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Choque É um estado no qual o fluxo sangüíneo para os tecidos periféricos e a sua perfusão são inadequados para manter a vida, por causa de DC insuficiente ou má distribuição do fluxo sangüíneo periférico, associado a hipotensão e oligúria. Etiologia e fisiopatologia O choque pode ser hipovolêmico (volume intravascular insuficiente), cardiogênico (função cardíaca inadequada), vasodilatador (tono vasomotor inadequado) ou devido a combinações destes fatores. O defeito fundamental é a perfusão ß para tecidos vitais de forma que a veiculação de O2 seja inadequada para o metabolismo aeróbio, resultando em um desvio para respiração anaeróbia com Ý produção e acúmulo de ácido láctico. Quando o choque persiste, a função orgânica prejudicada é seguida por lesão celular irreversível e morte. Choque hipovolêmico – Volume intravascular inadequado (absoluto ou relativo) provoca ß enchimento ventricular e ß volume de ejeção que, a menos que compensado porÝ FC, resulta em ß DC. A hemorragia aguda (choque hipovolêmico) pode se seguir a um trauma ou pode ocorrer em uma doença preexistente, freqüentemente não Dx (úlcera péptica, varizes esofágicas ou aneurisma aórtico). A hemorragia pode ser aparente (hematêmese ou melena) ou oculta (gravidez ectópica rota) e deve sempre ser considerada em pacientes que se apresentam em choque. O choque hipovolêmico pode se seguir a perdas Ý de outros fluidos orgânicos. Geralmente demora várias horas para se desenvolver e freqüentemente está associado com Hb ou VG crescentes (hemoconcentração). O fluido pode ser perdido a partir da superfície corpórea após lesão térmica ou química, ou pode ser obtido na cavidade peritoneal na peritonite generalizada que acompanha a perfuração do trato GI ou pancreatite. O fluido também pode ser depositado dentro do trato GI ou perdido a partir deste devido a vômitos ou diarréia por várias condições(obstrução do intestino delgado ou grosso, íleo paralítico ou GECA). Perdas renais excessivas de fluido podem ocorrer no DM ou insípido, insuficiência adrenal, nefrite "perdedora de sal", fase poliúrica após lesão tubular aguda e com diuréticos potentes. O fluido intravascular também pode ser perdido para o espaço extravascular por causa da permeabilidade capilar Ý secundária a anóxia, parada cardíaca ou reações de hipersensibilidade aguda (anafiláticas) nas quais o choque é também devido à vasodilatação arteriolar. O choque hipovolêmico também pode ser devido à ingestão inadequada de líquidos, freqüentemente associada com Ý discretos na perda de fluidos. Freqüentemente, por causa de incapacidade neurológica ou física, os pacientes não conseguem responder à sede através do Ý ingestão de líquidos. Em pacientes hospitalizados, a hipovolemia pode ser composta se os sinais iniciais de insuficiência circulatória forem incorretamente atribuídos à insuficiência cardíaca, e forem suspensos os líquidos ou administrados diuréticos. O choque cardiogênico pode ser definido como o estado de choque resultante de uma ß no DC devido a outros fatores que não o volume intra-vascular inadequado. A administração isolada de líquidos raramente irá corrigir a anormalidade hemodinâmica, embora em certas situações (infarto VD) possa ser útil se combinada com outras medidas. Vários mecanismos, isolados ou em combinação, podem ser causais. Estes incluem interferência mecânica com enchimento ventricular ou pré-carga (pneumotórax tenso, tamponamento cardíaco), interferência com esvaziamento ventricular ou pós-carga (embolia pulmonar, funcionamento precário de válvula prostética), constrição arteriolar pulmonar ou sistêmica excessiva, contratilidade miocárdica prejudicada (isquemia miocárdica ou IAM, miocardite, drogas), anormalidades do ritmo cardíaco (taquicardia, bradicardia) e demandas excessivas de volume (regurgitação mitral ou aórtica aguda, septo interventricular roto). Vasodilatação – O choque hipovolêmico pode ser relativo, quando o volume sangüíneo circulante for normal, mas insuficiente para o adequado enchimento cardíaco. Várias condições podem provocar dilatação venosa e/ou arteriolar disseminada. Se o DC não Ý paralelamente à ß resistência vascular, desenvolve-se