corporais graves ou morte, por negligência, imprudência o u imperícia, sua pena será 
reclusão de oito a doze ou de doze a vinte e cinco anos, respectivamente 
Conclui-se que tanto o crime de tráfico internacional de pessoa quanto o tráfico interno 
deve merecer atenção das autoridades públicas bem assim de toda a sociedade brasileira. 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada. 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
20 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
UNIDADE II – DO ULTRAJE PÚBLICO AO PÚDOR 
7. Ato obsceno 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Ato obsceno: é o ato revestido de sexualidade e que fere o sentimento médio de pudor – 
ex.: exposição de órgãos sexuais, dos seios, das nádegas, prática de ato libidinoso em local 
público, micção voltada para a via pública com exposição do pênis, “trottoir” feito por travestis 
nus ou seminus nas ruas etc. 
Palavras e gestos obscenos: não caracteriza este crime, mas pode configurar “crime 
contra a honra” ou a contravenção penal de “importunação ofensiva ao pudor” 
 
 Ato Obsceno é crime formal e de perigo. Por que crime formal? O legislador descreve a 
conduta, descreve o resultado, mas não exige sua produção. 
 
Bem Jurídico: O pudor público; 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa 
Sujeito Passivo: A coletividade; 
 
Tipo Objetivo: Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público. 
Ato obsceno constitui uma conduta positiva do agente, com conteúdo sexual, atentatória ao 
pudor público, suscitando repugnância. 
É necessário que o ato seja visualizado para que eu possa falar em Ato Obsceno? Não! 
Basta a probabilidade de afetar Lógico: dogmaticamente, claro. Na prática, se ninguém ver, 
nada acontece (exemplo da Praça XV). 
Mas para se falar dogmaticamente no crime é necessário que alguém veja? Não, basta a 
probabilidade de ver. 
 
Local ermo: posso falar na probabilidade de visão? Para a jurisprudência não. Ou seja, 
tem que ser num local público que dê margem à visualização. Basta ser provável que alguém 
passando ali pudesse ver. 
 
Tipo Subjetivo: O dolo; teria que ser o de ferir o pudor médio. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
21 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Ex. Sujeito assaltado, andando nu, está com dolo de ferir o pudor coletivo? Evidente 
que não. 
 
Consumação : Consuma-se com a prática do ato obsceno, bastando a possibilidade de 
ser contemplado. 
Tentativa : É admissível a tentativa, embora de difícil ocorrência Com a prática do ato 
que fere a moralidade média. Precisa ter visualização? Não! Só precisa ter probabilidade de 
visualização. 
Ex: Sujeito é surpreendido quando ia tirar a jeba pra fora. O que seria mentalmente 
necessário pra dizermos que o sujeito queria pôr pra fora? Poderia estar dando uma coçadinha 
no saco. Sujeito abrindo a calça pode estar simplesmente arrumando a cinta; arejando; fazendo 
o sol bater pra matar um pouco de pereba. 
 
Tem que ter o potencial de ofender a moralidade média. Não precisa ser visualizado. 
Do ponto de vista dogmático seria possível (mas improvável na prática) quando o sujeito fosse 
impedido de realizar o ato. Quando seria possível então? Só quando ele falasse. “Vou mostrar 
meu pirulito pra vocês” e começa a descer a calça e alguém o impede. 
Na prática ninguém iria à polícia, pois foi evitado. 
O fato do cara andar nu na rua obrigatoriamente caracteriza Ato Obsceno?!Urinar na via pública é sempre Ato Obsceno também? Vai depender da circunstância. 
Urinar é satisfazer a necessidade fisiológica, mas existem formas: pode urinar escondido ou 
exibindo o órgão sexual. 
Se fosse filmado, com as imagens mostrando que você tentava ocultar, Erro de Tipo. 
Agora, tem gente que faz pra câmera. Vê a câmera do prédio, fica urinando, exibindo e dando 
tchau. Há dúvida de que ele quer afetar a moralidade pública? Nenhuma. 
Então a micção em público nem sempre é considerada ato de chocar a moralidade 
pública. Também a mesma coisa de andar nu, vide o exemplo do sujeito que bateu a cabeça no 
acidente de trânsito, rasgou a roupa e saiu correndo nu, mentalmente perturbado em virtude do 
acidente. 
Ou, por exemplo, durante o assalto. Uma pessoa andando na baixada por volta das 3h, o 
traveco vem com a faca nas costas e manda “Tira a roupa”. Ele sai correndo com suas coisas e 
logo chega a polícia. Posso falar em Ato Obsceno? Não. Qual a justificativa jurídica para o 
Ato? Motivo de Força Maior. O que esse motivo de Força Maior exclui?! Força Maior exclui 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
22 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
conduta? Onde eu enquadraria? Estou diante de uma excludente de ilicitude: Estado de 
Necessidade. 
Mesmo que não fosse excluída a ilicitude do fato poderia falar em excludente de 
culpabilidade? Não era exigível conduta diversa nessa circunstância. A pessoa não quis chocar. 
 
