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Resumo do Junqueira Aparelho Reprodutor Masculino

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Aline Reis Tavares
	FAME
	2017
	
	
	
Sistema Reprodutor Masculino
Componentes: testículos, ductos genitais, glândulas acessórias e pênis. 
A função dupla do testículo é produzir hormônios sexuais masculinos e espermatozoides. A testosterona tem um papel essencial para a espermatogênese, para a diferenciação sexual durante o desenvolvimento embrionário e fetal e para o controle da secreção de gonadotrofinas, enquanto a di-hidrotestosterona age em muitos órgãos e tecidos do corpo durante a puberdade e a vida adulta. 
Os ductos genitais e as glândulas acessórias produzem secreções que, impulsionadas por contração de músculo liso, transportam os espermatozoides para o exterior. Essas secreções também fornecem nutrientes para os espermatozoides enquanto eles permanecem no aparelho reprodutor masculino. Os espermatozoides e as secreções compõem o sêmen. 
Testículos 
Cada testículo é envolvido por uma grossa cápsula de tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea. Ela é espessada na superfície dorsal dos testículos para formar o mediastino do testículo, do qual partem septos fibrosos. Esses septos penetram o testículo, dividindo-o em compartimentos piramidais chamados lóbulos testiculares. Esses septos são incompletos, e frequentemente há intercomunicação entre os lóbulos. Cada lóbulo é ocupado por um a quatro túbulos seminíferos que se alojam como novelos envolvidos por um tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e células intersticiais (células de Leydig). Os túbulos seminíferos produzem as células reprodutoras masculinas, os espermatozoides, enquanto as células intersticiais secretam andrógeno testicular. 
Os testículos se desenvolvem em posição retroperitoneal, na parede dorsal da cavidade abdominal. Durante o desenvolvimento fetal, eles migram e se alojam na bolsa escrotal e ficam suspensos na extremidade do cordão espermático. Por causa da migração, cada testículo arrasta consigo um folheto do peritônio, a túnica vaginal. A bolsa escrotal tem um papel importante na manutenção dos testículos a uma temperatura abaixo da intra-abdominal. 
Túbulos seminíferos 
Os espermatozoides são produzidos nos túbulos seminíferos, que são túbulos enovelados, dispostos em alças, e suas extremidades se continuam com túbulos retos. Os túbulos retos conectam os túbulos seminíferos a um labirinto de canais anastomosados em forma de rede, revestidos por um epitélio simples pavimentoso ou cúbico, constituindo a rede testicular no mediastino do testículo. 
A parede dos túbulos seminíferos é formada por várias camadas de células denominadas epitélio germinativo (seminífero), o qual é envolvido por uma lâmina basal e por uma bainha de tecido conjuntivo (fibroblastos e células mioides).
Células mioides: achatadas e contráteis e que têm características de células musculares lisas. Células intersticiais (Leydig): se situam nesse tecido conjuntivo e ocupam a maior parte do espaço entre os túbulos seminíferos. 
O epitélio seminífero é formado por duas populações distintas de células: as células de Sertoli e as células que constituem a linhagem espermatogênica. 
Células da linhagem espermatogênica: 4 a 8 camadas, cuja função é produzir espermatozoides. Se originaram do saco vitelino do embrião, por volta do 5° mês de vida fetal um pequeno grupo de células denominadas células germinativas primordiais migra do saco vitelino para a gônada que está em desenvolvimento. Neste local as células proliferam e colonizam a gônada, originando células denominadas espermatogônias. 
Espermatogênese: produção dos espermatozoides.
Espermiogênese: diferenciação das células espermatogênicas em espermatozoides.
Espermatogênese 
 Na puberdade as espermatogônias iniciam um processo contínuo de divisões mitóticas e produzem sucessivas gerações de células. As células-filhas podem seguir dois caminhos: continuar se dividindo, mantendo-se como células-tronco de outras espermatogônias (tipo A) ou diferenciarem-se durante sucessivos ciclos de divisão mitóticas para se tornar espermatogônias (tipo B). 
