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EXECUÇÃO FISCAL

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Prévia do material em texto

Belo Horizonte
2015
MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO
RODRIGO MEDEIROS DE LIMA
Coordenadores
Prefácio
Maurício Zockun
EXECUÇÃO FISCAL
TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
(Redigido considerando o Novo Código de Processo Civil)
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 3 31/03/2015 09:50:48
© 2015 Editora Fórum Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio eletrônico, 
inclusive por processos xerográficos, sem autorização expressa do Editor.
Conselho Editorial
Adilson Abreu Dallari
Alécia Paolucci Nogueira Bicalho
Alexandre Coutinho Pagliarini
André Ramos Tavares
Carlos Ayres Britto
Carlos Mário da Silva Velloso
Cármen Lúcia Antunes Rocha
Cesar Augusto Guimarães Pereira
Clovis Beznos
Cristiana Fortini
Dinorá Adelaide Musetti Grotti
Diogo de Figueiredo Moreira Neto
Egon Bockmann Moreira
Emerson Gabardo
Fabrício Motta
Fernando Rossi
Flávio Henrique Unes Pereira
Floriano de Azevedo Marques Neto
Gustavo Justino de Oliveira
Inês Virgínia Prado Soares
Jorge Ulisses Jacoby Fernandes
Juarez Freitas
Luciano Ferraz
Lúcio Delfino
Marcia Carla Pereira Ribeiro
Márcio Cammarosano
Marcos Ehrhardt Jr.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro
Ney José de Freitas
Oswaldo Othon de Pontes Saraiva Filho
Paulo Modesto
Romeu Felipe Bacellar Filho
Sérgio Guerra
Luís Cláudio Rodrigues Ferreira
Presidente e Editor
Coordenação editorial: Leonardo Eustáquio Siqueira Araújo
Av. Afonso Pena, 2770 – 16º andar – Funcionários – CEP 30130-007
Belo Horizonte – Minas Gerais – Tel.: (31) 2121.4900 / 2121.4949
www.editoraforum.com.br – editoraforum@editoraforum.com.br
M383e Ferreira Filho, Marcílio da Silva. 
Execução fiscal: teoria, prática e atuação fazendária. Coordenação: 
Marcílio da Silva Ferreira Filho; Rodrigo Medeiros de Lima – 1 ed. – Belo 
Horizonte: Fórum, 2015.
310p.
ISBN 978-85-450-0058-7
1. Direito Processual Civil. 2. Direito Público.
I. Título. II. Ferreira Filho, Marcílio da Silva. 
CDD: 347.05
CDU: 347.9
Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR 6023:2002 da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
FERREIRA FILHO, Marcílio da Silva; LIMA, Rodrigo Medeiros de (Coords.). 
Execução fiscal: Teoria, prática e atuação fazendária. 1. ed. Belo Horizonte: Fórum, 
2015. 310p.
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 4 31/03/2015 09:50:48
Os que disseram que uma cega fatalidade produziu 
todos os efeitos que vemos no mundo disseram um 
grande absurdo; pois que maior absurdo há do que uma 
fatalidade cega que tivesse produzido seres inteligentes?
Há, pois, uma razão primitiva; e as leis são as relações 
que se encontram entre essa razão e os diversos seres, e as 
relações desses diversos seres entre si.
(MONTESQUIEU, Charles de Secondat. Do espírito 
das leis. São Paulo: Martin Claret, 2010)
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 5 31/03/2015 09:50:48
LISTA DE ABREVIATURAS
 ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade
 AgRg – Agravo Regimental
 AI – Agravo de Instrumento
 BACEN – Banco Central
 CC – Código Civil
 CDA – Certidão de Dívida Ativa
 CJF – Conselho da Justiça Federal
 CF – Constituição Federal
 CPC – Código de Processo Civil
 CTN – Código Tributário Nacional
 DCFT – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
 DF – Distrito Federal
 EC – Emenda Constitucional
 EPP – Empresa de Pequeno Porte
 FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
 GIA/ICMS – Guia de Informação e Apuração do Imposto sobre 
 Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte 
 Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação
 LC – Lei Complementar
 LEF – Lei de Execuções Fiscais
 ME – Microempresa
 MS – Mandado de Segurança
 NCPC – Novo Código de Processo Civil
 ORTN – Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional
 PLS – Projeto de Lei do Senado
 RE – Recurso Extraordinário
 RESP – Recurso Especial
 RMS – Recurso Ordinário em Mandado de Segurança
 SELIC – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
 STF – Supremo Tribunal Federal
 STJ – Superior Tribunal de Justiça
 TCU – Tribunal de Contas da União
 TFR – Tribunal Federal de Recursos
 TRF – Tribunal Regional Federal
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 7 31/03/2015 09:50:49
SUMÁRIO
PREFÁCIO
Maurício Zockun ...............................................................................................15
NOTA DOS COORDENADORES
Marcílio da Silva Ferreira Filho, Rodrigo Medeiros de Lima ...........17
CAPÍTULO 01
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL
LEANDRO EDUARDO DA SILVA ...................................................................19
1.1 Considerações .........................................................................................19
1.2 Princípio do contraditório.....................................................................20
1.3 Princípio da efetividade ou do resultado ...........................................22
1.4 Princípio da menor onerosidade..........................................................26
1.5 Princípio da responsabilidade patrimonial ........................................27
1.6 Princípio da boa-fé ................................................................................28
1.7 Princípio do desfecho único .................................................................31
1.8 Princípio da disponibilidade ................................................................32
1.9 Princípio da autonomia .........................................................................33
1.10 Princípio da cooperação ........................................................................34
 Referências ..............................................................................................35
CAPÍTULO 02
COMPETÊNCIA E LEGITIMIDADE
ALEXANDRE PEREIRA PINHEIRO ................................................................37
2.1 Competência jurisdicional para processar e julgar a execução 
 fiscal .........................................................................................................37
2.1.1 Regra geral ..............................................................................................38
2.1.2 Tópicos específicos sobre competência em execução fiscal .............43
2.1.2.1 Execução contra entes federados .........................................................43
2.1.2.2 Execução fiscal e juízo universal ..........................................................46
2.1.2.3 Execução de conselhos profissionais ...................................................47
2.1.2.4 Execução de multas trabalhistas ..........................................................48
2.1.2.5 Execução de FGTS ..................................................................................49
2.1.2.6 Execução de multas eleitorais e criminais ..........................................50
2.1.2.7 A questão da competência delegada ...................................................52
2.2 Legitimidade na execução fiscal ..........................................................53
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 9 31/03/2015 09:50:49
2.2.1 Legitimidade ativa .................................................................................54
2.2.1.1 Disposições da LEF ................................................................................54
2.2.1.2 O caso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ........55
2.2.1.3 Execução de decisão proferida por Tribunal de Contas ...................56
2.2.1.4 Execução fiscal promovida por conselhos profissionais ..................58
2.2.1.5 O caso do SIMPLES Nacional ...............................................................60
2.2.2 Legitimidade passiva .............................................................................61
2.2.2.1 Regra geral ..............................................................................................612.2.2.2 Redirecionamento da execução fiscal ..................................................64
2.2.2.3 A Fazenda Pública como ré na execução fiscal ..................................70
 Referências ..............................................................................................71
CAPÍTULO 03
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DA FAZENDA PÚBLICA NA 
EXECUÇÃO FISCAL
MARCELLA PARPINELLI MOLITERNO .......................................................73
3.1 Explicações iniciais.................................................................................73
3.2 Garantias e privilégios do crédito público .........................................74
3.2.1 Aspectos materiais .................................................................................76
3.2.1.1 Responsabilidade pessoal .....................................................................76
3.2.1.2 Preferência de pagamento sobre quaisquer créditos ........................78
3.2.1.3 Autonomia do executivo fiscal .............................................................81
3.2.1.4 Presunção de fraude ..............................................................................85
3.2.1.5 Art. 185-A: a indisponibilidade de bens e direitos ............................85
3.2.1.6 Exigência de prova de quitação de tributos – garantias indiretas ..89
3.2.1.7 Ação cautelar fiscal – indisponibilidade de bens ..............................91
3.2.1.8 Arrolamento administrativo de bens ..................................................91
3.2.2 Aspectos processuais .............................................................................92
3.2.2.1 Constituição unilateral do título executivo ........................................92
3.2.2.2 Emenda e substituição da CDA ...........................................................93
3.2.2.3 Cancelamento da inscrição em dívida ativa .......................................95
3.2.2.4 Suspensão do prazo prescricional com a inscrição em dívida 
 ativa ..........................................................................................................97
3.2.2.5 Interrupção da prescrição .....................................................................98
3.2.2.6 Independência do executivo fiscal e impossibilidade de 
 discussão concomitante em instância administrativa e judicial ......98
3.2.2.7 Exigência de garantia para oposição de embargos à execução .......99
3.3 Prerrogativas judiciais dos procuradores públicos na execução 
 fiscal .......................................................................................................100
3.3.1 Intimação pessoal .................................................................................100
3.3.2 Isenção de custas ..................................................................................102
3.3.3 Responsabilidade dos auxiliares da justiça e prazos 
 peremptórios para a prática de atos pelo oficial de justiça ............103
 Referências ............................................................................................103
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 10 31/03/2015 09:50:49
CAPÍTULO 04
ASPECTOS INICIAIS DA EXECUÇÃO FISCAL
LÁZARO REIS PINHEIRO SILVA ..................................................................105
4.1 A tutela executiva, o crédito e o título executivo que lastreia 
 a execução fiscal ...................................................................................105
4.2 A presunção de liquidez, certeza e exigibilidade da CDA ............111
4.3 Cumulação e reunião de execuções fiscais contra um mesmo 
 devedor ..................................................................................................114
4.4 Extinção da execução fiscal em decorrência do pequeno valor 
 inscrito em dívida ativa .......................................................................117
4.5 Protesto da CDA e mecanismos alternativos de cobrança do 
 crédito nela consubstanciado .............................................................117
