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HISTÓRICO, MECANISMO DE AÇÃO E MODO DE APLICAÇÃO DO FLÚOR DIEGO MARDEGAN Página 1 Etimologia: latim “fluere” e significa fluir; Encontrado na natureza como parte da substância bruta fluorita; 1529: Agrícola utilizava o flúor para diminuir o ponto de fusão dos metais e alguns minerais; 1886: Henri Moissan foi o primeiro pesquisador a conseguir isolar o elemento flúor através do fluoreto. FLÚOR X FLUORETO O flúor (F) pertence ao grupo 17, grupo dos halogênios da tabela periódica; É um elemento que apresenta alta eletronegatividade (“rouba” elétrons de outros minerais e metais), por isso é mais encontrado na forma de fluoreto (quando está associado a outro componente); É o 13º elemento mais abundante na natureza, presente em maior quantidade na fluorita e depois no solo, água, rochas e plantas; também pode estar incorporado em alimentos industrializados e proteínas animais. FLUORETO E A CÁRIE DENTÁRIA Os fluoretos foram descobertos no início do século XX devido aos seus efeitos adversos (fluorose dental). A partir da análise das águas fluoretadas da região onde as pessoas apresentavam manchamento dentário, observou-se que a alta prevalência de fluorose estava associada à redução de cárie dentária; É o primeiro método preventivo utilizado para controle de cárie, através da fluoretação das águas; Não se justifica a utilização de algum tipo de fluoreto no primeiro período natal, pois não há evidências de benefícios; 2º período pós-natal: a prescrição deve ser limitada e justificada. HISTÓRICO DA FLUORETAÇÃO Fluoretação das águas: marco de estudos científicos para diminuição da cárie dentária; No contexto mundial, a utilização do flúor como método preventivo e terapêutico para a cárie dentária teve início em 1945-46 na cidade de Grand Rapids – EUA. Em seguida, este método foi recomendado pela OMS e atualmente beneficia 400 milhões de pessoas em todo o mundo; HISTÓRICO, MECANISMO DE AÇÃO E MODO DE APLICAÇÃO DO FLÚOR DIEGO MARDEGAN Página 2 No Brasil, a lei federal 6.050/74 normatiza que os municípios devem utilizar o flúor na água de abastecimento para prevenção da cárie dentária. O primeiro município que recebeu fluoretação das águas foi Baixo Guandu – ES. Didaticamente, o histórico da fluoretação foi dividido em 03 períodos: 1803 – 1933: os autores buscaram identificar o causador do manchamento dental e redução da prevalência de cárie, encontrando o flúor como substância principal presente nas águas; 1933 – 1945: Estudo das 21 Cidades, por Dean - comprovar e esclarecer a relação entre o teor de flúor, o manchamento dentário e a ação preventiva; 1945 em diante: o fluoreto foi incorporado às águas de abastecimento público nas concentrações ideais para prevenção da cárie; Sinonímias de manchamento dentário: dente de Chiaie, mancha amarronzada do Colorado, esmalte mosqueado e fluorose (1933). Galagan e Vermillion: observaram a relação entre a quantidade de fluoreto ingerido e a temperatura média anual de determinada região, considerando que, quanto maior a temperatura, maior seria a quantidade de água fluoretada ingerida. Perceberam também a necessidade de fiscalização por uma vigilância para a verificação da concentração dos fluoretos na água. [ESTUDO DAS 21 CIDADES] Estudo realizado em quatro estados dos EUA (Colorado, Illinois, Indiana e Ohio); Objetivo: estabelecer a concentração de fluoreto presente na água que provocava o manchamento dentário, assim como a prevalência da carie dentária com a concentração de flúor presente na água; Concentrações utilizadas: 0,1 mg F/l e 2,5 mg F/l; Conclusão: o município que tinha 0,6 mg F/l de água teve uma redução de 50% da experiência de cárie em comparação com o município que tinha 0,2 mg F/l. As regiões que tinham 1,2 mg F/l teve uma redução de 60% no histórico de lesões cariosas, ao passo que nas regiões com 1,8 mg F/l também houve uma redução na prevalência de cárie, entretanto, observou um nível considerável de fluorose. Desse modo, o nível adequado da concentração de flúor na água estava nos limites entre 1,0 e 1,5 mg F/l de água; Classificação da severidade dos casos. HISTÓRICO, MECANISMO DE