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Apostila 5 Artigo 146-149 CP

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Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É proibida a 
reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
1 
Crimes contra liberdade individual. Aspectos gerais. Constrangimento ilegal (art. 146 CP). 
Ameaça (art. 147 CP). Extorsão (art. 148 CP). Redução a condição análoga de escravo (art. 149 
CP). Tráfico de pessoas (art. 149-A CP). 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
CAPÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
SEÇÃO I 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
Art. 146 CP Constrangimento ilegal 
Art. 147 CP Ameaça 
Art. 148 CP Sequestro e Cárcere Privado 
Art. 149 CP Redução a condição análoga de escravo 
Art. 149-A Tráfico de Pessoas 
 
Aspectos gerais dos crimes contra liberdade individual 
Neste capítulo vislumbra-se a proteção da faculdade de exercer as próprias vontades dentro da órbita de 
liberdade que o Estado assegura ao indivíduo. Todos temos liberdade de manifestação dentro dos limites 
estabelecidos pela ordem jurídica, o poder de condução da própria vida sem outros obstáculos senão os 
tratados pelo direito positivo. A liberdade individual é um bem jurídico pertencente a pessoa, assim todas 
condutas que a vulneram praticam espécies do gênero crimes contra pessoa (ainda estudamos o Título I 
do CP). Assim, a objetividade jurídica nestes crimes será o interesse do ser humano à imperturbada 
possibilidade de dispor de si mesmo, obstando uma ilícita intervenção de outrem no mundo privado da 
livre determinação da vontade e da sua transposição em atos no meio exterior. Visando assegurar a paz 
interna, a faculdade de deliberar e agir sem coação, de locomover-se para onde queira, enfim, de fruir sua 
liberdade no sentido oposto de servidão. A base legal disso tem vértice constitucional: “ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” (art. 5º, II CF). Logo, mais uma vez percebe-se o 
Código Penal pondo-se a tutelar os direitos que a Constituição Federal alistou no rol de garantias 
individuais. 
 
Subsidiariedade 
Os crimes contra liberdade individual serão reconhecidos e aplicados quando o atentado nestes artigos 
autonomamente tipificados não se inserirem como meio ou elemento de outro crime, que, então, 
prevalecerá. Por exemplo, o constrangimento ilegal advindo para fins de roubo, estupro ou extorsão, 
claramente será tipificado o fato nestes crimes “fim”, cujo teve de valer-se o autor da ação inibitória da 
vontade da vítima para concluir seu desiderato final. 
 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ART. 146 CP 
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, 
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Aumento de pena 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É proibida a 
reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
2 
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três 
pessoas, ou há emprego de armas. 
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada 
por iminente perigo de vida; 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
 
Conceito 
Trata-se do impedimento da liberdade de ação ou inação. O sujeito passivo é tolhido pelo injusto e 
opressivo arbítrio do agente, na sua capacidade de fazer o que quer ou deixar de fazer o que não quer. É o 
ofendido obrigado a atuar conforme a vontade imposta pelo agente. 
 
Objetividade Jurídica 
O tipo visa proteger a liberdade física e psíquica do agente, sua livre autodeterminação da vontade e da 
ação. 
 
Sujeitos do Delito 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, não se exigindo 
uma qualidade especial do sujeito ativo. Algumas particularidades quanto ao sujeito ativo: 
1. se o intuito é obter vantagem econômica haverá o crime de extorsão (art. 158 CP). 
2. se o agente é funcionário público e pratica o constrangimento no exercício das funções pratica o crime 
de violência arbitrária (art. 322 CP) ou exercício arbitrário ou abuso de poder (art. 350 CP) ou abuso de 
autoridade (art. 3º e 4º, L. 4.898/65). 
Sujeito passivo: também pode ser qualquer pessoa desde que tenha alguma capacidade de discernir e, 
então, querer algo diverso e oferecer resistência à imposição sofrida. O próprio tipo penal é expresso em 
exigir a redução da capacidade de resistência da vítima, o que pressupõe que esta (capacidade) existe. É 
incapaz de sentir a coação psíquica ou de compreender os propósitos do autor da coação física que vier a 
sofrer a pessoa de tenra idade, o inimputável (art. 26 CP), o completamente ébrio, tratando-se de crime 
impossível pois serão objeto material absolutamente impróprio (art. 17 CP). Algumas particularidades 
quanto ao sujeito passivo: 
1. criança ou adolescente submetido a vexame ou constrangimento configura o art. 232 do ECA (L. 
8.069/90). 
2. pessoa idosa coagida de qualquer modo, a doar, contratar, testar ou outorgar procuração, incidirá o 
coator no art. 107 do EI (Estatuto do Idoso – L. 10.741/03). 
3. se mulher é constrangida na exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer 
outro procedimento relativo a gravidez, haverá o crime descrito no art. 2º, I da L. 9.029/95; se consiste em 
atestado de esterilização, haverá o crime descrito no art. 18 da L. 9.263/96. 
 
Coação para prática de crime 
Se a ação ou omissão pretendida pelo coator é um crime teremos uma dentre duas hipóteses: 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É proibida a 
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3 
1. coação irresistível: o coator será autor de dois crimes em concurso formal (art. 70 CP): autor 
(imediato) do delito de constrangimento ilegal e autor (mediato) do crime praticado pelo coagido. Este 
último será, na medida da irresistibilidade da coação, mero instrumento com relação à prática por si 
realizada, por ela não respondendo. Aliás, tal é a determinação do art. 22 CP: “Se o fato é cometido sob coação 
irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação 
ou da ordem.” 
2. coação resistível: neste caso o coator responderá pelas duas práticas: como autor do constrangimento 
ilegal e partícipe do delito ultimado pelo coagido. O coagido será responsabilizado pelo delito que 
perpetrar beneficiando-se tão somente da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “c” CP (“crime a que 
podia resistir”). 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo, o núcleo trazido pelo tipo é “constranger”, que significa coagir, forçar, obrigar, 
violentar a vontade da vítima. Obriga-se a vítima a fazer ou não fazer algo onde o CP não especificou em 
que deve consistir o fazer ou não fazer pretendido pelo agente, deixando por este lado aberto o tipo penal. 
Mas, deve se tratar de coisa determinada. O agente sabe o que quer e o impõe à vontade coagida da vítima. 
É da essência deste delito a ilegitimidade da imposição dirigida à vítima. Quando houver razãojurídica para a imposição, ou seja, o sujeito poderia se valer de meios legais, não há que se falar neste 
crime, mas exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP). Assim, não há constrangimento ilegal na 
coerção que venha para impedir alguém de praticar crime. Aliás, nem precisa que a coerção sirva para 
evitar um crime, basta que seja genericamente ilícito, antijurídico, contrário ao direito. Essa ilegitimidade 
pode ser: 
a) absoluta: quando o coator não tem qualquer direito ao comportamento da vítima; 
b) relativa: quando não há proibição à pretensão ao comportamento da vítima, mas não há meio de 
tutelar esse desiderato, como se dá na obrigação decorrente de dívida de jogo. 
A coação para impedir práticas imorais, por não envolver ilicitude, logo, não são proibidas por lei, 
configura constrangimento ilegal. Portanto, obrigar uma pessoa a não prostituir-se configura crime de 
constrangimento ilegal. 
O constrangimento pode dar-se através de três meios: 
1. violência: é o emprego da força física para sobrepujar a diversa violação da vítima, para cerceá-la em 
sua liberdade de querer e de concretizar o seu querer. É a “vis corporalis”. Será imediata quando se 
destinar diretamente ao ofendido, v.g., amarrando para impedi-lo de algo, amordaçando-o, agredindo-o, 
privando-o de alimento ou agasalho. Será mediata quando se voltar contra terceira pessoa (ou coisa ou 
animal) de quem (que) o ofendido necessite de tal modo a ponto de se ver compelido a satisfazer o desejo 
do agente, v.g., priva o cego de seu cão guia, suprimir a cadeira de rodas ou muletas de deficiente físico, 
destruir o abrigo onde se protegia o ofendido etc.1 
 