hipotensão arterial e, abaixo de um nível de crítico, os centros vitais serão inadequadamente perfundidos. O grau de hipotensão necessário para provocar a Sd. de choque varia, e freqüentemente está relacionado a doença vascular preexistente. Portanto, um grau modesto de hipotensão, que é bem tolerado por um indivíduo jovem relativamente saudável, pode resultar em disfunção cerebral, cardíaca ou renal graves em um paciente com arteriosclerose significativa nos vasos que suprem estes órgãos. A vasodilatação disseminada pode ocorrer após TCE grave ou hemorragia (choque neurogênico), insuficiência hepática ou ingestão de certas drogas ou venenos. O choque associado a infecção bacteriana (choque bacterêmico ou séptico) pode ser parcialmente devido aos efeitos da endotoxina ou outros mediadores químicos sobre vasos de resistência, resultando em vasodilatação e ßresistência vascular. Além disso, alguns pacientes com IAM e choque parecem apresentar vasoconstrição compensatória inadequada em resposta ao DC ß . Sintomas e Sinais Estes podem ser devidos ao choque em si ou ao processo patológico de base. Achados em pacientes com choque hipovolêmico ou cardiogênico são semelhantes. O estado mental pode estar preservado, mas letargia, confusão e sonolência são comuns. As mãos e pés ficam frios, úmidos, cianóticos e pálidos. O tempo de enchimento capilar é prolongado e, em casos extremos, um padrão reticular azulado pode aparecer sobre grandes áreas. O pulso é fraco e rápido a menos que exista bloqueio cardíaco associado ou bradicardia terminal; em alguns casos, apenas os pulsos femoral ou carotídeo podem ser palpados. Taquipnéia e hiperventilação estão presentes, mas a apnéia pode ser um evento terminal quando o centro respiratório falha devido a uma perfusão cerebral inadequada. A PS medida pelo esfigmomanômetro tende a ser baixa (PS ß 90) ou inaudível, mas a medida direta por cânula intra-arterial freqüentemente fornece valores significativamente mais elevados. Os achados no choque séptico podem ser semelhantes aos do choque hipovolêmico ou cardiogênico, mas com algumas diferenças significativas. Febre, geralmente precedida por calafrios, está presente com freqüência. DC Ý está associado à resistência periférica ß , possivelmente acompanhada por hiperventilação e alcalose respiratória. Portanto, os sintomas iniciais podem incluir o início de calafrios com tremores, Ý T, pele quente ruborizada, um pulso limítrofe e uma PS oscilante (Sd. hiperdinâmica). O fluxo urinário é ß apesar do DC Ý . O estado mental está acentuadamente comprometido, e a confusão mental pode até ser um sinal premonitório que precede a hipotensão em 24h ou mais. No entanto, estes achados são variáveis e podem não estar aparentes, mesmo em pacientes nos quais o DC está acentuadamente Ý e a resistência vascular ß são confirmados por medidas hemodinâmicas diretas. Em estágios tardios, a hipotermia é comum. Manifestações do processo patológico de base podem ser indícios Dx importantes. Pode- se suspeitar de perda aguda de sangue ou fluidos por uma ruptura de aorta, baço ou gravidez tubária ou por peritonite a partir do exame físico. Sinais de desidratação generalizada são úteis no reconhecimento de hipovolemia em pacientes com distúrbios neurológicos, GI, renais ou metabólicos. O choque cardiogênico é sugerido pelo ingurgitamento das veias do pescoço, sinais de congestão pulmonare um ritmo de galope; no entanto, em um número significativo de pacientes com choque cardiogênico, estes sinais podem estar ausentes. Um SS pode indicar ruptura septal ventricular ou insuficiência mitral, duas causas de choque após um IAM. O tamponamento pericárdico é sugerido por distensão jugular venosa, bulhas cardíacas abafadas, atrito pericárdico e pulso paradoxal. Suspeita-se de embolia pulmonar maciça em pacientes com um abaulamento parasternal, uma 4ª bulha alta na borda esternal esquerda que aumenta com a inspiração e um som de fechamento pulmonar amplamente desdobrado. O choque séptico tende a ocorrer em extremos de idade e é mais comum em homens que em mulheres. Os sinais de infecção pulmonar preexistente, de trato GI ou urinária podem estar presentes, bem como sinais de doença maligna ou debilitante