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Apostila 8- artigo 227-234-CP

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Prévia do material em texto

Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
1
Título VI – Dos crimes contra a dignidade sexual. Capítulo V (Do lenocínio e do tráfico de 
pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual – artigos 227 a 232 
CP). Capítulo VI (Do ultraje ao pudor público – art. 233 a 234-B). 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
CAPÍTULO V 
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE 
EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
Art. 227 Mediação para servir a lascívia de outrem 
Art. 228 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual (alterado pela L. 12.015, de 07.08.2009) 
Art. 229 Casa de prostituição (alterado pela L. 12.015, de 07.08.2009) 
Art. 230 Rufianismo (alterado pela L. 12.015, de 07.08.2009) 
Art. 231 Revogado pela L. 13.344, de 6.10.2016 
Art. 231-A Revogado pela L. 13.344, de 6.10.2016) 
Art. 232 Revogado pela Lei 12.015, de 7.08.2009. 
Art. 232-A Promoção de migração ilegal (acrescido pela L. 13.445, de 24.05.2017 
 
Considerações iniciais 
Este Capítulo V já havia sofrido uma importante alteração com advento da L. 11.106, de 28.3.2005. 
A começar pelo nome, pois antes este Capítulo era chamado “Do lenocínio e do tráfico de 
mulheres”, tendo sido levado à abrangência da defesa tanto de mulheres, quanto de homens.Com a 
Lei 12.015, de 07.08.2009, foi acrescentada a expressão “ou outra forma de exploração sexual”, 
ensejando uma maior abrangência a algumas condutas criminosas. Lenocínio é a prestação de 
apoio e incentivo à vida voluptuosa de outra pessoa, dela tirando proveito, popularmente os agentes 
do lenocínio são chamados de rufião (cafetão) ou proxeneta. Rufião é o que vive da prostituição 
alheia, sustenta-se do prostituído. Proxeneta é a pessoa que intermedeia encontros sexuais de 
terceiros, mantendo local ou mediando contato, auferindo ou não lucro. 
 
MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM 
Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, 
descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de 
educação, de tratamento ou de guarda: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. 
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
 
Conceito 
Esta conduta criminosa, deste Capítulo V, foi a única que não sofreu qualquer alteração pela Lei 
12.015/09. Trata-se da conduta do agente que leva alguém (maior de 14 anos e menor de 18 anos) a 
satisfazer a lascívia de outrem. A punição recai para o que persuade a vítima. Ou seja, a vítima é 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
2
induzida a praticar qualquer ato libidinoso com terceira pessoa, para satisfazer o prazer sexual deste 
terceiro.Caso seja menor de 14 anos, incidirá a norma especial prevista no art. 218 CP. 
 
Objetividade Jurídica 
Há a defesa da dignidade sexual da pessoa, no contexto de preservação da moralidade pública 
sexual. O objeto material deste crime é a pessoa induzida. Há que se criticar a permanência deste 
crime em nosso sistema, a moralidade sexual albergada nesta não deveria ser tutelada pelo Estado, 
pois, a liberdade sexual exercida sem qualquer violência ou ameaça não deveria ser tutelada pelo 
Estado quando envolve pessoa capaz de consentir. É fechar os olhos para as dezenas de oferta de 
sexo feitas pelos jornais, revistas, internet, espalhadas pelos orelhões das cidades, nas ruas etc., que, 
a cada dia estão induzindo outras à satisfação da lascívia alheia, com clara finalidade de lucro. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser vítima, independentemente de seu sexo. A doutrina tem 
se direcionado no sentido de que se a vítima já é corrompida (prostituída), não haverá o crime, 
pois o tipo visa a proteção da “moralidade sexual”, e pessoa já sexualmente corrompida não a tem. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o núcleo é “induzir” que significa levar a, persuadir, incutir, convencer, dar a idéia, 
inspirar alguém a fazer algo. Ademais, quando o tipo subscreve “alguém”, deve haver uma vítima 
determinada, ou seja, o sujeito que induz um grupo indeterminado de pessoas, não há que se falar 
neste crime.Aqui, pune-se aquele que dá ideia e incuti à vítima a satisfazer prazer sexual de 
terceiro. Este induzimento visa à satisfação da lascívia de terceira pessoa. Lascívia significa luxuria, 
o prazer sexual, a concupiscência ou sensualidade. Isto é, a lascívia satisfeita é a da terceira pessoa, e 
não daquele que induziu o ofendido, que é o apenado nesta conduta prevista no art. 227 CP. Trata-
se de um crime de participação necessária de um terceiro que não é punido por este crime. 
Anote-se que apesar da aparência, a conduta prevista no art. 227 CP não é a mesma prevista em 
outros dispositivos estudados: 
art. 218 CP: o sujeito induz menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. 
art. 218-A CP: o sujeito induz menor de 14 anos a presenciar conjunção carnal ou ato libidinoso a 
fim de satisfazer a lascívia de outrem. 
art. 218-B CP: o sujeito induz a vítima menor de 18 anos à prostituição ou exploração sexual, que 
se refere a prática reiterada (prostituição ou exploração sexual) do ofendido. 
 
Elemento Subjetivo 
Na indução presente está um especial fim de agir do sujeito, consistente em “satisfazer a lascívia de 
alguém”. Assim, há dolo específico consistente nesta especial vontade de agir do agente indutor. 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
3
Por falta de previsão legal, não há como se falar em crime culposo. Interessante analisar a conduta 
de satisfazer a lascívia não exige, no caput, intuito de lucro. Este (lucro) é facultativo, se 
presente está o intuito de lucro, aplica-se o § 3º, que é uma forma qualificada. 
 
Espécies 
1. Lenocínio simples (caput): 
Trata-se da figura prevista no caput deste dispositivo, ocorrendo quando não preenchidas quaisquer 
hipóteses previstas nas figuras qualificadas nos parágrafos 1º, 2º, ou seja, sua definição se dá por 
exclusão. Logo, restará ao caput apenas a indução de pessoa maior de 18 anos, sem violência ou 
grave ameaça ou fraude, e sem fim de lucro. Como dito acima, totalmente retrógrado incriminar 
essa conduta, pois, claramente, demanda pessoa maior e capaz, que desejou expressamente a 
satisfação da lascívia de outrem. A pena é de reclusão de 1 a 3 anos. 
2. Lenocínio qualificado (§§ 1º e 2º): 
São três hipóteses que qualificam o crime, vejamos: 
a) vítima maior de 14 e menor de 18 anos (§ 1º): em se tratando de indução à vítima menor de 
14 anos incidirá o art. 218 CP. E, no caso dessa vítima menor de 14 anos praticar conjunção carnal 
ou ato libidinoso diverso com terceiro, este terceiro que o praticou, responderá por crime de 
estupro de vulnerável (art. 217-ACP). Previu o legislador neste parágrafo 1º a pena de reclusão de 
2 a 5 anos. 
b) agente é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou 
pessoa a que esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda (§ 1º): a 
razão disso reside na postura daqueles que deveriam zelar pela pessoa sob sua proteção. Também a 
pena será de reclusão de 2 a 5 anos. 
c) crime cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude (§ 2º): violência é a 
física contra a pessoa; grave ameaça é a promessa de mal injusto e grave; fraude é o ardil, artifício o 
erro a que é levada a vítima. A pena do sujeito será de reclusão de 2 a 8 anos. Ademais, segundo 
as regras deste preceito secundário, incide o concurso material de crimes uma vez que além da 
pena (reclusão de 2 a 8 anos) o sujeito responderá também pela pena correspondente à violência 
(física) praticada, v.g., lesão corporal. 
3. Lenocínio questuário (causa de acréscimo de pena pecuniária - § 3º): 
Neste parágrafo terceiro previu o legislador que, em havendo intuito de lucro pelo indutor, haverá, 
também, em qualquer das modalidades (simples ou qualificadas) a aplicação de pena de multa. A 
doutrina nomeia de questuário, significando isto ambicioso ou interesseiro. 
 
