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Transtornos da Personalidade 
Quando os traços são definitivos, inflexíveis e inadaptadas 
podem constituir um Transtorno de Personalidade. 
| Personalidade | 
 
Pessoas explosivas, teatrais, sistemáticas, meticulosas, obsessivas, cismadas, muito 
emotivas e outros tipos difíceis de conviver sugerem, intuitivamente para todos nós, 
tratar-se de uma maneira de SER assim e não de ESTAR assim. Ao longo da vida essas 
pessoas podem melhorar, através de muito empenho e vontade de morrer melhor do que 
nasceram. Outras estacionam, petrificadas para sempre, sofrendo e fazendo sofrer. 
Henri Ey considera algumas pessoas portadoras de um Ego Patológico, caracterizando 
não apenas uma maneira de ESTAR no mundo, mas sobretudo, uma maneira de SER no 
mundo. Karl Jaspers afirma serem anormais as personalidades que fazem sofrer, tanto a 
pessoa quanto quem a rodeia. Para Jaspers, as personalidades anormais representam 
variações não-normais da natureza humana, as quais podem perfeitamente ser 
entendidas como Transtornos de Personalidade (TP). 
Diz a CID.10 que os transtornos de personalidade são estados e tipos de 
comportamentos característicos que expressam maneiras da pessoa viver e de 
estabelecer relações consigo mesma e com os outros. São distúrbios da constituição e 
das tendências comportamentais – continua dizendo a CID.10 – não diretamente 
relacionados a alguma doença, lesão, afecção cerebral ou a outro transtorno psiquiátrico. 
Isso tudo quer dizer que a pessoa simplesmente é desse jeito e será sempre assim. 
Habitualmente os transtornos da personalidade se acompanham de sofrimento e de 
comprometimento no desempenho global da pessoa. Aparecem precocemente durante o 
desenvolvimento individual sob a influência de múltiplos fatores, sejam constitucionais, 
sociais ou existenciais. Depois de solidificado este conjunto de traços pessoais, tal como 
uma personalidade normal, persistirá indefinidamente. 
Entretanto, dependendo da cognição, juízo crítico, conhecimento e disposição ao 
entendimento, tais estados supostamente pétreos podem seguir por caminhos mais 
favoráveis e de menor sofrimento, tanto para a pessoa deles portadora, quanto dos 
demais à sua volta. Sabendo lidar com essa questão a pessoa poderá se adaptar 
perfeitamente à sua maneira de ser, poderá disciplinar pulsões, esquemas de 
pensamentos, impulsos específicos desses transtornos, e tal manejo poderá ser de tal 
forma eficiente que a qualidade da vida emocional será muito melhorada. 
De fato, o que denomina, classifica ou dá o nome ao transtorno da personalidade é a 
predominância de determinados traços, os quais todos nós os temos em dose diminuta. 
Todos temos algo de histéricos, uma pitada de paranóia, traços de ansiedade, e assim 
por diante. Entretanto, no transtorno da personalidade tais traços são predominantes e 
dominam tiranamente a maneira de ração dessas pessoas de forma a causar sofrimento 
(na pessoa e/ou naqueles próximos) e comprometer o desempenho. 
Antes que alguém possa contestar esses conceitos alegando tratar-se de uma ânsia da 
psiquiatria em classificar pessoas, recordamos o que foi dito no capítulo sobre 
Temperamento e Caráter; as classificações sobre tipos de temperamento dizem respeito 
à forma da personalidade e não ao conteúdo psíquico e vivencial da pessoa. Quer dizer, 
as classificações descrevem maneiras do indivíduo ser e de reagir à sua vida, ou seja, 
COMO é funcionalmente esse indivíduo. Os conteúdos vivenciais definem QUEM é 
essa pessoa. 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) trata do assunto sob o titulo de Transtornos da 
Personalidade e de Comportamento, especificando-os nos códigos F60 até F69 na CID-
10. A OMS descreve tais transtornos da seguinte maneira: 
“Estes tipos de condição abrangem padrões de comportamento permanentes e 
profundamente arraigados no ser que se manifestam como respostas inflexíveis a uma 
ampla série de situações pessoais e sociais. Elas representam desvios extremos ou 
significativos do modo como o indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, 
sente e, particularmente, se relaciona com os outros”. 
Quando a OMS diz “...permanentes e profundamente arraigados no ser...” ela quer 
dizer que se trata de uma característica definitiva. Uma pessoa obsessiva, meticulosa, 
perfeccionista e rígida com problemas de adaptação, por exemplo, pode mudar sua 
maneira de ser para melhor refazendo algumas crenças pessoais e atitudes 
comportamentais no sentido de construir melhor relação consigo mesma, com os outros 
e com a vida, embora continue sendo menos obsessiva, menos meticulosa, menos 
perfeccionista e menos rígida. Acontecendo assim a pessoa deixará de ter um transtorno 
de personalidade para ter apenas traços obsessivos, traços perfeccionistas e assim por 
diante. 
As características de personalidade por si só não caracterizam um Transtorno de 
Personalidade, elas são os traços, ou seja, padrões duradouros de percepção, relação e 
pensamento acerca do ambiente e de si mesmo, e são exibidos numa ampla faixa de 
contextos sociais e pessoais importantes. É somente quando as características de 
personalidade são inflexíveis e desadaptadas, causando um comprometimento 
significativo no desempenho da pessoa é que elas podem constituir-se em Transtornos 
da Personalidade. 
Os Transtornos de Personalidade, ainda segundo a CID-10, são condições do 
desenvolvimento da personalidade que aparecem na infância ou adolescência e 
continuam pela vida adulta. Esta condição constitucional e biológica de 
desenvolvimento diferencia o Transtorno da Alteração da Personalidade. A Alteração 
da Personalidade ocorre durante a vida em conseqüência de algum outro transtorno 
emocional, dependência química, traumatismo craniano, tumores, infecções cerebrais, 
etc. 
Enfatizando, os Transtornos de Personalidades são perturbações graves da constituição 
do caráter e das tendências comportamentais, portanto, não são adquiridas no meio tal 
como as Alterações da Personalidade. A CID-10 apresenta entre os títulos F60 e F69 
uma grande variedade de subtipos de Transtornos de Personalidade. Procuraremos aqui 
compatibilizá-los todos com outras classificações de forma a abordar os tipos sinônimos 
com a mesma descrição. 
A Associação Norteamericana de Psiquiatria, através de seus critérios de classificação 
e diagnóstico de transtornos mentais, o DSM.IV , fala sobre os Transtornos da 
Personalidade da seguinte forma: 
"Um Transtorno da Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima ou 
comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, 
é invasivo e inflexível, tem seu início na adolescência ou começo da idade adulta, é 
estável ao longo do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo." 
E qual seria a diferença entre o Transtorno da Personalidade e a Doença Mental franca? 
As doenças mentais ocorrem e se desenvolvem a partir de um momento definido da 
vida, tal como são as crises, reações, processos, episódios e surtos, enquanto os 
Transtornos da Personalidade, por sua vez, são maneiras problemáticas de ser, 
constantes e perenes. As doenças mentais surgem e os Transtornos da Personalidade 
são. 
Na Esquizofrenia, por exemplo, assim como nos Transtornos do Humor e outros, a 
partir de um determinado momento na vida a personalidade, que já era chamada pré-
mórbida , envereda por uma trajetória que se afasta mais e mais do normal resultando 
em um episódio agudo. Nos Transtornos da Personalidade o rumo da personalidade está 
e sempre esteve algo distante do normal, embora não tenha obrigatoriamente que piorar 
cada vez mais, como nos outros processos psicopatológicos. 
