Buscar

Módulo 4 planejamento e políticas educacionais

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Mirian Elizabet Hahmeyer Collares
Planejamento e Políticas 
Educacionais
Sumário
03
CAPÍTULO 4 – Como garantir que todos tenham acesso às políticas sociais? .......................01
Introdução ...................................................................................................................01
4.1 Ações de inclusão social ...........................................................................................01
4.1.1 Políticas de ação afirmativa ..............................................................................01
4.1.2 Inclusão social via Ação Afirmativa ...................................................................04
4.2 A inserção da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” ...........................................06
4.2.1 A educação contra o racismo ...........................................................................07
4.3 A inserção da temática “História e Cultura Indígena” ...................................................11
4.3.1 A questão indígena na educação brasileira ........................................................11
Síntese ..........................................................................................................................15
Referências Bibliográficas ................................................................................................16
01
Capítulo 4 
Introdução 
Você já deve saber que as políticas sociais são públicas, isto é, são voltadas a todos os cidadãos, 
certo? Você também já deve ter conhecimento de que essas políticas são ações de governo e 
que variam dependendo do programa do governo eleito. Isso significa que cada mudança de 
governo é sempre acompanhada por alterações nas políticas sociais.
Você certamente já ouviu que existem políticas sociais que priorizam o atendimento à população 
mais pobre, por exemplo. Mas você sabia que existem ações de governo destinadas apenas a 
uma parcela dos brasileiros? Sabia que essas ações têm por objetivo garantir que todos os cida-
dãos possuam igualdade de acesso às políticas públicas? 
Neste capítulo, vamos identificar na legislação atual de educação como ocorre a inclusão de 
parcelas da população com maiores dificuldades de acesso a essas políticas (tais como indíge-
nas e negros, por exemplo). Iremos discutir também por meio de quais ações o governo busca 
garantir o direito de todos à educação. 
Vamos lá!
4.1 Ações de inclusão social
Como você deve saber, o Brasil é um dos países com maior multirracialidade do mundo. Como 
afirmou Darcy Ribeiro (1995, p. 22), “Mais que uma simples etnia, porém, o Brasil é uma etnia 
nacional, um povo-nação, assentado num território próprio e enquadrado dentro de um mesmo 
Estado para nele viver seu destino”.
Você também deve ter percebido que as questões raciais são constantes na educação brasileira, 
tendo sido definitivamente incorporadas ao sistema educacional através dos Parâmetros Curricu-
lares Nacionais (PCNs) e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996. Você sabe dizer se esse de-
bate possui novas regulamentações? Você é capaz de responder por que é importante levar para 
a sala de aula essas discussões? Então fiquei atento, pois discutiremos tais questões neste tópico. 
4.1.1 Políticas de ação afirmativa
Você deve compreender que as políticas sociais são criadas para atender aos direitos sociais 
garantidos pela Constituição Federal de 1988. No entanto, sabemos que, apesar das garantias 
legais, existem parcelas da população que não conseguem ver seus direitos realizados plena-
mente. Você já se perguntou por que isso ocorre? O que impede que crianças em idade escolar 
estejam nas escolas? Por que pessoas doentes não conseguem atendimento de saúde? 
Como garantir que todos tenham 
acesso às políticas sociais?
02 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
Figura 1 - Apesar das garantias legais, há parcelas da população que não têm seus direitos cumpridos ou respeitados.
Fonte: Anton_Ivanov, Shutterstock, 2016.
Para compreendermos isso, é preciso entender como se constituiu a sociedade brasileira e como, 
historicamente, essas desigualdades de direitos foram sendo combatidas. A esse debate trazemos 
a noção de Ação Afirmativa. 
Em linhas gerais, podemos definir a política de Ação Afirmativa como uma estratégia de gover-
no que busca resgatar a concepção de igualdade. Estamos falando aqui de algo que vai além 
da igualdade formal garantida pela Constituição; nos referimos à igualdade de fato. A política, 
portanto, oferta meios para que todos os cidadãos, independentemente de suas condições de 
gênero, de raça ou cor, possuam as mesmas oportunidades. 
Um dos textos mais relevantes sobre o tema foi escrito por Sabrina Moehlecke, sendo 
intitulado “Ação Afirmativa: história e debates no Brasil”, publicado em Cadernos 
de Pesquisa (2002), que você pode ler na íntegra pelo endereço: <http://www.scielo.
br/pdf/cp/n117/15559.pdf>.
VOCÊ QUER LER?
Dessa forma, a Ação Afirmativa representa um instrumento para corrigir as desigualdades so-
ciais, sejam elas econômicas ou políticas. Segundo Moehlecke (2002, p. 203),
[...] podemos falar em ação afirmativa como uma ação reparatória/compensatória e/ou 
preventiva, que busca corrigir uma situação de discriminação e desigualdade infringida a certos 
grupos no passado, presente ou futuro, através da valorização social, econômica, política e/ou 
cultural desses grupos, durante um período limitado. A ênfase em um ou mais desses aspectos 
dependerá do grupo visado e do contexto histórico e social.
