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Questão Agrária no Brasil Agricultura Familiar Tecnologia e Modernização Sociologia Rural 2017.1 Claudia Monteiro Fernandes Novas demandas de modernização O conceito de “sustentabilidade” social População que vive no meio rural: Responsável pela dinâmica social local Estabelece formas de relacionamento com a cidade e com a vida pública, para além do espaço local. Distinção entre Rural e Urbano “Meio técnico-científico”- o crescente conteúdo de ciência, de técnicas e de informação. A partir da expansão deste meio técnico-científico, que contrapõe ao meio natural, Milton Santos distingue no território brasileiro, o que denomina “regiões concentradas”: – “(...) o espaço nacional fica dividido entre áreas onde os diversos aspectos da vida tendem a ser regidos pelos automatismos técnicos e sociais próprios à modernidade tecnicista e áreas onde esses nexos estão menos, ou quase nada, presentes.” (Milton Santos, 1996) Bairros rurais e sociabilidade Características do Bairro Rural – Representa a unidade primeira de sociabilidade acima da família. – A ele corresponde uma base territorial e um sentimento de localidade; – É nele que os camponeses encontram o complemento eventual, mas indispensável, ao trabalho da família; – É nele que se manifesta a vida lúdico-religiosa do grupo. – No predomínio do latifúndio, a fazenda se tornou um “quase-bairro”. O conceito de Urbano e Rural do IBGE CENSO DEMOGRÁFICO - DOMICILIAR Características do Bairro Rural – Domicílio de residência. – Áreas urbanizadas ou não de: • Cidades (sedes municipais) • Vilas (sedes distritais) • Áreas urbanas isoladas •A situação rural abrange a população e os domicílios recenseados em todas as áreas situadas fora desses limites, inclusive, os aglomerados rurais de extensão urbana, os povoados e os núcleos. Distinção entre Rural e Urbano Tendência à diluição das diferenças entre urbano e rural: – Uso de tecnologia de ponta – Inclusão nos mercados – Manutenção de tradições (ex.: calendário lunar) – Manifestações da cultura tradicional – Proximidade de pequenas cidades – apoio político- institucional, sem a separação do campo – Quadro complementar de vida, moradia de parentes e amigos Origens históricas: a herança colonial Motivação mercantil-capitalista da colonização portuguesa. Grande propriedade e monocultura voltada para o mercado externo. Capitanias hereditárias: 25 anos e fracasso. Sesmarias: concessões de terras aos nobres empobrecidos e a outros “homes de calidade”. Uma única pessoa pleitear e receber várias sesmarias, ao contrário do que previa a Lei original. Escravidão de indígenas, negros “importados” e mestiços – mão-de-obra submissa, barata e disponível. Igreja Católica constituiu-se em defensora e portadora fundamental da política expansionista da Coroa portuguesa. “Modernização” da Agricultura Anos 1960-1980: predominância de processos de industrialização e rápida urbanização do País. Grande propriedade seria capaz de vencer suas limitações técnico-econômicas e adotar uma dinâmica empresarial moderna, bastando para isso apenas o apoio financeiro do Estado. Manutenção de processos tradicionais de reprodução e concentração da propriedade de terras - “Modernização conservadora” Resultado – subordinação da agricultura à indústria, por meio da ação de setores industriais distintos, antes, durante e após o processo produtivo propriamente agrícola, constituindo-se o que se denomina um complexo agroindustrial. Modernização e Progresso Modelo Modernizante PRODUTIVISMO DESENVOLVIMENTO NOVAS TECNOLOGIASGRANDES EMPRESAS ANÁLISE CRÍTICA DAS QUESTÕES SOCIAIS RELACIONADAS Modernização à Brasileira “No caso brasileiro, é possível afirmar que a modernização da agricultura se efetuou sobre as bases das reações sociais que cristalizaram o predomínio do proprietário sobre o produtor. Isto é, a propriedade da terra ainda constitui, no Brasil, um elemento organizador da atividade agrícola. O caráter produtivo da agricultura é aqui subordinado à dinâmica gestada a partir da propriedade fundiária.” (Wanderley, 1990) ESTATUTO DA TERRA (1964) – Pacto social entre o Estado e grandes proprietários de terra do Brasil Estatuto da Terra (1964) Estabelece os parâmetros da intervenção do Estado no que se refere à modernização da agricultura; Propõe a regulação dos direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola. Define políticas de desenvolvimento agrícola voltadas para a produção; Não conseguiu avançar na reforma agrária nem na diminuição da concentração de propriedades de terra, histórica no Brasil. Estatuto da Terra (1964) Lei no. 4.504, de 30 de novembro de 1964: – “§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo de industrialização do país”; Estatuto da Terra (1964) Função Social da Terra: § 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; c) assegura a conservação dos recursos naturais; d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivem. Novo Patamar Tecnológico Crescimento do setor industrial de insumos para a agricultura. A modernização da agricultura resultou na integração da atividade agrícola ao conjunto da economia nacional – em particular através do desenvolvimento dos complexos agroindustriais. “O elemento que dá unidade às diversas atividades dos complexos agroindustriais é que todas elas são atividades do capital, com uma regulação macroeconômica mais geral. As ligações intercapitais não apenas técnicas, mas, sobretudo, financeiras.” (Kageyama, 1990). Velhos padrões sociais – Questão agrária GRANDES PROPRIEDADES Poucos Proprietários Muitos Assalariados Separação: Propriedade X Produção Crítica à modernização Para Martins (2001) a sociologia rural deve buscar compreender os efeitos destrutivos que a modernização pode acarretar para a sociedade: – “A modernização é um valor dos sociólogos rurais e não necessariamente das populações rurais, porque, de fato, para estas não raro ela tem representado desemprego, desenraizamento, desagregação da família e da comunidade, dor e sofrimento.” A questão agrária brasileira Para Bauer (1998): – A questão agrária brasileira é caracterizada pelo brutal desnível entre posses, renda e qualidade de vida das diversas classes e segmentos sociais da população rural. – Base histórica: sistema de dominação preservados no meio rural desde a época colonial. – Efeitos da modernização tecnológico-capitalista, que transformou os tradicionais latifúndios em modernas empresas rurais, com alta produtividade e rentabilidade. – Modernização conservadora - deixa intocado o regime de propriedade fundiário e o sistema de poder nele assentado e que dele emana. Dominação econômica, social e ideológica. A questão agrária brasileira Para Bauer (1998): – “A discrepância entre aqueles que controlam e monopolizam a terra e os trabalhadores e pequenos proprietários rurais, constitui o problema central do setor agrário brasileiro, expressando-se na ostensivariqueza, poder e status de uns poucos e numa abjeta miserabilidade e desqualificação social e econômica da grande maioria”. (pág. 137). – Produção agrícola de alto valor no mercado externo – açúcar, cacau, café, soja – Disponibilidade de vastas extensões de terras. – Oferta permanente de mão-de-obra barata e submissa. Movimentos sociais rurais Para Bauer (1998): – “Desde os tempos coloniais o interior brasileiro vem sendo intermitentemente sacudido por diversas e variadas formas de rebelião, alcançando maior ou menor grau de intensidade e de mobilização.” (pág. 142) – “...eles representam e expressam formas de reação e protesto dos segmentos mais pobres da população contra relações de produção e de dominação embasadas na instituição da grande propriedade fundiária, constituindo sempre tentativas conscientes ou não, de libertar-se de seus mecanismos de controle, opressão e exploração”. – Regime de propriedade de terras permanece o mesmo. Modernização conservadora Para Bauer (1998): – “O processo de modernização introduzido no setor rural, caracterizou-se, portanto, pela utilização intensiva do solo através do emprego maciço de maquinários, adubação química, inseticidas e fungicidas e práticas de cultivo altamente produtivas mas pouco preservadoras do meio-ambiente, e pela enorme expansão das áreas agricultáveis, através da dilatação das fronteiras agrícolas, cujas áreas, desbravadas inicialmente por pequenos lavradores, seriam rapidamente absorvidas pelas grandes propriedades.”(pág. 144) – Êxodo rural, revitalização do poder dos senhores rurais e agravamento da questão agrária no Brasil. O conceito de Agricultura Familiar Agricultores familiares Antes: vistos como pobres do campo, produtores de baixa renda ou pequenos produtores. Mudança de visão: agricultores familiares percebidos como como alternativa à agricultura latifundiária e patronal dominante no Brasil. Revalorização do meio rural como lugar de trabalho e de vida. Contestação da visão desenvolvimentista “urbano centrada” e predatória do espaço rural. Centralidade de família e da construção de seu patrimônio. Valorização da Agricultura Familiar a partir dos anos 1990 “A agricultura familiar não é uma categoria social recente, nem a ela corresponde uma categoria analítica nova na sociologia rural. No entanto, sua utilização, com o significado e a abrangência que lhe têm sido atribuídos nos últimos