1 Comete constrangimento ilegal o agente que, ao se ausentar do lar, obriga a mulher ao uso de objeto equiparado a cinto de castidade, para 
assegurar a fidelidade conjugal. (TAMG – RJTAMG 51/289) 
Direito Penal 
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4 
2. ameaça: é a violência psíquica, a intimidação moral, derivada da manifestação do propósito de causar 
mal relevante, atual ou futuro a alguém. É a “vis compulsiva”. Ameaçado é aquele que foi intimidado ante 
a perspectiva de um grave dano (pessoal, moral, patrimonial). Algumas peculiaridades sobre a ameaça: 
- observe-se que neste caso a ameaça é o meio destinado à consecução do resultado pretendido pelo 
agente. O que difere do crime de ameaça (art. 147 CP) em que o fim é de apenas retirar a paz, a 
tranquilidade da vítima, sem pretender que esta faça ou deixe de fazer algo; 
- a promessa de mal deve ser idônea, isto é, proferida deve ser capaz de incutir temor, algo que ocorrerá 
se o mal for grave (sério, vultoso), se exibir verossímil (viável) e não evitável pelo próprio ofendido 
(buscar socorro de autoridades). 
- promessa de mal injusto: ao contrário do que ocorre no crime de ameaça, o mal prometido no 
constrangimento ilegal não precisa ser injusto. O injusto há de ser o propósito da coação, que é o 
comportamento que o coator pretende que tenha o coagido. Assim, o investigador de polícia que promete 
cumprir o mandado de prisão obtido regularmente e que tem em mãos, caso o coagido não lhe dê acesso à 
entrada de um show, v.g., está prometendo algo justo cuja promessa da realização dá ensejo à ilícita 
obtenção de indevido procedimento por parte daquele sobre quem o referido mal há de recair. 
3. por qualquer outro meio capaz de reduzir a capacidade de resistência: trata-se de uma cláusula 
geral após uma fórmula casuística (violência ou grave ameaça). Assim pode-se citar os exemplos de 
hipnose, uso de narcóticos, anestésicos, álcool, cujo emprego há de vir insidioso (enganoso), subrreptício, 
sob pena de, com o ostensivo ato de compelir o coagido a utilizar-se dessas substâncias, fazer-se 
desnecessária a previsão diferenciada dessa cláusula geral, vez que se aninharia na violência ou ameaça. 
 
Elemento subjetivo 
Exige-se o dolo. Trata-se de dolo específico, consistente na vontade de constranger no sentido de obrigar 
o coagido a fazer ou deixar de fazer algo que o agente saiba não devido. É a consciência de que se quer 
um comportamento que a vítima não deve e a vontade de obter esse comportamento. 
 
Consumação e tentativa 
Exige o resultado ao qual o coagido foi obrigado a fazer e que não desejava ou não fazer o que queria. 
Assim o resultado, que é o fazer ou não fazer por parte do coagido é essencial a essa figura penal. Trata-se 
de crime material, exigindo ação ou omissão do coagido para a consumação do crime. De fato, o tipo diz 
“constranger alguém a fazer ou não fazer”. A tentativa ocorrerá quando o ofendido não se deixar impelir 
pela coação (que era idônea a vergá-lo), ou porque circunstâncias alheias ocorreram de molde a frustrar a 
realização ou a abstenção que a vítima já admitia ter que observar. 
Havendo reiteradas coações para os fins pretendidos pelo coator não há que se falar em crime 
continuado, pois trata-se essencialmente de crime único ou unidade natural de crime destinada a um único 
fim. 
 
 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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5 
Causas de aumento da pena (art. 146, § 1º CP) 
As penas previstas no caput (detenção de 3 meses a 1 ano ou multa) aplicam-se cumulativamente (detenção 
e multa) e em dobro: 
1. se para execução do crime se reúnem mais de 3 pessoas: há necessidade de consciência de 
concorrer para o crime em coautoria e não mera participação já que o preceito diz “para execução do 
crime”, exigindo, logo, a coautoria. A razão dessa causa de aumento encontra-se no fato de que 4 ou mais 
pessoas faz crescer necessariamente o temor da vítima, tornando-a muito mais vulnerável em razão da 
coação que ela sofre, talvez eliminado resistência da mesma. 
2. emprego de armas: apesar do legislador utilizar-se de plural, não há necessidade de mais de uma arma, 
pois referiu-se a gênero “armas”, de que são espécies armas próprias (aquelas concebidas para 
proporcionar ataque ou defesa – arma de fogo, espada, bombas etc.) ou impróprias (objetos que 
concebidos para outras finalidades, podem prestar-se para ofender – facas, canivetes, machados, chaves de 
fenda, furador de gelo, tesouras, foices etc.). As armas de brinquedo não servem para aplicação dessa 
causa de aumento de pena pois a súmula 174 STJ que aumentava a pena do crime de roubo praticado com 
arma de brinquedo foi cancelada (STJ - REsp 213.054-SP). 
 
Cumulação de penas (art. 146, § 2º CP) 
Trata-se de uma norma explicativa afeta ao sancionamento. Assim, se decorrer lesão corporal (leve, grave 
ou gravíssima) ou a própria morte (homicídio doloso ou preterdoloso) decorrentes do constrangimento 
realizado pela violência empregada determinarão o concurso material de crimes (art. 69 CP), ou seja, a 
soma das penas destes crimes com a do constrangimento ilegal. A soma haverá mesmo que a violência se 
der a terceira pessoa como forma de constranger o coagido à prática do desiderato do coator. Ex.: espanca 
o filho como forma de obrigar o pai (gerente de banco) a entregar o dinheiro do cofre. 
 
