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COISA JULGADA, RESCISÓRIA E EXECUÇÃO CIVIL Prof. Andrea Caraciola. P1: 21/03 P2: 17/05 – 5 testes, 3 dissertativas (sem consulta ao Código). Não haverá aula de processo dias 02/05 e 03/05. Grupo de pesquisa: 15/02 as 12h ou 18/02 as 10h – Dissertação sobre princípios do Novo CPC. ITER PROCEDIMENTAL COGNITIVO E COMUM O procedimento comum atende a maior parte da demanda do direito material e em contraposição os procedimentos especiais, para atender uma característica própria do direito material. São tutelas diferenciadas, para atender peculiaridades do direito material. A sentença de mérito que resolva o conflito material se estabilize, se torne definitiva e imutável diante do conflito apresentado perante o juiz → COISA JULGADA. A jurisdição é inerte e demanda aquele que se sente lesado ou ameaçado de lesão se quiser. E, na petição inicial o autor delimita aquilo que deseja obter do Estado, e esta delimitação objetiva vincula toda a atividade jurisdicional. Pois, a sentença e o grau recursal (inicialmente) deve se dar nos limites do pedido, o réu vai se defender/resistir também nos limites do pedido. FASE POSTULATÓRIA ● Marco inicial → Petição inicial Peça procedimental que leva a demanda do autor ao juiz. Os requisitos da petição inicial estão no art. 319. Interposta a petição, com a distribuição, o juiz possui duas possibilidades: o INDEFERIMENTO LIMINAR (art. 330); cabe apelação e dá possibilidade de retratação do juiz. O indeferimento é a última possibilidade, para o aproveitamento da petição inicial são as emendas à inicial, ainda que sucessivas. o IMPROCEDÊNCIA LIMINAR (art. 332); a pretensão do autor contrasta com precedente, súmula, etc. Sentença de mérito antes da citação, possibilidade de apelação e retratação do juiz (exceção do princípio da inalterabilidade da sentença). ● Audiência de Conciliação. Citação para o comparecimento na audiência de conciliação. Caso não haja conciliação, começa a correr o prazo de 15 dias para a Contestação. FASE ORDINATÓRIA ● Extinção do processo – possibilidades do art. 354 (com ou sem resolução do mérito). ● Julgamento antecipado do mérito (total) – art. 355. Causa madura: apenas de direito, sem necessidade de instrução probatória ou réu revel (efeito: presunção de veracidade dos fatos). ● Julgamento antecipado parcial do mérito – art. 356. Parte da lide está madura. Quando há cumulação de pedidos, por ex. dano material provado documentalmente mas, o dano moral não está. Julgamento de parte da pretensão, por meio de uma decisão interlocutória parcial de mérito. A parte prejudicada pode agravar por meio de agravo de instrumento (art. 1015, II). Este tem efeitos devolutivo e suspensivo, mas o suspensivo é ope judices. Tem aptidão para produzir efeitos, por meio do cumprimento provisório – execução antecipada, antes do trânsito. E, a decisão (título executivo) é precária pois pode ser alterada. A execução é provisória, pois o próprio título executivo (decisão) é provisório, e todos os efeitos deverão ser retroagidos se a decisão for reformada. Caso não seja possível retroagir os efeitos, converte-se em perdas e danos. Se ninguém recorrer da decisão, o cumprimento será definitivo. Se a parte recorrer por meio do agravo de instrumento, e for pedido e dado o efeito suspensivo, não haverá execução. ● Saneamento – art. 357. Afasta as preliminares da contestação; fixa o ponto controvertido do processo; fixa o ônus da prova; defere ou indefere os meios de prova. FASE PROBATÓRIA Audiência de instrução, debates e julgamento. FASE DECISÓRIA Sentença. FASE RECURSAL Duplo grau de jurisdição. COISA JULGADA Garantia constitucional, em prol da segurança jurídica, dada sem vícios ou nulidades. E, portanto, a coisa julgada por mais que tenha características de inalterabilidade, caso haja vícios e nulidades, caberá ação rescisória. Impedindo também, o julgamento de lides já decididas. Somente decisões definitivas, os quais o mérito já foi julgado, são objeto da proteção constitucional. A expressão coisa seria inepta para definir o que já foi julgado, o mais correto seria caso julgado (pedido/mérito já julgado). CLÁUSULA PÉTREA ● ART. 1º, CAPUT da CF – ● ART. 60, §4º, I e IV - ● ART. 5º, XXXVI Traz expressamente o instituto da coisa julgado, também protegendo o ato jurídico perfeito e o direito adquirido. Sendo a coisa julgada protegida constitucionalmente. O legislador na Constituição traz uma série de princípios e garantias do processo. A coisa julgada surge no contexto de garantias constitucionais do processo, sendo objetivo de trazer segurança jurídica as questões já julgadas no processo. A coisa julgada é cláusula pétrea, não podendo ser excluída por emenda constitucional. Também é um dogma constitucional do processo, aquilo que foi definitivamente julgado não é para ser discutido e sim cumprido. FUNDAMENTOS EXIGÊNCIA POLÍTICA ● ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES JURÍDICAS NO SEIO DA SOCIEDADE Em estados democráticos de direito é necessária uma segurança jurídica para o desenvolvimento social e econômico. ● LIMITE TEMPORAL O processo quando iniciado precisa ter uma previsão de término, se não for desse modo, gera certa insegurança. O tempo de duração do processo pode ser alongado, deve se ter a ideia e previsão de que acabará. Caso não haja a previsão de fins dos conflitos, isso gera uma crise de incerteza → insegurança jurídica. EXIGÊNCIA PROCESSUAL ● EXAURIMENTO DO DIREITO DE AÇÃO A coisa julgada corresponde ao exaurimento do direito de ação, ela indica que as vias/ônus processuais foram esgotadas pelo jurisdicionado. Ou seja, o jurisdicionado esgotou a via do direito de ação. ● ENTREGA DEFINITIVA DA TUTELA JURISDICIONAL Implica a resposta do Estado ao conflito que lhe é apresentado. A resposta definitiva do Estado ao conflito que lhe é submetido acontece quando o direito de ação é esgotado, ou seja, no momento de formação da coisa julgada (na decisão de mérito não caiba recurso). Mas, isso não significa que as decisões de mérito só venham a produzir efeitos depois da formação da coisa julgada. A decisão de mérito tem potencial para produzir efeitos antes da entrega da tutela, só que por produzirem efeitos na pendência de um recurso, esses efeitos podem ser reversíveis (efeitos práticos da decisão podem ser realizados de forma precária, em razão da pendência de um recurso). CONCEITO ART. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Quando o legislador afirma que existe uma coisa julgada chamada de material, porém, apenas existe uma coisa julgada, não é necessário o material, pois não existe coisa julgada formal. Apenas as sentenças definitivas, as quais o pedido (mérito) é julgado, é que são objeto da proteção constitucional da coisa julgada. As sentenças terminativas não são protegidas pela garantia constitucional da coisa julgada. A coisa julgada formal é preclusão, é uma qualidade de instabilidadeinterna, o qual o pedido não foi julgado porque os vícios formais impediam, inclusive podendo o autor repropor a ação. As sentenças terminativas de litispendência, coisa julgada e perempção fazem coisa julgada, pois o mérito foi ou está sendo discutido (art. 485, V). ● NATUREZA JURÍDICA DA COISA JULGADA - autoridade É a de qualidade/atributo da decisão jurídica, a coisa julgada é uma qualidade especial das decisões de mérito, pois só elas fazem coisa julgada. ● OBJETO – decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Apenas decisões de mérito fazem coisa julgada, então estas são o objeto da coisa julgada. Por decisões de mérito se entende: sentença e acórdão de mérito e decisão interlocutória parcial de mérito. O reexame necessário é um instituto que condiciona o trânsito em julgado, pois este confere a Fazenda Pública, quando condenada, um tratamento diferenciado. A decisão vai ser reexaminada obrigatoriamente pelo Tribunal, e poderá produzir efeitos válidos depois do reexame. O correto seria: a decisão de mérito não mais sujeita a recurso e ao reexame necessário. IMUTABILIDADE E INDISCUTIBILIDADE DA DECISÃO ● IMUTABILIDADE Impossibilidade de repropositura de demanda/ação idêntica a outra anterior já julgada no mérito, proibição de propositura de ação idêntica aquela já decidida anteriormente. Uma ação será idêntica a outra quando houver mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido (exata correspondência dos elementos da ação). Se houver uma mesma ação já julgada, o juiz vai extinguir a ação reproposta por coisa julgada, que é pressuposto processual negativo, sendo matéria de ordem pública. As matérias de ordem pública estão relacionadas ao interesse do Estado e podem ser reconhecidas de ofício pelo juiz. ART. