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Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Exercícios do Capítulo 1 1) Um condutor cilíndrico longo de raio a está carregado com densidade superficial uniforme s e transporta corrente elétrica com densidade j uniforme na sua seção transversal. Usando a lei de Gauss e a lei de Ampere calcule o campo elétrico e a indução magnética no espaço dentro e fora do cilindro para uma distância arbitrária em relação ao seu centro. Figura 1 As aproximações aplicáveis ao cilindro longo referem-se ao fato das extremidades estarem muito distantes do ponto de cálculo e, por isso, considera-se que as componentes axiais dos campos são nulas. Além disso, se o meio é homogêneo, considera-se que existe simetria azimutal, ou seja, os campos não variam com o ângulo azimutal. Em vista disso, podemos considerar que o campo elétrico está sempre orientado na direção radial e a indução magnética sempre orientada na direção azimutal. Inicialmente consideremos o cálculo do campo elétrico. Usando a lei de Gauss, podemos escrever a seguinte expressão: (1) Uma vez que em um bom condutor toda a carga elétrica em excesso está acumulada na sua superfície, o termo Q na equação anterior é nulo para uma superfície de integração com raio menor que a. Assim, temos: (2) No exterior do condutor, a integração na superfície tracejada da Figura 1 é simples uma vez que a distância radial não varia. Por sua vez, a carga no E S oS Q d E 0 para a Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 interior da Gaussiana pode ser calculada como o produto da densidade superficial de carga pela área do condutor dentro da superfície de integração. Com isso, obtemos: (3) Observe que o campo elétrico é descontínuo na interface. A indução magnética pode ser calculada com a lei de Ampere da seguinte forma: (4) Nesse caso também o cálculo é facilitado pela simetria azimutal, uma vez que a circulação é obtida simplesmente pelo produto do módulo de B com o perímetro do caminho circular B2. A corrente envolvida pelo caminho de integração depende do raio deste caminho da seguinte forma: (5) Assim, a indução magnética é obtida: (6) Observe que a indução magnética é continua na interface. s o s o 2 z E2 z paraE u a a a B L j So C S d d j S = 2 2 S j para d j a para a a o 2 o j para 2 j para 2 u B u a a a Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 2) Uma espira circular de raio R está carregada uniformemente com carga elétrica Q. Calcule o campo elétrico no seu eixo de simetria e encontre as posições da máxima e mínima intensidade de campo elétrico com os respectivos valores. Figura 2 O campo elétrico neste caso pode ser facilmente calculado usando-se a lei de Coulomb. Os termos necessários para este cálculo estão mostrados na Figura 2. Devido à simetria azimutal da espira, o campo elétrico tem componente apenas na direção z. O cálculo é simples e direto. (7) O campo mínimo é nulo e ocorre em z=0. O campo máximo ocorre na posição em que a derivada em relação à z se anula. (8) Substituindo na equação (7), obtemos: (9) r r E r r r L z z3 3/22 2 2 2 o oL L o cos d Qz1 1 Q ( ) dL 4 4 2 R z 4 R z u u 3/2 1/22 2 2 2 2 z max32 2 o R z 3z R zQdE R 0 z dz 4 2R z max z2 o Q 6 3 R E u Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 3) Considere uma espira plana quadrada da aresta a percorrida por corrente elétrica no sentido horário. Calcule a indução magnética no centro da espira. Repita para uma espira plana circular de raio R. Figura 3a A indução magnética da espira plana quadrada penetra perpendicularmente no plano da espira. No centro, a indução pode ser calculada como sendo quatro vezes a indução produzida por uma aresta. A indução magnética para uma corrente circulando em um segmento reto de fio foi calculada no livro e obtida na equação (1.35) repetida a seguir (un é o vetor unitário normal ao plano da espira: (10) Usando a geometria da Figura 3, esta equação resulta na seguinte expressão para a indução no centro da espira quadrada. (11) Figura 3b 1 2o n2 22 2 1 2 z z z z 4 z z z z B u i i i o o n n2 2 2 2 /2 /2 2 2 4 4 /2 /2 /2 /2 /2 B u u a a a aa a a a Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Para uma espira circular, o cálculo é ainda mais simples. Para aplicar a lei de Biot-Svart, temos que distância entre a espira e o centro é R e o produto i dLR está orientado na direção perpendicular ao plano da