Exclusão do crime (art. 146, § 3º CP) 
Trata-se de excludente da tipicidade pois o próprio legislador assim disse: “Não se compreendem na disposição 
deste artigo”, ou seja, não se trata de excludente de antijuridicidade pois antes mesmo nem conduta típica 
são. 
1. a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do pacienteou de seu representante 
legal, se justificada por iminente perigo de vida: trata-se do tratamento arbitrário, quando se faça 
presente a necessidade irremovível de debelar o perigo iminente à vida de alguém. Trata-se de um 
específico caso de estado de necessidade de terceiro. Ex.: transfusão de sangue realizada contra vontade 
do paciente ou de seu representante legal que se opõem a esta por convicção religiosa. 
2. a coação exercida para impedir o suicídio: a vida é bem indisponível, e este dispositivo dá idéia de 
que não existe um direito de morrer. O suicídio conquanto não se apresente como delito (mas sim o seu 
induzimento, instigação ou auxílio – art. 122 CP), é ato ilícito em sentido lato, cuja coação advinda para 
impedi-lo não é ilegal. 
 
 
Direito Penal 
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6 
Ação penal 
Pública incondicionada. 
 
Pena 
Art. 146, caput: detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa. 
Art. 146, § 1º: cumulativas (detenção e multa) se concorrerem mais de 3 pessoas ou há emprego de armas. 
Art. 146, § 2º: concurso material com a violência derivada do constrangimento. 
 
AMEAÇA - ART. 147 CP 
Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
Conceito 
Ameaçar significa prometer um mal injusto e grave. 
 
Objetividade Jurídica 
É a liberdade individual cujo se inserem os seguintes direitos ao qual pretendeu o legislador proteger: 
tranquilidade, paz interna, sossego, liberdade psíquica. Um dos fatos que alteram a vontade e perturbam a 
liberdade de querer e agir é o medo. Sob a influência do medo mo indivíduo sofre uma constrição moral 
que quebra sua isenção de ânimo e espontaneidade de sua conduta. Ainda, a privação da liberdade psíquica 
que vem pela intimidação da ameaça pode repercutir vivamente na liberdade física do ameaçado, quer se 
privando de determinadas atitudes, por entender arriscadas, quer impondo outras, protetivas. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo e passivo: trata-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, não 
se exigindo uma qualidade especial do sujeito ativo. Quanto ao sujeito passivo também pode ser qualquer 
pessoa, porém, desde que tenha alguma capacidade de elaborar um juízo sobre o mal anunciado e, então, 
sentir a intimidação. A falta de consciência e incapacidade mental para representação do mal ameaçado 
elimina a possibilidade do crime. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta incriminada, o verbo é “ameaçar” que significa prometer um mal injusto e grave a outrem, que 
pode se dar por meio oral, escrito, gestual ou simbólico. Pode ser: 
1. direta: quando o mal se referir a pessoa do sujeito passivo. 
2. indireta: quando o mal incidir sobre terceiro, a quem a vítima se vincula, como parentesco, amizade, ou 
qualquer especial afeição. 
3. implícita: quando a ameaça é velada, mas deve ser precisa. A ameaça em termos vagos só se fará típica 
se a indeterminação formal não impedir que se identifique nas palavras proferidas a promessa do mal 
injusto e grave. 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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7 
4. condicional: aquela cujo sujeito a impõe com alguma condição à vítima como forma de alcançar seu 
desiderato. Subsistirá somente o crime de ameaça se vier apenas para incutir temor à vítima. Agora, se por 
meio da ameaça pretendia o agente alguma prática de abstenção por parte da vítima, haverá o crime de 
constrangimento ilegal (art. 146 CP). Assim, ameaço se prometo a determinada pessoa que a matarei se o 
cavalo que ela aconselhou apostar alta soma no páreo não vencer. Ou seja, à vítima resta apenas torcer, 
sem poder nada fazer. Diferente seria se a promessa de mal se dirige ao jóquei do cavalo concorrente para 
que este propositadamente perda a disputa. Aqui, a ameaça se insere como meio num contexto cujo fim é 
a prática de um ato (abstenção) por parte da vítima (art. 146 CP) e não apenas a forma de infligir 
desassossego a esta (art. 147 CP). Desse exemplo decorre a demonstração do caráter subsidiário do 
crime de ameaça que já não se configurará quando a intimidação deixar de ser a finalidade em si mesma da 
conduta do agente, mas se oferecer como elemento de outro crime. A ameaça é um constrangimento que 
se contenta só com o constranger, o seu fim é realmente perturbar a paz da vítima e com este sentimento 
pessoal de insegurança restringe-se muitas vezes e anula sua liberdade de querer. 
 
Requisitos 
A ameaça se perfaz com promessa idônea de mal injusto e grave. 
Promessa idônea: é a aquela séria, viável, realizável, possível de concretizar-se. Também não se realiza se 
é fantástica ou como votos de “praga” ou “trabalhos espirituais”. “Vou colocar seu nome na 
encruzilhada!”, “Vai ficar encalhada para o resto da vida!”, “Sua gravidez não vingará!” etc. Porém, 
acreditamos que se a pessoa possui fervorosa fé, uma vez sendo atingida sua paz de espírito pela “praga” 
ou “promessa de trabalhos” poderá ser configurado o crime de ameaça. 
Mal futuro: faltaria lógica de prometer um mal passado. A promessa de mal iminente, no curso de um 
conflito entre as partes, ou seja, enquanto discutem,será absorvida se o dano sobrevier, for concretizado. 
Agora, o delito de ameaça não se concretiza quando a ameaça é feita em momento de cólera, revolta ou 
ira; em estado de embriaguez; quando a vítima não lhe dá maior crédito. Isso porque trata-se de discussões 
fugazes cujas palavras havidas geralmente são fruto de alteração momentânea, e a ameaça para concretiza-
se precisa de ânimo calmo e refletido (STF, RTJ 54/506) com dolo específico de incutir medo, conforme 
verificaremos adiante. 
“Falta de justa causa à ação penal se a ameaça de que acabaria com a vítima e a filha decorreu de discussão acalorada entre 
vizinhos, surgindo a retratação.” (STF, HC 82.895/RJ). 
Mal injusto: ou seja, o sujeito não tem direito àquela promessa que fez. Não é crime de ameaça prometer 
causar um mal a que tem direito: despedir o empregado desidioso, despejar o locatário relapso, penhorar 
patrimônio de devedor renitente, intentar um ação de cobrança, fazer um boletim de ocorrência etc. 
Mal grave: é aquele de relevo, de vulto, que venha a causar dano pessoal ou mesmo patrimonial. Está 
relacionado com o teor da intimidação. Se a gravidade é de pouca monta pode ser reconhecida a 
insignificância da conduta: ameaça de não mais olhar na cara na pessoa. 
 