Tipo B: originam espermatócitos primários. 
Os espermatócitos primários são as maiores células da linhagem espermatogênica e podem ser distinguidos por: 
achados de cromossomos nos seus núcleos, pois a prófase 1 da meiose é muito longa; 
localização próxima à lâmina basal. 
Os espermatócitos primários duplicam seu DNA e, portanto, têm 46 cromossomos e o dobro da quantidade de DNA de uma célula diploide. Durante a anáfase da primeira divisão da meiose os cromossomos homólogos se separam. Resultam dessa divisão duas células menores chamadas espermatócitos secundários, os quais têm 23 cromossomos, porém a quantidade habitual (diploide) de DNA, uma vez que cada um de seus cromossomos é constituído por duas cromátides. Os dois espermatócitos secundários entram na segunda divisão da meiose, originando duas células, as espermátides, cada uma com 23 cromossomos e metade da quantidade regular de DNA (são células haploides). Dessa maneira, pela meiose, formam-se células com metade do número e da quantidade de DNA das células somáticas do organismo. 
Como a prófase dos espermatócitos primários dura cerca de 22 dias, a maioria dos espermatócitos encontrada nos cortes de testículo é vista nesta fase. Espermatócitos secundários permanecem um período muito curto em interfase e, logo após serem formados, entram na segunda divisão da meiose, originando as espermátides. 
Natureza clonal da espermatogênese:
As células-filhas resultantes das divisões das espermatogônias de tipo A se separam até que uma dessas células se torne comprometida para se transformar em uma espermatogônia de tipo B. A partir desse momento, as células que resultam da divisão dessas células não se separam completamente, mas permanecem unidas por pontes citoplasmáticas. Essas pontes intercelulares tornam possível a comunicação entre os espermatócitos primários e secundários e espermátides derivados de uma única espermatogônia e podem contribuir para o sincronismo dos eventos da espermatogênese. Quando o processo de maturação das espermátides é completado, a perda de citoplasma e das pontes citoplasmáticas leva à separação das espermátides. 
Espermiogênese 
Fase final de produção de espermatozoides em que as espermátides se transformam em espermatozoides, células altamente especializadas para transferir o DNA masculino ao ovócito. Nenhuma divisão celular ocorre durante esta transformação. 
As espermátides podem ser distinguidas por: 
 seu pequeno tamanho; 
núcleos com quantidades crescentes de cromatina condensada e formas variadas, inicialmente redondos e depois cada vez mais alongados; 
posição perto do lúmen dos túbulos seminíferos. 
A espermiogênese é um processo complexo, que inclui:
 formação de uma estrutura chamada acrossomo; 
condensação e alongamento do núcleo; 
desenvolvimento do flagelo; 
 perda da maior parte do citoplasma.
Etapa do complexo de Golgi 
O citoplasma das espermátides contém um complexo de Golgi bastante desenvolvido. Pequenos grânulos PAS-positivos chamados grânulos pró-acrossômicos acumulam-se no complexo de Golgi. Depois, fundem-se para formar um único grânulo acrossômico no interior de uma vesícula limitada por membrana, chamada vesícula acrossômica. Os centríolos migram para perto da superfície da célula, em posição oposta à vesícula acrossômica, e iniciam a formação do axonema (conjunto de microtúbulos que formam o eixo central de um flagelo). 
Etapa do acrossomo 
A vesícula e o grânulo acrossômico se estendem sobre a metade anterior do núcleo como um capuz e passam a ser chamados inicialmente de capuz acrossômico e finalmente de acrossomo. O acrossomo contém várias enzimas hidrolíticas, como hialuronidase, neuraminidase, fosfatase ácida e uma protease que tem atividade semelhante à da tripsina. O acrossomo, assemelha-se a um lisossomo. As enzimas são capazes de dissociar as células da corona radiata e de digerir a zona pelúcida. Quando os espermatozoides encontram um ovócito, vários pontos damembrana externa do acrossomo se fundem com a membrana citoplasmática do espermatozoide, liberando as enzimas acrossômicas no espaço extracelular. Esse processo, chamado reação acrossômica, é um dos primeiros passos da fertilização. 