4.6 Posturas do juiz diante da petição inicial de execução fiscal. 
 Efeitos do despacho inicial. Reconhecimento ex officio da 
 prescrição ..............................................................................................119
4.7 Isenção de custas ..................................................................................127
4.8 Modalidades de citação do executado ..............................................128
4.9 Substituição ou emenda da CDA durante o curso da execução 
 fiscal .......................................................................................................133
 Referências ............................................................................................137
CAPÍTULO 05
MOTIVOS SUSPENSIVOS DA EXECUÇÃO FISCAL
ANA CAROLINA ANDRADE CARNEIRO ..................................................139
5.1 Colocações iniciais ...............................................................................139
5.2 Causas materiais de suspensão da execução fiscal .........................142
5.2.1 Moratória ...............................................................................................142
5.2.2 Parcelamento do crédito tributário ....................................................144
5.2.3 Depósito do montante integral do crédito tributário .....................147
5.2.4 As reclamações e os recursos nos termos das leis reguladoras 
 do processo administrativo tributário ..............................................149
5.2.5 Concessão de medida liminar em mandado de segurança e a 
 concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em 
 outras espécies de ação judicial..........................................................151
5.3 Causas processuais de suspensão da execução fiscal .....................153
5.3.1 Recebimento dos embargos do devedor com efeito suspensivo ...153
5.3.2 Suspensão da execução fiscal nos termos do art. 40 da LEF ..........155
5.3.3 Baixo valor do crédito exequendo .....................................................158
 Referências ............................................................................................158
CAPÍTULO 06
MOTIVOS EXTINTIVOS DA EXECUÇÃO FISCAL
MARCELO BORGES PROTO DE OLIVEIRA ..............................................161
6.1 Pontos iniciais .......................................................................................161
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 11 31/03/2015 09:50:49
6.2 Pagamento .............................................................................................166
6.3 Compensação ........................................................................................167
6.4 Transação...............................................................................................170
6.5 Remissão ................................................................................................172
6.6 Decadência e prescrição ......................................................................174
6.6.1 Prescrição intercorrente .......................................................................178
6.7 Conversão do depósito em renda ......................................................180
6.8 Pagamento antecipado e homologação do lançamento .................181
6.9 Consignação em pagamento julgada procedente............................181
6.10 Decisão administrativa irreformável .................................................183
6.11 Decisão judicial passada em julgado .................................................183
6.12 Dação em pagamento ..........................................................................184
6.13 Cancelamento da inscrição em dívida ativa .....................................184
6.14 Abandono ..............................................................................................185Referências ............................................................................................187
CAPÍTULO 07
A DEFESA DO EXECUTADO E PECULIARIDADES RECURSAIS
MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO ...................................................189
7.1 Separação didática introdutória .........................................................189
7.2 Instrumentos de defesa do executado ...............................................189
7.2.1 Defesas endoprocessuais.....................................................................192
7.2.1.1 Embargos à execução ...........................................................................192
7.2.1.1.1 Cabimento, exigência de garantia e aspectos processuais .............194
7.2.1.1.2 Os efeitos dos embargos......................................................................202
7.2.1.2 Exceção de pré-executividade ............................................................205
7.2.1.2.1 Caracterização no direito nacional, cabimento e aspectos 
 processuais ............................................................................................205
7.2.1.2.2 Efeitos da exceção ................................................................................209
7.2.2 Defesas heterotópicas e suas peculiaridades no executivo 
 fiscal .......................................................................................................211
7.2.2.1 A ação anulatória .................................................................................212
7.2.2.2 O mandado de segurança ...................................................................216
7.3 Peculiaridades recursais em sede de execução fiscal ......................219
 Referências ............................................................................................222
CAPÍTULO 08
PROCEDIMENTOS EXPROPRIATÓRIOS DE BENS DO EXECUTADO
GUSTAVO ROBERTO CARMINATTI COELHO ........................................225
8.1 Premissas iniciais .................................................................................225
8.2 Da execução fiscal perante o sistema processual civil ....................226
8.3 Das fases anteriores à expropriação patrimonial do devedor .......227
8.3.1 Da penhora ............................................................................................227
8.3.2 Da avaliação de bens ...........................................................................229
8.4 Das modalidades e procedimentos da expropriação de bens .......231
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 12 31/03/2015 09:50:49
8.4.1 Da adjudicação .....................................................................................233
8.4.2 Da alienação por iniciativa particular ...............................................235
8.4.3 Da alienação em hasta pública ...........................................................238
8.4.4 O usufruto de bens móveis e imóveis ...............................................239
8.5 Algumas considerações finais ............................................................242
 Referências ............................................................................................243
CAPÍTULO 09
PROCEDIMENTOS FRAUDULENTOS E CONTORNOS JURÍDICOS
GUILHERME RESENDE CHRISTIANO .......................................................245
9.1 Considerações introdutórias ..............................................................245
9.2 Instituição, pelo devedor, de cláusula de inalienabilidade ou 
 impenhorabilidade ...............................................................................246
9.3 Depósitos em poupança no valor de até quarenta 
 salários-mínimos em momento posterior à inadimplência, 
 desvirtuamento da conta poupança e existência de mais de 
 uma conta com esta natureza .............................................................247
9.4 Depósitos em cooperativas de crédito com a finalidade de se 
 esquivar da utilização da penhora online via sistema Bacen Jud ...251
9.5 Bem de família ofertado ......................................................................253
9.6 Alienação fraudulenta .........................................................................259
9.6.1 Fraude contra credores ........................................................................260
9.6.2 Fraude à execução ................................................................................264
9.6.3 Atos de disposição de bem penhorado .............................................268
 Referências ............................................................................................269
CAPÍTULO 10
A EXECUÇÃO FISCAL E OS PROCEDIMENTOS DE FALÊNCIA, 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL E INVENTÁRIO
RODRIGO MEDEIROS DE LIMA ..................................................................271
10.1 Considerações introdutórias ..............................................................271
10.2 Execução fiscal e falência ....................................................................273
10.2.1 A falência ...............................................................................................273
10.2.2 Legitimidade da massa falida para figurar no polo passivo 
 da execução fiscal .................................................................................274
10.2.3 Impossibilidade do redirecionamento da execução fiscal em 
 face do sócio-gerente pelo só fato da decretação da falência 
 da sociedade empresária devedora ...................................................278
10.2.4 Subordinação da satisfação do crédito exequendo ao 
 procedimento da falência ....................................................................279
10.2.5 Impossibilidade da arrematação pela Fazenda Pública de bem 
 do falido penhorado em execução fiscal ...........................................281
10.2.6 Habilitação do crédito da Fazenda Pública em falência .................281
10.2.7 Questão correlata: ilegitimidade da Fazenda Pública para o 
 requerimento da falência ....................................................................282
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 13 31/03/2015 09:50:49
10.3 Execução fiscal e recuperação judicial ..............................................287
10.3.1 A recuperação judicial e a exigência da regularidade fiscal 
 do empresário .......................................................................................287
10.3.2 Dispensa da exigência de regularidade fiscal ..................................288
10.3.3 Restrição à adoção de atos de constrição e alienação de bens 
 em face do devedor em recuperação judicial ...................................292
10.4 Execução fiscal e inventário ................................................................296
10.4.1 O inventário ..........................................................................................296
10.4.2 Legitimidade do espólio para figurar no polo passivo da 
 execução fiscal ......................................................................................297
10.4.3 Impossibilidade do redirecionamento da execução fiscal ao 
 espólio quando não aperfeiçoada a citação antes da morte 
 do devedor ............................................................................................299
10.4.4 Penhora de bens do espólio x penhora no rosto dos autos do 
 inventário ..............................................................................................303
10.4.5 Habilitação do crédito da Fazenda Pública em inventário ............304
10.4.6 Insolvência do espólio .........................................................................305
 Referências ............................................................................................306
SOBRE OS AUTORES ..........................................................................................309RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 14 31/03/2015 09:50:49
PREFÁCIO
A tutela do interesse público impregna todas as ações estatais, 
pois não pode haver um agir estatal dessincronizado da fidalga perse-
cução do bem comum.