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. O réu terá de ser citado para se manifestar a respeito do vício processual, mesmo sendo matéria de ordem pública. É necessário o contraditório, para evitar a decisão surpresa. ● INDISCUTIBILIDADE Não se trata de uma segunda ação idêntica, e sim de uma segunda ação semelhante a primeira que já foi julgada. Isso ocorre quando há a dúplice identidade, quando há as mesmas partes e a mesma causa de pedir. Quando houver a repropositura de uma segunda ação semelhante a uma primeira já julgada, o juiz da 2ª ação não pode rediscutir as questões e deve respeitar as conclusões que foram decididas na ação anterior. TRÂNSITO EM JULGADO Consiste em uma situação objetiva, de esgotamento da via recursal. O transito em julgado nos remete ao término da relação processual, pois todos os recursos foram exercitados, ou em algum momento a parte não quis recorrer e se conformou. O exaurimento da via recursal pode se dar nas seguintes situações: a parte prejudicada exercita todos os recursos disponíveis; a parte prejudicada não recorre, ou seja, decorrido in álibis os 15 dias para interposição de recurso, é certificado o trânsito em julgado; a parte prejudicada diante da sentença apela no 17º dia do prazo, sendo que recurso intempestivo não é recurso válido; a parte prejudicada recorre e desiste do recurso, por livre consentimento, e nos leva ao trânsito em julgado. COISA JULGADA FORMAL No mesmo momento em que ocorre o trânsito, opera-se um segundo fenômeno, chamado de coisa julgada formal. Aquilo que foi decidido naquele processo de forma definitiva não pode ser reexaminado, pois, dentro da relação processual, não existem mais instrumentos para isso. Imutabilidade da decisão proferida no processo em razão da impossibilidade de reexame. Qualquer que seja a natureza da decisão (definitiva, com resolução do mérito ou terminativa, sem resolução do mérito) haverá coisa julgada formal, haverá coisa julgada formal, pois é uma instabilidade interna/endoprocessual. Consiste numa estabilidade interna, pois, não há mais mecanismo processual de reexame. O termo coisa julgada formal, melhor seria conceituado como preclusão, sendo esta: as faculdades processuais dentro daquela relação foram exercitadas, ou poderiam ter sido exercidas. Se a decisão for terminativa é possível, como regra, repropor a demanda. COISA JULGADA MATERIAL ART. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso. Apenas se terá coisa julgada material se a decisão for de mérito. Se a decisão for de mérito, além de produzir estabilidade interna, também produzirá estabilidade externa. Além de não poder propor demanda idêntica, não se rediscute em outro processo o mérito. A coisa julgada material nos remete a imutabilidade e indiscutibilidade de uma decisão de mérito. Não se repropõe demanda idêntica e não se rediscute as conclusões que o juiz chegou. É uma estabilidade (eficácia) panprocessual (interna e externa processual). E vincula as partes naquilo que foi pedido, sob pena de execução forçada. Primeiro haverá trânsito em julgado, simultaneamente, independentemente da natureza da decisão, haverá coisa julgada formal, e, se a decisão for de mérito, haverá coisa julgada material. São três fenômenos que acontecem simultaneamente, no momento de exaurimento da via recursal. Do ponto de vista lógico, esses fenômenos são encadeados. A coisa julgada material decorre da formal que decorre do trânsito em julgado. A coisa julgada formal está contida na material. Toda decisão faz coisa julgada formal mas só as decisões definitivas que fazem coisa julgada material. *** Sentenças terminativas só fazem coisa julgada formal, sentenças definitivas fazem coisa julgada formal e material. LIMITES OBJETIVOS O que faz coisa julgada. A coisa julgada vincula as partes naquilo que foi decidido. ART. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limite da questão principal expressamente decidida. Objetivamente a coisa julgada alcança tanto as sentenças e acórdãos de mérito, quanto as interlocutórias parciais. O novo CPC, amplia os limites objetivos da coisa julgada, além de acórdão e sentenças de mérito, decisões interlocutórias parciais de mérito também faz coisa julgada. Fará coisa julgada aquilo que for decidido, e o dever imposto ao juiz é decidir integralmente do que foi pedido (princípio da congruência) fará coisa julgada o que foi decidido que deve corresponder aquilo que foi pedido. **Exceções do princípio da congruência: ex. pedido implícito (juros legais, correção monetária, honorários advocatícios). Muito embora a lei não exija pedido, e lei exige decisão, e fará coisa julgada. Se a decisão for omissa, e aquilo que deveria ter sido julgado, mas não foi, não fará coisa julgada. §1º. O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se: (...) A parte dispositiva da sentença,acórdão ou decisão interlocutória parcial, todos de mérito é que fará coisa julgada. Além do pedido principal as prejudiciais se mérito também farão coisa julgada se preencherem os requisitos. As prejudiciais de mérito são temas de direito material que devem ser julgadas antes do mérito, pois, interferem no mesmo (ex. prescrição). I – dessa resolução depender o julgamento do mérito; Conceito de prejudicial de mérito. II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de revelia; É preciso que tenha havido debate sobre a prejudicial. As prejudiciais farão coisa julgada se forem debatidas entre as partes. Se o réu for revel, o contraditório não foi efetivo/pleno e prévio, não houve debate e, portanto, não formará coisa julgada. III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão principal. Competência do juízo. Por vezes, as prejudiciais são externas. *IV – Decisão expressa do juízo sobre a prejudicial. Decisão expressa sobre a prejudicial. Os doutrinadores dizem que a decisão da prejudicial deve estar na parte dispositiva, mas, a matéria ainda não chegou ao STJ/STF. LIMITES SUBJETIVOS Em face de quem a coisa julgada se forma. No processo individual, as principais diferenças entre o processo individual e o processo coletivo estão na legitimidade e na coisa julgada. No processo individual a coisa julga se dá inter partes, no processo coletivo a coisa julgada se dá ultra partes. Quais são os destinatários do comando posto na parte dispositiva da decisão. ART. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. Estão vinculados aos limites subjetivos aqueles que exercitaram o contraditório ou deveriam ter exercitado. A coisa julgada não prejudica terceiros que não exercitaram o contraditório. O processo é instrumento democrático, aquilo que foi decidido não pode prejudicar o indivíduo que não está envolvido no conflito. Ex. o fiador que não participou do processo de conhecimento, não pode no cumprimento de sentença ser intimado para o pagamento da dívida, pois não houve o devido contraditório, e não pode ser prejudicado pelos efeitos da decisão transitada em julgado. EFICÁCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADA ART. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão deduzidos e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento quanto à rejeição do pedido. As alegações e defesas que poderiam ser deduzidas no curso do processo e não o foram por inércia, com o trânsito em julgado, ficam acobertadas pela preclusão. Acoberta pela preclusão, impossibilitando que sejam trazidas para rediscussão matérias que poderiam ser alegadas e não foram. FORMAS DE IMPUGNAÇÃO DA COISA JULGADA Há casos em que, apesar de formação da coisa julgada, o próprio sistema processual admite a rediscussão do que restou decidido. Para sanar a contradição entre a coisa julgada e sua impugnação, a interpretação conforme significa que deve se extrair da rediscussão a luz dos princípios constitucionais. Deve-se solucionar determinada contradição. A coisa julgada protegia pela CF, imutável e intangível, é aquela: 1. Formada e obtida sem os vícios de nulidade previstos no rol taxativo do art. 966. Esses vícios são de nulidade, graves e intoleráveis no Estado Democrático de Direito – Ação rescisória. 