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RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO - FAN

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FACULDADE NOBRE DE FEIRA DE SANTANA
BACHARELADO EM DIREITO
Carlos Uiliam Mathias Santos Lima
Karla Karoliny Vieira de Menezes
Marianna Silva Leite
Pâmella Lima Neves
Thiago Souza Guimarães
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO
Feira de Santana – Ba
2014
Carlos Uiliam Mathias Santos Lima
Karla Karoliny Vieira de Menezes
Marianna Leite
Pâmella Neves
Thiago Guimarães
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ERRO MÉDICO
Trabalho apresentado como requisito parcial para a avaliação da disciplina Civil VI (Responsabilidade Civil e Reais), 60. Período, do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Nobre de Feira de Santana/Ba, sob a orientação da Profa. Daniela Teixeira.
Feira de Santana – Ba
2014
SUMÁRIO
1. RESPONSABILIDADE CIVIL: ASPECTOS GERAIS	05
 1.1. Evolução histórica	05
 1.2. Conceito	06
 1.3. Pressupostos da responsabilidade civil	07
 1.3.1. Conduta humana	08
 1.3.2. Nexo de causalidade	10
 1.3.3. Dano	11
 1.3.4. Culpa ou dolo	12
 1.4. Causas Excludentes da responsabilidade civil	12
 1.5. Classificação da responsabilidade civil	13
 1.5.1. Direta e indireta	13
 1.5.2. Contratual e extracontratual	13
 1.5.3. Subjetiva e objetiva	15
2. A RESPONSABILIDADE CIVIL A LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR	16
3. A RESPONSABILIDADE CIVIL MÉDICA	17
 3.1. Histórico	17
 3.2. A responsabilidade civil e obrigações do médico	18
 3.3. Culpa médica	20
 3.4. Erro médico	20
 3.4.1. Erro da equipe cirúrgica – erro anestésico	21
 3.5. Excludente de responsabilidade civil médica	22
 3.6. Reparação do dano causado	23
4. CIRÚRGIA PLÁSTICA	24
6. CONCLUSÃO	25 
6. REFERÊNCIAS	26
RESUMO
É cediço que o direito é um ciência reguladora das relações sociais e que deve acompanhar suas modificações afim de lograr êxitos em seu objetivo. Sabe-se, também, que o progresso é inerente a diversas áreas da ciência, em especial a medicina, e o direito deve regular de forma eficaz a relação desta com aquela ciência, principalmente pelo fato de estar, a medicina, estritamente ligada ao principal bem tutelado pelo Estado, qual seja, a vida. Isto posto, tem-se, o presente trabalho, como objetivo analisar o erro médico no contexto da Responsabilidade Civil, tema de importância relevante por ser, como já dito, referente a vida e a integridade física, as mais preciosas garantias individuais constitucionais, elencadas no art. 5º caput da Carta Magna. Assim, o médico, profissional liberal, que lida com o maior patrimônio jurídico tutelado pelo Estado, no exercício de sua profissão, causar danos morais, materiais ou estéticos ao paciência, surgirá para si a obrigação de reparar o dano causado. O trabalho abordará a responsabilidade civil, passando por seu conceito, pressupostos, etc. Tratará também das modalidades desse instituto jurídico, qual seja a responsabilidade civil subjetiva e objetiva, contratual e extracontratual além da direta e indireta. Após o esclarecimento desses temas basilares passaremos ao estudo mais aprofundado do tema específico, destrinchando as vertentes do mesmo, bem como as formas de reparação e liquidação do dano ocasionado por erro médico e as formas como é tutelado no ordenamento jurídico pátrio. Insta salientar, que o presente trabalho não tem o objetivo de exaurir o tema abordado, mas, unicamente, contribuir para a análise das questões aqui suscitas. Salienta-se ainda que até o tema principal, qual seja erro médico, percorreremos um longo caminho, que começará a ser explicitado com uma análise da matéria responsabilidade civil.
RESPONSABILIDADE CIVIL: ASPECTOS GERAIS
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
É inerente a natureza humana o fato de reagir a qualquer ato que venha a causar algum tipo de dano. Contudo, nos primórdios da humanidade, não se pensava na ideia de culpa, assim, o dano causado provocava uma reação imediata e puramente instintiva do ofendido. O direito ainda não operava, o que prevalecia era a vingança. Sob essa ótica, a vingança pode ser compreendida como a responsabilidade. Posteriormente, esse impulso natural à essência humana passou a ser disciplinada, à medida que a sociedade foi se desenvolvendo. Dito isso, insta trazer à baila que, como brilhantemente pontua Stolze (2012, p. 54), “[...] toda reflexão, por mais breve que seja, sobre raízes históricas de um instituto, acaba encontrando seu ponto de partida no Direito Romano. Com a responsabilidade civil, essa verdade não é diferente”. O Direito Romano, toma como premissa a vingança particular, forma rudimentar contra o dano, para regula-la, permiti-la ou exclui-la quando sem causa justa. É a lei das XII tábuas, a lei de Talião. Cumpre salientar, também, que o Direito Romano não se preocupava em sistematizar seus institutos, pois estes era frutos de uma construção dogmática baseada nas decisões dos juízes e das constituições imperiais. Contudo, há na lei das XII tábuas, um ar de progresso ao instituto, ao estabelecer a possibilidade de composição entre a vítima e o ofensor, evitando assim a aplicação da lei de Talião. Desta forma uma pena de perda de um membro do corpo, por exemplo poderia, desde que transacionado entre as partes, ser substituída pelo pagamento de quantia em dinheiro ou entrega de bens. Como observa ALVINO LIMA (1999) citado por Stolze (2012, p. 55)
Este período sucede o da composição tarifada, imposto pela Lei das XII Tábuas, que fixava, em casos concretos, o valor da pena a ser paga pelo ofensor. É a reação contra a vingança privada, que é assim abolida e substituída pela composição obrigatória. Embora subsista o sistema do delito privado, nota-se, entretanto, a influência da inteligência social, compreendendo-se que a regulamentação dos conflitos não é somente uma questão entre particulares.