Causas de aumento de pena (art. 234-B CP) 
Verificaremos as hipóteses adiante. 
 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
4
Consumação e Tentativa 
Consuma-se o crime com a efetiva satisfação da lascívia da terceira pessoa, independentemente 
desta alcançar orgasmo (gozo genésico). Logo, trata-se de crime material, exige resultado 
(satisfação da lascívia, independentemente de orgasmo). A tentativa é admitida. 
 
Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública incondicionada. 
 
Pena 
Forma simples (caput): reclusão de 1 a 3 anos 
Formas qualificadas (§§ 1º e 2º): reclusão de 2 a 5 anos (§ 1º) e reclusão de 2 a 8 anos e pena 
correspondente a violência (§ 2º) 
Causa de acréscimo de pena pecuniária (§ 3º). 
Causa de aumento (art. 234-A CP): 
a) aumento de ½ a 2/3 - se do crime resultar gravidez; 
b) aumento de 1/3 a 2/3- se o agente transmite doença sexualmente transmissível de que sabe ou 
deveria saber ser portador, se vítima é idosa ou pessoa com deficiência. 
 
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou 
dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, 
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
 
Conceito 
Como se pode observar o tipo em estudo teve sua redação alterada pela Lei 12.015/09. Trata-se da 
conduta do agente que leva alguém (maior de 18 anos) a ingressar ou facilitar a prostituição, ou 
mesmo impedir que alguém abandone a prostituição. 
 
Objetividade Jurídica 
A dignidade sexual, no contexto de proteção da moralidade pública sexual. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa pode ser vítima, independentemente de seu sexo, ainda que seja 
prostituída, mas que tenha pelo menos 18 anos de idade completos, caso contrário incidirá a norma 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
5
especial prevista no art. 218-B (favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
de vulnerável). 
 
Elemento Objetivo 
Trata-se de um tipo misto alternativo, ou seja, várias são as condutas trazidas por este tipo penal, 
e qualquer uma delas praticadas (ou mesmo que mais de uma seja praticada) haverá apenas um 
único crime. As condutas são: 
1. “induzir”: significa levar a, persuadir, incutir, convencer, dar a idéia, inspirar alguém a fazer algo; 
2. “atrair”: significa seduzir ou chamar alguém a fazer alguma coisa; 
3. “facilitar”: significa dar acesso, colocar à disposição; 
4. “impedir”: significa obstaculizar alguém a largar a prostituição. 
5. “dificultar”: por impedimentos ou obstáculos. 
Novamente o tipo subscreve “alguém”, ensejando umavítima determinada Aqui, pune-se 
aquele que dá ideia ou pretende que a vítima se mantenha na mercancia de sexo,visando 
que a vítima satisfaça o prazer sexual de terceiro. Devemos criticar este tipo, que é arcaico e 
desnecessário, ultrapassado. A conduta da pessoa que induz, atrai, facilita ou impede pessoa adulta 
(só com argumentos, sem violência ou fraude alguma)que foi convencida à uma vida promíscua não 
deveria ser considerada crime, já que tampouco a prostituição é crime. O legislador deveria de 
resguardar pessoa menor de idade, ou aquela que é vítima de atos violentos, ameaçadores ou 
fraudulentos, como de fato o fez no art. 218-B CP.Aliás, estas pessoas contam com o total 
beneplácito das autoridades públicas, não são poucos os locais que servem a encontros amorosos, 
casas que servem “serviços de acompanhantes de executivos”, casa de massagens, etc. 
 
Prostituição 
É o comércio habitual do próprio corpo, para a satisfação sexual de indiscriminado número de 
pessoas. Este crime é condicionado, pois a prostituição se dá não com uma única cobrança em 
troca de sexo, mas, trata-se de ação (prostituir) habitual. Portanto, para configurar a conduta do 
agente neste crime, depende da habitualidade da vítima. Uma única vez que se prostituiu não se 
pode considerar a pessoa como prostituta. 
 
Elemento Subjetivo 
Na indução presente está um especial fim de agir do sujeito, consistente nos diversos verbos 
trazidos pelo tipo, todos com o fim único de colocar a vítima no comércio profissional do amor 
sexual. Assim, necessária a presença deste dolo específico. Visa o legislador a conduta do que perfaz 
uma “rotina” de prostituição da vida da vítima, mantendo-a nesta. Caso não seja esta sua intenção, 
não se pode falar neste crime, por isso a exigência de dolo específico. 
 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
6
Espécies 
1. Favorecimento a prostituição simples (caput): 
É a figura prevista no caput, ocorrendo quando não preenchidas quaisquer hipóteses previstas nas 
figuras qualificadas nos parágrafos 1º e 2º. A pena é de reclusão de 2 a5 anos. 
2. Favorecimento a prostituição qualificado (§§ 1º e 2º): 
São três hipóteses que qualificam o crime, vejamos: 
a) agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor 
ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, 
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (§ 1º): a razão disso reside na postura daqueles 
que deveriam zelar pela pessoa sob sua proteção. A pena será de reclusão de 3 a8 anos. 
b) crimecometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude (§ 2º): violência é a 
física contra a pessoa; grave ameaça é a promessa de mal injusto e grave; fraude é o ardil, artifício 
ou erro a que é levada a vítima. A pena do sujeito será de reclusão de 4 a10 anos. Ademais, incide 
a regra do concurso material de crimes uma vez que além da pena (reclusão de 4 a10 anos) o 
sujeito responderá também pela pena correspondente à violência (física) praticada, v.g., lesão 
corporal. 
3. Favorecimento a prostituição agravado (causa de acréscimo de pena pecuniária - § 3º): 
Assim como no crime anterior, em havendo intuito de lucro, haverá, também, em qualquer das 
modalidades (simples ou qualificadas) a aplicação de pena de multa. É o criminoso ambicioso ou 
interesseiro. 
 
Consumação e Tentativa 
Como várias são as condutas previstas, a consumação se dará em momentos diferentes: 
1. condutas de induzir, atrair ou facilitar:consuma-se com o início na prostituição (reiteração da 
vítima); 
2. conduta de impedir ou dificultar: com o prosseguimento na prostituição pela vítima. 
Trata-se de crime material, exige resultado naturalístico, que é a moralidade sexual atingida, 
consistente no efetivo início ou prosseguimento na prostituição. A tentativa é admitida. 
 
Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública incondicionada. 
 
Pena 
Forma simples (caput): reclusão de 2 a5 anos 
Formas qualificadas (§§ 1º e 2º): reclusão de 3 a8 anos (§ 1º) e reclusão de 4 a10 anos e pena 
correspondente a violência (§ 2º) 
 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
Este material é fruto de pesquisa e trabalho intelectual de Danilo Pereira. Foi encaminhado aos alunos com fins de complementação de estudos. É 
proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
7
CASA DE PROSTITUIÇÃO 
Art. 229 - Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, 
ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: 
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
Conceito 
A redação deste tipo foi alterada pela Lei 12.015/09. Trata-se da conduta do agente que mantém, 
por conta própria (pessoalmente) ou por terceira pessoa (gerenciamento), local destinado a 
encontros libidinosos num contexto de exploração sexual de alguém. 
 
Objetividade Jurídica 
Dignidade sexual da pessoa explorada e a moralidade pública sexual. 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. É chamado de proxeneta. 
Sujeito passivo: é a própria coletividade, vez que o tipo fere a moralidade pública sexual, além de 
secundariamente proteger a vítima explorada sexualmente. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o núcleo do tipo é “manter” que significa conservar, fazer permanecer, dar meios, 
prover, sustentar. Dá nitidamente a noção de habitualidade, ou seja, tem sentido de reiteração da 
conduta, não bastando para configuração deste crime o comportamento ocasional.O lugar pode ser 
mantido por conta própria ou de terceiro, ou seja, a manutenção da casa de prostituição pode ser 
feita diretamente pelo agente, ou por terceira pessoa que o faz em nome do agente. Claro que se 
este terceiro desconhece a finalidade da casa, não responderá por crime algum; do contrário, haverá 
concurso de agentes por este mesmo crime (art. 29 CP). Conforme parte final do tipo, não é 
necessário o intuito de lucro. Mas, deve-se deixar claro que a conduta criminosa recai sobre 
aquela pessoa que explora sexualmente outra. Assim, no caso de a pessoa prostituída receber seus 
clientes em local próprio, como já prevalecia anteriormente à vigência da L. 12.015/09, não há a 
configuração deste crime1. 
 
