Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Livro Base: Introdução à Teoria Geral da Administração, de Idalberto Chiavenato. Livro Auxiliar: Administração, de Stoner & Freeman. O cientista social George Elton Mayo (1880-1949) é considerado o Pai da Teoria das Relações Humanas. É também chamada de Teoria Humanística da Administração. Surgiu através dos trabalhadores (principalmente os americanos) e dos sindicatos, em contraposição às teorias científica e clássica da administração. Verificou-se que as posições destas teorias não eram adequadas ao estilo de vida americano, já que elas possuíam forte tendência à desumanização do trabalho através da aplicação de métodos rigorosos, científicos e precisos, nos quais a submissão dos empregados era exigida. Suas origens básicas foram: a necessidade de humanização e democratização da atividade administrativa, exigência do operariado americano; o desenvolvimento vertiginoso das ciências humanas, em especial a sociologia e a psicologia, que deixavam clara a inadequação da Teoria Clássica; e as conclusões da Experiência de Hawthorne. EXPERIÊNCIA DE HAWTHORNE Em 1924, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos procurava saber as correlações existentes entre a produtividade e a iluminação das fábricas. Para tanto, convidou George Elton MAYO para executar as pesquisas nesta área. Mayo iniciou- as na Western Eletric Company, uma empresa situada no Bairro de Hawthorne, na cidade de Chicago, em 1927, tentando determinar a relação entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários e depois extrapolando para o estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho e da rotação de pessoal. Em todos estes aspectos, os pesquisadores notaram a existência de aspectos psicológicos, coisa que até então não havia recebido nenhum tipo de estudo ou atenção. A empresa que seria analisada fabricava equipamentos e componentes telefônicos, dentre os quais os relés de telefone. Estes relés eram montados por moças, que executavam tarefas simples e repetitivas, baseadas em sua rapidez. Na época, havia uma montagem de cinco relés em cada seis minutos, por moça. O interesse da empresa era no melhor conhecimento dos empregados e não no aumento da produção ou da lucratividade. Mayo dividiu sua pesquisa em quatro fases e na seqüência concluiu a pesquisa. Primeira Fase da Experiência: Mayo escolheu dois grupos que faziam o mesmo trabalho, determinando que um seria o grupo de controle e o outro o grupo de observação. O grupo de observação trabalhou com intensidade de luz variável, enquanto que o grupo de controle trabalhou com luz constante. Conclusão direta: nenhuma. Os pesquisadores determinaram a existência do chamado FATOR PSICOLÓGICO, já que os operários reagiam à experiência de acordo com suas próprias suposições, julgando-se na obrigação de produzir mais quando a iluminação aumentava e menos quando diminuía, mesmo sem nada lhes ser transmitido. A prevalência do fator psicológico sobre o fator fisiológico foi demonstrada claramente. Nesta fase inicial, os pesquisadores decidiram que o fator psicológico era inoportuno e decidiram retirá-lo da experiência. Continuaram a experiência com outros fatores fisiológicos, tais como: fadiga no trabalho, mudança de horários, introdução de descansos. Segunda Fase da Experiência A mais extensa fase da experiência começou com a seleção de seis moças de nível médio (nem novatas, nem peritas) que formaram o Grupo de Observação. Cinco montavam os relés e a sexta fornecia as peças para manter o trabalho direto. A sala de provas era separada do restante do pessoal (onde ficava o Grupo de Controle) por uma divisão. A produção tornou-se o índice de comparação entre o Grupo Experimental e o grupo de controle, lembrando que o primeiro estava sujeito a mudanças nas condições de trabalho e as demais não. Além do supervisor normal, que existia nos dois grupos, o grupo de observação contava com outro supervisor, que assegurava a cooperação entre as moças. As moças deste grupo participavam da pesquisa, sabendo corretamente os objetivos e conhecendo previamente as alterações que seriam efetivadas e quais os resultados esperados, sendo sempre instruídas para que trabalhassem normalmente e à vontade. Esta fase foi dividida em doze períodos, transcritos a seguir: 1o período: registrou-se a produção de cada operária ainda no local original de trabalho, sem seu conhecimento, estabelecendo a capacidade produtiva individual, que seria comparada com a produção dos demais períodos da pesquisa. 