AÇÃO E MODO DE APLICAÇÃO DO FLÚOR DIEGO MARDEGAN Página 3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL, 2004. Uma das ações de Promoção de Saúde inclui a fluoretação das águas; É dever do cirurgião dentista que atua no serviço público conhecer a concentração de flúor presente nas águas de abastecimento do município, assim como praticar as demais medidas de promoção de saúde (educação em saúde bucal, instrução e higiene supervisionada, aplicação tópica de flúor) e reabilitação da saúde bucal. O Brasil possui o segundo maior sistema de fluoretação das águas de abastecimento público do mundo e também um dos maiores contingentes populacionais consumidores de dentifrícios e produtos fluoretados. MECANISMO DE AÇÃO E MODO DE APLICAÇÃO Para diminuição da cárie dentária, os fluoretos devem estar presentes na cavidade bucal, pois o íon flúor interfere no processo DES-RE; Os modos de aplicação podem ser coletivos (através da fluoretação das águas, escovação supervisionada, dentifrício e bochechos fluoretados) ou individuais (vernizes e géis fluoretados e materiais dentários com fluoretos); O fluoreto pode estar presente na forma líquida, ligado ao biofilme dentário, tecidos moles, saliva e nos dentes. PROCESSO DE DES-RE (+- 25/30 MINUTOS) A integridade física do esmalte dentário depende diretamente da composição e comportamento químico dos fluidos adjacentes, pois a alteração na concentração dos sais pode determinar o processo de desmineralização ou remineralização. Quando ocorre subsaturação (queda da concentração dos sais ligados ao dente), há desmineralização do elemento dentário. Dentre os fatores que controlam a estabilidade da apatita no esmalte pode-se destacar o pH, quando este se encontra abaixo de 5,5 no esmalte e 6,7 na dentina, aumenta a concentração ativa livre de cálcio, fosfato e flúor no meio bucal. As bactérias presentes no biofilme aderido ao elemento dentário dissolvem a sacarose dos alimentos ingeridos e diminuem o pH da cavidade bucal; o pH crítico estimula o processo de desmineralização, dissolvendo a hidroxiapatita em sais minerais. Esses sais minerais livres no meio bucal favorecem a neutralização do pH; O processo de remineralização tem início quando o pH está sendo neutralizado, através da hipersaturação de sais na cavidade bucal e capacidade tampão da saliva. Os sais serão incorporados em forma precipitada no elemento dentário. HISTÓRICO, MECANISMO DE AÇÃO E MODO DE APLICAÇÃO DO FLÚOR DIEGO MARDEGAN Página 4 PRESENÇA DO FLÚOR NO PROCESSO DES-RE A presença do fluoreto na cavidade bucal faz com que o pH crítico fique entre 4,5 e 5,5 e o meio bucal fique com altas concentrações de minerais para formar a fluorapatita; A fluorapatita é um mineral menos solúvel e apresenta maior tendência de precipitar no esmalte e dentina do que a hidroxiapatita, por isso o flúor é considerado como o elemento indicado para diminuir a prevalência de cárie dentária; Deve estar presente constantemente na cavidade bucal para garantir a formação de novos cristais de fluorapatita diante da queda do pH. METABOLISMO Os fluoretos são processados no trato gastrintestinal rapidamente através de um processo passivo e voltam a corrente sanguínea, podendo ser excretados (via urina, fezes e suor), voltar para a saliva (auxiliando no processo DES-RE) ou se incorporarem nasuperfície óssea; A concentração máxima no plasma ocorre após 30 minutos da ingestão. INTOXICAÇÃO AGUDA Concentrações de até 0,5 mg F/kg; A intoxicação aguda ocorre pela ingestão em grande quantidade em uma única vez; Sinais locais: irritação do trato digestório, salivação, náuseas, vômito e diarreia; Sinais sistêmicos: respiração deprimida e insuficiência cardíaca; Tratamento: administração de cálcio via oral (copo de leite) ou induzir ao vômito imediato. Quando se observa a ingestão em concentrações maiores que 5 mg F/Kg, essas medidas devem ser tomadas em ambiente hospitalar. INTOXICAÇÃO CRÔNICA Concentração de 0,7 mg F/Kg; Manifestações: fluorose dentária e fluorose esquelética; Tratamento: estético (para fluorose dentária); Concentrações entre 32 e 64 mg F/Kg são letais.
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