O flagelo cresce a partir de um dos centríolos enquanto mitocôndrias se acumulam ao redor da porção proximal do flagelo, chamada de peça intermediária. A disposição das mitocôndrias é outro exemplo da concentração dessas organelas em locais relacionados com movimento celular e alto consumo de energia. O movimento flagelar é resultado da interação entre microtúbulos, ATP e dineína, uma proteína com atividade de ATPase. 
Síndrome dos cílios imóveis: espermatozoides imóveis e infertilidade. Deve-se à falta de dineina ou de outras proteínas requeridas para a motilidade ciliar e flagelar. Essa disfunção é normalmente acompanhada de infecções respiratórias crônicas, causadas pela menor motilidade do cílios das células do epitélio respiratório. 
Ciclo do epitélio seminífero 
Fase de espermatogônia até a fase de espermatozoides: 64 dias. 
A espermatogênese não ocorre de modo simultâneo e sincrônico quando se comparam vários túbulos seminíferos, e também não é sincronizada dentro de cada túbulo. Isso significa que, em cada pequeno local da parede dos túbulos, a espermatogênese prossegue mais ou menos independentemente das regiões adjacentes. Por causa dessa assincronia, áreas diferentes da secção de um túbulo, como também seções de túbulos diferentes, exibem fases diferentes de espermatogénese. A assincronia também explica por que são encontrados espermatozoides no lúmen de alguns túbulos seminíferos e somente são achadas espermátides em outros. Esta assincronia é resultado de um fenômeno chamado ciclo do epitélio seminífero. 
Etapa de maturação 
Uma grande parte do citoplasma das espermátides é desprendida, formando os chamados corpos residuais, que são fagocitados pelas células de Sertoli, e os espermatozoides são liberados no lúmen do túbulo. Em seguida são transportados ao epididimo em um meio apropriado, o fluido testicular, produzido pelas células de Sertoli e pelas células da rede testicular. Esse fluido contém esteroides, proteínas, íons e uma proteína ligante de andrógeno que transporta testosterona. 
Células de Sertoli 
São piramidais, sendo que a sua superfície basal adere à lâmina basal dos túbulos e suas extremidades apicais estão no lúmen dos túbulos, seus núcleos se situam na base dos túbulos seminíferos. Esses núcleos são vesiculares, claros e frequentemente triangulares. O citoplasma das células de Sertoli não é visto com facilidade, e, por isso, os limites dessas células são mal definidos. Uma das causas dessa dificuldade são os numerosos recessos formados na superfície das células, onde as células da linhagem espermatogênica se alojam e passam pelo processo de meiose e pela maturação final que termina com a formação dos espermatozoides. 
Células de Sertoli adjacentes são unidas por junções ocludentes encontradas nas suas paredes basolaterais, formando uma barreira chamada barreira hematotesticular. As espermatogônias permanecem no compartimento basal situado abaixo da barreira. Esse compartimento é contínuo com o tecido conjuntivo e, portanto, comunica-se com o resto do organismo. Algumas das células que resultam da divisão de espermatogônias atravessam essas junções e ocupam o compartimento adluminal, situado sobre a barreira, e iniciam a espermatogênese. Espermatócitos e espermátides, portanto, ocupam o compartimento adluminal. Essas células se localizam em recessos das paredes laterais e do ápice das células de Sertoli, enquanto os flagelos das espermátides formam tufos que se estendem para o lúmen dos túbulos. Os espermatozoides são provavelmente libertados dos recessos por movimentos do ápice das células de Sertoli, com a participação de microtúbulos e microfilamentos. 