 
 
Direito Penal 
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8 
Elemento Subjetivo 
Trata-se de crime doloso que se traduz na vontade de manifestar a intenção de prometer causar um mal, 
mesmo que esta intenção não seja verdadeira. Na doutrina tradicional trata-se de dolo específico, pois o 
propósito é de intimidação, de atemorizar a vítima. Se presente o animus jocandi (vontade de brincar) não há 
vontade de realizar a conduta ameaçadora pois o tipo reclama vontade ilítica. Assim, a intenção de 
intimidar, perturbar o sossego, ceifar a paz interior é componente do crime em tela, e sem ela 
descaracteriza-se.Daí porque afirmávamos acima que ameaça proferida em momento ira, de discussão, de 
cólera não conformaria a conduta de ameaça exigida por este art. 147 CP, pois falta-lhe a imprescindível 
seriedade da conduta advinda de ânimo refletido e calmo. Idem para o caso de embriaguez. Em ambos os 
casos, a explosão de cólera e a perturbação causada pelo álcool trazem contextos em que o agente dirá 
coisas que usualmente não diria e eu jamais concretizaria. São as chamadas “bravatas”. 
 
Consumação e tentativa 
Trata-se de crime formal, ou seja, consuma-se com a tomada de conhecimento da ameaça por parte do 
ofendido que a ouve, lê ou vê. Vale relembrar que o crime formal é aquele cujo contenta-se com a só ação, 
independentemente da ocorrência do resultado naturalístico, ou seja, a efetiva intimidação sentida pela 
vítima. Porém, um justo critério seria analisar a ameaça sob o prisma objetivo, ou seja, de acordo com a 
média da sensibilidade humana porque a lei penal não exige heroísmos mas também não tutela 
“assombrações do meio dia”. Deve-se ter em conta a condição psíquica do ofendido pois há pessoas 
nervosas que se impressionam facilmente e o agente pode se valer dessa fragilidade anímica da vítima para 
lhe impor temor enquanto a outrem tal não abalaria, daí para essa pessoa mais frágil estaria consumado o 
crime, para outras não. Assim, o meio empregado (ameaça) deve ser idôneo para intimidar a vítima, 
causar-lhe intimidação, mas deve-se verificar as condições pessoais do ameaçado. Mas, uma vez proferida 
a ameaça, e esta sendo idônea estará consumado o delito, tratando-se de crime instantâneo. Ademais, a 
vítima não precisa estar presente, o delito pode se consumar a distância (por telefone) ou mesmo tendo 
a vítima tomado conhecimento da ameaça por terceiras pessoas. No tocante a tentativa, é perfeitamente 
possível nas hipóteses de ameaça por meio escrito ou simbólico e em situações em que terceiro intercepte 
a mensagem, impedindo o ofendido de tomar conhecimento da ameaça. Porém trata-se de hipótese difícil 
de verificar na prática pois como a ação penal trata-se de condicionada a representação, a vítima precisa ter 
tomado ciência para representar em face do sujeito para propositura da ação penal. Logo, verifica-se que 
caberá a tentativa de ameaça somente nos casos de vítima falecida ou incapaz, onde aos seus 
representantes legais competem a representação. Força convir que para representar o ofendido deverá ter 
tomado conhecimento do mal prometido contra si, e então o delito se terá consumado. 
 
Ação Penal 
O parágrafo único deste art. 147 do CP trouxe a regra: “Somente de procede mediante representação”. Assim, a 
ação penal é pública condicionada a representação do ofendido ou quem tenha qualidade para representá-
lo. Ausente a representação no prazo legal (6 meses – art. 103 CP), que é uma condição de 
procedibilidade, estará impedida a persecução pelo delito em tela. 
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Pena 
Detenção de 1 a 6 meses, ou multa. 
 
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – ART. 148 CP 
Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. 
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; 
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Conceito 
Em ambos (seqüestro e cárcere privado) a pessoa é detida ou retida em determinado lugar, mas no cárcere 
há circunstância de clausura ou encerramento. Assim, constituirá seqüestro o fato de manter a vítima em 
uma fazenda no meio da selva, em uma ilha, em um abrigo na montanha, impedindo-a de dali se retirar 
sem que corra grave perigo. Já no cárcere privado o local é fechado, o ofendido fica entre paredes. 
 
Objetividade jurídica 
O que se protege é a liberdade de movimento da pessoa, sua liberdade de locomoção e de ficar onde lhe 
aprouver. 
 
Sujeitos do Delito 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, não se exigindo 
uma qualidade especial do sujeito ativo. Porém, algumas situações devem ser observadas: 
1. se o intuito é obter vantagem econômica haverá o crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 CP). 
2. se o agente é funcionário público e pratica o sequestro ou cárcere privado no exercício das funções 
pratica o crime de exercício arbitrário ou abuso de poder (art. 350 CP) ou abuso de autoridade (art. 3º e 4º, 
L. 4.898/65). 
3. se a vítima é o Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara de Deputados ou do Supremo 
Tribunal Federal, haverá crime contra Segurança Nacional (art. 28, L. 7.170/83), com pena de reclusão de 
4 a 12 anos. 
4. se a privação da liberdade é de criança ou adolescente, incidirá o art. 230 do ECA; se a autoridade deixar 
de liberar criança e adolescente quando saiba a ilegalidade de sua apreensão incide o art. 234 ECA; se 
descumprir prazo previsto em lei para benefício de adolescente privado da liberdade, incidirá o art. 235 
ECA. 
5. no caso de cárcere privado serve à correção dos pais em relação aos filhos, v.g., trancando o filho em 
casa o dia todo, tal conduta pode melhor se amolda no art. 136 CP. 
6. se o sujeito mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade para espoliá-la de seus pertences 
haverá crime de roubo qualificado (art. 157, § 2º, inciso V). 
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Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa, inclusive aqueles que por condição própria não podem se 
movimentar ou que precisem do auxílio de meios ortopédicos ou suplementares, v.g., pessoas na cama, 
paraplégicas, que necessitem de muletas, cadeiras de rodas e as que necessitem do auxílio de outrem etc. 
aliás, a lei penal tutela não só o direito de ir o ser humano ao encontro de outrem como o direito de que 
outrem possa vir ao encontro de si. Afinal, ainda que não possam e talvez não queiram ir ao encontro de 
de outrem, há o insuprimível direito e, às vezes, necessidade, de que outros venham até si. Algumas 
considerações sobre o ofendido devem ser observadas: 
1. desconhecimento por parte do ofendido: haverá o delito em questão mesmo que o ofendido não 
tenha conhecimento de estar sendo privado da liberdade. Imagine-se a hipótese de simulado tratamento 
médico, quando na verdade a intenção é manter a vítima privada de sua liberdade. 
2.consentimento válido do ofendido: concordando o ofendido com o sequestro ou cárcere privado e 
desde que a privação da liberdade não fira princípios básicos de inviolabilidade da pessoa humana, 
desaparecerá a ilicitude do fato. Ex.: a clausura dos sacerdotes. 
3. vítima com sua liberdade já tolhida: mesmo que a vítima já esteja com sua liberdade restringida, 
poderá haver o delito do art. 148 CP caso a ação venha a restringir ainda mais este direito. É o exemplo do 
presidiário que é impedido de exercer sua limitada deambulação dentro do presídio, v.g., banho de sol, 
trabalho, recreação etc., ao qual fazjus, e desde que, claro, tal restrição não advenha de mandamento legal, 
como o caso da prática de faltas graves (art. 50 LEP), cujo podem levar à suspensão ou restrição de 
direitos, inclusive o isolamento em cela própria (art. 53, III e IV LEP) ou mesmo ao regime disciplinar 
diferenciado (art. 52 LEP) cujo dentre outras características permite o direito à saída da cela por 2 horas 
diárias para banho de sol (art. 52, IV LEP), cujo pensamos ser restrição de constitucionalidade duvidosa. 
 