2. Que corresponda com a verdade, justiça e que reflita a realidade. Essa situação, só é admitida excepcionalmente, diante de certos bens jurídicos tutelados mais relevantes. Se em determinadas situações, diante de bens jurídicos relevantes (definidos pelo STJ), se a coisa julgada não definir a realidade, existem mecanismos para afastá-la – Relativização da Coisa Julgada. O cabimento dos meios de impugnação é restritivo, pois a coisa julgada é cláusula pétrea, protegida pela CF. RELATIVAÇÃO DA COISA JULGADA Teses de afastamento da coisa julgada. Tem repercussão prática (STJ → Min. José Delgado, 4ª Turma). É o STJ que diz que são os casos e os bens jurídicos relevantes que se aplicam essa tese. Há duas situações em que os bens jurídicos são mais relevantes que a própria coisa julgada: I. AÇÕES DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE – o bem jurídico é a filiação e a própria paternidade. A paternidade além de direito constitucional é um direito natural. Se autoriza a rediscussão da coisa jurídica pelo bem jurídico mais relevante. II. MORALIDADE OU IMORALIDADE PÚBLICA EM AÇÕES DE DESAPROPRIAÇÃO DIANTE DO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÕES SUPERFATURADAS – o bem jurídico tutelado é a moralidade pública. Pela técnica da ponderação de valores, de acordo com o princípio da razoabilidade e proporcionalidade, a coisa julgada cede para que sejam prestigiados a paternidade e a moralidade pública. INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE Resp. 226436/PR; (1999/0071498-9) – “Não excluída expressamente a paternidade do investigado na primitiva ação de investigação de paternidade, diante da precariedade da prova e da ausência de indícios suficientes a caracterizar tanto a paternidade como a sua negativa, e considerando que, quando do ajuizamento da primeira ação, o exame de DNA ainda não era disponível e nem havia notoriedade a seu respeito, admite-se o ajuizamento de ação investigatória, ainda que tenha sido aforada uma anterior com sentença julgando improcedente o pedido.” Considerada a relevância do bem jurídico, direito natural de conhecermos nossas origens, ainda que se tenha uma sentença de mérito transitada em julgado, diante de novos elementos que comprovam que a decisão não reflete a realidade, autoriza-se a repropositura de demanda idêntica, para rediscutir o que já foi julgado. A relativização da coisa julgada normalmente é feita por uma nova repropositura, ou por ação rescisória com fundamento de novas provas, independentemente do prazo, dado a relevância do bem jurídico. Ação rescisória de competência dos Tribunais, independentemente de prazo, pois as ações de paternidade são imprescritíveis. MORALIDADE EM AÇÕES DE DESAPROPRIAÇÃO E PAGAMENTO DE INDENIZAÇÕES SUPERFATURADAS Na ação de desapropriação de discute justa indenização. O Estado (autor) irá discutir com o réu (particular) o valor da indenização pela perda da propriedade que o Estado adquire originariamente. A CF diz que a indenização deve ser prévia e justa. O Estado paga por meio de precatória que são títulos da dívida pública. E o Estado tem prerrogativas de pagamento por parcelas. Esse conjunto de elementos traz desapropriações onde não há pagamento de prévia e justa e indenização, e na fase de execução, o Estado não a paga. Há desapropriações que são muito antigas, e as indenizações são pagas o valor principal, mas há verbas cumuladas ao longo dos anos (juros e expurgos). O STJ decidiu que esses pagamentos de juros e expurgos gerava pagamentos superfaturados, pois não correspondia com a inflação, devendo-se recalcular o valor da indenização. Aplicando-se assim a relativização da coisa julgada, por motivos econômicos, opagamento que era devido pela desapropriação, agora, deverá ser recalculado. Muitas vezes, para realizar o recalculo, o particular que era credor, pode virar devedor, para pagar aquilo que foi pago a mais pelos juros e expurgos. QUESTÕES 1. Proposta a ação de despejo por falta de pagamento o réu comprova o pagamento e a ação é julgada improcedente de forma definitiva. É possível ingressar com outra ação de despejo por infração contratual? Sim, é possível que o autor ingresse com outra ação de despejo contra o réu por infração contratual. Pois, esta ação não é idêntica a primeira já julgada, sendo semelhante, nas duas ações as partes e o pedido são os mesmos (despejo), mas a causa de pedir se distingue. Na primeira ação o autor pretende o despejo por falta de pagamento, esta foi julgada improcedente pois o réu efetuou o pagamento. Na segunda ação o autor pretende o despejo por infração contratual, nesta apenas a infração contratual tem de ser discutida, pois a questão do pagamento está coberta pela coisa julgada e não pode ser rediscutida em outra ação. 2. Diferencie imutabilidade de indiscutibilidade.*** IMUTABILIDADE: Impossibilidade de repropositura de demanda/ação idêntica a outra anterior já julgada no mérito, proibição de propositura de ação idêntica aquela já decidida anteriormente. Uma ação será idêntica a outra quando houver mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido (exata correspondência dos elementos da ação). INDISCUTIBILIDADE: Quando há uma segunda ação semelhante a primeira que já foi julgada. Isso ocorre quando há a dúplice identidade, quando há as mesmas partes e a mesma causa de pedir. Quando houver a repropositura de uma segunda ação semelhante a uma primeira já julgada, o juiz da 2ª ação não pode rediscutir as questões e deve respeitar as conclusões que foram decididas na ação anterior. 3. O fiador não demandado na fase cognitiva numa ação de despejo, na fase de execução não foi excluído da relação processual. Seus bens podem ser penhorados? Os bens do fiador que não participou da fase de conhecimento numa ação de despejo não podem ser penhorados na fase de execução. No processo individual, a coisa jugada tem eficácia inter partes , ou seja, apenas vincula as partes que participaram do processo. Somente aqueles que exerceram o contraditório ou deveriam ter exercitado estão vinculados aos limites subjetivos da coisa julgada. A coisa julgada não pode prejudicar terceiros que não exercitaram o contraditório. O fiador que não exerceu o contraditório na fase cognitiva, pois não foi demandado, não pode ser prejudicado na execução da sentença, porque o processo é instrumento democrático, aquilo que foi decidido não pode prejudicar o indivíduo que não está envolvido no conflito. 4. Por que se diz que os limites objetivos da coisa julgada foram ampliados? No CPC/15, os limites da coisa julgada foram ampliados pois além do pedido principal as prejudiciais de mérito também farão coisa julgada se preencherem certos requisitos. As prejudiciais de mérito são temas de direito material que devem ser julgadas antes do mérito, pois, interferem no mesmo (ex. prescrição). No art. 503, §1º há requisitos que se preenchidos, automaticamente a coisa julgada se estenderá àquilo que constitui questão prejudicial. 5. Por que o reexame necessário condiciona o trânsito? O reexame necessário é um instituto que condiciona o trânsito em julgado, pois este confere a Fazenda Pública, quando condenada, um tratamento diferenciado. A decisão de mérito que condenar a Fazenda Pública vai ser reexaminada obrigatoriamente pelo Tribunal, e poderá produzir efeitos válidos depois do reexame. O reexame necessário é um meio de revisão de natureza endoprocessual, portanto, a coisa julgada só se forma quando todos os mecanismos processuais de reexame se esgotam. 