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HISTÓRIA DO DIREITO HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIROBRASILEIROBRASILEIROBRASILEIRO Ana Carolina Barbosa Pereira Matos RAZÕES DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA (final do século XIV, séculos XV e XVII) RAZÕES DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA (final do século XIV, séculos XV e XVII) A posição geográfica de Portugal, voltada para o Atlântico e, principalmente, ao longo do século A posição geográfica de Portugal, voltada para o Atlântico e, principalmente, ao longo do século O fortalecimento e a crescente centralização do poder monárquico levada a cabo, a partir de 1385, por O fortalecimento e a crescente centralização do poder monárquico levada a cabo, a partir de 1385, por Conjugação dos interesses da nobreza na incorporação de novos territórios, com os interesses Conjugação dos interesses da nobreza na incorporação de novos territórios, com os interesses Aquisição de conhecimentos náuticos de construção naval e de Aquisição de conhecimentos náuticos de construção naval e de longo do século XIV, seus principais portos (Lisboa e Porto) servindo de entrepostos nas relações comerciais entre as regiões produtoras do Mediterrâneo e as do Mar do Norte/Mar Báltico. longo do século XIV, seus principais portos (Lisboa e Porto) servindo de entrepostos nas relações comerciais entre as regiões produtoras do Mediterrâneo e as do Mar do Norte/Mar Báltico. partir de 1385, por D. João I, o primeiro rei da Dinastia de Avis que substituiu a Dinastia de Borgonha que governara Portugal desde sua formação em meados do século XII. partir de 1385, por D. João I, o primeiro rei da Dinastia de Avis que substituiu a Dinastia de Borgonha que governara Portugal desde sua formação em meados do século XII. com os interesses da burguesia mercantil, das principais cidades portuárias, voltados para os lucros do comércio marítimo, sob os auspícios da monarquia e da Igreja Católica. com os interesses da burguesia mercantil, das principais cidades portuárias, voltados para os lucros do comércio marítimo, sob os auspícios da monarquia e da Igreja Católica. naval e de experiência organizacional na montagem de expedições marítimas – tais conhecimentos foram adquiridos, principalmente, ao longo do século XV . naval e de experiência organizacional na montagem de expedições marítimas – tais conhecimentos foram adquiridos, principalmente, ao longo do século XV . A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA: Os tratados sobre os descobrimentosOs tratados sobre os descobrimentos � Até 1486, Portugal conseguiu bulas papais bastante favoráveis a sua política de expansão marítima. � A partir de 1492, com a ascensão do papa Alexandre VI (que era aragonês), todas as decisões sobre a delimitação das áreas portuguesas e espanholas passaram a ser claramente favoráveis aos reis espanhóis, especialmente após a chegada de Cristóvão Colomboreis espanhóis, especialmente após a chegada de Cristóvão Colombo à América (tendo chegado às Antilhas, tomou tais ilhas como parte do continente asiático). � Com isso, os reis católicos espanhóis obtiveram do papa a Bula Inter Coetera (03/05/1493) que confirmava as conquistas de Colombo em favor da Espanha, ao mesmo tempo em que dava aos reis espanhóis autoridade sobre qualquer território situado a mais de cem léguas a oeste e ao sul das ilhas portuguesas de Açores e Cabo Verde. Tratado de TordesillasTratado de Tordesillas � O rei João II não aceita essa Bula Inter Coetera e diante da reação diplomática portuguesa em Roma e da ameaça de intervenção militar por parte de Portugal, os reis católicos concordaram em revisar os dispositivos da bula Inter Coetera. � Em 1494 foi firmado o Tratado de Tordesilhas (ato inaugural da diplomacia moderna, já que foi o primeiro acordo entre Estados, sem a interferência do Papa) – por este tratado, a linha de demarcação entre as áreas portuguesas e espanholas passaria a 370 léguas a oeste dos arquipélagos de Açores e