8. Escrito obsceno 
Escrito ou objeto obsceno 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de 
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa 
ou qualquer objeto obsceno: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos 
neste artigo; 
 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou 
exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que 
tenha o mesmo caráter; 
 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou 
recitação de caráter obsceno. 
 
 
Bem Jurídico: A proteção do pudor público; 
 
Sujeito Ativo: Qualquer pessoa; 
 Sujeito Passivo: A coletividade; 
 
Crime De Perigo Abstrato: o legislador presume o perigo; 
Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa; 
Crime De Ação Múltipla: o legislador descreve vários tipos de conduta. Se o sujeito 
realiza mais de uma entre as condutas alternativamente incriminadas, responde por crime único. 
 
Tipo Objetivo: Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de 
comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou 
qualquer objeto obsceno. 
 
Objeto Material: 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
23 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
a) Desenho obsceno; 
b) Escrito obsceno; 
c) Pintura obscena; 
d) Estampa obscena; 
e) Qualquer objeto obsceno 
 
Imprensa: Se cometido por meio de imprensa, o delito configurado não é o previsto no 
art. 234 do Código Penal, mas sim o do art. 17 da Lei de Imprensa. 5.250, de 9-2-1967). 
 
Dano Efetivo: É dispensável que o escrito, desenho etc. realmente ofendam o pudor 
público. Basta a possibilidade de dano. 
Da mesma maneira, responderá aquele que vende, distribui ou expõe à venda ou ao 
público qualquer dos objetos referidos acima. Ainda, quem realiza, em lugar público ou 
acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou 
qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter. Por fim, é punível aquele realiza, em 
lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno; 
 
Tipo Subjetivo: além do dolo e o elemento subjetivo consistente na finalidade de 
comercializar, distribuir ou expor ao público o objeto material do delito. Já se entendeu 
suficiente o dolo eventual. 
 
Consumação: Ocorre com a realização de qualquer das condutas. Não é necessário, 
para a consumação , que alguém tenha acesso ao escrito ou objeto obsceno, nem que o pudor 
público seja efetivamente atingido. Basta a possibilidade de que tal aconteça. 
Tentativa: É admissível a tentativa; 
 
Tipo Objetivo : do crime de escrito ou objeto obsceno, ele prevê vários verbos núcleos 
da conduta incriminada: 
a) fazer (fabricar/produzir); 
b) importar (fazer entrar, introduzir, no país); 
c) exportar (fazer sair para fora do país); 
d) adquirir (obter a qualquer título); 
e) ter sob sua guarda (guardar, possuir). 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
24 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
É importante que o verbo núcleo venha acompanhado do objeto do crime: 
a) escrito obsceno (grafia registrada); 
b) desenho obsceno (representação gráfica de coisas ou pessoas); 
c) pintura obscena (representação gráfica colorida de coisas ou pessoas), 
d) estampa obscena (gravura impressa, por chapa); d) qualquer objeto obsceno (filmes, 
fotografias, estátuas, internet, DVDs, etc.). 
 
E para a conduta ser passível de culpabilidade é preciso que seja destinado ao: 
a) comércio, 
b) distribuição 
c) exposição pública; isto é, deve ter a finalidade especial, não caracterizando o crime 
quando destinado ao uso próprio. 
 
Aumento De Pena: Nos crimes previstos neste Título, a pena é aumentada de metade, 
se do crime resultar gravidez; e de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença 
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. A transmissão de doença 
sexualmente transmissível também gera aumento de pena; 
 
Segredo De Justiça: Os processos envolvendo crimes sexuais devem correr em segredo 
de justiça, para resguardar a dignidade do agente e da vítima. 
 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
25 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
UNIDADE III – CRIMES CONTRA A FAMILIA 
9. Bigamia 
Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, 
conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três 
anos. 
 
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que 
não a bigamia, considera-se inexistente o crime 
 
Bigamia: É o ato da pessoa que, sendo casada, contrai novo casamento 
Quem contrai casamento sendo casado comete crime de bigamia. Quem é casado e 
contrai união estável não comete o crime, apenas deslealdade. Além disso vimos a questão do 
erro. Ele não torna o casamento nulo de pleno direito, mas pode tornar anulável quando houver 
vício em relação à honra da pessoa, reputação, até mesmo quanto à saúde física e mental. 
 
