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Apontamentos de Introducao ao Estudo do Direito

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Introdução ao estudo do direito.
Fontes do direito
O que são fontes do direito: São os modos de criação e evolução das regras jurídicas. 
Assim as leis em sentido material são sempre fontes de direito e as leis em sentido 
formal só serão se contiverem regras de carácter geral. Também os tratados 
internacionais são fontes de direito se contiverem regras de carácter geral bem como os 
regulamentos comunitários e as directivas comunitárias. 
Alguns autores defendem a existência do direito como uma fonte legitima de direito. O 
costume é uma prática reiterada acompanhada da consciência da sua obrigatoriedade. 
Uma prática reiterada só por si é um uso mas acompanhada da convicção de ter de agir 
assim torna-se um costume, isto é, um uso obrigatório. Existem três formas do costume 
se relacionar com a lei:
1) A existência de um costume que ordena a prática de uma coisa e que a lei já 
anteriormente ordenava. Que já estava prevista na lei e portanto temos o 
costume em conformidade com a lei.
2) O costume pode ir para além da lei criando regras de conduta que a lei não 
prevê. Aqui não existe conformidade mas também não colide com a lei.
3) O costume dispõe contra a lei, cria normas que entram em colisão com a 
disposição jurídica legal. Aqui o costume está contra a lei.
Como o costume é um comportamento que emana do próprio povo á quem considere 
que este é legitimado pelo poder soberano do povo e como tal é fonte do direito mas de 
forma autónoma.
Outra fonte imediata de direito são as normas corporativas artº1 n.ºs 1 e 3 C.C, 
embora equitativas às restantes fontes, estas não podem contrariar as anteriores.
Não são fonte de direito: 
I) A jurisprudência: É jurisprudência toda a actividade dos tribunais bem 
como as suas decisões jurídicas. Não cria regras jurídicas limita-se a cumpri-
las e a determinar sentenças e acórdãos, no caso de vários juizes a proferir a 
sua decisão. Estas decisões em regra não têm caracter geral, são para o caso 
concreto em questão, no entanto podem existir excepções como o Tribunal 
Constitucional art.º 282 CRP, ou o Supremo Tribunal Administrativo que 
pode declarar a ilegalidade de um regulamento com força geral, art.º 281 
CRP. Outra das excepções eram os assentos do Supremo tribunal de Justiça, 
agora revogados, através do art.º 112 nº6 CRP, e que previam que se 
existissem duas sentenças ou acórdãos divergentes em casos análogos, então 
os juizes reuniam para em conjunto deliberar a forma única de interpretar 
determinada lei e deliberar a sentença ou acórdão adequados a aplicar em 
casos análogos com força obrigatória geral, isto é, todos os tribunais 
estariam vinculados a esse assento. Actualmente os assentos foram 
revogados pelos chamados acórdãos de uniformização de jurisprudência.
Os tribunais têm como obrigação julgar segundo a lei, cabe ao juiz provar a 
existência da lei exceptuando os casos em que estamos perante um costume, 
isto é, perante normas consuetudinárias art.º 348 nº1 C.C, cabe ao 
interessado fazer prova desse costume. Também em juízo não posso alegar o 
desconhecimento da lei para justificar a sua violação art.º 6 C.C, no entanto 
pode o juiz considerar a existência de erro de direito que pode anular, por 
exemplo, um contrato de leasing (pensava que ficava dono de, e afinal não), 
o erro de direito não é valido para fugir a penalizações por infracção da lei 
alegando o seu desconhecimento.
II) Os acórdãos de uniformização de jurisprudência: Em tudo igual aos 
assentos exceptuando o carácter geral das suas decisões, isto é, todos os 
tribunais não são obrigados a seguir esse acórdão. Pode acontecer que o 
Supremo possa alterar estes acórdãos precisamente por possuírem carácter 
de sugestão ou de opinião, por esta razão é que não são fonte de direito.
III) A doutrina: As questões jurídicas são tema de estudos e debates por 
senhores estudiosos de direito que devido ao seu prestigio de intelectuais 
podem ser consultados pela jurisprudência. Estes estudiosos chamam-se 
jurisconsultos e o seu trabalho é a doutrina. Ao serem consultados pela 
jurisprudência estes podem de certa forma influenciar os juizes mas de forma 
alguma os seus pareceres traduzem vinculo para este. Outra forma de 
influência é a sua acção sobre os legisladores, estes podem vir a alterar leis 
devido aos seus pareceres, mas só por sua iniciativa.
IV) O costume: Não obstante o exposto no título anterior sobre esta matéria, 
certos autores defendem que o costume não é fonte do direito porque o art. 1 
n.º 1 C.C, nada diz sobre a seu legitimo reconhecimento como tal.
««______ / / ______»»
Formas de cessação de vigência de lei:
Segundo o disposto no art.º 7 C.C existem duas formas de cessação de vigência da 
lei:
I) Caducidade art.º 7 n.º 1 C.C : A caducidade resulta do prazo de 
vigência intrínseco na própria lei, isto é, uma lei na sua própria letra pode 
conter uma data de termo para a sua própria cessação e assim cessa 
devido à sua própria formalidade. Logo à partida o legislador previu o 
término para a sua cessação. Outra forma de caducidade é quando se 
verifica que já não se observam os pressupostos que a lei visava tutelar, 
por exemplo, uma lei que visava proibir a caça da baleia, a partir do 
momento que esta espécie entrar em extinção deixa de fazer sentido que 
exista legislação que proíba a sua caça. São estas as duas formas de 
caducidade.
II) Revogação art.º 7 n.ºs 2 e seg. C.C: A revogação resulta quando aparece 
uma nova a revogar outra. Existem várias formas de revogação: 
a) Ab-rogação: Quando uma lei revoga todos os artigos de uma outra. 
Ex.: novo código civil. Como trata das mesmas matérias do anterior e 
visto que lei recente revoga lei anterior esta assume-se como ab-
rogada. (Não resulta de forma expressa no diploma, isso seria 
revogação expressa).
b) Ad-rogação: revogação de alguns artigos de um diploma. Ex.: 
Revogação de um capítulo do Código civil. (Não resulta de forma 
expressa no diploma, isso seria revogação expressa).
c) Global ou de sistema: Quando concluímos através da sua leitura que 
determinado diploma pretende ser a única regulamentação sobre 
determinada matéria. Naturalmente que daqui resultaria contradições 
entre os novos artigos e os anteriores, mas para isso teríamos que ver 
um por um. Se a intenção é ser a única regulamentação, todas as 
outras, em contradição ou não deixam de vigorar. Ex.: novo código 
civil.
Pode existir revogação global sem ser total, por exemplo um diploma 
que se pretende que seja único em matéria reguladora sobre doações 
e como esta está regulamentada num capítulo próprio do código 
civil, este mantém-se mas esse capítulo e só esse é revogado pelo 
novo.
d) Expressa, que também pode total ou parcial: Resulta na ordem clara
da nova lei em como revoga outra. Pode ser total se expressar 
claramente a revogação total de todos os artigos da anterior, ou pode 
ser parcial se expressar somente a revogação de alguns artigos.
Só através desta forma de revogação é que a lei geral pode revogar 
a lei especial. Ex.: lei geral sobre a caça não revoga lei especial 
sobre a caça referente ao Alentejo, a não ser que seja vontade 
inequívoca do legislador. Uma lei especial resulta da vontade do 
legislador em atribuir um carácter de diferenciação para determinadas 
situações diferenciando-as assim do regime geral. Esta diferenciação 
pode ser em relação a três factores; a ver: 
I) Território: É valido o ex.: da caça sobre o Alentejo.
II) Pessoas: Quando o legislador pretende dar tratamento 
diferenciado aos militares por exemplo sobre um determinado 
assunto.
III) Matéria: Quando determinada matéria é regulamentada pela lei 
geral e pretende-se que em lei especial se trate só de parte daquela. 
Ex.: lei geral sobre o arrendamento em que surge lei especial sobre o 
arrendamento rural, ficando o urbano só na geral.
No entanto a lei especial não substituia geral pois isso seria 
revogação. O que acontece é que a lei especial vem restringir o 
âmbito da geral
e) Tácita: Quando surge uma nova lei que entra em contradição com 
outra anterior. Embora o legislador não tivesse declarado que 
revogava a anterior, (se assim fosse seria revogação expressa), 
subentende-se que a nova alteração revoga a anterior por existirem 
incompatibilidade. Art n.º 7 e n.º 2 C.C.
Em todos os casos supra citados não existe o principio de 
represtinação para leis revogadas, isto é, fazer renascer uma lei 
revogada por uma segunda lei tendo sido também esta revogada por 
uma terceira. Não existe represtinação a não ser nos casos de 
expressa vontade do legislador art.º 7 n.º 4 C.C.
Excepção ao principio da não represtinação é o exposto no art.º 
282 CRP, para a revogação através da declaração de 
inconstitucionalidade resultante de um acto de fiscalização 
sucessiva. (Só faz sentido se for sucessiva, uma lei não pode 
revogar outra se ainda não vigorar).Esta regra também se aplica 
para as decisões do Supremo Tribunal Administrativo sobre a 
ilegalidade dos diplomas. 
Para além do disposto no primeiro parágrafo deste título, existe outra forma de 
cessação de vigência de lei.: A declaração de inconstitucionalidade.
Na verdade, embora o art.º 7 C.C nada diga para além das duas formas anteriormente 
vistas, a declaração de inconstitucionalidade nas suas diversas formas pode fazer cessar 
a vigência de uma lei, assim como represtinar outras eventualmente revogadas por essa, 
como forma de repor a legalidade.(Ver parágrafo anterior e sublinhado).
Importante: O desuso não é forma de cessação de vigência de lei porque o facto de uma 
determinada lei raramente é aplicada não deixam de estar em vigor por isso, nem as leis 
que nunca são aplicadas por não se verificarem os pressupostos que tutelam, como os 
genocídio mas embora não aconteça, essa situação esta perfeitamente acautelada.
