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Caderno Sistematizado Princípios e Atribuições da Defensoria Pública

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PRINCÍPIOS E ATRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS DA DPE 
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA IDEIA DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA .................................... 4 
1.1. IDADE ANTIGA ...................................................................................................... 4 
1.1.1. Código de Hamurabi ........................................................................................ 4 
1.1.2. Atenas .............................................................................................................. 4 
1.1.3. Roma ............................................................................................................... 4 
1.1.4. Era Cristã ......................................................................................................... 5 
1.2. SÉCULOS XVII E XVIII .......................................................................................... 5 
1.2.1. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – França, 1789 .................. 5 
1.2.2. Holanda (1814), seguida por Áustria e Bélgica ................................................ 5 
1.2.3. Code de L’Assistance Judiciaire – França 1851 ............................................... 5 
1.3. SÉCULO XX – PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................ 5 
1.3.1. Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão – ONU – 1948 .... 6 
1.3.2. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – ONU – 1966. ...................... 6 
1.3.3. Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San Jose da Costa Rica 
– OEA – 1969. 6 
2. MODELOS DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA................................................... 6 
2.1. MODELO CARITATIVO (OU HONORÍFICO) ......................................................... 7 
2.2. MODELO JUDICARE ............................................................................................. 7 
2.2.1. Vantagens ........................................................................................................ 7 
2.2.2. Desvantagens .................................................................................................. 7 
2.3. MODELO PÚBLICO (STAFF MODEL OU SALARIED STAFF) .............................. 8 
2.3.1. Vantagens ........................................................................................................ 8 
2.3.2. Desvantagens .................................................................................................. 8 
2.4. MODELO HÍBRIDO (OU MISTO) ........................................................................... 8 
3. OBSTÁCULOS AO ACESSO À JUSTIÇA E ONDAS RENOVATÓRIAS ........................... 9 
3.1. 1º OBSTÁCULO: ECONÔMICO E EDUCACIONAL ............................................... 9 
3.1.1. Primeira Onda renovatória ............................................................................... 9 
3.2. 2º OBSTÁCULO: DISTRIBUIÇÃO DE JUSTIÇA .................................................... 9 
3.2.1. Segunda Onda renovatória ............................................................................ 10 
3.3. 3º OBSTÁCULO: PROCESSUAL/JURISDICIONAL/ESTRUTURAL .................... 10 
3.3.1. Terceira Onda renovatória ............................................................................. 10 
3.4. OUTROS OBSTÁCULOS DE ACESSO À JUSTIÇA ............................................ 10 
3.4.1. Geográfico ..................................................................................................... 10 
3.4.2. Linguístico ...................................................................................................... 11 
3.4.3. Cultural .......................................................................................................... 11 
 
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3.5. QUADRO RESUMO DOS OBSTÁCULOS E ONDAS RENOVATÓRIAS ............. 11 
4. EVOLUÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA NO BRASIL ....................................................... 11 
4.1. ORDENAÇÕES FILIPINAS (1603) ....................................................................... 11 
4.2. IAB e OAB ............................................................................................................ 12 
4.3. CONSTITUIÇÕES E NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA ......................................... 12 
4.3.1. CF de 1934 .................................................................................................... 12 
4.3.2. CF de 1937 .................................................................................................... 13 
4.3.3. Código de Processo Civil de 1939 ................................................................. 13 
4.3.4. CF de 1946 .................................................................................................... 13 
4.3.5. Lei nº 1.060/50 ............................................................................................... 13 
4.3.6. CF de 1967 .................................................................................................... 14 
4.3.7. CF de 1969 .................................................................................................... 14 
4.3.8. CPC de 1973 ................................................................................................. 14 
4.3.9. CF de 1988 .................................................................................................... 14 
4.3.10. Lei Complementar 80/94 .............................................................................. 14 
4.3.11. Alteração da Lei de Ação Civil Pública ......................................................... 14 
4.3.12. Lei Complementar 132/2009 ........................................................................ 15 
4.3.13. Novo Código de Processo Civil .................................................................... 15 
5. A DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ............................ 15 
5.1. EC 45/04 (REFORMA DO JUDICIÁRIO) .............................................................. 16 
5.2. EC 74/13 (INCORPOROU A EC 69/12) ............................................................... 16 
5.3. EC 80/14 (PEC DAS COMARCAS) ...................................................................... 16 
5.4. PRESCRIÇÕES CONSTITUCIONAIS IMPORTANTES ....................................... 17 
5.4.1. Competência concorrente .............................................................................. 17 
5.4.2. Concurso público ........................................................................................... 17 
5.4.3. Grantia da inamovibilidade ............................................................................. 17 
5.4.4. Exercício da advocacia .................................................................................. 17 
5.4.5. Norma de extensão – aplicação de dispositivos da Magistratura ................... 18 
5.4.6. Remuneração (art. 135 da CF) ....................................................................... 19 
5.5. ADCT ................................................................................................................... 20 
6. AMPLITUDE DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA ................................................. 20 
6.1. ATUAÇÃO TÍPICA E ATÍPICA ............................................................................. 20 
6.1.1. Funções típicas .............................................................................................. 20 
6.1.2. Funções atípicas ............................................................................................ 20 
6.2. DEFINIÇÃO DE NECESSITADO ......................................................................... 21 
7. CONCEITOS IMPORTANTES ........................................................................................ 21 
7.1. JUSTIÇA GRATUITA ...........................................................................................21 
 
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7.2. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA ................................................................................. 22 
7.3. ASSISTÊNCIA JURÍDICA .................................................................................... 22 
8. AUTONOMIAS INSTITUCIONAIS ................................................................................... 22 
8.1. AUTONOMIA FUNCIONAL .................................................................................. 23 
8.2. AUTONOMIA ADMINISTRATIVA ......................................................................... 23 
8.3. AUTONOMIA PARA INICIATIVA DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA .................. 23 
9. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS ...................................................................................... 26 
10. LEI 80/94: PRINCIPAIS ASPECTOS............................................................................... 26 
10.1. CONCEITO E FUNÇÃO ................................................................................... 26 
10.2. OBJETIVOS DA DEFENSORIA PÚBLICA ........................................................ 27 
10.3. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS ........................................................................ 27 
10.3.1. Unidade........................................................................................................ 27 
10.3.2. Indivisibilidade .............................................................................................. 28 
10.3.3. Independência funcional .............................................................................. 28 
10.4. ATRIBUIÇÕES/FUNÇÕES INSTITUCIONAIS .................................................. 29 
10.5. DIREITOS DOS USUÁRIOS............................................................................. 30 
10.6. GARANTIAS E PRERROGATIVAS FUNCIONAIS ........................................... 33 
10.6.1. Garantias ..................................................................................................... 33 
10.6.2. Prerrogativas ................................................................................................ 35 
10.7. ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA ..................................................................... 38 
10.7.1. Administração Superior ................................................................................ 38 
10.7.2. Órgãos de atuação ....................................................................................... 42 
10.7.3. Órgão de execução ...................................................................................... 42 
10.7.4. Órgão auxiliar ............................................................................................... 43 
10.8. INGRESSO NA CARREIRA ............................................................................. 44 
10.9. PROMOÇÃO .................................................................................................... 44 
10.10. REMOÇÃO ....................................................................................................... 45 
10.11. FÉRIAS E AFASTAMENTOS ........................................................................... 45 
10.12. DEVERES DO DEFENSOR PÚBLICO ............................................................. 46 
10.13. PROIBIÇÕES DO DEFENSOR PÚBLICO ........................................................ 46 
10.14. IMPEDIMENTOS DO DEFENSOR PÚBLICO ................................................... 46 
10.15. RESPONSABILIDADE FUNCIONAL ................................................................ 47 
11. GRATUIDADE DA JUSTIÇA ........................................................................................... 47 
11.1. SOBRE O QUE TRATAVA A LEI? .................................................................... 47 
11.2. O QUE É JUSTIÇA GRATUITA? ...................................................................... 48 
11.3. QUAL É A NATUREZA DO BENEFÍCIO? ......................................................... 48 
11.4. É NECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DE POBREZA PARA OBTÊ-LA? .......... 48 
 