Cabo Verde. Brasil ColôniaBrasil Colônia � Objetivo das Grandes Navegações: o Benefícios materiais: ouro e especiarias(pimenta, noz moscada, cravo e canela, serviam para disfarçar o mal odor dos alimentos); o Espírito de aventura (fantasia quanto ao novo mundo,Espírito de aventura (fantasia quanto ao novo mundo, lendas sobre as novas terras). � Chegada dos Portugueses ao Brasil: o Encontro entre indígenas e Portugueses; o Clero interessou-se pela catequese (até como forma de dominar e controlar os índios); Brasil ColôniaBrasil Colônia o O Brasil era habitado, mas por índios; o Os índios foram expulsos das terras que ocupavam, nos primeiros anos da colônia foram escravizados e milhares morreram vítimas de doenças trazidas pelos portugueses.morreram vítimas de doenças trazidas pelos portugueses. • Formas de Governo: o Em um primeiro momento, utilizou-se do modelo de capitanias hereditárias – Poder soberano. o Espécie de Privatização da Colônia Brasil ColôniaBrasil Colônia o Pelo sistema de capitanias hereditárias, o Brasil foi dividido em várias faixas de terra doadas em usufruto hereditário. o Os donatários ficariam responsáveis pelos investimentos de colonização de sua capitania. o Cartas de doação era o documento entregue aos donatários que indicava a condição de posse de sua capitania. o Os Forais era outro documento entregue aos donatários que indicavam seus direitos e deveres. Brasil ColôniaBrasil Colônia o Os donatários tinham o privilégio de exercer a Justiça, mas não de maneira isolada e arbitrária, dentro dos limites de funções estabelecidas pelas Cartas forais e pelas leis do Reino. o Cabia aos Donatários nomear seu Ouvidor para exercer a Jurisdição Civil e Criminal.Jurisdição Civil e Criminal. o O objetivo de Portugal com as capitanias era promover às custas do setor privado a colonização do Brasil. o No entanto, por falta de investimentos dos donatários o sistema de capitanias foi um fracasso. Brasil ColôniaBrasil Colônia o Apenas tiveram êxito as capitanias de Pernambuco e São Vicente. o Com a crise do sistema de Capitanias Hereditárias,, adota-se em 1549 o modelo de Governo Geral – Sujeitosadota-se em 1549 o modelo de Governo Geral – Sujeitos ao Poder e controle da Metrópole. o No novo modelo os governadores não recebiam poderes soberanos, mas estavam sujeito ao poder metropolitano, sujeitando também a colônia a este controle. Brasil ColôniaBrasil Colônia • O Pacto Colonial: o O pacto colonial, também denominado de exclusivo metropolitano, foi um sistema pelo qual os países da Europa que possuíam colônias na América, mantinham o monopólio da importação das matérias-primas mais lucrativas dessas possessões, bem como da exportação delucrativas dessas possessões, bem como da exportação de bens de consumo para as respectivas colônias. o O pacto colonial inclui obediência política, ou seja, as leis a serem obedecidas deviam ser as mesmas leis (ou adaptadas) da metrópole correspondente à colônia. CARACTERÍSTICAS JURÍDICOCARACTERÍSTICAS JURÍDICO--INSTITUCIONAIS INSTITUCIONAIS DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E INÍCIO DO SÉCULO XVI.INÍCIO DO SÉCULO XVI. � No processo histórico de formação e de individualização do direito português, o período que se inicia por volta de meados do século XV foi marcado pela produção de COMPILAÇÕES de um imenso conjunto de tipos normativos que se encontravam em vigência em Portugal desde sua formação como uma monarquia independente em meados do século XII. desde sua formaçãocomo uma monarquia independente em meados do século XII. � Estas compilações ficaram conhecidas como as Ordenações do Reino: � Ordenações Afonsinas (1446/1447); � Ordenações Manuelinas (1521); CARACTERÍSTICAS JURÍDICOCARACTERÍSTICAS JURÍDICO--INSTITUCIONAIS INSTITUCIONAIS DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E INÍCIO DO SÉCULO XVI.INÍCIO DO SÉCULO XVI. � Coletânea de Leis Extravagantes de Duarte Nunes de Leão (1569); � Ordenações Filipinas (1603) e confirmadas por D. João IV (1643). � Ordenações Afonsinas: � Buscou-se, essencialmente, sistematizar e atualizar o direito vigente à época, em Portugal. � Por possível influência das Decretais do Papa Gregório IX (coletânea de normas canônicas promulgada em 1234), as Ordenações Afonsinas foram divididas em cinco livros, cada um deles compreendendo um certo número de títulos, com rubricas indicativas de seu objeto e freqüentemente subdivididos em parágrafos; ESTRUTURA DAS O Livro I - regimentos dos diversos cargos públicos (tanto régios como municipais), compreendendo o governo, a justiça, a fazenda e o exército – este livro apresenta um conteúdo de natureza jurídico-administrativa; O Livro II - trata dos bens e privilégios da Igreja, os direitos do rei, a jurisdição dos donatários, as prerrogativas da nobreza, o estatuto dos Judeus e dos Mouros, consagrando assim providências de natureza política ou constitucional; O Livro III - trata do processo civil, havendoESTRUTURA DAS ORDENAÇÕES AFONSINAS O Livro III - trata do processo civil, havendo alusões ao processo criminal; O Livro IV- direito civil (das obrigações, de direito das coisas, de direito da família e de direito das sucessões), sem grande ordem sistemática; O Livro V - direito criminal e processual criminal – alguns atos processuais criminais encontram-se também no Livro III. CARACTERÍSTICAS JURÍDICOCARACTERÍSTICAS JURÍDICO--INSTITUCIONAIS INSTITUCIONAIS DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E INÍCIO DO SÉCULO XVI.INÍCIO DO SÉCULO XVI. � Ordenações Manuelinas: � Tiveram edição definitiva em 1521. � Mantiveram a estrutura básica de cinco livros, integrados por títulos e parágrafos e conservou-se a distribuição das matérias conforme o disposto nas Ordenações Afonsinas, ainda que nas Ordenações Manuelinas sejam verificadas algumas notáveis diferenças de conteúdo. CARACTERÍSTICAS JURÍDICOCARACTERÍSTICAS JURÍDICO--INSTITUCIONAIS INSTITUCIONAIS DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E INÍCIO DO SÉCULO XVI.INÍCIO DO SÉCULO XVI. � Dentre estas diferenças podemos citar: a supressão dos preceitos aplicáveis a Judeus já que os mesmos foram expulsos do reino em 1496 e das normas relativas à Fazenda que passaram a compor as Ordenações da Fazenda, além da inclusão da disciplina vinculativa da lei através dos assentos dainclusão da disciplina vinculativa da lei através dos assentos da Casa de Suplicação. � Sob a égide das Ordenações Afonsinas e Manuelinas se desenvolveu o processo de expansão marítima portuguesa e de formação de seu império colonial. Documentos LegaisDocumentos Legais � Os Regimentos: destinavam-se a instruir os funcionários em suas áreas de atuação, estabelecendo suas atribuições, obrigações e a jurisdição dos diversos órgãos incumbidos de gerir a administração colonial; � Os Alvarás: com duração formal de um ano (podendo, muitas vezes, ter o prazo de validade dilatado) se constituíam emvezes, ter o prazo de validade dilatado) se constituíam em importantes atos jurídicos da administração colonial; � As Cartas (régias, de sesmarias, forais, patentes): destinavam-se a variadas finalidades e determinações especiais voltadas para a regulação do campo administrativo. � Este conjunto de atos legais quase nunca seguia critérios regulares, nem quanto à forma e nem quanto à periodicidade. Documentos LegaisDocumentos Legais � Com relação aos FORAIS, estes se constituíam como uma das formas jurídicas mais antigas do direito português, tendo se constituído como fontes do direito desde as origens da monarquia portuguesa no século XII. � O Foral, carta foral ou carta de foro era um documento jurídico, outorgado por autoridade legítima, que se destinava a regular a vida coletiva de povoação, nova ou já existente, formada por homens livres ou por homens que ele revestia dessa condição. CARACTERÍSTICAS JURÍDICOCARACTERÍSTICAS JURÍDICO--INSTITUCIONAIS INSTITUCIONAIS DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E DO REINO PORTUGUÊS NOS SÉCULOS XV E INÍCIO DO SÉCULO XVI.INÍCIO DO SÉCULO XVI. � Ordenações Filipinas: � As Ordenações Filipinas se constituíram