2o período: isolou-se o grupo experimental na sala de provas, mantendo-se todas as condições normais de trabalho e medindo-se o ritmo da produção, visando verificar o efeito da mudança de local de trabalho. 3o período: mudou-se o sistema de pagamento. O pagamento era efetuado por tarefas em grupo. O grupo de controle, composto por mais de cem moças, não percebia alterações elevadas nos salários pois estas eram dispersas pela quantidade. No grupo experimental (composto por seis moças) as variações eram concentradas, permitindo que, com o aumento do produção, estas notassem claramente o aumento do salário de cada uma. Ocorreu um aumento na produção. 4o período: introduziu-se um intervalo de cinco minutos de descanso no meio da manhã e outro de cinco minutos no meio da tarde. Ocorreu um aumento na produção. 5o período: aumentou-se os intervalos para dez minutos de manhã e de tarde. Novo aumento da produção foi constatado. 6o período: passou-se a três intervalos de cinco minutos de manhã e a mesma quanti- dade de intervalos à tarde. As moças reclamaram da quebra do ritmo da produção e a produção não aumentou. 7o período: voltou-se a dois intervalos de dez minutos, agora com um lanche leve. A produção voltou a crescer. 8o período: o grupo experimental passou a trabalhar somente até as 16:30 e não até as 17:00 horas como o grupo de controle. A produção aumentou bastante. 9o período: o trabalho do grupo experimental passou a terminar às 16:00 horas e a produção permaneceu constante. 10o período: o grupo experimental voltou a trabalhar até as 17:00 horas. A produção aumentou bastante. 11o período: começou a semana de apenas cinco dias, enquanto o grupo de controle tinha semana de seis dias. A produção continuou a subir. 12o período: voltou-se as mesmas condições do 3o período, tirando-se todos os benefícios (com a permissão das moças). Este último período durou doze semanas, atingindo uma produção diária e semanal nunca antes alcançada na empresa. Com esta pesquisa notou-se que após um ano de alterações, os resultados esperados não eram mais alcançados, não conseguindo determinar o fator que levava a isto, porém, estes doze períodos trouxeram algumas conclusões: a) as moças gostavam de trabalhar na sala de provas pela supervisão mais branda, o que gerava maior liberdade e menor ansiedade b) havia um ambiente amistoso (sem pressões), o que aumentava a satisfação. c) não havia temor ao supervisor. d) ocorreu um desenvolvimento social do grupo experimental, com as moças fa- zendo amizades entre si, tornando-se uma verdadeira equipe. e) desenvolveu-se liderança e objetivos comuns compartilhados entre os membros do grupo experimental. Terceira Fase da Experiência Como existiram diferenças entre as moças do grupo experimental e do grupo de controle, os pesquisadores passaram a verificar melhor as relações humanas no trabalho. Verificaram que a supervisão vigilante e constrangedora era humilhante para as operárias, e que sua política de pessoal, considerada aberta, quase nada sabia sobre os fatores determinantes de atitudes das operárias em relação à supervisão, aos equipamentos de trabalho e a própria empresa. Com tal resultado, optaram por um Programa de Entrevistas, efetuado com os operários, visando obter maiores conhecimentossobre suas atitudes e sentimentos e ouvir suas opiniões quanto ao trabalho e o tratamento que recebiam, bem como ouvir as SUGESTÕES que pudessem ser aproveitadas. Os resultados foram tão animadores que foi criada uma divisão de Pesquisas Industriais, que objetivava entrevistar todos os operários anualmente. Após três anos de sua implantação, as técnicas de entrevista passaram a ser não-diretiva, permitindo que os operários falassem livremente, sem interferência do pesquisador. Este tipo de entrevista permitiu o conhecimento da ORGANIZAÇÃO INFORMAL, criada pelos operários com a finalidade de se protegerem contra o que consideravam ameaças ao seu bem-estar. Esta organização informal manifestou-se através de: a) produção controlada por padrões que os operários julgavam ser a produção normal que deveriam dar e que não eram ultrapassadas por nenhum deles b) práticas não-formais de punição que o grupo aplicava aos operários que excediam aqueles padrões e que eram considerados sabotadores c) expressões de insatisfação quanto aos resultados do sistema de pagamento de incentivos por produção d) liderança informal por certos operários que mantinham unidos os grupos e asseguravam o respeito pelas regras de conduta e) preocupações fúteis com relação a promoções f) contentamentos e descontentamentos exagerados com relação às