Ainda, o referido acrescenta:
 A Lei das XII Tábuas, que determinou o quantum para a composição obrigatória, regulava casos concretos, sem um princípio geral fixador da responsabilidade civil. A actio de reputis sarciendi, que alguns afirmam que consagrava um princípio de generalização da responsabilidade civil, é considerada, hoje, como não contendo tal preceito (Lei das XII Tábuas — Tábua VIII, Lei 5.ª)
Após, é editado o grande marco da evolução histórica da responsabilidade civil: a Lex Aquilia. Seu grande feito foi defender a substituição das pelas fixas por penas proporcionais ao dano. Outrossim, regulava ela, também, no damnum injuria datum, o elemento caracterizador da culpa, desta forma, fica claro que a culpa nasce no seio da própria Lex Aquilia e esse foi recepcionado a uma das grandes codificações organizadas, a saber, O Código Civil de Napoleão, que exerceu influência sobre O Código Civil brasileiro de 1966.
CONCEITO 
Conforme DINIZ (2003, pag. 34), a noção de responsabilidade civil — esta, jurídica, tendo em vista a existência da responsabilidade moral, como a religiosa p.ex. — parte do pressuposto de que aquele que causar dano a outrem, seja ele moral ou material, deverá restabelecer o bem ao estado em que se encontrava antes do dano, e, no caso desse restabelecimento não ser possível, deverá compensar aquele que sofreu o dano. Diante disso, pode-se conceituar responsabilidade civil como o meio coercitivo através do qual alguém é obrigado a reparar dano moral ou patrimonial, ocasionado em razão de próprio ato, de pessoa, animal ou coisa sob sua. 
Via de regra, uma conduta ilícita é que gera a obrigação de reparar o dano, contudo, insta salientar que nem toda responsabilização civil advém de um ato ilícito, pode, também, ser oriunda de uma situação de abuso de direito que acabe por causar prejuízo a alguém, frisando que, para a configuração deste caso, se faz necessário a observação de certos pressupostos, trazidos pelo Art. 187 CC/02: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostospelo seu fim, econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”. Sendo esses pressupostos de natureza subjetiva c/c objetiva, conforme enunciado nº 413 da V Jornada de Direito Civil. Ainda, o doutrinador Sergio Cavalieri Filho, acrescenta há duas espécies de responsabilidade civil no que tange ao conceito de do instituto. Vejamos: 
“Responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário”. (Programa de Responsabilidade Civil, 10ª Edição, Ed. Atlas).
Para entender o conceito acima transcrito é necessário esclarecer o que vem a ser dever jurídico originário e dever jurídico sucessivo, destacando que o primeiro é o dever de cumprimento das obrigações impostas por lei ou assumidas contratualmente, ao passo que o dever jurídico sucessivo é a responsabilidade de reparar o dano causado pelo descumprimento do dever jurídico originário.
Neste sentido, vale a pena elucidar, a título de exemplo, que “todos tem o dever jurídico de respeitar a integridade física do ser humano”. Destarte, o descumprimento de tal dever, que neste caso é originário, acarretará no dever de reparar o prejuízo e danos causados, e, portanto, será esta reparação dever jurídico sucessivo.
No exemplo acima transcrito o dever originário é imposição legal, e, portanto, deve ser respeitado, haja vista ser um dever absoluto. Entretanto, pode-se haver responsabilização civil por descumprimento de obrigação assumida, quando por exemplo, um pedreiro assume obrigação (dever jurídico originário) de construir um determinado cômodo em uma casa, comprometendo-se a entregá-lo antes do nascimento do filho de um casal, entretanto, o quarto só é entregue 5 (cinco) meses após o nascimento do bebê, surgindo, portanto, dever jurídico sucessivo, consistente na obrigação de reparar o prejuízo sofrido pelo casal. Assim, por tudo que fora aludido, pode-se compreender que haverá responsabilidade civil quando houver descumprimento de uma norma jurídica existente, salientando-se esta norma deverá ser tutelada pelo direito civil, ou quando houver descumprimento de uma obrigação assumida contratualmente, como no exemplo do pedreiro. Destaca-se ainda que sem a violação de um dever jurídico (assumido legalmente ou contratualmente) não haverá responsabilidade, haja vista que para haver o dever jurídico sucessivo é indispensável que haja descumprimento de um dever jurídico originário.
Encerrando essas considerações acerca do conceito e responsabilidade civil, traz-se à baila, pertinente observação de SILVIO DE SALVO VENOSA (2003. pág. 12)
Na realidade, o que se avalia geralmente em matéria de responsabilidade é uma conduta do agente, qual seja, um encadeamento ou série de atos ou fatos, o que não impede que um único ato gere por si o dever de indenizar. No vasto campo da responsabilidade civil, o que interessa saber é identificar aquele conduto que reflete na obrigação de indenizar. Nesse âmbito, uma pessoa é responsável quando suscetível de ser sancionada, independentemente de ter cometido pessoalmente um ato antijurídico.
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Diante da divergência doutrinária em relação aos pressupostos do dever de indenizar, será exposto aqui os entendimentos pátrios que mais se aproximem na unanimidade. Vamos a eles: 
Maria Helena Diniz (2003, p. 42) leciona a existência de três elementos, a saber: a) existência de uma ação, comissiva ou omissiva, apresentada juridicamente como ato lícito o ilícito; b) ocorrência de um dano moral ou patrimonial causado à vítima; c) nexo de causalidade entre o dano e a ação, o que constitui fato gerador da responsabilidade.