O tipo penal fala em bigamia, mas deve-se interpretar extensivamente para 
abranger também a poligamia, que é a contração de 3 ou mais casamentos. 
 
Objetividade Jurídica: tutela a família, em seu aspecto monogâmico. 
 
Objeto Material: é o casamento entre homem e mulher. 
 
Núcleo Do Tipo : é o verbo contrair, no sentido de formalizar novas núpcias . Por se 
tratar de crime de forma vinculada, exige-se que o casamento anterior seja válido. 
 
Conduta Típica : é contrair casamento. Significa ser parte da celebração formal do 
Matrimônio, na condição de um dos contraentes, desde queo agente já seja casado, isto 
é, tenha, antes, contraído casamento com outra pessoa. 
 
Sujeito Ativo: homem ou mulher casado que casa-se novamente n a constância 
de casamento anterior, pois é um crime plurissubjetivo ou concurso necessário (exige a 
presença de duas ou mais pessoas). 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
26 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Admite-se a participação nas modalidades induzimento, instigação e auxílio, 
ressaltando que o participe do caput do artigo, não pode ter pena superior ao do § 1 º, 
em razão dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. 
Sujeito Passivo: o Estado, bem como mediatamente o cônjuge inocente. 
 
Consumação : O crime de bigamia consuma-se quando uma pessoa contrai novo 
matrimônio quando ainda está casada com outra pessoa. Divide-se em bigamia interna e 
internacional. 
O crime de bigamia interna ocorre quando a pessoa casada casa-se novamente no 
próprio país; 
Crime de bigamia internacional se concretiza quando a pessoa casa da contrai 
novo matrimônio em outro país que considere crime o fato. 
Na legislação brasileira somente se dissolve um casamento com a morte de um 
dos cônjuges ou com o divórcio, aplicando-se a presunção quanto ao ausente, conforme 
o artigo 1571, § 1º do CP. 
A União Estável, embora equiparada ao casamento para fins civis, se alguém é 
casado legalmente e mantém união estável simultaneamente, esse alguém não é 
considerado bígamo, pois a lei não inclui a união estável. O mesmo raciocínio serve para a 
separação judicial. 
 
Bigamia Privilegiada – art. 235, § 1º Neste dispositivo, o legislador rompeu com a 
teoria monista no que se refere ao concurso de pessoas, na medida em que a pessoa 
casada que contrai novo casamento responde pelo art. 235, caput, enquanto o contraente 
não casado, mas que está ciente do impedimento do outro, incide no § 1º, com pena mais 
branda. 
 Segundo o art. 1.514 do Código Civil o casamento se realiza no momento em que o 
homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal e 
o juiz declara-os casados. 
 
10. Abandono material 
Art. 244 CP “Abandono material – Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência 
do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de 
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os 
recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
27 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou 
ascendente, gravemente enfermo: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior 
salário mínimo vigente no País. 
 
Parágrafo único – Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de 
qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o 
pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.” 
 
O que é o abandono, seja material, moral ou intelectual? De maneira simplista, podemos 
entendê-lo como “deixar de fazer algo”. 
 
Abandono Material : é aquele em que recursos, indispensáveis para alguém da família, 
deixam de ser providos. Esses recursos devem ou deveriam ser fornecidos por alguém. Não se 
esqueçam que os alimentos são devidos em relação ao parentesco que se forma. 
 
Objetividade Jurídica: tutela a assistência familiar, relativamente à necessidade 
material de seus membros (alimentos, habitação, vestuário, remédios, etc). 
 
Objeto Material: é a renda, a pensão ou outro auxílio. 
 
Núcleos Do Tipo: São três . 
a) deixar de prover no sentido de não fornecer os meios de sobrevivência 
apontadas – cônjuge, filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho e 
ascendente inválido ou maior de 60 anos. 
O Código Civil define o conceito de alimentos: 
Art. 1694 do CC “Podem os parentes, os cônjuges, ou companheiros pedir uns 
aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a 
sua condição social, inclusive para atender as necessidades de sua educação”. 
 
b) Faltar ao pagamento: significa não honrar a obrigação de pagar a pensão 
alimentícia fixada judicialmente. 
 
c) deixar de socorrer: significa negar proteção e assistência ao ascendente ou 
descendente gravemente enfermo. 
A lei só abrange o ascendente ou descendente, excluindo o cônjuge. Entretanto, 
neste caso, ele estará tutelado pela primeira figura do artigo. 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
28 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Sujeito Ativo: só pode ser os cônjuges; os pais; os ascendentes (avós,bisavós), 
de parte de pai ou mãe; os descendentes maiores de 18 anos. 
Sujeito Passivo : são os cônjuges, o filho menor de 18 anos ou inapto para o 
trabalho, o ascendente invalido ou o ascendente maior de 60anos, se dependente de 
assistência material, bem como descendentes ou ascendente gravemente enfermo, pouco 
importando o grau de parentesco na linha reta. 
 