A execução fiscal se perfila dentre os instrumentos contempla-
dos pela ordem jurídica tendente a, forçadamente, obrigar sujeitos de 
direito ao cumprimento de certas obrigações pecuniárias em prol de 
entidades cujos créditos, porque volvidos à consecução de finalidades 
públicas, merecem singular tratamento jurídico-positivo.
Passados mais de três décadas da sua edição, a Lei de execução 
fiscal continua despertando a merecida atenção dos operadores do di-
reito. Aliás, enquanto permanecer em vigor, sempre merecerá a atenção 
da comunidade jurídica.
Isso porque a passagem do tempo não petrificou o sentido, con-
teúdo e alcance de suas disposições. Diversamente, como suas prescri-
ções normativas integram o sistema jurídico-positivo, cujos princípios 
norteadores são reinterpretados e redimensionados pela evolução da 
sociedade e pela mutação da ordem jurídica, a parte não pode ser exa-
minada descolada do todo normativo ao qual se encontra associada.
Esta é a invulgar virtude da obra em apreço: assinala ao leitor 
o reenquadramento de temas capilares da Lei de Execução Fiscal aos 
atuais paradigmas jurídico-positivos.
E como é muito próprio aos juristas talentosos e jovens de alma, 
categoria na qual estão inseridos todos os autores desta obra coletiva, o 
espírito contestador lhes serve de norte, o que torna o exame dos temas 
abordados ainda mais atraente e palpitante.
Não sem razão, é marca constante em todos os textos o cotejo 
entre os institutos próprios da execução fiscal e os princípios constitu-
cionais que lhe servem norte e suporte normativo. Daí porque a aurora 
da obra se inicia, justamente, com um texto que se dedica aos princípios 
aplicáveis à execução fiscal.
Sem embargo, há invulgar preocupação com a coordenação dos 
preceitos da Lei de Execução Fiscal aos novos e sedimentados preceitos 
normativos que, reinterpretados, dão à obra enfoque moderno e atual 
contribuindo, por isto mesmo, para grande ilustração dos seus leitores.
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 15 31/03/2015 09:50:49
16 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
É esta obra que tive o prazer de ler e que, agora, é apresentada 
aos afortunados leitores.
Tenham todos uma leitura enriquecedora e esclarecedora.
Maurício Zockun
Professor de direito administrativo da PUC-SP. Doutor em direito 
administrativo da PUC-SP. Mestre em direito tributário pela PUC-SP.
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 16 31/03/2015 09:50:49
NOTA DOS COORDENADORES
É com grande satisfação que finalizamos os trabalhos deste livro, 
objeto de uma atividade conjunta entre os Procuradores de Estado de 
Goiás, que atuam especificamente com execução fiscal. O escopo prin-
cipal foi permitir a colheita de experiências profissionais, bem como o 
aprofundamento teórico individual de cada escritor, considerando os 
capítulos específicos que lhes foram atribuídos.
No que concerne ao caro leitor, nossa intenção foi formar uma 
obra que permita uma consolidação dos conhecimentos jurídicos no 
âmbito da execução fiscal, possibilitando a leitura por profissionais, ju-
ristas, pessoas que buscam aprovação em concursos, processos seletivos, 
OAB, entre outros. De certo, o estudo não foi direcionado a um leitor 
específico, mas, sim, para permitir o acesso universal aos conhecimentos 
transferidos, independentemente do objetivo do nosso destinatário.
Sem dúvidas, a execução fiscal é tema que, na contemporaneida-
de, vem sofrendo cada vez mais controvérsias, seja pela desatualização 
de sua legislação, seja pelos inovadores posicionamentos doutrinários 
e jurisprudenciais diante do intensificado fenômeno da constituciona-
lização do direito. Por isso, dispensam-se maiores aprofundamentos 
relativos à importância do objeto de estudo.
Neste livro, contamos com a participação de procuradores que 
passaram por experiências em Procuradorias Regionais da Procuradoria 
Geral do Estado de Goiás (PGE-GO), atuando especificamente com a 
execução fiscal de determinadas regiões do Estado. Também contamos 
com a participação de dois procuradores lotados em especializadas em 
Goiânia: Leandro Eduardo da Silva e Guilherme Resende Christiano.
No contexto geral, é importante registrar que os Procuradores 
lotados nas Regionais detinham a responsabilidade de condução de 
todos os processos concentrados em sua abrangência, numa espécie 
de verdadeira gestão jurídica e administrativa. Não por menos, as 
experiências profissionais e, principalmente, teóricas advindas desta 
designação foram relevantíssimas para a formação do presente livro.
Na estrutura da obra, contamos com dez capítulos, excluída 
a introdução, os quais foram divididos exatamente entre dez Procu-
ra dores. Tentou-se abranger o assunto de maneira mais completa 
RodrigoMedeiros_ExecucaoFiscal_MIOLO.indd 17 31/03/2015 09:50:49
18 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
possível, passando, especialmente, por questões que focam na atuação 
da Fazenda Pública em juízo.
É de se ressaltar que, independentemente da função desempe-
nhada pelos autores como advogados públicos, os posicionamentos e 
estudos elencados no presente livro foram desenvolvidos com impar-
cialidade acadêmica. Nesse sentido, cada autor foi orientado pela liber-
dade do seu posicionamento, independentemente da função relativa 
ao seu cargo, até porque boa parte dos autores, além de Procuradores, 
são também advogados, dada a permissividade do estatuto jurídico 
aplicável à categoria.
Assim sendo, inobstante o posicionamento se mostre favorável 
ou desfavorável à Fazenda Pública, os pontos de vistas foram expostos 
com isenção, de maneira a permitir o aprofundamento do leitor sobre 
o tema sem quaisquer desvios. Por óbvio, a atuação do Estado nos 
executivos fiscais foi ponto fundamental do estudo, de maneira que 
a observação de suas posturas no processo teve pontuações especiais, 
inclusive com perspectivas das atuações dos autores.
Atentamos ao leitor ainda que, por vezes, é possível perceber 
que os capítulos e as explicações se voltam à execução fiscal de créditos 
tributários. Apesar de cediço que o referido procedimento também 
abrange a execução de créditos não tributários, a importância e as 
peculiaridades que a execução daqueles remonta gera necessidade de 
atenção especial, até porque o maior quantitativo deles advém.
Na totalidade, a obra permite o enfrentamento das questões 
doutrinárias e jurisprudenciais mais contundentes da execução fiscal, 
focando na atuação fazendária, o que nos permite concluir o trabalho 
com bastante satisfação e orgulho.
Desejamos a todos uma ótima leitura.
Marcílio da Silva Ferreira Filho
Rodrigo Medeiros de Lima
Coordenadores
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CAPÍTULO 01
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS 
À EXECUÇÃO FISCAL
LEANDRO EDUARDO DA SILVA
1.1 Considerações
A execução fiscal, disciplinada pela Lei nº 6.830 (LEF), de 22 de 
setembro de 1980, e, subsidiariamente, pelo CPC, naquilo que é com-
patível com as regras gerais dos demais modelos executivos (art. 1º, da 
LEF),1 é espécie de execução de título extrajudicial, representada por 
certidão de dívida ativa (CDA).
Como em qualquer arcabouço legislativo, possui princípios que 
orientam as notas características de seus procedimentos e institutos. 