Casa de prostituição ou lugar destinado a encontros libidinosos: 
O nomen juris do tipo foi mantido - “Casa de prostituição” - que significa aquele local onde as (os) 
prostitutas (os) permanecem para o exercício do comércio sexual. Com as alterações advindas da 
Lei 12.015/09, não mais se utilizou o legislador da expressão “casa de prostituição ou lugar 
destinado a encontros libidinosos”, mas, o texto legal emprega a expressão “estabelecimento em 
que ocorra exploração sexual”. É, ainda, o lugar mantido pelo agente para sediar, regularmente, 
os encontros para satisfação do prazer sexual.Antes da entrada em vigor da Lei 12.015/09, a 
 
1 A prostituta que recebe clientes em sua residência não pratica o crime do art. 229 CP, pois não mantém, embora exerça o 
meretrício, casa de prostituição, sendo irrelevante que hóspedes eventuais ou inquilina, sem a mediação dela, recebam homens em 
seus aposentos.” (TJSP – RJTJSP 182/299) 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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8
jurisprudência maciça não admitia que motéis, casas de massagem, saunas, bares, discotecas, 
casas de relaxamento etc. fossem considerados casa de prostituição. Isso porque não são locais 
exclusivos e específicos para a prostituição, nem para encontros libidinosos, pois tem outra 
finalidade como hospedagem, serviço de massagem, sauna, alimentação etc. Sinceramente, 
acreditamos que este entendimento não deve ter alteração, sendo certo que ainda hoje será 
considerado “estabelecimento em que ocorra exploração sexual” aquele específico para encontros 
libidinosos. 
 
Crítica 
O legislador deveria acabar de vez com essa falsa moralidade. Andou mal em manter este crime 
mesmo com as recentes alterações advindas com a Lei 12.015/09. A prostituição sempre existiu e 
sempre vai existir, inclusive, é tolerada pela própria sociedade, embora de forma disfarçada, 
encoberta pelos luminosos pouco discretos pelas ruas e avenidas centrais das cidades sob os mais 
variados e toscos nomes. Estes estabelecimentos estão enraizados na sociedade em diversas formas, 
como motéis, hotéis, bares ou cafés de encontros, saunas mistas, casas de massagens e relax, 
danceterias etc. Melhor seria que regulamentasse de vez a prostituição e garantisse direitos aos 
profissionais do sexo, especialmente seguridade social, acesso à saúde, e o exercício da profissão em 
locais seguros, e não de forma clandestina, as espreitas, em ruas e avenidas escuras, com locais onde 
há exploração sub-humana, sendo os profissionais verdadeiros objetos, sofrendo todo tipo de riscos 
e agressões. Antes da entrada em vigor da Lei 12.015/09, admitia-se a condenação por este crime 
desde que comprovasse que o local sobreviveria exclusivamente da prostituição. Embora estes 
lugares (bares, cafés, saunas etc.) possam abrigar casa de prostituição, muitas vezes não é disso 
vivem os proprietários, mas da venda das bebidas, refeições e estadias nos quartos. Ademais, se a 
própria prostituição não é proibida, não há razão para este artigo 229 continuar subsistindo em 
nosso sistema penal. Aliás, as próprias autoridades públicas fornecem tranquilamente os alvarás 
para funcionamento e cobram os impostos destes lugares, tudo à claridade meridiana. Apesar disso, 
o crime ainda persiste em nosso sistema, inclusive, tanto o STF quanto o STJ tem defendido 
assiduamente sua incriminação2. 
 
2 “(...) A eventual tolerância ou indiferença na repressão criminal, bem assim o pretenso desuso não se apresentam, em nosso sistema 
jurídico-penal, como causa de atípica. O enunciado legal (art. 229 e art. 230) é taxativo e não tolera incrementos jurisprudenciais. Os 
crimes em comento estão gerando grande comoção social, em face da repercussão, existindo uma mobilização nacional de proteção dos 
menores." Recurso conhecido e provido”. (STJ -REsp 585.750/RS, 5ª Turma - Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, J. 10.02.2004); “I - A 
eventual tolerância ou a indiferença na repressão criminal, bem assim o pretenso desuso não se apresentam, em nosso sistema jurídico-
penal, como causa de atípica (Precedentes). II - A norma incriminadora não pode ser neutralizada ou ser considerada revogada em 
decorrência de, v.g., desvirtuada atuação policial (art. 2º, caput da LICC). Recurso conhecido e provido”. (STJ - REsp 146.360/PR, - 5ª 
Turma - Rel. Min. Felix Fischer, J. 19.10.1999); “(...) 1. Abstração feita a maiores considerações acerca da tipicidade do delito, acolhida, 
de maneira uniforme, nas instancias ordinárias, não há no código penal brasileiro, em tema de excludente da ilicitude ou culpabilidade, 
possibilidade de se absolver alguém, em face da eventual tolerância a pratica de um crime, ainda que a conduta que esse delito encerra, a 
teor do entendimento de alguns, possa, sob a ótica social, ser tratada com indiferença. O enunciado legal (art. 229 e 230) é taxativo e não 
tolera incrementos jurisprudenciais. 2. A casa de prostituição não realiza ação dentro do âmbito de normalidade social, ao contrario do 
motel que, sem impedir a eventual pratica de mercadoria do sexo, não tem como finalidade única e essencial favorecer o lenocínio. 3. 
Recurso especial conhecido para restabelecer a sentença.” (STJ - REsp 149.070/DF – 6ª Turma - Rel. Min. Fernando Gonçalves, J. 
09.06.1998); “1. O art. 229 do CPB tipifica a conduta do recorrido, ora submetida ajulgamento, como sendo penalmente ilícita e a 
eventual leniência social ou mesmo dasautoridades públicas e policiais não descriminaliza a conduta delituosa.2. A Lei Penal só perde sua 
força sancionadora pelo advento deoutra Lei Penal que a revogue; a indiferença social não é excludente da ilicitude oumesmo da 
culpabilidade, razão pela qual não pode ela elidir a disposição legal.3. O MPF manifestou-se pelo provimento do recurso.4. Recurso 
Direito Penal 
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Casa de prostituição infantil 
Na hipótese de tratar-se de casa de prostituição infantil, a conduta se subsumirá ao favorecimento à 
exploração sexual de vulnerável, artigo 218-B CP. O cliente que realiza o ato libidinoso com adolescente 
pratica o mesmo ilícito penal por equiparação (art. 218-B, §2º, inciso I). Na hipótese de local em 
que se explore pessoa menor de 14 anos, haverá o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A CP). 
 
Elemento Subjetivo 
Trata-se de crime doloso havendo um especial fim de agir do sujeito, consistente em satisfazer o 
prazer sexual alheio através da manutenção de lugar destinado para fins libidinosos. Assim, há dolo 
específico. 
 
Consumação e Tentativa 
Com a “manutenção” do local. Trata-se de crime habitual, que é aquele que exige comportamento 
reiterado do agente. Crime habitual é um “todo formado por pequenas ilhas”, sem as quais o crime 
não subsiste. Cada uma de suas partes servem à sua configuração. No crime estudado, a 
habitualidade se confirma quando demonstrada essa “continuidade do estabelecimento”. Daí, o 
crime está consumado, pois a ofensa à moralidade sexual se dará com a habitualidade do agente em 
manter o local. Os crimes habituais não admitem tentativa, pois, comprovada a habitualidade o 
crime já se consumou e, enquanto não há habitualidade, não há crime algum. Finalmente, o tipo 
não exige um resultado, que seria a degradação moral sexual da pessoa explorada, mas somente a 
mantença do local, pois é essencialmente crime contra a coletividade, logo, trata-se de crime 
formal(não se exige um resultado naturalístico, que seria a degradação moral da pessoa explorada). 
 
Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública incondicionada. 
 
Pena 
Reclusão de 2 a5 anos, e multa. 
 