6. Por que do ponto de vista lógico só se chega a coisa julgada material depois de passar pela formal? Primeiro haverá trânsito em julgado, simultaneamente, independentemente da natureza da decisão, haverá coisa julgada formal, e, se a decisão for de mérito, haverá coisa julgada material. São três fenômenos que acontecem simultaneamente, no momento de exaurimento da via recursal. Do ponto de vista lógico, esses fenômenos são encadeados. A coisa julgada material decorre da formal que decorre do trânsito em julgado. A coisa julgada formal está contida na material. Toda decisão faz coisa julgada formal, mas só as decisões definitivas que fazem coisa julgada material. Pois a coisa julgada formal corresponde a estabilidade interna que todas as decisões possuem quando esgotados os meios de revisão. AÇÃO RESCISÓRIA – arts. 966 e ss. É a ação autônoma de impugnação de natureza constitutiva negativa quanto ao juízo rescindendo, dando ensejo a outra relação processual distinta daquela em que foi proferida a decisão rescindenda. É uma ação que objetiva afastar a coisa julgava viciada, que tenha se formado com um dos vícios de nulidade previstos no rol taxativo do art. 966 do CPC. E, também se presta a rejulgar a lide. São três elementos que se extrai do conceito: natureza jurídica de ação; objetiva a afastar do ordenamento jurídico a coisa julgada viciada, vícios de nulidade previstos no rol taxativo do art. 966; se presta a rejulgar a lide. ● AÇÃO AUTÔNOMA DE IMPUGNAÇÃO - Diante de uma decisão judicial, são previstos dois meios para revisão da decisão. O primeiro meio tem natureza endoprocessual e o segundo tem natureza extraprocessual. O meio endoprocessual são os recursos, como por ex. a apelação, que é um meio endoprocessual de revisão da sentença. Aqui, não há o nascimento de um novo processo, não há uma nova relação processual e, os recursos não tem autonomia, sendo interpostos no mesmo processo. A coisa julgada não se forma e o procedimento vai ocorrer no órgão revisor superior, ou não, segundo regras de distribuição de competência. Há recursos (embargos de declaração e agravo interno) que o mesmo órgão vai reexaminar a decisão. Os recursos são os meios mais céleres, econômicos e eficientes para a revisão de uma decisão judicial. É possível rever uma decisão judicial fora do processo onde ela foi dada, sendo este meio extraprocessual. Este são os meios/ações impugnativos autônomos. São ações que se prestam decisão judicial fora do processo onde a decisão foi proferida, em outra relação processual distinta. Os meios autônomos fazem a ser um novo processo, com um procedimento distinto. A ação rescisória é o principal meio endoprocessual de revisão, sendo a natureza jurídica de ação de impugnação autônoma, objetiva reconhecer a coisa julgada viciada em outro processo e afastá-la do ordenamento jurídico e, se necessário, rejulgar a lide. Ao lado da rescisória, existem outras ações impugnativas autônomas, como o mandado de segurança. O STJ autoriza a impetração de mandado de segurança para rever decisão judicial (interlocutória) ilegal que viole direito líquido e certo SE osistema infraconstitucional não prever recurso contra a decisão. O Novo CPC define um rol taxativo de cabimento de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias, e há divergência na doutrina: Nelson Nery – cabe recurso contra decisões interlocutórias não previstas no art. 1015, em preliminar de apelação. Então, não cabe mandado de segurança. Tereza Alvim – cabe mandado de segurança pois não há um recurso para que seja revisto imediatamente a decisão interlocutória não prevista no art. 1015, como por ex. a decisão que indefere a produção de prova pericial, que deve ser feito de maneira rápida e imediata. Há uma terceira ação de impugnação autônoma que são os embargos de terceiro, no qual se discute uma penhora indevida, uma decisão que viola leis patrimoniais. A ação rescisória se desenvolve no processo de conhecimento, sendo uma ação impugnativa cognitiva. Nasce pelo exercício de interposição de petição inicial, e se é processo de conhecimento, se desenvolve pelas fases: postulatória, ordinatória, decisória e recursal. Como a ação rescisória é de competência originária de Tribunal. Ao final da fase decisória há acórdão ou decisão monocrática de relator. Se as decisões forem de mérito, ao final da via recursal, haverá o fenômeno de formação de coisa julgada. Se a coisa julgada conter vícios de nulidade, caberá outra ação rescisória, chamada de rescisória sucessiva. A ação rescisória é ação de conhecimento, exige provocação por petição inicial, se desenvolve mediante fases. A decisão que julga a rescisória se for de mérito fará coisa julgada e admitirá nova rescisória se contiver vício de nulidade do art. 966, chamada de rescisória sucessiva. Em tese, são admitidas n rescisórias sucessivas no Processo Civil. ● AFASTAR COISA JULGADA VICIADA E REJULGAMENTO DA LIDE A petição inicial da ação rescisória comporta em tese duas pretensões (pedidos) cumuladas: a primeira pretensão consiste em afastar a coisa julgada viciada – chamado de JUÍZO RESCINDENDO. Toda rescisória possui o juízo rescindendo, é obrigatório. A natureza jurídica do juízo rescindendo é desconstitutiva (natureza constitutiva negativa – desconstituição da coisa julgava viciada). Afastada a coisa julgada viciada, surge o segundo possível pedido, portanto, não é obrigatório, pode acontecer ou não. Essa segunda análise é de rejulgamento da lide – chamado de JUÍZO RESCISÓRIO. O juízo rescisório tem natureza jurídica constitutiva de uma nova decisão. O juízo rescisório só é preciso quando retirando a coisa julgada viciada, há lacuna ainda no conflito, ou seja, retirada a coisa julgada viciada não há solução no conflito. Se tiver solução, não rejulga. Se não tiver, rejulga. Ex. de necessidade de rejulgamento – decisão que julga o despejo uma ação de reintegração de posse. Nesse caso, se formar coisa julgada, cabe ação rescisória e será preciso o rejulgamento, pois se retirar a coisa julgada viciada, haverá lacuna de julgamento. ART. 966. V. Violar manifestamente norma jurídica. Não necessidade - pois, houve a propositura de ação idêntica já julgada, e a segunda ação não foi extinta. Ou seja, a coisa julgada viciada será afastada na ação rescisória, mas não haverá necessidade de rejulgamento, pois não há lacuna de julgamento, pois na primeira ação já houve decisão de solução do conflito. ART. 966. IV. Ofender coisa julgada. Ação rescisória é ação, meio impugnativo autônomo, se presta a rever decisão com vício de nulidade no rol taxativo do art. 966, comporta dois pedidos: o primeiro é desconstitutivo e obrigatório, chamado de juízo rescindendo e, o segundo pedido, poderá ou não ocorrer (o autor saberá), e esse segundo juízo só ocorrerá se houver lacuna de julgamento, chamado de rescisório, sendo constitutiva de uma nova decisão. ● OBJETO ART. 966. A decisão de mérito, transitada e julgado, pode ser rescindida quando: Decisão (gênero): sentença de mérito, apelação de mérito e decisão interlocutória parcial de mérito (espécies). Decisões terminativas comportam ação rescisória? Sim, excepcionalmente. §2º. Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I – nova propositura de demanda; ou II – admissibilidade do recurso correspondente. Exemplos: a) Decisão que reconheça a perempção, que implica na própria perda do direito de ação. b) Decisão que reconheça a litispendência. c) Decisão que reconheça a coisa julgada. São pressupostos processuais negativos, perde-se o direito de ação, não pode se repropor a ação, então cabe ação rescisória. d) Ações intransmissíveis em razão da morte da parte. Como regra, quando a parte falece a ação não é extinta, pois os herdeiros/espólio assumes a parte passiva. Mas, em ações personalíssimas não são transmissíveis para herdeiros (ex. ação de prestação de contas). e) Decisões que não conhecem de recurso – não cabe mandado de segurança pois já possui meio impugnativo a ação rescisória. REQUISITOS DA AÇÃO RESCISÓRIA ● REQUISITOS FORMAIS QUE DEVEM ESTAR PRESENTES NA PETIÇÃO INICIAL ART. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319, devendo o autor: A primeira categoria de requisitos são os requisitos genéricos de qualquer petição. São extraídos do art. 319. 1. ENDEREÇAMENTO Pede-se alguma coisa a alguém. Pedido direcionado a um órgão do juízo, fixação de COMPETÊNCIA. A ação rescisória é uma ação de competência originária de Tribunal. A competência originária é a competência para iniciar a demanda, como regra é de primeiro grau. A competência derivada é dos Tribunais. A regra é invertida na ação rescisória, está se inicia junto aos Tribunais. Ou seja, inverte-se a regra de fixação de competência. A competência relativa é aquela que se prorroga, o vício de competência relativa é prorrogável pois se submete a preclusão. Se a ação for imposta em Foro incompetente, se o réu não impugnar, haverá preclusão e a decisão será válida, sendo matéria de direito disponível. A competência absoluta é matéria de ordem pública. A competência na ação rescisória é absoluta. Ou seja, proposta a rescisória em juízo errado, há um vício de ordem pública. Há violação a regra absoluta de norma funcional ou hierárquica. A fixação da competência se dá por uma regra: será competente para rescisória o Tribunal no qual houve o trânsito. Significa que os Tribunais são competentes para rescindir seu próprio julgado. Se o trânsito ocorrer em primeiro grau de jurisdição, a ação rescisória será proposta no Tribunal Superior que tinha competência para o recurso. 