Silvio de Salvo Venosa (2010, p. 839) apresenta quatro pressupostos da responsabilidade civil: a) ação ou omissão voluntária; b) relação de causalidade ou nexo causal, c) dano e d) culpa.
Calos Roberto Gonçalves, (2012, p. 32) leciona também quatro elementos do dever de indenizar: a) ação ou omissão; b) culpa ou dolo do agente; c) relação de causalidade; d) dano.
Sérgio Calavieri Filho (2012, p. 42) apresenta três pressupostos: a) conduta culposa do agente; b) nexo causal; c) dano.
Flávio Tartuce (2014, p. 396) traz quatro elementos: a) conduta humana; b) culpa genérica ou lato sensu; c) nexo de causalidade; d) dano ou prejuízo. 
Por fim, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2012, p. 70) lecionam três elementos da responsabilidade civil, tais quais: a) conduta humana (positiva ou negativa); b) dano ou prejuízo; c) nexo de causalidade. 
A priori, a conclusão que se faz, é que a doutrina majoritária considera a culpa lato sensu como pressuposto de indenizar, via de regra. Contudo, há doutrinadores como Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, que deduzem a culpa genérica como elemento acidental da responsabilidade civil. No presente trabalho, serão abordados os quatro pressupostos, quais sejam: a conduta humana (ação ou omissão), o nexo de causalidade, o dano e a culpa lato senso. Vamos a eles:
 Conduta humana
Maria Helena Diniz (2003, pag. 37) define conduta humana como sendo "o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, (...) que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado”. Afirma ainda que a ação ou omissão que gera a responsabilidade civil pode ser ilícita ou lícita e que a “responsabilidade decorrente de ato ilícito baseia-se na ideia de culpa, e a responsabilidade sem culpa funda-se no risco, (...) principalmente ante a insuficiência da culpa para solucionar todos os danos”. E continua sua lição afirmando que o comportamento pode ser comissivo ou omissivo, sendo que a “comissão vem a ser a prática de um ato que não se deveria efetivar, e a omissão, a não-observância de um dever de agir ou da prática de certo ato que deveria realizar-se.” Em complemento, leciona Sílvio Rodrigues (2002, pag. 16) no que tange a conduta humana que:
“A responsabilidade do agente pode defluir de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a responsabilidade do agente, e ainda de danos causados por coisas que estejam sob a guarda deste. A responsabilidade por ato próprio se justifica no próprio princípio informador da teoria da reparação, pois se alguém, por sua ação, infringindo dever legal ou social, prejudica terceiro, é curial que deva reparar esse prejuízo.”
Insta frisar ainda, que, a responsabilidade civil pode ser solidária, conforme Art. 942 do CC/02 quando há mais de um autor e nos casos expressos no Art. 932 do mesmo diploma. Vejamos: 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
No caso de haver vários agentes que causaram o dano, é permitido preferir aquele que possui maiores condições de suportar a reparação do dano.
O Art. 928 do Código Civil, reza sobre a responsabilidade civil do incapaz. Este, responde pelo prejuízo que causa, quando seu representante não puder ou não tiver obrigação.
Nexo de causalidade
Nexo de causalidade é o liame que liga o ato lesivo de agente causador e o dano sofrido pela vítima. Se este, não for ocasionado em decorrência de ato do agente, não existe aí a relação de causalidade ou nexo causal. GONÇALVES (2012, pág. 47) ao definir relação de causalidade ensina que “é a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. Vem expressa no verbo “causar”, utilizado no Art. 186 CC/02, sem ela, não existe a obrigação de indenizar”. Logo, além do dano sofridopela vítima, é necessário que este tenho ocorrido a partir do ato do agente para que haja o dever de reparar. Deve haver essa relação de tal forma que, na ausência do ato do agressor, não ocorra o dano, seja na responsabilidade subjetiva ou objetiva. Sendo que, na responsabilidade subjetiva o nexo causal é formado pela culpa lato sensu, ou seja, o dolo e a culpa estrito senso e na responsabilidade objetiva, o nexo é a cumulação da conduta com a previsão legal ou pela atividade de risco (Art. 927, parágrafo único do CC/02).
Há três teorias que justificam o nexo de causalidade:
Teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non): Dita que todos os fatos relativos ao acontecimento danoso geram o dever de indenizar. Para TARTUCE (2014, pág. 405) “Essa teoria, não adotada no sistema nacional, tem o grande inconveniente de ampliar em muito o nexo de causalidade.”
Teoria da causalidade adequada: Esta, criada pelo filósofo alemão Von Kries, reza que causa é aquela que, potencialmente, gerou o dano. Com base nesta teoria, apenas o fato relevante ao fato danoso gera a responsabilidade civil, sendo a indenização ser proporcional aos fatos que a envolvem.
Teoria do dano direto ou imediato: Por meio dessa teoria, violação de direito por terceiro, ocasiona rompimento do nexo causal. Desse modo, apenas devem ser reparados os danos que decorrem como efeitos necessários da conduta do agente.
No que tange a qual teoria é aplicada ao direito civil brasileiro, a doutrina civilista brasileira divide-se entre as teorias da causalidade adequada e do dano direito ou imediato. Aquela por estar presente nos Arts. 944 e 945 do CC/02 e esta por estar no Art. 403 no aludido diploma.
Dano
É cediço que sem comprovado o dano, não há que se falar em responsabilidade civil. Acerta do conceito de dano, DINIZ (2002, pág. 112) ensina que é como “lesão (diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra sua vontade, em vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral”. Ainda acerca do dano, cumpre frisar que o direito a indenização por dano moral ou material é assegurado no Art.5º, X da Carta Magna, in verbis: 
“Art. 5° todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito á vida, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes: [...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Para que seja indenizável, este dano deve ser certo e atual. A concretização do dano ocorre com a efetivação do prejuízo. Haverá responsabilidade se demonstrado, além da existência do dano, sua certeza e efetividade, afim de evitar que alguém seja responsabilizado por meras suposições.