««______ / / ______»»
A interpretação das leis:
A disposição legal apresenta-se ao jurista como um enunciado linguístico, como 
um conjunto de palavras que constituem um texto. Interpretar consiste, evidentemente 
em retirar desse texto um determinado sentido ou conteúdo de pensamento. O texto 
comporta múltiplos sentidos e contém com frequência expressões ambiguas ou 
obscuras.
Segundo o art.º 9 C.C não devemos atender unicamente à letra da lei mas sim 
através desta tentar chegar ao espirito legislativo. Para interpretar a lei devemos atender 
à letra e aos elementos extra literários ou factores hermenêuticos que são três: 
1) Elemento gramatical: O texto é o ponto de partida da interpretação. Como tal 
cabe-lhe desde logo uma função negativa, isto é, a de eliminar aqueles sentidos que não 
tenham qualquer apoio, uo uma qualquer correspondência com as palavras da lei.. Não 
obstante, cabelhe igualmente uma função positiva, isto é, se o texto comporta apenas 
um sentido, é esse o sentido da norma. Se pelo contrário o texto comporta mais do que 
um sentido então o interprete deverá optar por aquele que melhor se enquadrar com o 
significado verbal das expressões verbais, supondo sempre que o legislador soube 
exprimir adequadamente a sua vontade.
1) Elemento histórico: O elemento histórico da interpretação é verificar as 
circunstâncias económicas e sociais da época da sua elaboração. A este 
enquadramento temporal designa-se de "Ocaccio legis". O elemento 
histórico também são os trabalhos preparatórios, projectos, actas, pareceres 
que quando guardados podem auxiliar na interpretação, na medida em que 
nos dá uma ideia do que se pretendia quando foi elaborada. Outro aspecto, é 
ter em linha de conta por exemplo a lei revogada se a lei revogatória for de 
difícil interpretação.
2) Elemento sistemático: Quando interpretamos uma lei não podemos vê-la em 
separado mas sim enquadrada dentro de um sistema jurídico unitário.. Para 
além deste enquadramento, é necessário atender à sua própria sistematização 
dentro da lei. Ex.: art.º 67 C.C, fala-nos de pessoas mas não diz quais, mas 
se atendermos à sua sistematização vemos no titulo a que esta inserida ou 
enquadrada que são pessoas singulares.
3) Elemento Teleológico: Consiste na tentativa de alcançar os fins para os 
quais as normas foram elaboradas, alcançar o objecto que a lei pretende 
tutelar. Sabendo os fins sabemos o espirito legislativo. A este elemento 
interpretativo designa-se de "Ratio legis". Ex.: A idade mínima para casar. 
Neste exemplo a ratio legis a finalidade lógica que o legislador pretende 
acautelar è a de uma idade mínima para se poder atingir o objectivo do 
casamento.
Importante: Quando se diz que a lei clara não carece de interpretação é errado porque 
embora seja uma interpretação rápida também ela já foi interpretada. Por outro lado, a 
lei pode ser clara mas não atender ao espirito legislativo e nestas situações de 
discrepância a prioridade recai sobre o espirito legislativo.
Existem várias formas de modalidades de interpretação:
O interprete, socorrendo-se dos elementos interpretativos acabados de referir, 
acabará por chegar a um dos seguintes resultados ou modalidades de interpretação 
quanto ao fim:
I) Quanto ao resultado, pode ser: 
- Interpretação declarativa: Estamos perante uma interpretação 
declarativa quando existe coincidência entre a letra e o espirito 
da lei, isto é, existe sintonia entre o elemento literário e o extra 
literário. Assim o interprete limita-se a eleger um dos sentidos 
que o texto directa e claramente comporta, por ser esse aquele 
que corresponde ao pensamento legislativo. Dentro da 
declarativa existe, declarativa lata e restrita. Porque existem 
palavras que possuem mais do que um sentido, quer em 
linguagem corrente ou jurídica, quando essa palavra è utilizada 
num dos seus sentidos mais abrangentes estamos perante uma 
interpretação declarativa lata. Ex. art.º 1326 C.C (a palavra 
homem). Pelo contrário se essa palavra for utilizada com o seu 
sentido mais restrito estamos perante uma interpretação 
declarativa restrita.
- Interpretação extensiva: Estamos perante uma interpretação 
extensiva quando o legislador disse menos do que queria dizer, 
isto é, o espirito vai para além da letra e como este é prioritário, 
vamos estender a letra dando-lhe um alcance conforme ao 
pensamento legislativo. Ex. art.º 877 n.º1 C.C (estendemos a 
letra abrangendo também bisavós e bisnetos). A extensiva 
assume normalmente a forma de extensão teleológica, a própria 
razão de ser da lei abrange a sua aplicação a casos que não são 
directamente abrangidos pela letra da lei mas são abrangidos 
pela finalidade da mesma.
Os argumentos usados pelo jurista para fundamentar a 
utilização da interpretação extensiva são o argumento da 
“identidade de razão” e o “argumento de maioria de razão”, 
sendo o primeiro, onde a razão de decidir seja a mesma, a 
mesma deve ser a decisão. De acordo com o segundo, se a lei 
explicitamente contempla certas situações, para que estabelece 
certo regime, há-de forçosamente pretender abranger também 
outra ou outras que, com mais fortes motivos, exigem ou 
justifiquem aquele regime.
- Interpretação restritiva: Estamos perante uma interpretação 
restritiva quando o legislador disse mais do que queria dizer, 
isto é, o espirito fica aquém da letra e então é necessário 
restringir a letra aproximando-a do espirito. Ex. Art. 1887 n.1 
C.C,BI (ao interpretar este artigo que nos fala de menores 
somos levados a restringir a sua letra porque se olhar-mos 
para o art.º 132 n.1 C.C, constatamos que não são todos os 
menores, são só os solteiros).
O argumento utilizado para justificar esta interpretação é “ lá 
onde termina a razão de ser da lei termina o seu alcance”.
- Interpretação ab-rogativa: Estamos perante uma interpretação 
ab-rogante quando constatamos que a norma não faz sentido 
útil, isto é, nãoexiste norma aplicável.
- Interpretação enunciativa: É aquela pela qual o interprete 
deduz de uma norma um preceito que nela apenas está 
virtualmente contido, utilizando para tal certs raciocínios 
lógicos que assentam nos seguintes tipos de argumentos:
b) A lei que permite o mais também permite o menos.
c) A que proíbe o menos também proíbe o mais.
d) Argumento “ a contrario senso” por meio dele pode-se deduzir 
que as situações não abrangidas por um certo regime assumem 
sentido oposto a esse regime.
II) Quanto à força jurídica, pode ser: 
- Interpretação autêntica: É toda a interpretação feita de uma 
fonte com maior ou igual valor da lei interpretada. Ex. Um 
artigo do código civil que por ser ambíguo carece de ser 
interpretado pelo governo, fonte de igual valor jurídico. Se 
existir restrições a nível de competência legislativa, fonte 
inferior, já não pode haver interpretação. A autêntica é 
vinculativa para todos, quer individuais quer instituições, e a 
partir da sua vigência passa a obrigar os tribunais a interpretar 
de uma determinada forma. 
- Interpretação oficial: Resulta de uma interpretação feita por 
fonte inferior (como vimos em cima fonte inferior não 
interpreta fonte superior, no entanto aqui está a excepção à 
regra) ex. Um decreto regulamentar a interpretar uma lei. Este 
tipo de interpretação só tem vinculo interno, isto é, só vincula 
dentro do organismo que a elaborou e dentro de todos os 
organismos que lhe estão dependentes. Embora os decretos 
regulamentares possam interpretar uma lei sempre com vinculo 
interno, a sua função é a de regulamentar as leis e não 
interpretá-las. Mesmo que a lei remeta para interpretação oficial 
esta tem sempre vinculo interno; art.º 112 n.º6 CRP. Não 
obstante, os decretos regulamentares podem interpretar de 
forma autêntica um outro decreto ou fonte inferior. As 
interpretações jurídicas ainda são mais restritivas na medida 
em que só vinculam os tribunais dentro de um determinado 
processo.
Mesmo depois de atendermos a todos os elementos da interpretação e ainda 
assim ficarmos na dúvida quanto ao alcance do pensamento legislativo, devemos 
atender ao que nos diz o art.º 9 n.º3 C.C, que o interprete deve ter duas pressunções: 
1- Quando temos duas soluções possíveis devemos optar por 
aquela que nos parecer mais justa e que melhor se 
enquadra dentro dos factos que pretende tutelar.
2- Em caso de dúvida, a segunda presunção diz-nos que 
devemos optar por aquela solução que se aproximar mais 
da letra da lei. Porque mesmo que consideremos o espirito 
da lei mais adequado, se este não tiver correspondência 
com a letra não prevalece, art.º 9 n.º 2. 
As várias correntes de interpretação doutrinária.
Existem para a doutrina várias correntes de pensamento interpretativo : 
I) Subjectivista: O objectivo da interpretação é descobrir a vontade do 
legislador, entendido este como a pessoa ou pessoas que elaboraram 
a lei. Pensar nos indivíduos em particular e no que eles queriam dizer 
com aquela lei. Esta corrente doutrinária é bastante criticada porque 
na verdade é muito difícil saber o que vai na cabeça do legislador, 
sobretudo se falarmos num orgão colectivo como a Assembleia da 
República.
II) Objectivista: Aqui o objectivo é descobrir o que a lei objectivamente 
emana, isto é, a lei torna-se independente, autónoma depois de feita, 
e para a interpretar-mos não necessitamos de saber quem a elaborou.
III) Historicista: Aqui a finalidade é saber qual o sentido que a lei tinha à 
data em que foi publicada.
IV) Actualista: A interpretação actualista consiste em apreender-mos o 
seu sentido no momento presente em que está a ser interpretada. De 
acordo com esta doutrina o sentido da lei pode ir mudando de acordo 
com as realidades sociais embora o texto da lei permaneça o mesmo. 