2. LEGITIMIDADE – indicação das partes, em face a quem se pede. As partes terão de ser qualificadas. ART. 967. Têm legitimidade para propor a ação rescisória: I – quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II – o terceiro juridicamente interessado; III – o Ministério Público: a) Se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatóriaa intervenção; b) Quando a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de fraudar a lei; c) Em outros casos em que se imponha sua atuação; A legitimidade para rescisória é a mesma legitimidade para recurso. Podem recorrer as partes, o MP, a Defensoria Pública e, os terceiros interessados. Serão legitimados na rescisória aqueles que foram partes na ação principal, a qual a decisão viciada foi dada. Sendo uma regra de legitimidade ordinária, a parte está em juízo para defender interesse próprio. Além das partes, possui legitimidade o terceiro juridicamente interessado, aquele que poderia ter sido parte, mas não o foi. E o Ministério Público, seja parte ou fiscal da lei, ainda que não tenha sido ouvido no processo em que deveria figurar como fiscal da lei. IV – aquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção. Novidade CPC/15!! Sujeito que deveria ter participado da ação mas não o fez – litisconsorte necessário. Se o litisconsorte necessário não for citado na ação principal, pode interpor ação rescisória. Litisconsórcio – mais de um autor, réu ou autor e réu ao mesmo tempo. O facultativo é quando as partes escolhem demandar juntamente por questão de economia processual, mas são demandas separadas. O necessário é que as partes são obrigadas a estar no polo passivo, a decisão não pode ser diferente entre eles, existe uma unicidade na relação jurídica. Se havia obrigatoriedade de litisconsorte necessário, e este não integrou a relação processual pois não foi citado, a decisão vai ter efeitos sobre ele e, quem não exercita o contraditório não pode se prejudicar/beneficiar dos efeitos da decisão judicial. A ação rescisória é cabível para afastar este vício A sentença que transitar em julgado, a qual tem um litisconsorte necessário que não foi citado e não integrou a relação processual é nula e passível de rescisória. Parágrafo único. Nas hipóteses do art. 178, o Ministério Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica quando não for parte. 3. CAUSA DE PEDIR Que reúne fatos e fundamentos jurídicos. Os fundamentos jurídicos são o do direito, os fatos precisam ser enquadrados em uma tutela de direito material ou processual. Adotamos a teoria da substanciação na causa de pedir, não basta provar que se tem o direito, deve-se se enquadrar os fatos no ordenamento jurídico. A causa de pedir na ação rescisória é a existência de uma decisão de mérito transitada em julgada que contém os vícios de nulidade encartados no art. 966, estes vícios que ensejam rescisória. Os vícios estão na causa de pedir. ART. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: O art. 966 comporta um rol fechado. Não cabe mais nenhum outro vício, que foram escolhidos pelo legislador por política legislativa, sendo que estes vícios contaminam a ordem e moralidade pública e a justiça das decisões. O legislador escolheu valores (moralidade, imparcialidade) e elencou no art. 966, estes vícios não podem estar na decisão pois ofendem estes valores, e tem meio impugnativo específico cabível que é a rescisória. I – se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; O magistrado que para decidir recebeu favorecimento não pode ser imparcial. Diante de qualquer favorecimento recebido pelo magistrado no exercício de sua função compromete a moralidade pública e a imparcialidade do juiz. Está sendo tutelado a moralidade e imparcialidade. II – for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente; O juiz impedido compromete a figura do juiz. As causas de impedimento e suspeição protegem a imparcialidade do juiz. O juízo absolutamente incompetente. III – resultar dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; Vícios de consentimento, seja para prejudicar a parte contrária ou para fraudar a lei. as decisões contaminadas pelo vício de consentimento não podem ser prestigiadas pois não refletem a realidade. IV – ofender coisa julgada; Violação da segurança jurídica. V – violar manifestamente norma jurídica; Violação manifesta aquela que não deixa dúvida, perceptível de plano. A decisão não encontra amparo no ordenamento. Norma jurídica (leis, princípios que não necessariamente estão expressos, regras). Quando o legislador coloca norma amplia o cabimento da rescisória. VI – for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória; A falsidade não pode ser considerada como reflexo da verdade na solução do conflito no processo. VII – obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; O meio de prova indicado por este artigo é aquela que só foi descoberto após o trânsito em julgado da sentença. Se a prova já estava passível de ser produzida no curso do processo e não o foi por inércia da parte, não caberá ação rescisória. O legislador considera prova nova a descoberta de uma nova prova após o trânsito em julgado. Ex. paternidade (rever relativização da coisa julgada). VIII – for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos; Erro de fato quer dizer equívoco na apreciação da prova. Esses vícios constituem causa de pedir na ação rescisória. O autor vai alegar e deve comprovar esses vícios, através de elementos probatórios suficientes. 4. PEDIDO O pedido da rescisória pode ser cumulativo ou não. ART. 968, I. cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo; Pode se ter dois pedidos na ação rescisória, cumulados ou não: pedido de rescisão da coisa julgada (juízo rescindendo), este é obrigatório e sempre deverá ser feito. E, o pedido de rejulgamento (juízo rescisório), este deverá ser analisado se é preciso ou não o rejulgamento da lide, conforme a situação do caso concreto. O rejulgamento não é obrigatório e só ocorrerá se houver lacuna de julgamento. Na possibilidade do autor se omitir no pedido de rejulgamento da lide quando o mesmo era necessário, o juiz não poderá indeferir a inicial de plano por ser inepta e, sim, conforme as orientações do Novo CPC, o autor deverá ser intimado para que emende a inicial e o juiz dirá expressamente para o autor deduzir o pedido de rejulgamento da lide. Caso o autor não atenda a decisão do juiz, este tem de dar nova oportunidade para o autor emendar sua inicial, chamada assim de emenda sucessiva. O Código permite n emendas sucessivas, desde que o autor não esteja litigando de má-fé. REQUISITOS ESPECÍFICOS I. Depósito prévio. ART. 968. II. Depositar a importância de cinco por centro sobre o valor da causa que se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente. Se o autor alega que a coisa julgadana ação principal possui vício de nulidade previsto no art. 966 e quer afastá-la do sistema deve demonstrar boa-fé realizando um depósito prévio. Aquele que ingressa com a ação rescisória alegando que o dogma constitucional da coisa julgada contém vícios, deve realizar um depósito prévio par a comprovação de sua boa-fé. O depósito prévio tem natureza jurídica de caução (garantia). O valor deste será de 5% do valor da causa originário, ou seja, da ação a qual a decisão viciada foi dada. Mas, esse valor não pode ultrapassar de 1000 salários mínimos. ART; 974. Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do art. 968. Parágrafo único. Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o tribunal determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do disposto no §2º do art. 82. O depósito é dispensado em algumas exceções: Estado, MP, Defensoria Pública e para os beneficiários da gratuidade da justiça. O depósito é regulado dessa maneira: se a rescisória é julgada procedente o autor pode levantar a caução. Mas, se a rescisória foi julgada improcedente por inadmissibilidade ou unanimidade, o autor perderá a caução e o réu a levanta, aplicando-se assim ao autor uma multa. Se a rescisória for julgada improcedente por maioria de votos? Segundo o art. 968, II, se a ação for julgada improcedente por unanimidade, deverá o autor perder esse depósito. Entretanto, quando o julgamento não é unânime, embora não havendo mais embargos infringente para afastar essa diversidade, independentemente de recurso da parte, o Tribunal, por meio daquela Câmara julgadora, entende o julgamento para sanar a divergência. Ou seja, o colegiado que era composto por três colegiados, será agora composto por 5 e será transformado o julgamento não unânime, em unânime por um colegiado composto por cinco magistrados e, com isso, aplica-se o disposto no artigo do depósito prévio (improcedente – perde). PRAZO ART. 975. O direito à rescisão se extingue em 2 anos contados do transito em julgado da última decisão proferida no processo. §1º. Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo a que se refere o caput, quando expirar durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. §2º. Se fundada a ação no inciso VII do art. 966, o termo inicial do prazo será a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 anos, contado do transito em julgado da última decisão proferida no processo. §3º. Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão. O tema foi objeto de alteração significativa no Novo Código de Processo Civil. O caput do art. 975 tem duas informações importantes, sendo elas: o prazo da rescisória ser sempre de dois anos e a natureza jurídica decadencial deste prazo. A segunda parte “contados do transito em julgado da última decisão no processo” define o termo a quo (marco inicial da contagem do prazo). Aqui, o legislador diz que se conta da última decisão, independentemente da decisão resolver o mérito ou não. Para fins de fluência do prazo, será sempre considerada a última decisão conferida no processo. SITUAÇÕES: ● Na fase ordinatória houve julgamento antecipado parcial do mérito por meio de decisão interlocutória. Para fins de rescisória, não flui da coisa jugada parcial, mas dá coisa julgada final (seja ela terminativa ou de não conhecimento). Posso requerer que seja desfeito vícios da coisa julgada parcial, na coisa julgada final? Sim, portanto, não há preclusão. ● No julgamento parcial, o juiz julga o mérito de um pedido e o outro pedido houve decisão terminativa. Ainda assim, o prazo fluirá dela. Ou seja, não retroage à última decisão de mérito. ● Houve sentença de mérito, houve apelação, houve acórdão e contra esse acórdão a parte prejudicada interpõe recurso especial no STJ e extraordinário no STF. Se os dois últimos não forem conhecidos, não há decisões de mérito. O prazo de dois anos fluirá, portanto, da decisão de não conhecimento do STF. PROVA NOVA Há no NCPC uma particularidade em relação ao termo a quo da contagem do prazo nas hipóteses de rescisória fundada em prova nova. O prazo será sempre de dois anos, mas se por exemplo a rescisória for fundada em prova nova, o legislador diz que não fluirá da última decisão, mas dá descoberta da prova. A rescisória terá como termo final máximo da última decisão dada no processo. Ex. Rescisória fundada na descoberta de novo material genérico para investigação de paternidade. Ou seja, o prazo para o descobrimento da prova nova será de 5 anos, contados a partir da última decisão dada no processo que se formou a coisa julgada. E a partir do descobrimento da prova nova, terá um prazo de 2 anos para propor a ação rescisória. O termo a quo do início da contagem de prazo é da data do descobrimento da prova nova. Se a rescisória for proposta antes do termo inicial, ela é prematura, se for proposta após o prazo é preclusiva, e no juízo de admissibilidade vai ser extinta por falta de interesse de agir (decisão monocrática do relator – agravo interno em 15 dias). PODERES DO RELATOR A rescisória é de competência originária de Tribunal, todas as providências de condução do processo são de competência do relator. Quem preside a relação processual é o relator, é a este que cabe decidir sobre as providências de urgência. O relator é quem prepara o processo, conduz a relação processual para ser julgada e decide as providências de urgência em decisão monocrática (tutela antecipada, efeito suspensivo) é chamado de juiz preparador da rescisória. ● EFEITO SUSPENSIVO ART. 969. A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. A regra é que a ação rescisória não tem efeito suspensivo, ela não suspende a produção de efeitos, ou seja, a execução da coisa julgada. Após a formação da coisa julgada, a execução é definitiva, portanto, a sentença transitada em julgada produzirá efeitos plenos e não suspende o curso da execução. Portanto, a ação rescisória não tem efeito suspensivo ope legis. Mas sempre que a lei restringe o efeito suspensivo, o advogado pode requerer ao juiz, pleitando o efeito suspensivo ope judicis. É possível requerer ao juiz que conceda efeito suspensivo nas hipóteses em que a lei não o prevê. Quando a lei não prevê o efeito suspensivo, isso não impede o requerimento do mesmo pelo patrono ao juiz, este concederá ao não por decisão judicial. A natureza jurídica do efeito suspensivo ope judicis é de tutela jurídica antecipada. Sendo assim, alguns requisitos devem estar cumpridos: 1º.Requerimento da parte na petição inicial (não é possível conceder efeito suspensivo de ofício, sob pena de ativismo judicial); 2º. Fumus bonis iuris – probabilidade que as alegações que o autor traz sejam possíveis, o vício rescindido que contamina de nulidade a coisa julgada é provável, existem indícios quando o autor alega que a coisa julgada está contaminada, prova-se de acordo com prova documental; 3º. Periculum in mora – a urgência na concessão do efeito suspensivo, se este não for concedido, haverá no caso concreto em razão do curso da execução que não será suspenso, dano grave de difícil reparação para o autor. A decisão do relator que concede ou não efeito suspensivo é monocrática e cabe agravo interno em 15 dias. Questões – ação rescisória 1. A propositura da ação rescisória exige o esgotamento de todos os recursos disponibilizados pelo sistema processual? 2. A coisa julgada parcial (aquela que se forma no julgamento antecipado parcial) autoriza rescisória? A decisão interlocutória parcial de mérito forma coisa julgada material, e, portanto autoriza rescisória. Mas, o prazo para a propositura da ação rescisória flui da última data da decisão final, que transitou em julgado. 3. Concedido pelo relator da rescisória de ofício efeito suspensivo como pode o réu atuar? 4. Por que se diz que a rescisória tem cabimento vinculado? TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO A tutela executiva tem qual natureza jurídica? Há ainda tutela jurisdicional? Partia-se de um raciocínio mais limitado da jurisdição: declaração do direito ao caso concreto, essa função é da tutela cognitiva. Na execução há satisfação do direito já declarado no caso concreto. Posto isso, a tutela executiva não tinha natureza jurisdicional. Com o conceito de jurisdição ampliado, não basta o jurisdicionado ter aplicação do direito no caso concreto sem a satisfação deste direito. O Estado deve ter mecanismos para coagir o devedor para este cumprir aquele direito. A jurisdição também engloba mecanismos de realização material deste direito, há uma sentença que declare o direito e o Estado que tenha força para constranger o devedor que voluntariamente não cumprir essa decisão. Hoje, nos principais países europeus, não há mais uma execução junto ao Poder Judiciário, ela foi desjudicializada em todo ou em parte. Pois, nem sempre há necessidade do juiz para validar os atos procedimentais, apenas alguns (ex. validade de penhora), mas para outros atos que são de natureza administrativa, não há necessidade o juízo. O debate hoje, está sobre a viabilidade de os atos executivos serem praticados exclusivamente na órbita administrativa – diretamente pelos próprios credores – controle jurisdicional exclusivamente para os embargos ou outra ação autônoma. ESPÉCIES DE TUTELA EXECUTIVA E ESTRUTURA METODOLÓGICA DO NOVO CPC Parte geral – determinada para estudo dos princípios. Parte especial – dividida em três livros: Livro I – Do processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença. Livro II – Do processo de Execução Livro III – Dos processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais. O cumprimento de sentença vem sistematicamente