de base resultando em alteração da imunidade contra infecção. Em mulheres em idade fértil, a Sd. choque tóxico devido ao uso de absorventes internos pode ocorrer; aborto séptico, especialmente quando realizado ilegalmente, pode também provocar choque séptico. Diagnóstico O Dx requer evidência de perfusão tecidual insuficiente devido ao DC ß e/ou tono vasomotor periférico inadequado. A maioria considera que o choque está presente em qualquer paciente com fatores predisponentes que desenvolve uma ß significativa PS, débito urinário ß 30mL/h e Ý progressivo na concentração de ácido láctico ou Ý "anion gap" associado a níveis arteriais ß de PCO2 e HCO3. O Dx é corroborado por sinais de hipoperfusão de órgãos específicos (obnubilação, anormalidades no ECG, cianose periférica) ou sinais relacionados a mecanismos de compensação (taquicardia, taquipnéia, diaforese). Nos estágios iniciais de choque, especialmente choque séptico, muitos dos sinais acima podem estar ausentes ou passar despercebidos se não forem pesquisados especificamente. Assim, o tratamento pode ser postergado até o choque ser irreversível. Nenhum destes achados isoladamente é específico para a Sd. do choque; cada um precisa ser avaliado no contexto clínico global. A PS, em particular, pode ser ß a níveis associados a choque em pacientes que não demonstram, sob outros aspectos, evidência de perfusão tecidual inadequada. Nestes pacientes, a reversão da hipotensão com agentes vasopressores poderia ser mais prejudicial que benéfica. O choque hipovolêmico é Dx pela demonstração de pressão de enchimento ventricular N ou ß com um DC ß em um paciente com a Sd. choque. Uma pressão de enchimento VD ou PVC ß 7cm H2O (5mmHg) sugere hipovolemia; no entanto, a PVC pode estar Ý deste nível quando o choque hipovolêmico ocorre com hipertensão pulmonar preexistente ou infarto VD, estenose tricúspide, tumor atrial direito ou tamponamento pericárdico, etc. Um indicador melhor de enchimento do VE é obtido pela introdução de um cateter-balão na artéria pulmonar e medida da PD final pulmonar (PDFP) ou pressão de fechamento capilar pulmonar (PFCP), ambas, estreitamente relacionadas com a real pressão do VE durante a diástole. Uma PDFP ou PFCP ß 12mmHg (ou ß 18mmHg em um paciente com IAM ou doença de VE preexistente) sugere que a hipovolemia está causando ou contribuindo para a Sd. de choque. Quando se suspeita de hipovolemia, uma prova terapêutica com carga de volume pode ajudar a confirmar o Dx. A hipovolemia pode ser assumida quando a PS e o débito urinário melhorem e as manifestações clínicas de choque forem ß com pequenos Ý na PVC ou PFCP após infusão rápida (100mL/10min) de colóide (plasma ou albumina). O infarto do VD (que pode resultar em choque) às vezes responde favoravelmente à expansão rápida de volume, que deve ser considerada após IAM de parede inferior quando a pressão de enchimento do VD (PVC) está significativamente Ý na ausência de pressão de enchimento do VE (PDFP ou PFCP) acentuadamente elevada. O choque hipovolêmico devido à hemorragia está associado a ß de Hb e VG. No entanto, como o choque pode se desenvolver dentro de minutos após a perda aguda de sangue, Hb e VG normais (antes da hemodiluição homeostática) não excluem hemorragia como causa. VG e Hb em elevação no choque hipovolêmico sugerem hemoconcentração devido à perda de outros líquidos orgânicos. Choque cardiogênico é Dx pela demonstração de DC ß associado a uma pressão de enchimento ventricular Ý . Como a hipovolemia pode coexistir com o IAM ou cardiopatia preexistente, o choque não pode ser assumido como sendo inteiramente devido à lesão miocárdica. Tamponamento pericárdico, pneumotórax tenso ou embolia pulmonar maciça podem ser Dx, se bem pesquisados, usando os procedimentos Dx de emergência disponíveis (ecocardio, mapeamento pulmonar). Quando a lesão miocárdica por IAM for suficiente para resultar em choque, o ECG geralmente é Dx; no entanto, IAM prévio, bloqueio de ramo esquerdo ou BAV com ritmo idioventricular ou marca-passo podem impedir um Dx ECG. O ECG também ajuda a identificar arritmias que podem, por si mesmas, provocar ou contribuir para o choque. Suspeita-se de choque secundário a vasodilatação em pacientes