atitudes dos superiores imediatos a respeito do comportamento dos operários. Por meio desta organização informal os operários se mantinham unidos e com lealdade entre si. Quando a lealdade à empresa era exigida e era contrária ao que queriam os operários, surgiam conflitos, tensões, inquietação e descontentamento. A quanta fase da experiência visava estudar estes comportamentos. Quarta Fase da Experiência Escolheu-se um grupo experimental (vinte operários), os quais passaram a trabalhar em uma sala especial com as mesmas condições do restante do pessoal. O sistema de pagamento era o de salário mínimo horário e também baseado na produção do grupo, elevando-se os salários se a produção aumentasse. Quando o observador do grupo experimental familiarizou-se com o grupo, notou uma série de artimanhas dos operários: eles reduziam o ritmo de trabalho, adequavam o excesso de produção de um dia para que pudesse suprir a falta de outro dia; solicitavam pagamento por excesso de produção, apresentando uma padronização de sentimentos e de solidariedade. Pela primeira vez notou-se um código de conduta, onde os operários delatavam para o grupo informal os colegas que não se “adequavam” ao proposto pelo grupo, estabelecendo punições simbólicas. Conclusões da Experiência A Experiência de Hawthorne ganhou tanto destaque porque foi a base da Escola de Relações Humanas. Todos os princípios desta Escola derivaram dos resultados desta experiência. Suas principais conclusões, em número de sete, foram: 1. Nível de produção é resultante da integração social: não é a capacidade física ou fisiológica que determina o nível da produção e sim as expectativas dos operários e suas próprias normais sociais. Sua capacidade social é o que estabelece seu nível de eficiência e não a sua capacidade de executar os serviços solicitados pela administração. Quanto mais integrado, maior a disposição para produzir. 2. Comportamento social dos empregados: o comportamento individual baseia-se no comportamento do grupo. A ação e reação não é efetuada isoladamente e sim pelo grupo. A cada desvio das normas impostas pelo grupo, o grupo impunha punições sociais e morais dos colegas, até que se ajustasse ao que o grupo decidia. É importante o estudo de Kurt Lewin que diz: enquanto os padrões do grupo permanecerem imutáveis, o indivíduo resistirá a mudanças tão mais firmemente quanto menos disposto estiver a se afastar dos padrões do grupo. Este estudo comprova a teoria do controle social sobre o comportamento. Deve-se levar em conta a amizade e o agrupamento social para determinar corretamente as ações desse grupo. 3. As recompensas e sanções sociais: durante a experiência, quem desviava-se da média (tanto para mais quanto para menos) perdia a afeição e o respeito dos colegas, determinando até que ganhar menos era menos importante que perder as relações com os colegas. Essa postura fazia com que o grupo avaliasse os colegas de acordo com seus padrões de comportamento. Eram julgados como péssimos colegas os que não cumprissem aqueles padrões. Mayo afirmava que a motivação econômica (salário) era secundária, sendo que o reconhecimento e a aprovação social eram mais importantes que o salário, gerando o conceito de homem social. As recompensas morais e sociais são simbólicas e influenciam a motivação e a felicidade do operário. 4. Grupos Informais: os pesquisadores de Hawthorne preocupavam-se quase que exclusivamente com os aspectos informais (grupos informais, comportamento social dos operários, crenças, atitudes e expectativas). Os grupos informais constituem a organização humana da empresa, por vezes se contrapondo à estrutura formal da mesma empresa. A relação diária entre os operários conduz aos padrões de aceitação, formados pelos afetos e sentimentos de uns pelos outros (ódio, amor, respeito, inveja, admiração); estes padrões tendem a ser aceitos como verdades absolutas. 5. As relações humanas: relações humanas são ações e atitudes desenvolvidas pelos contatos entre pessoas e grupos. Toda pessoa influencia e é influenciada por outras pessoas. Quando o administrador conhece e compreende estas relações humanas e suas conseqüências diretas, pode criar uma atmosfera de desenvolvimento onde as pessoas podem viver e trabalhar de forma sadia e livre. 6. A importância do conteúdo do cargo: segmentar e fragmentar o trabalho não é a forma mais eficiente da divisão do trabalho. Na experiência, os supervisores notaram que os operários trocavam de posição para variar o serviço e evitar a monotonia. Ao mesmo tempo que estas trocas apresentavam efeitos negativos na produção, aumentavam o “moral” do grupo, sendo, portanto, aceitas sem restrições pelos operários. 