Saiba que o termo Ação Afirmativa foi popularizado nos anos de 1960 nos Estados Unidos, como 
uma discriminação positiva, servindo como base para a reivindicação de igualdade de oportuni-
dades a todos os cidadãos, em especial pelos movimentos negros contra a segregação racial em 
ambientes públicos (como escolas, ônibus, igrejas etc.). A segregação naquele país perdurou até 
1964 com a aprovação da Lei dos Direitos Civis.
03
Martin Luther King Jr. foi um pastor e ativista do movimento negro norte-americano que 
recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1964, popular em todo o mundo por suas reivindi-
cações não-violentas em prol do reconhecimento da igualdade entre negros e brancos 
(VEJA, 1968).
VOCÊ O CONHECE?
No Brasil, o termo Ação Afirmativa aparece com os movimentos sociais da década de 1980, ser-
vindo de base para a reivindicação de uma maior responsabilidade do poder público em relação 
às questões raciais, étnicas e de gênero. Perceba que o movimento coincide com a reabertura 
democrática pela qual o país passava (MOEHLECKE, 2002). 
Segundo Moehlecke (2002), no texto da Constituição de 1988, podemos identificar a legalidade 
de Ações Afirmativas na garantia de manutenção e proteção da mulher no mercado de trabalho 
e a reserva de percentual de cargos e empregos públicos para portadores de deficiências. 
 
Figura 2 - No Brasil, as reivindicações dos movimentos sociais foram atendidas pela Constituição de 1988.
Fonte: minoru suzuki, Shutterstock, 2016. 
Outro avanço da Constituição de 1988, no sentido de reconhecer e enfrentar as desigualdades 
da sociedade brasileira, pode ser identificado no princípio de dignidade da pessoa humana (arti-
go 1º e 3º). Trata-se de um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil: “[...] 
construir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir 
as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos, de origem, 
raça, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (BRASIL, 1988).
E, aí, a Lei Maior é aberta com o artigo que lhe revela o alcance: constam como fundamentos 
da República Brasileira a cidadania e a dignidade da pessoa humana, e não nos esqueçamos 
jamais de que os homens não são feitos para asleis; as leis é que são feitas para os homens. 
Do art. 3º vem-nos luz suficiente ao agasalho de uma ação afirmativa, a percepção de que o 
único modo de se corrigir desigualdades é colocar o peso da lei, com a imperatividade que ela 
deve ter em um mercado desequilibrado, a favor daquele que é discriminado, que é tratado de 
forma desigual. (MELLO, 2001, p. 3)
Podemos então entender que as Ações Afirmativas fazem parte de uma proposta estatal de in-
clusão social. A noção de inclusão parte da perspectiva de assegurar a igualdade de condições 
e de oportunidades aos grupos sociais discriminados historicamente, como, por exemplo, os 
afrodescendentes, índios e as mulheres (MEC, 2007).
04 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
4.1.2 Inclusão social via Ação Afirmativa 
Ao falarmos em inclusão, comumente nos lembramos dos portadores de necessidades especiais, 
não é mesmo? Isso ocorre porque denominamos de Educação Inclusiva a acessibilidade de 
deficientes nas escolas regulares. Saiba que essa modalidade de inclusão se deu após a “Decla-
ração de Salamanca”, texto resultante da Conferência Mundial de Educação Especial ocorrida na 
Espanha em 1994, no qual estão dispostas as diretrizes internacionais de inclusão educacional 
aos portadores de deficiência. Acompanhe! 
• Toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de 
atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
• Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem 
que são únicas.
• Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser 
implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características 
e necessidades.
• Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que 
deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer 
tais necessidades.
• Escolas regulares, que possuam tal orientação inclusiva, constituem os meios mais eficazes de 
combater atitudes discriminatórias, criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma 
sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem 
uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, 
o custo da eficácia de todo o sistema educacional. (MACIEL, 2000, p. 51). 
Outra forma de discriminação social combatida pela noção de inclusão social se refere às ques-
tões de gênero, ou seja, à distribuição desigual das oportunidades entre homens e mulheres. 
Em um estudo realizado na Espanha, mas que serve muito bem à nossa realidade, Montsserat 
Moreno (2003) observou que existe na sociedade o androcentrismo (a concepção do homem, 
masculino, como centro social) que é internalizado por meio dos costumes, conferindo aos ho-
mens uma espécie de superioridade sobre a mulher. 
O androcentrismo consiste em considerar o ser humano do sexo masculino como o centro do 
universo, como a medida de todas as coisas, como o único observador válido de tudo o que 
ocorre no nosso mundo, como o único capaz de ditar leis, de impor a justiça, de governar o 
mundo. É precisamente esta metade da humanidade que possui a força (os exércitos, a polícia), 
domina os meios de comunicação de massa, detém o poder legislativo, governa a sociedade, 
têm em suas mãos os principais meios de produção e é dona e senhora da técnica e da ciência. 
(MORENO, 2003, p. 23).
Ainda segundo esse estudo, Moreno (2003) defende o papel central da educação no processo 
de combater a discriminação sexista, pois é na escola que aprendemos a pensar e a questionar. 