Ex. A lei do séc. passado sobre transportes, se uma lei disse-se que 
os transportes fazem parte da actividade comercial, transportada 
para a actualidade incluíamos também os transportes aéreos quando 
na altura da sua elaboração estes não existiam.
A terceira e quarta corrente doutrinária consta no art.º 9 n.º1 C.C.
Possíveis relações entre as várias correntes doutrinárias: 
1) Subjectivista historicista: Descobrir a vontade do legislador na altura em 
que elaborou a lei.
2) Objectivista actualista: Qual o sentido objectivo no momento em que 
está a ser interpretada.
3) Subjectivista actualista: O que é que o legislador, se fosse vivo, quereria 
dizer ao fazer uma determinada lei.
4) Objectivista historicista: Qual o objectivo da lei, no passado, quando foi 
feita.
Integração de lacunas na lei
Este tema está relacionado com o art.º 8 n.º1 C.C, que nos diz que um juiz não 
pode abster-se de julgar. Por esta ordem de ideias se uma determinada situação com 
relevância jurídica não está regulamentada pelo direito como é que o juiz julga se não 
existe lei para aplicar ? A resposta a esta pergunta está definida no art.º 10 C.C, que nos 
fala na integração de lacunas na lei.
Só existe lacuna quando uma certa situação com relevância jurídica não se 
encontra regulamentada em todo o sistema jurídico unitário. Como unidade que é temos 
de procurar não só na lei mas em todas as fontes do direito incluindo obviamente as da 
Comunidade Europeia.
Temos então quatro formas de lacunas jurídicas. A saber: 
1) Lacunas de previsão: Fala-se em lacuna de previsão quando uma situação 
não está regulamentada ou prevista em todo o sistema jurídico.
2) Lacunas de estatuíção ou regulamentação: Fala-se em lacuna de estatuíção 
ou de regulamentação, quando uma situação embora prevista na lei a sua 
regulamentação não é suficiente.
3) Lacunas ocultas: Estamos perante uma lacuna oculta quando à 1ª vista não 
existe lacuna mas depois através de uma interpretação restritiva ou ab-
rogante chegamos à conclusão que afinal existe. Através da restritiva 
podemos chegar à conclusão que restringindo o texto a lei deixa de 
regulamentar a situação em causa, do mesmo modo a abrigaste pode levar-
nos a uma situação idêntica na medida em que a lei reguladora de 
determinada situação deixa de fazer sentido. 
4) Lacunas aparentes: Esta verdadeiramente não existe na medida em que é 
uma aparência desta. Numa 1ª interpretação pode-se julgar que estamos 
perante uma lacuna mas depois de uma observação mais aprofundada 
descobrimos regulamentação adequada.
Assim quando estamos perante uma verdadeira lacuna existem duas formas de a 
integrar na lei, art.º 10 C.C:
a) Analogia: Não procura sentenças análogas, mas sim normas feitas a 
pensar em casos idênticos. O n.º 2 do art.º 10 diz-nos quais são as 
semelhanças entre a lacuna e a situação jurídica ou norma análoga 
encontrada. Nem sempre existe analogia com outras normas e aí 
aplicamos o n.º 3 do art.º 10. No entanto proíbe-se a analogia em 
algumas situações. A saber: 
- Não se podem aplicar por analogia normas excepcionais, sendo 
que, estas, são todas aquelas que vão excepcionalmente contra 
todos os princípios do direito, ou direito em qualquer dos seus 
ramos, contraria normalmente aquilo que a lei prevê. Não 
obstante, pode dar aplicação por interpretação extensiva. 
- As normas criminais também são proibidas por analogia 
segundo o art.º 1 do código penal.
- Também a C.R.P no seu art.º 29 proíbe a analogia embora não 
o diga de forma clara. De facto apenas diz que ninguém pode 
ser considerado criminoso sem esta conduta estar prevista em 
lei anterior à data dessa conduta. Não pode ser considerado 
crime só por essa conduta ser análoga a outra que seja 
considerada, a lei penal tem que definir expressamente aquilo 
que é crime.
- Também se pressupõe a proibição por analogia em normas 
tributárias, através do art.º 103 n.º 3, em que ninguém pode ser 
tributado fora dos termos constitucionais.
- Pressupõem-seque o art.º 18 n.º 2 C.R.P, proíba também a 
restrição de direitos, liberdades e garantias por analogia.
Depois de encontrar-mos uma norma análoga, que não seja proibida a 
sua aplicação, aplica-se o principio jurídico e não uma regra jurídica 
ao caso omisso, isto é, da análise de várias regras podemos concluir 
que existe um denominador comum entre elas ou uma preocupação 
subjacente, sendo que estas semelhanças um principio jurídico.
b) A norma que o interprete criaria:
Aplicação da lei no tempo, ou sucessão no tempo art.º 13 C.C
Quando uma lei é revogada aparece outra que a vem substituir. É aqui que se 
coloca uma questão muito importante, qual é a lei a aplicar nos casos concretos? A nova 
ou a antiga? Em principio, a nova lei vigora para os casos que venham a verificar-se de 
futuro e a lei antiga para os casos verificados antes da vigência da nova lei. Em Portugal 
podem existir leis retroactivas embora a regra seja que as leis só dispõem para o futuro, 
art.º 12 n.º 1, embora no mesmo art.º lhe seja dada a possibilidade de dispor para o 
passado. Uma lei retroactiva dispões para situações ocorridas antes da sua vigência
No entanto existem leis retroactivas e estas levantam dois problemas: 
1) A proibição à retroactividade em algumas situações:
- Art.º 18 n.º 3 C.R.P. dispõem directamente sobre a não 
retroactividade da lei restritiva de direitos, liberdades e 
garantias.
- A lei penal também não pode dispor de forma retroactiva 
segundo o disposto no art.º 29 n.º1 e n.º3. N.º1, ninguém pose 
ser punido por uma conduta senão em virtude de lei anterior a 
essa conduta. N.º3, revela o mesmo principio da não 
retroactividade da lei penal, ninguém pode sofrer pena senão 
em virtude de lei anterior.
No n.º4 do mesmo artigo vêm a excepção a esta regra da não 
retroactividade, na medida em que a lei penal pode dispor de 
forma retroactiva nos casos em que a pena seja mais 
favorável ao arguido.
Em suma: A nova lei penal é sempre retroactiva nos casos em 
que dispuser de forma mais favorável ao arguido do que a lei 
que vigorava à data em que ocorreu o crime, e nunca pode 
dispor de forma retroactiva se for mais prejudicial ao arguido. 
Esta regra só acontece em direito penal mesmo que o 
legislador o não diga, na medida em que é a própria C.R.P 
que o diz no seu art.º 29 n.º4. Esta regra é valida tanto para os 
arguidos que ainda não foram julgados quer para os já 
transitados em julgado. Pode existir retroactividade extrema 
em matéria criminal.
- Também em matéria fiscal é proibida a retroactividade, art.º 
103 n.3.
- Segundo a doutrina, a retroactividade extrema é proibida, 
exceptuando em matéria penal, segundo o art.º 111 C.R.P que 
consagra a separação de poderes, e se fosse possível esta forma 
de retroactividade o mesmo seria dizer que era permitido ao 
poder legislativo interferir com o poder judicial.
Outros autores existem que defendem uma teoria semelhante, 
baseados na interpretação enunciativa no art.º 282 C.R.P n.º 1 e 
3, dizendo que só se respeitam os casos já julgados 
anteriormente não havendo lugar à reabertura de processos, e 
por maioria de razão se a lei proíbe o menos também proíbe o 
mais e assim a retroactividade não é possível em matéria de 
normas constitucionais.
2) Qual o grau de retroactividade: Existem vários graus 
doutrinários de retroactividade das leis: 
a) Extrema: Aplica-se a todas as situações passadas mesmo 
àquelas transitadas em julgado. É proibida na nossa ordem 
jurídica exceptuando ao direito penal.
b) Quase extrema: Aplica-se a todas as situações passadas 
excepto aos factos já transitados em julgado.
c) Agravada: Quando a lei nova aplica-se a situações 
passadas mas não a todas. O legislador define quais as 
situações abrangidas. Ex. Art.º 13 n.º1 C.C.
d) Ordinária: Quando a lei nova só se vai aplicar aos efeitos 
futuros dos casos futuros e aos efeitos futuros dos casos 
passados. Os efeitos produzidos pelos factos passados 
ficam ressalvados até à entrada da nova lei e os factos 
passados com efeitos futuros sujeitam-se à nova lei. Ex. 
Um empréstimo efectuado em 1997 e uma lei nova em 
1999, os juros até 99 ficam os mesmos ao abrigo da velha 
lei e de 99 para a frente os novos juros com a nova lei.
Quando o legislador recorre à retroactividade sem dizer em que termos, 
presume-se que é a ordinária, é o que resulta da parte final do art.º 12 C.C na medida em 
que os efeitos já produzidos ficam abrangidos pela lei antiga e os efeitos futuros à nova 
lei. È a forma mais comum de retroactividade no nosso sistema jurídico.
Em suma: o mais importante de saber desta matéria é: 
1) Verificar a legalidade face à constituição.
2) Verificar qual o grau doutrinário de retroactividade a aplicar.
Como a regra diz que as leis prevêem para o futuro a retroactividade é rara, e
mais raro é ainda leis retroactivas de conduta, na medida em que não faz
sentido alterar comportamentos antigos.
Se alei nada diz quanto à retroactividade em principio vale para o futuro mas o 
problema está em saber o que é futuro e passado. Existem situações que nasceram no 
passado, permanecem no presente e prolongam-se no futuro. Para se resolver esta 
questão, por vezes o legislador cria regras chamadas de direito transitório, designando 
qual o regime a aplicar a situações que se encontrem entre a lei nova e a lei antiga. Um 
bom exemplo é o preâmbulo do C.C.