Elemento objetivo 
Os verbos, as condutas trazidas pelo tipo penal em apreço é “privar”, que significa retirar, restringir. Tal se 
faz mediante são “sequestro” ou e “cárcere privado”. Acima vimos que a diferença diz respeito ao local 
onde o ofendido é colocado. Será sequestro quando o ofendido não é confinado entre paredes, apesar de 
o local onde é levado o impedir de exercer seu direito a deambulatório. Imagine a mulher que banhando-
se nua em rio se vê espoliada de suas roupas deixadas a margem, sendo impedida de se locomover do 
local. Já no cárcere privado remonta-se a idéia de confinamento. Porém, em ambos na prática significam 
confinar, suprimir, restringir a liberdade ambulatória. Trata-se de crime de forma livre pois os meios 
empregados para se confinar a pessoa podem ser os mais diversos: violência, grave ameaça, fraude, 
substâncias inebriantes, hipnose etc. Mas, a submissão da vítima deve dar-se por sua remoção (ação) a 
locais diversos donde desenvolvia suas atividades habituais ou mesmo pela retenção (inação) em algum 
determinado lugar ao qual voluntariamente encontra-se ou frequenta, sendo impedida de sair. Por 
exemplo: fica retida em sua própria residência ou no caso a retenção sofrida pelo paciente já curado mas 
que não recebe a devida alta. Agora se tal retenção se deu como forma de compelir o paciente a 
pagamento dos honorários médicos há crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 CP). 
Período de tempo 
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Como se exige resultado (crime material), deve haver a privação da liberdade do ofendido, cuja doutrina e 
jurisprudência exigem certo período de tempo para sua configuração não bastando privação rápida e 
momentânea2. 
 
Elemento subjetivo 
O crime é doloso, sem se verificar qualquer finalidade específica do agente (dolo genérico), cujo, caso se 
apresente, deslocará a conduta para outro crime. Trata-se de crime subsidiário cujo somente existirá se a 
privação da liberdade for o fim da conduta em si mesma. Sendo outro o propósito, verifica-se a conduta 
melhor se amoldará em outros crimes3, como, v.g., se o fim for obter qualquer vantagem, tipificando a 
conduta do art. 159 CP (extorsão mediante sequestro). 
 
Figuras qualificadas (art. 148, §§ 1º e 2º CP) 
O legislador reconheceu alguns casos cujo preferiu exasperar a pena, inclusive, ensejando pena própria, daí 
porque chamamos de circunstâncias qualificadoras e não causas de aumento. Vejamos: 
Parágrafo 1º: reclusão de 2 a 5 anos. 
1. se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 
sessenta anos: são os laços de sangue ou de afeição para com a vítima que fez o legislador agravar a pena 
do agente. 
2. se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital: aqui se 
utiliza fraude contra vítima colocando-a em erro quanto a necessidade do tratamento. Os médicos ou 
diretores do hospital que sabiam da real situação responderão como coautores deste crime. Claro que 
constatada a necessidade da internação o fato é atípico. 
3. se a privação da liberdade dura mais de 15 dias: para o legislador o prazo de 15 dias é especialmente 
gravoso, contando por isso com maior rigor da lei. Vale relembrar que os prazos em matéria penal seguem 
a regra do art. 10 do CP: o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo, excluindo-se o dia do fim. 
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
4. se o crime é praticado contra menor de 18 anos: o objetivo é apenar mais severamente os crimes 
praticados contra menores. Tal qualificadora adveio pela L. 11.106/05. Evidente que por se tratar de 
norma mais gravosa (faz deslocar a pena do caput para o § 1º) não retroage aos fatos praticados antes da 
entrada em vigor desta lei – Princípio da Irretroatividade da lei Penal – art. 1º e 2º CP). 
5. se o crime é praticado com fins libidinosos: ato libidinoso é o lascivo, que visa o prazer sexual. 
Mesmo que não consiga efetivar seu intento, comprovada sua finalidade, haverá a aplicação dessa 
qualificadora. Se a intenção do agente é desde o início estuprar (art. 213 CP), o sequestro ou cárcere 
privado ficará absorvido (crime subsidiário). 
 