Via regra, o dano pode ser material, quando causa diminuição ou destruição de um bem de valor econômico ou moral, quando o bem lesionado não tem caráter meramente econômico, diz respeito também, a direitos personalíssimos. Também pode, o dano ser direto, quando é provocado diretamente pela ação/omissão do agente ou indireto, quando é causado por ato não dirigido diretamente ao bem que sofreu a lesão, são inseridos numa série de prejuízos. Há, ainda, o dano reflexo, quando há, além da vítima direta, vítima indiretas ligadas às primeiras e o dano “in re ipsa”, que não depende de prova em juízo (Súm. 403 STJ: “independe de prova do prejuízo, a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais”).
Culpa ou dolo
A responsabilização civil pode existir, em regra, com culpa, no entanto pode haver sem culpa também. O parágrafo único do Art. 927 do Código Civil reza que “haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa.” Nas palavras da Prof.ª Mestra Daniela Teixeira (2014) “agir com culpa significa atuar o agente em termos de, pessoalmente, merecer censura ou reprovação do direito” e completa: “assim, provado o dano, deve ser ele ressarcido integralmente pelo seu causador, independentemente de ter agido com dolo, culpa grave ou mesmo levíssima”. 
CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Excludentes da responsabilidade civil são situações que isentam o agente do dever de reparação por eliminarem o nexo causal, que, como já foi aludido, é pressuposto da responsabilidade civil. Para fins didáticos podemos dividir as excludentes da responsabilidade civil em dois grupos. Vamos a eles: 
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA:
a) legítima defesa;
b) o estado de necessidade;
c) o exercício regular do direito;
d) o estrito cumprimento do dever legal (muitos autores defendem que nesse caso não há excludente, pois não vem expressamente disposto na lei, como os anteriores);
e) o caso fortuito: imprescindível;
f) a força maior: inevitável;
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA:
a) a culpa exclusiva da vítima: O dano decorre de ato da vítima;
b) fato ou ato de terceiro: o causador do dano se exonera devido a causa alheia ocasionada por ação/omissão de terceiro;
c) a força maior: 
d) o caso fortuito (acima mencionado).
As excludentes de ilicitude serão, ainda, melhor delineadas, quando tratarmos destas no tema específico da responsabilidade médica.
CLASSIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil direta e indireta
Tem-se responsabilidade civil direta quando o dano fato gerador do dano é causado pelo agente e devendo este ser responsabilizado por seu ato omissivo ou comissivo, devendo provar o nexo causal e o dano. Por outro lado, fala-se em responsabilidade civil indireta, quando o dano é oriundo de ação de terceiro cuja certa pessoa é, por ele, responsável ou quando coisas estiverem sob a guarda de determinada pessoa e causem prejuízo a outrem.
Responsabilidade civil contratual e extracontratual
É cediço que aquele que descumpre obrigação contratual ou extracontratual, será responsabilizado por tal conduta, isto porque tanto as obrigações contratuais assumidas quanto as não contratuais, são de cumprimento obrigatório. Assim, para facilitar o entendimento acerca das duas obrigações é necessário explicar o que vem a ser cada uma delas.
Neste sentido, esclareça-se que a obrigação contratual é aquela assumida pelas partes que celebram um contrato, podendo ela ser de dois tipos; obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. Por exemplo, se uma pessoa assume a obrigação de efetuar o pagamento de uma certa quantia no dia 01 de janeiro de 2014 e não cumpre tal obrigação, estará inadimplente quanto a esta parcela desde o dia 02 de janeiro de 2014. No entanto, se uma pessoa assume a obrigação de não fazer, quando, por exemplo, celebra contrato com seu vizinho se abstendo de não construir um muro ultrapassando certa altura, restará inadimplente a partir do momento que a construção ultrapassar a altura máxima pactuada contratualmente.
Desta forma, as obrigações assumidas contratualmente podem ser de fazer ou de não fazer, conforme exemplos acima. 
Esclarecidos tais pontos, passemos a explicar o que vem a ser uma obrigação extracontratual, que, como o próprio nome alude, não está consignada em um contrato. A obrigação extracontratual é aquela que surge de uma imposição legal, ou seja, tal obrigação está prevista em lei. Como por exemplo, a obrigação do causador de um dano de indenizar a parte prejudicada pelos danos sofridos. Destarte, não se pode deixar de entender que as obrigações contratuais e não contratuais são deveres jurídicos originários, que quando descumpridas geram o direito jurídico sucessivo, consistente na obrigação de reparar os danos e prejuízos causados por tal inadimplemento. Neste sentido o Código Civil vigente dispõe em seu artigo 389: “Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos (...)”. Destaforma, uma pessoa que descumpre obrigação assumida contratualmente ou imposta por lei, de acordo com o Código Civil, responderá por seu inadimplemento, e também, estará incidindo em ilícito civil, conforme preceitua o artigo 186 do mesmo diploma legal, que dispõe: “Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Destarte, se a obrigação assumida estiver pactuada em contrato, o seu descumprimento se configurará como ilícito contratual, ao passo que se esta obrigação for um dever imposto pela lei, o ilícito cometido será extracontratual. Neste sentido entende o Professor Ricardo Pereira Lira (“Ato ilícito”, Revista de Direito da Procuradoria- Geral 49/85-86) citado por Sergio Cavalieri (2012, p. 16-17) afirmando que “ilícito extracontratual é, assim, a transgressão de um dever jurídico imposto pela lei, enquanto o ilícito contratual é a violação de um dever jurídico criado pelas partes no contrato”.