Tanto que Araken de Assis afirma que: “no processo de execução [...], 
itinerários exteriores também revelam princípios, evidentemente cali-
brados à natureza da respectivafunção judicial”.2
Contudo, isso não autoriza dizer que os princípios que discipli-
nam os processos de conhecimento e cautelar não se aplicam ao pro-
cesso de execução, mas tão somente que o módulo executivo detém 
princípios típicos.3
1 Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, 
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.
2 ASSIS, Araken. Manual do Processo de Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. 
p. 104.
3 A execução forçada está regulada pelos mesmos princípios que o módulo processual de 
conhecimento. Assim, por exemplo, os princípios do devido processo legal, da isonomia 
e do contraditório. Surgem, aqui, porém, alguns princípios novos, próprios deste tipo de 
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20 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
É preciso esclarecer desde logo que o presente capítulo não 
pretende um aprofundamento minucioso dos princípios, adentrando, 
por exemplo, em sua origem, sua matriz constitucional e seus aspectos 
formal e material. O escopo será o delineamento dos aspectos jurídicos 
principais para o fim de permitir uma visualização preliminar do tema.
Feito esse registro, voltamos os olhos ao objetivo deste capítu-
lo, que consiste, sinteticamente, na tratativa dos seguintes princípios 
do processo executivo: i) contraditório; ii) efetividade ou resultado; 
iii) menor onerosidade; iv) responsabilidade patrimonial; v) boa-fé; 
vi) desfecho único; vii) disponibilidade; viii) autonomia; ix) cooperação. 
1.2 Princípio do contraditório
Existem autores que negam a existência do contraditório no 
pro cesso executivo, a exemplo de Alfredo Buzaid e Theodoro Júnior;4 
outros, como Amaral Santos, consignam que sua aplicabilidade é ate-
nuada. Porquanto, em linhas gerais, defendem que o direito no módulo 
executivo já estaria pré-certificado, não havendo, por isso, qualquer 
atividade cognitiva por parte do juiz.
Entretanto, referendar tais posicionamentos equivaleria a ape-
quenar o significado do contraditório ou mesmo limitar sua aplicação 
aos processos de conhecimento e cautelar. A propósito, a amplitude 
interpretativa que deve ser alocada em tal princípio é bem retratada 
por Aroldo Plínio Gonçalves:
O contraditório não é o ‘dizer’ e o ‘contra dizer’ sobre matéria controver-
tida, não é a discussão que se trava no processo sobre a relação de direito 
material, não é a polêmica que se desenvolve em torno dos interesses 
divergentes sobre o conteúdo do ato final. Essa será a sua matéria, ou 
seu conteúdo possível. O contraditório é a igualdade de oportunidade 
no processo, é a igual oportunidade de igual tratamento, que se funda 
na liberdade de todos perante a lei.5
É por isso que dissentimos do posicionamento que nega a exis-
tência do contraditório. Deve prevalecer, neste ponto, a maior parcela 
atividade jurisdicional. Além disso, alguns dos princípios gerais recebem aqui caracte-
rísticas novas [...]. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Rio de 
Janeiro: Lumen Júris, 2008. v. 2. p. 144).
4 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 
2008. v. 2. p. 146.
5 GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica Processual e Teoria do Processo. Rio de Janeiro: AIDE, 
2001. p. 127.
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21CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
da doutrina,6 para quem o contraditório se aplica em sua plenitude ao 
módulo executivo.7
Como se percebe, o contraditório, no processo de execução fiscal, 
não se limita ao manejo de objeção de pré-executividade ou à oposição 
de embargos à execução, instrumentos de defesa por excelência neste 
procedimento. Atualmente, é muito recorrente a utilização de defesas 
heterotópicas, configuradas pela sua autonomia em face da execução 
fiscal, como é o caso da ação anulatória e do mandado de segurança. 
O contraditório também está inserido no que concerne ao diálogo 
entre as partes e o magistrado, constituindo uma relação direta com o 
princípio da cooperação.
O contraditório, que alguns preferem, de forma mais geral, deno-
minar de “direito de defesa”, é considerado como direito fundamental 
consagrado na CF, nos termos do art. 5º, inciso LV, ao prever que, “aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em 
geral, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e 
recursos a ela inerentes”. Deriva ainda do princípio do devido processo 
legal, o qual se divide em processual (procedural due process – relacionado 
às garantias processuais) e substancial (substantive due process – rela-
cionado à razoabilidade do direito material). Este princípio, do qual 
decorre o contraditório, também possui sede constitucional, agora no 
art. 5º, inciso LIV, ao dispor que “ninguém será privado da liberdade 
ou de seus bens sem o devido processo legal”.
Tais dispositivos têm aplicação plena no processo executivo.8 
Apesar disto, a falta de atualização normativa enseja ainda debates 
polêmicos quanto à constitucionalidade de institutos da execução fiscal. 
6 Confira, por todos, DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil, p. 168-170.
7 É inegável a presença de contraditório no processo executivo [...]. Basta pensar, por 
exemplo, na execução por quantia certa contra devedor solvente, em que o bem penhorado 
é levado à avaliação judicial. Elaborado o laudo, deve-se comunicar as partes de seu teor 
(informação necessária) para que possam, querendo, impugná-lo pelo meio próprio 
(reação possível). Outro exemplo que pode ser aduzido é o da necessidade de citação 
do executado na execução por quantia certa contra devedor solvente fundada em título 
extrajudicial para, em três dias, pagar a dívida [...]. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de 
Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2008. v. 2. p. 147).
8 Isto, contudo, não significa dizer que a cognição necessariamente precisa ser sempre 
ampla e ilimitada. Como todo direito fundamental, o contraditório (direito de defesa) 
também pode sofrer limitações, como, por exemplo, a imposição de cognição parcial em 
procedimentos especiais. Como esclarece Marinoni: “se um procedimento pode restringir 
o direito de alegação e prova para dar efetividade à tutela do direito material, isso não 
quer dizer que o direito de defesa, considerado em relação a esse procedimento, tenha 
sido violado, desde que se permita ao réu invocar tal questão por meio de ação inversa 
posterior”. (MARIONIN, Luiz Guilherme. Curso de processo civil: teoria geral do processo. 
7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. v. 1. p. 387).
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22 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
A LEF e o ordenamento jurídico processual e constitucional possibi-
litam ao executado a utilização de meios de defesa endoprocessuais e 
heterotópicos; porém, ainda remanescem dúvidas quanto a determi-
nadas limitações processuais (v.g. exigência de garantia do juízo para 
embargar), as quais serão tratadas em capítulos seguintes desta obra.
Também se verifica ainda resistência quanto à adoção direta do 
procedimento executivo, já que, segundo alguns defendem, o título 
que lastreia o petitório é constituído de forma unilateral. Esta questão 
também será aprofundada em capítulos posteriores.
Servem estas considerações para fazer referência ao fato de que 
a limitação normativa vem ocasionando um fenômeno de abertura 
cognitiva cada vez maior pela jurisprudência através de meios proces-
suais alternativos, como aação anulatória, tão amplamente utilizada na 
atualidade em substituição aos embargos à execução. Isto, por certo, está 
entrelaçado ao próprio fenômeno de constitucionalização do direito, 
a ensejar releitura de institutos jurídicos para garantia e concretização 
dos direitos fundamentais.
Entretanto, é preciso advertir que a garantia do contraditório no 
processo de execução não impõe a existência de discussão de mérito 
quanto à juridicidade do título. Na execução, o mérito é a satisfatividade 
do crédito exequendo. A suscitação de dúvida quanto à sua constitui-
ção regular é apenas permitida pelos meios de defesa do executado, 
quando, então, o magistrado promoverá o juízo de cognição cabível.
1.3 Princípio da efetividade ou do resultado
O processo de executivo tem por finalidade satisfazer o crédito 
do exequente em decorrência do inadimplemento do devedor. Ele pres-
supõe a existência de um crédito líquido, certo, exigível e provado por 
meio de um título executivo. Pressupõe, portanto, a certeza e liquidez 
do direito do credor, além da sua exigibilidade, o que justifica que a 
execução deva se realizar no interesse do credor, com fins à célere e 
eficaz satisfação do seu direito.
Com a execução fiscal não é diferente. Esta, como meio coercitivo 
de cobrança de obrigação de pagar, só se efetivará acaso seja capaz de 
assegurar à Fazenda Pública a soma em dinheiro a que faz jus.9
9 Conforme ensina Assis, a execução se circunscreve ao necessário e suficiente para solver a 
dívida. Corrobora, por exemplo, com tal afirmação, a dicção do art. 692, parágrafo único, 
do CPC (“Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar 
para o pagamento do credor”) e do artigo 24, parágrafo único, da LEF (“Se o preço da 
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23CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
Da finalidade do processo executivo, ora exposta, extrai-se o 
conteúdo do princípio da efetividade ou do resultado, que, em sede 
de obrigação de pagar, tem sua aplicação plena.10
Conforme Didier Jr., os fins do processo informam a interpre-
tação da cláusula geral do devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF) e 
do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF). 