Assim, a escola pode refletir e discutir os papéis sociais desempenhados por homens e mulheres, 
independente de seus estereótipos de gênero. A ideia é que, pela educação, possamos intervir e 
reconhecer as diferenças sem que isso resulte em desigualdade de oportunidades.
CASO 
Com a obrigatoriedade de que sejam elaborados os Planos Estaduais e Municipais de Educação, 
o debate sobre a inclusão das questões de gênero tem esbarrado em diferentes pontos de vista. 
De um lado, estão os educadores e pesquisadores das mais diversas áreas defendendo a impor-
tância de tratar as questões de gênero na escola através dos conteúdos, visando a redução da 
05
discriminação e do preconceito. Por outro, certos setores da sociedade, em especial ligados às 
igrejas, defendem que a orientação de gênero deve fazer parte da educação familiar e comu-
nitária, independente dos conteúdos escolares. Para se ter uma dimensão da proporção desse 
debate, até 12 de maio de 2016, dos 23 PEE aprovados, apenas 13 fazem menção a igualdade 
de gênero (SALGADO, 2016).
Em 1995, podemos identificar, ainda segundo Moehlecke (2002), as primeiras políticas de cotas 
na legislação eleitoral pela exigência de 30% de mulheres nas candidaturas. Já na educação, 
segundo a autora (MOEHLECKE, 2002), podemos identificar três tipos de ações afirmativas: 
• adoção de aulas de complementação (cursos preparatórios e/ou reforço etc.);
• financiamento de custos (custeio de mensalidades, bolsas de estudos, auxílio moradia etc.);
• mudanças nas modalidades de ingresso (sistemas de cotas, alternativas ao vestibular etc.).
Como você pode perceber, existem diferentes formas de ação afirmativa, das quais o sistema 
de cotas é uma das mais visíveis e também uma das mais polêmicas. Isso porque, ao afirmar o 
direito de acesso a minorias sociais (negros, índios, pobres), ele acaba por reduzir os direitos dos 
demais cidadãos que não pertencem a esses grupos. A adoção de cotas na educação brasileira 
é mais facilmente identificada no ensino superior. 
Saiba que essa adoção começou na Universidade de Brasília, em 2000, com reserva de vagas 
para estudantes negros, e foi seguida pelo estado do Rio de Janeiro, que determinou, entre 2002 
e 2003, que 50% das vagas das universidades estaduais seriam destinadas a estudantes de esco-
las públicas. Posteriormente, as políticas universitárias de cotas para o acesso foram difundidas 
em quase todos os estados brasileiros.
VOCÊ PODE VER?
Confira o documentário intitulado “Raça Humana”, produzido pela TVCâmara em 2004. 
Nele, você poderá conhecer a realidade sobre a implementação da política de cotas na 
Universidade de Brasília. Disponível em:< http://www.camara.gov.br/internet/tvcama-
ra/default.asp?lnk=BAIXE-E-USE&selecao=BAIXEUSE&nome=baixeCidadaniaDoc>.
Em 2012, foi aprovada a Lei 12.711 - Lei de Cotas, a qual garante 50% das vagas das institui-
ções federais de ensino superior para estudantes oriundos de escolas públicas, visando garantir a 
democratização do ensino superior e a redução das desigualdades sociais do país (BRASIL, 2012). 
VOCÊ QUER VER?
O Ministério da Educação disponibiliza em seu site um iconográfico explicativo sobre a 
política de cotas no ensino superior nacional. Neste endereço, você pode saber como 
funciona o sistema de cotas, a legislação e ainda poderá tirar dúvidas sobre o tema: 
<http://portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.html>. Vale a pena conferir!
Na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, no artigo 26º, é assegurada a inclusão de conteúdos 
nos currículos da educação básica que respeitem as características regionais e locais, a cultura e a 
economia dos diferentes grupos sociais. No parágrafo 4º do artigo, está assim definido: “O ensino 
06 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a forma-
ção do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia” (BRASIL, 1996).
Figura 3 – Em 1996 definiu-se que as contribuições da cultura africana passariam a constar no ensino da História do Brasil.
Fonte: YaromirM, Shutterstock, 2016. 
Entenda que esses avanços no sentido degarantir uma educação mais inclusiva, que permita 
a todos o acesso a essa importante política social brasileira, podem ser identificados no Plano 
Nacional de Educação (PNE). Ao se referir às crianças portadoras de necessidades especiais, a 
meta 4 expõe:
4 - Educação Especial/Inclusiva
Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao 
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a 
garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas 
ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014).
Você pode observar que o PNE, portanto, não se limita à educação inclusiva, mas expande a 
perspectiva de valorização das diferenças e a democratização de todos os níveis e modalidades 
de ensino. Outras formas de garantir o acesso indiscriminado ao sistema nacional de educação 
se dão por meio das regulamentações específicas, tais como as leis que garantem o ensino de 
História e Cultura Africana e Indígena. 
4.2 A inserção da temática “História e Cultura 
Afro-Brasileira”
Você já deve ter ouvido falar que o Brasil é um país multirracial e multicultural diversas vezes, 
assim como deve saber que racismo é crime em nosso país. Por outro lado, você também deve 
conhecer inúmeros casos de discriminação racial que ocorrem cotidianamente. Basta um sim-
07
ples acesso à internet para nos depararmos com diversas manifestações racistas. Mas por que 
isso acontece? Por que, em pleno século XXI ainda encontramos processos discriminatórios e 
preconceituosos? E na escola, você consegue perceber o racismo? Neste tópico, discutiremos as 
implicações desses questionamentos. 