como uma “revisão” (com acréscimos, cancelamentos e retificações) das Ordenações Manuelinas (1521) e da Coleção De Leis Extravagantes de Duarte Nunes de Leão (1569), revisão esta que ficou pronta em 1595, mas que só foi publicada em 1603.que ficou pronta em 1595, mas que só foi publicada em 1603. � A elaboração das Ordenações Filipinas deve ser entendida no contexto de um conjunto de reformas nas estruturas judiciais e administrativas portuguesas promovidas no início da União Ibérica por Felipe II e Felipe III de Espanha (Felipe I e Felipe II de Portugal) e que geraram efeitos duradouros tanto em Portugal como em suas colônias (mais particularmente no Brasil). ESTRUTURA DAS LIVRO I: matérias acerca de Direito Administrativo e Organização Judiciária; LIVRO II: disposições a respeito dos direitos dos eclesiásticos, dos fidalgos, dos privilégios do Rei, envolvendo ainda fontes de direito, jurisdição e poderes; LIVRO III: essencialmente de caráter processual civil, contendo ainda regras gerais sobre fontes, vigência das leis queESTRUTURA DAS ORDENAÇÕES FILIPINAS gerais sobre fontes, vigência das leis que auxiliavam os juízes na tomada de decisões; LIVRO IV: matérias de direito civil e comercial: regras de contratos (compra e venda, sociedade, aluguéis e rendas da terra), relações entre servos e amos, aforamentos, censos, sesmarias, parceria entre marido e mulher, empréstimos, mútuos, depósitos, fianças, doações) LIVRO V: trata de crimes e do processo penal. A CONSTRUÇÃO DA AMÉRICA A CONSTRUÇÃO DA AMÉRICA PORTUGUESAPORTUGUESA COLONIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO APARATO JURÍDICO-ADMINISTRATIVO Aspectos gerais da estrutura judicial da colonização portuguesa na América - No que se refere ao funcionamento do sistema de capitanias hereditárias, este foi regulamentado pela CARTA DE DOAÇÃO e pelo FORAL (passados em 10/03 e em 24/09 de 1534 ao capitão donatário da capitania de Pernambuco – Duarte Coelho). - Estes documentos foram fundamentais quanto à jurisdição e aos privilégios concedidos aos donatários pela Coroa, além de representar o esboço da organização de alguns aspectos administrativos na Colônia: a aplicação da lei (Justiça), a cobrança de tributos e fiscalização do comércio (Fazenda) e manutenção da ordem interna/proteção contra a concorrência externa (Defesa). - As CARTAS DE DOAÇÃO estabeleciam as dimensões de cada uma das capitanias, declaradas hereditárias, e que por isso possuíam direitos amplos de sucessão por morte do donatário ou por outros motivos regimentais. - Os FORAIS regulamentavam os direitos fiscais e os portuguesa na América (II): 1530/1580 - Os FORAIS regulamentavam os direitos fiscais e os privilégios dos donatários, além de estabelecer os tributos régios. - Através destes diplomas legais, os donatários obtiveram o direito de conceder sesmarias, fundar vilas, exercer monopólio da navegação fluvial, das moendas e dos engenhos; -Deveriam exercer o comando militar, fiscalizar o comércio, aplicar ou delegar o cumprimento da lei nas terras sob sua jurisdição; -Cabia-lhes também a nomeação de algumas autoridades administrativas (o OUVIDOR,para zelar pelo cumprimento da lei, os TABELIÃES para dar validade legal aos atos e os ALCAIDES-MORES, para garantir a defesa da capitania; -Tinham também a competência para presidir as eleições dos juízes ordinários (principais autoridades das câmaras municipais) e de alguns funcionários menores da administração local (os MEIRINHOS e os ESCRIVÃES). Estrutura do Judiciário no Brasil ColôniaEstrutura do Judiciário no Brasil Colônia � Ouvidor Geral – Em 1549, Tomé de Sousa nomeou o primeiro Ouvidor-Geral do Brasil, Pero Borges. Todavia, sua função era de representar a administração da justiça real portuguesa, atuando como o juiz de hoje em nome do rei. Juiz Ordinário - Bacharel em direito indicado pelo Rei. Era o indivíduo anualmente eleito entre os “homens bons” naso indivíduo anualmente eleito entre os “homens bons” nas Câmaras Municipais e tinham competência para causas cíveis, criminais, além