Segundo o autor, só há processo devido se este for efetivo. O acesso à 
jurisdição, por sua vez, não pode se limitar à “garantia de pura e sim-
plesmente ‘bater às portas do Poder Judiciário’”, devendo o processo 
judicial mostrar-se capaz de realizar o direito material em causa.11
Não se intenciona dizer, contudo, que, se o processo de execução 
não alcançar seu desiderato – como sói acontecer no executivo fiscal –, 
não terá havido devido processo legal, nem uma substancial prestação 
jurisdicional. Contudo, o processo executivo precisa mostrar-se, ao 
menos, potencialmente adequado a alcançar o seu desiderato, ante o 
seu reconhecido caráter instrumental na satisfação do direito material.12
Nesse sentido, além de um arcabouço legislativo adequado aos 
fins do processo, o princípio da efetividade exige, ainda, uma postura 
interpretativa do juiz voltada à consecução de tais fins.
Mais concretamente, significa: a) A interpretação das normas que re-
gulamentam a tutela executiva tem de ser feita no sentido de extrair a 
maior efetividade possível; b) O juiz tem o dever-poder de deixar de 
avaliação ou o valor da melhor oferta for superior ao dos créditos da Fazenda Pública, a 
adjudicação somente será deferida pelo Juiz se a diferença for depositada, pela exequente, 
à ordem do Juízo, no prazo de 30 (trinta) dias”). (ASSIS, Araken. Manual do Processo de 
Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 108).
10 É que, em se tratando de obrigação de fazer e de não fazer, por vezes, não se terá o 
resultado prático com o cumprimento da obrigação. Isso porque, conforme Câmara, incide 
na espécie o brocado nemo ad factum praecise cogi potest (ninguém pode ser coagido a prestar 
um fato). (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: 
Lumen Júris, 2008. v. 2. p. 145). No mesmo sentido, porém, tratando de obrigação de dar 
coisa certa, assevera Assis (2001, p. 108): “na execução para entrega de coisa certa, faculta 
não se reclamar ao terceiro adquirente a res litigiosa alienada [...]”. (ASSIS, Araken. Manual 
do Processo de Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 108).
11 DIDIER JR., Fredie et al. Curso de direito processual civil. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2012. 
v. 5. p. 47.
12 A respeito da instrumentalidade do processo, convém transcrever ressalva feita por Fredie 
Didier Jr.: “Quando se fala em instrumentalidade do processo, não se quer minimizar 
o papel do processo na construção do direito, visto que é absolutamente indispensável, 
porque método de controle do exercício do poder. Trata-se, em verdade, de dar-lhe a sua 
exata função, que é de co-protagonista. Forçar o operador jurídico a perceber que as regras 
processuais hão de ser interpretadas e aplicadas de acordo com a sua função, que é de 
emprestar efetividade às normas materiais”. (DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual 
civil. 14. ed. Salvador: JusPodivm, 2012. v. 5. p. 26).
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24 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
aplicar uma norma que imponha uma restrição a um meio executivo, 
sempre que essa restrição não se justificar à luz da proporcionalidade, 
como forma de proteção a outro direito fundamental; c) O juiz tem o 
poder-dever de adotar os meios executivos que se revelem necessários 
à prestação integral de tutela executiva.13
O princípio da efetividade está estampado nos arts. 612 e 646 do 
CPC.14 Conquanto a LEF não contenha referência expressa ao princípio, 
pode-se concluir por sua aplicação à execução fiscal, uma vez que a 
finalidade da execução fiscal não difere da finalidade do processo de 
execução em geral. 
Importa mencionar, contudo, que o art. 612 do CPC (“Ressalvado 
o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal 
(art. 751, III), realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, 
pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados”), é 
aplicável com temperamentos ao executivo fiscal. 
É preciso ter em mente que a execução fiscal se processa tanto 
contra devedor solvente quanto insolvente, não submetendo a cobran-
ça do crédito fazendário à eventual execução concursal, em caso de 
insolvência. É o que se extrai dos arts. 29, da LEF, e 187, do CTN, que 
excluem a cobrança judicial da dívida ativa do concurso de credores. 
A disposição, contudo, não está livre de questionamentos, conforme 
se esclarece no capítulo 10.
Além disso, a questão do direito de preferência sobre os bens 
penhorados (art. 612 do CPC, parte final) é controvertida no âmbito da 
execução fiscal. Primeiramente, em razão da regra do art. 29, parágrafo 
único, da LEF (e art. 187, parágrafo único, do CTN), que estabelece uma 
ordem legal de preferência entre os créditos da União, dos Estados, do 
DF, dos Municípios e de suas respectivas autarquias:
Art. 29 - A cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é 
sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, 
liquidação, inventário ou arrolamento.
Parágrafo Único - O concurso de preferência somente se verifica entre 
pessoas jurídicas de direito público, na seguinte ordem:
13 DIDIER JR., Fredie et al. Curso de direito processual civil. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2012. 
v. 5. p. 47.
14 Art. 612. Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso 
universal (art. 751, III) realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela 
penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.Art. 646. A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de 
satisfazer o direito do credor (art. 591).
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25CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
I - União e suas autarquias;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios e suas autarquias, conjunta-
mente e pro rata;
III - Municípios e suas autarquias, conjuntamente e pro rata.
Tal ordem de preferência tem previsão legal, se sobrepondo, 
assim, ao princípio da anterioridade da penhora (prior in tempore, potior 
in iure). Nesse sentido, havendo pluralidade de penhoras sobre um 
mesmo bem, em diferentes execuções fiscais, ajuizadas por distintas 
pessoas jurídicas de direito público, terá preferência não o ente que 
primeiramente levou a registro sua penhora, mas aquele que tiver a 
maior preferência, nos termos do art. 29, parágrafo único, da LEF.15
Há, ainda, corrente doutrinária e jurisprudencial que entende 
ser plenamente inaplicável à execução fiscal o princípio da anteriori-
dade da penhora, e não apenas na hipótese em que o concurso sobre 
um mesmo bem se der entre pessoas jurídicas de direito público, de-
vendo se observar não a anterioridade do registro da penhora, mas a 
preferência do crédito fazendário, estabelecida no art. 186 do CTN (c/c 
art. 4º, §4º, da LEF).16
15 A esse respeito, foi o que decidiu a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 957.836/
SP, sob a sistemática dos recursos especiais repetitivos (art. 543-C do CPC).
16 Nesse sentido:
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ARREMATAÇÃO EM 
EXECUÇÃO ALHEIA POR CRÉDITO TRABALHISTA. POSSIBILIDADE. ART. 186 
DO CTN. PREVALÊNCIA DO CRÉDITO TRABALHISTA MESMO QUE GARANTIDO 
POR PENHORA POSTERIOR À DO CRÉDITO HIPOTECÁRIO. 1 - Em homenagem ao 
Princípio da Efetividade, é pacífico na doutrina a possibilidade de se arrematar bem em 
execução alheia, conforme inúmeros precedentes que envolvem credores hipotecários. 2 
- O art. 186 do CTN proclama que o crédito de natureza fiscal não está sujeito a concurso 
de credores, razão por que os créditos de natureza trabalhista, que sobressaem em relação 
àqueles, por lógica, não estarão. Precedentes. 3 - Em que pese a previsão legal insculpida no 
art. 711 do CPC, segundo a qual a primeira penhora no tempo tem preferência no direito - prior in 
tempore, potior in iure, havendo a existência de título privilegiado, fundada em direito material, este 
prevalecerá. Precedentes. 4 - O credor que possui bem penhorado para garantir a execução 
trabalhista, pode arrematar este mesmo bem, em execução movida por terceiros contra 
o mesmo executado, por gozar de crédito privilegiado, incidindo, assim, o art. 690, §2º. 
5 - Ordem concedida”.
(STJ, RMS 20.386/PR, Rel. Ministro PAULO FURTADO (DESEMBARGADOR 
CONVOCADO DO TJ/BA), TERCEIRA TURMA, julgado em 19.05.2009, DJe 03.06.2009).