Necessário ainda aduzir que aquele que comete ato ilícito tem a obrigação de reparar os danos causados em decorrência deste, haja vista disposição do art. 927 do Código Civil que dispõe, in verbis: “Aquele que, por ato ilícito (186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Assim, uma vez cometido ato ilícito, o responsável será obrigado a reparar os danos provenientes do seu cometimento. 
Ademais, em alguns casos, independentemente da culpa, haverá obrigação de indenizar, conforme preceitua o parágrafo único do artigo 927, abaixo transcrito:
“Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”. (Grifo nosso)
Destarte, necessário distinguir quando haverá necessidade de comprovação de culpa, e quando a comprovação desta será dispensada (que são os casos de especificados em lei aludidos no parágrafo acima transcrito) que será exposto no item abaixo.
Responsabilidade civil subjetiva e objetiva
O ordenamento jurídico brasileiro adota duas teorias para fundamentar a responsabilidade civil, quais sejam a responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva, tais teorias se diferem pela averiguação da culpa como elemento da obrigação de reparar o dano.
Explico. A teoria da responsabilidade subjetiva adota a ideia de que a culpa é pressuposto da responsabilidade civil, segundo ela, só haverá responsabilização quando alguém tiver faltado com seu dever de cautela. Destarte, não havendo culpa, não haverá responsabilidade. Segundo maior parte da doutrina o Código Civil de 2002 manteve a culpa como fundamento da responsabilidade, conforme já preceituava o Código Civil de 1916 (já revogado) em seu artigo 159, que dispunha:
Art. 159. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.”
O atual diploma Civil preceitua em seu artigo 186 o que segue:
Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
Assim, com a leitura dos referidos artigos há de se concordar que o Código Civil Brasileiro adotou a culpa como pressuposto da responsabilização civil, sem, contudo, fazer distinção entre aquele que age com culpa ou dolo, utilizando-se o termo culpa em sentido amplo.
Destarte, de acordo com a adoção do Código Civil, o agente só será responsabilizado quando comprovada a sua culpa, e esta deverá ser provada pela vítima. Destaca-se aqui, que o Código civil nos seus artigos 927 e 931, traz algumas exceções a responsabilidade subjetiva, tendo adotado em alguns casos a responsabilidade civil objetiva, quando por exemplo, a atividade desenvolvida pelo autor representar risco aos direitos de outrem. Tal teoria baseia-se na teoria do risco, conforme palavras do doutrinador Sergio Cavalieri Filho “Risco é perigo, é probabilidade de dano, importando, isso dizer que aquele que exerce uma atividade perigosa deve-lhe assumir os riscos e reparar o dano dela decorrente. A doutrina do risco pode ser, então, assim resumida: todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou, independentemente de ter ou não agido com culpa”. (Programa de Responsabilidade Civil, Ed. 10ª, p. 152).
Assim, verifica-se que a responsabilidade objetiva prescinde da culpa, devendo o autor do dano repará-lo, independente da constatação desta. Neste sentido, há de salientar que a responsabilidade objetiva, adotada nos artigos 927 e 931 do Código Civil, é também adotada no Código de Defesa do Consumidor, visando proteger e resguardar os direitos da parte hipossuficiente na relação de consumo, o consumidor conforme será abaixo aludido.
A RESPONSABILIDADE CIVIL A LUZ DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Como é sabido, o Código de Defesa do Consumidor, é um microssistema que dispõe de normas de cumprimento obrigatório, visando resguardar os direitos dos consumidores, por isso, fora feita a adoção pela teoria da responsabilidade objetiva em detrimento a responsabilidade subjetiva, isto porque sendo o consumidor lado hipossuficiente na relação de consumo, a prova da culpa do fornecedor é demasiadamente complexa para ser produzida por ele. Assim, a adoção do Código de Defesa do Consumidor pela responsabilidade objetiva visa facilitar a defesa do Consumidor, inclusive, com a inversão do ônus da prova.
A inversão do ônus da prova pode ser decretada pelo juiz quando forem verossímeis as alegações do consumidor, ou quando ele for hipossuficiente (técnica ou economicamente). Ocorre que o Código de Defesa do Consumidor, no parágrafo 4º do artigo 14 traz uma exceção à regra da responsabilidade subjetiva, dispondo que os profissionais liberais somente serão responsabilizados quando comprovada a sua culpa, conforme abaixo transcrito:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
(...)
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.
Assim, conforme disposição do CDC, a responsabilidade do profissional liberal será objetiva, ou seja, deverá, indispensavelmente ser comprovada a sua culpa para haver responsabilização. Saliente-se aqui que apesar da disposição do Código de Defesa do Consumidor exigir a comprovação da culpa para haver a responsabilidade dos profissionais liberais, isso não impede que possa ser decretada a inversão do ônus da prova em favor do consumidor, haja vista que se assim não fosse, estar em juízo em face de um profissional liberal, seria quase impossível. No entanto, a responsabilidade de cada profissional liberal se distingue, haja vista a distinção entre as obrigações assumidas por eles. Assim, necessário se faz dar enfoque, a partir de agora, ao tema central deste trabalho, voltado a atenção ao médico, profissional liberal, e as particularidades da responsabilização deste em caso de erro profissional.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO
Histórico
Durante muitos anos, desde a antiguidade, a fé, a crença em mitos, magias, encarnações e a mistificação são características presentes na história de diferentes povos, não sendo vista de outra maneira a pregação da medicina.
Para muitos essa atividade estava relacionada a divindade, e se acreditava seus praticantes como usados por Deus para curar ou não, salvar ou condenar. Sendo assim, não se poderia condenar o médico pelos efeitos que provocasse, afastando-lhe qualquer tipo de responsabilização de conduta.