As células de Sertoli em mamíferos não se dividem durante a vida sexual madura. Elas são extremamente resistentes a condições adversas como infecções, desnutrição e radiações e têm uma taxa muito melhor de sobrevivência depois dessas agressões que as células da linhagem espermatogênica. 
Ultraestrutura das células de Sertoli: abundante retículo endoplasmático agranuloso, um complexo de Golgi desenvolvido e numerosas mitocôndrias e lisossomos. O perfil do núcleo é frequentemente triangular e apresenta reentrâncias; exibe pouca heterocromatina e um nucléolo proeminente. 
Funções das células de Sertoli 
Suporte, proteção e suprimento nutricional dos espermatozoides em desenvolvimento. 
Nutrem as células da série espermatogênica.
Protege os espermatozoides de ataque imunológico.
Fagocitose: o excesso de citoplasma das espermátides é fagocitado, digerido e liberado sob a forma de corpos residuais pelas células de Sertoli. 
Secreção: proteína ligante de andrógeno (androgen-binding protein/ABP), controlada por hormônio folículo estimulante e por testosterona, servindo para concentrar testosterona nos túbulos seminíferos, onde ela é necessária para estimular a espermatogêncse. Células de Sertoli podem converter testosterona em estradiol e também secretam um peptídio chamado inibina, que suprime a síntese e a liberação de FSH na hipófise. 
Produção do hormônio antimülleriano: glicoproteína que age durante o desenvolvimento embrionário para promover a regressão dos ductos de Müller (ductos paramesonéfricos) em fetos do sexo masculino e induzir o desenvolvimento de estruturas derivadas dos ductos de Wolff' (ductos mesonéfricos). 
Barreira hematotesticular: As junções ocludentes formam uma barreira impedindo a passagem de moléculas grandes, assim, as células de etapas mais avançadas da espermatogênese são protegidas de substâncias do sangue, de agentes nocivos e provavelmente de reconhecimento imunológico por linfócitos. A existência de uma barreira entre o sangue e o interior dos túbulos seminíferos explica por que são achadas poucas substâncias do sangue no fluido testicular. 
Fatores que influenciam a espermatogênese 
Hormônios:
FSH age nas células de Sertoli, promovendo a síntese e a secreção de proteína ligante de andrógeno-ABP.
 LH age nas células intersticiais, estimulando a produção de testosterona. 
Testosterona se difunde das células intersticiais para o interior do túbulo seminífero e se combina com a ABP. Dessa maneira se mantém uma alta concentração de testosterona no túbulo seminífero, condição muito importante para estimular a espermatogênese. 
Temperatura: A temperatura dos testículos é de aproximadamente 35°C e é controlada por meio de vários mecanismos. Um rico plexo venoso (o plexo pampiniforme) envolve as artérias dos testículos e forma um sistema contracorrente de troca de calor, que é importante para manter a temperatura testicular. Outros fatores são a evaporação de suor da pele da bolsa escrotal, que contribui para a perda de calor, e a contração de músculos cremastéricos do cordão espermático que tracionam os testículos em direção aos canais inguinais, nos quais a sua temperatura pode ser aumentada. 
Outros fatores: Desnutrição, alcoolismo e várias substâncias levam a alterações nas espermatogônias, causando diminuição na produção de espermatozoides. Irradiações e sais de cádmio são bastante tóxicos para as células da linhagem espermatogênica, causando a morte dessas células e esterilidade nos indivíduos acometidos. O fármaco bussulfan age nas células germinais; quando é administrado a ratas prenhas, promove a morte das células germinais de seus fetos, os quais são estéreis, e seus túbulos seminíferos contêm apenas células de Sertoli. 