Os Transtornos de Personalidade afetam todas as áreas da personalidade, o modo comoo indivíduo vê o mundo, a maneira como expressa as emoções, o comportamento social. 
Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexível e prejudicial a si próprio 
e/ou aos que com ele convivem. Essas características, no entanto, apesar de necessárias 
não são suficientes para identificação dos Transtornos de Personalidade, pelo fato de 
serem muito vagas. A maneira mais clara como a classificação deste problema vem 
sendo tratada é através da subdivisão em tipos de transtornos de personalidade, com 
critérios de diagnóstico próprios e bem definidos, tanto pela CID.10, quanto pelo 
DSM.IV. 
Convencionalmente os transtornos da personalidade foram divididos em três grupos: 
1º. Grupo – Aqui estão as pessoas caracterizadas essencialmente por pensamentos 
estranhos, comportamentos excêntricos e mórbida tendência ao isolamento. Estão 
classificadas aqui as personalidades paranóides e esquizóides, as primeiras possuidoras 
de rígido padrão de suspeitas e desconfianças infundadas, as segundas são 
emocionalmente distantes e com dificuldade em estabelecer relações sociais. 
2º Grupo – Os transtornos deste grupo têm em comum um comportamento com 
tendência à dramaticidade, apelação e emoções que se expressam intensamente. Os 
indivíduos histriônicos representam esse grupo, sendo muito excitáveis, demonstrativos, 
justificativos e egocêntricos. Também está aqui a chamada Personalidade Anti-Social, 
que manifesta expressiva incapacidade geral de adaptação aos padrões sociais 
estabelecidos e para relações afetivas estáveis. 
3º. Grupo – Estão neste grupo as personalidades com marcantes traços de dificuldade 
no controle dos impulsos; transtorno explosivo ou impulsivo da personalidade, 
transtorno ansioso ou evitativo da personalidade, transtorno anancástico ou obsessivo-
compulsivo da personalidade. 
Transtorno Paranóide de Personalidade 
O Transtorno Paranóide da Personalidade, como todos os outros tipos de transtornos da 
personalidade, independe da cultura e do grupo social que o indivíduo se insere, envolve um estilo 
global de pensar, sentir ou relacionar com a realidade e com os outros. Caracteriza uma maneira de 
ser do indivíduo, o qual geralmente concorda com essa sua forma de ser (ego-sintônica). 
Tem normalmente início no final da adolescência ou no começo da idade adulta. Quase 
invariavelmente há uma crença de estar sendo explorado ou prejudicado pelos outros de alguma 
forma e, por causa disso, a lealdade e fidelidade das pessoas estão sendo sempre questionadas. 
Muitas vezes o portador deste Transtorno é patologicamente ciumento e questionador da fidelidade 
do cônjuge, ao ponto de causar situações francamente constrangedoras. 
O portador deste distúrbio de personalidade pode interpretar acontecimentos triviais e rotineiros 
como humilhantes e ameaçadores, desde um erro casual no saldo bancário, até um cumprimento 
não efusivo podem significar atitudes premeditadamente maldosas. Há uma sensibilidade exagerada 
às contrariedades ou a tudo que possa ser interpretado como rejeição, uma tendência para distorcer 
as experiências, interpretando-as como se fossem hostis ou depreciativas, ainda que neutras e 
amistosas (pensamento paranóide). Estas pessoas podem sentir-se irremediavelmente humilhadas 
e enganadas, conseqüentemente agressivas e insistentemente reivindicadoras de seus direitos. 
Essas pessoas supervalorizam sua própria importância, as suas idéias são as únicas corretas e 
seus pontos de vistas não devem ser contestadas, daí a facilidade em conquistar inimigos e a 
tendência em pensamentos auto-referentes. São desconfiadas, teimosas, dissimuladoras e 
obstinadas, vivem numa solidão freqüentemente confundida com timidez, como se não houvesse no 
mundo pessoas com quem pudessem partilhar sua prodigalidade, dignidade e seus sentimentos 
superiores. 
As pessoas com Transtorno Paranóide da Personalidade são extremamente sarcásticas em suas 
críticas, irônicas ao extremo nos comentários e contornam as eventuais situações constrangedoras 
recorrendo a artimanhas teatrais e chantagens emocionais. Não toleram críticas dirigidas à sua 
pessoa e qualquer comentário neste sentido é entendido como declaração de inimizade. 
Pelo entusiasmo com que valorizam suas idéias, sempre as únicas corretas, podem ser vistos como 
fanáticos nas várias áreas do pensamento; seja religioso, político, ético ou profissional. Gostam de 
fantasiar, mas tem dificuldades em distinguir a fantasia da realidade. Pessoas com estes distúrbios 
são hiper-vigilantes e tomam precaução contra qualquer ameaça percebida. A afetividade, nestes 
casos, é muitas vezes restrita e pode parecer fria dado ao gosto destas pessoas em serem sempre 
objetivas, racionais e pouco emocionais. 
 Recomenda-se, como critérios para este Transtorno, que 
sejam caracterizados por: 
a) sensibilidade exagerada à contratempos e rejeições; 
b) tendência a guardar rancores persistentemente, isto é, recusam 
à perdoar aquilo que julgam como insultos ou desfeitas: 
c) desconfiança e tendência à interpretar erroneamente as 
experiências amistosas ou neutras; 
d) obstinado senso de direitos pessoais em desacordo com a 
situação real; 
e) suspeitas injustificáveis em relação à fidelidade (conjugal ou de 
amigos); 
f) autovalorização excessiva; 
g) pressuposições quanto à conspirações 
Muitas vezes o portador deste transtorno é patologicamente ciumento e questionador da fidelidade 
do outro, a ponto de causar situações francamente constrangedoras. Como os outros tipos de 
transtornos da personalidade, esse transtorno tem início no final da adolescência ou no começo da 
idade adulta. 
A característica essencial deste tipo de personalidade é uma tendência persistente e injustificável 
para interpretar as ações dos outros como se fossem deliberadamente hostis, ameaçadoras e mal 
intencionadas. Há, na personalidade paranóide, sempre algo de desconfiança, cisma, 
interpretações de esquemas de complôs. As opiniões em sentido contrário às suas interpretações 
não mudam seu ponto de vista, menosprezando assim o bom senso. 
A personalidade paranóide já havia sido descrita por Kraepelin em 1915, designando indivíduos 
querelantes, encrenqueiros e criadores de caso . Essa forma de personalidade constitui o que se 
chama personalidade pré-mórbida para um quadro mais grave, a Paranóia, que é um transtorno 
delirante persistente e incurável. O Transtorno Paranóide da Personalidade ocorre entre 0,5 - 2,5% 
da população geral, sendo mais comum em pessoas do sexo masculino. 
As pessoas com transtorno paranóide da personalidade costumam ser reservadas, silenciosas e 
têm uma percepção bastante acurada do ambiente. São pessoas dotadas de boa sensibilidade em 
questões de hierarquia e poder, contestando sempre e apresentando dificuldade no relacionamento 
com autoridades. Há também grande possibilidade de serem patologicamente ciumentas. Na 
personalidade paranóide se constata, sobretudo, uma hipertrofia do ego que se reflete no orgulho, a 
certeza de ter razão, o desprezo, desqualificação ou exploração dos outros, a rigidez e intolerância 
e a supervalorização de suas idéias que se aproxima do fanatismo. 