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11.5. A GRATUIDADE ABRANGE O QUE? .............................................................. 48 
11.6. O BENEFÍCIO PODE SER CONCEDIDO PARCIALMENTE? .......................... 49 
11.7. EM QUAL MOMENTO PODE SER CONCEDIDO? .......................................... 49 
11.8. É POSSÍVEL SUA REVOGAÇÃO?................................................................... 50 
11.9. QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA? .......................... 50 
11.10. A PESSOA JURÍDICA PODE SER BENEFICIÁRIA? ....................................... 51 
11.11. CASO O BENEFICIÁRIO SEJA VENCIDO NO PROCESSO, ELE DEVERÁ SER 
CONDENADO AO PAGAMENTO DAS CUSTAS? .................................................................... 51 
11.12. RECURSO CABÍVEL ........................................................................................ 51 
11.13. QUADRO COMPARATIVO ............................................................................... 52 
12. DEFENSORIA PÚBLICA NO SISTEMA INTERNACIONAL ............................................ 53 
12.1. RESOLUÇÃO 2656/11-OEA ............................................................................. 53 
12.2. RESOLUÇÃO 2714/12 DA OEA ....................................................................... 56 
12.3. RESOLUÇÃO 2801/13 DA OEA ....................................................................... 56 
 
Obs.: O caderno não substitui uma leitura atenta da LC 80/94, bem como a leitura da legislação do 
Estado. Recomenda-se fazer um comparativo entre a LC 80/94 e a LC estadual (do local em que 
será realizado o concurso). 
Como forma de complementar e aprofundar, recomenda-se a leitura da coluna Tribuna da 
Defensoria, os temas são sempre atuais e interessantes, disponível em www.conjur.com.br 
1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA IDEIA DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA 
A ideia de acesso à justiça é de combater a desigualdade entre os indivíduos, especialmente 
de ordem econômica. A desigualdade de renda, formação educacional e cultural impede o acesso 
e a reivindicação de direitos. 
1.1. IDADE ANTIGA 
Tal ideia, vem de vários séculos atrás – surge nos primórdios da humanidade. 
1.1.1. Código de Hamurabi 
Previa o amparo aos pobres. 
1.1.2. Atenas 
“Todo o direito ofendido deve encontrar defensor e meios de defesa”. 
1.1.3. Roma 
Séculos II-V – expressa previsão de fornecimento de advogado aos vulneráveis. 
 
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É importante destacar que, nesse período, os escravos não eram sujeitos de direitos. Ou 
seja, havia uma seletividade prévia. Mas, mesmo assim, já existia desigualdade social e havia uma 
preocupação tímida com o acesso à justiça. 
1.1.4. Era Cristã 
Dever de caridade dos advogados e dos juízes. Não se enxerga no direito de acesso à justiça 
uma ideia de dever do Estado. O Estado tem que garantir os direitos, mas não compete ao Estado 
garantir os instrumentos. Por isso, acesso à justiça era visto como caridade. 
 Todas as pessoas deviam ser iguais, mas na prática havia uma desigualdade material, 
especialmente, no que tange ao acesso ao Judiciário: havia uma seletividade de quem podia 
acessá-lo, já que advogados e o processo em si custavam. 
1.2. SÉCULOS XVII E XVIII 
1.2.1. Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – França, 1789 
TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI (a igualdade é um direito natural de todos os seres 
humanos) – é aí que começa a mudar a visão de acesso à justiça, que deixa de ser caridade e 
passa a ser um direito. 
A mera previsão de direitos era insuficiente: era necessário garantir instrumentos para que 
eles pudessem ser efetivados. 
A ótica da igualdade de todos perante a lei, passa a converter em DIREITO o que era 
CARITATIVO – igualdade das partesno processo judicial. 
Contudo, essa declaração de intenções, não se converte em realidade e, apesar de alguns 
esboços, a assistência judiciária demora a se efetivar, substituída pelo trabalho honorífico e 
obrigatório dos advogados. 
1.2.2. Holanda (1814), seguida por Áustria e Bélgica 
Surge a expressão “pro Deo” (seria a versão original da ideia de pro bono) – dever 
caritativo. 
Surge após as declarações de direito, trazendo de volta a ideia de caridade, que já havia 
sido superada. 
1.2.3. Code de L’Assistance Judiciaire – França 1851 
 Primeira lei a introduzir uma nova expressão: assistência judiciária. 
Não é mais caridade, cria-se uma norma conferindo o direito/dever de prestação de 
assistência judiciária aos pobres, sem o exclusivo caráter caritativo. 
1.3. SÉCULO XX – PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
 
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1.3.1. Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão – ONU – 1948 
Fruto do espanto diante das atrocidades ocorridas durante a II Guerra Mundial. 
Art. 1º. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em 
direitos. 
 
Essa Declaração, traz a ideia de um Estado que pratica políticas públicas para efetivar 
direitos. Além de enumerar direitos, traz os instrumentos. 
1.3.2. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos – ONU – 1966. 
Igualdade na fruição dos direitos civis e políticos. 
Art. 14 - 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena 
igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias: 
d) De estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por 
intermédio de defensor de sua escolha; de ser informado, caso não tenha 
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da 
justiça assim exija, de ter um defensor designado ex-
offício gratuitamente, se não tiver meios para remunerá-lo; 
 
Direito à assistência de um “defensor oficioso” (defensor oficial) junto ao processo, quando 
o indivíduo não tiver condições de remunerar um. Nesse momento, a ideia de defensor oficial era 
muito ligada ao processo penal – e essa vinculação é vista até hoje. 
1.3.3. Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de San Jose da Costa Rica – 
OEA – 1969. 
Prevê expressamente diversas disposições no sentido de caminhar para uma igualdade 
material entre as pessoas. 
Art. 8º. 2. e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor 
proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação 
interna, se o acusado não se defender ele próprio, nem nomear defensor 
dentro do prazo estabelecido pela lei; 
 
Direito a um defensor proporcionado pelo Estado caso não nomeie um – preocupação da 
assistência judiciária na esfera criminal (de novo, a preocupação é voltada muito mais para a esfera 
criminal). 
# E por que há essa preocupação com a área criminal? 
Porque, na maioria dos países, não há restrição da capacidade postulatória para a esfera 
civil, como no Brasil. Então é possível, nesses países, que uma pessoa possa acionar a Justiça 
sem advogado e, por isso, a assistência judiciária é voltada para a área criminal, em que se exige 
capacidade postulatória. 
Como exemplo, temos os EUA. Contudo, importante frisar que mesmo lá já se discute muito 
essa questão de não precisar de advogado na área cível e que há uma tendência para mudar esse 
cenário. 
2. MODELOS DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 
 