anos, no Brasil, assume ares de novidade e renovação.” (WANDERLEY, 2001, p. 21-22) Valorização da Agricultura Familiar a partir dos anos 1990 Programa de Valorização da Pequena Produção Rural (PROVAPE) – 1994 – produto das mobilizações organizadas por agricultores familiares conhecidas como “Grito da Terra Brasil” Apresenta como critérios para caracterizar pequenos produtores rurais: – área de até 4 Módulos Fiscais; – 80% da renda bruta com origem na agricultura; – não ter empregados permanentes. Valorização da Agricultura Familiar a partir dos anos 1990 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) – documentos bases: – Plano Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PLANAF), elaborado pela equipe da SDR-MAARA; – A Resolução do BACEN 2.191 de 24 de agosto de 1995 institui o crédito rural do PRONAF. Valorização da Agricultura Familiar a partir dos anos 1990 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) – critérios para a Declaração de Aptidão (DAP): – explore parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário ou parceiro; – não mantenha empregado permanente. Sendo admitido o recurso eventual à ajuda de terceiros, quando a natureza sazonal da atividade agrícola o exigir; – não detenha a qualquer título, área superior a quatro Módulos Fiscais; – no mínimo, 80% de sua renda bruta anual seja proveniente da exploração agropecuária ou extrativa; – resida na propriedade ou em aglomerado urbano ou rural próximos. Política Nacional da Agricultura Familiar Lei 11.326 de 24 de julho de 2006 – estabelece a Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Serve como orientador para a realização do Censo Agropecuário de 2006, ampliando o levantamento de informações sobre a agricultura familiar no Brasil. Considera como agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, a alguns requisitos: Política Nacional da Agricultura familiar Não detenha área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento Utilize predominantemente mão- de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento Tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento Dirija seu estabelecimento com sua família GESTÃO TRABALHO PROPRIEDADE RENDA Lei 11.326 de 24 de julho de 2006 “Novo” retrato da agricultura familiar Estudo realizado pela FAO em 2000: • As informações disponíveis sobre a agricultura familiar mostram que, apesar da falta de apoio, ela é responsável por quase 40% da produção agropecuária, obtém rendimentos mais elevados por hectare e responde por 76,8% do emprego agrícola. Além disso, parte significativa de produtores pouco capitalizados que receberam algum tipo de apoio conseguiu inovar seus sistemas produtivos e dar curso a trajetórias bem sucedidas de capitalização. (GUANZIROLLI et al, 2001, p. 22) Estudo do Censo agropecuário 1995/1996 Os agricultores familiares representam 85,2% do total de estabelecimentos, ocupam 30,5% da área total e são responsáveis por 37,9% do valor bruto da produção agropecuária nacional. Quando considerado o valor da renda total agropecuária (RT) de todo o Brasil, os estabelecimentos familiares respondem por 50,9% do total de R$ 22 bilhões... Esse conjunto de informações revela que os agricultores familiares utilizam os recursos produtivos de forma mais eficiente que os patronais, pois, mesmo detendo menor proporção da terra e do financiamento disponível, produzem e empregam mais do que os patronais. (GUANZIROLLI et al, 2001, p. 55) Características de estabelecimentos familiares Universo familiar foi caracterizado pelos estabelecimentos que atendiam, simultaneamente, às seguintes condições: a) a direção dos trabalhos do estabelecimento era exercida pelo produtor; b) o trabalho familiar era superior ao trabalho contratado. c) não houvesse estabelecimentos com área superior a uma área máxima regional, estabelecida em 15 módulos fiscais. (GUANZIROLLI et al, 2012) Censo agropecuário 2006 Pela primeira vez traz estatísticas oficiais sobre a agricultura familiar, a partir da colaboração entre MDA e IBGE para a construção de variáveis derivadas que atendessem a critérios da Lei 11.326/2006 – a Lei da Agricultura Familiar. (FRANÇA et al, 2009) Tabela – Participação da Agricultura Familiar no total de estabelecimentos e de área, segundo diferentes variáveis (2006) Censos agropecuários 1995-1996 e 2006 2 3 Guanzirolli et al, 2012 Censos agropecuários 1995-1996 e 2006 Guanzirolli et al, 2012 Tecnologias sociais Evolução do conceito de TS Tecnologia convencional (TC) – dificuldade de ser adequada a todos os países; diferenças sociais e culturais. Crítica ao evolucionismo e determinismo tecnológico. Tecnologia apropriada (TA) – melhoramento