Com a passar dos anos, o avanço das tecnologias, o desenvolvimento das civilizações, esse entendimentofoi modificado e o médico passou a ser visto como profissional, prestador de serviço, capacitado pelo diploma de curso de graduação para o exercício e desenvolvimento da medicina, favorecendo aos consumidores do seu serviço com uma prestação digna e de qualidade, pela qual se torna responsável em caso de erro, culpa, omissão.
Diante disso, nada mais necessário que a intervenção do Direito para regularizar essas relações, surgindo assim a Responsabilidade Civil dos médicos em caso de erro no exercício de sua profissão.
Responsabilidade civil e obrigações do médico
Destaca-se inicialmente que a obrigação assumida pelos médicos com seus pacientes possui caráter contratual, embora haja divergência doutrinária acerca da natureza deste contrato, isto porque, parte da doutrina defende a ideia de que a avença celebrada pelos médicos possui natureza de prestação de serviço, e outra parte da doutrina, com a qual Sergio Cavalieri filiou-se afirma que o contrato assumido entre as partes possui caráter sui generis, vez que o médico assume no decorrer da relação negocial, uma posição de orientador e conselheiro do paciente e da sua família. No entanto, para análise da responsabilidade civil e pessoal do médico, é irrelevante delongar-se nesta problemática e tentar esclarecer que natureza possui o contrato celebrado entre médicos e pacientes.
O médico tem por obrigação informar ao seu paciente sobre todos os procedimentos do tratamento, todos os riscos, efeitos das medicações prescritas, consequências, preços e tudo que se mostre necessário ao pleno esclarecimento do processo pelo qual o paciente irá passar e transparência da relação médico-paciente.
A assistência é um dever que o médico tem com sua paciente, devendo facilitar sempre a comunicação com ele, atender aos seus chamados, inexistindo a dificuldade de esclarecimentos e possíveis socorros, pois a ocorrência de danos por falta de assistência poderá caracterizar a culpa do médico, por negligência, configurando sua responsabilização em caso de dano ou prejuízo ao paciente.
	A abstenção de abuso é a obrigação que o médico tem em seguir a ética, sem violar os princípios de licitude de sua profissão, fazendo jus ao juramento feito em nome do exercício da medicina, desviando-se da obtenção de vantagens, do oportunismo ou do desrespeito a vontade do paciente (exceto em risco de morte).
Assim, certo de que a responsabilidade assumida pelo médico é contratual (que pode ter sido celebrado de forma verbal ou escrita, formal ou tacitamente) e dito sobre seus deveres podemos passar para análise do próximo ponto, qual seja, se a obrigação assumida pelo médico é de meio ou de resultado.
Explico. A obrigação de meio é aquela em que o profissional não está obrigado a produzir um resultado especifico e determinado, comprometendo-se somente, a prestar tudo quanto necessário e possível para concretização do resultado, sem, contudo, responsabilizar-se por ele, ao passo que na obrigação de resultado, o profissional assume a responsabilidade de obtê-lo. Esclareça-se ainda que na obrigação de resultado a culpa é presumida, ao passo que na segunda a culpa deve ser provada. Assim, a responsabilidade assumida pelo médico é de meio, e não de resultado, haja vista que por mais competente e experiente que ele seja jamais poderia assumir a responsabilidade de curar ou salvar da morte o seu paciente. Portanto, se o tratamento realizado não produzir o efeito esperado, não se pode falar em inadimplemento contratual. Neste mesmo sentido, entende o Código de Defesa do Consumidor que preceitua que a culpa dos profissionais liberais deve ser comprovada, conforme já dito. Salienta-se ainda que estamos a falar da responsabilidade PESSOAL do médico, e não da responsabilidade da pessoa jurídica para qual ele trabalhe, assim, a prova da culpa do médico é imprescindível para que haja a sua responsabilização, esta prova é essencialmente técnica, exigindo-se prova pericial. Vejamos as palavras de Sergio Cavalieri Filho acerca desta problemática:
A prova da culpa, imprescindível, pelo que ficou exposto, não é fácil de ser produzida. Em primeiro lugar porque os Tribunais são severos na exigência da prova. (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 404)
(...)
Em segundo lugar porque a matéria é essencialmente técnica, exigindo prova pericial, eis que o juiz não tem conhecimento cientifico para lançar-se em apreciações técnicas sobre questões médicas. (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 404)
Cavalieri Filho diz ainda que “(...) lamentavelmente, ainda funciona espirit de corps, a conspiração do silencio, a solidariedade profissional, de sorte que o perito, por mais elevado que seja o seu conceito, não raro, tende a isentar o colega pelo ato incriminado (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 404).
Assim, conforme sábias palavras do doutrinador acima transcritas percebe-se que a prova necessária a incriminação do médico é demasiadamente difícil de ser conseguida.
Portanto, o médico só será responsabilizado se houver prova de sua culpa pelos danos e prejuízos causados ao paciente.
Culpa médica
O profissional da medicina tem deveres, já citados, estes, garantem o zelo nas relações com seus pacientes. É responsabilizado o médico pelos erros que comete, bastando para isso que haja nexo entre a ação do médico e a lesão sofrida pelo paciente.
Diante da culpa, tem-se quesitos que a caracterizam, a saber:
A negligência, que é a conduta omissiva por parte do médico, na qual este deixa de exercer seus deveres exigidos diante da situação por desleixo, a exemplo temos o atraso na prestação de socorro, simplesmente por falta de ânimo do profissional, ocasionando um dano ao paciente.
A imprudência já deixa o âmbito da omissão e passa para uma ação comissiva, ou seja, do deixar de agir para o agir de forma descuidada, onde a falta de cautela, prevenção, atenção, causa a lesão ao paciente. 