com trauma cerebral, sepse, intoxicação por drogas ou exposição ao calor com insuficiência vasorregulatória e desidratação; no entanto, a hipovolemia (que freqüentemente também está presente) deve ser excluída. Disfunção miocárdica secundária a perfusão coronária inadequada ou outros mecanismos, como a liberação do fator depressor do miocárdio ou outras substâncias tóxicas, também pode complicar o choque por vasodilatação. Prognóstico Não tratado, o choque é fatal. O prognóstico depende da causa, doenças complicadoras ou preexistentes, tempo entre o início e o Dx e adequação da terapia. A mortalidade por choque cardiogênico após IAM maciço e por choque séptico em pacientes idosos continua extremamente Ý . Tratamento Primeiro atendimento – O paciente deve ser mantido aquecido, com MMII ligeiramente elevados para melhorar o retorno venoso. A hemorragia deve ser interrompida, verificadas vias aéreas e ventilação, e assistência respiratória administrada se necessário. Não se deve permitir nenhuma ingestão oral, e a cabeça do paciente deve ser voltada para o lado para evitar aspiração, se ocorrer vômito. Os narcóticos devem ser evitados, mas uma dor intensa pode ser tratada com morfina. A ansiedade pode ser causada por hipoperfusão cerebral, e sedativos ou tranqüilizantes não devem ser administrados. Como a hipoperfusão tecidual torna imprevisível a absorção das drogas, todas as medicações devem ser administradas por EV. Terapia de suporte – Pode ser necessário estabilizar as funções vitais antes que possam ser feitos procedimentos Dx. Noradrenalina ou dopamina podem ser necessárias para reverter hipotensão profunda que pode resultar em depressão da função respiratória, hipoventilação, hipoxemia, piora da acidose e morte. A ventilação assistida com Ýconcentrações de O2 deve ser instituída imediatamente. Obstruções de vias aéreas por secreções ou conteúdos gástricos precisam ser removidas. Se houver suspeita de hemorragia, deve ser inserido um cateter de grande calibre em uma veia periférica (femoral ou jugular interna), por punção cutânea direta, para infundir sangue ou outros fluidos e para administrar drogas. A infusão direta de líquido na MO fornece uma alternativa muito útil de acesso de emergência para a circulação quando as veias estão rompidas; esta via é particularmente útil em crianças. Análises do pH e gasometria podem ser úteis. A administração de bicarbonato de sódio EV, pode ajudar a reverter a acidose metabólica, mas é necessário cautela para evitar edema pulmonarpor sobrecarga de Na no choque cardiogênico. Monitoração – Pacientes em que o choque não é revertido imediatamente devem ser considerados em estado grave, e o tratamento definitivo deve ser mantido em uma área de assistência especial (UTI). A monitoração cuidadosa deve incluir 1. ECG; 2. PS – preferivelmente por cânula intra-arterial direta; 3. pressão de enchimento ventricular (PVC ou, preferivelmente, PDFP ou PFCP; 4. freqüência e profundidade respiratórias; 5. débito urinário (sonda vesical); 6. pH, PO2 e PCO2 ; 7. temperatura corpórea; e 8. estado clínico, incluindo sensório, volume de pulso, temperatura e coloração da pele. A medida do DC usando técnicas de termodiluição também é útil em pacientes que necessitam de tratamento prolongado. Medidas seriadas de volume sangüíneo, ácido láctico, pressão oncótica do plasma, VG e EEG podem também ser úteis. Choque hipovolêmico –O tratamento definitivo do choque hipovolêmico precisa da restauração do volume intravascular e eliminação da causa de base. A infusão rápida de fluidos em pacientes idosos pode desencadear edema pulmonar; portanto, a monitoração da PVC, PDFP ou PFCP é útil durante a terapia. A PS e débito urinário devem também ser acompanhados. Geralmente PDFP ou PFCP não devem ser elevadas Ý 18-20mmHg por reposição de fluidos. A monitoração da PVC é útil quando as medidas de PDFP ou PFCP não são disponíveis, mas pode ser enganosa em pacientes com doença vascular pulmonar ou cardíaca preexistente. É necessário cuidado ao interpretar pressões de enchimento em pacientes durante assistência ventilatória, particularmente quando estão sendo usados altos níveis de pressão expiratória final (Ý 10cmH2O). A forma e tipo