Existem dois tipos de regras Transitórias: 
I) Transitórias formais: Quando o legislador cria a regra, cria outra 
transitória dizendo que se destina a ser abrangida pela lei antiga 
ou pela nova, visto que sem esta regra transitória o interprete não 
saberia qual aplicar e aqui o legislador dá uma ajuda de 
orientação, opta por uma das partes. Ex. Preâmbulo do código 
civil, art.º 23, ou art.º 14.
II) Transitórias materiais: Quando o legislador cria um terceiro
regime especial só para estes casos que se encontrem em 
fronteira. Ex. Preâmbulo do C.C, art.º 23, nem opta pela lei antiga 
nem pela nova, mas cria um regime especial. Outro exemplo de 
norma transitória formal é o art.º 20 do preâmbulo.
Quando não existem normas transitórias a solução é o art.º 12 n.º2 C.C, 
primeira parte, que diz que na duvida e em situação de vício substancial ou formal 
entende-se que só visa os factos novos. Este art.º só se aplica quando o legislador 
nada diz quanto à retroactividade, quanto aos casos passados e não existem normas 
de direito transitório.
Para se distinguir a aplicação do art.º12 n.º 2, primeira e segunda parte, segundo 
o prof. Galvão Telles, é necessário distinguir dois tipos de relações jurídicas: 
a) Instantâneas: não visam durar no tempo como por exemplo uma relação 
jurídica de compra e venda, sendo que esta termina assim que o comprador 
pagar o preço da coisa e o vendedor entregue a coisa. Só dura no tempo se 
alguma das partes não for cumpridora mas isso seria algo de anómalo. A 
estas relações aplicam-se a primeira parte do art.º 12 n.º2. Assim num 
exemplo em tudo igual ao citado em cima, se uma lei nova viesse dispor e 
alterar a regulamentação deste tipo de relações, quer regulamentação 
substancial quer de forma, aplicava-se a primeira metade do n.º2 do art.º 12, 
resultando assim que a lei nova só dispunha para os casos futuros.
b) Duradouras: São relações que visam durar no tempo como por exemplo o 
casamento ou um contrato de arrendamento. Nestas relações de continuidade 
temporal aplica-se a segunda parte do n.º2 do mesmo art.º, isto é, o 
legislador preocupa-se com a relação jurídica em si e não com os factos que 
lhe deram origem, e segundo o referido art.º, assim a nova lei também vai 
dispor nas relações já constituídas.
Se observar-mos bem, até faz sentido que assim seja na medida em que se 
aplicasse-mos a primeira parte do n.º 2 do art.º12 teríamos como resultado 
dois regimes de casamento ou de arrendamento dentroda mesma ordem 
jurídica.
A doutrina
A doutrina internacional defende que não deveria existir leis retroactivas, 
defendendo aquilo a que chamam de "teoria do facto passado" argumentando que a lei 
antiga deve abranger todos os factos ocorridos durante a sua vigência bem como todos 
os efeitos que esses factos hajam produzido no presente e futuro, e a lei antiga aplicarse-
ia a todos os efeitos do caso passado, ou seja, aos efeitos já extintos, pendentes e 
futuros.
A critica a esta doutrina é que não defende qualquer tipo de retroactividade, na 
medida em que na realidade podem existir leis injustas e, não se admitindo a 
retroactividade, estas não podem ser corrigidas de futuro. È demasiado radical porque 
não admite abranger os efeitos futuros dos casos passados.
Outras correntes existem que admitem a retroactividade mas só em certas 
situações, como a "teoria dos direitos adquiridos" que diz que a lei nova teria que 
respeitar os direitos adquiridos sob a lei antiga, só podendo aplicar-se às expectativas de 
um direito ainda não adquirido, entendendo como expectativa toda a esperança que 
alguém tem em vir a adquirir um direito em virtude de uma situação tutelada pela lei, 
mas que ainda não constitui um direito de facto na medida em que não estão ainda 
reunidas as condições para tal, por exemplo. Para se perceber esta teoria o exemplo do 
cônjuge legitimário é esclarecedor. Num casal um dos cônjuges morre tornando o outro 
seu legitimário por força da lei. Uma semana depois uma nova lei vêm alterar o regime 
de sucessão de bens abolindo o cônjuge como legitimário. Segundo esta doutrina, esta 
nova lei não tem legitimidade para abranger esse cônjuge de forma retroactiva na 
medida em que o direito está adquirido, é efectivo. Contrariamente ao exemplo anterior 
e supondo que o cônjuge não morreu, existe uma expectativa jurídica do outro na 
medida em que espera vir a herdar perante a morte do seu cônjuge. No entanto este 
facto ainda não é efectivo, apenas é uma expectativa, quando acontecer é ele o herdeiro, 
e na presença da nova lei, e segundo esta doutrina, agora já é legitimo que esse cônjuge 
seja abrangido pela retroactividade e seja assim abolido como legitimário quando o 
outro morrer.
A critica a esta segunda doutrina é que por vezes é difícil distinguir uma 
expectativa de um direito adquirido efectivo. Existem casos em que a lei tutela 
fortemente a expectativa de certa situação, como por exemplo o art.º 242 n.º2 C.C, na 
medida em que um pai sendo ainda vivo que vende de forma simulada um bem para 
prejudicar deliberadamente os filhos, estes podem desde logo desencadear uma acção 
judicial para tornar inválida essa venda, não tendo que esperar a sua morte. Neste 
exemplo a lei tutela fortemente uma expectativa e não um direito adquirido e segundo 
esta doutrina uma lei nova não iria abranger a expectativa dos filhos que a lei, neste 
caso, pretende tutelar.
Outra teoria é a "teoria das situações jurídicas objectivas e subjectivas" que 
também prevê a retroactividade em certas situações. A lei nova teria que respeitar as 
situações jurídicas subjectivas mas podia alterar as situações objectivas, sendo que as 
objectivas são aquelas que são imperativamente impostas pela lei como por exemplo o 
facto de um acordo de empréstimo necessite de uma forma contratual escrita, ou a 
presença de um notário etç, e as subjectivas, aquelas cujo conteúdo foi livremente 
escolhido pelas partes envolvidas nessa situação como por exemplo um empréstimo de 
dinheiro em que são as partes interessadas a definir o montante do juro e se este existe 
ou não etç. O regime escolhido é subjectivo. Daí que quando a nova lei entra em 
vigência sobre contratos de empréstimos esta, segundo esta doutrina, não pode alterar 
retroactivamente os aspectos subjectivos mas pode alterar os objectivos.
A critica é que de facto uma lei pode abranger uma determinada matéria como 
sendo subjectiva e mais tarde vendo que foi um erro, e segundo esta doutrina mais 
tarde a lei nova não podia vir a alterar esse erro por retroactividade.
Segundo o prof. Galvão telles a lei devia regular retroactivamente as situações 
ou relações jurídicas duradouras e não devia regular retroactivamente as 
instantâneas ficando estas para a lei antiga. Esta é a forma mais fácil de encarar esta 
problemática da aplicação das leis no tempo.
Aplicação da lei no tempo, leis interpretativas art.º 13 C.C.
A lei interpretativa integra a lei interpretada, ou seja, a lei que interpreta não 
revoga aquela que interpretou nem a altera, apenas vêm dizer como é que ela deve ser 
interpretada, ou melhor, como é que ela deveria ter sido sempre interpretada na medida 
em que a lei é a mesma só surgindo esta questão por haver dúvidas quanto ao seu 
conteúdo ou até da sua aplicação.
A doutrina defende que aqui, no n.º1 do art. 13, uma retroactividade agravada 
em virtude de ressalvar certos efeitos e não outros. Outros existem porém que não 
defendem retroactividade nenhuma na medida em que sendo a lei interpretativa, e como 
tal não a podendo alterar, esta sempre foi assim, sempre teve aquele sentido as pessoas é 
que não o tinham percebido.
Ramos do direito
Dentro do direito existe: 
a) Direito objectivo: Como um conjunto de regras jurídicas.
b) Direito subjectivo: Como uma vantagem sobre alguém ou uma situação. Ex: 
Tenho o direito de crédito, direito ao meu património, etç, privacidade, bom 
nome, dignidade, etç.
Existe uma relação entre direito objectivo e subjectivo na medida em que 
existem regras do direito objectivo que garantem direitos subjectivos. Quando se invoca 
o direito de usufruto de um automóvel é porque a lei tem regras que garantem esse 
direito.
Dentro do direito objectivo temos: 
a) Direito público: Conjunto de regras jurídicas que regulam as relações jurídicas 
públicas.
b) Direito privado: Conjunto de regras jurídicas que regulam as relações jurídicas 
privadas.
Como é que se distinguem?
A doutrina ao longo do tempo apresentou três critérios de distinção: 
I- Critério da qualidade da relação jurídica: Defende que se uma relação jurídica 
se estabelecer entre particulares é uma relação jurídica privada e se uma relação 
jurídica se estabelecer entre duas partes públicas ou uma pública e outra privada, 
então é uma relação jurídica pública.
Actualmente é a doutrina menos defendida porque existem frequentemente 
relações jurídicas entre particulares e públicas em condições idênticas, não 
fazendo sentido este critério para a sua distinção. Ex. o arrendamento de um 
imóvel a um particular ou ao estado quando o regime jurídico para ambos os 
negócios é o mesmo. Neste exemplo o estado está em igualdade de 
circunstâncias que o particular, no entanto outras situações existêm em que isso 
não acontece.
II- Critério da posição dos sujeitos: Defende que a relação jurídica é de direito 
privado quando nela intervêm dois particulares ou públicas e particulares em 
igualdade de posição, ou seja, sem que nenhuma das partes goze de supremacis 
jurídica face ao outro.