4.2.1 A educação contra o racismo
O racismo é uma mácula da sociedade em geral, e está entranhado em nossa cultura de tal for-
ma que o reproduzimos sem nos darmos conta disso. Em sua origem, ainda no período colonial, 
ele se manifestava na exclusão dos negros escravos do âmbito social (de hegemonia branca), 
empurrando-os assim para a margem da sociedade e estigmatizando-os como “marginais”. Po-
rém, essa “marginalização” não impediu a dinâmica de miscigenação, a qual ampliou o racismo 
também aos mestiços (MARÇAL e LIMA, 2015). 
 
Figura 4 - A marginalização do negro não impediu a dinâmica da miscigenação. 
Fonte: Anna Omelchenko, Shutterstock, 2016. 
Esse processo, segundo Marçal e Lima (2015), incluiu na ótica social de discriminação negros, pardos, 
indígenas, enfim, todos que não eram considerados “brancos”. Tal condição se manteve mesmo após 
a abolição da escravatura com a Lei Áurea de 1888. Ainda como cidadãos livres, os negros foram 
discriminados, não apenas socialmente, mas também em seus direitos e garantias sociais.
Que no Brasil costuma-se falar em “democracia racial”? No sentido de reforçar a ideia 
de que existem harmonia e tolerância social entre os grupos étnicos que compõem a 
sociedade (negros, índios e brancos). Esse termo tem sua origem no livro de Gilberto 
Freire, intitulado “Casa Grande e Senzala”, publicado em 1933 (SANTOS, 2006).
VOCÊ SABIA?
Segundo Cruz (2005, p. 27-28), não possuímos registros formais sobre a história da educação 
dos negros no Brasil. Temos apenas alguns registros dos primeiros anos do Brasil República que 
apontam que algumas camadas negras da população frequentavam as escolas oficiais. Ainda 
segundo Cruz (2005), há registros de escolas criadas por negros, como o Colégio Perseverança 
em Campinas/SP (1902), por exemplo. Somente a partir da segunda metade do século XIX é que 
existem registros da participação da população negra no sistema educacional brasileiro.
08 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
Os mecanismos do Estado brasileiro que impediram o acesso à instrução pública dos negros 
durante o Império deram-se em nível legislativo, quando se proibiu o escravo, e em alguns 
casos o próprio negro liberto, de frequentar a escola pública, e em nível prático quando, mesmo 
garantindo o direito dos livres de estudar, não houve condições materiais para a realização 
plena do direito (CRUZ, 2005, p. 29).
Cabe observar que somente nos debates que antecederam a elaboração da Lei de Diretrizes e 
Bases da educação nacional de 1961 é que encontramos claramente a proposição da democra-
tização do ensino, independente das questões de classe, raça ou crença (MARÇAL e LIMA, 2015). 
Confira a seguir o que define seu artigo 1º.
Art. 1º, a educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade 
humana, tem por fim: 
[...]
g - A condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política 
ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça. (BRASIL, 1961).
A mesma concepção de democratização da educação, independente das diferenças raciais, 
pode ser encontrada na LDB de 1971, sem alterações significativas. Cabe ressaltar que o debate 
social, em especial pela organização de movimentos negros, quanto ao combate à discriminação 
e ao racismo foi intensificado nesse período (MARÇAL e LIMA, 2015).
Dessa forma, podemos observar que a inclusão da população negra no sistema educacional, 
bem como nas demais esferas da sociedade, ocorreu de forma lenta e gradual, em grande me-
dida por pressões dos movimentos negros ao reivindicarem seu lugar na sociedade, em busca de 
seu reconhecimento enquanto cidadãos brasileiros.
Figura 5 - Observe a inclusão social de negros no sistema educacional.
Fonte: udeyismail, Shutterstock, 2016. 
Assim, podemos dizer que, no Brasil, o movimento negro ganhou força política a partir da dé-
cada de 1970, o que foi pautado no debate para garantir os direitos sociais e a equidade entre 
brancos e negros, em especial, nas temáticas educativas (LOPES, 2014). Segundo Lopes (2014), 
o movimento negro emerge no Brasil como uma “negatividade histórica”, ou seja, pelo ques-
tionamento da história oficialmente propagada como sendo branca e racista, pois mantinha os 
negros na condição de servidão social. 
09
Com base no texto de Lopes (2014), podemos resumidamente destacar os principais movimentos 
negros no Brasil, desde a colônia até a atualidade, da seguinte maneira: 
• a formação do quilombos (território onde se refugiavam os negros que fugiam da 
escravidão), caracterizados pela resistência;
• revoltas de escravos (por exemplo, a Revolta dos Malês na Bahia em 1835);
• a Revolta da Chibata no Rio de Janeiro, em 1910 (após a abolição);
• a Frente Negra Brasileira, movimento que reivindicava direitos iguais entre brancos e 
negros, tendo sido originado em 1931 no estado de São Paulo, transformado em partido 
político em 1936 e extinto em 1937;
• em 1978, a organização do Movimento Negro Unificado (MNU);
• em 1995, em Brasília, a organização da Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, 
pela Cidadania e a Vida, em comemoração dos 300 anos da morte do líder quilombola. 