Há nesse transtorno da personalidade uma alteração da cognição responsável pela pessoa ver o 
mundo de maneira especial, com sensibilidade exagerada às contrariedades ou a tudo que possa 
ser interpretado como rejeição. Há uma notável tendência para distorcer os fatos, interpretando-os 
como se fossem hostis, traiçoeiros, desleais ou depreciativos, mesmo que sejam neutros e 
amistosos. Por causa desse psiquismo paranóide, tais pessoas podem se tornar agressivas, 
resultando em atitudes despropositadamente hostis e violentas, comprometendo significativamente 
o controle dos impulsos. 
Estas pessoas supervalorizam sua própria importância, consideram suas idéias as únicascorretas 
e seus pontos de vistas não devem ser contestados. Costumam ser insistentemente reivindicadoras 
de seus direitos. As pessoas com essa forma de personalidade são sempre desconfiadas, 
teimosas, dissimuladas e obstinadas, tendem a viver em solidão (confundida com timidez), como se 
não houvesse no mundo pessoas com quem pudessem partilhar sua prodigalidade, dignidade e 
seus sentimentos superiores. 
O sarcasmo, as críticas ácidas e amargas, a ironia constante são características que tornam a 
convivência com as pessoas paranóides muito desagradável. Além de tudo isso elas não toleram 
críticas à sua pessoa, nem sob a forma brincadeiras, embora elas mesmas sejam mordazes nas 
críticas aos outros. 
Não é raro que a pessoa com o transtorno paranóide da personalidade tenha uma vida conjugal 
cheia de competitividade em várias áreas da atividade, sabotagem e contrariedade ao eventual 
sucesso do outro, escassas manifestações de afeto, planejamento de estratégias que possam 
diminuir o outro e enaltecer sua pessoa, intransigência aos erros dos outros e exaustivas 
justificativas para os seus pontos de vista, acreditando serem sempre os mais corretos. 
Essa atitude implicante e pouco humilde transforma essas pessoas em fanáticas nas várias áreas 
do pensamento; religioso, político, ético, profissional, moral, jurídico, etc. Há, por conta dessas 
características e de sua inabalável rigidez, grande desadaptação, resultando em isolamento e 
resistência sociais. 
Resumidamente, embora o diagnóstico de transtorno paranóide da personalidade não necessite 
satisfazer todos os critérios abaixo, o quadro se caracteriza por: 
a) sensibilidade exagerada a contratempos e rejeições; 
b) tendência a guardar rancores, isto é, recusam perdoar aquilo que julgam como insultos 
ou desfeitas; 
c) desconfiança e tendência a interpretar erroneamente as experiências amistosas ou 
neutras; 
d) obstinado senso de direitos pessoais em desacordo com a situação real; 
e) suspeitas injustificáveis em relação à fidelidade e lealdade; 
f) autovalorização excessiva; 
g) pressuposições sobre conspirações, complôs, esquemas. 
Os erros de julgamento próprios da personalidade paranóide alimentam atitudes megalômanas, de 
perseguição, de ciúme, ou erotomaníacas , etc. Essas interpretações falsas (erros de cognição) 
quando muito distantes da circunstância real são chamadas de cognições delirantes, e podem estar 
ligadas a acontecimentos fortuitos, irrelevantes, os quais funcionam como ponto de partida para a 
construção mórbida e alienada da realidade. O eventual comportamento anti-social da 
personalidade paranóide é causado por um desejo de vingança e não por um desejo de ganho 
pessoal, como na perturbação anti-social da personalidade. 
O transtorno paranóide da personalidade deve ser diferenciado da paranóia e da esquizofrenia 
paranóide na medida em que nestas existem sintomas psicóticos persistentes, como idéias 
delirantes francas e alucinações, as quais não fazem parte da personalidade paranóide. 
Este tipo não-normal de personalidade é muito semelhante ao anterior e é típico das pessoas que 
exibem um padrão de afastamento social persistente, um constante desconforto nas inter-relações 
humanas, isolamento social, introversão, excentricidade de comportamento e de pensamento. 
Os traços esquizóides de personalidade se revelam desde a infância e os indivíduos são solitários, 
estranhos, têm poucos amigos ou até nenhum; são excêntricos, pouco simpáticos, por vezes 
sisudos e nutrem pouco ou nenhum afeto, assim como respeito pelos outros. 
A pessoa esquizóide nos dá a impressão de desinteresse, reserva e falta de envolvimento com os 
acontecimentos cotidianos e com as preocupações alheias. Normalmente ela tem pouca 
necessidade de vínculos emocionais e em adequar-se às normas e regras gerais. 
A natural inclinação para a solidão da pessoa esquizóide se reflete na opção por trabalhos solitários 
e atividades não competitivas. Preferem passar o tempo consigo próprias escolhendo atividades 
solitárias ou divertimentos que não envolvam os outros. Preferem investir grande interesse em 
assuntos que não envolvam seres humanos, como por exemplo, por máquinas e equipamentos, 
computadores e assuntos do mundo animal. 
Os portadores desse tipo de personalidade freqüentemente se absorvem obsessivamente em 
práticas incomuns, tais como dietas esdrúxulas, programas de saúde alternativos, movimentos 
religiosos e filosóficos incomuns, esquemas de aperfeiçoamento sócio-culturais, associações mais 
ou menos secretas, assuntos esotéricos, óvnis, Atlântida, auras e energias obscuras. O diagnóstico 
dessa forma de personalidade implica em alguns dos critérios abaixo: 
Critérios estabelecidos pelo DSM-IV e pelo CID-10 para o 
diagnóstico de Transtorno Esquizóide da Personalidade 
a) um padrão de indiferença às relações sociais e uma variação 
pobre da expressão emocional; 
b) indiferença aos sentimentos alheios; 
c) questionamento, indisposição e desrespeito às normas e 
obrigações sociais; 
d) pouco interesse em relações sexuais; 
e) preferência quase invariável por atividades solitárias; 
f) preocupação excessiva com fantasias e introspecção; 
g) falta de amigos íntimos, relacionamentos confidentes e a falta 
de desejo de tais relacionamentos; 
h) raramente vivenciam emoções fortes, como raiva e alegria; 
i) indiferença à elogios e críticas. 
As pessoas Esquizóides sentem-se freqüentemente incompreendidas, o que reforça mais ainda a 
tendência ao isolamento e ao afastamento dos mortais comuns. Este ausente sentimento de 
companheirismo normalmente é compensado com o zelo apaixonado pela leitura, pelos animais ou 
alguma outra expressão artística de difícil compreensão. 
 
Tal como em outros transtornos da personalidade, a pessoa esquizóide também é desadaptada, 
provoca sempre um mal estar familiar, profissional e social, além de angustiante sofrimento 
pessoal. As áreas perturbadas da personalidade começam por se manifestar na adolescência e 
persistem na vida adulta, provocando maior ou menor grau de incapacidade pessoal e social, 
agravando-se consideravelmente em situações de maior stress. A pessoa esquizóide possui traços 
rígidos, excêntricos e inadequados, impedindo adaptação saudável às mudanças do ambiente e 
bom relacionamento interpessoal. 