2 “Há constrangimento ilegal, e não sequestro, se o agente obriga motorista a lhe dar fuga, conduzindo-o a determinado lugar (TJSP, RJTJSP 
124/509), ou ainda, se a privação foi por pouco tempo e apenas para o fim de obrigar a vítima a conduzi-lo, de carro, até a fronteira.” (TJPR, PJ 
41/176). “Realiza o crime de sequestro aquele que, fazendo prevalecer sua maior presença e vigor físico, constrange sua ex namorada a ingressar à 
força em seu automóvel, e a leva par um motel, só a libertando depois de ali mantê-la durante tempo relevante.” (TJRJ, RT 786/722). “Configura 
cárcere privado a conduta da filha que interna a mãe contra a vontade desta, em casa de saúde, passando a usufruir dos bens da genitora a seu bel 
prazer.” (TJSP, RT 726/620) 
3 “Se a retenção da vítima foi para obrigá-la a casar com filha engravidada, desclassifica-se para o art. 345 CP” (TJMG, RT 615/336). “Genitor que 
leva o filho para exterior, deixando de devolvê-lo à mãe, que tinha sua guarda, responde por sonegação de incapazes (art. 248 CP) e não por 
sequestro.” (TJMG, JM 125/291). 
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Parágrafo 2º: reclusão de 2 a 8 anos. 
Aqui verificamos a qualificadora pelo resultado advindo da conduta do agente, vejamos: “Se resulta à vítima, 
em razão dos maus tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral”. Trata-se de um sofrimento 
que suplante aquele inerente à situação do cativeiro, onde verifica-se sua desnecessidade, configurando 
suplício adicional ao qual é praticado à vítima. Mas, em qualquer hipótese, deve haver efetivo grave 
sofrimento para o ofendido. 
Sofrimento físico: decorre de maus tratos advindos da violência, tais como privação de alimentos, 
agasalho, medicamento, sujeição a serviços pesados; ou da natureza da detenção, como submeter a vítima 
a ferros, amarração em troncos de árvore, deixá-la ao relento, em local insalubre, mausoléu etc. 
Sofrimento moral: deixar mulher seqüestrada desnuda sob as vistas de seus “carcereiros”. 
Algumas observações devem ser feitas: 
1. resultado lesão corporal ou morte: caso venha resultar dos maus tratos praticados lesão corporal ou 
morte do ofendido, haverá a aplicação do concurso material de crimes (art. 69 CP) com o caput deste art. 
148 CP (e não seu § 2º) uma vez que geraria bis in idem (dupla valoração do mesmo fato) a aplicação em 
conjunto daqueles crimes (art. 129 ou 121 CP) vez que em todos os casos haveria o sofrimento físico. 
2. lesões leves: as lesões do arrebatamento da vítima para levá-la ao cárcere ou aquelas normais para 
submeter o ofendido não qualificam o crime do art. 148 CP sendo consideradas“meio” deste, desde que 
não se revista da especial gravidade eleita por este parágrafo 2º e suas consequências. 
 
Consumação e tentativa 
O crime consuma-se com a restrição da liberdade do ofendido por tempo minimamente relevante. Ou 
seja, trata-se de crime material (exige resultado). A partir do arrebatamento a consumação prolonga-se ao 
tempo enquanto for sustentada a privação da liberdade do ofendido, logo, trata-se de crime permanente. 
Por se tratar de crime material admite-se a tentativa,v.g., iniciado o transporte da vítima ao cárcere, esta é 
interceptada pela polícia. Agora, na conduta omissiva no caso da retenção (ofendido mantido em hospital) 
nega-se peremptoriamente a tentativa pois com a só negativa de restituição da liberdade da vítima ou 
mantendo-a em erro quanto a sua real situação de saúde o crime já estaria consumado porque já espoliada 
de sua liberdade. 
 
Ação Penal 
Pública incondicionada. 
 
Pena: 
Art. 148, caput (forma simples): reclusão de 1 a 3 anos. 
Art. 148, § 1º (forma qualificada): reclusão de 2 a 5 anos. 
Art. 148, § 2º (forma qualificada pelo resultado): reclusão de 2 a 8 anos. 
 
 
 
Direito Penal 
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REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO – ART. 149 CP. 
Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, 
quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em 
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do 
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
I – contra criança ou adolescente; 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. 
 
Conceito 
Cuida-se da completa sujeição de uma pessoa ao poder de outra. Mais do que a mera liberdade 
ambulatória visada pelo art. 148 CP, neste o legislador sanciona a conduta de quem suprime do ser 
humano sua irrevogável condição de ser senhor de si, de se autodeterminar. Esse status de se livre de 
servidão, de ser livre do poder de fato de outra pessoa é a própria marca indelével da pessoa humana, sem 
tal condição, é reduzida a objeto, a coisa. Quando o legislador se refere à “condição análoga à de escravo” 
o legislador afasta uma condição jurídica de escravo, algo impossível desde maio de 1888. Esse crime foi 
objeto de grande alteração através da L. 10.803/03 dando nova redação ao caput, e introduzindo os 
parágrafos 1º e 2º. 
 
Objetividade jurídica 
Tutela-se a liberdade individual, o jus libertatis, e a dignidade do trabalhador. 
 
Sujeitos do Delito 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, não se exigindo 
somente o empregador, mas também seu preposto ou quem aja em nome dele, empregador. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa desde que tenha relação de trabalho com o sujeito ativo. 
 
Elemento objetivo 
O verbo, a conduta prevista é “reduzir”, que significa transformar, converter alguém a condição análoga 
(semelhante) à de escravo. Trata-se de crime de forma vinculada, pois o legislador enumerou as formas 
cujo tipo se conforma: 
1. submetendo-o a trabalhos forçados: fazendo-o submeter a trabalhos contra a vontade do ofendido 
mediante coação física ou moral. 
2. submetendo-o a jornada exaustiva: aquela que leva ao esgotamento ou exaurimento físico levando 
em consideração a estrutura física, idade, sexo e natureza da tarefa impingida. 
3. sujeitando-o a condições degradantes: obrigando-o a condições infamantes, aviltantes de trabalho. 
4. restringindo por qualquer meio sua locomoção em razão de dívida contraída com o 
empregador ou preposto: trata-se de uma cláusula geral onde o agente limita de alguma forma a 
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locomoção do ofendido. Porém, o legislador trouxe o seguinte elemento normativo para conformar essa 
forma vinculada: “em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”. 
 
Consentimento do ofendido 
Como visa o dispositivo a liberdade do ofendido, por mais que este consinta com as condições lhe 
impostas, trata-se de bem jurídico indisponível uma vez que há o total aniquilamento da personalidade 
humana, da plena renúncia de si sendo objeto de outro, fato contrário aos escopos de nossa civilização e 
ao nosso direito. Com o aumento crescente do consumo de cana de açúcar, sendo o Brasil o maior 
produtor mundial verificou-se, no ano de 2006 quinze casos de cortadores de cana que faleceram em 
razão da exaustão do trabalho lhe imposto. Tal ocorre pois o pagamento deste trabalho se dá em razão da 
pesagem da cana cortada, sem um salário mínimo fixado, o que leva estes a trabalhar exaustivamente para 
poder ganhar mais. Claro que não se pode generalizar, o só fato do trabalho ser exaustivo não configura o 
crime do art. 149 CP, sob pena de instituir-se o trabalho mecanizado e acabar com essas frentes de 
trabalho, deixando milhares sem emprego. 
 
Elemento subjetivo 
Trata-se de crime doloso que consiste na vontade livre e consciente de praticar as condutas incriminadas 
pelo tipo. Segundo a doutrina tradicional trata-se do dolo genérico, ou seja, sem um especial fim de agir. 
Outrossim, quanto as figuras equiparadas previstas no parágrafo 1º, verifica-se a presença de um fim 
especial de agir: reter o ofendido no local de trabalho, tratando-se de dolo específico. Não há previsão de 
forma culposa para este delito. 
 