Essa organização resultou em um documento entregue à presidência da República, 
intitulado Programa de Superação do Racismo e da Desigualdade Racial;
• após os anos 2000, o movimento negro se destaca em lutas em prol de políticas públicas 
de ação afirmativa;
• em 2001, após a 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a 
Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, promovida pela Organização das Nações 
Unidas (ONU), foi organizada no Brasil a Conferência Nacional Contra o Racismo e a 
Intolerância;
• em 2003, foi instituída a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), 
atualmente vinculada ao Ministério da Justiça e Cidadania;
• a promulgação da Lei Federal 10.639, de 2003, a qual dispõe sobre a obrigatoriedade 
do ensino da cultura Afro-brasileira e indígena nas escolaspúblicas e privadas do Brasil;
• em 2004, o Parecer CNE/CP 03/2004 e a Resolução CNE/CP 01/2004, os quais 
regulamentam e instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das 
Relações Étnico-Raciais, para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas 
escolas brasileiras;
• em 2010 foi criado o Estatuto da Igualdade Racial.
Após a Constituição de 1988, a qual definiu o racismo como crime passível de ser punido com pri-
são, com a promulgação de uma nova LDB em 1996, novos avanços puderam ser observados na 
educação nacional, no sentido de garantir a população negra o acesso e a permanência na esco-
la. Entenda que, ainda que essa LDB não apresente texto específico para a população negra, ela 
aborda as questões de raça, incluindo a temática étnico-racial, (em especial a questão indígena).
Em 2003, foi promulgada a Lei 10.639, estabelecendo a obrigatoriedade de inclusão da temá-
tica “História e Cultura Afro-Brasileira” nos currículos de ensino fundamental e médio. Seu obje-
tivo era reconhecer a importância da inserção da cultura afro-brasileira no ensino, combatendo 
o racismo e a discriminação racial.
10 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
Para você se aprofundar mais nesse debate, sugerimos a leitura do artigo de Luena 
Nascimento Nunes Pereira, intitulado “O ensino e a pesquisa sobre a África no Bra-
sil e a lei 10.639”, publicado pela Revista África e Africanidades, em 2010. Disponível 
em: <http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/01112010_16.pdf>.
VOCÊ QUER LER?
Assim, ficou definido em seu parágrafo 1º:
O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História 
da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na 
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, 
econômica e política pertinentes à História do Brasil. (BRASIL, 2003).
Saiba que essa lei foi alterada pela Lei n. 11.645 em 2008, a qual incluiu, além da obrigato-
riedade do ensino de história afro-brasileira, a história indígena nos currículos do ensino funda-
mental e médio.
VOCÊ QUER VER? 
A TV Brasil disponibiliza um episódio da série Brasilianas, intitulado “A obrigatorie-
dade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”, de 2014. Dis-
ponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/brasilianas/episodio/a-obrigatoriedade-do-
-estudo-da-historia-e-cultura-afro-brasileira-e-indigena>. No vídeo, é apresentado 
um debate entre especialistas sobre a importância da temática.
O Estatuto da Igualdade Racial, criado em 2010, compreende as garantias de igualdade, de 
oportunidades e a defesa dos direitos étnicos com vistas ao combate à discriminação e à intole-
rância. Assim, são considerados (BRASIL, 2010):
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência 
baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular 
ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos 
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em 
qualquer outro campo da vida pública ou privada; 
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, 
serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência 
ou origem nacional ou étnica; 
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua 
a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; 
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o 
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
ou que adotam autodefinição análoga; 
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento 
de suas atribuições institucionais; 
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa 
privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de 
oportunidades.
11
Essa legislação abriu espaço para uma série de ações e programas governamentais no sentido 
de incluir minorias no sistema educacional brasileiro. Podemos identificar, segundo informações 
do MEC (2016), uma série de cursos de capacitação e aperfeiçoamento destinados a educadores 
visando atender as exigências na educação. Desde 2005, mais de 52 mil profissionais da edu-
cação já fizeram cursos de Educação Quilombola, de Educação para as Relações Étnico-Raciais, 
de História Afro-brasileira e Africana e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Escola 
(MEC, 2016).
O Ministério da Educação (MEC) disponibiliza um site intitulado “Educação para as 
relações étnico-raciais”, por meio do qual você pode se inteirar mais sobre a temática. 
Disponível em: <http://etnicoracial.mec.gov.br/index.php>.
VOCÊ QUER LER?
Observe que as Ações Afirmativas na educação fazem parte de um conjunto mais amplo de com-
bate às desigualdades sociais brasileiras. A ideia é desconstruir processos históricos de discrimi-
nação e preconceito racial nas diversas áreas, tais como no trabalho, na saúde e na educação.