E será de direito público quando a relação jurídica se estabelecer entre duas 
entidades públicas ou públicas e privada estando a pública em posição de 
supremacia face à outra, isto é, dispondo de autoridade face àquela. Ex. se o 
estado pretender arrendar um imóvel a um particular não dispõe de supremacia, 
na medida em que o regime que tutela o arrendamento é igual para ambos e 
como tal o estado não possui autoridade, diz-se direito privado. Se por outro 
lado o estado pretender expropriar a casa então já possui autoridade face ao 
proprietário e diz-se direito público.
Este é o critério mais acolhido no nosso ordenamento jurídico, prevalece a 
autoridade ou a posição de supremacia de uma das partes. 
III- Critério do interesse dos sujeitos: Defendem que as normas de direito público 
visam proteger os interesses públicos,da comunidade, e o direito privado visa 
proteger os interesses dos privados e particulares. Esta tese foi defendida por 
personalidades como o prof. Freitas do Amaral, prof. Marcelo Rebelo de Sousa e 
prof. Marcelo Caetano. No entanto outros autores existem que criticam esta 
doutrina na medida em que existem regras que visam tutelar interesses de ambas 
as partes como por exemplo as fundações como pessoas colectivas, tutelado no 
código civil no art.º 185, sendo o código civil direito privado, mas no entanto o 
mesmo código prevê a sua importância social, tutelando assim os dois aspectos. 
Outro ex. são as regras de higiéne em estabelecimentos comerciais que visam os 
interesses quer dos particulares quer da comunidade em geral. Também a 
formalidade da escritura pública exigida na aquisição de imóveis tem interesse 
para ambas as partes , ao estado para registo e cobrança de impostos e também 
na transparência no negócio quanto à propriedade, sendo certo que este último 
aspecto também é do interesse dos particulares. Como conclusão, este critério do 
interesse das partes para a classificação do direito público ou privado não é 
objectivo.
Dentro do direito público e privado existem vários ramos principais: 
I- No direito privado: O direito civil como principal é o núcleo comum a todo 
o direito privado, todo o direito restante privado é considerado especial. A 
diferença entre privado comum e especial é fundamental na medida em que o 
direito privado comum aplica-se subsidiáriamente em lacunas do direito 
privado especial. Ex. quando verificamos uma lacuna em direito comercial 
aplicamos o código civil porque é direito privado comum. 
Para além do direito comum, civil, existe direito privado especial: 
a) Direito do trabalho.
b) Direito comercial.
c) Direito agrário.
d) Propriedade industrial
e) E outros.
II- No direito público: 
a) Temos como pricipal o direito constitucional. Constituído pelas regras 
da lei fundamental que regula a competência e o funcionamento do poder 
político, fixa os poderes, direitos liberdades e garantias dos cidadãos, 
fixa os limites da autoridade estatal, e prevalece sobre as restantes fontes 
de direito.
b) Direito administrativo: Regula a organização e funcionamento da 
administração pública ou de outros orgãos territoriais que se enquadram 
no estado na pressecução de interesses públicos como as autarquias. Nas 
relações jurídicas estas instituições gozam de poder de autoridade, 
reconhecida na lei, face aos particulares, “ Ius Imperi “, isto é, gozam do 
poder de execução prévia que mais não é do que o poder de impor as 
suas decisões aos particulares sem uma prévia decisão judicial. Um 
cidadão primeiro obdece e depois reclama, este é o pricípio da execução 
prévia das instituições públicas.
c) Direito financeiro: Conjunto de regras que regulam a actividade 
financeira do estado, aquela actividade que o estado desenvolve no 
sentido de arrecadar receitas dos impostos, vendas onerosas, lucros de 
investimentos estatais etç. As despesas do estado também estão incluídas 
na actividad financeira deste. O orçamento geral do estado é 
regulamentado pelo direito financeiro. Dentro do direito financeiro temos 
o direito fiscal que é exercido de forma independente e que regulam o 
nascimento e a extinção das relações jurídicas entre o estado e o 
contribuinte.
d) Direito penal: Regula as penas a atribuir aos actos criminosos e define 
quais os actos considerados como tal. Só pode ser considerado crime 
uma conduta em lei anterior, e não se pode usar a figura da analogia para 
efeitos criminais. Estas condutas estão definidas no código penal e em 
legislação avulsa, normalmente da conpetência da A.R e também do 
governo sob autorização daquele visto o governo só possuir reserva 
relativa para efeitos legislativos sobre esta matéria.
e) O direito processual: Existem vários ramos: 
- Direito processual civil.
- Direito processual penal.
- Direito processual do trabalho.
- E outros.
Uma das funções do estado é administrar a justiça, sendo que a sua 
administração dá origem ao direito processual que define a estrutura dos 
tribunais e define a actividade destes.
Podemos distinguir o direito judicial por um lado e o direito processual 
em sentido restrito por outro lado. 
- O judicial regula o direito e o modo como se organizam as 
diferentes categorias de tribunais e a esfera das suas 
competências.
- O direito processual em sentido restrito é a forma como os 
juizes devem agir para fazer valer os direitos em causa. Par isso 
é necessário determinados passos processuais como por 
exemplo reúnir documentos, prazos a cumprir, qual a finção do 
advogado etç. Regula todo o funcionamento de um tribunal 
durante um processo. 
O código civil como direito privado comum
Dentro do direito civil existem sub-ramos, o legislador organizou o código em 
matérias sistematizadas. Adaptou a sistematização germânica, isto é, as matérias estão 
definidas de igual modo. O código civil está repartido em cinco livros: 
a) 1 livro- Parte geral - art.º1 ao 396, que define matérias gerais comuns a 
todos os restantes livros.
b) 2 livro- Direito das obrigações - art.º 397 a 1250.
c) 3 livro- Direito das coisas - art.º1251 a 1575.
d) 4 livro- Direito da familia - art.º 1576 a 2020.
e) 5 livro- Direito das sucessões – art.º 2024 a 2334. ( o art.º 2021, 2022, 
2023 foram revogados )
O código civil regula direitos subjectivos bem como obrigações. Nos 
respectivos livros:
I- Direitos de personalidade: art.º 70 ao 81, define normas sobre os 
direitos de personalidade. Respeito pela dignidade humana, da honra, 
do corpo e alma. É tutelado de forma rígida pelo facto de estas 
matérias estarem também tuteladas no C.R.P aprtir do art.º 24. 
Também o código penal tutela estes direitos e castiga quem violar 
essas normas.
II- Direitos de crédito ou obrigacionais: Pressupõe uma relação jurídica 
entre credor e devedor. Obrigação, art.º 397, o que está obrigado a
realizar a prestação é o devedor e aquele que pode exigir essa 
prestação é o credor, sendo que a prestação é a conduta a que o 
devedor está obrigado, entrega de dinheiro, de uma coisa, na prática 
de um facto etç. Quando numa relação jurídica uma parte empresta 
dinheiro a outra, o acto designa-se de mútua, e quando essa coisa for 
de naturesa diferente da pecúniaria designa-se de comodato, art.º 
1149. O direito de crédito têm uma eficácia relativa e não absoluta. 
Se compararmos este com o direito de personalidade, este pode ser 
exigido a qualquer pessoa, o meu direito à vida é exigido a todos, é 
absoluto, enquanto que no direito de crédito este é relativo na medida 
em que só posso exigir essa conduta ao devedor. O direito de crédito 
só é válido perante o devedor.
III- Direitos reais: Direitos sobre coisas sendo que o direito de 
propriedade é o direito real por excelência em que regra geral o 
proprietário tem poder absoluto sobre a coisa. Também o usufruto é 
direito real em que não existe proprietário mas sim usufrutuário, usa 
e usufrui da coisa. Nesta relação o verdadeiro proprietário fica 
limitado face ao seu poder sobre a coisa e o usufrutuário também 
como por exemplo não pode suceder a coisa aos seus descendentes 
ou ascendentes por morte. A hipoteca também é direito real. Esta só 
pode ter por objecto coisas registáveis, imóveis, veículos etç. que 
servem como garantia. Todas as coisas móveis não registáveis não 
podem ser hipotecadoas mas sim penhoradas. É necessário distinguir 
penhor de penhora. O primeiro vale como garantia e o segundo como 
apreensão de bens para serem vendidos para se conseguirem os 
créditos. Os direitos reais têm como objecto coisas imóveis, que 
podem ser apreendidas pelos sentidos. Os direitos reais, tais como os 
de personalidade são absolutos.
IV- Direitos familiares: Relações entre pessoas da mesma família. O 
art.º1576 distingue as fontes de relações familiares, sendo certo que 
para serem familiares têm que possuir um qualquer desses elementos.
V- Direitos sucessórios: Existem direitos e obrigações que terminam 
com a morte, extinguem-se, mas outros existem que se sucedem na 
morte como os legitimários os legatários etç.
VI- Direito comercial: Regula as relações comerciais entre comerciantes, 
sendo certo que, podem existir relações comerciais entre não 
comerciantes na medida em que a lei tutela os chamados actos de 
comércio e estes também podem existir entre não comerciantes. Ex. 
um não comerciante quer comprar para um acto de revenda, não 
sendo comerciante este é um acto de comércio. O código comercial é 
de 1888.
O conceito jurídico de comércio é diferente do comércio em termos 
económicos, aqui serve de intermediário visando o lucro entre 
produtor e o consumidor e a nível jurídico o código comercial chama 
comércio a actos que do ponto de vista económicos não são 
comerciais, ex: um industrial do ponto de vista jurídico é um 
comerciante. Existem vários códigos que regulam o direito 
comercial, sendo que havendo uma lacuna aplica-se de forma 
subsidiária o código civil que é direito privado comum. Como 
exemplo de direito comercial temos o direito de propriedade 
intelectual, industrial etç. 
VII- Direito agrário: Regula a agricultura e pecuária, bem como o 
arrendamento rural etç.