Causas de aumento (art. 149, § 1º CP) 
Foram chamadas equiparadas porque o legislador não aplicou qualquer sanção diferenciada ou causa 
aumento a sua pena, e, apesar de tê-las colocadas em parágrafo e não no caput, aplicar-se-ão as mesmas 
penas do caput. A única razão do legislador assim ter agido diz respeito à vontade do sujeito ativo onde as 
condutas do caput não exigem uma finalidade específica (dolo genérico), enquanto que verifica-se que neste 
parágrafo o sujeito possui uma finalidade em seu agir (dolo específico).Vejamos elas: 
1. cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no 
local de trabalho: é o impedimento para o fim especial de deter o ofendido no local de trabalho. 
2. mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos 
pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho: conserva vigilância de forma 
intencionalmente visual (mostrando armas, v.g.) ou se apodera dos documentos ou objetos pessoais com o 
fim especial de reter o trabalhador no local. Quanto aos objetos pessoais, consideram-se apenas aqueles 
que por sua relevância econômica dificultem ou impeçam o trabalhador de sua saída. 
 
Causas de aumento (art. 149, § 2º CP) 
Aplica-se às condutas descritas no caput e no § 1º algumas circunstâncias cujo entendeu o legislador ser 
mais severamente apenadas. Assim, a pena será aumentada de metade se o crime é cometido: 
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1. contra criança ou adolescente: segundo o ECA criança é quem tem menos de 12 anos, e adolescente, 
aquele que tem entre 12 e 18 anos incompletos (art. 2º). 
2. por motivo se preconceito de raça, cor, etnia, religioso ou origem: são estranhas as razões de ter-
se colocados essas condutas como qualificadoras pois claramente o tipo em questão tem nitidamente 
colorido econômico e não outro. Mas, comprovado que as razões se amoldam a estes motivos, incidirá a 
qualificadora. 
 
Consumação e tentativa 
Trata-se de crime material, a consumação ocorrerá quando efetivamente o ofendido é reduzido à 
condição análoga de escravo, mediante qualquer das condutas incriminadas. Porém, não basta uma 
simples violação, v.g., um dia exaustivo de trabalho, que pode constituir violação à CLT (Consolidação das 
Leis do Trabalho). Assim, deve-se verificar uma contínua violação por um tempo juridicamente relevante, 
tornando a vítima submissa a outrem. Trata-se de crime permanente, configuradas quaisquer das 
condutas incriminadas a consumação do crime prolonga-se ao tempo. É crime material, admite a 
tentativa, mas de difícil verificação na prática. 
 
Concurso material de crimes 
Verifica-se no preceito secundário deste art. 149 CP que além da pena por este crime o sujeito ativo ainda 
sofrerá a pena correspondente a violência praticada em face do ofendido. Ou seja, se para fins de 
praticar o crime o sujeito leva o ofendido à lesão corporal ou mesmo à morte aplicar-se-á a regra do 
concurso material de crimes (art. 69 CP), onde as penas serão somadas. 
 
Princípio da consunção 
Verificando-se as condutas trazidas pelo caput e pelas figuras equiparadas no parágrafo 1º observa-se 
fazerem parte deste crime, vários outros, cujo serão absorvidos por este art. 149 CP por serem 
elementares deste. Assim, verifica-se a absorção: constrangimento ilegal (art. 146 CP); ameaça (art. 147 
CP); sequestro e cárcere privado (art. 148 CP), crime de perigo para saúde ou vida de outrem (art. 132 CP) 
e frustração de direito trabalhista (art. 203 CP). 
 
Sanção administrativa 
Além da pena os Empregadores flagrados explorando mão-de-obra escrava no país, terão seus dados 
anotados em um cadastro. Chamado de "Lista Suja", o documento do Ministério do Trabalho e Emprego 
conta com o nome e dados dos infratores, entre pessoas físicas e jurídicas, que sua quase totalidade, são 
ligados às atividades agropecuárias. São excluídos da lista aqueles que, ao longo de dois anos, contados de 
sua inclusão no cadastro, tenham corrigido irregularidades identificadas durante inspeção do trabalho, em 
atendimento aos requisitos da Portaria 540, de 15.10.04, e não reincidiram no crime. Além disso, segundo 
o art. 3º dessa portaria, serão enviados seus nomes para diversos órgãos, como Ministérios (Meio 
Ambiente, Fazenda, Integração Nacional, Desenvolvimento Agrário etc.), Bancos (Banco Central, Banco 
do Brasil S/A, BNDES, CEF, Banco da Amazônia S/A e Banco do Nordeste do Brasil S/A). 
Direito Penal 
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Ação Penal 
Pública incondicionada. Interessante ressaltar que apesar de tratar-se de crime contra liberdade pessoal 
(Seção I) dentro do capítulo dos crimes contra liberdade individual (Capítulo VI) o pleno do Supremo 
Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 39.804, aos 30.11.2006 assentou a 
competência da Justiça Federal para julgamento deste crime do art. 149 CP. 
 
Pena 
Figura simples (art. 149 caput): reclusão de 2 a 8 anos, além da pena correspondente a violência; 
Figuras equiparadas (art. 149, § 1º): reclusão de 2 a 8 anos, além da pena correspondente a violência; 
Causas de aumento (art. 149, § 2º): aumento de ½. 
 
TRÁFICO DE PESSOAS – ART. 149-A (artigo acrescido pela L. 13.344, de 6.10.2016) 
Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, 
violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência 
econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa 
 