7. Ênfase nos aspectos emocionais: os aspectos emocionais não-planejados e mesmo os irracionais tiveram uma grande atenção dos teóricos da Escola de Relações Humanas, dando-lhes o nome de sociólogos da organização por tal atenção. FUNÇÕES BÁSICAS DAS INDÚSTRIAS: Todos os pesquisadores da Escola de Relações Humanas, concebiam as fábricas como um sistema social, com duas funções primordiais: a primeira era a própria produção de bens e serviços (função econômica), que buscava o equilíbrio externo da organização. A segunda era a distribuição de satisfação entre os participantes (função social) que busca o equilíbrio interno da organização, só alcançável pela cooperação do pessoal. As organizações industriais são compostas por uma organização técnica (prédios, máquinas, equipamentos, produtos ou serviços produzidos, matérias-primas) e uma organização humana (ou organização social). A organização humana é mais que simplesmente a soma dos indivíduos dentro do trabalho; ela é a SINERGIA derivada da interação entre os operários. Cada fato, dentro de uma empresa, se torna objeto de um sistema de sentimentos: de aprovação, de rejeição, de neutralidade ou de resistência. São sempre considerados “bons” ou “maus”, passando a ter uma significação social. Desta forma, podemos afirmar que a organização técnica e a organização humana, a organização formal e a organização informal são subsistemas interligados e interdependentes. Qualquer modificação em uma delas provoca modificações nas demais. A colaboração humana é determinada pela organização informal, sendo um fenômeno social, não-lógico, baseado em códigos sociais, convenções, tradições, expectativas e modos rotineiros de reação à situações. É uma questão de psicologia. Comparaçãoentre a Teoria Clássica e a Escola das Relações Humanas Teoria Clássica Escola das Relações Humanas trata a organização como uma máquina trata a organização como grupos de pessoas Enfatiza as tarefas ou a tecnologia enfatiza as pessoas Inspirada em sistemas de engenharia inspirada em sistemas de psicologia Autoridade centralizada delegação plena de autoridade linhas claras de autoridade autonomia do empregado especialização e competência técnica confiança e abertura Acentuada divisão do trabalho ênfase nas relações humanas entre as pessoas Confiança nas regras e nos regulamentos confiança nas pessoas Clara separação entre linha e staff dinâmica grupal e interpessoal 4. DECORRÊNCIAS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Motivação Humana: A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. Para Taylor (1a escola) a motivação do operário era única e exclusivamente o DINHEIRO. A Experiência de Hawthorne demonstrou que o pagamento ou recompensa salarial não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador. O homem é motivado não por estímulos econômicos e salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais. As empresas americanas tomaram consciência de um terrível paradoxo: o trabalhador americano vem sendo cada vez mais valorizado, quer pelo seu nível de educação, quer pelo seu salário; ao mesmo tempo, vão se degradando as suas funções, pela extensão e intensificação da automação e por uma organização cada vez mais precisa e detalhada. As conseqüências são duplas: de um lado, temos o desestímulo à produtividade devido à crise de motivações e, de um modo geral, o subemprego do capital humano; no plano político, temos o mal-estar de hoje e talvez a revolta de amanhã. Kurt Lewin criou uma fórmula para medir a motivação: ela tem a seguinte expressão: C = f (P , M) sendo C = comportamento f = função P = pessoa M = Meio ambiente Quando determinados objetos, pessoas ou situações podem adquirir valência positiva (quando podem ou prometem satisfazer necessidades do indivíduo) ou valência negativa (quando podem ou prometem ocasionar algum prejuízo). A valência positiva atrai os operários, enquanto a valência negativa repele. NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS O ser humano é um animal dotado de necessidades que se alternam ou se sucedem, em conjunto ou isoladamente. Estas necessidades são divididas em três segmentos básicos: 1. Necessidades biológicas: são as necessidades vitais e vegetativas, rela- cionadas com a sobrevivência. São as primeiras na hierarquia, sendo comuns aos animais e exigindo satisfação periódica. Compõem-se de alimentação, sono, atividade física, satisfação sexual, abrigo e proteção contra perigos. 