 
 
 
provido para, reconhecendo como típica a condutapraticada pelos recorridos, determinar o retorno dos autos ao Juiz de primeiro grau 
paraque analise a acusação, como entender de direito.” (STJ – REsp 820.406/RS – Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho - J. 5.03.09); 
“Observem o sistema pátrio. Encerra o Direito posto. Então, descabe potencializar o que possa transparecer como óptica de grande 
parte da população para concluir pela insubsistência de tipo penal. A tolerância notada quanto à prostituição não leva a entender-se como 
derrogado o artigo 229 do Código Penal. Paga-se um preço por se viver em um Estado de Direito e é módico, ou seja, o respeito às 
regras estabelecidas. Somente assim se faz possível a paz na vida gregária. Indefiro a Liminar.” (STF – HC 99144/RS – Min. Marco 
Aurélio – Apreciação de Liminar – 01.06.2009); “1. No crime de manter casa de prostituição, imputado aos Pacientes, os bens jurídicos 
protegidos são a moralidade sexual e os bons costumes, valores de elevada importância social a serem resguardados pelo Direito Penal, 
não havendo que se falar em aplicação do princípio da fragmentariedade. 2. Quanto à aplicação do princípio da adequação social, esse, 
por si só, não tem o condão de revogar tipos penais. Nos termos do art. 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (com 
alteração da Lei n. 12.376/2010), “não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”. 3. 
Mesmo que a conduta imputada aos Pacientes fizesse parte dos costumes ou fosse socialmente aceita, isso não seria suficiente para 
revogar a lei penal em vigor. 4. Habeas corpus denegado.” (STF – HC 104.467/RS – 1ª Turma – Rel. Min. Carmen Lucia – J. 8.02.2011). 
Direito Penal 
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RUFIANISMO 
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se 
sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por 
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou 
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a 
livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. 
 
Conceito 
A Lei 12.015/09 alterou sua redação. É a conduta do agente que explora a prostituição alheia, 
fazendo-se sustentar por quem a exerça. É uma modalidade de lenocínio, que consiste em viver à 
custa da prostituição alheia. É a conduta do rufião, cafetão ou cáften. Óbvio que aquele que explora 
a prostituição alheia, acaba praticando o favorecimento à prostituição (art. 228 CP), mas, tal crime 
será absorvido por este (art. 230) pela preponderância do indevido proveito (STJ, HC 8.914/MG) 
 
Objetividade Jurídica 
Dignidade sexual da pessoa no contexto de proteção da moralidade pública sexual, e, claro, 
proteger a vítima explorada. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo (rufião ou cafetão). 
Sujeito passivo:pessoa prostituída; secundariamente a coletividade. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta é “tirar proveito”que significa aproveitar-se, extrair lucro, vantagem ou interesse da 
prostituição alheia.Vejamos os requisitos: 
1. participando diretamente dos lucros: o sujeito reserva para si uma parte dos ganhos da(o) 
prostituta(o) que pratica o comércio sexual. O lucro obtido deve ser da prostituição, no caso do 
sujeito retirar os lucros de bebidas, refeições ou cobrança de entrada em danceterias, não há que se 
falar neste crime, tampouco em crime algum. 
2. fazendo-se sustentar: sendo amparado, provido total ou parcialmente pelo prostituído, v.g., com 
roupas, casa, alimentação etc. 
3. no todo ou em parte: não se exige que o sujeito tenha essa como única fonte de renda, mas uma 
delas. 
4. prostituição alheia: o comércio habitual de préstimos sexuais deve ser alheio, pois a 
prostituição própria não é crime em nosso sistema legal. 
 
 
Direito Penal 
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Elemento Subjetivo 
Trata-se de crime doloso havendo um especial fim de agir do sujeito, consistente em sustentar-se, 
fazer disso estilo de vida, viver da prostituição alheia. Assim, há dolo específico. 
 
Espécies: 
1. Rufianismo simples (caput): 
É a figura prevista no caput, ocorrendo quando não preenchidas quaisquer hipóteses previstas nas 
figuras qualificadas nos parágrafos 1º e 2º. A pena é de reclusão de 1 a4 anos, e multa. 
2. Rufianismo qualificado (§§ 1º e 2º): 
São três hipóteses que qualificam o crime, vejamos: 
a) vítima menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ascendente, 
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou 
empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, 
proteção ou vigilância. (§ 1º): nesta primeira parte (vítima maior de 18 e maior que 14 anos) fica 
muito próximo ao art. 218-B CP. Mas, o art. 218-B ficará reservado ao que incentiva ou mantém a 
pessoa menor de 18 anos à prostituição, enquanto que o art. 230 CP servirá ao que “tira proveito” 
da pessoa prostituída. Previu o legislador neste parágrafo 1º a pena de reclusão de 3 a6 anos, além 
da multa. 
b) crime cometido com emprego de violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que 
impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima (§ 2º): violência é a física contra 
a pessoa; grave ameaça é a promessa de mal injusto e grave; fraude é o engodo, o erro ao qual a 
vítima é levada; outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima são os 
casos em que a vítima está impedida de livremente discernir sobre seus atos, seja por efeitos 
externos (drogas) como internos (capacidade mental reduzida em razão de deficiência mental). A 
pena prevista é de reclusão de 2 a8 anos. Ademais, incide a regra do concurso material de 
crimes uma vez que além da pena (reclusão de 2 a8 anos) o sujeito responderá também pela pena 
correspondente à violência (física) praticada, v.g., lesão corporal. 
 
Consumação e Tentativa 
O crime é habitual, ou seja, o sujeito deve tirar proveito participando dos lucros ou tirar proveito 
fazendo-se sustentar, que são condutas tipicamente habituais. Ademais, como o tipo exige proveito 
(lucro ou sustento) é crime material. Uma só conduta praticada não configura este crime, sendo 
imprescindível a prova da reiteração. Como viso anteriormente, a tentativa é inadmissível em crimes 
habituais. 
 
Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública incondicionada. 
 
Direito Penal 
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Pena 
Forma simples (caput): reclusão de 1 a4 anos e multa. 
Formas qualificadas (§§ 1º e 2º): reclusão de 3 a 6 anos e multa (§ 1º) e reclusão de 2 a8 anos 
além e multa e pena correspondente pela violência (§ 2º). 
 
TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOA PARA FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a 
prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo 
conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2o A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, 
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3o - Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa 
 
TRÁFICO INTERNO DE PESSOA PARA O FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da 
prostituição ou outra forma de exploração sexual: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, 
tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
§ 2o A pena é aumentada da metade se: 
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato; 
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, 
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
§ 3o Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
Revogação 
A Lei 13.344, de 06.10.2016 revogou ambos dispositivos haja vista a inclusão do artigo 149-A sob o nome 
Tráfico de Pessoas, ao qual remetemos a leitura. 
 
FORMAS QUALIFICADAS E PRESUNÇÃO DE VIOLÊNCIA 
Art. 232 - Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos arts. 223 e 224. 
 
Este dispositivo tratava das qualificadoras (art. 223 CP) e presunção de violência (art. 224 CP). 
Como vimos, as circunstâncias qualificadoras foram alocadas em cada um dos tipos, sem mais 
haver a previsão geral do art. 223 CP. Enquanto isto, as hipóteses de presunção de violência foram 
consideradas no art. 217-A CP. Assim, seguirá este art. 232 a mesma sorte dos dispositivos ao qual 
faz referência. Este dispositivo foi expressamente revogado pelo art. 7º da Lei 12.015/09, não mais 
tendo aplicação. 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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PROMOÇÃO DE MIGRAÇÃO ILEGAL 
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de 
estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a 
saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmenteem país estrangeiro. 
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: 
I - o crime é cometido com violência; ou 
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. 
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às infrações conexas. 
 