VIII- Direito do trabalho: Todos os anteriores direitos estudados neste 
capítulo são de âmbito de direito privado e este é considerado de 
direito misto, ou seja, privado e público como por ex: um contrato 
colectivo de trabalho. A diferença entre trabalho por conta de outrém 
e prestação de serviços é a autonomia face à entidade patronal, sendo 
que o patrão tem autoridade sobre o trabalhador.
Direito Internacional Público
Direito internacional público são as regras que regulam as relações entre os 
estados ou a orgânica e funcionamento das organizações internacionais. É caracterizada 
pelo modo de criação dessas regras, sendo que não são exclusivas da criação de um 
único estado mas sim resultado da contribuição de vários estados. Sendo assim é 
correcto dizer-se que o direito internacional público não se caracteriza pelo conteúdo 
das suas normas mas sim pelo processo da sua criação.
Aqui o direito consuetudinário é maior do que dentro de cada nação, na medida 
em que existem muitos custumes entre cada país.
Questiona-se se o D.I.P será direito verdadeiro na medida em que se duvida do 
poder coercivo das suas normas, e é aqui que se levantam duas teorias quanto à sua 
aplicação na ordem jurídica interna de cada país e nomeadamente em Portugal:
a) Teoria munista: Vigora automáticamente na ordem interna, existe 
recepção deste de forma automática.
b) Teoria dualista: O D.I.P não vigora automáticamente sendo que, 
para vigorar será necessário um acto legislativo do estado, 
internamente, como medida de importação desse direito. O art.º8 da 
C.R.P diz que vigora directamente e que as normas provenientes de 
tratados não carecem de um acto do governo, somente de publicação 
no diário da República.
Quando uma determinada situação jurídica tem pontos de conexão com várias 
ordens jurídicas, como a nacionalidade, residência, matrimónio etç. por vezes são 
aplicadas normas de outros países pela autoridade judicial na resolução desses casos. 
Mas quem é que decide sobre que normas aplicar? De que estado? Essas respostas 
encontram-se no código civil desde o art.º14 ao 65, artigos estes que regulam situações 
de direito internacional privado chamados de normas remissivas. Este D.I.P não deve 
ser considerado como nos casos anteriores, pelo processo da sua criação de normas, mas 
como direito privado interno visto estar afinal regulado em direito interno de cada 
nação.
Direito Comunitário
Sendo Portugal um país membro da comunidade europeia, tal significa que 
existem normas de direito comunitário. Em 1951 surgem várias comunidades sendo a 
primeira a S.E.C.A através do tratado de França seguindo-se em 1957 o tratado de 
Roma, em que surge a C.E.E e por último a terceira comunidade, no mesmo ano, de 
energia atómica também em Roma. As normas surgidas destes tratados formam o 
chamado direito institucional ou originário sendo que também fazem parte deste direito 
as normas que vieram completar esses três primeiros tratados, nomeadamente as normas 
provenientes do acto único europeu de 1986, do tratado da união europeia ( Mastricht) 
de 1992 e do tratado de Amesterdão, que veio alterar o anterior, de 1997. 
Assim temos como conclusão que, na origem da união europeia surgem três 
tratados iniciais que mais tarde vieram a ser alterados e completados por outros e que 
deste conjunto surgem as normas de direito comunitário.
Para além do direito originário existe o direito derivado que integram os vários 
tipos de actos provenientes dos orgãos que constituem a comunidade europeia, isto é, 
por um lado temos as regras que criaram as comunidades, tratados, e por outro lado 
temos as regras criadas pelos orgãos dessas comunidades como por exemplo: 
a) Regulamentos comunitários: São actos genéricos, abstractos, obrigatórios e 
directamente aplicáveis nos ordenamentos internos dos estados membros. 
Genéricos significam normativos, que contém normas jurídicas. Equivalem à 
legislação elaborada pelos orgãos comunitários que nada têm haver com os 
regulamentos internos do poder executivo de cada estado membro.
b) Directivas comunitárias: São actos que visam a harmonização dos direitos 
dos estados membros, impondo a estes, dentro de certos prazos, transpôr 
para os seus ordenamentos internos as soluções jurídicas impostas por esses 
actos legislativos, as directivas comunitárias. O objectivo é harmonizar as 
normas para todos os estados membros como por exemplo nos casos em que 
a comunidade impõe, através de directiva, uma determinada regra ou solução 
jurídica, esta é válida para todos os estados membros ficando estes obrigados 
a cumpri-la dentro de certos prazos para que consigam transpô-la para dentro 
da sua ordem jurídica e para a sua realidade social. Não é a comunidade 
que legisla sobre essa matéria mas impõe aos estados membros que eles 
próprios legislem, isto é, a comunidade europeia elabora uma directiva 
comunitária impondo medidas sobre determinada matéria cabendo aos 
estados envolvidos criar a legislação necessária para satisfazer essa 
necessidade. No entanto as directivas não deixam de possuir carácter jurídico 
e âmbito geral.
c) Decisões comunitárias: São actos individuais concretos e obrigatórios que 
podem ter como destinatário os estados membros ou então pessoas 
singulares ou colectivas desses estados. Não saão fonte de direito na medida 
em que não têm carácter geral, no entanto são vinculativas a quem se 
destina. Não são actos normativos porque não criam regras jurídicas, são 
antes soluções concretas para certos casos.
Quanto à sua aplicação na ordem interna:
Segundo o art.º8, o direito originário vigora no nosso ordenamento jurídico por 
força do seu n.º2. Embora Portugal não tenha sido país fundador da união europeia 
acatou essas regras aquando da sua adesão.
Quanto ao direito derivado também este é aplicado directamente por força do 
art.º8 n.º3 que consagra como lícito a possibilidade dos regulamentos vigorarem 
directamente nos estados envolvidos se os tratados originários assim o prevêrem, 
bastando para isso que esses regulamentos tenham sido públicados no jornal oficial da 
comunidade europeia, não precisando ser públicado no diário da república. São 
aplicados directamente e com efeito imediato, podendo ser invocados perante um 
tribunal português quer contra o estado ouum particular.
Não obstante, existe polémica quanto à sua aplicação na medida em que de 
início admitia-se que enquanto uma directiva não fosse transcrita parao ordenamento 
nacional essas normas não podiam ser aplicadas pelos tribunais, sem transcrição não era 
direito invocável. Assim e segundo esta primeira ideia, as directivas não possuiam 
eficácia interna sem esta formalidade. Mais tarde por decisão do tribunal de justiça das 
comunidades ficou assente que mesmo antes da transcrição as directivas podem ser 
aplicadas pelos tribunais nacionais sempre que imponham direitos e obrigações que os 
tribunais possam reconhecer. Existem no entanto autores que defendem que não existe 
nada nos tratados originários que consagrem a aplicação directa dessas normas e como 
tal os tribunais não as podem aplicar por força do exposto no art.º8 n.º3.
Em Portugal os autores defendem que o direito comunitário prevalece sobre o 
direito interno exceptuando directivas que disponham contra as normas e princípios 
constitucionais por força do art.º 277 n.º1 e 204. No entanto na prática aquilo que se 
observa é que as directivas prevalecem mesmo quando são insconstitucionais.
As codificações
Nem toda a lei ou decreto lei se consubstância em código. Um código define-se 
como sendo uma lei ou decreto lei que regula de forma unitária e sistemática toda a 
regulamentação sobre um determinado ramo do direito ou parte deste.
Existem vantagens e desvantagens na codificação das leis: 
a) Vantagens: Facilita a apreensão do direito, ultrapassando a sua fragmentação e 
permitindo a coerência sistemática das soluções jurídicas, isto é, permite um 
melhor conhecimento e aplicação do direito. Normalmente vigoram por muito 
tempo, sendo modoficados através de legislação avulsa e a sua elaboração é 
normalmente morosa.
b) Desvantagens: A experiência revela que o legislador têm tendência para não 
alterar os códigos, por respeito pelo trabalho feito e também porque alterar um 
simples artigo pode implicar mexer com toda a obra ou grande parte dela. Como 
normalmente vigora por muito tempo pode não corresponder as constantes 
mudanças sociais e também a doutrina revela-se menos inovadora pela mesma 
razão.
A compilação é diferente de codificação na medida em que um jurista pode decidir 
reunir e ordenar num mesmo livro várias leis pré-existentes sobre uma mesma matéria, 
como por exemplo em direito do trabalho onde não existe um diploma com a forma de 
um código mas sim muitos diplomas elaborados em datas diferentes e por legisladores 
diferentes em que é muito mais fácil reunir num mesmo livro todos esses diplomas em 
jeito de compilação.
Aplicação da lei no espaço, direito privado
Existem em todo o mundo vários ordenamentos jurídicos e como tal pode-se 
levantar o problema de saber qual as normas jurídicas que são aplicadas em 
determinado caso. O normal é que cada estado faça uso do princípio da territorialidade, 
isto é, em cada país aplica-se as regras desse país. Mas existem excepções a esta regra: 
I- Existem tratados internacionais que exigem a aplicação de leis estrangeiras 
como por exemplo as embaixadas estão protegidas por tratados e como tal 
aplicam-se as leis do país que representam.
II- Tratados que consagrem a existência de bases militares no estrangeiro onde 
vigoram as leis do país de origem.
III- Existem casos onde a lei de um estado imponha a aplicação da lei de outro 
estado na medida em que uma aplicação rígida do princípio da 
territorialidade pode ser injusta como por exemplo situações que envolvam 
estrangeiros em Portugal ou o contrário.
Em todas as ordens jurídicas encontramos normas internas que dizem qual é a lei 
aplicável em situações duvidosas quanto à lei no espaço. No caso português estas 
normas podem ser encontradas no código civil entre os art.º14 e 65 chamados de 
normas remíssiveis ou de conflito na medida em que remetem para a lei estrangeira ou 
nacional e resolvem a qustão quanto à sua aplicação no espaço. Uma norma remíssiva 
só por si não resolve a questão, apenas limita-se a remeter para o ordenamento jurídico 
aplicável.