Aspectos gerais da Lei 13.344/2016. 
A L. 13.344, publicada no DOU de 07.10.2016 dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno 
e internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas. No que diz respeito a matéria 
penal, acrescentou uma nova figura penal (art. 149-A), além de revogar os artigos 231 e 231-A do Código 
Penal, respectivamente, tráfico internacional e interno de pessoa para fim de exploração sexual. Não 
obstante, trouxe o legislador algumas importantes considerações ainda fora do código penal. Em seu 
artigo 1º estabeleceu a sua aplicação para o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra 
vítima brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira. Portanto, não dispõe ser aplicável ao 
tráfico de pessoas cometido no exterior contra vítima estrangeira. No artigo 3º, VIII, previu a preservação 
do sigilo dos procedimentos administrativos e judiciais. No artigo 5º, previu que a repressão ao tráfico de 
pessoas ocorrerá por meio da cooperação entre órgãos do sistema de justiça e segurança, nacionais e 
estrangeiros; da integração de políticas e ações de repressão aos crimes correlatos e da responsabilização 
dos seus autores, e da formação de equipes conjuntas de investigação. Outro aspecto relevante foi a 
previsão de várias formas de proteção e atendimento às vítimas como o atendimento humanizado, e 
assistência jurídica, social, de trabalho e emprego e de saúde (artigo 6º), bem semelhante à Lei Maria da 
Penha. Também trouxe inovações no âmbito processual penal. O art. 8º possibilita que o juiz, inclusive 
de ofício, determine medidas assecuratórias relacionadas a bens, direitos ou valores pertencentes ao 
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investigado ou acusado, que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de tráfico de pessoas. 
Acrescentou ao Código de Processo Penal os artigos. 13-A e 13-B, permitindo ao Ministério Público e o 
delegado de polícia requisitem dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos, além de autorizar 
ao Ministério Público ou o delegado de polícia requisitem, mediante autorização judicial, às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios 
técnicos adequados quepermitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. No âmbito 
da execução penal, passou a exigir cumprimento de 2/3 da pena para obtenção de livramento 
condicional para sentenciados por este crime (art. 83, inciso V CP). Tal causa certa perplexidade posto que 
o tráfico de pessoas não é classificado como crime hediondo ou equiparado, porém, exige fração igual a 
dos crimes hediondos, tráfico de drogas, de terrorismo e de tortura para obtenção deste benefício. 
 
Conceito 
O tráfico humano é o comércio de seres humanos praticado por organizações criminosas tanto de caráter 
nacional quanto transnacional. Mais comumente atuam para fins de escravidão sexual, trabalhos forçados, 
exploração sexual comercial, extração de órgãos ou tecidos além de outras finalidades que visam coisificar o 
ser humano, rendendo bilhões de dólares no comércio internacional. O tráfico de pessoas é violação dos 
direitos humanos por convenções internacionais. A questão já foi objeto de discussão na ONU em 1950, 
quando elaborada a Convenção para a Repressão do Tráfico de Pessoas e do Lenocínio (21.02.1950, em 
Nova York) cujo Brasil ratificou-a por Decreto (nº 46.981, de 8.10.1959), além de novamente tratar do 
assunto na Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à 
Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças adotado em 
Nova York em 15 de novembro de 2000, foi ratificada internamente no Brasil através do Decreto nº 
5.017, de 12.03.2004. 
 
Objetividade jurídica 
A proteção da liberdade individual primariamente. Secundariamente, protege-se a liberdade de locomoção, 
liberdade sexual e a própria vida. 
 
Sujeitos do Delito 
Sujeito ativo como passivo podem ser qualquer pessoa, tratando-se de crime comum. Porém, há que se 
verificar que existem algumas hipóteses onde determinada relação entre autor do fato e ofendido ou 
qualidade inerente ao sujeito ativo, poderá ter consequência na pena. São as hipóteses previstas no 
parágrafo 1º, incisos I a III. 
 
Elemento objetivo 
Trata-se de um tipo misto alternativo, com previsão de oito núcleos incriminadores (agenciar, aliciar, 
recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher), resultando isto que a prática de qualquer das 
condutas, ainda que praticadas duas ou mais no mesmo contexto fático, haverá crime único. Ademais, 
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trata-se de crime de forma vinculada, ou seja, exige forma de execução específica, assim integrando a 
própria figura típica penal: 
1. grave ameaça: é a violência psíquica, psicológica (vis compulsiva). Deve ser intensa, ou seja, grave, de monta à 
saúde ou vida do ofendido, ainda que seja direcionada à terceiras pessoas (filhos, pais etc.) 
2. violência: é a violência física (vis absoluta), como agressões, socos etc. 
3. coação: é a obrigação, emprego de força que não constitua grave ameaça ou violência, como a hipótese de 
extorsão do ofendido sob pena de revelar algo de sua intimidade a terceiros. 
4. fraude: é o erro, o engodo, colocação do ofendido numa falsa percepção da realidade 
5. abuso: é o excesso 
 
Elemento subjetivo 
Há previsão de elemento anímico específico. Os cinco incisos previstos no art. 149-A são elementos do 
tipo penal, retratando um especial fim de agir do agente, ou seja, dolo específico. Portanto, somente 
haverá consumação do crime de tráfico de pessoas se o agente tiver alguma destas finalidades legalmente 
previstas, independentemente de conseguir concretizá-las. A ausência de algum desses elementos 
subjetivos levará à atipicidade da conduta do agente: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
 
Causa de aumento de pena (§ 1º) 
A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las: 
exige-se nexo funcional, ou seja, o sujeito atuou usando suas atribuições funcionais, no exercício da função pública 
ou, sob a justificativa de exercê-la, neste caso demonstrando-se que teria atribuição para isso; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência: são pessoa que o 
legislador invariavelmente protegem de modo mais assíduo em razão de sua vulnerabilidade; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de 
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, 
cargo ou função: são hipóteses de uma maior proximidade entre o sujeito ativo e ofendido, em razão de laços 
familiares, emprego ou subordinação hierárquica funcional, onde o legislador percebe uma maior reprovação do 
sujeito ativo que se vale disso para prática criminosa. 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional: hipótese de maior vulnerabilidade em 
razão da distância do ofendido de pessoas próximas e da evidente maior dificuldade tanto para sua libertação quanto 
para investigação. 
 
 
 
 
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Causas de redução de pena (§ 2º) 
A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa. Essa redação 
é muito parecida com a causa de redução de pena prevista ao tráfico de drogas (art. 33, § 4º, L. 11.343/06). Assim, 
trata-se de um direito público subjetivo do sentenciado quando preenchidos os dois requisitos legais: 
1. primariedade: não haver condenação co trânsito em julgado. Assim, na hipótese de inquéritos policiais ou ações 
penais em trâmite, sentenças condenatórias recorríveis não impedem o benefício legal; 
2. integrar organização criminosa: não basta mera sugestão de fazer parte de crime organizado ou conjectura. 
Para indeferir a redução considerando isto, deverá o magistrado apontar os elementos obre a prova disso. 
 
Consumação e tentativa 
Trata-se de crime formal, bastando alguma das oito condutas incriminadoras previstas no caput, ainda que 
o fim específico do agente (incisos I a V) não ocorra. 
 
Ação Penal 
Pública incondicionada. 
 
Revogação artigos 231 e 231-A CP 
Os artigos 231 e 231-A do Código Penal previam, respectivamente, os crimes de tráfico internacional e 
interno de pessoa para o fim de exploração sexual, e foram revogados pela nova Lei. 
 
Vacatio legis 
A Lei 13.344 de 6.10.2016 foi publica aos 07.10.2016 com prazo de vacatio legis de 45 dias. Até sua vigência 
efetiva, ainda no prazo de vacância, foram aplicados os artigos 232 e 231-A.

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