Considerações iniciais 
A Lei nº 13.445, de 24.05.2017, com vigência programada para 180 dias (20.11.2017), instituiu a Lei 
de Migração. Segundo seu artigo 1º, Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, 
regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. 
Assim, estabeleceu uma política migratória, ensejando garantias e princípios (artigos 3º e 4º), 
regulou a situação documental do migrante (artigos 5º a 22), aspectos jurídicos do migrante e 
visitante no Brasil (artigos 23 a 37), entrada e saída no território nacional (artigos 38 a 45), medidas 
de retirada compulsória do migrante ou visitante (artigos 46 a 62), naturalização (artigos 63 a 76), 
proteção do emigrante (artigos 77 a 80), regulamentou a extradição (artigos 81 a 105) e previu 
hipóteses de infrações administrativas (artigos 106 a 110). Ainda, em seu artigo 115 acrescentou o 
crime de Promoção de migração ilegal, tipificando-o no artigo 232-A CP. Evidentemente que trata-
se de uma lei de importância ímpar considerando que a globalização, a facilitação de informação e 
locomoção ao longo das ultimas décadas aproximou os povos. Porém, em mesma intensidade dessa 
aproximação, também vieram os diversos conflitos entre países. De um lado milhares de pessoas 
fogem para outros países buscando refugio e melhores condições de vida, milhares de famílias 
famintas se abrigam em outros países. Do outro lado, os povos nativos levantam suas vozes 
bradando pela preservação de sua cultura, moral, religião, patrimônio cultural e ético, proteção de 
seus empregos e sua segurança, verdadeira pregação de nacionalismo e xenofobia. É intensa a 
discussão sobre a obrigatoriedade de receber imigrantes, liberdade de locomoção, desemprego e 
aumento de criminalidade. Tais fatos reiteradamente culminam com fechamento de fronteiras, 
maus tratos, muita violência e mortes desses imigrantes, inclusive praticadas pelas próprias 
autoridades. Nesse contexto cresce um novo filão da criminalidade, a imigração clandestina 
praticada pelos coiotes ou atravessadores, pessoas que cobram para conduzir os imigrantes pelas 
fronteiras colocando-as ilegalmente dentro de um país em condições subumanas ao qual milhares 
acabam sendo mortas pelas severas condições climáticas, desnutrição e violência de todo tipo. 
Razão esta que a Lei de Migração, copiando a legislação de diversos países3, previu a incriminação 
desta conduta, acrescentando-a no artigo 232-A CP. É inegável que o legislador brasileiro precisava 
 
3O Estatuto do Estrangeiro de Portugal (Lei 23/2007) prevê a incriminação dessa conduta: Artigo 183.º – Auxílio à imigração ilegal: 1 — Quem favorecer 
ou facilitar, por qualquer forma, a entrada ou o trânsito ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional é punido com pena de prisão até três anos; 2 — 
Quem favorecer ou facilitar, por qualquer forma, a entrada, a permanência ou o trânsito ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional, com intenção 
lucrativa, é punido com pena de prisão de um a cinco anos; 3 — Se os factos forem praticados mediante transporte ou manutenção do cidadão estrangeiro 
em condições desumanas ou degradantes ou pondo em perigo a sua vida ou causando-lhe ofensa grave à integridade física ou a morte, o agente é punido 
com pena de prisão de dois a oito anos; 4 — A tentativa é punível; 5 — As penas aplicáveis às entidades referidas no n.º 1 do artigo 182.º são as de multa, 
cujos limites mínimo e máximo são elevados ao dobro, ou de interdição do exercício da atividade de um a cinco anos. 
Direito Penal 
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regulamentar imediatamente o assunto, posto que a vetusta e omissa legislação pertinente a 
estrangeiros, o Estatuto do Estrangeiro - Lei 6.815/1980 – era defasada, inclusive, foi revogada pela 
Lei de Migração. Finalmente, importante ainda frisar que o Brasil se dobrou as Convenções e 
Tratados Internacionais a respeito do tema, recebendo e facilitando a entrada e trânsito de 
imigrantes no país. Claro, sendo nosso país um atrativo turístico aos estrangeiros, em muito 
implementando nossa economia, a promoção da migração é necessária. Porém, exigindo o 
atendimento de pressupostos mínimos de identificação do imigrante e sua estadia com a justa 
finalidade de proteção e segurança de seus nacionais, soberania e ordem interna. 
 
Crítica 
É totalmente inapropriada a inserção dessa conduta criminosa no Título VI que trata dos crimes 
contra dignidade sexual. Maior o erro do legislador ao inserir o tipo no Capítulo V deste Título, que 
trata do lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, evidenciando que a proteção erigida pelo Título VI e seu Capítulo V não tem qualquer 
relação com o objeto da Lei 13.445/2017 e o artigo 232-A. O crime de promoção de migração 
ilegal não tem conotação sexual alguma. O autor deste fato visa exclusivamente a viabilização da 
entrada no território brasileiro de estrangeiro que não obedece os ditames legais e burocráticos 
estabelecidos na própria Lei 13.445/17. Assim, fica evidenciada a descontextualização topográfica 
deste novo tipo em relação ao Título VI. Outra crítica diz respeito a não incriminação daqueles que 
se utilizam do trabalho ou prestação de serviço do cidadão estrangeiro em situação ilegal. Afinal, se 
a Lei de Migração flexibilizou a imigração, obrigando ao cumprimento de pressupostos de 
identificação do estrangeiro por questões de segurança, nada mais justo que combater o trabalho 
irregular dos imigrantes. Aliás, trabalho este que leva nova vitimização do imigrante que, longe dos 
seus, em terra de costumes e língua diversa, sem conhecimento da legislação local, muitas vezes é 
subjugado, obrigado a submeter-se a baixos salários e péssimas condições com medo de ser 
deportado ou expulso do país. A lei de Estrangeiros de Portugal, que sofreu diversas alterações ao 
longo da ultima década (L. 23/2007), prevê a incriminação dessa conduta4. 
 
 
 
 
4Artigo 185.-A – Utilização da atividade de cidadão estrangeiro em situação ilegal: 
1 — Quem, de forma habitual, utilizar o trabalho de cidadãos estrangeiros que não sejam titulares de autorização de residência ou visto que habilite a que 
permaneçam legalmente em Portugal, é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias. 
2 — Quem, nos casos a que se refere o número anterior, utilizar, em simultâneo, a atividade de um número significativo de cidadãos estrangeiros 
em situação ilegal, é punido com pena de prisão até dois anos ou pena de multa até 480 dias. 
3 — Quem utilizar o trabalho de cidadão estrangeiro, menor de idade, em situação ilegal, ainda que admitido a prestar trabalho nos termos do Código do 
Trabalho, é punido com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 480 dias. 
4 — Se as condutas referidas nos números anteriores forem acompanhadas de condições de trabalho particularmente abusivas ou degradantes, o agente é 
punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave não couber por força de outra disposição legal. 
5 — O empregador ou utilizador do trabalho ou serviços de cidadão estrangeiro em situação ilegal, com o conhecimento de ser este vítima de infrações 
penaisligadas ao tráfico de pessoas, é punido com pena de prisão de dois a seis anos, se pena mais grave não couber por força de outra disposição legal. 
6 — Em caso de reincidência, os limites das penas são elevados nos termos gerais. 
7 — As penas aplicáveis às entidades referidas no n.º 1 do artigo 182.º são as de multa, cujos limites mínimo e máximo são elevados ao dobro, podendo 
ainda ser declarada a interdição do exercício da atividade pelo período de três meses a cinco anos. 
 
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Objetividade jurídica 
A tutela penal imediata recai na manutenção da soberania nacional. Como dito, há um franco 
interesse na imigração, porém, desde que sejam observados os pressupostos de trânsito para 
entrada permanência e saída do Brasil. Além disso, tutela-se de forma mediata, a segurança nacional 
e ordem interna considerando que um cidadão com estadia irregular no território impede sua 
identificação, fiscalização e razão de sua permanência em solo nacional. Finalmente, considerando a 
punição do agente que promove a entrada de brasileiro em território estrangeiro pode-se mencionar 
a manutenção da proteção das relações internacionais diplomáticas com outros países. 
 