Tipo Subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma culposa. 
 
Consumação: consuma-se no momento em que o agente, deixa de assegurar os 
recursos necessários, ou falta ao pagamento da pensão alimentícia, ou deixa de socorrer 
descendente ou ascendente gravemente enfermo. Não se exige o efetivo prejuízo da 
vítima, por ser um crime formal. 
Tentativa: não admite a forma tentada,pois se trata de crime unissubsistente, que 
impossibilita o fracionamento do iter criminis. 
 
Figuras Equiparadas : 
 Art. 244 § Único CP : “É considerado abandono material quando o agente, 
sendo solvente ilude a vítima para não pagar a pensão alimentícia.” 
 
Art. 245 CP : “Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja 
companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
 
§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito 
para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior. 
 
§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o 
perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor 
para o exterior, com o fito de obter lucro.” 
 
Aqui o filho menor de 18 anos fica em perigo moral ou material. O que é perigo moral? 
Deixar, por exemplo, viver em casa de prostituição ou com traficantes. Viver em casas de jogos 
mal afamadas também. Enfim, tudo que possa levar à corrupção da criança ou adolescente. 
E o abandono material? Muito cuidado agora. O artigo anterior tem nome jurídico 
“abandono material”, e a redação deste é “...saber que o menor fica moral 
ou materialmente em perigo: [...]” então temos aqui, também, um abandono material. A 
diferença é que, no art. 244, o abandono é no sentido de deixar de prover os recursos para a 
subsistência. Enquanto aqui, fala-se em perigo para a integridade da criança. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
29 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
 “Materialmente” quer dizer local ou condições, e “Moralmente” é com relação ao 
vínculo com pessoas quenão têm boa fama, presumidamente criminosas ou desonestas, que 
podem corromper o menor. 
 
Outro detalhe sobre o art. 245 é que a vítima deste crime, nas três hipóteses, é o filho 
menor de 18 anos. Frisamos isso porque veremos, na aula que vem, a previsão semelhante no 
Estatuto da Criança e do Adolescente. Lá há medidas parecidas, no tocante ao envio para o 
exterior ou abandono. Mas não se fala, lá, apenas em filho, mas em criança ou adolescente em 
geral. 
São perigos morais também, mas neste artigo eles estão definidos e enumerados. 
Temos, portanto, uma relação de especialidade deste artigo em relação ao 245. 
 
Abandono Moral 
 Art. 247 CP: “Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou 
confiado à sua guarda ou vigilância: 
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má 
vida; 
 
II – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe 
de representação de igual natureza; 
 
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
 
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública: 
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.” 
 
Objetividade Jurídica: tutela a assistência familiar, relativamente à educação e à 
formação moral do menor. 
Objeto Material: é a pessoa menor de 18 anos sujeita ao poder familiar, à 
guarda ou vigilância do responsável. 
 
Núcleos Do Tipo: é permitir, que pode ser por ação ou omissão (crime 
omissivo próprio), no sentido de consentir e deixar que o menor de 1 8 anos realize 
qualquer d as condutas dos incisos I a IV do artigo. 
 
11. Abandono Intelectual 
Art. 246 CP : “Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em 
idade escolar: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.” 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
30 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
 
Objetividade Jurídica: tutela a assistência familiar, relativamente ao ensino 
obrigatório do filho menor em idade escolar. Nos termo do art. 208, § 1º, o Estado 
deve proporcionar a todos o ensino gratuito e aos pais o dever de assistir, criar e fiscalizar a 
educação dos filhos – 227 a 229 da CF. 
 Objeto Material: é a instrução primária do filho menor em idade escolar. 
Núcleos do tipo: é a expressão deixar de prover no sentido de não efetuar a 
matrícula do filho em idade escolar em estabelecimento de instrução primária ou 
impedir que o filho freqüente o estabelecimento de ensino fundamental. 
 