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA - IMÓVEL 
ARREMATADO EM EXECUÇÃO CIVIL - ART. 186, CTN - PREFERÊNCIA - ART. 711, 
CPC - RECURSO PROVIDO. 1. Dispõe o Código Tributário Nacional: “Art. 186. O crédito 
tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da constituição 
deste, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho”, e o Código de 
Processo Civil: “Art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído 
e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à 
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26 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
1.4 Princípio da menor onerosidade
O princípio da menor onerosidade está inserto no art. 620 do 
CPC.17 Entendemos que tal princípio é verdadeira extensão do prin-
cípio da proporcionalidade, pois assegura ao executado o direito de 
cumprir a sua obrigação da maneira menos onerosa possível. Este é 
um dos fundamentos para que não se permita a alienação de bem do 
devedor por preço vil em hasta pública (art. 692 do CPC), como bem 
exemplifica Daniel Amorim Assumpção Neves.18
Com a mesma percepção, Cássio Scarpinella Bueno destaca que, 
na busca da satisfação do direito do credor, “a atuação do Estado-juiz 
não pode ser produzida ao arrepio dos limites que também encontram assento 
expresso no ‘modelo constitucional do processo civil’”.19
Questão tormentosa é buscar o equilíbrio do princípio em exa-
me com o princípio da efetividade ou do resultado outrora analisado, 
de forma a não frustrar o direito do exequente, tampouco sacrificar o 
patrimônio do executado além do estritamente necessário.
De modo a solucionar a questão, é preciso recorrer à máxima 
de que os princípios não se excluem reciprocamente, mas devem ser 
compatibilizados, no que se intitula, no âmbito da hermenêutica cons-
titucional, princípio da harmonização ou concordância prática.20
Nessa senda, é que a jurisprudência do STJ, ratificada em julga-
mento submetido ao regime do art. 543-C do CPC (Resp nº 1.337.790/PR), 
consigna inexistir preponderância, em abstrato, do princípio da menor 
onerosidade para o devedor sobre o da efetividade da tutela executiva.
preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos 
demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de 
cada penhora”. 2. Na presença de credores de mesma natureza, tem preferência aquele que antes 
efetuou a constrição sobre o bem. 3. Há de se privilegiar a preferência, garantida por direito material 
(na hipótese o crédito fazendário - art. 186, CTN), ainda que a penhora tenha sido posterior às demais. 
[...]. 8. Agravo de instrumento provido”. (TRF-3 - AI: 9636 SP 0009636-87.2008.4.03.0000, 
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL NERY JUNIOR, Data de Julgamento: 04.04.2013, 
TERCEIRA TURMA).
17 Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará 
que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.
18 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: 
Método, 2014. p. 937.
19 BUENO, Cássio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil. São Paulo: 
Saraiva, 2008. v. 3. p. 24.
20 [...] o aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência 
entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de 
todos eles, mas ao mesmo tempo não acarrete a negação de nenhum. (MENDES, Gilmar 
Ferreira; COELHO, Inocêncio Martins; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito 
Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 114).
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27CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
É também a partir de tal premissa que a jurisprudência da 
Corte Superior21 se sedimentou no sentido de que, para a superação 
da ordem prevista nos arts. 655, do CPC, e 11, da LEF, é preciso que 
estejam presentes circunstâncias fáticas especiais que denotem a pre-
valência do princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC) sobre o 
que prescreve que a execução deve ser realizada no interesse do credor 
(art. 612 do CPC).
1.5 Princípio da responsabilidade patrimonial
O princípio da responsabilidade patrimonial, estatuído pelos 
arts. 591, do CPC, e 30, da LEF,22 consagra a ideia de que o executado 
responde por suas dívidas tão somente com seus bens, sejam eles pre-
sentes ou futuros, ressalvadas as restrições estabelecidas por lei.23 Esse 
também é o conceito abalizado de Araken de Assis, segundo o qual, 
“de ordinário, à execução contemporânea se atribui exclusivo caráter 
real. Visa a execução, segundo muitos, só o patrimônio do executado”.24
Importante observar que, apesar de muito do estudo acadêmico 
ser destinado à análise da defesa do executado, a execução tem por 
escopo a satisfação docrédito exequendo por meio do patrimônio do 
executado, seja de forma voluntária (pagamento dentro do prazo le-
galmente previsto), seja de maneira compulsória (através da constrição 
de bens do executado). Não há, por ser repugnado no ordenamento 
jurídico pátrio, a possibilidade de cobrança do crédito diretamente por 
meio da própria pessoa do executado (ex.: serviços forçados), devendo 
se restringir ao patrimônio do executado. 
21 Dentre outros, são os seguintes julgados: AgRg no AREsp nº 436961/PR, Relator(a) Ministro 
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 05.02.2014; AgRg no AREsp nº 540498/PR, 
Relator(a) Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 29.09.2014; AgRg no AREsp 
nº 415120/PR, Relator(a) Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 29.04.2014 e 
AgRg no AREsp nº 519581/SC, Relator(a) Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 
02.10.2014.
22 Art. 591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus 
bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei.
Art. 30 - Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam pre-
vistos em lei, responde pelo pagamento da Divida Ativa da Fazenda Pública a totalidade 
dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio 
ou sua massa, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou im-
penho rabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados 
unicamente os bens e rendas que a lei declara absolutamente impenhoráveis.
23 É, por exemplo, o que determina o artigo 649 do CPC, o art. 10 da LEF e a Lei nº 8.009, de 
29 de março de 1990.
24 ASSIS, Araken. Manual do Processo de Execução. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p. 107.
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28 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
Esse patrimônio, por outro lado, não se restringe ao meramente 
material, mas, também, a bens imateriais, desde que demonstrado o 
caráter de patrimônio econômico e não afete os direitos fundamen-
tais do executado (v.g., constrição do direito à marca). Além disso, a 
responsabilidade patrimonial abrange os bens presentes e futuros à 
propositura do executivo, nos termos do art. 591 do CPC.
A execução se rege, dessa forma, na busca e no interesse do 
exequente. Tanto é assim que se entende que “a regra do art. 620 do 
Código de Processo Civil, segundo a qual a execução deverá ser feita 
do modo menos gravoso ao devedor, deve ser conciliada com o obje-
tivo da execução, qual seja, a satisfação do credor”.25 A satisfação do 
crédito exequendo, portanto, não pode esbarrar em abuso do direito 
do executado.
O princípio da responsabilidade patrimonial, assim, tem relação 
direta com o intuito de constrição dos bens do executado, no que faz 
relação direta com institutos jurídicos, como a impenhorabilidade, dis-
cussões referentes à possibilidade e viabilidade da cobrança de valores 
ínfimos,26 responsabilidade patrimonial de terceiros27 e assim por diante.
1.6 Princípio da boa-fé 
O princípio da boa-fé é mais um dos princípios que vem ga-
nhando força no contexto do direito processual.28 Isso porque a exi-
gência de comportamento das partes em consonância com o seus 
res pec tivos direitos material e processual, evitando-se o abuso, é 
im po sição que se faz a partir do próprio texto constitucional diante 
25 AgRg no Ag 1150919/RS, 2009/0016553-6, Relator(a): Ministro BENEDITO GONÇALVES 
(1142), Órgão Julgador: T1 - PRIMEIRA TURMA, Data do Julgamento: 17.11.2009, Data da 
Publicação/Fonte: DJe 25.11.2009.
26 Súmula nº 452 do STJ: “a extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Administração 
Federal, vedada a atuação judicial de ofício”.
27 Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se 
de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória (Redação dada pela Lei 
nº 11.382, de 2006); II - do sócio, nos termos da lei; III - do devedor, quando em poder de 
terceiros; IV - do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua 
meação respondem pela dívida; V - alienados ou gravados com ônus real em fraude de 
execução.
28 Daniel Amorim Assumpção Neves salienta que, “como ocorre no processo de conhe-
cimento e cautelar, também na execução, é exigido das partes o respeito de lealdade e boa-
fé processual, sendo aplicáveis as sanções previstas nos arts. 14, 17 e 18 do CPC. De maior 
interesse, porque se trata de normas específicas à execução, os arts. 600 e 601 do CPC, com 
previsão dos chamados atos atentatórios à dignidade da justiça”. (NEVES, Daniel Amorim 
Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: Método, 2014. p. 937).
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29CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
dos diversos princípios fundamentais, a exemplo da garantia de 
igualdade, razoabilidade, proporcionalidade, devido processo legal, 
etc. Cada vez mais, o direito vem sendo compreendido a partir das 
diretrizes constitucionais (fenômeno de constitucionalização do direito), 
donde a boa-fé deve também buscar seu fundamento, interpretação e 
delineamento.