Sujeitos do crime 
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Importante frisar que o tipo 
não pune o migrante ilegal. A não punição do migrante é um dos princípios norteadores da Lei de 
Migração5. Claro, o migrante irregular terá como resposta estatal as conseqüências administrativas 
pertinentes, seja para regularização de visto, asilo, autorização de residência ou reunião familiar, seja 
para medidas de retirada compulsória.O sujeito passivo é o Estado, que deixa de exercer o direito 
de controle sobre o trânsito de estrangeiros no país 
 
Elemento objetivo 
A conduta típica consiste em promover que pode se dar em duas situações: 1ª. a entrada ilegal de 
estrangeiro em território nacional ou; 2ª. entrada de brasileiro em país estrangeiro. A ação nuclear 
(promover) tem sentido amplo,punindo aquele que agencia a vinda do estrangeiro (ou a ida do 
brasileiro), o transporta, quem o recebe no momento do ingresso ou o hospeda após chegada, 
enfim, quem de qualquer forma pratica qualquer ato com o propósito de tornar possível a entrada 
do estrangeiro no Brasil ou do brasileiro no estrangeiro, sem a observância das disposições legais, 
seja fraudando postos de vigilância de fronteira (desviando) ou apresentando documentação falsa. 
No tocante a incriminação da segunda figura (promoção da entrada do brasileiro no estrangeiro) 
trata-se de hipótese de complexa dificuldade para fins de persecução penal no Brasil. Isso porque 
será necessária a prova do efetivo ingresso, providência que dependerá da colaboração de 
autoridades internacionais, e demandará, muito tempo e uma possível frustração do ajuizamento de 
uma ação penal, ao qual demandaria diversas condições para que isso ocorresse (art. 7º CP). Se, ao 
revés da incriminação apenas da promoção da entrada fosse objeto da figura incriminadora já saída do 
brasileiro sem a documentação regular ao estrangeiro, isso seria dispensável. 
 
Elemento normativo 
A conduta do sujeito ativo recai sobre o auxílio ao estrangeiro irregular em território nacional. Para 
compreender o alcance do termo estrangeiro, devemos, antes, analisar o conceito de brasileiro. 
Extrai-se do art. 12da CF/88serem brasileiros natos: 
 
5Art. 3o A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes: (...) III - não criminalização da migração; 
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1. os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país; 
2. os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
3. os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam 
registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa 
do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. 
E são naturalizados: 
1. os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de 
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
2. os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há 
mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a 
nacionalidade brasileira. 
É, portanto, estrangeiro qualquer pessoa que não se insira em nenhuma das qualificações de 
brasileiro nato ou naturalizado. No tocante ao território nacional, o conceito é extraído do art. 5º 
do Código Penal, tratando-se tanto da soma do espaço físico terrestre, marítimo ou aéreo, solo, 
rios, lagos, mares interiores, baías, golfos e faixa das 12 milhas marítimas da costa (geográfico), 
inclusive com espaço aéreo correspondente (§1º), como o espaço jurídico (espaço físico por ficção, 
por equiparação, por extensão ou território flutuante) (§2º). 
 
Elemento subjetivo 
Trata-se de crime doloso, consistente na vontade consciente de promover a entrada ilegal de 
estrangeiro em território nacional brasileiro ou de brasileiro em país estrangeiro, bem como a saída 
de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro. Exige uma 
finalidade especial do agente (dolo específico): com o fim de obter vantagem econômica.Dessa forma, é 
atípica a conduta daquele que faz a promoção com o intuito de simplesmente auxiliar a pessoa que 
pretende ingressar ilegalmente no território nacional ou em país estrangeiro. 
 
Figura equiparada (§1º) 
Reza o parágrafo primeiro que “Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com 
o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar 
ilegalmente em país estrangeiro.” Como se percebe, essa figura pune corretamente a saída do 
estrangeiro do território brasileiro, para ingressar ilegalmente em outro país. 
 
Causas de aumento de pena (§ 2º) 
A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: 
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I - o crime é cometido com violência: a expressão “cometido” indica necessidade da violência 
advir de dolo do sujeito ativo porquanto tem sentido de executar, empregar, fazer, realizar ou 
perpetrar. Não é viável a aplicação da causa de aumento na hipótese de lesões fruto de acidentes, 
por exemplo, queda do imigrante que ocasione fratura de seu braço. 
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante: desumano é o ato cruel, atroz, 
enquanto que degradante significa humilhante, aviltante, desonroso. 
São hipóteses que revelam uma maior reprovação da conduta do sujeito ativo, considerando o 
sofrimento (físico e moral) ao qual o imigrante possa ser submetido. 
 
Diferença do crime de tráfico de pessoas (art. 149-A CP) 
Inicialmente estes crimestêm objetividades jurídicas distintas. O tráfico de pessoas visa proteger a 
liberdade individual, enquanto a promoção de migração ilegal protege a segurança nacional e a 
ordem interna. O tráfico de pessoas pode ser cometido por meio do trânsito legal de pessoas de um 
país para outro, ou seja, a entrada ou saída ilegal não integra o tipo do art. 149-A, enquanto que a 
promoção de migração ilegal exige a irregularidade da permanência do estrangeiro no Brasil, ou do 
brasileiro que pretenda ingressar no estrangeiro ilegalmente.Também os sujeitos passivos são 
diversos, pois enquanto o tráfico de pessoas atinge o indivíduo, a promoção de migração ilegal 
atinge o Estado. Além disso, o art. 232-A exige propósito de obter vantagem econômica, elemento 
subjetivo este inexistente no art. 149-A CP. 
 
Concurso de crimes (§ 3º) 
Este parágrafo terceiro estabelece que a pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das 
correspondentes às infrações conexas.Isso significa que eventuais infrações penais cometidas no 
mesmo contexto da promoção de migração ilegal serão punidas em concurso de crimes, sem que 
seja possível aplicar princípios que resolvem conflito aparente de normas (princípio da consunção, 
subsidiaridade, especialidade ou alternatividade) Dessa forma, se, por exemplo, a entrada ilegal no 
território nacional – ou a saída dele – se der por meio da falsificação de documentos, o agente 
responde pelo art. 232-A em concurso material (art. 69 CP) com o crime contra a fé pública (art. 
289 a 311-A CP). Tal regra está em descompasso com nossa sistemática jurídica, apesar de ausência 
de expressa disposição legal em nosso Código a respeito da aplicação destes princípios. Ademais, a 
jurisprudência francamente admite estes princípios6. Inclusive, há sumula sobre isto - Súmula 171 
STJ7. O fundamento destes princípios repousa na equidade pois a aplicação de todas as normas 
concorrentes para um mesmo fato chocar-se-ia com a necessidade prática de avaliação deste fato, 
levando a um excesso de punição do agente pelo mesmo fato. Assim, em ultima análise, eventuais 
 
6 2. O delito de uso de documento falso, cuja pena em abstrato é mais grave, pode ser absorvido pelo crime-fim de descaminho, com 
menor pena comparativamente cominada, desde que etapa preparatória ou executória deste, onde se exaure sua potencialidade 
lesiva. Precedentes.” (STJ – Resp 13078-053 – 3ª – Rel. Min. Nefi Cordeiro – J. 10.10.2016) 
7 “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. 
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crimes praticados no mesmo contexto fático, servindo à consecução deste artigo 232-A, deverá por 
estes ser absorvidas, ainda que o crime meio seja mais grave que o crime fim8. 
 
Consumação e tentativa 
Para a caracterização deste crime na figura prevista no caput é exigível a entrada ao território 
físico.O próprio tipo penal faz referência a essa condição: “promover (...) a entrada ilegal”. Não 
obstante isso, é apenas na fronteira que os órgãos de fiscalização podem exercer o controle da 
entrada de pessoas no território brasileiro. Não faria sentido alargar o conceito de território, por 
exemplo reconhecendo a consumação do crime com a mera publicidade da prestação do serviço do 
atravessador, antecipando a consumação em uma clara fase de preparação do crime, antes mesmo 
de ser possível qualquer tipo de fiscalização pelas autoridades da fronteira. De igual forma, 
pensamos que a promoção de entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro só ocorre se houver o 
ingresso do nacional no território físico de outro país. No tocante a figura equiparada (§1º) a 
consumação se dá com a saída do estrangeiro do território brasileiro. A tentativa é admissível. 
 
Pena 
Reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa (caput). 
Causa de aumento (§2º): 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço). 
 