 
Esquizóides são normalmente pessoas desinteressantes, inconstantes, incoerentes e 
desinteressadas nas atividades do dia a dia. Trata-se de uma personalidade pré-mórbida ao 
desenvolvimento de uma patologia mental franca. Cerca de 10% das pessoas com personalidade 
do tipo esquizóide poderão vir a desenvolver uma esquizofrenia, porém, acontece que este tipo de 
personalidade agrava-se com o tempo, vindo a resvalar na esquizofrenia. 
 
Pessoas com essa forma de personalidade aparentam não desejar intimidade, portanto, podem ter 
pouco interesse em experiências sexuais e têm prazer em nenhuma ou em poucas atividades. São 
geralmente pessoas indiferentes às oportunidades de relações de proximidade, não parecem ter 
satisfação em fazer parte de uma família ou grupo social. Existe, geralmente, uma experiência 
reduzida de prazer em experiências sensoriais, corporais ou interpessoais, tais como caminhar na 
praia ao pôr-do-sol ou fazer sexo, por exemplo. 
Ao contrário das pessoas paranóides que rejeitam e se mobilizam muito com quaisquer críticas, as 
esquizóides são alheias à aprovação ou crítica dos outros. Geralmente elas não se importam com o 
que eventualmente possam pensar delas, não prestam atenção às sutilezas da interação social 
parecendo superficiais e egoístas. 
 
Transtorno Explosivo da Personalidade 
Na CID-10 o Transtorno Explosivo da Personalidade aparece como Transtorno de Personalidade 
Emocionalmente Instável e no DSM.IV como Transtorno Explosivo Intermitente. Alguns autores 
preferem denominaresse tipo de personalidade como Síndrome de Descontrole Episódico. Aqui, a 
característica marcante é a tendência para agir impulsivamente e desprezando as eventuais 
conseqüências do ato impulsivo, junto com esse tipo de comportamento existe instabilidade afetiva. 
É um transtorno que se caracteriza por episódios de completo fracasso em resistir a impulsos 
agressivos, resultando em agressões ou destruição de propriedades. 
Os freqüentes acessos de raiva podem levar à violência ou a explosões comportamentais e tais 
crises podem ser agravadas quando essas atitudes impulsivas são criticadas ou impedidas pelos 
outros. A agressão neste transtorno de personalidade pode ser física ou verbal, mas elas sempre 
fogem ao controle. Por outro lado tais pessoas não têm conduta anti-social e, pelo contrário, fora 
das crises são simpáticas, bem falantes, sociáveis e educadas. São constantes também o extremo 
sarcasmo, a ironia, explosões verbais e, algumas vezes, implicância e persistente amargura. 
Alguns autores denominam esse tipo de transtorno da personalidade como passivo-agressiva, 
tendo em vista alguns traços encontradiços nas pessoas explosivas . Um desses traços é a 
tendência à procrastinação, isto é, ao adiamento da realização daquilo que precisa ser feito. Diante 
dessa característica os prazos costumam não ser cumpridos. 
As pessoas com esse tipo de transtorno da personalidade reagem agressivamente diante das 
frustrações, as quais levam ao desencadeamento de um impulso cujo objetivo é o de ferir alguma 
pessoa ou algum objeto. Não é raro que descarreguem sua ira em aparelhos eletrônicos ou outros 
objetos inanimados tomando-os como se tivessem vida própria. 
A extrema sensibilidade aos aborrecimentos causados pelos pequenos estímulos ambientais 
produz, nos explosivos, respostas de súbita violência e incontida agressividade. Normalmente 
chamamos estas pessoas de pavio-curto ou de cinco-minutos. Estes episódios de explosividade 
geralmente são seguidos de arrependimentos ou auto-reprovação, os quais são capazes de 
produzir variados graus de depressão, como uma espécie de ressaca moral pelos procedimentos 
cometidos. 
Este tipo de transtorno de personalidade pode ser causa de homicídios não planejados, ataques 
sem sentido a pessoas estranhas, agressões físicas desproporcionais, direção criminosa de 
veículos, destruição brutal de propriedades e ataques selvagens a animais. Mesmo fora das crises 
de agressividade essas pessoas costumam ser ressentidas e muito críticas, tendendo mais para a 
querelância do que para a convivência harmônica. Um cuidado especial diante desse tipo de 
transtorno da personalidade é quanto ao uso de bebidas alcoólicas. Há aqui uma propensão ao 
desenvolvimento de “embriaguez patológica” mesmo após a ingestão de pequena quantidade de 
álcool. 
Denomina-se embriaguez patológica um quadro onde ocorre súbita alteração da personalidade 
depois da ingestão de álcool, transformando totalmente a pessoa. Nestes episódios de embriaguez 
patológica a pessoa fica possuída por grande furor, agindo inconseqüentemente e de forma muito 
agressiva, quer contra pessoas, quer contra objetos. Depois de passado o episódio é comum a 
pessoa não ter uma lembrança nítida do que aconteceu. Para essas pessoas as bebidas alcoólicas 
devem ser definitivamente abolidas, tendo em vista os graves riscos à própria pessoa e a terceiros. 
Há hipóteses segundo as quais todo ser humano tem algum potencial agressivo, entretanto, a 
maioria deles tem também, em contrapartida, um mecanismo inibitório dessa agressão. Assim, a 
pessoa com personalidade explosiva teria inibições muito baixas ou ineficientes para conter o 
potencial agressivo. 
O grau de agressividade manifestada pelas pessoas com transtorno explosivo da personalidade 
durante os episódios agudos é amplamente desproporcional ao estímulo desencadeante. Tais 
crises normalmente acarretam atos violentos ou destruição de propriedades. A agressão neste tipo 
de transtorno de personalidade pode ser física ou verbal, porém, as explosões sempre fogem ao 
controle. Quando há envolvimento policial durante uma crise de agressividade na embriagues 
patológica, a pessoa agressiva corre sério risco de sofrer severas conseqüências por não conseguir 
controlar suas atitudes. 
Apesar das crises de furor, as pessoas com transtorno explosivo da personalidade não têm conduta 
anti-social ou sociopática, pelo contrário, fora das crises são simpáticas, bem falantes, sociáveis, de 
boa índole e educadas. São constantes nelas também o extremo sarcasmo, ironia e críticas ácidas. 
De um modo geral, felizmente, a expressiva maioria das pessoas portadoras desse transtorno não 
chega a agressividade extrema, a ponto de provocar homicídios. Atualmente adota-se a 
classificação onde o transtorno explosivo da personalidade, chamado explosivo intermitente pelo 
DSM.IV, está incluído dentro dos transtornos do controle dos impulsos (Quadro 1). 
Quadro 1 - Os cinco principais transtornos do controle dos impulsos 
Transtorno Explosivo Intermitente Episódios de fracasso em controlar impulsos agressivos, 
resultando em agressões ou destruição de propriedades. 
Cleptomania Fracassos recorrentes em resistir a impulsos de furtar objetos 
desnecessários para uso pessoal ou destituídos de valor 
monetário. 
Piromania Fracasso em controlar o impulso incendiário, cujo 
comportamento de faz por prazer, gratificação ou alívio de 
ansiedade. 
Jogo Patológico Incapacidade persistente e recorrente em resistir ao impulso 
para jogos de azar e apostas. 
Tricotilomania Impossibilidade em controlar o impulso de arrancar os pelos 
do próprio corpo, ocasionando falhas perceptíveis. 
 
Esse transtorno costuma ter sérias conseqüências sociais e familiares, tais como a perda do 
emprego, suspensão escolar, divórcio, dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes 
variados e em especial os de trânsito, hospitalizações e envolvimentos policiais. Nos casos mais 
característicos pode haver alterações eletroencefalográficas inespecíficas, como por exemplo, 
lentificação da atividade difusa ou, predominantemente no lobo frontal. 