espira. Então, o integrando é constante: (12) L o o o n n3 2 L L d Rd 4 4 R 2R r r B u u r r i i i Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 4) Considere uma linha paralela de condutores filamentares separados pela distância d. Considerando que os condutores estão balanceados (cargas e correntes iguais em módulo, mas com sinais contrários nos dois condutores) calcule a força total de interação entre os condutores. Figura 4 Usaremos os resultados já obtidos no livro para o campo elétrico e indução magnética gerados por um segmento retilíneo de condutor transportando corrente elétrica e contendo carga elétrica distribuída uniformemente em seu comprimento. (13) (14) (15) As forças elétrica e magnética agindo no condutor carregado negativamente na Figura 4 são calculadas pela seguinte integração no comprimento do condutor: i 1 2o 2 22 2 1 2 z z z z B 4 z z z z E 2 1L 2 22 2 o 2 1 z z z z 4 z z z z E Lz 2 22 2 o 2 1 1 1 4 z z z z Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Força elétrica: (16) (17) Onde L=z2-z1 é o comprimento dos condutores e L=q/L é a densidade linear de carga elétrica. A integral da força elétrica na direção z se anula devido à simetria ímpar do integrando em torno do centro do fio. Força magnética: (18) Com isso concluímos que a força resultante é a diferença entre a força elétrica de atração e a força magnética de repulsão. F = - E 2 2 2 1 1 1 2 1 z z z2 2 1L e L 2 22 2 oz z z 2 1 2 z 2 22 2L 1 2 zo 2 2 2L o z z dz z z dz dz 4 d z z d z z d z z d z z d 4 d L d d 2 d F = - E 2 2 2 1 1 1 z z z2 L ez L z 2 22 2 oz z z 2 1 dz dz dz 0 4 z z d z z d F = E i i i i 2 2 2 1 1 1 2 1 z z z2 1 2o m 2 22 2 z z z 1 2 z2 2 22 2o 1 2 z 2 2 2o z z dz z z dz dz 4 d z z z z z z d z z d 4 d L d d 2 d Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 5) Considere um cabo coaxial balanceado com raio interno a e raio externo b (espessura w do condutor externo) com densidade superficial de carga s e densidade de corrente j no condutor interno. Calcule o campo elétrico e a indução magnética no interior do cabo (incluindo os condutores). Figura 5 Este cálculo é semelhante ao do exercício 1, basta incluir o condutor externo. Os resultados já obtidos no exercício 1 são: (19) (20) O campo elétrico no interior do condutor externo é nulo, portanto a única modificação a fazer na equação (19 é incluir o limite b da seguinte forma: (21) s o 0 para para E u a a a o 2 o j para 2 j para 2 u B u a a a s o 0 para para 0 para E u a a a b b Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Para o cálculo da indução magnética devemos considerar que a corrente está retornando pelo condutor externo e se distribui com a seguinte densidade de corrente: (22) Portanto, a corrente total envolvida pelo caminho de integração quando a coordenada radial é maior que o raio externo b é dada por: ` (23) Assim, a indução magnética em todas as regiões do cabo coaxial é obtida na seguinte forma: (24) 2 2 22 2 jai b w b b w b 2 2 2 env 2 2 env j 1 para 0 para b i a b b w b w b i b w o 2 o 2 22 o 2 2 j para 2 j para 2 j 1 para 2 0 para u u B u a a a b ba b b w b w b b w Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 6) Mostre que a indução magnética produzida por uma única espira circular com raio R e corrente i em posições do espaço tal que a distância r até o centro da espira atende a condição r >> R pode ser aproximada por: (25) Onde o ângulo é medido entre o vetor r e o eixo da espira. Figura 6 Para este cálculo usaremos as expressões dos campos radial e axial da espira em coordenadas cilíndricas obtidas no livro (equações (1.38) e (1.39)): (26) (27) De modo geral estas integrais não apresentam solução analítica, mas o objetivo deste exercício é obter uma expressão aproximada para a indução magnética para r >> R. Para esse fim, reconhecendo que r2=2+z2 e = r sen, iniciamos reescrevendo o denominador na seguinte forma fatorada: (29) 2 o r3 i R 2cos sen 4r B u u 2 o z 3/22 2 2 0 2 o 3/22 2 2 0 R cos dR B 4 R z 2 R cos cos dRz B 4 R z 2 R cos i i 3/22 3/2 32 2 2 3 1 1 R 2R 1 sen cos r r rR z 2 R cos 1 3R 1 sen cos r r Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 O terceiro termo nesta equação é uma aproximação na qual (R/r)2 foi desprezado e os termos restantes foram aproximados segundo a expansão em série de Taylor do tipo (1+x)n = 1+nx+n(n-1)x2/2+ n(n-1)(n-2)x3/6+... na qual os termos de ordem maior que 1 foram considerados muito pequenos