Sujeito Ativo: os pais do filho em idade escolar. Como o Direito Penal não 
admite a analogia in malam partem para normas penais incriminadoras, os tutores ou 
outros responsáveis legais pela guarda do menor não podem figurar como sujeito ativo 
deste crime. 
Sujeito Passivo: é o filho menor em idade escolar, necessitado de instrução primária. 
 
Sobre o conceito de instrução primária e idade escolar, há duas correntes: 
a) Instrução primária é aquela que compreende o ensino fundamental obrigatório, 
com duração de 9 anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 anos de idade e 
ter á por objetivo a formação básica do cidadão. Logo, a idade escolar vai dos 6 aos 
14 anos de idade; 
b) Instrução primária é a inerente às pessoas com idade entre 6 a 17 anos, como 
se extrai do art. 208 da CF. 
Portanto, a corrente mais consentânea é a segunda, por se tratar de norma 
constitucional. 
 
Elemento Subjetivo: é o dolo, não admitindo a forma culposa. Se, os pais 
esquecem-se de matricular o filho em idade escolar em estabelecimento de ensino, neste 
caso o fato é atípico. 
 
Consumação: consuma-se no momento em que os pais, agindo com dolo, 
deixam de efetuar a matrícula do filho em idade escolar até o dia do término do prazo de 
matrícula. Ou então, consuma-se o crime quando, por livre vontade dos pais, o filho é 
impedido de freqüentar o estabelecimento de ensino. 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
31 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
Sendo um crime formal, o prejuízo ao menor em idade escolar é presumido, em 
razão da falta de acesso à instrução primária. 
Tentativa: não admite, por ser um crime unissubsistente na medida em que não 
há possibilidade do fracionamento do iter criminis. 
 
No Brasil a legislação permite o homeschooling? 
Discute-se se os pais, pela questão da baixa qualidade do ensino ofertado pelo 
Estado, se podem eles oferecer o ensino domiciliar aos seus filho menores de idade. Sobre o 
assunto, Damásio de Jesus e outros autores firmam entendimento no sentido de que a 
Constituição Federal dispõe sobre a educação de forma abrangente, incluindo a educação 
escolar e a domiciliar. Por outro lado, a legislação infraconstitucional, ao regulamentar o 
tema, só abrange a educação escolar (pública e privada). 
Art.246 do CP - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em 
idade escolar: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
A outra corrente, liderada pelo STJ , firme entendimento no sentido de que a 
legislação brasileira não prevê o ensino domiciliar. Veja o trecho de uma decisão do STJ: 
STJ - “Inexiste previsão constitucional e legal, como reconhecido pelos 
impetrantes, que autorizem os pais a ministrarem aos filhos as disciplinas do 
ensino fundamental, no recesso do lar, sem controle do poder público 
mormente quanto à freqüência no estabelecimento de ensino e ao total de 
horas letivas indispensáveis à aprovação do aluno” 
 
 Portanto, por enquanto, vem prevalecendo a posição STJ no sentido de que, 
enquanto não houver legislação regulamentando o assunto, o ensino domiciliar é 
impossível no Brasil. 
Os fundamentos são: 
 Não há fiscalização do Poder Público quanto à freqüência do menor às aulas; 
 O Estado não tem como avaliar o desempenho do aluno para constatar se a 
educação domiciliar está sendo suficiente e adequada. 
Portanto, nesta linha de pensamento, os pais que resolverem fornecer ensino 
fundamental no seu domicílio, estará violando o preceito do art. 246 do CP, pois a 
legislação determina que o ensino fundamental deve ser escolar (público ou privado). 
 
 
DIREITO PENAL IV - Prof. Paulo Jose Freire Teotônio - UNAERP 
 
32 
Resumo Direito Penal IV - Rejaine Tosta Torres 
UNIDADE IV – CRIMES CONTRA A SAÚDE PUBLICA 
12. Epidemia 
Art. 267 - Causar epidemia mediante a propagação de germes patogênicos. 
Pena: Reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. 
 
§ 1º : se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro 
§ 2º: No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, ou, se resulta 
morte de 2(dois) a 4 (quatro) anos. 
 
Conceito: “Na conduta de epidemia, o agente se vale da propagação de germes 
patogênicos (microorganismos capazes de produzir moléstias infecciosas).” 
 
Epidemia é a doença infecciosa e passageira que ataca ao mesmo tempo e no mesmo 
lugar grande número de pessoas. Ex:caxumba, sarampo, rubéola. 
 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa 
Sujeito Passivo: sociedade e vítimas que foram contaminadas ou expostas a perigo 
concreto. 
 
Objeto Jurídico: É a incolumidade pública, neste delito, especificamente, na saúde

Outros materiais