Nesse sentido, segundo o Conselho Nacional de Educação - CNE (BRASIL, 2004), a regulamen-
tação não só reconhece a importância desses grupos sociais para o desenvolvimento nacional, 
como também garante:
[...] o direito dos negros, assim como de todos os cidadãos brasileiros, cursarem cada um dos 
níveis de ensino, em escolas devidamente instaladas e equipadas, orientados por professores 
qualificados para o ensino de diferentes áreas de conhecimentos; com formação para lidar com 
as tensas relações produzidas pelo racismo e discriminações, sensíveis e capazes de conduzir 
a reeducação das relações entre diferentes grupos étnico-raciais entre eles descendentes de 
africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas. Estas condições materiais das escolas 
e de formação de professores são indispensáveis para uma educação de qualidade para 
todos, assim como é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos 
descendentes de africanos.
Assim, a inclusão do ensino da história africana e sua cultura contribui para a formação de cidadãos 
conhecedores de suas origens, respeitando as diferenças e valorizando a sociedade brasileira. 
4.3 A inserção da temática 
“História e Cultura Indígena”
Tal como a temática afrodescendente, a questão indígena também se tornou obrigatória no currículo 
do ensino fundamental e médio. Isso se deu com a alteração da legislação em 2008 (Lei n. 11.645). 
O objetivo é valorizar a cultura dos povos indígenas, combater a discriminação e o preconceito, 
bem como concretizar a inclusão efetiva desta parcela da população nas políticas sociais.
4.3.1 A questão indígena na educação brasileira
Você sabia que apesar de constituírem a população de origem do país, os povos indígenas 
brasileiros só se tornaram cidadãos de direito a partir da Constituição de 1988? Antes disso, a 
população indígena, composta por diversas nações, era tutelada pelo Estado e não dispunha 
de direito sobre suas terras, sua cultura e língua, ou seja, tudo o que possuíam eram do Estado, 
cabendo-lhes apenas a manutenção de suas vidas (LIMA, 2015).
12 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
VOCÊ QUER VER? 
A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) disponibiliza um infográfico sobre a população 
e as terras indígenas brasileiras, no qual você poderá observar a distribuição dessa 
população no território nacional. Disponível em: < http://www.funai.gov.br/arquivos/
conteudo/ascom/2013/img/12-Dez/pdf-brasil-ind.pdf >. 
A tutela indígena data da criação do Serviço de Proteçãoaos Índios (SPI), substituído pela Funda-
ção Nacional do Índio (FUNAI) em 1967, como órgão oficial responsável por prestar assistência 
à população indígena brasileira. A ideia era uma espécie de “nacionalização dos índios”, de 
que a “[...] política indigenista adotada iria civilizá-lo, transformaria o índio num trabalhador 
nacional” (FUNAI, 2016). 
Segundo a FUNAI (2016), em 1928 foi oficialmente declarada a tutela indígena pelo Estado 
Brasileiro (Decreto 5.484). Assim, passaram a ser administrados todos os bens materiais (terras) 
e imateriais (cultura, língua, representação política) indígenas por funcionários estatais, também 
chamados de indigenistas.
Figura 6 - Lembre-se de que o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) foi substituído pela Fundação Nacional do Índio 
(FUNAI), em 1967. 
Fonte: Jos Post, Shutterstock, 2016. 
Nesse período, ainda segundo a FUNAI (2016), a educação da população indígena estava 
pautada na alfabetização de crianças e adultos (por meio de cultos cívicos), aprendizado em 
trabalhos manuais, técnicas agrícolas e pecuárias, além de cuidados corporais, tais como o uso 
de roupas e hábitos de higiene. Em outras palavras, podemos entender que a educação estava 
em alinhamento com a proposta de “nacionalização” indígena.
O processo de democratização do Estado brasileiro, durante a década de 1980, permitiu e 
incentivou a ampla discussão da chamada “questão indígena” pela sociedade civil e pelos 
próprios índios, que começaram a se conscientizar e a se organizar politicamente, num processo 
de participação crescente nos assuntos de seu interesse (FUNAI, 2016).
Assim, podemos observar a redação dos artigos 231 e 232 da Constituição de 1988:
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e 
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à 
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
[...]
13
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em 
juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos 
do processo (BRASIL, 1988).
O reconhecimento constitucional resultou, segundo Lima (2015), em uma mobilização dos mo-
vimentos indígenas, especialmente na Amazônia, visando uma maior participação política e 
ampliação de sua representação jurídica. Essa mobilização garantiu aos povos indígenas acesso 
aos direitos e às políticas sociais, assim como o reconhecimento de seus direitos sobre a terra. 
Segundo o censo demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística (IBGE), a população indígena conta com 896.917 pessoas, 305 etnias e 
274 línguas diferentes (IBGE, 2010).
VOCÊ SABIA?
A inclusão da questão indígena no sistema educacional brasileiro se deu com a promulgação da 
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, cuja redação do artigo 78 está exposta a seguir. 
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento 
à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, 
para oferta de educação escolar bilingüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes 
objetivos:
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias 
históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos 
técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias 
(BRASIL, 1996).
