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A peste - Albert Camus - Resenha

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CAMUS, Albert. A Peste. Rio de Janeiro: Editora Opera Mundi, 1973. Resenhado por Amanda Liliany, aluna de Relações Internacionais do UniCeub.
A peste, de Albert Camus, é uma história que se passa em uma cidade pacata, mais conhecida como Orã, em que se mostra como um surto de Peste Negra mudou e influenciou a vida dos habitantes. Como é narrado no inicio, Orã é uma cidade tranquila, cinzenta e muito industrializada, em que os cidadãos viviam para trabalhar e formar suas famílias. Bernardo Rieux, o médico e narrador dessa história, acompanhou o aparecimento de números cada vez maiores de ratos mortos e coincidentemente pessoas doentes por toda a cidade. Com o grande número de baixas de seus pacientes, Rieux, apesar de não querer acreditar, convoca uma reunião com a prefeitura e surpreende a todos dizendo que o que realmente estava acontecendo, em Orã, era uma epidemia de peste bubônica e que se não houvesse o controle da doença em dois meses poderia matar metade da população. A peste chegou de repente e não havia explicações concretas, os personagens principais nem tentam especular, vivem um dia de cada vez, sem procurar significados e fazem o que podem, são pessoas comuns tentando sobreviver ao acontecimento.
A obra de Camus é muito impactante, pois deixa evidente o sofrimento que a população passa desde as mortes até o momento que ocorre a quarentena na cidade. A quarentena foi abordada como uma fase difícil para todos os moradores, pois viviam tristes e indolentes, separados dos entes queridos e também, por terem a convicção de que eram prisioneiros. A cidade foi "fechada" para o resto do mundo, até mesmo o envio de cartas foi proibido por ser um possível meio de transmissão da doença. A todo o momento, o livro, sugere reflexão e nos faz levantar sérios questionamentos acerca de como nos colocamos diante dos outros, principalmente quando esses estão em situação de risco. Rieux foi uma peça chave, pois ele por um lado "abriu mão" de sua vida pessoal – sua mulher estava fora, numa casa de saúde – para se dedicar inteiramente a população daquele local, e os outros médicos que aplicavam-se 24horas por dia para tentar salvar a população dessa peste que estava carregando consigo varias vidas. 
A descrição do hospital é chocante, no chão havia um lago "desinfetante" e no centro um conjunto de tijolos que formava uma ilha, nesta ilha, o doente era examinado por Rieux, despido, lavado e depois locado para outra sala. Os pátios das escolas eram usados como leitos, onde quase quinhentos já estavam ocupados. Até que em certo momento, as pessoas começaram a ficar violentas tentando burlar a segurança nas barreiras para fugir, e Rambert, um jornalista que havia pedido um atestado para sair e se encontrar com sua amada estava entre eles. Com isso, os jornais publicaram novos decretos sobre a proibição ao tentar sair da cidade e guardas a cavalo e patrulhas faziam a ronda no local, matando cães e gatos que poderiam transmitir pulgas contaminadas. 
Passado o mês, as coisas tomaram uma proporção maior e Rieux em uma conversa com sua mãe lhe diz que o soro vindo de Paris parecia ter menos eficácia que o primeiro, e que uma nova forma de epidemia havia aparecido, a peste pulmonar. Rieux foi interrompido por Tarrou, que trouxe a notícia de que todos os homens válidos serviriam para ajudar a combater a peste. Separados em grupos, eles fizeram o melhor que podiam para reduzir a doença. O que não significa que o contágio cessou, as mortes chegaram a passar de 700 por dia e os enterros aconteciam o mais rápido possível com o mínimo de riscos para os outros, o que deixavam as famílias tristes e ofendidas, mas no momento em que se vivia em Orã, não existia mais a capacidade de se pensar em como os outros morriam. 
Um dos momentos mais impactante da obra, é quando Camus dita que a prefeitura decidiu afastar os parentes dos enterros, pois com a falta de caixões e panos para mortalha, covas foram feitas para que homens e mulheres fossem enterrados sem nenhuma distinção e cobriam-nos de cal e terra, deixando espaço para corpos futuros. Em um trecho diz: "... A diferença que pode haver entre os homens e os cães, por exemplo: o registro ainda era possível" essa comparação do homem ao animal é algo que choca o leitor, porém é valido por conta do cenário vivido naquela época.
Em dezembro, os casos de melhora começaram a aparecer, dados pela injeção de soro que Castel preparara a peste perdia com rapidez a sua força. A doença partiu assim como tinha chegado, misteriosa e quieta. Após perder seu amigo Tarrou e saber por telegrama que sua esposa também se foi, meses depois os portões foram abertos e organizaram-se festejos para o tão esperado dia do encontro. 
Rieux finaliza o livro dizendo que a peste não morre e não desaparece, ela simplesmente dorme e espero com paciência chegar o dia em que acordará os ratos e os mandará morrer numa cidade feliz.
Camus mostra toda a sua habilidade nessa obra, publicada em 1947, que trata de um tema tão perturbador quanto fascinante que atraí o leitor do começo ao fim. Alguns, precipitados, não pouparam a obra de uma comparação como uma alegoria ao nazismo. Porém, o que notamos é uma alegoria do nazismo, pois o fato das pessoas serem enterradas em valas nos remete ao holocausto. O impressionante é a ideia que Camus criou do absurdo, no qual constata os limites do homem em relação à vida. Se existe um absurdo também existe a solidariedade e é isso que Camus deixa evidente em sua obra.

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