2. Necessidades Psicológicas: são necessidades exclusivas do ser humano. São aprendidas e adquiridas no decorrer da vida e são raramente satisfeitas em sua plenitude. Compõem-se de: necessidades de segurança íntima (autodefesa); necessidade de participação em alguma coisa ou empreendimento (simpatia e antipatia); necessidade de auto-confiança (se ver e se avaliar corretamente); necessidade de afeição. 3. Necessidades de auto-realização: são decorrentes da educação e da cultura, raramente satisfeitas em sua plenitude. É o impulso de cada um realizar o próprio potencial e estar em contínuo desenvolvimento. FRUSTRAÇÃO E COMPENSAÇÃO Dentro do ciclo motivacional podemos ter obstáculos para o alcance da satisfação das necessidades, quando ocorre a frustração. A compensação acontece quando as pessoas tentam satisfazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita por meio da satisfação de outra necessidade complementar ou substitutiva. Com estas explanações, concluimos que toda necessidade pode ser satisfeita, frustrada ou compensada. Algumas reações que podem ocorrer com a frustração: a) desorganização do comportamento b) agressividade c) reações emocionais d) alienação e apatia MORAL O Moral é uma decorrência do estado motivacional, uma atitude mental provocada pela satisfação ou não-satisfação das necessidades. Quando as necessidades dos indivíduos são satisfeitas pela organização, ocorre uma elevação do moral, enquanto que, quando as necessidades são frustradas pela organização, ocorre uma redução do moral. O moral elevado é acompanhado de uma atitude de interesse, identificação, aceitação fácil, entusiasmo e impulso positivo em relação ao trabalho e uma diminuição dos problemas de supervisão e de disciplina. O moral baixo é acompanhado por uma atitude de desinteresse, negação, rejeição, pessimismo e apatia com relação ao trabalho, trazendo problemas de supervisão e disciplina. CRÍTICAS À TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Oposição cerrada à Teoria Clássica: a Teoria das Relações Humanas desconsi- derava o que as teorias anteriores consideravam como fundamental. As anteriores pregavam a necessidade de maximização da produtividade, acompanhada de um incremento no pagamento, enquanto a Teoria das Relações Humanas prega a necessidade de solucionar qualquer conflito entre os interesses humanos e os interesses da organização, aumentando a satisfação e a felicidade. Inadequada visualização dos problemas das relações industriais: interpre- tação inadequada e distorcida dos problemas das relações industriais, omitindo os problemas principais e direcionando a análise para aspectos secundários (como status dos operários, descarga emocional e outros). Concentrou-se na solução intermediária dos problemas de integração em vez de atuar sobre as causas de alienação (controles formais, subutilização das aptidões), tornando mais agradável as atividades fora do trabalho e fazendo do mesmo um sacrifício compensado pela felicidade a ser gozada fora dele. Concepção ingênua e romântica do trabalho: tinha-se a idéia de um trabalhador feliz e produtivo, afirmando a correlação entre satisfação e produtividade, o que não é verdade, já que existem trabalhadores infelizes e produtivos e felizes e improdutivos. A supervisão complacente, com consultas participativas dos operários, causava por vezes mais problemas do que resolvia. Limitação do campo experimental: somente analisaram as instalações fabris, não levando em consideração bancos, escolas, hospitais e outros. Parcialidade das conclusões: restringiu-se à organização informal, relegando a organização formal a um plano bastante inferior. Mayo adotou uma atitude empírica, de observação e de descoberta de dados Ênfase nos grupos informais: o estudo dos grupos primários é considerado como o principal campo de atuação, supervalorizando a coesão grupal como condição de elevação da produtividade. Procurou sempre demonstrar que a abstenção, mobilidade, baixo moral e baixa eficiência reduz-se quando solidificam- se os grupos e a colaboração aumenta. A administração participativa não está necessariamente correlacionada com o aumento da produtividade, podendo mesmo ser disfuncional, fazendo com que o grupo se volte contra a direção. Enfoque manipulativo das relações humanas: visava modificar o comporta- mento do empregado em favor dos objetivos da administração, através de uma sutil estratégia de enganar os operários e fazê-los trabalhar mais e exigir menos. A manipulação é o processo que faz com que o indivíduo acredite estar fazendo algo que vem de encontro