Dessa forma, podemos observar que, diferente da população negra brasileira, aos índios está 
garantida legalmente a inclusão do que conveniamos chamar de “educação indígena”. Segundo 
a FUNAI (2016), a LDB/96 garante uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, 
multilíngue e comunitária, em regime de colaboração entre o Ministério da Educação (MEC), os 
estados e municípios, garantindo a ampla participação das comunidades indígenas. O artigo 79 
da LDB/96 dispõe que: 
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento da 
educação intercultural às comunidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de 
ensino e pesquisa.
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comunidades indígenas (BRASIL, 
1996).
No parágrafo 2º do mesmo artigo estão dispostos os objetivos que devem compor os Planos 
Nacionais de Educação quanto ao atendimento da população indígena: práticas socioculturais 
e a valorização da língua materna de cada comunidade indígena; programas de formação es-
pecializada na educação escolar nas comunidades indígenas; currículos e programas específicos 
com conteúdo cultural correspondentes às respectivas comunidades; elaboração e publicação de 
material didático específico e diferenciado.
14 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
Figura 7 - A LDB/96 garante uma educação escolar diferenciada 
comampla participação das comunidades indígenas.
Fonte: Glauco Capper /Ascom Ufac MEC, 2015.
No ensino superior, o parágrafo 3º do artigo 79 garante o atendimento aos diferentes povos indí-
genas nas universidades em programas especiais. Nesse sentido, em 2005, o Ministério da Edu-
cação criou o Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Interculturais Indígenas 
(Prolind), com o objetivo de formar professores específicos para atender a educação indígena. 
CASO 
Você sabia que está em discussão no Ministério da Educação (MEC) a criação da Universidade 
Indígena? Desde 2014, existe um grupo de trabalho elaborando o projeto de criação de uma 
instituição de educação superior intercultural indígena. A ideia é a formação de profissionais 
indígenas para gerir os territórios etnoeducacionais – programa criado em 2009 (Decreto 6.861) 
que busca apoiar a implementação, avaliação e o enraizamento da Política de Educação Escolar 
Indígena nas mais diversas áreas (saúde, educação, direito etc.) (MEC, 2014).
Podemos concluir este capítulo compreendendo que a questão indígena possui direitos específi-
cos acompanhados por políticas próprias. Trata-se aqui de questões diferentes das que envolvem 
a população negra nacional, que dispõe de igualdade formal (jurídica) e que, para ter os direitos 
sociais garantidos, necessita de Ações Afirmativas diretas. As garantias formais que a população 
indígena conquistou desde a Constituição de 1988 não se colocaram como benefício estatal, 
mas sim como resultado de grande mobilização por parte das comunidades indígenas e das ins-
tituições criadas para a proteção dessa parcela da população.
15
Síntese
Neste capítulo, apresentamos as estratégias governamentais adotadas no Brasil, em especial 
após a Constituição de 1988, para garantir a igualdade de acesso de todos os cidadãos às po-
líticas educacionais. Agora, você possui conhecimentos suficientes para identificar na educação 
nacional como são definidas as questões étnico-raciais.
Aqui, você teve a oportunidade de:
• compreender que alguns segmentos sociais precisam de ações e estratégias específicas 
para ter seus direitos atendidos pelas políticas públicas;
• reconhecer a importância da inserção das questões étnico-raciais na educação brasileira, 
em especial a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira;
• identificar a pertinência da inclusão das questões étnico-raciais na educação brasileira, 
em especial a temática da História e Cultura Indígenas nacional. 
Síntese
16 Laureate- International Universities
Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 10 jun. 2016.
______. Constituição Federal de 1961. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4024.htm>. Acesso em: 24 jun. 1961. 
______. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais 
e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, 09/01/2003. Disponível 
em:<http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/DCN-s-Educacao-
-das-Relacoes-Etnico-Raciais.pdf >. Acesso em: 11 jun. 2016.
______. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Brasília, 
1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 11 
jun. 2016.
______. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Disponível em: <http://etnicoracial.mec.gov.br/
images/pdf/lei_10639_09012003.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016.
______. Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Disponível em: <http://etnicoracial.mec.gov.br/
images/pdf/lei_11645_100308.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016.
______. Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm>. Acesso em: 11 jun. 2016.
______. Lei 4.024 de 20 de dezembro de 1961 – LDB/61. Disponível em: <http://www2.ca-
mara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961-353722-normaatualizada-
-pl.html>. Acesso em: 12 jun. 2016.
______. Lei 12.288, de 20 de julho de 2010. Estatuto da Igualdade Racial. Disponível em: 
<http://www.seppir.gov.br/portal-antigo/Lei%2012.288%20-%20Estatuto%20da%20Igualda-
de%20Racial.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016.
CRUZ, Mariléia dos Santos. Uma abordagem sobre a história da educação dos negros. In: His-
tória da educação do negro e outras histórias. Brasília: MEC, 2005, p. 21-33. 
FREIRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. 48 Ed. São Paulo: Global, 2003.
FUNAI. Serviço de Proteção ao Índio – SPI. Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.
php/servico-de-protecao-aos-indios-spi>. Acesso em 12 jun. 2016.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas do Censo Demográfico 2010. 
Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br/apps/atlas/>. Acesso em: 12 jun. 2016.