7 
 
Para a efetivação do direito à igualdade, especialmente em relação ao processo judicial, tem 
o Estado o dever de assegurar assistência judiciária gratuita aos pobres. 
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA: ASSISTÊNCIA NO PROCESSO JUDICIAL. 
Com base nas diversas experiências, vivenciadas ao longo do tempo, três modelos de 
prestação de assistência judiciária gratuita são vislumbrados. 
2.1. MODELO CARITATIVO (OU HONORÍFICO) 
Pro Bono: ideia de que a prestação de assistência judiciária é caridade, demonstração de 
solidariedade, amor ao próximo. 
O Estatuto da OAB, de 1963 que durou até 1994, previa a obrigação do advogado atuar 
gratuitamente em prol de pessoas carentes. 
Obviamente, esse modelo tem vários problemas, quais sejam: 
a) Dificuldade de engajar as pessoas a prestarem esse serviço; 
b) Depende da iniciativa dos particulares; 
c) O Estado fica fora. 
 Embora esse modelo tenha durado muito tempo, é um fracasso, porque ele não é um 
modelo, é um antimodelo, já que o Estado não se responsabiliza por eles. 
2.2. MODELO JUDICARE 
Modelo anglo-saxão. EUA, Alemanha e Inglaterra. 
Modelo privado remunerado pelo Estado. 
Aqui, o Estado reconhece que tem que fazer alguma coisa: advogados privados, 
remunerados pelo Estado, atuam para pessoas pobres. 
É o modelo do convênio com a OAB, aqui no Brasil: há um cadastro de advogados que 
atuam em prol de pessoas carentes e recebem por atuação em cada caso. Esses advogados têm 
seus casos próprios, seus escritórios etc., mas atuam em casos pontuais. 
É adotado em muitos países, até hoje. 
2.2.1. Vantagens 
 Possibilidade de um maior número de profissionais atuantes; 
 Possibilidade de escolha do profissional pelo assistido – embora, na prática, isso seja 
difícil; 
 Menor custo – porque eles atuam por causa e não são funcionários do Estado – não 
há custos previdenciários, de estrutura física etc. 
2.2.2. Desvantagens 
 
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 Profissionais no início de carreira (o que pode comprometer a qualidade do trabalho) 
ou desmotivados para essa atividade (como o profissional tem uma atividade privada 
paralela, ele se dedicará muito mais aos casos privados do que aos casos que foram 
indicados pelo Poder Público); 
 Dificuldade de controle de qualidade e padrão de atuação – como são muitos 
profissionais cadastrados, não há padrão e nem atuação coordenada; 
 Atuação exclusivamente processual e estímulo à litigiosidade – esse modelo só 
condiz com a assistência judiciária, com a atuação no processo. 
2.3. MODELO PÚBLICO (STAFF MODEL OU SALARIED STAFF) 
Há quem sustente que a terminologia “modelo público” é equivocada, porque modelo público 
incluiria o judicare, já que é o Estado quem remunera os advogados. 
É o modelo de Defensoria Pública: o Estado cria uma estrutura com dedicação exclusiva de 
servidores públicos. 
2.3.1. Vantagens 
 Capacidade de melhor planejamento da atuação – a ação pode ser coordenada e 
organizada; 
 Profissionais com dedicação exclusiva – a atividade única daquele profissional é 
prestar aquela função, não há divisão do tempo profissional com casos privados; 
 Atuação extraprocessual e tutela de interesses difusos e coletivos – o modelo público 
é defendido por Cappelletti e Garth por esse motivo, porque o modelo judicare não 
permite esse tipo de atuação. Quando a DPE propõe uma ACP ela pode fazer isso, 
mesmo que a demanda não tenha sido apresentada à Defensoria. 
2.3.2. Desvantagens 
 Maior custo; 
 Impossibilidade de escolha do profissional pelo assistido; 
 Necessidade de maior estrutura. 
Para a defensoria: defender sempre o modelo público. 
2.4. MODELO HÍBRIDO (OU MISTO) 
Ideia de existência, ao mesmo tempo, do modelo judicare com o modelo público. 
# Qual o modelo adotado para o Brasil? 
A concepção constitucional de acesso à justiça é o modelo PÚBLICO. Mas, na prática, o que 
se adota é o modelo híbrido. 
 
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De acordo com o STF, não há obrigatoriedade de convênios com instituições privadas ou 
com a OAB para essa prestação em sistema misto, mas esses convênios não são vedados, pois as 
Defensorias Públicas ainda gozam de estrutura insuficiente e precisam dessa complementação 
(ADI 4164). 
 
3. OBSTÁCULOS AO ACESSO À JUSTIÇA E ONDAS RENOVATÓRIAS 
Surgiu no Projeto Florença, na década de 1970. 
O acesso à justiça é o mais básico dentre os direitos humanos.A não concretização 
desse direito inviabiliza todos os demais direitos, pois, uma vez negado o acesso, os outros não 
poderão ser apreciados pelo Poder Judiciário. Não é um direito previsto expressamente, mas 
decorre da interpretação de todo o sistema legal. 
Segundo CAPPELLETTTI E GARTH, a expressão ‘’acesso à justiça’’ serve para 
determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico: Primeiro, o sistema deve ser acessível a 
todos, e segundo, deve produzir efeitos que sejam individual e socialmente justos. 
Ana Paula Barcelos encara o direito de Acesso à Justiça como um mínimo existencial, 
capaz de otimizar a concretização dos direitos. Assim, o argumento da reserva do possível não é 
cabível para prejudicar a boa estrutura e desempenho da Defensoria Pública. 
3.1. 1º OBSTÁCULO: ECONÔMICO E EDUCACIONAL 
Econômico: o acesso ao Judiciário possuía um custo elevado 
Educacional: as pessoas não tinham conhecimento dos seus direitos e de que poderiam 
ingressar no judiciário; 
3.1.1. Primeira Onda renovatória 
Isenção de custas e emolumentos para acesso ao Judiciário e serviço público de 
assistência, com dedicação exclusiva, além da educação em direitos, prevista no art. 4º, III, LC 
80/94. 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
III – promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da 
cidadania e do ordenamento jurídico; 
 
3.2. 2º OBSTÁCULO: DISTRIBUIÇÃO DE JUSTIÇA 
Organizacional/Distribuição da justiça: Necessidade de atingir um maior número de 
pessoas com maior eficácia, diante da massificação das relações; 
 
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3.2.1. Segunda Onda renovatória 
Tutela dos direitos difusos e coletivos, prevista no artigo 4º, VII, da LC 80/94. 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de 
propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de 
pessoas hipossuficientes; 
 