A diferenciação de espermatogónias leva ao aparecimento de proteínas esperma-especificas nas células descendentes das gônias. Como a maturidade sexual acontece muito tempo depois do desenvolvimento da imunocompetência, células poderiam ser reconhecidas como estranhas durante a espermatogênese e poderiam provocar uma resposta imune que as destruiria. A barreira hematotesticular impediria interações entre proteínasdas células descendentes das espermatogônias e o sistema imune, protegendo contra uma reação autoimune. Traumatismos no testículo podem romper a barreira e podem fazer com que o sistema imune reconheça essas proteínas. 
Falhas na descida dos testículos durante a vida fetal(criptorquidismo) mantêm esses órgãos à temperatura de 37°, que inibe a espermatogênese. A espermatogênese pode ocorrer normalmente se os testículos forem movidos cirurgicamente para a bolsa escrotal, se não tiverem permanecido muito tempo em temperaturas altas após o início da espermatogênese. Embora a proliferação das células germinativas seja inibida pela temperatura abdominal, o mesmo não acontece com a síntese de testosterona. Isso explica por que os homens com criptorquidismo podem ser estéreis, mas desenvolvem características masculinas secundárias e alcançam ereção. 
Tecido intersticial 
Importante para a nutrição das células dos túbulos seminíferos, transporte de hormônios e produção de andrógenos. Os espaços entre os túbulos seminíferos do testículo são preenchidos com tecido conjuntivo, nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Os capilares sanguíneos do testículo são fenestrados e possibilitam a passagem livre de macromoléculas, como as proteínas do sangue. O tecido conjuntivo tem vários tipos de células, que incluem fibroblastos, células conjuntivas indiferenciadas, mastócitos e macrófagos. 
Durante a puberdade, torna-se mais evidente um tipo adicional de célula, arredondada ou poligonal, e que tem um núcleo central e um citoplasma eosinófilo rico em pequenas gotículas de lipídios: são as células de Leydig, que têm características de células produtoras de esteroides. Essas células produzem a testosterona, hormônio masculino responsável pelo desenvolvimento das características sexuais masculinas secundárias. A testosterona é sintetizada por enzimas encontradas em mitocôndrias e no retículo endoplasmático liso.
 No adulto essas células são estimuladas pelo hormônio luteinizante da hipófise. Durante a gravidez humana, o hormônio gonadotrópico da placenta passa do sangue materno para o fetal, estimulando as abundantes células intersticiais dos testículos fetais a produzirem andrógenos, necessários para a diferenciação embrionária da genitália masculina. 
As células intersticiais embrionárias permanecem diferenciadas por até 4 meses de gestação e então regridem, havendo diminuição das taxas de testosterona circulante no feto. As células permanecem inativas ao longo do restante da gravidez e até o período pré-púbere, quando retomam a síntese de testosterona, estimuladas pelo LH da hipófise. Tumores de células intersticiais, produtores de andrógeno, podem provocar puberdade precoce em crianças. 
Ductos intratesticulares 
São: túbulos retos, a rede testicular e ductos eferentes. 
A maioria dos túbulos seminíferos tem forma de alça, cujas extremidades continuam nos túbulos retos. Nesses túbulos, faltam as células da linhagem espermatogênica e há um segmento inicial formado somente por células de Sertoli seguido por um segmento principal revestido por um epitélio de células cuboides apoiado em uma envoltura de tecido conjuntivo denso. Os túbulos retos se continuam na rede testicular, situada no mediastino do testículo e composta por uma rede altamente anastomosada de canais revestidos por um epitélio de células cuboides. 
Ductos eferentes formados por grupos de células epiteliais cuboides não ciliadas que se alternam com grupos de células cujos cílios batem em direção do epidídimo, conferindo a este epitélio um característico aspecto com saliências e reentrâncias. As células não ciliadas absorvem fluido secretado pelos túbulos seminíferos, o que, juntamente com a atividade de células ciliadas, cria um fluxo que conduz os espermatozoides para o epidídimo. Uma delgada camada de células musculares lisas orientadas circularmente existe em volta da lâmina basal do epitélio. Os ductos eferentes gradualmente se fundem para formar o ducto do epidídimo. 