A doutrina chama-lhes de normas de direito internacional privado, no entanto 
estas normas não são nem de direito privado nem de direito internacional porque são 
reguladas no nosso código civil e por isso direito interno por um lado e também podem 
ser de direito público por outro. Estes conflitos não são exclusivos do direito privado.
Designam-se de normas de conflito porque retratam situações em que existem 
pontos de conexão com normas de vários países como por exemplo um português 
atropelado por um belga em Espanha etç.
Em resumo sempre que um caso tenha pontos de conexão com normas de 
vários ordenamentos jurídicos estamos perante um caso de direito internacional 
privado. Quando um ordenamento jurídico faz referência material, não permite 
reenvio para mais do que outro ordenamento. Só permite um reenvio. Art.º17 e 18 
C.C.
Sanções jurídicas
Para cada acto ilícito existe uma respectiva sanção que se traduz numa 
consequência negativa para o sujeito que pratica o acto ilícito: 
I- Sanções reconstitutivas: O que se pretende com esta sanção é reconstituir a 
situação anterior à violação da norma, art.º562 do C.C. Este tipo de sanção 
prevalece sobre as restantes na medida em que funciona como regra do 
princípio da responsabilidade civil. Segundo o art.º562 sempre que for 
possível reconstitur a situação existente antes da violação do direito em 
causa este deve prevalecer no entanto as partes podem acordar de forma 
diferente como por exemplo numa compensação. Não obstante existem 
casos em que a própria lei obriga à sanção compensatória, embora a regra 
seja a reconstituição, como no caso do art.º566 n.º1 que obriga a recorrer à 
sanção compensatória: 
a) Quando a reconstituição da situação anterior for impossivel.
b) Quando a reconstituição natural não reparar todos os danos de forma 
integral, isto é, de forma insuficiente, existindo uma sanção 
reconstitutiva e também compensatória ex. uma dívida de 1000 
contos que quando é paga fora do tempo estipulado pode incorrer o 
infractor em juros de mora como forma compensatória.
c) Quando a reconstituição for demasiado onerosa para o devedor, isto 
é, quando o sacríficio exigido não for justo. Ex: Um automóvel 
avaliado em 200 contos que após acidente o valor de reparação é de 
2000 contos. Aqui o dever de reconstitur revela-se muito oneroso 
pelo que o devedor liberta-se do dever de reconstituir a situação antes 
do acidente e limita-se a pagar ao credor 200 contos. Art.º566 n.º3. 
Outro exemplo da sanção reconstitutiva é o art.º827 em que a 
prestação, caso não seja feita, pode o credor requerer judicialmente 
um processo de execução para que a coisa seja entregue. A coisa em 
questão é retirada ao devedor e entregue ao credor, reconstituindo-se 
assim a situação anterior. O resultado final a que se chega é o mesmo 
se o devedor o não fosse. Assim, em resumo, é correcto dizer-se que 
a sanção reconstitutiva é aquela cujo resultado é o mesmo se a norma 
não tivesse sido violada.
Outro exemplo é o art.º830 sobre contratos, acordo juridicamente 
vinculativo que cria direitos e obrigações para ambas as partes ou não 
na medida em que uma das partes pode não ter direitos e ter só 
obrigações ou o contrário. Neste artigo, neste tipo de contratos, existe 
um contrato de promessa que serve para outro contrato futuro 
chamado de contrato prometido. Este tipo de vinculo jurídico, 
art.º406, contrato de promessa compra e venda, é muito comum na 
transacção de imóveis na medida em que a lei exige escritura pública 
para aquisição de imóveis, art.º875, que normalmente sendo moroso 
e onde qualquer uma das partes pode desistir do negócio, como 
segurança usa-se este tipo de contrato, art.410. Em caso de falta no 
cumprimento do contrato promessa pode o tribunal proferir uma 
sentença cujo resultado será igual se a parte não faltasse ao 
compromisso, isto é, se o vendedor recusar-se a vender o imóvel 
pode o juiz,atrvés de sentença, substituir-se ao vendedor e à sua 
vontade. A esta sentença chama-se de sentença de execução 
especifica, ou seja o juiz conduz este processo ao mesmo resultado 
sem necessitar de escritura pública. Não obstante existem excepções 
a este tipo de contrato como por exemplo o contrato de promessa de 
casamento onde a sentença de execução especifica não é possivel.
II- Sanções compensatórias: Outro tipo de sanção é a compensatória onde não 
se reconstitui a situação anterior(a não ser que a prestação seja uma dívida 
em dinheiro) e procede-se a uma compensação em dinheiro. A regra é o 
art.562, a reconstitução, mas no entanto as partes são livres de acordar outra 
forma. Só existe responsabilidade civil quando existe dano, no entanto em 
responsabilidade criminal pode não existir dano como por exemplo uma 
tentativa de crime também é punível. Aqui destinguem-se dois tipos de 
danos: 
a) Patrimoniais: Estes vão-se repercutir no património de uma pessoa 
que é composto dos direitos e obrigações avaliáveis em dinheiro ou 
avaliação pecuniária. Dentro destes distinguem-se outos dois: 
- Danos emergentes:
- Lucros cessantes:
Para se saber como é que os danos afectam o património aplica-se os danos 
emergentes e os lucros cessantes previstos no art.º564 n.º1 primeira e 
segunda parte separados por vírgula respectivamente. Assim sempre que um 
dano provoque uma diminuição no património chama-se dano emergente e 
quando através de um acto ílicito se verifique que o património não 
aumentou ou foi impedido de aumentar, podendo até nem chegar a diminuir, 
chama-se lucros cessantes. Ex: Um acidente com um taxi. Os danos 
patrimoniais são sempre indmnizáveis.
b) Não patrimoniais ou morais: Nem todos os direitos são pecuniários, 
o direito à vida, integridade fisica, bom nome etç. Existem danos que 
não atingem directamente o património, ou seja, não provoca danos 
emergentes nem lucros cessantes, a estes chamam-se danos morais. 
Nestes casos aplica-se o art.496. Os danos morais só são 
indmnizados se forem graves, art.496 n.º1, de modo a evitar a 
susceptibilidade de pessoas sensíveis face ao juiz.
III- Sanção compulsória: O objectivo é levar o infractor a cumprir a regra de 
forma espontânea embora tardiamente. Um exemplo é o direito de retenção, 
art.º754 e seguinte, e 829A que prevê a sanção pecuniária compulsiva. O 
direito de retenção, inserido na lógica compulsória, baseia-se em obrigar o 
infractor ou devedor a pagar sendo que para o efeito é lícito ao credor reter 
um bem dele. Neste artigo é de salientar a sua parte final na m,edida em que 
nem sempre a retenção é possivel, esta só é possivel se o objecto a reter tiver 
ligação com a dívida. Ex: o já citado caso do garagista cujo trabalho de 
revisão de uma viatura não foi pago, é lícito que retenha o carro como 
garantia de pagamento pelos seua serviços. A extinção do direito de retenção 
faz-se quando o objecto é entregue ao dono, isto é, o direito de retenção tem 
que ser usado no momento em que decorre o acto ilícito não podendo mais 
tarde o garagista reter o carro se não o tivesse retido nessa altura. Não 
obstante o direito de retenção, o credor nunca é proprietário da coisa por si 
retida, e se mesmo assim o devedor não quizer pagar o credor tem que 
recorrer aos orgãos judiciais para penhora de bens. A matéria referente à 
penhora vêm prevista no código de processo civil. O art.º 756 representa a 
excepção ao direito de retenção como por exemplo a má fé. Este direito 
também se aplica a imóveis, art.º759.
Um exemplo de má fé é o caso do ladrão que rouba um automóvel acidntado 
e convencido da perfeição do seu crime resolve repará-lo. Quando é 
apanhado pelas autoridades, não goza do direito de retenção para fazer 
garantia do dinheiro dispendido nessa reparação mas no entanto possui 
direito de indmnização, é o que resulta do art.º1273, o direito de retenção 
não permite o gozo da coisa, do usofruto, a intenção é obrigar a pagar a 
dívida e não a gozar a coisa retida. Quanto à extinção veja-se o art.º761 que 
remete para o 730.
Outro ex: é o art.º428 que prevê contratos bilaterais que são chamados de 
sinalagmáticos, que geram obrigações para ambos os contraentes, em 
oposição a unilateral ou não sinalagmático. Uma das partes só cumpre 
quando a outra o fizer, também é uma sanção compulsória que visa obrigar o 
devedor a cumprir através do pagamento de juros, art.º 829A.
A propósito dos ilícitos civis fala-se em sanção punitiva, não em termos 
criminais mas sim em civis. Quando se aplica uma sanção punitiva a 
intenção é castigar o infractor e não a obrigá-lo a reconstruir ou a compensar 
a parte lesada. Assim fala-se em sanção punitiva e NÃO compulsória, não se 
pretende compeli-lo a cumprir. Ex. o art.º 829A aplica-se apenas quando 
nenhuma das partes cumpriram ainda o acordo, mas o art.º801 n.º2 e 808
prevê a resolução (revogação inilateral do contrato) perante a 
impossibilidade culposa da prestação por parte do devedor. Se a prestação 
for impossível aplica-se o art.º801, não sendo impossível e uma das partes se 
recusar a prestar aplica-se o art.º808. Assim, perante estas duas situações a 
resolução do contrato é uma sanção púnitiva, pretende-se castigar a outra 
parte. É uma sanção civil e não criminal porque o não cumprimento de um 
contrato não é crime em matéria penal e sim em matéria civil. Ex. de pena 
civil, o art.º2166 o falecido deserdou um filho por crimr contra aquele e 
mediante decisão judicial. No entanto a pena foi atribuída pelo próprio pai e 
não por um tribunal. Outro ex. é o art.º2034.
Autotutela do direito privado
No código civil estão previstas autorizações para a autotutela do direito privado. 