3.3. 3º OBSTÁCULO: PROCESSUAL/JURISDICIONAL/ESTRUTURAL 
Relacionado à morosidade do Judiciário. 
3.3.1. Terceira Onda renovatória 
Efetividade do processo através de tutelas de urgência, além dos Meios Alternativos de 
Resolução de Conflitos – MARC. 
Busca levar ao conhecimento do judiciário apenas o necessário, tais como conciliação, 
mediação, transação, desjudicialização dos conflitos, atendimento multidisciplinar (assistentes 
sociais e psicólogos ajudando os defensores a encontrar possíveis soluções para casos de extrema 
dificuldade). 
Previsto no art. 4º, II, da LC 80/94. 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à 
composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de 
mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e 
administração de conflitos; 
 
Arbitragem: conflitos a serem resolvidos por um árbitro, as partes escolhem. 
Conciliação: as partes tentando resolver o conflito com auxílio do conciliador ou o próprio 
juiz, que tenta induzir a conciliação, através de uma postura proativa; 
Mediação: fomenta-se nos litigantes a ideia de pacificação do conflito e aos poucos as 
partes vão resolvendo o conflito, através de um mediador, que as aproxima, facilitando o diálogo. 
Ressalte-se que a diferença em relação à conciliação reside no fato de que o mediador não possui 
a mesma postura proativa do conciliador. 
3.4. OUTROS OBSTÁCULOS DE ACESSO À JUSTIÇA 
3.4.1. Geográfico 
Muitas vezes, o problema do acesso à justiça não consiste simplesmente em “abrir as 
portas”, mas sim ir até onde os hipossuficientes se encontram. Tome-se, como exemplo, os 
moradores de rua, que são “os oprimidos dos oprimidos” (até os mais pobres não desejam conviver 
com eles), jamais pensarão em procurar seus direitos. Assim, a defensoria itinerante surgiu para 
mitigar tal obstáculo. 
 
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ATENÇÃO! Procurar na Lei Complementar do Estado se há ou não a previsão de defensoria 
itinerante. 
3.4.2. Linguístico 
Processo deverá ser acessível ao estrangeiro (tradução) e ao deficiente visual (braile); 
3.4.3. Cultural 
Temor reverencial que as pessoas possuem das “autoridades”. Ex.: juízes, promotores, 
defensores. 
Por fim, cabe mencionar que a luta pelo efetivo acesso à justiça extrapola, e muito, o âmbito 
do jurídico. Somente uma ação conjunta e progressiva, pautada pela pluralidade e pela dialética, 
poderá enfrentar, e quem sabe vencer, os desafios cada vez maiores e mais complexos que se 
colocam ao exercício da cidadania na ‘pós-modernidade’. 
3.5. QUADRO RESUMO DOS OBSTÁCULOS E ONDAS RENOVATÓRIAS 
 
4. EVOLUÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA NO BRASIL 
4.1. ORDENAÇÕES FILIPINAS (1603) 
OBSTÁCULOS ONDAS RENOVATÓRIAS 
ECONÔMICO – quem é pobre, não tem 
condições de arcar com as custas do processo 
e nem com honorários advogados. Esse 
aspecto também influencia na compreensão 
dos direitos das pessoas – muitas vezes a 
pessoa nem sabe que tem direito 
Assistência judiciária gratuita aos pobres 
REPRESENTATIVIDADE JURÍDICA – direitos 
coletivos lato sensu (difusos, coletivos e 
individuais homogêneos) 
Instrumentos de tutela coletiva que 
transcendem o indivíduo 
EUA: class actions 
Brasil: ação popular e ACP 
PROCEDIMENTAL (ou burocrático) – o 
Judiciário não funciona bem: é muito moroso e 
não consegue atender a todas as demandas. 
Quantos mais direitos são enumerados, menos 
o Estado consegue atender as demandas. 
Criação de métodos alternativos de solução 
de conflitos 
Conciliação, transação, arbitragem, mediação, 
os próprios juizados especiais que facilitam o 
acesso à justiça e simplificam os 
procedimentos 
 
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A legislação portuguesa é composta por ordenações manuelinas, afonsinas e, por fim, 
Filipinas, estas vieram para o Brasil. . 
A influência da normativa portuguesa perdurou, inclusive, após o período imperial 
Assistência judiciária gratuita – favor real - “Em sendo o agravante tão pobre que jure não 
ter bens móveis, nem de raiz, nem por onde pague o aggravo, e dizendo na audiência uma vez o 
Pater Noster pela alma del Rey Don Diniz, ser-lhe-á havido como que pagasse os novencentos réis, 
contanto em que tire de tudo certidão no tempo em que havia de pagar o aggravo” 
Ou seja, a pessoa tinha que tirar certidão de tudo e rezar o pai nosso pela alma do rei Dom 
Diniz. 
Aspecto caritativo do acesso à justiça. 
Isso perdurou durante muito tempo. 
4.2. IAB e OAB 
Dever caritativo (honorífico) dos advogados de prestar esse serviço. 
IAB (1870) – O IAB (Instituto dos Advogados Brasileiros) surge dessa ideia de assistência 
judiciária. 
OAB (1930 e 1963) – dever legal do advogado atuar de maneira gratuita. 
4.3. CONSTITUIÇÕES E NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 
4.3.1. CF de 1934 
Até hoje é considerada uma das constituições mais garantistas. 
Foi a primeira no Brasil a prever o dever do Estado de prestar assistência judiciária gratuita 
aos pobres. 
CESPE DPE/RN 2015: A determinação dirigida à União e aos estados para a concessão de 
assistência judiciária aos necessitados surgiu pela primeira vez na Constituição de 1934. Correto! 
Direito do indivíduo e dever estatal de prestação de assistência judiciária gratuita aos pobres 
– assegurar advogado para atuar gratuitamente no processo judicial e isenção das custas. 
Art. 113, n. 32: “A União e os Estados concederão aos necessitados 
assistência judiciária, criando, para esse efeito, órgãos especiais, 
assegurando a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos. 
 
Traz “necessitados” e foco na assistência judiciária.Exemplos esparsos: 
 SP (1935 – advogados assalariados); 
 SP (1947 – PAJ); 
 
13 
 
 RJ (1948 – cargo inicial da carreira do MP). 
4.3.2. CF de 1937 
Getúlio Vargas. 
Era uma constituição outorgada e ditatorial – suprimiu a previsão de assistência judiciária. 
4.3.3. Código de Processo Civil de 1939 
Entre os artigos 68 e 79, o Código de Processo Civil de 1939 inaugurou o instituto da justiça 
gratuita aos necessitados, representando uma evolução no acesso à justiça. O art. 68, V e parágrafo 
único dispunha sobre a gratuidade quanto aos honorários do advogado, que poderia ser indicado 
pela parte necessitada, indicado pela “assistência judiciária” ou nomeado pelo juiz. Não dispunha, 
entretanto, quem deveria arcar com esse ônus. 
4.3.4. CF de 1946 
Voltou a prever o dever estatal, mas delegando à lei a sua regulamentação 
Art. 141, § 35: “O Poder Público, na forma que a lei estabelecer, concederá 
assistência judiciária aos necessitados” 
 
Sob a égide de CF de 1946 surge a Lei 1.060/50 (Lei de Assistência Judiciária ou Lei da 
Justiça Gratuita). 
4.3.5. Lei nº 1.060/50 
Revogou as disposições do CPC de 39 acerca da justiça gratuita (art. 68-79). 
Assegura à pessoa NECESSITADA (novamente, o termo pessoa necessitada – a CF de 
1934 já usava essa expressão – esse destaque é importante, porque vai permitir a discussão sobre 
quem é a pessoa necessitada) a isenção de custas processuais (em geral) e o patrocínio de um 
advogado integrante de serviço de assistência judiciária (defensor público ou equivalente) ou 
advogado indicado pela OAB e nomeado pelo juiz. 
Necessitado – redação original – quem não pode pagar as custas processuais e honorários 
de advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família – o necessitado para a Lei 1.060/50 é 
um necessitado do ponto de vista financeiro. 
Comprovação – redação de 1986 – mera declaração do assistido – presunção juris tantum 
– possibilidade de impugnação de ofício pelo juiz ou pela parte contrária – sanção: até o décuplo 
das custas. 
Direito personalíssimo (não se transmite aos herdeiros), precário (temporário – naquele 
momento a pessoa não possui condições financeiras, mas, se durante o processo, ou até 5 anos 
depois do trânsito em julgado, a pessoa voltar a possuir condições financeiras ela é obrigada a 
pagar custas do processo e dos honorários da parte contrária) e sujeito ao deferimento judicial, 
podendo ser integral ou parcial. 
 