______. O Brasil Indígena, 12/12/2013. Disponível em: < http://www.funai.gov.br/arquivos/
conteudo/ascom/2013/img/12-Dez/pdf-brasil-ind.pdf >. Acesso em: 28 jun. 2016. 
LIMA, Antonio Carlos de Souza. Sobre tutela e participação; povos indígenas e formas de go-
verno no Brasil, séculos XX/XXI. Revista Maná, v.21, n.2, Rio de Janeiro, ago. 2015. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132015000200425>. 
Acesso em: 12 jun. 2016.
Bibliográficas
17
LOPES, Robson da Silva. O movimento negro no Brasil: lutas e conquistas em prol de uma socie-
dade equânime, 04/08/2014. Por dentro da África. Disponível em: <http://www.pordentroda-
africa.com/cultura/o-movimento-negro-brasil-lutas-e-conquistas-em-prol-de-uma-sociedade-
-equanime>. Acesso em: 22 jun. 2016.
MACIEL, Maria Regina Cazzaniga. Portadores de Deficiência: a questão da inclusão. São Paulo 
em Perspectiva, v. 14, n. 2, 2000, p. 51-56. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/spp/
v14n2/9788.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2016.
MARÇAL, José Antônio; LIMA, Silvia Maria Amorim. Educação escolar das relações étnico-ra-
ciais: história e cultura afro-brasileira e indígena no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2015.
MELLO, Marco Aurélio. Ótica constitucional: a igualdade e as ações afirmativas. In: Tribunal 
Superior do Trabalho, Discriminação e Sistema Legal Brasileiro – Seminário Nacional. Brasília: 
TST, 2001. Disponível em: < http://www.apmbr.com.br/editor/assets/pdf/Revista-APM-nr1.pdf>. 
Acesso em 29 jun 2016.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Criação da Universidade Indígena começa a ser discuti-
da em março, 27/01/2014. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/
article?id=20183:criacao-de-universidade-indigena-comeca-a-ser-discutida-em-marco>. 
Acesso em: 12 jun. 2016.
______. Programa Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade: re-
lações étnico-raciais e de gênero. Organização FAFE – Fundação de Apoio à Faculdade de 
Educação (USP), Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/dezem-
bro-2009-pdf/2182-4-inclusao-relacoes-pdf/file>. Acesso em: 10 jun. 2016.
______. Educação para as Relações Étnico-Raciais. Disponível em: <http://etnicoracial.mec.
gov.br/index.php>. Acesso em: 11 jun. 2016.
______. Diretrizes para a formação de professores são homologadas, 08/01/2015. Dis-
ponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=21013:diretrizes-para-a-
-formacao-de-professores-sao-homologadas>. Acesso em: 12 jun. 2016.
MOEHLECKE, Sabrina. Ação Afirmativa: história e debates no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 
117, novembro 2002, p. 197-217. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.
pdf>. Acesso em: 10 jun. 2016.
MORENO, Montserrat. Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola. São Paulo: Mo-
derna, 2003.
PEREIRA, Luena Nascimento Nunes. O ensino e a pesquisa sobre a África no Brasil e a lei 
10.639. Revista África e Africanidades, Ano 3, nov. 2010. Disponível em: <http://www.africa-
eafricanidades.com.br/documentos/01112010_16.pdf>. Acesso em: 11 jun. 2016.
POVOS Indígenas no Brasil. O Serviço de Proteção ao Índio. Disponível em: < https://pib.
socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-indigenista-oficial/o-servico-de-protecao-
-aos-indios-(spi)>. Acesso em 23 jun. 2016.
RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. Ed. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 1995.
SALGADO, Gabriel Maia. Maioria dos Planos Estaduais de Educação aprovados incluem re-
ferência à igualdade de gênero, 12/05/2016. De olho nos planos. Disponível em: <http://
www.deolhonosplanos.org.br/maioria-dos-planos-estaduais-de-educacao-aprovados-incluem-
-referencia-a-igualdade-de-genero/>. Acesso em: 12 jun. 2016.
18 Laureate- International Universities
Planejamento e Políticas Educacionais
SANTOS, Gislene A. dos. A invenção do ser negro: um percurso de ideias que naturalizam 
a inferioridade dos negros. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.
TVBRASIL. A obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. Sé-
rie Brasilianas, 2014. Disponível em: <http://tvbrasil.ebc.com.br/brasilianas/episodio/a-obriga-
toriedade-do-estudo-da-historia-e-cultura-afro-brasileira-e-indigena>. Acesso em: 12 jun. 2016.
TVCÂMARA. Documentário “Raça Humana”, 2004. Disponível em: < http://www.camara.gov.
br/internet/tvcamara/default.asp?lnk=BAIXE-E-USE&selecao=BAIXEUSE&nome=baixeCidadani
aDoc>. Acesso em: 23 jun. 2016.
VEJA. O rei da nova América. Edição extra: biografia, abril de 1968. Disponível em: <http://
veja.abril.com.br/historia/morte-martin-luther-king/biografia-pastor-rei-nova-america.shtml>. 
Acesso em: 11 jun. 2016.

Outros materiais