regulamentado junto ao Processo de Conhecimento, e separado do Processo de Execução. Até 2005, tínhamos no ordenamento processual um modelo de tutelas concebido por Liebman, o qual era dicotômico. Havia processos autônomos junto a estrutura judiciária. Havia o processo de conhecimento (fases: ordinatória, postulatória (...)). Ao fim, as sentenças condenatórias não são auto satisfativas (exequíveis), se o devedor a quem o juiz impõe uma obrigação de pagar/fazer/não fazer/entregar coisa, a sentença terá que gerar execução forçada por meio de instrumentos que o Estado possui. A sentença deve ter a mesma natureza jurídica da ação. Se for constitutiva, a sentença é auto satisfativa e não impõe execução forçada. A execução forçada tinha como consequência a entrada de novo processo autônomo, com petição inicial, uma sentença ao final, que formaria coisa julgada. Se a sentença condenatória fosse fruto do pedido genérico, o qual não há definição quantitativa no momento da propositura da ação. Nesse sentido, para a liquidação da sentença, deveria ter a propositura de uma nova ação (processo de liquidação), para a definição da quantia a ser cobrada. Esse modelo gerou a crise de ineficiência da tutela condenatória. ● L. 11232/05 Essa lei ela desestruturou (acabou com) o processo autônomo de execução fundado em título judicial. Partindo de um título judicial (sentença condenatória não cumprida. Nova estrutura – modelo sincrético de tutelas (mistura de fases processuais em um único processo). Hoje o autor ingressa com um processo exercitando o direito de ação uma única vez, sem a necessidade de se demandar de novo num processo de execução autônomo. De forma mais ágil e simples, o autor tem o direito declarado e sua satisfação executada em uma mesma relação processual. LIVRO I – Processo de Conhecimento e Cumprimento de Sentença. A fase cognitiva se desenvolve através das fases ordinatória, postulatória, probatória, decisória, recursal, até formar a coisa julgada. Se for de natureza jurídica constitutiva, não é necessidade de execução, já que ela é auto satisfativa. Se for condenatória, o autor pleiteia o início da execução por meio da abertura da fase de cumprimento de sentença, sendo que esta não é autônoma, é um desdobramento da fase cognitiva para cumprimento da sentença. Conforme a natureza da obrigação, a fase de cumprimento de sentença irá de desenvolver de maneiras diferentes. A sentença poderá ser ilíquida se o pedido for genérico, para a liquidação da sentença deverá o requerimento da abertura de fase de liquidação ser feito. O estudo do processo de conhecimento junto com o cumprimento de sentença devido ao modelo sincrético de tutelas, portanto, se o título executivo for judicial e se este não for cumprido, ela será executada na mesma relação processual, pela técnica do cumprimento de sentença. O cumprimento de sentença e uma técnica processual executiva (forma de execução) para modelos sincréticos quando o título judicial não é cumprido voluntariamente. Este só existe como fase, em modelos sincréticos e para títulos judiciais. O objeto é a simplificação do processo. LIVRO II – Processo de Execução Técnica executiva autônoma para a satisfação do crédito. Mas, deve ser fundada num título executivo extrajudicial. O modelo não é sincrético pois o título não foi produzido num processo de conhecimento. A natureza do título exige uma celebração de obrigação de outra forma, esta não surge por meio de decisão judicial surge a partir de autonomia da vontade das partes, que na vida celebrarão aquele título executivo judicial. A tutela executiva (gênero) comporta duas técnicas executivas (espécies): execução mediante fase de cumprimento – para títulos judiciais; execução mediante processo autônomo – para títulos extrajudiciais.Há dois tipos de processos no NCPC: processo de conhecimento e processo de execução. REQUISITOS DA EXECUÇÃO ART. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. ART. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. A execução enseja dois requisitos: título executivo e obrigação líquida certa e exigível. ● TÍTULO EXECUTIVO Não há execução sem título. Se houver, ela será nula. É um documento previsto sempre em lei que autoriza em razão de sua força de certeza a respeito da obrigação, a invasão na esfera jurídica e patrimonial do devedor. Este documento autoriza ao Estado aplicar instrumentos de coerção ou invasão patrimonial. Pois, retira todas as dúvidas acerca da obrigação e traz certeza sobre ela. Sem título executivo a execução não produz efeitos válidos e, portanto, será nula. Só há título se houver lei – princípio da legalidade estrita. Títulos judiciais ART. 515. – títulos executivos judiciais expressos no Novo CPC. Produzidos como regra em fase cognitiva anterior, mas há exceções (ex. sentença arbitral). Títulos extrajudiciais ART. 784. – títulos executivos extrajudiciais expressos no Novo CPC. O art. 784 não é exauriente. Existem títulos extrajudiciais que não são previstos no CPC e sim, em lei especial. As partes não podem por si só (autonomia da vontade) conferir força executiva ao título que não está previsto em lei como executivo, porque seguimos o princípio da legalidade estrita. ● OBRIGAÇÃO LÍQUIDA CERTA E EXIGÍVEL Não é título que é líquido, certo e exigível. LIQUIDEZ – é ausência de dúvida sobre o quantum debeatur (quantia que se deve). Se diante de um pedido certo e determinado o juiz proferir uma sentença genérica, esta é nula por força do pedido da congruência. O pedido genérico (ilíquido) autoriza ao juiz proferir uma sentença genérica se o juiz não conseguir quantificar a pretensão na fase probatória. Se o juiz não conseguir quantificar a pretensão na fase probatória a sentença proferida será genérica e ilíquida, não haverá cumprimento de sentença diretamente. Antes da execução deve se apurar a quantia devida. Só existe liquidação de título judicial (sentença genérico ou julgamento antecipado parcial genérico), não existe liquidação de título extrajudicial. O título extrajudicial pode ser ilíquido, não preenche requisito para execução, portanto, o credor deverá propor um processo autônomo (ação de cobrança) e, obter um título executivo judicial. CERTEZA – é ausência de dúvida sobre o an debeatur (o que se deve; objeto da obrigação). As partes não controvertem sobre a prestação que foi imposta. Não existe dúvida sobre a prestação ativa ou negativa, que está contida no título. EXIGIBILIDADE – é ausência de dúvida sobre o fato da obrigação estar vencida e não ter sido cumprida. O credor não tem interesse processual se o devedor ainda possui prazo para cumprir a obrigação voluntariamente. O juiz desenvolve cognição judicial na tutela executiva. Essa cognição recai sobre os requisitos da execução, ou seja, sobre o título e os requisitos da obrigação, que são matérias de ordem pública. Na execução, a cognição não é a mesma que desenvolve-se no processo de conhecimento (o qual a cognição é plena), é uma cognição limitada: existe título? O título está perfeito? A obrigação é liquida, certa e exigível? Ou seja, a cognição nos processos de execução é limitada pelos requisitos da execução, que são matérias de ordem pública. Devem ser reconhecidos de ofício e não se submetem a preclusão. São matérias de ordem pública, passíveis de conhecimento pelo juiz e não se submetem a preclusão, será nula a execução se ela não for lastreada por um título e se a obrigação não foi líquida certa e exigível. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL INADIMPLIDO Diante de um título judicial não cumprido a via para o cumprimento é o cumprimento de sentença. Ao cumprimento de sentença são aplicadas subsidiariamente as regras do processo de execução. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL INADIMPLIDO Surge a ideia de processo de execução. Diante de um cheque, duplicata, contrato de locação, que se aperfeiçoam como título extrajudiciais, a via do processo de execução é legítima. Porém, nada impede e, inclusive, o CPC de 2015 autoriza que o credor se valha do processo de conhecimento para formar um título judicial nesses casos. É possível que diante um título extrajudicial, o credor opte pela via cognitiva, para formação de um título judicial e o seu cumprimento será pelo cumprimento de sentença. O direito de ação é amplo e não sofre nenhuma limitação, quem escolhe o meio processual é o autor, no caso o credor. Não haverá falta de interesse processual, se o credor optar pelo processo de conhecimento diante de um título executivo extrajudicial. ART. 785. A existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo extrajudicial. Há uma faculdade, conferida pelo legislador, pelo credor, quanto a opção: tutela executivo ou tutela cognitiva. REsp 640.441/RJ INADIMPLEMENTO SEM TÍTULO Há uma obrigação que não está materializada por um título executivo. Este é condição para a execução, sendo nula a execução sem título. Deve-se formar um título e a via processual para que o título seja formado é uma ação de conhecimento e, na sequência, o credor vai satisfazer seu direito, pelo cumprimento de sentença. TÍTULO SEM INADIMPLEMENTO Há um título que ainda não está exigível. A obrigação ainda não está passível de exigibilidade, ou seja, não está vencida. Não há interesse processual antes do vencimento do título, pois ela ainda pode ser cumprida dentro do prazo. Mas, no caso concreto, o credor que possui o título executivo ainda não exigível, verifica que o devedor demonstra de forma clara e segura que está desfazendo-se de seu patrimônio, com o objetivo de frustar a execução. O credor, nesse caso, tem interesse numa tutela cautelar, para a segurança de que quando seu título for exigível o devedor terá patrimônio para satisfazê-lo. ART. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. A proteção cautelar só será concedida caso haja risco de dano grave ao credor, pois não haverá patrimônio do devedor. Ela não é satisfativa, o juiz não vai transferir o patrimônio do devedor antes da obrigação se tornar exigível. Mas, o juiz irá reservar os bens do devedor (mediante arresto, sequestro, ...), para o devedor não se desfazer de seu patrimônio. E, essa providência tem como ser reversível. O objetivo é a assegurar uma execução que seja eficaz, quando da exigibilidade da obrigação e seu não cumprimento voluntário. A tutela cautelar é instrumental,não protege o direito material, e sim o direito processual, há um processo de conhecimento/execução, que sejam válidos e efetivos. Não está sendo assegurada a transferência de bens do patrimônio do devedor para o patrimônio do credor, está sendo assegurado a uma execução que seja satisfativa – direito processual, ou seja, que haja patrimônio do devedor para satisfazer a obrigação. CONCEITO DE EXECUÇÃO O conceito de execução é polissêmico, ou seja, não possui apenas um significado, pode abrir várias vias. O que nos interessa é a execução forçada diante do não cumprimento voluntário da obrigação. “Conjunto de providências pelas quais se invade a esfera patrimonial do devedor, para satisfazer o credor, mediante atos materiais (de invasão patrimonial), entregando-lhe o bem da vida”. Execução vincula-se na ideia de satisfação de um crédito/obrigação, materializada em um título e, para tanto, já que não houve cumprimento voluntário o Estado precisa intervir com atos de força para que o devedor cumpra a obrigação. Os atos do Estado são práticos e materiais, de invasão patrimonial, para que o patrimônio do devedor seja invadido, garantindo a satisfação da obrigação. O processo de conhecimento se dá apenas por atos intelectuais, na execução se diz sobre atos práticos, materiais, que recaem sobre o patrimônio do devedor, que estão autorizados pela força de certeza do título executivo. A execução é patrimonial, o devedor responde com seus bens. ● Quais são os meios de que o Poder Judiciário dispõe para promover a satisfação do credor? Existem duas espécies de instrumentos chamados de sanção executiva. ● MEIOS DE SUB-ROGAÇÃO e MEIOS DE COERÇÃO: São meios pelos quais o Estado substitui a vontade do devedor. O Estado substitui a recusa do devedor e satisfaz a obrigação de forma a interferir no patrimônio do devedor e em sua esfera jurídica. Diante da recusa do devedor o Estado supre essa inércia, substituindo a recusa/vontade do devedor. O legislador constrói uma correlação vinculando os meios sub-rogatórios a natureza da obrigação, há uma correlação típica: para cada tipo de obrigação há um tipo sub-rogatório – PRINCÍPIO DA TIPICIDADE DOS MEIOS SUB-ROGATÓRIOS. MEIOS SUB ROGATÓRIOS Obrigação Meio de Obrigação Pagar quantia Expropriação mediante a penhora Entregar coisa Busca e apreensão ou Imissão na posse Fazer e não fazer Título extrajudicial – transformação por terceiro. Obrigação de Pagar Quantia. Serão retirados do patrimônio do devedor, a mesma quantia que o credor deveria receber se houvesse cumprimento voluntário. A execução de pagar quantia vai cair sobre o dinheiro, por meio de ativos financeiros, realizado via Bacen-Jud. Na execução vigora o Princípio da Máxima Coincidência, ou seja, o credor deve obter na execução forçada o mesmo resultado que receberia na execução voluntária. A penhora tem uma ordem de satisfação, se a obrigação for de pagar quantia, a penhora deve recair sobre o dinheiro, mas é possível que ela recaia sobre outros bens, e por meio de técnicas processuais, esses bens se tornarão, serão convertidos em dinheiro para que o credor receba a mesma quantia que receberia se a execução fosse voluntária. Obrigação de Entregar Coisa. Se o bem for móvel, o meio sub-rogatório típico será o de busca e apreensão. O Estado retira a coisa do devedor e entrega ao credor. Se o bem for imóvel, devido a impossibilidade de busca e apreensão, o meio sub-rogatório típico é o da imissão na posse. O Estado terá a conduta inversa, retira-se o devedor da coisa e lá será colocada o credor. A imissão da posse é a primeira posse, ou seja, o primeiro contato do credor com a coisa. Obrigação de Fazer e Não Fazer. Até 1994, o ordenamento judicial, diante de uma obrigação não cumprida, prestigiava a tutela pecuniária. A tutela específica, aquela que dava o que foi acordado anteriormente, era excepcional. A partir do CDC, a regra foi invertida. Diante de obrigações não realizadas (fazer/não fazer), passou a se prestigiar a tutela específica. O Estado passa a ter mecanismos para coagir o cumprimento da obrigação in natura. A tutela específica só seria invertida em tutela pecuniária se o credor preferir ou se a questão for impossível de ser cumprida. ART. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. Prestigia-se a tutela específica da obrigação, o juiz tem poderes para impor todas as medidas coercitivas necessárias para o cumprimento da obrigação in natura. §1º. Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras, o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. Relaciona em rol aberto, não taxativo, as principais medidas de coerção, que o juiz está autorizado a aplicar para que o devedor cumpra a tutela específica. ART. 139. IV. Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. Poderes genéricos do juiz – reforçar os poderes coercitivos que o juiz possui. Essas medidas pelas quais o Estado busca a tutela específica da obrigação, são chamadas de medidas de execução indireta (medidas de coerção, medidas de coação, medidas de apoio, medidas de pressão psicológica). O objetivo delas é constranger no devedor de que algum mal lhe recaia se a obrigação específica não for cumprida. Atuam por pressão psicológica, em relação a eles vigora o princípio da atipicidade, pois não estão previstos em rol fechado e, sim, num rol exemplificativo. Essas medidas podem ser fixadas de ofício ou a requerimento. Essas medidas não estão relacionadas ao pedido e, sim, ao cumprimento da decisão, a efetividade da tutela jurisdicional. Ou seja, as medidas aplicáveis de ofício não violam o princípio da congruência. Essas medidas não transitam em julgado, elas podem ser revistas a qualquer tempo, desde que elas se tornem inadequadas ao constrangimento. É possível reduzir/aumentar a multar, cumular a multa com força policial. É possível de serem revistas sempre que se tornarem inócuas, de ofício, pois não transitam em julgado. É possível adequar esses meios de pressão do curso do processo, porque não transitam em julgado, são passíveis de revisão. O rol das medidas de apoio que estão no art. 536, §1º é ilustrativo, exemplificativo. Outras medidas podem ser impostas, elas precisam ser constitucionais, adequadas, suficientes ao constrangimento, proporcionais e razoáveis. Dentre outras medidas de apoio, a restrição do passaporte, o bloqueio da CNH, o bloqueio do crédito
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