com a sua vontade, quando na realidade ele foi con- dicionado cuidadosamente para pensar assim. A Teoria das Relações Humanas tira o foco da atenção da organização formal (já que assim as organizações não necessitam de mudanças) e o joga na organização informal, além de destacar a utilização de símbolos baratos de prestígio e afeição, ao invés de promover um aumentode salários. ABORDAGEM COMPORTAMENTAL A abordagem comportamental busca soluções democráticas e flexíveis para os problemas organi- zacionais, sendo profundamente influenciada pela psicologia organizacional. A psicologia organizacional colabora com esta abordagem quando expõe suas conclusões acerca da natureza e das características do homem: O homem é um animal social dotado de necessidades. Dentre essas necessidades sobressaem as necessidades gregárias, isto é, o homem tende a desenvolver relacionamentos cooperativos e interdependentes que o levam a viver em grupos ou em organizações sociais. O homem é um animal dotado de um sistema psíquico, isto é, tem capacidade de organizar suas percepções em um todo integrado. Esse sistema psíquico permite uma organização perceptiva e cognitiva comum a todo homem. O homem tem capacidade de articular linguagem com raciocínio abstrato, em outros termos, o homem tem capacidade de comunicação. O homem é um animal dotado de aptidão para aprender, isto é, de mudar seu comportamento e atitudes em direção a padrões mais elevados e eficazes. O comportamento humano é orientado para objetivos. Esses objetivos são muito complexos e mutáveis. Daí a importância de compreender os objetivos humanos básicos na sociedade, a fim de entender claramente o comportamento do homem. O homem caracteriza-se por um padrão dual de comportamento: pode tanto cooperar como competir com os outros. Coopera quando seus objetivos individuais somente podem ser alcançados através do esforço comum coletivo. Compete quando seus objetivos são disputados e pretendidos por outros. O conflito torna-se parte virtual de todos os aspectos da vida humana. A Teoria Comportamental (ou teoria Behaviorista) da Administração veio significar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento (behavioral sciences approach), o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas. Seu maior expoente foi Herbert Simon. Grandes expoentes dessa teoria também são Chester Barnard, Rensis Likert e Chris Argyris. Começou realmente após a publicação do livro O Comportamento Administrativo (de Herbert Simon), lançado em 1947. Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações. Quem definiu essas necessidades e apresentou uma teoria da motivação foi Maslow. Este Autor definiu uma hierarquia de importância e influenciação, composta por cinco necessidades: Necessidades fisiológicas: é o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de importância fundamental. Alimentação (fome e sede), sono, repouso (cansaço), abrigo (frio ou calor), desejo sexual e outras. São relacionadas com a sobrevivência e com a preservação da espécie. São necessidades instintivas e já nascem com o indivíduo. Necessidades de segurança: são necessidades de segurança ou de estabilidade, a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Tem grande importância no comportamento humano, uma vez que todo empregado está sempre em relação de dependência com a empresa, provocando incertezas e insegurança no empregado quanto à sua permanência no emprego, ainda mais quando as posturas da empresa demonstram discriminação ou favoritismo, ou imprevisibilidade. Necessidades sociais: somente surgem no comportamento quando as necessidades anteriores estiverem satisfeitas. Dentre as necessidades sociais estão a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. Quando estas necessidades não estão bem satisfeitas o indivíduo torna-se resistente e hostil com as pessoas que o cercam. Na sociedade brasileira, a frustração das necessidades de amor e de afeição levam à falta de adaptação social e à solidão. Necessidades de estima: são necessidades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envolvem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração. Incluem ainda o desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, de independência e autonomia. A satisfação dessas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, de valor, força, prestígio, poder, capacidade e utilidade. Sua frustração pode produzir sentimentos de inferioridade, fraqueza, dependência e desamparo, podendo levar ao desânimo ou a atividades compensatórias. Necessidades de auto-realização: são as necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. São as necessidades de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de autodesenvolver-se continuamente. Essa tendência geralmente se expressa através do impulso da pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. Escala das Necessidades Humanas Totais, segundo Maslow Essas necessidades tomam formas e expressões que variam enormemente de pessoa para pessoa. Sua intensidade ou manifestação também são extremamente variadas, obedecendo às diferenças individuais entre as pessoas. A teoria da hierarquia das necessidades de Maslow tem como pressupostos (afirmações anteriores), os seguintes aspectos: Somente quando um nível inferior de necessidades está satisfeito ou adequadamente atendido é que o nível imediatamente mais elevado surge no comportamento. Em outros termos, quando uma necessidade de nível mais baixo é atendida, ela deixa de ser motivadora de comportamento, dando oportunidade para que um nível mais elevado possa se desenvolver. Nem todas as pessoas conseguem chegar até o topo da pirâmide de necessidades. Algumas pessoas chegam a se preocupar fortemente com necessidades de auto-realização; outras estacionam nas necessidades de estima; outras nas necessidades sociais, enquanto muitas outras ficam preocupadas exclusivamente com necessidades de segurança e fisiológicas, sem que consigam satisfazê-las adequadamente. Quando as necessidades mais baixas estão razoavelmente satisfeitas, as necessidades localizadas nos níveis mais elevados começam a dominar o comportamento. Contudo, quando alguma necessidade de nível mais baixo deixa de ser satisfeita, ela volta a predominar no comportamento, enquanto gerar tensão no organismo. A necessidade mais importante ou mais urgente monopoliza a pessoa automaticamente a organizar a mobilização das diversas faculdades do organismo para atendê-la. Cada pessoa possui sempre mais de uma motivação. Todos os níveis atuam conjuntamente no organismo, dominando as necessidades mais elevadas sobre as mais baixas, desde que estas estejam suficientemente satisfeitas ou atendidas. Toda necessidade está relacionada com o estado de satisfação ou insatisfação de outras necessidades. Seu efeito sobre o organismo é sempre global e conjunto, nunca isolado. Qualquer comportamento motivado é como um canal pelo qual muitas necessidades fundamentais podem ser expressas ou satisfeitas conjuntamente. Qualquer frustração ou possibilidade de frustração da satisfação de certas necessidades passa a ser considerada ameaça psicológica. Essa ameaça é que produz as reações gerais de emergência no comportamento humano. A Teoria Comportamental trabalha com estilos e com sistemas de administração. Como estilos temos: a "teoria X" e a "teoria Y". Como sistemas, temos: 1. Autoritário/coercitivo; 2. Autoritário/benevolente; 3. Consultivo; 4. Participativo. Vamos analisar os estilos em primeiro lugar. O idealizador dos estilos é McGregor. TEORIA X - representaa teoria tradicional da administração e tem idéias incorretas sobre o comportamento humano, tais como: O homem é indolente e preguiçoso por natureza: ele evita o trabalho ou trabalho o mínimo possível, em troca de recompensas salariais ou materiais; Falta-lhe ambição; não gosta de assumir responsabilidades e prefere ser dirigido e sentir-se seguro nessa dependência; O homem é fundamentalmente egocêntrico e seus objetivos pessoais opõem-se, em geral, aos objetivos da organização; A sua própria natureza leva-o a resistir às mudanças, pois procura sua segurança e pretende não assumir riscos que o ponham em perigo; A sua dependência torna-o incapaz de autocontrole e autodisciplina; ele precisa ser dirigido e controlado pela administração. A TEORIA X reflete um estilo de administração duro, rígido e autoritário, fazendo as pessoas trabalharem dentro de esquemas planejados e organizados. As pessoas são simples recursos ou meios de produção. A administração tem os seguintes aspectos, segundo a TEORIA X: A administração é responsável pela organização dos recursos da empresa (dinheiro, materiais, equipamentos e pessoas), no interesse exclusivo de seus objetivos econômicos. A administração é um processo de dirigir os esforços das pessoas, incentivá-las, controlar suas ações e modificar o seu comportamento para atender às necessidades de empresa. Sem esta intervenção ativa por parte da direção, as pessoas seriam totalmente passivas em relação às necessidades da empresa, ou mesmo resistiriam a elas. As pessoas, portanto, devem ser persuadidas, recompensadas, punidas, coagidas