precisos de líquido a ser administrado são determinados pelas circunstâncias específicas e orientados por determinação freqüente de VG e eletrólitos séricos. A solução de NaCl (0,9%) é tão boa quanto qualquer outra solução, mas grandes quantidades podem provocar edema pulmonar. Após 40-50% do volume sangüíneo calculado ser reposto, deve ser administrado sangue total ou uma solução colóide. O sangue total deve ser submetido a "cross-matching", mas em uma situação urgente ou desesperadora, a administração de 2u de sangue tipo O Rh-negativo é uma alternativa. Soluções colóides plasma ou albumina; nenhuma destas soluções contém hemácias, e irão diluir o VG. A albumina, a mais fisiológica e segura, é onerosa e pode não estar disponível. O plasma fresco congelado acarreta o risco de transmitir infecção. O choque pode não responder à reposição de volume por causa da administração insuficiente de líquido na vigência de sangramento ou perda do mesmo ou pela presença de fatores complicantes (lesão miocárdica ou choque séptico coexistente). Quando a hipovolemia não é a causa provável ou quando a PS não responde imediatamente à administração de volume, um agente pressor (noradrenalina ou dopamina) pode ser considerado para Ý a PS até níveis entre 90-100mmHg. Agentes pressores devem ser usados primariamente na hipotensão profunda, com fluxo sangüíneo cerebral e/ou coronário inadequado. Uma vez estabilizada a PS, devem ser feitos esforços para corrigir anormalidades associadas (hipoxemia, acidose, hipovolemia, sepse), de forma que a administração do agente pressor possa ser ß ou interrompida; a vasoconstrição prolongada devido à estimulação do a -receptor pode prejudicar ainda mais a microcirculação visceral, bem como Ý o trabalho miocárdico e a demanda de O2. Além dos efeitos vasoconstritores, a noradrenalina, dopamina e dobutamina possuem efeitos inotrópicos e cronotrópicos que, na presença de ICC e/ou bradicardia, tenderão a melhorar o DC e a perfusão sistêmica. Em alguns pacientes, a adição de um vasodilatador (nitroprussiato ou fenoxibenzamina) podem melhorar mais a hemodinâmica. Bradicardia e outras arritmias, se decorrentes de hipoxemia, acidose ou hipotensão, freqüentemente respondem às medidas anteriores, mas drogas antiarrítmicas específicas, cardioversão ou marca-passo temporário podem ser necessários. O choque cardiogênico é tratado pela melhora do desempenho cardíaco. O choque que ocorre após um IAM deve ser tratado por inalação de O2, estabilização da freqüência e ritmo cardíacos e expansão de volume se indicada por PVC, PDFP ou PFCP normais ou baixas. A morfina pode aliviar a dor torácica intensa e ajudar a restaurar a PS; a resposta precisa ser monitorada cuidadosamente, já que a morfina provoca depressão respiratória, é um venodilatador e pode provocar ß PS. Atropina é eficaz na reversão da bradicardia e hipotensão que ocorrem muito precocemente após o início dos sintomas, particularmente no IAM ínfero- posterior. A atropina também irá ajudar a evitar efeitos vagais indesejáveis da morfina. Noradrenalina ou dopamina são usadas para manter a PS Ý 90mmHg (mas não Ý 110mmHg). Como Ý acentuadamente a demanda de O2 , o isoproterenol está contra- indicado para pacientes com choque após IAM. Quando o choque é complicado por bradicardia ou BAV avançado, a restauração da PS com noradrenalina ou dopamina e a correção da acidose, resultam em uma freqüência ventricular adequada. O marca-passo transvenoso temporário pode ser necessário em pacientes com evidência de BAV de alto grau persistente ou disfunção grave de nódulo sinusal. A administração a curto prazo de isoproterenol pode ocasionalmente ser necessária antes do marca-passo em pacientes que apresentam períodos prolongados de assistolia, taquicardia ou fibrilação ventriculares recorrentes associadas a bradicardia grave. A digoxina não é usada rotineiramente no choque, mas pode ser valiosa em pacientes com taquicardia supraventricular ou sinais de congestão pulmonar. Na ausência de hipotensão grave, a infusão de dobutamina ou amrinona pode ser usada para melhorar o DC e ß pressão de enchimento do VE. Taquicardia e arritmias podem ocasionalmente ocorrer durante a administração de dobutamina, particularmente