de tecnologias tradicionais, a adaptação da tecnologia moderna ao meio ambiente e às condições locais (Índia, China). “Tecnologia Intermediária” - uma tecnologiaque, em função de seu baixo custo de capital, pequena escala, simplicidade e respeito à dimensão ambiental, seria mais adequada para os países pobres (Livro Small is beautiful: economics as if people mattered, Schumacher, 1973). Tecnologia social e Inovação Inovação – processo em que atores sociais interagem desde um primeiro momento e sobre múltiplos critérios (científicos, técnicos, financeiros, mercadológicos, culturais etc.). Crítica ao modelo de Oferta e Demanda quando se trata de troca de conhecimento, de inovação social. Tecnologia Social (TS) - processo de inovação a ser levado a cabo, coletiva e participativamente, pelos atores interessados na construção de um cenário desejável, que pode englobar desde a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico até a introdução de novos métodos de gestão da força de trabalho, e que tem como objetivo a disponibilização por uma unidade produtiva de um novo bem ou serviço para a sociedade. Tecnologia social As Tecnologias Sociais estão espalhadas por todo lugar: educação, saúde, meio ambiente, agricultura etc. Por serem extremamente simples, nem sempre são reconhecidas como tecnologia. Vistas apenas como boas práticas, e terem muitas vezes dimensão local, deixam de ser enxergadas no horizonte das políticas públicas permanentes. Podem ser definidas como “um conjunto de técnicas e procedimentos, associados a formas de organização coletiva, que representam soluções para a inclusão social e melhoria da qualidade de vida”. Caracterizam-se pela simplicidade, baixo custo, fácil aplicabilidade e impacto social, mas não estão necessariamente associadas a organizações coletivas Tecnologia social Há tecnologias que ao mesmo tempo são agrícolas, ecológicas, econômico-solidárias, promovem a segurança alimentar e representam modelo de negócio com planejamento de expansão; porém, justamente por serem multissetoriais, precisariam de um amplo leque de articulação entre as organizações da sociedade e várias áreas governamentais para garantir a plena realização de todas as suas dimensões. Exemplos de Tecnologias sociais Multimistura, complemento alimentar largamente utilizado no Brasil no combate à desnutrição - tornou-se política de segurança alimentar. Cisternas - um instrumento importante de convivência com a seca. Cooperativas de catadores de lixo e a estruturação de projetos que se relacionam à limpeza urbana e reciclagem de lixo. Projetos de saneamento ambiental. Os desafios atuais Desafios da Sociologia Rural Novas ruralidades: – Renascimento rural” - aproximação entre os padrões de vida da população rural e urbana. – Lugar privilegiado, a figura do agricultor – responsável por manter “o campo tradicional”. Mundo rural definido como modo de vida ou como formas específicas de ocupação do espaço, em que a noção de natureza tem uma forte presenças. Revisão crítica da dualidade rural-urbano, agricultura versus indústria. Trocas entre universos culturais distintos. Desafios para a Tecnologia social Superar entraves em diversos circuitos: – Dirigentes governamentais: envolvimento dos atores e convencimento de dirigentes e órgãos do governo, sobre a mídia, sobre especialistas que serão contratados como consultores etc. – Romper o isolamento e viabilizar-se como projetos nacionais de larga escala. – Conseguir ultrapassar as barreiras da burocracia (como fazer). – Conquistar o apoio da academia para sua viabilidade técnica. – Conquistar espaço no circuito das organizações e movimentos sociais. Crise social e política no Brasil Embates polarizados: – Grande propriedade e o agronegócio – Outras formas sociais de produção, dentre as quais a agricultura familiar de origem camponesa Sobrevivência de Políticas públicas que reconheçam o protagonismo dos Agricultores familiares (nos moldes do PRONAF, criado em 1995) Redução da assistência técnica e crédito. Ampliação da desigualdade de renda entre grupos da agricultura familiar, em benefício dos grupos consolidados. Necessidades sociais e econômicas Repensar o atual modelo de desenvolvimento Diversificação, extensificação, pluriatividade Preservação do patrimônio natural Dimensionamento da quantidade e a qualidade dos alimentos produzidos no mundo Demandas de garantia a segurança e nutricional Adequação dos processos produtivos e a equidade das relações de trabalho Novas configurações de vida social fora das aglomerações urbanas. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45
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