Tradicionalmente, tal princípio é dividido a partir do seu aspecto 
intersubjetivo, ou seja, entre a boa-fé objetiva e subjetiva, considerando 
ou não a intenção do agente, cada qual com seus respectivos efeitos 
jurídicos no direito brasileiro.
Enquanto a boa-fé subjetiva está relacionada à intenção das 
partes, a boa-fé objetiva diz respeito ao comportamento exterior, in-
dependentemente da vontade interna do interlocutor. Apesar de tal 
diferenciação, é preciso destacar que, para o processo civil, tem-se 
considerado apenas a boa-fé objetiva para a definição dos efeitos jurí-
dicos. É que o comportamento das partes no âmbito processual deve 
ser analisado apenas a partir de sua exteriorização, dada a dificuldade 
de se perscrutar a intenção final dos envolvidos.
Contudo, algumas hipóteses normativas exigem a boa-fé subje-
tiva como pressuposto fático da configuração de ilícito processual, a 
exemplo da intenção protelatória prevista como autorizadora da anteci-
pação dos efeitos da tutela (CPC, art. 273, II), a atribuição do pagamento 
de despesas por atos protelatórios, impertinentes ou supérfluos (CPC, 
art. 31), o indeferimento de provas com o mesmo objetivo (CPC, art. 130) 
e assim por diante.29 Essas hipóteses, contudo, não se confundem com 
a exigência principiológica de boa-fé processual (que se restringe ao 
caráter objetivo), pois dizem respeito especificamente à hipótese nor-
mativa de ilícito.
29 Veja-se que Fredie Didier Jr. bem diferencia a questão afirmando, primeiramente, que “o 
inciso II do art. 14 do CPC brasileiro não está relacionado à boa-fé subjetiva, à intenção do 
sujeito processual: trata-se de norma que impõe condutas em conformidade com a boa-fé 
objetivamente considerada, independentemente da existência de boas ou más intenções”. 
Com plementa o mesmo autor, em seguida, que “não se pode confundir o princípio 
(norma) da boa-fé com a exigência de boa-fé (elemento subjetivo) para a configuração de 
alguns atos ilícitos processuais, como o manifesto propósito protelatório, apto a permitir a 
ante cipação dos efeitos da tutela prevista no inciso II do art. 273 do CPC. A boa-fé subjetiva 
é ele mento do suporte fático de alguns fatos jurídicos; é fato, portanto. A boa-fé objetiva é 
uma norma de conduta: impõe e proíbe condutas, além de criar situações jurídicas ativas 
e pas sivas. Não existe princípio da boa-fé subjetiva. O inciso II do art. 14 do CPC brasileiro 
não está relacionado à boa-fé subjetiva, à intenção do sujeito do processo: trata-se de 
norma que impõe condutas em conformidade com a boa-fé objetivamenteconsiderada, 
inde pen dentemente da existência de boas ou más intenções”. (DIDIER JR., Fredie. Curso de 
direito processual civil. 16. ed. rev., atual. e amp. Salvador: Juspodivum, 2014. v. 1. p. 75-77).
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30 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
Especificamente do ponto de vista processual, o princípio da boa-
-fé vem encartado no art. 14, II, do CPC.30 Trata-se de uma cláusula geral 
que objetiva disciplinar o comportamento de todos os envolvidos no 
processo, não apenas as partes. O referido princípio, ademais, permite 
inferir a proibição de condutas que contrariam a expectativa normal 
de boa-fé, como venire contra factum proprium, que configura adoção de 
posturas contraditórias e desleais no processo.
Entretanto, não se descura da dificuldade de efetivar a boa-fé 
nos litígios, tendo em vista que as partes de um processo detêm pleitos 
ou interesses antagônicos. Tal circunstância, por certo, não auxilia na 
busca da verdade real, como também do próprio termo do processo, vez 
que ausente o interesse em cooperar. Todavia, a cooperação processual 
vem sendo entendida, cada vez mais, como um dever dos envolvidos 
no processo, devendo haver uma harmônica atuação para consecução 
da tutela jurisdicional correta.
No processo executivo, especialmente no executivo fiscal, tam-
bém é possível verificar marcas normativas da exigência de boa-fé pro-
cessual, especialmente no que concerne aos mecanismos fraudatórios e 
suas repercussões. A propósito, é o que se extrai, exemplificativamente, 
dos seguintes dispositivos legais: arts. 135 e 185, ambos do CTN,31 e 
arts. 593, 600 e 615-A, §3º, todos do CPC.32
30 Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do 
processo: [...] II - proceder com lealdade e boa-fé;
31 Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações 
tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, 
contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, 
prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas 
de direito privado. 
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu 
começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário 
regularmente inscrito como dívida ativa. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se 
aplica na hipótese de terem sido reservados, pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao 
total pagamento da dívida inscrita.
32 Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: I - quando 
sobre eles pender ação fundada em direito real; II - quando, ao tempo da alienação ou 
oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; III - nos 
demais casos expressos em lei.
Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: I - frauda a 
exe cução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III 
- re siste injustificadamente às ordens judiciais; IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cin co) 
dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores.
Art. 615-A. O exequente poderá, no ato da distribuição, obter certidão comprobatória 
do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de 
averbação no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens sujeitos à 
penhora ou arresto. [...] §3º Presume-se em fraude à execução a alienação ou oneração de 
bens efetuada após a averbação (art. 593).
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31CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
Todavia, a existência de disposição normativa não é pressuposto 
para aplicação do princípio da boa-fé. Pelo contrário, trata-se de cláusula 
geral a ser levada em consideração pelo magistrado, considerando as 
peculiaridades do caso concreto e a solução mais justa a cada espécie.
1.7 Princípio do desfecho único
É cediço que a execução tem por finalidade a busca pela satis-
fação do crédito exequendo. Daí que doutrinadores, como Alexandre 
Freitas Câmara e Daniel Amorim Assumpção Neves, sustentam que o 
único fim normal do processo executivo seria a satisfação do débito, 
de modo que qualquer outro desfecho seria anômalo. Eis o conceito 
do princípio do desfecho único do módulo executivo que objetiva, 
portanto, a realização concreta do direito substancial. 
Entretanto, isso não autoriza a conclusão de que o processo 
executivo dependeria da existência do direito material vindicado pelo 
exequente. Em verdade, a ação executiva é tão abstrata quanto às demais 
modalidades de ação. É este também o posicionamento de Câmara:
Sua existência independe da existência do direito substancial. Pode ocor-
rer a instauração legítima da atividade executiva sem que o demandante 
seja titular do direito material afirmado. Demonstrada a inexistência de 
tal direito, deve ser extinta a execução. Sem que haja tal acertamento, 
porém, a execução chegará até seu desfecho normal, que é a satisfação 
do crédito exequendo.33
Assim, caso a execução seja extinta por qualquer outro motivo 
que não o pagamento da dívida pelo executado, estar-se-á diante de 
desfecho anômalo do processo. O mesmo se diga em outras situações 
em que o resultado final favoreça o devedor. 
Por último, registre-se que o princípio do desfecho único gera 
consequências no processo executivo, porquanto permite ao exequente 
desistir da execução sem o consentimento do executado,34 dando azo, 
33 Sua existência independe da existência do direito substancial. Pode ocorrer a instauração 
legítima da atividade executiva sem que o demandante seja titular do direito material 
afirmado. Demonstrada a inexistência de tal direito, deve ser extinta a execução. Sem 
que haja tal acertamento, porém, a execução chegará até seu desfecho normal, que é a 
satisfação do crédito exequendo. (CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual 
Civil. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2008. v. 2. p. 150).
34 A propósito, é o que se extrai do artigo 569 do CPC: “O credor tem a faculdade de desistir 
de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas”.
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32 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
por isso, ao surgimento de um novo princípio no módulo executivo 
intitulado de disponibilidade.