em doses mais elevadas. Como a amrinona não é apenas inotrópica, mas também um vasodilatador, arritmias e hipotensão podem ocorrer durante a sua administração. Amrinona pode também provocar trombocitopenia e a contagem de plaquetas deve ser monitorada. Vasodilatadores (nitroprussiato e nitroglicerina), que agem Ý capacitância venosa e/ou ß resistência vascular sistêmica, ß carga de trabalho imposta sobre o miocárdio lesado e podem também ter valor em pacientes sem hipotensão arterial intensa. Terapia combinada (dopamina ou dobutamina com nitroprusseto ou nitroglicerina) pode ser particularmente útil, mas necessita de monitoração ECG e hemodinâmica cuidadosa. O uso precoce de balão intra-aórtico de contrapulsação parece ser extremamente valioso para reverter temporariamente o choque em pacientes com IAM e deve ser considerado naqueles que precisam de suporte pressórico (noradrenalina ou dopamina) por Ý 30min ou naqueles com IAM complicado por ruptura de septo ventricular ou insuficiência mitral grave aguda. O desenvolvimento de técnicas percutâneas para inserção à beira do leito torna o balão disponível a hospitais comunitários. Ainda não se sabe se o uso precoce do balão em pacientes que não estão em choque com grandes IAMs complicados por dor persistente, insuficiência precoce de VE ou arritmias recorrentes iráß incidência de choque cardiogênico. O "bypass" aortocoronário de emergência é eficaz e pode melhorar a sobrevida em pacientes selecionados com choque cardiogênico após IAMs, especialmente se a cirurgia for feita dentro das primeiras 6h após o início dos sintomas. Estes pacientes freqüentemente necessitamde suporte com balão antes da angiografia Dx e cirurgia. A correção cirúrgica dos defeitos mecânicos (ruptura de septo intraventricular, pseudo-aneurisma, insuficiência mitral grave ou grande segmento discinético) pode também ser necessária. Estudos recentes sugerem que a angioplastia coronária transluminal percutânea (ACTP) de emergência para abrir uma artéria coronária ocluída, se realizada dentro de algumas horas após o início do IAM pode reverter o choque cardiogênico. Continua controverso se estes pacientes devem receber agentes trombolíticos antes da ACTP de emergência. No entanto, se a ACTP de emergência ou a cirurgia cardíaca não forem realizadas, então a terapia trombolítica deverá ser administrada logo que possível, a menos que contra-indicada. O tratamento do choque devido à vasodilatação é primariamente de suporte, enquanto se trata a causa de base. O isoproterenol é ocasionalmente valioso, mas a noradrenalina pode ser necessária. A dopamina é um agente inotrópico que em ß dose é menos vasoconstritor do que o levarterenol e provoca menos vasodilatação que o isoproterenol, mas melhora seletivamente o fluxo sangüíneo mesentérico e renal; pode ter vantagens sobre outros vasopressores em pacientes selecionados. A dobutamina, um b-agonista mais seletivo, Ý DC sem vasoconstrição e assim pode não ser tão útil nestes pacientes. Pouco pode ser feito quando o choque ocorre após uma lesão cerebral irreversível maciça. Outras considerações – O tamponamento pericárdico requer pericardiocentese e, em situações potencialmente fatais, o fluido pericárdico pode ser removido à beira do leito. Em circunstâncias menos urgentes, a criação cirúrgica de uma janela pericárdica ou pericardiectomia pode ser aconselhável para evitar recorrência. Embolia pulmonar maciça resultando em choque é tratada por medidas de suporte (noradrenalina, digoxina) para melhorar a função cardíaca e com heparina EV para evitar trombose recorrente. Em pacientes que não podem ser estabilizados com estas medidas, a angiografia pulmonar de emergência e embolectomia cirúrgica devem ser consideradas. O uso de uroquinase ou estreptoquinase para lisar trombos já formados parece ser valioso e é preferível à tentativa de embolectomia. Complicações pulmonares que freqüentemente coexistem ou se desenvolvem em pacientes com choque não podem ser desprezadas. Fonte: Manual Merck Luan Diego Marques Teixeira Acadêmico de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde – ESCS http://luandiegomarques.blogspot.com/
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