de competência subsidiária para as causas atinentes ao juiz de órfãos. � Corregedor – O título corregedor deriva de regedor, ou seja, aquele que auxilia, dá assistência ao regedor. Tinha a atribuição de ingressar e fazer justiça em todas as capitanias Estrutura do Judiciário no Brasil ColôniaEstrutura do Judiciário no Brasil Colônia � Ouvidor da Comarca –Joaquim Manoel de Macedo, em suas “Memórias da Rua do Ouvidor”, registra: “Um ouvidor de comarca era, naquele tempo (século XVIII), muito mais que um simples mortal, era uma potestade que o povorespeitava mais do que hoje respeita ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, e não havia quem deixasse deSupremo Tribunal de Justiça, e não havia quem deixasse de por-se de chapéu na mão quando ele passava.” � Juiz de Fora - O juiz de fora era um magistrado nomeado pelo rei de Portugual para atuar em comarcas onde era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial. A ESTRUTURA JUDICIALA ESTRUTURA JUDICIAL--ADMINISTRATIVA NO ADMINISTRATIVA NO BRASIL (ENTRE 1580 E O FINAL DO SÉCULO XVII)BRASIL (ENTRE 1580 E O FINAL DO SÉCULO XVII) Aspectos gerais da estrutura judicial da colonização portuguesa na América Para melhor garantir o controle sobre a organização judicial da Colônia, a Coroa ibérica (1580/1640) projetou criar um tribunal na Colônia, semelhante, em sua estrutura, à Casa de Suplicação de Lisboa e formado por desembargadores designados pela Metrópole – o Regimento de 25/09/1587 regulamentou a RELAÇÃO DO ESTADO DO BRASIL, com sede em Salvador, verificando-se, todavia, sua instalação, em 1609, quando foi baixado um novo regimento similar ao anterior; - Em 1608, foi criado um governo-geral no Sul, a REPARTIÇÃO DO SUL, sendo nomeado, junto com o governador, um OUVIDOR- GERAL DO SUL, que possuía jurisdição em questões judiciais sobre todas as capitanias da área (S. Vicente, Rio de Janeiro e Espírito Santo); -Esta ouvidoria continuou existindo mesmo após a extinção do governo-geral do Sul, em 1612; - O primeiro Regimento baixado para este ouvidor tem a data de portuguesa na América (I): 1580/1640- O primeiro Regimento baixado para este ouvidor tem a data de05/06/1619 e por ele, cabia ao OUVIDOR-GERAL DO SUL julgar recursos das sentenças dos juízes ordinários e dos ouvidores das capitanias do Sul, subordinando-se à RELAÇÃO DO ESTADO DO BRASIL, para onde enviava as apelações e os agravos dos feitos que julgasse; - Outro Regimento de 31/03/1626, manteve as funções que lhe foram determinadas anteriormente, retirando somente o poder de realizar correições nas capitanias de sua jurisdição; Neste mesmo período, existia um juízo especial referente às questões de órfãos, defuntos, ausentes, cuja instância máxima era a MESA DE CONSCIÊNCIA E ORDENS (cuidava dos bens e testamentos dos que faleciam e dos que deixavam filhos) localizada na Metrópole e que na Colônia cabia ao PROVEDOR DE DEFUNTOS E AUSENTES (que teve um primeiro Regimento em 1613 que lhe atribuía a mesma alçada dos ouvidores de capitania no tocante aos bens dos mortos). Aspectos gerais da estrutura judicial da colonização portuguesa na América (II): 1580/1640 O Regimento de 07/03/1609 estabeleceu o funcionamento da RELAÇÃO DO ESTADO DO BRASIL, o qual viria garantir à Coroa maior vigilância sobre a aplicação das leis na Colônia – constituiu-se como o tribunal máximo na Colônia, recebendo recursos de todas as instâncias judiciais existentes,subordinando e fiscalizando, através das correições e “residências”, os demais funcionários e oficiais de Justiça, nomeados ou não pelos donatários; O Tribunal da Relação era dirigido pelo próprio Governador-Geral e era formado por magistrados profissionais (um Chanceler, dois Desembargadores dos Agravos e Apelações, um Ouvidor-Geral do Cível e do Crime, um Juiz dos Feitos da Coroa, Fazenda e Fisco, um Provedor dos Defuntos e Resíduos e mais dois desembargadores extravagantes) e por oficiais menores, tornando-se assim, a Relação, passagem quase que obrigatória aos letrados que almejassem (II): 1580/1640quase que