1.8 Princípio da disponibilidade
O princípio da disponibilidade encontra fundamento no art. 569 
do CPC, segundo o qual a desistência da execução poderá se operar 
independentemente do consentimento do executado. Como se vê, tal 
princípio é específico do módulo executivo, tendo em vista que, no 
processo de conhecimento, a desistência manifestada após a contestação 
só se aperfeiçoará com o consentimento do réu, nos termos do art. 264, 
§4º, do estatuto processual.35
É de se registrar que o princípio ora em exame tem aplicação 
mesmo após a oposição dos embargos à execução. Contudo, os efei-
tos da desistência do exequente irão variar de acordo com a matéria 
versada nos embargos. Sobre o assunto, Daniel Amorim Assumpção 
Neves destaca que:
Caso os embargos versem sobre matéria meramente processual, [...] a 
extinção dos embargos à execução é uma conclusão lógica da desistência 
da ação de execução, considerando-se que no eventual acolhimento da 
matéria aduzida o embargante conseguiria uma sentença terminativa 
do processo de execução, exatamente aquilo que já obteve com a ho-
mologação da desistência de tal processo. 
Por outro lado, caso osembargos versem sobre matéria de mérito, [...] a 
extinção dos embargos está condicionada à concordância do embargan-
te. A razão para condicionar a extinção dos embargos à concordância 
do embargante é nítida: tratando-se de matérias de mérito é possível 
vislumbrar interesse na continuação dos embargos, com a obtenção 
de sentença de mérito a seu favor, que demonstraria a inexistência do 
direito material do embargado.36
Em arremate, é de se sublinhar que a desistência37 da execução 
fiscal após o oferecimento dos embargos não eximirá a Fazenda Pública 
35 Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: [...] §4º Depois de decorrido o 
prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
36 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 6. ed. São Paulo: 
Método, 2014. p. 935.
37 Caso a desistência se opere antes do oferecimento dos embargos à execução, não ha-
verá pagamento de honorários pela Fazenda Pública. Nesse sentido, já decidiu o TRF 
da 1ª Região, através da Apelação Cível (AC) nº 2006.38.13.000783-5, relatada pelo 
Desembargador Carlos Fernando Mathias, da Oitava Turma, publicada em 19.10.2007: “o 
art. 26 da Lei 6.830/80 somente se aplica aos casos em que o cancelamento da CDA se dá 
antes do oferecimento dos embargos à execução”.
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33CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
do pagamento dos honorários advocatícios, conforme Súmula 153 do 
STJ.38 Tal conclusão também é extensível à objeção de pré-executividade, 
conforme pacífica jurisprudência do STJ.39
1.9 Princípio da autonomia
A Lei nº 11.232, de 22 de dezembro de 2005, inaugurou nova siste-
mática na execução de decisões judiciais, que passou a ser disciplinada 
pelos arts. 475-I a 475-R do CPC. A mais incisiva delas é a exclusão da 
autonomia da execução de sentença condenatória, inaugurando o que 
se intitulou de processo sincrético. Assim, não mais haveria processo 
de execução autônomo, mas mera fase de cumprimento de sentença.40
Ao comentar as alterações, Alexandre Freitas Câmara ponde-
rou que:
O novo modelo, porém, não extingue (nem poderia fazê-lo) o processo 
de execução. Este continua a existir como figura autônoma em pelo 
menos dois casos: quando o título executivo é extrajudicial, caso em 
que a execução se desenvolve sem que tenha havido prévia atividade 
jurisdicional cognitiva e quando o título executivo é judicial mas a 
execução não pode ser mero prolongamento da atividade cognitiva, 
como se dá, por exemplo, no caso de execução de sentença arbitral.41
Como se depreende, as alterações introduzidas pela Lei nº 11.232 
de 2005 não retiraram a autonomia da execução fiscal. É que, como 
38 Súmula 153 ‒ STJ: “A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, 
não exime o exequente dos encargos da sucumbência”.
39 O entendimento desta Corte é no sentido de que, ‘em face do princípio da especialidade, 
o art. 19, §1º, da Lei 10.522/02, o qual dispensa o ente público do pagamento de honorários 
advocatícios, não se aplica para os casos em que a Fazenda Pública reconhece a pretensão 
do contribuinte no âmbito dos embargos à execução fiscal, uma vez que a Lei 6.830/80 
já contém regra própria a esse respeito (art. 26) e cuja interpretação já foi sedimentada 
pela edição da Súmula 153/STJ: ‘A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos 
embargos, não exime o exequente dos Encargos da sucumbência’.’ O mesmo raciocínio 
se utiliza para possibilitar a condenação da Fazenda Pública exequente em honorários 
advocatícios, a despeito do teor do art. 19, §1º da Lei n. 10.522/02, quando a extinção da 
execução ocorrer após a contratação de advogado pelo executado, ainda que para oferecer 
exceção de pré-executividade. (STJ, AgRg no AREsp nº 349184/RS, Relatora Ministra 
Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14.11.2013).
40 Há exceções a esta sistemática, como, por exemplo, no caso em que a sentença condenatória 
impõe uma obrigação de pagar à Fazenda Pública. Nessa situação, o processo de execução 
continua a ser autônomo em virtude da sujeição dos entes políticos à regra do precatório 
inserta no art. 100 da CF.
41 CÂMARA, Alexandre Freitas. A nova execução de sentença. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 
2006. p. 8.
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34 MARCÍLIO DA SILVA FERREIRA FILHO, RODRIGO MEDEIROS DE LIMAEXECUÇÃO FISCAL – TEORIA, PRÁTICA E ATUAÇÃO FAZENDÁRIA
salientado outrora, a execução fiscal é espécie de execução de título 
extrajudicial, representada por CDA, cuja regulamentação se dá pela 
LEF e, subsidiariamente, pelo CPC.
Diante disso, é lídimo concluir que o princípio da autonomia, o 
qual determina a separação das atividades jurisdicionais em momentos 
processuais distintos, continua plenamente aplicável à execução fiscal.
1.10 Princípio da cooperação
O princípio da cooperação vincula a ideia de que os agentes do 
processo (juiz e partes) devem atuar de maneira colaborativa, com vis-
tas a assegurar a isonomia. Nesse passo, a atuação do Estado-Juiz não 
se resumiria a de mero fiscal de regras. Fala-se agora em uma atuação 
ativa capaz de efetivar, dentre outros, os princípios do contraditório 
e da boa-fé. No caso das partes, reforça-se o dever de lealdade e ética 
processual, de modo a aprimorar o diálogo e assegurar um termo justo 
a lide.42
Tal princípio incide em diversas situações no processo executivo. 
Sobre o assunto, Didier Jr. cita ao menos dois exemplos interessantes, 
vejamos:
O executado tem o dever de indicar bens à penhora (art. 600, IV, CPC). 
[...] deve o juiz advertir ao executado, antes de puni-lo, de que seu ato 
pode vir a caracterizar-se como atentatório à dignidade da jurisdição 
(art. 599, II, do CPC); perceba que se trata de uma conduta compatível 
com o dever de prevenção.43
No mesmo sentido, chancelando a aplicação do princípio da co-
operação em sede de execução fiscal é a jurisprudência do STJ,44 verbis:
TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DOS ARTS. 652, §3º, 600, IV, E 601 DO 
CPC À EXECUÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. ATO ATENTATÓRIO 
À DIGNIDADE DA JUSTIÇA.
[...]
42 Não é demais ressaltar que a concepção acerca do princípio da cooperação se afina com 
a moderna compreensão processual, segundo a qual o processo é um meio de interesse 
público que tem por escopo assegurar a aplicação justa do Direito ao caso concreto. 
43 DIDIER JR. Fredie et al. Curso de Direito Processual Civil. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2012. 
v. 5. p. 58.
44 AgRg no REsp nº 1191653/MG, Relator(a) Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, 
DJe 12.11.2010.
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35CAPÍTULO 01PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À EXECUÇÃO FISCAL 
5. Justifica-se a previsão de intimação específica para o executado indicar 
os bens penhoráveis, sob pena de, omitindo-se injustificadamente, ser 
punido por ato atentatório à dignidade da Justiça, com base nos arts. 
600, IV e 601 do CPC.
6. A intimação para indicar bens à penhora advém do princípio da cooperação 
coadjuvado pelo princípio da boa-fé processual. Dessa forma o magistrado tem o 
dever de provocar as partes a noticiarem complementos indispensáveis à solução 
da lide, na busca da efetiva prestação da tutela jurisdicional. 
7. Agravo regimental provido para dar provimento ao recurso especial.
(Sem destaques no original).
Como se vê, o princípio em análise incute no exegeta a ideia de 
que não basta para legitimar o processo e o procedimento a observância 
formal de suas regras. Em verdade, o que se busca é uma efetivação 
material capaz de atender a finalidade social do processo moderno. 
Nessa diretriz, é lídimo concluir que o processo deve permitir 
um diálogo entre as partes e o juiz, afastando, pois, a ideia de uma 
concepção individualista, segundo

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