Ação penal 
Pública incondicionada 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
CAPÍTULO VI 
DO ULTRAJE AO PUDOR PÚBLICO 
 
Art. 233 Ato obsceno 
Art. 234 Escrito ou objeto obsceno 
 
Considerações gerais 
Ultrajar tem sentido de ofensa ou insulto. Pudor é o sentimento de vergonha ou desonra 
humilhante. Portanto, este Capítulo tratará de condutas que afrontam ao sentimento público 
(coletivo) de decência e recato sob o ponto de vista sexual, que dizem respeito aos bons costumes 
usuais no tocante a fatos sexuais. 
 
 
8 “Admite-se que uma infração penal de maior gravidade, quando utilizado como simples instrumento para a prática de delito menos grave, assim entendido 
em razão da pena abstratamente cominada, seja por este absorvido.2. Desconstituir o entendimento do Tribunal de origem, de que o delito de falso teria sido 
absorvido pelo crime de descaminho por ser meio necessário para sua execução, exaurindo a falsidade sua potencialidade lesiva na conduta perpetrada pelo 
réu que objetivava apenas a prática da infração fiscal, exige o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, inviável na via eleita ante o óbice da Súmula 
7/STJ.3. Não consubstanciando conduta autônoma, mas crime-meio, é inviável o prosseguimento da persecução em relação ao uso de documento falso, na 
medida em que esgotada a sua potencialidade lesiva no descaminho.4. Agravo regimental a que se nega provimento.” (STJ – AgvREsp 1274707 – 5ª Turma – 
rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo – J. 1.10.2015) 
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Crítica 
Desde a criação do CP de 1.940 houve uma mudança no contexto social, onde essa lei não 
acompanhou devidamente. Assim como alguns outros delitos que estudamos nos capítulos 
anteriores dos crimes contra os costumes, estes dois delitos (art. 233 e 234) deveriam ser extirpados 
de nosso sistema penal, deixando a outros ramos do direito a punição. A sociedade, os padrões 
morais e éticos mudaram. A sexualidade é muito mais explorada socialmente do que à época da 
edição do nosso Código Penal, tanto comercial como artisticamente, e, por consequência, o 
sentimento de vergonha que não mais choca o homem médio, como ocorria no passado. Os 
próprios meios de comunicação incentivam a exploração da sexualidade, sendo verdadeira mola 
propulsora das alterações dos usos e costumes sociais, permitindo a variação dos hábitos ao longo 
dos anos. Na verdade, a lei penal não serve para preocupar-se com uma moral ideal ou formatar 
biotipos, esteriótipos ou molduras de condutas, mas incumbe-lhe salvaguardar a mutável 
moralidade média no seio da sociedade, de acordo com seu tempo. Por isso, entendemos pela 
descriminalização de condutas onde outros ramos do direito deveriam tratar, v.g., 
administrativamente, aplicando multas. Ademais, com o advento da Constituição Federal de 1988, 
em seu art. 5º, inciso IX, entendemos estar abolida a censura contida nestes delitos especialmente 
no caso da obscenidade estar ligada à arte ou forma de manifestação de pensamento: “IX – é livre a 
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”. 
Num julgamento de um Recurso de Apelação oriunda da Turma Recursal Criminal do Rio Grande 
do Sul9, reconhecida incidentalmente a inconstitucionalidade do crime de ato obsceno por violação 
ao princípioda reserva legal e ausência de determinação de ato obsceno, declarando tratar-se de 
tipo aberto e, por isso, ofensivo ao princípio da taxatividade. Dessa forma, o Ministério Público 
Estadual, irresignado com essa decisão ingressou com Recurso Extraordinário visando a reforma, 
tendo havido reconhecimento de repercussão geral e autorizado o processamento, cuja controvérsia 
sobre a constitucionalidade será dirimida junto ao Supremo Tribunal Federal10. 
 
ATO OBSCENO 
Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Conceito 
É a conduta do agente que realiza um ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao 
público. 
 
 
9 “1. Inconstitucionalidade do artigo 233 do Código Penal, por traduzir violação ao princípio da reserva legal (art. 5º, XXXIX, da CF). 
Ausência de determinação do elemento ato obsceno, em tipo penal que, por excessivamente aberto, importa em ofensa à taxatividade. 2. 
Hipótese em que era perfeitamente possível ao legislador alcançar um grau maior de determinação das condutas que podem ser tidas por 
obscenas, tarefa que, sem que isso importe em flagrante violação à taxatividade, não pode ser transferida ao Judiciário, que estaria a 
avançar, induvidosamente, na seara legislativa. 3. Coordenadas do caso concreto onde não se faz presente o dolo, ou seja, a intenção de 
ferir o recato ou a moralidade das pessoas. RECURSO PROVIDO.” (TJRS – 1ª Turma Recursal Criminal – Apelação nº 0225802-
16.2017.8.21.7000) 
10 Recurso Extraordinário nº 1.093.553 
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Objetividade Jurídica 
O pudor público. Como vimos acima, é a vergonha ou recato que recai sobre condutas que 
afrontam o sentimento coletivo a respeito dos bons costumes quanto a fatos sexuais. Objeto 
material deste crime é a pessoa que presencia o ato. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo:a coletividade. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “praticar” que significa executar, levar a efeito ou realizar, implicando 
movimentação do corpo humano, e não somente palavras. Ato obsceno é elemento normativo 
do tipo, significando ser necessário haver uma valoração cultural e social do que seria “ato 
obsceno”. Obsceno é o que fere ao pudor ou vergonha, com conotação sexual, tratando-se de um 
conceito mutável e variável, conforme a localidade. Assim, ato obsceno seria um movimento 
corpóreo voluntário que tenha por fim ofender o sentimento de recato sexual de outrem, praticado 
em: 
1. lugar público: aquele aberto à frequência de pessoas, como ruas, praias, avenidas, praças etc. 
2. lugar aberto ao público: aquele com entrada controlada, que admite frequentadores, como 
parques, cinemas, teatros etc. 
3. lugar exposto ao público: aquele que apesar de privado, consegue chegar à vista do público, 
como a varanda ou janela de uma casa, quintal, interior de veículo etc11. 
 
Elemento Subjetivo 
Trata-se de crime doloso havendo um especial fim de agir do sujeito, consistente na vontade de 
ofender o pudor alheio. Assim, há dolo específico, sob pena de punir-se atos que não passam de 
mera manifestações políticas ou artísticas. 
 
Nudez como manifestação 
Quando o sujeito está isento de vontade específica (ofensa ao pudor público) não há como se 
cogitar este crime em face de nossos costumes atuais. A nudez ou topless se praticado em 
qualquer praia, ou nudismo em praias determinadas ou afastadas, sem qualquer conotação sexual 
 