14 
 
Obs.: o juiz não tem que deferir o patrocínio dos advogados, mas ele tem que deferir a isenção de 
custas processuais (justiça gratuita). 
A lei trata da assistência judiciária gratuita (honorários de advogado) e da justiça gratuita 
(Poder Judiciário abrindo mão das custas do processo). A justiça gratuita não implica 
necessariamente na assistência judiciária gratuita. Apesar de mais raro, a pessoa pode pedir justiça 
gratuita no processo e pagar o seu advogado. 
A lei 1.060/50 abrange pessoas nacionais e estrangeiras residentes no país. Não fala em 
pessoa jurídica, mas o entendimento jurisprudencial é que ela se aplica sim às pessoas jurídicas, 
com a condição de comprovação de ser necessitada. 
E ela se aplica a todas as esferas do Poder Judiciário. 
Foi, praticamente, revogada pelo NCPC. 
4.3.6. CF de 1967 
Não houve mudanças significativas. 
4.3.7. CF de 1969 
Não houve mudanças significativas. 
4.3.8. CPC de 1973 
Em virtude de haver a Lei 1060/50, que de modo bastante eficiente previu a gratuidade da 
justiça, não previu este instituto, apenas fazendo uma referência a ele no art. 19. 
4.3.9. CF de 1988 
Foi um importantíssimo instrumento na consecução da assistência jurídica, pois: 
○ Alterou o conceito de “assistência judiciária” para “assistência jurídica”. Assim, a 
assistência passa a ser integral, englobando assessoria extrajudicial; 
○ Criou as Defensorias Públicas, como órgão público independente, com agentes 
especializados e com fim institucional exclusivo de prestar essa assistência jurídica 
integral aos necessitados (art. 134). 
4.3.10. Lei Complementar 80/94 
Primeira lei orgânica nacional da DP. 
A lei teve o condão de arrolar as atribuições institucionais com vistas ao mandamento 
constitucional de uma assistência integral e gratuita. 
4.3.11. Alteração da Lei de Ação Civil Pública 
Conferiu expressamente a legitimidade à DP para a propositura de ACP. 
 
15 
 
4.3.12. Lei Complementar 132/2009 
 Ampliou o rol de atribuições institucionais, consolidou a DP como um órgão jurídico 
incumbido de contribuir para a articulação social, seja quando de sua atuação judicial ou não, 
inseriu, ao menos no bojo das DPE’s, mecanismos de participação social, como a previsão de uma 
Ouvidoria externa, dentre outras coisas. 
4.3.13. Novo Código de Processo Civil 
 Praticamente, derrogou a Lei de assistência, passado a disciplinar a matéria. Igualmente, 
deu amplo destaque à DP. 
5. A DEFENSORIA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente (novidade! 
Similitude com o MP), essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático 
(novidade!), fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos 
direitos humanos (novidade! Não havia nenhuma instituição com essa 
incumbência até então – o que dá margem a essa visão ampliada de 
necessitado) e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial 
(novidade!), dos direitos individuais e coletivos (novidade! Previsão 
expressa da atuação em tutela coletiva), de forma integral e gratuita 
(novidade!), aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta 
Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, 
de 2014) 
Parágrafo único. Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União 
e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua 
organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, 
mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes 
a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das 
atribuições institucionais. 
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito 
Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização 
nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante 
concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a 
garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das 
atribuições institucionais. (Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia 
funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro 
dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação 
ao disposto no art. 99, § 2º . (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) 
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do 
Distrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) 
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que 
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição 
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 
 
Embora a Defensoria Pública já existisse, enquanto instituição, em diversos Estados 
brasileiros, a CF/88 assumiu esse modelo e unificou-o, instituindo-a como função essencial à justiça 
– Artigo 134 CF. 
 
16 
 
Três emendas constitucionais trouxeram mudanças significativas ao texto original, 
remodelando o perfil da Defensoria Pública: 
5.1. EC 45/04 (REFORMA DO JUDICIÁRIO) 
Trouxe para a CF: 
a)As autonomias institucionais das DPEs estaduais (funcional, administrativa e 
financeira) – mas as autonomias da DPU e da DPDF só vieram com a EC 69/12 e 
EC 74/13; 
b) Garantia da inamovibilidade do defensor; 
5.2. EC 74/13 (INCORPOROU A EC 69/12) 
Autonomia da DPU e da DPDF. 
ADI 5296 – questiona a autonomia da DPU trazia pela EC 74/13 – não questiona o mérito, 
mas a forma de aprovação da PEC, porque diz que a iniciativa da PEC foi parlamentar e deveria ter 
sido do Poder Executivo. ADI ainda não foi julgada. 
Parecer PGR: improcedência da ADI porque não há essa restrição temática de legitimidade 
para a mudança da Constituição – não é legitimidade para propor lei e sim para propor emenda – 
regramentos diferentes). 
5.3. EC 80/14 (PEC DAS COMARCAS) 
Trouxe um grande avanço para a Defensoria Pública. 
Alterou o caput do art. 134, da CF, tornando a redação idêntica ao art. 1º da LC 80/94, com 
redação dada pela LC 132/2009. 
Além disso, inclui o §4º ao art. 134 da CF, segundo o qual são princípios institucionais da 
DP a unidade, a independência funcional e a indivisibilidade, aplicando-se, no que couber o art. 93 
da CF, que trata dos magistrados, bem como o disposto no art. 96, II da CF, garantindo a DP a 
iniciativa legislativa da criação e extinção de seus cargos. 
Por fim, acrescentou ao ADCT o art. 98, que determina que o número de Defensores em 
cada unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda. Assim, nos próximos 08 anos a 
União, o DF e os Estados deverão contar com um DP em cada Comarca do país. Durante o prazo, 
a alocação dos defensores deverá ser garantia nos locais de maior densidade populacional. 
Maior amplitude do conceito e das funções institucionais; princípios institucionais; iniciativa 
de lei; equivalência de princípios estruturais da magistratura (art. 93); ampliação programada da 
instituição: 
a) A Defensoria está numa sessão própria, separada da Advocacia; 
b) Estabelece expressamente os princípios institucionais; 
c) Puxa a estrutura da magistratura para a Defensoria. 
 