Ductos genitais extratesticulares 
São: ducto epididimário, o ducto deferente e a uretra. 
O ducto do epidídimo é um tubo único altamente enrolado, juntamente com o tecido conjuntivo circunvizinho e vasos sanguíneos, esse ducto forma o corpo e a cauda do epidídimo, uma estrutura anatômica com cápsula própria. Por ser muito enovelado, um corte do ducto do epidídimo mostra grande número de secções do tubo, dando a falsa impressão de que são muitos ductos. É formado por um epitélio colunar pseudoestratificado, composto de células basais arredondadas e células colunares. A superfície das células colunares é coberta por longos e ramificados microvilos de formas irregulares, chamados estereocílios. O epitélio do ducto epididimário participa da absorção e digestão dos corpos residuais das espermátides, que são eliminados durante a espermatogênese. As células epiteliais se apoiam sobre urna lâmina basal que é envolvida por células musculares lisas e por tecido conjuntivo frouxo. As contrações peristálticas do músculo liso ajudam a mover o fluido ao longo do tubo. 
O ducto deferente é caracterizado por um lúmen estreito e uma espessa camada de músculo liso, sua mucosa forma dobras longitudinais e ao longo da maior parte de seu trajeto é coberta de um epitélio colunar pseudoestratificado com estereocílios. A lâmina própria da mucosa é uma camada de tecido conjuntivo rico em fibras elásticas, e a camada muscular consiste em camadas internas e externas longitudinais separadas por uma camada circular. O músculo liso sofre fortes contrações peristálticas que participam da expulsão do sêmen durante a ejaculação. O ducto deferente faz parte do cordão espermático, um conjunto de estruturas que inclui ainda a artéria testicular, o plexo pampiniforme (formado por inúmeras pequenas veias) e nervos. Antes de entrar na próstata, o ducto deferente se dilata, formando uma região chamada ampola, na qual o epitélio é mais espesso e muito pregueado. Na porção final da ampola desembocam as vesículas seminais. Em seguida, o ducto deferente penetra a próstata e se abre na uretra prostática. O segmento que entra na próstata é chamado ducto ejaculatório, cuja mucosa é semelhante à do deferente, porém não é envolvida por músculo liso. 
Glândulas acessórias 
São: vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais.
As vesículas seminais consistem em dois tubos muito tortuosos, sua mucosa é pregueada e forrada com epitélio cuboide ou pseudoestratificado colunar . As células epiteliais são ricas em grânulos de secreção, semelhantes aos encontrados em células que sintetizam proteínas. A lâmina própria é rica em fibras elásticas e é envolvida por uma espessa camada de músculo liso. 
Vesículas seminais: não são reservatórios para espermatozoides. São glândulas que produzem secreção amarelada contendo substâncias como frutose, citrato, inositol, prostaglandinas e várias proteínas. Carboidratos produzidos pelas glândulas acessórias do sistema reprodutor masculino e secretados no líquido seminal constituem fonte energética para a motilidade dos espermatozoides. O monossacarídio frutose é o mais abundante desses carboidratos, 70% do volume de ejaculado humano se origina nas vesículas seminais. A altura das células epiteliais das vesículas seminais e o grau da atividade secretora da glândula dependem dos níveis circulantes de testosterona. 
A próstata é um conjunto de 30 a 50 glândulas túbulo alveolares ramificadas que envolvem uma porção da uretra chamada uretra prostática. A próstata tem três zonas distintas: a zona central (cerca de 25% do volume da glândula), a zona de transição e a zona periférica (cerca de 70% da glândula); seus ductos desembocam na uretra prostática. As glândulas tubulo-alveolares da próstata são formadas por um epitélio cuboide alto ou pseudoestratificado colunar. Um estroma fibromuscular cerca as glândulas. A próstata é envolvida por uma cápsula fibroelástica rica em músculo liso. As glândulas produzem secreção e a armazenam para expulsá-la durante a ejaculação. 