11“Ato obsceno praticado em local aberto ao público. Namoro com conotação sexual em piscina frequentada por crianças. Ofensa a 
moralidade pública e especificamente ao pudor das pessoas que assistiam. Delito configurado. Emergindo da prova que o acusado e a 
adolescente com quem estava dentro da piscina rasa do clube, destinada às crianças, praticavam movimentos corpóreos com conotação 
sexual, ofendendo o pudor das pessoas que lá se encontravam e, consequentemente, a moralidade pública, objeto jurídico da tutela penal, 
e mesmo advertido continuou com as práticas libidinosas, até se envolver em luta corporal com o pai de uma menina que a tudo assistia e 
ainda ameaçar com uma arma de fogo o pai do menino aniversariante para informar o paradeiro da pessoa com a qual entrou em luta, 
resta configurado o crime de ato obsceno. A resposta penal pode ser fixada no mínimo legal em 3 meses de detenção, por serem as 
circunstâncias judiciais favoráveis, computada nas outras condenações ensejadoras da incidência de penas alternativas. Provimento do 
recurso.” (TJ/RJ. Ap. Criminal 2006.050.04158. – 3ª Turma. Rel. Des. Valmir de Oliveira Silva. J. 05.12.2006) 
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não pode configurar ato obsceno no atual estágio de evolução social. Basta verificar o carnaval no 
Brasil, que em alguns casos há praticamente uma nudez levada às casas pela televisão. O fotógrafo 
americano Spencer Tunick, viaja o mundo fotografando multidões de pessoas nuas. Em 2.002 
fotografou no Brasil 1.100 pessoas no Parque do Ibirapuera (SP) sem roupa alguma. Em algumas 
oportunidades a nudez como forma de protesto é admitida e até ovacionada pelo público que a vê. 
Em espetáculos (teatros) é frequente. Claro que deve haver um limite. Controlá-la para impedir que 
atrapalhe o desenvolvimento de crianças faz sentido. A exibição de conteúdo erótico na televisão, 
ainda que eventual, pode afetar as crianças, sendo seduzidas e induzidas à uma precoce sexualidade. 
Mas, bani-la para satisfazer adultos melindrosos ou puritanos é um erro. E não é descabido lembrar 
que a vida ascética costuma ser uma marca dos grandes autoritários, como Hitler ou Stalin. O grupo 
Peta (People for the Ethical Treatment os Animals) usualmente faz seus protestos contra uso de 
peles de animais e a favor do vegetarianismo tirando suas roupas em desfiles ou nas ruas, de forma 
a chamar atenção das pessoas. Outro movimento famoso é o Word Naked Bike Rides 
(Movimento Mundial de Ciclistas Nus), que surgiu na Europa para alertar os motoristas que os 
ciclistas se sentem nus face sua vulnerabilidade no trânsito.Gerald Thomas, após ver a plateia vaiar 
sua adaptação do clássico Tristão e Isolda em uma apresentação na cidade do Rio de Janeiro, 
apresentou suas nádegas e uma simulação de masturbação à plateia, causando grande perplexidade 
no público. Processado por ato obsceno, o agente foi absolvido pela Segunda Turma do STF, 
merecendo o julgado transcrição literal: “2. Simulação de masturbação e exibição das nádegas, após o término 
de peça teatral, em reação a vaias do público. 3. Discussão sobre a caracterização da ofensa ao pudor público. Não se 
pode olvidar o contexto em se verificou o ato incriminado. O exame objetivo do caso concreto demonstra que a 
discussão está integralmente inserida no contexto da liberdade de expressão, ainda que inadequada e deseducada. 4. 
A sociedade moderna dispõe de mecanismos próprios e adequados, como a própria crítica, para esse tipo de situação, 
dispensando-se o enquadramento penal. 5. Empate na decisão. Deferimento da ordem para trancar a ação penal. 
Ressalva dos votos dos Ministros Carlos Velloso e Ellen Gracie, que defendiam que a questão não pode ser resolvidana via estreita do ‘habeas corpus’”. (STF - HC 83996/RJ.– 2ª Turma - Rel. Min. Gilmar Mendes. J. 
17.08.2004). 
 
Crime impossível 
A publicidade é essencial à configuração do ato obsceno. Logo, não constitui crime se o sujeito fica 
nu em um estádio de futebol vazio, quando ninguém viu seu ato, ou aquele que urina em rua 
deserta, ainda que exibindo ostensivamente seu órgão genital. Não havendo público não há como 
se falar em obscenidade “em lugar público”. Admitido, em tese, o art. 17 CP face à configuração de 
crime impossível pela “absoluta impropriedade do objeto”, que no caso, seria a pessoa que 
presencia o obsceno. Porém, a jurisprudência tende a admitir que se há possibilidade de alguém por 
ali passar, está configurado o crime, o que discordamos12. 
 
12“Relações sexuais dentro de veículo, à noite, em local ermo. Atipicidade. Não ofende o pudor público a relação sexual dentro de um 
automóvel, somente perceptível com a aproximação junto ao veículo. No caso dos autos, o casal somente foi flagrado porque uma 
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Consumação e Tentativa 
Pela redação do tipo que exige somente a prática do ato obsceno, o crime é formal pois não exige 
um resultado naturalístico, ou seja, alguém efetivamente ofendido pelo ato. Assim, basta a simples 
prática do ato para sua consumação13. A tentativa é admitida. 
 
Ação Penal 
Trata-se de ação penal pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 3meses a 1 ano, ou multa. 
 
ESCRITO OU OBJETO OBSCENO 
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou 
de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo; 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de 
caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. 
 
Conceito 
É a conduta do agente que comercializa, distribui ou expõe algo que possa ofender a moralidade 
pública sexual. 
 
Objetividade Jurídica 
O pudor público. Tal qual o crime anterior, é a vergonha ou recato que recai sobre condutas que 
afrontam o sentimento coletivo a respeito dos bons costumes quanto a fatos sexuais. Objeto 
material deste crime é o escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto com conteúdo 
obsceno. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Sujeito passivo: a coletividade. 
 
 
 
 
senhora passou pelo local, às 23h e, na companhia de um policial, em seu próprio carro, retornou ao local, interrompendo o ato. 
Também, o Direito Penal não se destina à repressão de qualquer manifestação voluntária e natural do afeto. Este é o amor, não têm 
limites, nem explicação racional. Apelo provido para absolver a apelante e estender os efeitos ao co-réu. Por maioria”. (TJ/RS – Ap. 
Criminal n° 71000200311 - Turma Recursal Criminal, - Rel. Dr. Nereu José Giacomolli). 
13Ato obsceno - crime formal – Configuração. Agente que, agindo de forma reprovável, exibiu o órgão genitália em local público, ao 
urinar em local inapropriado para tal intuito (plataforma de estação ferroviária), a que terceiras pessoas tinham acesso. Desnecessidade do 
ato ser praticado na presença de transeuntes, pois a publicidade que se exige diz respeito ao lugar e não à presença de pessoas, bastando a 
mera potencialidade do escândalo decorrente da conduta do agente.” (Apelação 1372172000 – J. 11.08.2003) 
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Elemento Objetivo 
Trata-se de um tipo misto alternativo, prevendo várias condutas alternativamente. Obviamente que 
todas estão vinculadas ao obsceno. Como já estudado, obsceno é elemento normativo do tipo, 
significando ser necessário haver uma valoração cultural e social do que seria. Obsceno é o que 
fere ao pudor ou vergonha, com conotação sexual, tratando-se de um conceito mutável e variável, 
conforme a localidade.. As ações são: 
1. fazer: criar, construir, produzir. 
2. importar: fazer ingressar no país algo vindo do estrangeiro. 
3. exportar: fazer sair do país algo com destino ao exterior. 
4. adquirir: obter, comprar. 
5. ter sua guarda: possuir, guardar sob seu cuidado e vigilância. 
O tipo trouxe objeto material do crime delimitado tanto no caput (escrito, desenho, pintura ou 
qualquer objeto) quanto nas figuras equiparadas do parágrafo único (objetos do caput (I); 
representação teatral, exibição cinematográfica ou qualquer outro espetáculo (II); audição 
ou recitação pelo rádio (III)). 
 
Elemento Subjetivo 
Trata-se de crime doloso havendo um especial fim de agir do sujeito, consistente na vontade de 
comercializar, distribuir ou expor publicamente algo que possa ofender a moralidade pública 
sexual.Assim, presente dolo específico. No caso do sujeito praticar alguns dos verbos, mas para si 
próprio, não há crime algum. 
 
Figuras equiparadas (assemelhadas - § único) 
Equiparadas ou assemelhadas são as condutas alocadas fora do tipo fundamental (caput) mas que 
terão as mesmas consequências, ou seja, pena criminal. Desta feita, equipara-se ao tipo 
fundamental: 
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo; 
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição 
cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; 
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter 
obsceno. 
 
Censura 
Como já alertado acima, com o advento da Constituição Federal de 1988, entendemos estar abolida 
a censura contida nestes delitos especialmente no caso da obscenidade estar ligada à arte ou forma 
de manifestação de pensamento: “Art. 5º, inciso IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.” Claro que deve haver respeito aos 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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proibida a reprodução, comercialização, utilização, encaminhamento, cópia, uso ou disponibilização por quaisquer meios sem autorização do Autor. 
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padrões éticos e morais, porém, a taxatividade deste artigo 234 CP deve ser interpretada de acordo 
com os padrões e costumes atuais. Inclusive, a própria CF assim determina, vejamos: 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não 
sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. 
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer 
veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. 
§ 2º - É vedada

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