e controladas; as suas ações devem ser padronizadas e dirigidas em função dos objetivos e necessidades da empresa. Como as pessoas são primariamente motivadas por incentivos econômicos (salários), a empresa deve utilizar a remuneração como um meio de recompensa (para o bom trabalhador) ou de punição (para o empregado que não se dedique suficientemente à realização de sua tarefa). As características que surgem com a TEORIA X são: bitolamento da iniciativa individual, o aprisio- namento da criatividade do indivíduo, a rotinização do trabalho. Toda vez que um administrador imponha arbitrariamente de cima para baixo um esquema de trabalho e passe a controlar externamente o comportamento de trabalho de seus subordinados, ele estará fazendo TEORIA X. O fato de ele impor autocriticamente ou suavemente não faz diferença, pois ambas são formas de se fazer TEORIA X. Neste sentido, a própria Escola de Relações Humanas, com seu discurso demagógico e manipulativo, também é uma forma suave, macia e enganosa de se fazer TEORIA X. TEORIA Y - A TEORIA Y é a forma moderna de administração, baseando-se em: O homem médio não tem desprazer em trabalhar. Dependendo de condições controláveis, o trabalho pode ser uma fonte de satisfação e de recompensa (quando é voluntariamente desempenhado) ou uma fonte de punição (quando é evitado sempre que possível pelas pessoas). A aplicação do esforço físico ou mental em um trabalho é tão natural quanto jogar (esportes) ou descansar. As pessoas não são, por sua natureza intrínseca, passivas ou resistentes às necessidades da empresa; elas podem tornar-se assim, como resultado de sua experiência profissional negativa em outras empresas. As pessoas tem motivação básica, potencial de desenvolvimento, padrões de comportamento adequados e capacidade para assumir responsabilidades. O homem deve exercitar a autodireção e o autocontrole a serviço dos objetivos que lhe são confiados pela empresa. O controle externo e a ameaça de punição não são os únicos meios de obter a dedicação e o esforço de alcançar os objetivos empresariais. O homem aprende sob certas condições não somente a aceitar, mas também a procurar responsabilidade. A fuga à responsabilidade, a falta de ambição e a preocupação exagerada com a segurança pessoal são geralmente consequências da experiência insatisfatória de cada um, e não uma característica humana inerente a todas as pessoas. Esse comportamento não é causa: é efeito de alguma experiência negativa em alguma empresa. A capacidade de alto grau de imaginação e de criatividade na solução de problemas empresariais é amplamente (e não escassamente) distribuída entre as pessoas. Sob certas condições na vida moderna, as potencialidades intelectuais do homem são apenas parcialmente utilizadas. O estilo da TEORIA Y é aberto, dinâmico, extremamente democrático, criando oportunidades, liberando potenciais, removedor de obstáculos e encorajador do crescimento individual. A TEORIA Y tem as seguintes características: A motivação, o potencial de desenvolvimento, a capacidade de assumir responsabilidade, de dirigir o comportamento para os objetivos da empresa, todos esses fatores estão presentes nas pessoas. Esses fatores não são criados nas pessoas pela Administração. É responsabilidade da administração proporcionar condições para que as pessoas reconheçam e desenvolvam, por si próprios, estas características. A tarefa essencial da administração é criar condições organizacionais e métodos de operação por meio dos quais as pessoas possam atingir melhor os objetivos pessoais, dirigindo seus próprios esforços em direção aos objetivos da empresa. A TEORIA Y possibilita a criação dessas condições, já que destaca, principalmente, quatro medidas inovadoras: Descentraliza as decisões e delega responsabilidades, permitindo um maior grau de liberdade para que as pessoas dirijam elas próprias as suas tarefas, assumindo desafios e satisfazendo suas necessidades de auto-realização; Amplia os cargos dando maior significado ao trabalho, já que conduz à ampliação do cargo através de sua reorganização e extensão de atividades; Propicia a participação nas decisões mais altas e na administração consultiva. É a concessão de oportunidades para que os empregados sejam consultados a respeito de suas opiniões e pontos de vista a respeito de decisões a serem tomadas pela empresa; Causa a Auto-Avaliação do desempenho, fazendo com que as próprias pessoas sejam encorajadas a planejar e avaliar a sua contribuição para os objetivos empresariais e a assumir maiores responsabilidades.
Compartilhar