obrigatória aos letrados que almejassem atuar nas instâncias judiciais hierarquicamente superiores localizadas na Metrópole, como a Casa de Suplicação; O exercício do cargo de GOVERNADOR DA RELAÇÃO, por parte do GOVERNADOR-GERAL, indica a inexistência da divisão de poderes, não existindo uma percepção muito clara da diferença entre as funções judiciais e as administrativas, o que facilitava a ingerência e a vigilância de funcionários em diversas áreas da administração, resguardando-se assim a Coroa contra a formação de interesses locais ligados a seus funcionários Aspectos gerais da estrutura judicial da colonização portuguesa na América (III): 1580/1640 Diante do desagrado provocado nos proprietários e comerciantes pelo funcionamento do Tribunal e com a escassez de recursos do Tesouro Real para cobrir as despesas com pagamento de tropas em luta contra os holandeses na América, a Relação foi extinta pelo alvará de 05/04/1626 – a extinção do Tribunal da Relação do Estado do Brasil trouxe modificações na estrutura judicial da Colônia; Através dos Regimentos de 1628 e 1630, a administração judicial ficou centralizada em três ouvidorias-gerais, independentes entre si e diretamente subordinadas à Casa de Suplicação: uma no Estado do Maranhão, outra no Estado do Brasil e uma terceira na Repartição Sul; 1580/1640 �O estabelecimento do Estado do Maranhão, em 1621, se deu por força da conquista e da colonização da parte norte do Estado do Brasil, apesar de, desde 1619, existir um Regimento para o principal responsável pela administração judicial: o OUVIDOR-GERAL – este recebia e julgava os recursos das sentenças dos juízes ordinários e dos ouvidores das capitanias de sua jurisdição, enviando apelos e agravos de seus julgamentos para a Casa de Suplicação; �Além do Regimento de 1619, foram baixados, para o Ouvidor-Geral do Maranhão, Regimentos nos anos de 1624 e 1644 – o Regimento deste último ano ampliou a sua alçada nas causas cíveis para até cem mil-réis e passou a não receber mais recursos das decisões dos juízes ordinários, julgando apenas os recursos que saíssem dos capitães e dos ouvidores das capitanias. Estrutura JudicialEstrutura Judicial • Com o objetivo de fortalecer o processo de centralização, foram enviados ao Brasil, em 1696, os JUÍZES DE FORA, funcionários letrados diretamente designados pelo Rei para servir nos municípios e, desde então, OS OFICIAIS MAIS IMPORTANTES DAS CÂMARAS.IMPORTANTES DAS CÂMARAS. • Em 1731 instituiu-se, EM NÍVEL MUNICIPAL, o cargo de JUIZ DOS ÓRFÃOS, cujo responsável deveria zelar, até a maioridade, pelos interesses e bens dos menores sem pais. Estrutura JudicialEstrutura Judicial • Em 1751, o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro foi criado, recebendo o Regimento em 13/10, instalando-se em cerimônia solene em 15/07 de 1752 – a criação da Relação do Rio de Janeiroestá diretamente ligado ao movimento deRio de Janeiro está diretamente ligado ao movimento de centralização do poder promovido pela Coroa Portuguesa desde o final da União Ibérica e às condições econômicas relacionadas à atividade mineradora no interior da Colônia. Estrutura JudicialEstrutura Judicial • Os tribunais superiores do Império Português localizavam-se na Metrópole: � Casa de Suplicação – Tribunal Supremo de uniformização da interpretação do Direito Português – estava localizada em Lisboa; � Desembargo do Paço - encarregado de apreciar matérias sobre liberdade (graça, indulto, perdão, comutação de pena), sobre liberdade (graça, indulto, perdão, comutação de pena), sobre adoção, legitimação e emancipação, sobre reintegração de posse e sobre censura de livros. Originariamente fazia parte da Casa da Suplicação, para despachar as matérias reservadas ao rei, tornou-se corte autônoma em 1521; � Mesa de Consciência e Ordem – Instância única, que tratava do provimento de benefícios, da administração de comendas e dos negócios relativos a interditos, cativos, ausentes e defuntos e de consciência do rei;
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