Sempre houve na psiquiatria uma linha de pesquisa tentando relacionar esse tipo de transtorno da 
personalidade a alguma alteração estrutural ou funcional do Sistema Nervoso Central. De fato 
parece haver alguma evidência sugerindo que as lesões focais irritativas (foco eletricamente 
irritativo), particularmente nos lobos temporal e frontal, estariam relacionadas ao potencial 
explosivo-agressivo. Esses casos respondem muito bem ao tratamento com estabilizadores do 
humor anticonvulsivantes. 
O DSM-IV cita como possibilidade para uma das causas (ou apenas concomitância) ao transtorno 
explosivo da personalidade, certas condições neurológicas, como por exemplo, traumatismos 
cranianos e episódios de inconsciência ou convulsões febris na infância. Imagens funcionais 
obtidas por PET (tomografia por emissão de pósitrons) têm sido usadas para investigar possíveis 
alterações na função do cérebro das pessoas portadoras de distúrbios caracterizados por excessiva 
violência e agressividade. 
Algumas pesquisas nessa área têm mostrado porcentagem alta de um nível diminuído do 
funcionamento cerebral no córtex pré-frontal em pessoas violentas em relação às pessoas normais. 
Isso pode ser um indício de algum déficit neurológico relacionado à violência. O dano funcional no 
córtex pré-frontal pode resultar em impulsividade, perda do autocontrole, imaturidade, emotividade 
alterada e incapacidade para modificar o comportamento, o que pode facilitar os atos agressivos. 
De qualquer forma, tendo ou não uma correspondência neurológica, a pessoa com transtorno 
explosivo da personalidade sabe perfeitamente a natureza de seu ato agressivo. Nos casos de 
embriaguês patológica, embora depois do episódio a pessoa não tenha uma lembrança nítidado 
que aconteceu, ela sabe perfeitamente dos efeitos desastrosos do álcool em seu psiquismo, sabe 
também que deve evitá-lo a qualquer custo, sendo de seu arbítrio o ato de usá-lo. 
Não são todas as pessoas explosivas portadoras do transtorno explosivo da personalidade. Muitas 
outras situações e circunstâncias podem resultar em uma baixa tolerância às frustrações, como por 
exemplo, o ciúme exagerado, estados de estresse (ou “esgotamento”), autoestima baixa e 
insegurança alta, e assim por diante. 
Para o diagnóstico do transtorno explosivo da personalidade é necessário que o tipo de 
comportamento explosivo, irritável e pouca consideração para com as conseqüências do ato 
agressivo seja bastante duradouro, que se manifeste em vários contextos vivenciais e, 
eventualmente, piora muito com o uso de álcool. 
Transtorno Histriônico da Personalidade 
A pessoa com transtorno histriônico tem como traço básico da personalidade uma desadaptação às 
possibilidades existenciais normais, reagindo sempre com um exagero, com um faz-de-conta para 
os outros e para si mesma. 
As vivências da personalidade histriônica são sempre teatrais, seja na vida de relação, seja consigo 
mesma. Seus relacionamentos são mais dramáticos, há mais ciúme, mais inveja, mais mágoa, mais 
atração, mais sedução... Seus sintomas são mais exuberantes, suas queixas mais contundentes, 
sua sensibilidade mais exaltada. 
A maneira histriônica, teatral e fabricada, de se relacionar com a vida não é conscientemente 
determinada, embora tenha certa intencionalidade. Quando a pessoa histriônica questiona sobre a 
origem de seus sintomas perguntando se “você acha que eu quero estar doente?”, é bom lembrar 
que as atitudes histriônicas são involuntárias e intencionais, ou seja, a pessoa não opta para agir e 
sentir a vida histrionicamente, isso vem de sua personalidade, não obstante, pode haver um 
propósito ou objetivo inconsciente para sua teatralidade. 
Paralelo à teatralidade, a personalidade histriônica se aproxima da mentira e se afasta da 
afetuosidade autêntica. Isso, algumas vezes, dificulta relacionamentos afetivos estáveis ou mais 
profundos. Boa parte dos problemas psicológicos ou orgânicos da pessoa histriônica é 
conseqüência da inclinação a enganar a si mesma sobre a natureza de seus próprios sentimentos. 
Trata-se de um auto-engano, sufocando ou ocultando de si mesma seus sentimentos autênticos. 
Personalidade histriônica é sinônimo de personalidade histérica, um termo criado possivelmente 
para ludibriar as pessoas que usam o termo histérico quando querem depreciar alguém. O 
transtorno histriônico de personalidade é caracterizado por um comportamento colorido, dramático 
e extrovertido, enfim, sempre exuberante. Está classificado no 2º. grupo dos transtornos de 
personalidade, onde estão os casos que apresentam comportamento com tendência à 
dramaticidade, apelação e emoções que se expressam intensamente. 
As pessoas histriônicas tendem a exagerar seus pensamentos e sentimentos, apresentam acessos 
de mau humor, lágrimas e acusações sempre que percebem não ser o centro das atenções, 
quando não recebem elogios e aprovações. Por outro lado, freqüentemente são pessoas animadas 
e dramáticas, tendem a chamar as atenções sobre si mesmas e podem de início, devido ao seu 
entusiasmo, encantar as pessoas com as quais travam conhecimento. 
As pessoas com esse tipo de transtorno da personalidade manifestam pronunciados traços de 
vaidade, egocentrismo, exibicionismo e dramaticidade. Atrai muito a personalidade histriônica os 
estímulos externos potentes, os escândalos, as sensações, as celebridades, enfim, tudo que 
impressiona, que seja desmedido, incomum ou extremo. No afã de representar um papel mais 
glorioso, os histriônicos fazem teatro para si e para todos os outros, sua grande platéia. Pode haver 
momentos onde já não sabem onde termina a realidade e começa a fantasia, passando a acreditar 
em seus próprios mitos e em suas próprias encenações. 
Para a personalidade histriônica atrair as luzes dos refletores ela necessita representar sempre um 
papel interessante, mesmo que isso custe o mal estar de outras pessoas e ainda que essas outras 
pessoas sejam entes queridos. Quando não chama atenção pela doença, o faz através do papel de 
mártir, de sofredora. A representação teatral como vítimas, menosprezadas, coitadinhas, enfim, 
esse papel de “a grande sofredora desinteressada” tem o nome de messianismo. 
Uma das marcas mais características das pessoas com Transtorno da Personalidade Histriônica é 
tentar controlar as outras pessoas através da manipulação emocional ou sedução. Por causa disso, 
e depois de algum tempo, eles tendem afastar os amigos com as exigências de constante atenção. 
As mães com esta personalidade podem idealizar manobras que fazem seus filhos se 
compadecerem de seu estado "lastimável" e provocar arrependimentos vários. São pessoas que 
estão sempre a se queixar de incompreensão dos outros, mas jamais tentam compreender os 
outros ou entender que os outros não têm obrigação de compreendê-los. 
Devido ao fato das pessoas histriônicas cultuarem a doença e as queixas somáticas elas acabam 
atribuindo todos seus fracassos ou limitações a eventuais transtornos orgânicos que as perturbam, 
apesar de sua “sempre presente boa vontade”. A somatização, dissociação e repressão são os 
mecanismos de defesa mais intensamente utilizados pelos histriônicos. 