A imperícia é a falta de conhecimento técnico do médico naquela determina área de atuação, é o caso de um cardiologista que faz um parto e gera um dano. Ele tem o diploma de médico, tem capacidade e conhecimento para exercer sua profissão, porém não tem os conhecimentos específicos para atuação na área de obstetrícia.
Erro médico
O médico lida com a vida, bem jurídico mais importante tutelado pelo Estado, e por isso, os erros cometidos no exercício da profissão tornam-se muito mais dramáticos que aqueles cometidos por outros profissionais liberais. Assim, conforme palavras de Sergio Cavalieri Filho “os médicos erram porque são pessoas. É o preço que os seres humanos pagam pela habilidade de pensar e agir. O erro ocorre em todas as profissões. O problema é que o médico lida com a vida humana e em situações muitas vezes imprevisíveis, o que torna seu erro mais dramático.” (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 406).
O erro médico pode se dá tanto quando o próprio médico o comete, sendo o ato de ordem pessoal, por motivos que podem ser diversos, tais como o despreparo técnico, físico, intelectual, emocional, ou por inadimplência. Quanto por falta de condições de trabalho, que se configura falha estrutural.
Conforme já dito alhures, o médico só será responsabilizado pelos danos e prejuízos causados se comprovada a sua culpa, através de prova concreta, isto porque a responsabilidade do médico é subjetiva, e sua culpa não é presumida. Assim, o paciente que alegar ter sofrido erro médico, deverá comprovar que o dano fora provocado por ele e que este agiu com culpa, sob a forma de imprudência, negligencia ou imperícia. Salienta-se aqui que tais provas poderão ser produzidas pelo próprio médico, quando o juiz determinar a inversão do ônus da prova. Situação na qual o médico deverá comprovar que tomou todas providências necessárias, agindo ele com toda cautela e dentro dos parâmetros científicos exigidos naquela situação.
Destarte, os danos causados pelos médicos aos pacientes podem ser configurados como morais, quando estes atingirem a esfera moral do paciente, atingindo a sua honra,causando-lhe frustração, diminuição da sua autoestima, sofrimento e angústia e podem ser estéticos, quando lesionarem a beleza física do paciente. Podem pode também, o erro médico, se dá por erro de diagnóstico, que acontece quando o médico atesta doença adversa da realmente existente, causando graves implicações para o paciente devido ao fato de que nestes casos será ministrado ao paciente a medicação errada; Erro profissional, que ocorre quando o médico não chega a um diagnóstico satisfatório, que pode ser também por omissão de alguma informação do paciente e o erro grosseiro que segundo Wanderlei Lacerda Panasco (1984, pag. 59) é: “a forma inadvertida, imprecisa e incapacitante de quem, por falta de mínimas condições profissionais, se permite o erro desavisado.” Está é a forma de erro que não deixa dúvidas quanto a obrigação de reparação”.
Erro de equipe cirúrgica – erro anestésico
Questão que tem suscitado divergência entre a doutrina é de a questão do erro anestésico, em casos em que o paciente falece de choque anafilático ou sofre lesão grave. A dúvida é de quem será a responsabilidade, da equipe toda, do médico- chefe ou apenas do médico anestesista. 
Há diversos entendimentos, alguns acreditam que a responsabilidade seria do médico-chefe, por ele estar no comando da equipe, afirmando ainda que e os outros médicos apenas o auxiliam, haja vista que executam atos sob a sua ordem. No entanto esta concepção não é absoluta. No entendimento de Sergio Cavalieri Filho “As múltiplas especialidades da Medicina e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas permitem fazer nítida divisão de tarefas entre todos os que a integra. Será preciso apurar que tipo de relação jurídica há entre eles.” (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 407) Assim, filiando-se a maior parte da doutrina, Sergio Cavalieri entende que uma vez identificando que a relação jurídica entre os médicos da equipe médica, e verificando que os mesmos atuam como profissionais autônomos, cada qual em sua especialidade, a responsabilidade será individualizada, cada um respondendo pelos seus próprios atos, situação na qual somente aquele que deu causa ao evento danoso será responsabilizado. Entende-se que se a cirurgia propriamente dita fora realizada sem problemas, não se pode responsabilizar o médico cirurgião pelo erro do anestesista. Por outro lado, se a equipe trabalha para o cirurgião ele será o responsável pelos atos executados por qualquer dos profissionais.
Assim, a resolução da questão irá depender se o anestesista, no caso concreto era ou não preposto do cirurgião chefe, se sim, o cirurgião responderá pelos atos do cirurgião, se não, este será o único responsável por seu erro.
Excludentes da responsabilidade civil médica
Nem sempre, porém, o médico é responsabilizado, podendo ele se livrar da punibilidade se evidenciadas as excludentes da responsabilidade civil descritas no Código Civil, artigo 393 que são:
 caso fortuito e a força maior, considerado sempre que a situação causadora do dano for proveniente de um fato inevitável, irresistível ou invencível, no entanto se além do caso fortuito ou da força maior o médico contribuir culposamente para agravar a situação, deve ele ser responsabilizado de forma culposa.
a culpa exclusiva da vítima. Nesse caso não houve erra do médico, sendo o fato gerador do dano culpa exclusiva do próprio paciente, dessa forma o médico é exonerado da responsabilização pelo dano. Já a culpa concorrente, onde o dano é gerado por condutas tanto do paciente quando do profissional, responsabiliza civilmente o médico no limite de sua culpa.
a responsabilidade de terceiro, onde a conduta lesiva foge da relação médico-paciente, onde o terceiro é o fator predominante da lesão.
a cláusula de não indenizar, pode existir no contrato entre as partes, médico e paciente, desde que não viole cláusulas pétreas, retirando a responsabilidade civil em caso de dano ou prejuízo causado a uma das partes, inexistindo a obrigação de reparação. A cláusula de não indenizar pode ser estipulada de forma bilateral, corrobora com este entendimento Maria Helena Diniz.