17 
 
A Defensoria Pública ganhou, com a EC 80/2014, um novo perfil constitucional, o qual 
projetou a instituição para um patamar normativo inédito, trazendo, além da já citada obrigação do 
Poder Público de universalizar o acesso à Justiça e garantir a existência de defensores públicos em 
todas as unidades jurisdicionais no prazo máximo de oito anos, as seguintes inovações: 1) inserção 
da Defensoria Pública em sessão exclusiva no rol das funções essenciais à Justiça, separada, 
agora, da advocacia; 2) explicitação ampla do conceito e da missão da Defensoria Pública; 3) 
inclusão dos princípios institucionais da Defensoria Pública no texto constitucional; e 4) aplicação 
de parte do regramento jurídico do Poder Judiciário, no que couber, à Defensoria Pública, 
principalmente a iniciativa de lei 
5.4. PRESCRIÇÕES CONSTITUCIONAIS IMPORTANTES 
5.4.1. Competência concorrente 
A competência para legislar sobre Defensoria Pública é concorrente entre a União (normas 
gerais) e os Estados. 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; 
 
Ademais, a regulamentação da DP será feita por lei complementar. 
Por isso, medida provisória não pode tratar de matérias sobre DP, eis que é vedado tratar 
de matéria reservada a lei complementar. 
5.4.2. Concurso público 
Os cargos de carreira são providos por concurso público, com participação da OAB prevista 
pela LC 80/94. 
5.4.3. Grantia da inamovibilidade 
O defensor não pode ser retirado das suas funções de maneira arbitrária – para evitar 
ingerências contra si. 
Nesse dispositivo não há a ressalva do interesse público (como há para o MP e para a 
Magistratura) – parece que a inamovibilidade é absoluta. Alguns doutrinadores defendiam que essa 
garantia era absoluta. Mas isso é insustentável. Agora com a EC 80/94, aplica-se os institutos da 
magistratura à defensoria, quando cabível. Aplica-se então o previsto para a magistratura: remoção 
compulsória e por motivo interesse público – art. 93, VIII, CF. 
5.4.4. Exercício da advocacia 
Vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (o defensor não pode 
advogar nem em causa própria). 
 
18 
 
STF vai julgar ADI (4636) da OAB contra o dispositivo da LC 80 que prevê que a capacidade 
postulatória do defensor decorre da nomeação e posse ao cargo (art. 4º, § 6º) – tema muito 
polêmico. 
Art. 4º, § 6º A capacidade postulatória do Defensor Público decorre 
exclusivamente de sua nomeação e posse no cargo público. 
 
Um dos argumentos da OAB é esse dispositivo constitucional: o defensor público estaria 
advogando quando atuasse nos casos de atribuição institucional, já que é vedada a advocacia fora 
das atribuições institucionais. Argumentos da Defensoria para sustentar a desvinculação do 
defensor em relação à OAB: 
a) A carreira é regulada por lei complementar por expressa disposição constitucional. 
Enquanto o Estatuto da OAB é uma lei ordinária – questão da hierarquia entre lei 
complementar, que exige quórum qualificado, e lei ordinária, que não exige; 
b) O defensor público estaria sujeito, então, a dois regimes de correição: subordinação 
do defensor público ao Tribunal de Ética da OAB e à Corregedoria da DPE – bis in 
idem inaceitável. E mais: qual a consequência da aplicação de penalidade perante 
do TED da OAB? Se ele for expulso dos quadros da OAB ele está fora da Defensoria? 
É exatamente, por isso, que a LC 132/09 alterou a LC 80/94; 
c) Problema: se a capacidade postulatória decorre apenas da nomeação e da posse, o 
defensor nem precisaria ser advogado. 
5.4.5. Norma de extensão – aplicação de dispositivos da Magistratura 
Art. 134, § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que 
couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição 
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014) 
 
Aplica-se o art. 93 (Estatuto da Magistratura), no que couber, à Defensoria. 
Esse “no que couber” é um problema, porque é genérico. A dúvida que existe na Defensoria 
é se esse “no que couber” exige regulamentação infraconstitucional. Ex.: questão da exigência dos 
3 anos. 
Aplica-se o seguinte: 
a) Exigência do bacharel em direito de 3 anos de atividade jurídica para o concurso; 
b) Promoção por antiguidade e merecimento, alternadamente, com os seguintes critérios: 
 Obrigatória a promoção do defensor que figure 3x consecutivas ou 5x alternadas 
na lista de merecimento; 
 Condições para a promoção por merecimento: 2 anos na classe e ocupar a 
primeira quinta parte da lista de antiguidade; 
 Aferição do merecimento: produtividade e presteza, frequência a cursos; 
 
c) Curso de ingresso, após aprovação no concurso, como requisito da estabilidade (não 
vitaliciedade – art. 95 da CF não estendido para a Defensoria – ADI 230/RJ); 
 Vitaliciedade: o membro da instituição só pode ser exonerado após um processo 
judicial; 
 Estabilidade: o membro da instituição pode ser exonerado por processo 
administrativo ou judicial. 
 
19 
 
 
d) Prestação ininterrupta do serviço, funcionando em sistema de plantão quando 
necessário; 
e) Residência do defensor na comarca, salvo autorização do DPG; 
f) Remoção, disponibilidade ou aposentadoria compulsórias dos defensores, por interesse 
público, exige maioria absoluta do Conselho Superior, assegurada ampla defesa 
 
Em relação ao art. 96 da CF, importante destacar: 
Art. 96. Compete privativamente: II - ao Supremo Tribunal Federal, aos 
Tribunais Superiores e aosTribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo 
respectivo, observado o disposto no art. 169: 
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; 
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços 
auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do 
subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, 
onde houver; 
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; 
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias; 
 
a) A alteração do número de membros dos tribunais inferiores – não se encaixa muito para 
a Defensoria; 
b) A criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos 
juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e 
dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; 
c) A criação ou extinção dos tribunais inferiores – não se encaixa muito para a Defensoria. 
A criação de unidades internas pela Defensoria já decorria da sua autonomia 
administrativa; 
d) A alteração da organização e da divisão judiciárias – iniciativa de alteração da LC 
Estadual compete ao DPG? Não há bibliografia sobre esse assunto ainda e ele é bem 
discutível. O professor entende que não, porque esse dispositivo não revoga outros 
dispositivos constitucionais que preveem a competência privativa do chefe do Poder 
Executivo. 
Pode-se dizer que a Defensoria tem uma nova autonomia: AUTONOMIA LEGISLATIVA. O 
DPG encaminha ao Poder Legislativo. Mas depende de sanção do Poder Executivo. 
A remuneração dos defensores é por meio de subsídio (assim como o MP e o Poder 
Judiciário). 
5.4.6. Remuneração (art. 135 da CF) 
É por meio de subsídio. 
A CF prevê que alguns servidores são remunerados por subsídio. Parcela única que engloba 
todos os vencimentos do servidor. Na prática, isso foi sendo modificado. Além de a CF prever o 
subsídio, ela previu tetos. 
Teto fixado pelo art. 37, XI (por força de remissão do art. 135 e do art. 39, §4º, da CF) – 
90,25% de Min. do STF (para o TJ, MPE, PGE e Defensoria Estadual) 
Problema: ADI 3854/DF ajuizada por magistrados estaduais sustentando a quebra da 
isonomia federativa (juiz federal ganhava mais que juiz estadual, porque juiz federal não estaria 
 