Sexualmente a personalidade histriônica determina nas pessoas um comportamento sedutor, 
provocante e com tendência a erotizar mesmo as relações não sexuais do dia-a-dia. As fantasias 
sexuais com as pessoas pelas quais estão envolvidos são comuns e, embora sejam volúveis, o 
arremate final do jogo sexual costuma não ser satisfatório. Essa característica de desempenho 
sexual problemático faz com que as pessoas histriônicas sejam consideradas pseudo-hiper-
sexuais. 
O DSM-IV e o CID-10 recomendam como critérios para o diagnóstico do Transtorno Histriônico da 
Personalidade, um padrão generalizado de excessiva emotividade e busca de atenção, indicado 
pelas seguintes características: . 
 Critérios estabelecidos pelo DSM-IV e pelo CID-10 para o 
diagnóstico de Transtorno Histriônico da Personalidade 
a) busca constante ou exigência de afirmação, aprovação ou 
elogios; 
b) autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das 
emoções; 
c) alta sugestionabilidade, facilmente influenciada pelos outros ou 
por certas circunstâncias; 
d) sedução inapropriada em aparência ou comportamento; 
e) preocupação excessiva com a atratividade física; 
f) expressão de emoções exageradamente; 
g) expressão de emoções rapidamente mutável; 
h) egocentrismo nas satisfações; 
i) intolerância severa às frustrações e à não-satisfação; 
j) discurso impressionista e superficial. 
O Transtorno da Personalidade Histriônica proporciona um alto grau de sugestionabilidade. Suas 
opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos outros e por tendências do momento. 
Muitas vezes a pessoa histriônica considera os relacionamentos mais íntimos do que são de fato, 
dirigindo-se a qualquer pessoa recém conhecida como "meu querido, meu amigo" ou chamando 
pessoas que deveriam determinar um relacionamento formal pelo seu prenome sem nenhum 
cuidado com a titularidade. 
As pessoas com Transtorno Histriônico da Personalidade costumam ter intolerância ou frustração 
mais forte que os demais, costumam não se adaptar em situações que envolvem adiamento da 
gratificação (não sabem esperar), sendo que suas ações freqüentemente são voltadas à obtenção 
de satisfação imediata. 
Personalidade Hipocondríaca 
Um dos subtipos do transtorno histriônico da personalidade é a personalidade hipocondríaca. O 
traço fundamental desse tipo de personalidade é o medo ou preocupação exagerada de ter alguma 
doença, geralmente grave. Omedo de ficar doente ou a preocupação de ter uma doença (que 
muitas vezes se confunde com o desejo de ficar doente) faz a vida consciente de um corpo normal 
transformar-se em uma vida com um corpo falsamente doente. 
O fenômeno da hipocondria é, de fato, classificado no DSM.IV e na CID.10 como um transtorno 
emocional somatoforme, ou seja, aqueles estados onde as emoções saltam do psíquico para o 
orgânico, e está incluído no mesmo capítulo onde estão outros estados ansiosos. 
Por outro lado, qualquer reflexão mais responsável sobre psiquiatria mostra a hipocondria mais 
como um sintoma do que uma doença, ou seja, como uma maneira mal adaptada da pessoa reagir 
conseqüente a alguma outra coisa; seja um estado emocional, como por exemplo, a ansiedade ou 
a depressão, seja como conseqüência a algum traço de personalidade. 
Interessa aqui lidar com a hipocondria traço de personalidade, já que o nosso objetivo não é lidar 
com as patologias ansiosas e depressivas. Se for uma maneira da pessoa reagir trata-se de um 
atributo da personalidade, entretanto, dependendo das circunstâncias vivenciais há momentos na 
vida onde essa característica fica muito mais intensa, chegando então a necessitar de tratamento 
médico. 
A hipocondria se manifesta por interpretações irreais ou errôneas do paciente sobre sintomas ou 
sensações físicas, levando ao medo e preocupações obsessivas por doenças sérias, embora não 
possam ser encontradas em exames médicos. As preocupações da pessoa resultam em sofrimento 
significativo e prejudicam sua capacidade para funcionar em papéis pessoais, sociais e 
ocupacionais. 
Os critérios diagnósticos do DSM.IV para a hipocondria exigem que o paciente esteja preocupado 
com a falsa crença de ter uma doença séria, e que a falsa crença esteja baseada em uma 
interpretação errônea de sinais ou sensações físicas. Os critérios exigem que a crença da doença 
exista apesar da ausência de achados patológicos em exames médicos. 
A semelhança que permite considerar a pessoa hipocondríaca uma variante da personalidade 
histriônica não é a teatralidade, a qual pode ser nula ou estar bastante diminuída aqui, mas a 
evidente direção da atenção para si própria, ao próprio ego (egocentrismo). E é essa a 
característica que faz a pessoa hipocondríaca “perceber-se” pessimistamente, continuadamente e 
exageradamente, ao contrário da personalidade narcisista, que também é egocêntrica, porém, não 
se percebe pessimistamente. 
Não é normal que a pessoa necessite ter uma preocupação obsessiva com seu próprio corpo, nem 
que seja compelido a uma observação contínua e meticulosa do funcionamento de seu organismo. 
O normal e mais sadio é que não se perceba o próprio corpo na maior parte do tempo. As múltiplas 
queixas físicas ou somáticas na hipocondria representam uma preocupação exagerada com o 
próprio corpo, uma reflexão obsessivamente dirigida ao orgânico. 
É importante ter em mente que a pessoa hipocondríaca não simula a doença, ela se sente 
verdadeiramente doente, sofre como se estivesse doente de fato. Enquanto a personalidade 
histriônica falseia seus próprios sentimentos, na hipocondria o auto-engano é em relação ao próprio 
corpo. Assim como acontece no transtorno histriônico, na hipocondria a dor é mais dolorida, o 
cansaço é mais extenuante, os desconfortos são praticamente invalidantes, as palpitações e faltas 
de ar denunciam sempre um infarto iminente, assim como a tontura com certeza são indícios de um 
AVC. 
Diante de uma doença franca e evidente é o médico quem dá o diagnóstico, muitas vezes 
surpreendendo o próprio paciente que nem sabia estar doente. Diante da hipocondria é o próprio 
paciente que se atribui um diagnóstico estabelecido por ele mesmo. Consultado o médico, nada se 
confirma, exceto a própria hipocondria. 
Pensamos em traço hipocondríaco como uma aquisição biológica da personalidade. Kaplan refere 
evidências de prevalência aumentada de hipocondria entre gêmeos univitelínicos, fato este que fala 
a favor do componente genético do traço. A existência desse traço potencialmente hipocondríaco 
não significa que a pessoa será obrigatoriamente hipocondríaca e o tempo todo. Como outras 
potencialidades da personalidade, esse traço é também oportunista e se manifesta em situações 
favorecedoras. 
Por isso não é raro encontrar a hipocondria como uma espécie de compensação a sentimentos de 
culpa por erros passados ou como expressão de uma autoestima baixa. Algumas vezes ela reflete 
também uma agressividade que não encontra meios de se exteriorizar senão através da sensação 
de doença. O “escape” dessa dinâmica psíquica para a hipocondria seria o modo de uma forma 
específica de personalidade reagir, como poderia resultar em reações depressivas, histéricas, 
obsessivas e assim por diante em outras conformações de personalidade. 