Estas são comportamentos excepcionais perfeitamente delimitados, nomeadamente, 
art.º336 e seguintes:
a) Art.º336 – Acção directa: É uma acção análoga ao n.º1 do art.º337 e 
no entanto é muito diferente daquela. Desde logo uma diferença é a 
defesa de terceiros em legitima defesa, enquanto que a acção directa 
não pode ser usada em favor de terceiros. O n.º3 do art.º336 também 
é pareciso com o final do n.º1 do art.º337, no entanto em legítima 
defesa a vitima pode provocar aos agressores prejuízos superiores, 
mas em moderação, enquanto que o n.º3 do art.º336 já não permite 
sacrificar interesses superiores aos que visa sacrificar. Um aspecto 
comum é que é licito recorrer à violência na impossibílidade de 
recorrer aos meios coercitivos normais, daí que se diga que estas 
figuras sejam subsidiárias. Não tem necessáriamente que existir 
agressão e a acção pode não ser actual, posso sempre agir em acção 
directa para assegurar o meu direito desde que não provoque 
prejuízos maiores que o direito que pretendo proteger, optamos 
sempre pela solução menos violenta, e sempre o direito próprio enão 
de outros. É um comportamento licito na medida em que embora o 
direito seja violado este não se extingue.
b) Art.º337 – Legitima defesa: É sempre perante uma acção actual, 
enquanto decorre a acção. Existem autores que defendem que nunca 
se poderá usar a legítima defesa contra animais na medida em que 
este comportamento subentende uma acção de defesa contra acto 
ilícito e os animais não praticam tais actos devido à sua óbvia 
natureza. No entanto se o animal for “motivado” pelo dono tal 
comportamento já será licíto. Não obstante e face ao exposto no 
art.337, “contrário à lei...”, o mais lógico é pensar-se num animal 
cujo resultado da sua acção vai provocar danos, embora este 
obviamente não viole a lei a realidade é que dessa acção resulta 
danos e como tal será licíto proteger os meus direitos face ao animal.
Se a lei permite esta acção contra pessoas mais fácilmente permitirá 
contra animais, por maioria de razão. 
c) Art.º339 – Estado de necessidade: É outro exe. de tutela privada, 
art.º339, justificado para afastar um perigo não tendo 
necessáriamenteque existir agressão para se justificar. É licíto a sua 
utilização a favor de terceiros. É necessário que o direito a proteger, 
quer próprio ou de terceiros, em perigo, tem que valer muito mais 
que a coisa de outrém em questão, isto é, não pode causar a terceiros 
um dano superior, igual ou somente inferior ao que quer evitar, este 
tem que ser manifestamente inferior para ser licíto. 
O n.º1 do art.339 refere-se à destruição de bens e não em usar bens 
alheios, no entanto a lei que permite o mais permite o menos, por 
maioria de razão, por uma interpretação enunciativa.. É previsto 
perante a existência de um perigo que não tem necessáriamente haver 
com a integridade fisíca, basta que seja um perigo face a um direito 
próprio ou de terceiros. No referido artigo nada nos é dito quanto à 
impossibilidade de recorrer às vias coercitivas normais no entanto o 
seu preâmbulo fala-nos de necessidade e como tal esta pressume-se 
como sendo imperativa.
Um aspecto curioso é a excepção resultante da obrigatoriedade de 
indminização ao terceiro na medida em que normalmente se alei 
permite uma determinada conduta não faz sentido impor sanções à 
posteriori para quem tiver essa conduta. As duas figuras 
anteriormente vistas não contêm esta excepção chamada de 
responsabilidade civil por facto licíto que resulta do 
comportamento autorizado por lei mas que depois impõe uma 
sanção. São casos raros em toda a ordem jurídica e resultam da 
vontade do legislador em proteger oterceiro que nada tem haver 
com a situação que resultou em estado de necessidade. 
No n.º2 do mesmo artigo, segunda parte, separado por ; ,observa-se a 
obrigatoriedade de indminizar perante culpa exclusiva, quer por 
intenção ou não ( veja-se o art.º483, artigo chave sobre o príncipio 
da responsabilidade civil ) . Se a culpa não for exclusiva, a desição 
fica ao critério do juíz, seguindo critérios equitativos, de justiça, e 
assim sendo o montante da indminização pode não ser igual ao 
montante do prejuízo na sua totalidade, é o que resulta da segunda 
parte do n.º2 do referido artigo. Daqui também se pode ler que quem 
causar um dano agindo em estado de necessidade a favor de terceiro, 
este também poderá ter que contribuir para o mantante da 
indminização se o juís assim o entender. 
Em relação a animais, esta figura não fará sentido na medida em que 
por um lado o animal teria que valer mais que o direito a tutelar, e 
por outro lado o animal é o próprio perigo que se vai afastar e não 
destruir para o afastar, para além disso o artigo refere-se a actos 
contra o património de outrém e não contra indivíduos ao contrário 
da legítima defesa.
O art.º338 fala-nos dos erros quanto aos pressupostos da autotutela, como no 
exemplo daquele que foge para proteger a vida, estado de necessidade, e que para se 
proteger entra pela janela da casa de um terceiro e este reage com violência julgando 
que estava a ser alvo de um roubo. O que agiu mal incorre em erro quanto aos 
pressupostos da autotutela na medida em que não estava a ser alvo de um acto ilícito 
mas sim de comportamente licíto, o estado de necessidade.
d) Direito de resistência: No C.R.P também se contempla o recurso à 
justiça privada no art.º21 e34 que prevê o direito à resistência sendo 
esta outra figura da autotutela privada.
e) Direito de retenção: Embora não necessáriamente associado ao uso 
da força, este comportamente também é uma figura de autotutela 
previsto no art.754 e seguintes como o exemplo do garagista que 
retêm a viatura em seu poder enquanto o seu proprietário não pagar o 
serviço efectuado. Se que retiver a coisa for agredido pelo seu 
proprietáruio, o outro pode agir em legitima defesa visto o direito de 
retenção sobre essa coisa é licíto porque é o próprio art.337 que o 
diz.
Processo civil
No processo civil existe dois tipos de acção judicial principal e uma outra 
dependente de qualquer destas:
Modalidades quanto ao fim.
a) Acção declarativa: Pretende-se que a desição judicial se pronuncie por um 
direito existente. Pressupõe-se a não existência de um título executivo porque se 
este existir a acção não será declarativa mas sim executiva. Não possuindo título 
e recorrendo a esta acção, se ganhar a desição judicial é valida como título 
executivo.
b) Acção executiva: Não se pretende a pronúncia sobre a existência de um direito 
mas sim que este se exerça, que se passe das palavras aos actos em 
procedimento pragmático. Por exemplo um credor recorre de acção executiva 
para penhora de bens para reaver os seus créditos face ao devedor, embora desta 
acção nem sempre se verifique uma penhora efectiva na medida em que o bem 
em dívida pode estar no rol de bens penhorádos. Este tipo de acção pressupõe 
sempre a existência de um título executivo, art.46 do código do processo civil, 
que possua força probatória, isto é, um documento comprovativo de um direito, 
contrato, escritura pública etç.
c) Acção ou processo conservatório, providências cautelares: Têm como 
finalidade acautelar um prejuízo que se receia, baseando-se numa acção 
preventiva e está sempre dependente de uma acção princípal que pode ser 
declarativa ou executiva. Ex: Se alguém me deve dinheiro tenho um direito de 
crédito e se não possuir título executivo a solução é recorrer à acção declarativa 
para em juízo obter esse título. Após a sua obtenção poderei recorrer à acção 
executiva para fazer valer o meu direito de crédito. No entanto como os tribunais 
são morosos e perante um qualquer indício que me permita concluir que o 
devedor poderá fugir ou por exemplo destruír o objecto da acção, se este não for 
dinheiro, poderei intentar uma acção de providência cautelar e conseguir por 
exemplo um arresto dos bens, art.619 C.C, art.381 a 427 C.P.C. O arresto não é 
igual a penhora embora ambos sejam formas de providência cautelar. 
Embora este procedimento esteja sempre dependente de uma acção principal, as 
providências cautelares podem ser requeridas antes, durante ou depois da 
referida acção, art.383 C.P.C. Se acontecer antes da entrada da acção 
declarativa, ou imediatamente executiva, art.º381 al) a, tem o autor 30 dias para 
a interpôr sob pena da providência cautelar perder validade jurídica, embora 
continue a poder reclamar o seu crédito. Recorre-se sempre a providência 
cautelar como primeira medida preventiva e aguarda-se depois pelo resultado da 
acção princípal que lhe está associada, neste caso, ou que virá a estar. Não 
confundir providência cautelar com restituição provisória de posse prevista no 
art.º1279 C.C, em que é ilícito recorrer à força para retr certo bem para exigir à 
troca o meu crédito. 
Existem três tipos de acção executiva, e mediante estes aplicam-se os 
respectivos artigos: 
I- Para pagamento de quantia certa: Direito de crédito. 
II- Para entrega de coisa certa: De um bem em divída.
III- Para prestação de um facto: De um serviço por exemplo.
Modalidades quanto à forma:
Inserida quer na acção declarativa quer na executiva existe a forma comum e a 
forma especial, art.º485 C.P.C. Existem milhares de processos e sobre eles o legislador 
criou regras comuns para tratamento idêntico e para outros que devido à sua natureza 
criou-se regras especiais. Se o legislador nada dizer sobre esta distinção entende-se a 
aplicação das regras comuns. Assim:
Dentro do processo declarativo comum existe três formas, art.º462 C.P.C:
I- Forma ordinária: Seguindo o processo normal com todas 
as formalidades e prazos.
II- Forma sumária: De forma mais rápida, menos 
formalidades e prazos.
III- Forma sumaríssma: Quase sem formalidades e prazos, 
de execução rápida.
Dentro do processo executivo comum existe duas formas, art.º465 C.P.C:
I- Forma ordinária: Ver em cima.
II- Forma sumária: Ver em cima.
As várias fases do processo declarativo ordinário comum.
Art.º462,

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