20 
 
sujeito ao teto, e o juiz estadual sim) – interpretação conforme: STF decidiu que não há 
diferenciação. Portanto, o teto da Magistratura Estadual é de 100% do salário do STF, assim como 
da Magistratura Federal. Total desvirtuamento da previsão constitucional do teto. 
MP estadual aproveitou o embalo e foi no mesmo sentido: editou resolução com previsão de 
teto de 100% do salário dos ministros do STF para os membros do MP – mas sem decisão do STF 
nesse sentido (a decisão do STF é para os magistrados). 
Algumas defensorias no país, por meio de regulamentação interna (assim como fez o MP), 
já consideram o teto de 100%. 
5.5. ADCT 
Mudanças efetuadas pela EC 80/14 no art. 98 do ADCT (por isso a PEC foi chamada de 
“PEC das Comarcas”): 
Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será 
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à 
respectiva população. 
§ 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito Federal 
deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais, 
observado o disposto no caput deste artigo. 
§ 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos 
defensores públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com 
maiores índices de exclusão social e adensamento populacional. 
 
É uma norma de eficácia limitada. 
6. AMPLITUDE DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA 
INTEGRAL – em juízo e fora dele, direitos individuais e coletivos, com atividades de 
mediação, educativas e preventivas, envolvendo inclusive interdisciplinariedade e participação na 
formatação de políticas públicas 
AOS NECESSITADOS – conceito não necessariamente ligado à hipossuficiência econômica 
– noção de vulnerabilidade 
Não é benefício – direito público subjetivo do indivíduo. 
6.1. ATUAÇÃO TÍPICA E ATÍPICA 
Distinção ultrapassada diante do novo contexto de necessitado, mas mesmo assim é 
importante destacá-las: 
6.1.1. Funções típicas 
São exercidas em virtude da incapacidade econômica da parte assistida. Leva-se em conta 
precisamente a carência de recursos financeiros, isto é, a impossibilidade de fazer frente aos custos 
que são exigidos para que se obtenha assistência jurídica. 
6.1.2. Funções atípicas 
 
21 
 
Não demandam análise da situação financeira. 
Ex.: curadoria especial; defesa criminal – mas se a pessoa tem condições financeira, é 
possível pedir o arbitramento de honorários em prol da DPE ao juiz; tutela coletiva; educação em 
direitos; participação em conselhos comunitários e em políticas públicas. 
Percebe-se que essa divisão clássica tem mais funções atípicas do que típicas, por isso 
muitos entendem que ela está ultrapassada. 
Proposta de nova classificação: todas as funções são típicas e devem ser classificadas de 
acordo com a sua finalidade. 
6.2. DEFINIÇÃO DE NECESSITADO 
100 Regras de Brasília sobre Acesso à justiça das Pessoas em Condição de Vulnerabilidade 
- 14ª Conferência Judicial Ibero-Americana 2008. 
Define “pessoas em condição de vulnerabilidade”: “pessoas que em razão da sua idade, 
gênero, estado físico ou mental, ou por circunstâncias sociais, econômicas, étnicas e/ou culturais, 
encontram especiais dificuldades em exercitar com plenitude perante o sistema de justiça os direitos 
reconhecidos pelo ordenamento jurídico” 
Ada Pellegrini Grinover fala em necessitados organizacionais (parecer que a professora 
fez para a Defensoria no âmbito da ADI ajuizada pela CONAMP) – todo aquele que se encontra em 
posição de inferioridade em relação ao violador do direito 
Ademais, o conceito de necessitado deve ser lido à luz da Constituição, que fala em 
“insuficiência de recursos” e não “insuficiência de recursos financeiros”. Deve-se ir além do critério 
financeiro. 
ADI 3943 (CONAMP): questionamento do art. 5º da Lei da ACP que previa a legitimidade da 
DP em ação civil pública. STF decidiu que o dispositivo é constitucional (unanimidade) e não fez o 
recorte de que as pessoas atingidas por essa ação têm que ser necessariamente necessitadas, 
porque a ação civil pública pode vir a atingir não só hipossuficientes econômicos. 
A Defensoria tem um papel primordial de atender o hipossuficiente econômico, mas isso não 
impede que a Defensoria atenda outros vulneráveis. 
ATENÇÃO! Defensoria pode atender pessoas físicas e jurídicas. 
7. CONCEITOS IMPORTANTES 
7.1. JUSTIÇA GRATUITA 
Conformo lição de Franklin Roger (livro pág. 127/128). 
A gratuidade de justiça (ou justiça gratuita) é a dispensa provisória da antecipação do 
pagamento das despesas judiciais ou extrajudiciais, necessárias ao pleno exercício dos direitos do 
hipossuficiente, em juízo ou fora dele 
A gratuidade de justiça deve abranger toda e qualquer despesa necessária ao pleno 
exercício dos direitos do hipossuficiente econômico, em juízo ou fora dele. Qualquer obstáculo 
 
22 
 
monetário que impeça ou dificulte o acesso do hipossuficiente à justiça deverá ser removido pela 
gratuidade, garantindo-se a plena e constante marcha em busca da ordem jurídica justa. 
Sendo assim, todas as despesas judiciais necessárias ao regular desenvolvimento do 
processo e à efetiva participação do hipossuficiente na relação jurídico--processual deverão ser 
abarcadas pela gratuidade (ex: custas em sentido estrito, taxa judiciária, honorários periciais, etc.). 
Do mesmo modo, todos os atos extrajudiciais necessários à defesa ou ao pleno exercício de direitos 
do necessitadoeconômico também deverão ser abrangidos pela justiça gratuita (ex.: emolumentos 
relativos à autenticação de documento, à averbação de divórcio, ao registro de imóvel etc.). 
7.2. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA 
Prestação de serviço voltado à defesa judicial/processual dos necessitados. 
De acordo com Franklin Roger, a expressão assistência judiciária, que historicamente 
remonta às primeiras ações estatais de acessibilidade à justiça, envolve fundamentalmente os 
recursos e instrumentos indispensáveis à defesa dos direitos do necessitado em juízo. Consiste no 
auxílio, na ajuda ou no amparo prestado estritamente no campo judicial. Como bem sintetiza o 
professor FREDERICO RODRIGUES VIANA DE LIMA, “toda ação que exprima a atividade de 
amparar alguém em uma relação jurídico-processual expressa uma ação de assistência judiciária 
7.3. ASSISTÊNCIA JURÍDICA 
Serviço público mais amplo, que envolve informação, conscientização, educação em direitos 
e construção de cidadania + assistência judiciária. 
De acordo com Franklin Roger, a expressão assistência jurídica, por outro lado, possui 
conotação bem mais ampla, abrangendo toda e qualquer atividade assistencial concernente ou 
relacionada ao universo do Direito. Consiste no auxílio, na ajuda ou no amparo prestado no campo 
jurídico – dentro ou fora de uma relação jurídico-processual. 
Assim, enquanto a assistência judiciária é prestada estritamente na esfera judicial, a 
assistência jurídica é prestada extensivamente onde estiver o direito. Por essa razão, o conceito de 
assistência jurídica, além de englobar a própria noção de assistência judiciária, abrange também a 
atividade assistencial pré-judicial ou pré-judiciária e a extrajudicial ou extrajudiciária 
8. AUTONOMIAS INSTITUCIONAIS 
Asseguram à Defensoria liberdade de atuação, protegendo-a contra ingerências políticas e 
represálias administrativas e financeiras 
Qual a natureza jurídica da instituição? A autonomia enseja a independência? 
A doutrina não tem uma posição clara. 
Alguns autores entendem que a Defensoria não integra o Poder Executivo e não está 
vinculada a nenhum outro poder. A natureza jurídica seria de um “para-poder”. 
Outros autores, inclusive o professor, entendem que a Defensoria está vinculada ao Poder 
Executivo, assim como o Ministério Público. Tanto a DP quanto o MP estão ligados a políticas 
públicas, ou seja, ligados à função executiva do poder estatal. Mas isso não significa que não há 
autonomia. Professor refere-se à própria nomeação do DPG pelo governador mostra essa relação. 
 