Reparação do dano causado por erro médico
Confirmado um dano, causado por erro, negligência, imprudência ou imperícia do médico, é clara sua responsabilidade civil e o surgimento do seu dever de reparação, surgindo aí, para o paciência o direito ao ressarcimento do dano, moral ou material.
Através da liquidação, os danos sofridos pelo paciente serão revertidos em dinheiro. Por isso, o valor da indenização não deve ser excessivo, enriquecimento indevido do paciente e diminuição significativa no patrimônio do agente causador do dano. O objetivo da indenização é repor o patrimônio da vítima, como se não houvesse havido o dano e punir o agressor, mostrando-lhe que seu comportamento foi inadequado e visando, também, precaução para o fato que não se repita. Dito isso, nota-se que a indenização por dano moral tem difícil mensuração, afinal é impossível valorar a moral de um indivíduo, neste caso a indenização respeitará o equilíbrio financeiro das partes. Ao se tratar de agressão física, com dano a saúde a indenização suficiente, será o pagãmente das despesas médicas e lucros cessantes. No caso mais gravoso, a morte do paciente, será aplicado o disposto no Art. 948 do Código Civil vigente. A saber: “I – no pagamento de despesas cm tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II – na prestação de alimentos as pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima;”. As despesas com o funeral compreendem as comprovadas como velório, lápide e etc, todas em conformidade com a situação econômica do falecido. No que tange ao luto, a indenização incluirá as despesas e gastos da família neste período, inclusive os lucros cessantes. As despesas de tratamento médico e despesas com o hospital serão as descritas no Art. 949 CC/02. In verbis: “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove ter sofrido”. Nos casos em que houver falecimento, cabe a cumulação de pedidos de dano moral e material e a pensão alimentícia deve considerar os rendimentos da vítima e como ele contribuía com quem pede e também a expectativa de vida da vítima.
Cirurgia plástica
Não há dúvidas que em casos de cirurgias estéticas o médico assume obrigação de resultado, vez que se compromete alcançar o resultado almejado pelo paciente. Destarte, o médico deverá alertar os efeitos negativos da cirurgia, bem como, se recusar a realizá-la nos casos em que o resultado pretendido não poderá ser obtido. Ocorre que alguns cirurgiões plásticos, apesar de aplicar as técnicas que sempre utilizou com absoluto sucesso em inúmeros pacientes, pode não obter o resultado pretendido, em razão de características peculiares do organismo do paciente. Mesmo nesses casos, entende Sergio Cavalieri que tais circunstâncias não afastam a obrigação de resultado. Segundo o autor supracitado, “O resultado que se quer é claro e preciso, de sorte que, se não for possível alcança-lo, caberá ao médico provar que o insucesso- total ou parcial da cirurgia- deveu-se a fatores imponderáveis”. (2012, 10ª Edição, Ed. Atlas, p. 417). Assim, em caso de insucesso de cirurgia estética, por ser a obrigação assumida de resultado, haverá presunção de culpa do médico cirurgião que a realizou, cabendo, ainda, comprovação de fato que afaste o dever de indenizar.
Conclusão
Ante o exposto, conclui-se que a responsabilidade civil médica é a obrigação do profissional médico para reparar o dano que este cause ao paciente no exercício de sua profissão. Essa responsabilidade está, via de regra, fundamentada com o conceito de culpa civil. Nota-se, também que a responsabilidade civil do médico no Código de Defesa do consumidor é difundida na culpa, assim a responsabilidade civil no médico é subjetiva. Ademais, a obrigação do profissional eseu paciente é uma obrigação de meio, sendo, assim, necessário a utilização dos meios necessário e adequados, contudo, sem a garantia de cura, haja vista a complexidade do organismo humano e a não exatidão da ciência médica.
Para que fique configurada a responsabilidade civil do médico, é necessário que estejam presentes os pressupostos do dever de indenizar, estudados no presente trabalho, a saber: a) nexo causal; b) conduta médica; c) dano ou culpa. Salienta-se também que o profissional médico pode estar amparado por excludentes de responsabilidade, são elas: a) culpa da vítima; b) caso fortuito ou força maior e c) fato de terceiro.
Ademais, deve-se ter em mente que, em vezes, o erro médico é ocasionado não apenas por uma conduta profissional inadequada, mas também por falta de condições mínimas do atendimento aos pacientes e, nesses casos os médicos não podem arcar sozinhos com as consequências de um sistema, deixando claro que falta de recursos não justifica todos os erros médicos. O que deve estar fixo e mais uma vez frisamos, é que o médico deve utilizar todos os meios e recursos necessários no objetivo de obter no melhor resultado em relação ao paciente, desta forma, para que o erro médico esteja caracterizado deve necessariamente haver prova inequívoca de sua culpa, de que se tivesse utilizado ele, de outros métodos, o dano não ocorreria. O que é diferente no caso de cirurgia plástica, onde o profissional médico se compromete a atingir o resultado desejado.
Referências
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GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA, Rodolfo. Novo curso de direito civil, volume 3: responsabilidade civil. 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2012.
DINIZ, M aria Helena. Curso de Direito civil Brasileiro: Responsabilidade Civil. Vol.7. 17°ed. São Paulo: Saraiva, 200.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Responsabilidade Civil. Vol.4. 3°ed. São Paulo: Atlas S.A., 2005.
TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14 ed. - São Paulo : Saraiva, 2012
ULGUIM OLIVEIRA, Daniele. A responsabilidade civil por erro médico. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 59, nov 2008. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3580>. Acesso em 15 março, 2014.
BRASIL. Código Civil brasileiro: Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 2014. 
______. Código de Defesa do Consumidor: Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso: 2014.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http
 
DANO
CONDUTA
NEXO CAUSAL
“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano”.
“Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”.
“Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”. 
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