Algumas evidências sugerem que a pessoa com transtorno hipocondríaco, assim como a 
histriônica, teria um traço de personalidade responsável por uma tolerância menor ao desconforto, 
logo, sentiria com maior intensidade e incômodo as sensações corpóreas triviais, representando-as 
como indícios de doenças mais graves. 
Personalidade Narcisista 
Devido às características egocêntricas e de imaturidade este transtorno só poderia ser uma variável 
do transtorno histriônico, senão um subtipo do mesmo. A denominação narcisista é originária do 
nome do jovem da mitologia grega, Narciso, o qual se apaixonou por sua própria imagem quando 
se viu refletido nas águas de um lago. Ficou tão concentrado, obcecado e enamorado da sua 
imagem refletida na água, que um dia caiu nela e se afogou. Por causa desse episódio mitológico o 
nome Narciso nomeia o transtorno da personalidade cuja característica mais forte é o 
egocentrismo. 
Como nos demais transtornos de personalidade, todos temos em doses diferentes os mesmos 
traços observados em exagero nessas pessoas, assim sendo, todos temos uma dose de 
narcisismo. Além disso, o narcisismo é uma condição natural do ser humano e uma certa dose 
dele é fundamental para nosso amor próprio. Gostar de si mesmo, cuidar-se, arrumar-se e ter boa 
auto-estima é fundamental para nosso bem estar emocional. O aspecto mórbido do narcisismo está 
exatamente em sua dose, em sua prevalência sobre outros atributos. No transtorno narcisista da 
personalidade há um excesso de amor próprio. 
Todo pessoa com transtorno narcisista da personalidade tem uma atitude de grandiosidade, tanto 
em suas fantasias quanto em seu comportamento, necessidade de admiração e falta de empatia. 
Tais condições surgem muito cedo na vida, mais exatamente na primeira infância. 
Os critérios de diagnóstico para o transtorno narcisista da personalidade devem começar, 
obrigatoriamente, por sentimentos de grandiosidade ou de auto-importância. Essas pessoas 
exageram na descrição de suas realizações e de seus talentos a ponto de mentirem quase 
compulsivamente. Querem sempre ser reconhecidos como superiores aos demais. 
A pessoa com transtorno narcisista da personalidade distorce a representação do mundo que a 
rodeia sentindo que muitos a amam por sua beleza, por seus encantos, por suas qualidades e por 
todos seus dons excepcionais. 
Tais pessoas têm obsessão por fantasias de sucesso, fama e poder. Muitos querem parecer 
brilhantes intelectualmente, outros buscam obsessivamente a beleza estética ou um desempenho 
sexual glorioso. Tudo isso se completa por forte aspiração de autovalorização, por absoluta 
necessidade de atenção, de elogios e bajulação. Além de egocêntricas essas pessoas são também 
egoístas, ignorando os sentimentos e necessidades dos outros, portanto, são individualistas. 
As pessoas narcisistas estão firmemente convencidas serem únicas e especiais. Por isso, só 
podem ser compreendidos, relacionarem-se ou associarem-se com pessoas especiais ou com 
pessoas que tenham um status social muito alto.Na realidade, pessoas com esse tipo de personalidade podem muito bem estar inseridas dentro dos 
transtornos histriônicos sem nenhum prejuízo de entendimento, pois, não se vê na prática clínica 
uma pessoa puramente narcisista. 
 
Transtorno Ansioso da Personalidade 
A marca característica deste Transtorno de Personalidade é a persistência e continuidade de 
tensão e apreensão. Como conseqüência disso o portador deste tipo psicológico experimenta a 
crença freqüente de ser socialmente inapto, desinteressante e desagradável, portanto, inferior aos 
demais. Na realidade, a ansiedade aparece com maior exuberância sempre que tais pessoas 
vislumbrem a possibilidade de serem objeto de apreciação por parte dos demais. 
Normalmente, devido aos sentimentos supra-referidos, há isolamento social e, como o próprio 
nome do transtorno diz uma constante evitação social. O que, de fato, eles evitam é a possibilidade 
de experimentarem sentimentos desagradáveis de desapreço ao se submeterem ao jugo público. 
Com freqüência se utilizam de mentiras com a intenção de dissimularem sua real situação 
existencial, pois, de qualquer forma, acham que se os interlocutores souberem como eles são 
realmente, perderão todo interesse em suas pessoas. 
Assim sendo, a pessoa com este transtorno está sempre dissimulando sua verdadeira performance 
social, interpessoal ou psicológica, procurando aparentar aquilo que, decididamente, não é. Isso 
tudo por que, como dissemos, tem uma preocupação excessiva em estar sendo criticada ou 
rejeitada em quase todas as situações sociais. Há também, aqui, uma severa relutância no 
envolvimento com outras pessoas, sempre motivada pelo medo da crítica, como dissemos. Poderão 
envolver-se caso tenham certeza absoluta de sua apreciação. 
 Os critérios do DSM.IV para o diagnóstico de Transtorno 
Ansioso da Personalidade 
a) sentimentos persistentes e invasivos de tensão e apreensão; 
b) crença constante de ser socialmente inepto, pessoalmente 
desinteressante ou inferior aos demais; 
c) preocupação excessiva em ser criticado ou rejeitado em 
situações sociais; 
d) relutância em se envolver com pessoas, a não ser quando 
absolutamente certo de ser apreciado; 
e) restrições ao estilo de vida devida à necessidade de segurança 
física; 
f) evitação de atividades sociais e ocupacionais que envolvam 
contacto interpessoal significativo por medo de opiniões a seu 
respeito 
 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo da Personalidade (Anancástico) 
Há, neste transtorno da personalidade, um padrão generalizado de perfeccionismo e inflexibilidade. 
Trata-se da personalidade obsessivo-compulsiva e as pessoas assim se preocupam com a 
observância das normas, das regras, com a organização das coisas e com os detalhes do 
cotidiano. 
Normalmente essas pessoas são escravizadas pelo simétrico, pela limpeza e pela ordem das 
coisas, desde a arrumação de seus pertences pessoais, como guarda-roupas, gavetas, mesas, até 
a organização extremamente cuidadosa de coisas relacionadas à ocupação e profissão. As 
pessoas portadoras do transtorno anancástico da personalidade sofrem com tudo que contraria 
suas próprias regras, determinações e manias, por isso são exigentes e inflexíveis consigo próprias 
e com os que lhes são mais próximo. 
As pessoas obsessivo-compulsivas têm dificuldades para expressar sentimentos de ternura, 
compaixão e compreensão aos sentimentos e comportamentos dos outros. Essa dificuldade em 
manifestar e compreender afetos e sentimentos sublimes dá-nos a impressão de falta de 
generosidade, de compaixão e de tolerância para com os outros. 
Há prejuízo (ou negação) do prazer. Quando as pessoas anancásticas se dão ao luxo do lazer e 
recreação, fazem isso com tanto planejamento e meticulosidade que acabam sacrificando o próprio 
prazer em benefício das regras e normas. Anancásticas são pessoas excessivamente escrupulosas 
com a produtividade, ao mesmo tempo em que tendem a excluir o prazer. É comum ouvirmos de 
pacientes assim que só se sentem felizes se estão produzindo e, de fato, elas acabam descobrindo 
alguma coisa “produtiva” mesmo quando estão passando férias na praia. 