e também desprezados. Levando este resultado nas equações (26), obtemos: (30) E na equação (27), obtemos: (31) De acordo com a Figura 6 temos as seguintes relações entre as componentes esféricas e cilíndricas da indução magnética: (32) Substituindo os resultados expressos nas equações (30) e (31), obtemos as componentes esféricas da indução magnética: (33) (34) Assim, a indução magnética pode ser escrita na forma final: (35) 2 o z 3 0 2 2 2 22 2 2o 3 0 0 0 0 2 2 2o o 3 3 R 3R B 1 sen cos R r sen cos d 4 r r R 3R R d r sen cos d sen cos d 3R sen cos d 4 r r R R 2 R 3 R sen 2 3sen 4 r 4r i i i i 2 2 o o 3 3 0 Rz 3 R3R B 1 sen cos cos d cos sen 4 r r 4r i i r z z B B cos B sen B B cos B sen 2 2 2 2 2o o o r 3 3 3 R 3 R R B 2 3sen cos cos sen cos 4r 4r 2r i i i 2 2 2 2 2o o o 3 3 3 3 R R R B cos sen 2 3sen sen sen 4r 4r 4r i i i 2 2 o o r r r3 3 2 o r3 R R B B 2 cos sen 4r 4r R 2 cos sen 4r B u u u u u u i i i Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 7) Considere um solenóide longo (comprimento > 10 x diâmetro) com grande número de espiras distribuídas uniformemente em seu comprimento. Mostre que a indução magnética nas extremidades é aproximadamente a metade do centro. Use a lei de Ampere para obter uma aproximação para a indução magnética no centro do solenoide. Figura 7 A equação para a indução magnética no eixo de um solenoide com grande número de espiras uniformemente distribuídas foi obtida no livro (equação (1.41)): (36) No centro e na extremidade do solenoide a indução magnética tem os seguintes valores: (37) (38) Onde as expressões aproximadas à direita são aplicáveis quando L>>D. Verifica-se que, nesse caso, a indução magnética na extremidade é aproximadamente a metade da indução no centro do solenoide. Considerando o caminho de integração tracejado no centro da Figura 7, aplicamos a lei de Ampere assumindo que o campo magnético é aproximadamente uniforme e está orientado na direção z no interior do solenóide. Além disso, no exterior o fluxo magnético se espalha por uma área muito maior (tende ao infinito) que a área interna das espiras. Por isso, podemos considerar aproximadamente nula a indução magnética (densidade superficial de fluxo) fora do solenóide. Com essas considerações, obtemos então: (39) o z 2 22 2 z L /2 z L /2N B 2L R z L /2 R z L /2 i o o z 2 2 N N B (z 0) LD L i i o o z 2 2 N N B (z L /2) 2L2 R L i i B L o z o z C N N d B 0 L L B 0 L L i i Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Na equaçãoanterior, o termo entre parênteses (Ni/L) é a densidade linear de corrente na superfície do solenóide. Por isso, a corrente total envolvida pelo caminho de integração for obtida com a multiplicação desse termo por L. Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 8) Uma bobina de Helmholtz é formada por duas espiras circulares concêntricas e separadas por uma distância igual ao raio das espiras com correntes elétricas idênticas circulando no mesmo sentido. Calcule a indução magnética como função da posição no eixo da bobina de Helmholtz e mostre que a primeira e segunda derivadas dessa função são nulas na posição central da bobina. Figura 8 Para cada espira a indução magnética gerado no seu eixo de simetria é dada pela expressão obtida na equação (1.40) do livro. (40) Onde a distância z é medida em relação ao centro da espira. A indução total é a soma de duas parcelas. Tomemos como origem (z=0) a posição central entre as espiras. Assim, temos: (41) A primeira derivada é obtida a seguir: (42) 2 o z 3/22 2 R B 2 R z i 2 o z 3/2 3/22 22 2 R 1 1 B 2 R z R /2 R z R /2 i 2 oz 5/2 5/22 22 2 z R /2 z R /23 RdB dz 2 R z R /2 R z R /2 i Airton Ramos, Eletromagnetismo, Ed. Blucher, 1 a edição, 2016 Substituindo z = 0, obtemos: (43) A segunda derivada é calculada a seguir: (44) Reorganizando a expressão e substituindo z = 0, obtemos: (45) Esta propriedade da bobina de Helmholtz (primeira e segunda derivadas da indução magnética nulas no centro) confere excelente uniformidade do campo magnético no interior da bobina. 2 oz 5/2 5/22 22 2 3 RdB R /2 R /2 (z 0) 0 dz 2 R R /2 R R /2 i 5/2 3/22 2 22 2 522 22 oz 2 5/2 3/22 2 22 2 522 R z R /2 5 z R /2 R z R /2 R z R /23 Rd B dz 2 R z R /2 5 z R /2 R z R /2 R z R /2 i 2 22 222 oz 7/2 7/22 2 22 2 z 0 2 2 2 2 2 o 7/2 7/22 2 R 4 z R /2 R 4 z R /23 Rd B (z 0) dz 2 R z R /2 R z R /2 3 R R R R R 0 2 5R /4 5R /4 i i
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