Concreções prostáticas(corpora amylacea): Pequenos corpos esféricos formados por glicoproteínas, calcificados, são frequentemente observados no lúmen de glândulas da próstata de adultos, sua quantidade aumenta com a idade, porém seu significado não é conhecido. 
As glândulas bulbouretrais (as glândulas de Cowper), situam-se na porção membranosa da uretra, na qual lançam sua secreção. Elas são glândulas tubulo alveolares, revestidas por um epitélio cúbico simples secretor de muco. Células musculares esqueléticas e lisas são encontradas nos septos que dividem a glândula em lóbulos. O muco secretado é claro e age como lubrificante. 
A hipertrofia prostática benigna (hiperplasia benigna) é um aumento do volume da próstata que ocorre em 50% dos homens de mais de 50 anos e em 95% dos homens com mais de 70 anos. A zona de transição é o local onde geralmente se origina esta condição. Pode causar a obstrução da uretra, levando a sintomas clínicos em 10% dos casos. Os tumores prostáticos malignos, ocorrem principalmente na zona periférica do órgão. Um dos produtos da próstata, o antígeno específico da próstata (prostate spedfic antigen, PSA), é secretado no sangue, e sua concentração no soro frequentemente está elevada quando há tumores malignos, o que pode ser usado para diagnóstico e, principalmente, controle de tratamento do tumor. 
Pênis
Componentes: uretra e três corpos cilíndricos de tecido erétil, sendo este conjunto envolvido por pele. 
Dois desses cilindros - os corpos cavernosos do pênis - estão localizados na parte dorsal do pênis. O terceiro, localizado ventralmente, é chamado corpo cavernoso da uretra ou corpo esponjoso e envolve a uretra. Na sua extremidade distal ele se dilata, formando a glande do pênis. A maior parte da uretra peniana é revestida por epitélio pseudoestratificado colunar, que na glande se transforma em estratificado pavimentoso. Glândulas secretoras de muco (glândulas de Littré) são encontradas ao longo da uretra peniana. 
O prepúcio é uma dobra retrátil de pele que contém tecido conjuntivo com músculo liso em seu interior. Glândulas sebáceas são encontradas na dobra interna e na pele que cobre a glande. 
Os corpos cavernosos são envolvidos por uma camada resistente de tecido conjuntivo denso, a túnica albugínea. O tecido erétil que compõe os corpos cavernosos do pênis e da uretra tem uma grande quantidade de espaços venosos separados por trabéculas de fibras de tecido conjuntivo e células musculares lisas. A ereção do pênis é um processo hemodinâmico controlado por impulsos nervosos sobre o músculo liso das artérias do pênis e sobre o músculo liso das trabéculas que cercam os espaços vasculares dos corpos cavernosos. No estado flácido, o fluxo de sangue no pênis é pequeno, mantido pelo tônus intrínseco da musculatura lisa e por impulsos contínuos de inervação simpática. A ereção ocorre quando impulsos vasodilatadores do parassimpático causam o relaxamento da musculatura dos vasos penianos e do músculo liso dos corpos cavernosos. A vasodilatação também se associa à concomitante inibição de impulsos vasoconstritores do simpático. A abertura das artérias penianas e dos espaços cavernosos aumenta o fluxo de sangue que preenche os espaços cavernosos, produzindo a rigidez do pênis. A contração e o relaxamento dos corpos cavernosos dependem da taxa de cálcio intracelular que, por sua vez, é modulada por guanosina monofosfato (GMP). Após a ejaculação e o orgasmo, a atividade parassimpática é reduzida, e o pênis volta a seu estado flácido. 
Os novos fármacos desenvolvidos para tratamento de disfunção erétil, agem sobre uma fosfodiesterase observada nos corpos cavernosos, que regula nucleotídeos cíclicos como o GMP.

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