As características das pessoas anancásticas passam pela presença de sentimentos de dúvida e 
cautela excessivos. Isso acaba fazendo com que tenham a necessidade constante de se 
certificarem sobre estar fazendo a coisa certa. Perguntas repetitivas neste sentido e conferência 
continuada de tudo que fazem é a regra. Por conta disso estão sempre contando e recontando, 
além de evitarem tomar decisões, principalmente por reavaliarem seguidamente a questão das 
prioridades. 
Há exagerada preocupação com detalhes, regras, listas, ordem, organização e esquemas. A 
preocupação com que as coisas saiam perfeitas e muito bem planejadas acaba por comprometer 
substancialmente a execução dessas mesmas coisas. Aqui nota-se também inflexibilidade, rigidez 
e teimosia. É comum as pessoas obsessivo-compulsivas perderem muito tempo alinhando coisas, 
papeis, livros, roupas. Caso essas coisas não estejam “no lugar certo” perturbam-se 
significativamente. 
Há uma aderência excessiva das pessoas obsessivo-compulsivas a algumas convenções sociais e, 
como se não bastasse sua própria valorização sobre essas normas e regras, insistem fortemente 
para que os outros se submetam também aos seus conceitos de valor. 
Por conta disso são pessoas excessivamente controladoras em suas famílias, seja nos 
comportamentos ou nos gastos. Aliás, comumente elas são grandes poupadoras, fazendo contas 
sobre a economia pessoal ou familiar constantemente. 
Embasadas em regras sociais ou culturais tais pessoas têm grande dificuldade em se descartar de 
objetos usados, geralmente sem utilidade. Esse fenômeno se chama “colecionismo” e pode 
comprometer importante espaço na casa das pessoas obsessivo-compulsivas. Armazenar 
alimentos mais que o necessário, obviamente muito bem organizados e no “lugares certos”, 
também acontece. 
 Os critérios para o diagnóstico de Transtorno Obsessivo-
Compulsivo da Personalidade 
a) sentimentos de dúvida e cautela exagerados; 
b) preocupação com detalhes, regras listas, ordem, organização e 
esquemas; 
c) perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas; 
d) escrupulosidade excessiva com a produtividade, concomitante à 
quase exclusão do prazer; 
e) aderência excessiva à algumas convenções sociais; 
f) inflexibilidade, rigidez e teimosia; 
g) insistência para que os outros se submetam aos seus conceitos 
de valor em relação à maneira de fazer as coisas; 
h) evitam tomar decisões acreditando haver sempre outras 
prioridades; 
i) falta de generosidade e de sentimentos de compaixão e 
tolerância para com os outros; 
j) dificuldade em descartar-se de objetos usados. 
Transtorno Antisocial da Personalidade 
Antes de falar sobre esse tipo de transtorno da personalidade convém esclarecer que os termos 
Sociopata, Psicopata, Personalidade Psicopática, Personalidade Anti-social ou Dissocial são 
considerados sinônimos. O DSM.IV chama esses casos de Personalidades Anti-sociais e a CID.10 
de Personalidades Dissociais. 
A característica essencial desse transtorno da personalidade é uma inclinação natural e 
persistente de desrespeito e violação aos direitos dos outros, iniciando-se na infância ou 
começo da adolescência e continuando indefinidamente na idade adulta. O engodo e a 
manipulação são aspectos centrais desse transtorno da personalidade e, além da violação 
dos direitos básicos ou sentimentos dos outros, também há contravenção de normas ou 
regras sociais importantes. 
Na prática essas pessoas podem mentir repetidamente, usar nomes falsos, ludibriar ou 
fingir. Há também um padrão de impulsividade e explosividade com tendência à 
irritabilidade e/ou agressividade. Também se observa um fracasso em planejaro futuro, 
sendo as decisões tomadas ao sabor do momento, de maneira impensada e sem 
considerar as conseqüências para si mesmo ou para outros. 
As características mais marcantes e causadoras de maior impacto social são as 
seguintes: 
a. - Sedução e manipulação. Embora não seja uma regra absoluta os psicopatas serem 
encantadores, é expressivo o grupo deles que utilizam o encanto pessoal e a capacidade 
de manipulação de pessoas como meio de sobrevivência social. Através do encanto 
superficial o psicopata acaba usando as pessoas certas e na medida de suas utilidades, 
descartando-as depois. 
b. - Mentiras sistemáticas e comportamento fantasioso. A personalidade anti-social 
utiliza a mentira como ferramenta de trabalho. Normalmente a pessoa com esse 
transtorno está tão habilitada e habituada a mentir que é difícil perceber quando mente. 
Ela é capaz de mentir olhando nos olhos e com atitude completamente neutra e 
relaxada. Essa frieza ao mentir é a responsável pela sistemática capacidade para 
ludibriar as máquinas detectoras de mentira. 
c. - Ausência de Sentimentos Afetuosos. Desde criança se observa na pessoa psicopata 
um acentuado desapego aos sentimentos e um caráter marcado pelo fingimento. A 
pessoa sociopata não manifesta nenhuma sensibilidade por nada, normalmente 
mantendo-se indiferente. Elas têm grande dificuldade para entender os sentimentos dos 
outros, mas, por outro lado, podem fingir magistralmente esses sentimentos quando 
socialmente desejável. 
d. – Amoralidade. Os psicopatas têm grande insensibilidade moral, faltando-lhes 
totalmente juízo e consciência morais, bem como noção de ética. 
e. – Impulsividade e Incorrigibilidade. A ausência de sentimentos éticos e altruístas, 
unidos à falta de sentimentos morais, impulsiona o psicopata a cometer brutalidades, 
crueldades e crimes. A pessoa psicopata nunca aceita os benefícios da reeducação, da 
advertência e da correção, mas podem disfarçar durante algum tempo seu caráter torpe e 
anti-social. 
f. - Falta de Adaptação Social. Desde criança a pessoa anti-social manifesta certa 
crueldade e tendência a atividades delituosas, como por exemplo, o maltrato aos 
animais, às pessoas mais novas, mentiras continuadas, fugas, etc. A adaptação 
interpessoal também fica comprometida, tendo em vista a tendência acentuada do 
psicopata ao egocentrismo e egoísmo. 
 
 
Ballone GJ, Meneguette JP - Transtornos da Personalidade, PsiqWeb, internet, 
disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2009. 
 
 
Referências: 
1.Adler A - A Ciência da Natureza Humana, Ed. Companhia Nacional, 1939. 
2.Allport GW - Personalidade, EDUSP, 1973, SP. 
3.CID.10 é a 10a. revisão da classificação internacional de doenças, da Organização Mundial de Saúde. 
4.DSM.IV é a 4a. revisão da classificação de doenças mentais da Associação Norteamericana de Psiquiatria. 
5.Ey H, Bernard P, Brisset C - Manual de Psiquiatria, Ed. Massom, 5a.ed., RJ., 1981. 
6.Gunderson JG, Phillips KA – Transtornos da Personalidade. In: Kaplan HI, Sadock BJ – Compêndio de Psiquiatria, 9a. Ed, Artes 
Médicas, Porto Alegre, 2007. 
7.Jaspers K – Psicopatologia Geral, Ed. Atheneu, 1997. 
8.Jung CG - Tipos Psicológicos, Vozes, 1984, Petrópolis. 
9.Kaplan HI, Sadock BJ – Compêndio de Psiquiatria, Artes Médicas, 8ª. Ed., 2000, P. Alegre. 
10.Nietzsche F - Humano, Demasiado Humano, Ed. Martins Fontes, 1973. 
11.Schopenhauer A - O Mundo Como Vontade E Como Representação, Ed. UNESP, 2007.

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