23 
 
8.1. AUTONOMIA FUNCIONAL 
Para cumprir a sua função, a Defensoria não se submete à vontade de outras esferas de 
poder. Ela age de maneira independente em relação ao cumprimento de sua função. 
Ex.: cracolândia em 2012 – Defensoria manteve a atuação mesmo com o governo estadual 
“batendo” na Defensoria. Isso não seria possível se não houvesse essa previsão. 
Essa autonomia é típica do sistema de freios e contrapesos. 
Não confundir com independência funcional (que é prevista como garantia do defensor e 
princípio institucional). 
8.2. AUTONOMIA ADMINISTRATIVA 
É a auto-gestão da Defensoria. É ela quem celebra contratos, convênios, elabora folha de 
pagamentos, responde ao Tribunal de Contas do Estado. 
Ela não depende do Poder Executivo. 
Com a EC nº 80/14, passa a competir privativamente à Defensoria Pública propor ao Poder 
Legislativo alteração de número de membros, bem como a criação e extinção de carreiras de apoio 
(art. 96, II, “a” e “b”) 
Quem dá posse ao defensor público? É o DPG – que é o chefe da instituição. 
Quem exonera o defensor público? É o Governador. 
8.3. AUTONOMIA PARA INICIATIVA DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA 
Trata-se da iniciativa de proposta orçamentária – o orçamento é proposto ao Poder 
Legislativo, por intermédio do Poder Executivo, pela própria Defensoria. 
Essa proposta será ponderada pelo Poder Legislativo. Isso significa que a proposta da 
Defensoria não será necessariamente acatada. 
Mas atenção! O Poder Executivo não pode mexer na proposta da Defensoria (jurisprudência do 
STF) – só o Poder Legislativo pode alterar quando a aprovar a lei orçamentária. 
Informativo 733 STF (explicação Dizer o Direito) – Já caiu tanto na primeira, quanto na 
segunda fase e até na fase oral. 
 
A Defensoria Pública pode enviar sua proposta orçamentária diretamente para a Assembleia 
Legislativa ou Congresso Nacional? 
NÃO. A CF/88 não assegura essa possibilidade à Instituição. O que a CF/88 prevê é que a 
Defensoria Pública irá aprovar a sua proposta orçamentária e encaminhá-la ao chefe do Poder 
Executivo. Este irá consolidar, ou seja, reunir em um único projeto de Lei Orçamentária, as 
propostas orçamentárias do Executivo, do Judiciário, do MP e da Defensoria, encaminhando o 
projeto para ser apreciado pelo Poder Legislativo. 
 
24 
 
Feitos esses esclarecimentos prévios, vejamos um caso julgado pelo STF no final de 2013 
envolvendo a autonomia financeira da Defensoria Pública. 
Proposta orçamentária elaborada pela Defensoria Pública da Paraíba 
A Defensoria Pública do Estado da Paraíba elaborou sua proposta orçamentária e a 
encaminhou ao Governador. Na proposta, era previsto que seriam destinados 71 milhões para as 
despesas da Defensoria Pública. Ressalte-se que esse valor foi calculado com base na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO), que dizia que o limite para a elaboração da proposta orçamentária 
da Defensoria Pública seria o montante fixado na Lei Orçamentária do ano anterior, acrescido da 
variação do IPCA. 
Redução dos valores por parte do Governador do Estado 
O Governador do Estado, ao receber a proposta orçamentária da Defensoria Pública, 
promoveu três mudanças: 
1) A previsão dos recursos para a Defensoria foi reduzida de 71 para 55 milhões; 
2) A proposta orçamentária da Defensoria Pública foi inserida dentro do orçamento do Poder 
Executivo na seção que trata sobre as Secretarias de Estado; 
3) A Defensoria Pública foi prevista no projeto de lei como se fosse uma Secretária de Estado 
vinculada ao Governador. 
ADPF proposta pela ANADEP 
A Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) ajuizou ação de 
descumprimento de preceito fundamental contra esse ato do Governador do Estado, afirmando que 
as mudanças representaram uma violação à autonomia orçamentária da Defensoria, garantida pelo 
art. 134, § 2º, da CF/88. 
A ANADEP defendeu na ação que a proposta orçamentária da Defensoria deveria ter sido 
encaminhada à Assembleia Legislativa pelo Governador do Estado como sendo um orçamento 
autônomo (não integrante do orçamento do Poder Executivo), já que a Defensoria é um órgão 
autônomo, que não pode ser equiparado a uma Secretaria de Estado. 
O STF conheceu da ação? 
SIM. Segundo o Min. Relator, cabe a arguição de descumprimento de preceito fundamental 
à hipótese, visto que preenchidos seus dois requisitos básicos: 
a) a inexistência de outro meio eficaz de sanar a lesividade arguida pela autora; e 
b) a efetiva demonstração de violação, em tese, a preceito fundamental resultante de ato do 
Poder Público. 
Segundo a jurisprudência do STF, o cabimento de ADPF pressupõe a “inexistência de outro 
meio eficaz de sanar a lesão, compreendido no contexto da ordem constitucional global, como 
aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata” 
(ADPF nº 33/PA, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 7/12/05). 
Sendo o ato em questão dotado de efeitos concretos e oriundo de autoridade pública, poder-
se-ia cogitar da impetração de mandado de segurança coletivo para impugná-lo. No entanto, a 
 
25 
 
ANADEP não teria legitimidade ativa para propor o MS no presente caso. Isso porque o queestá 
sendo discutido é o direito que a Defensoria Pública possui de que a sua proposta orçamentária 
para o ano de 2014 seja encaminhada à Assembleia sem a redução perpetrada pelo Governador 
do Estado (art. 134, § 2º, da CF/88). Logo, o direito que está sendo defendido é da Defensoria 
Pública (e não diretamente dos Defensores Públicos). 
Sendo um direito da própria Instituição (e não dos associados), a associação não poderia 
propor MS como substituto processual. Enfim, o único instrumento processual por meio do qual a 
ANADEP poderia atacar o ato concreto do Governador do Estado seria realmente a ADPF. 
O pedido da ADPF foi acolhido? 
SIM. O Plenário do STF referendou medida liminar concedida pelo Relator, determinando 
que o Governador do Estado da Paraíba e o Secretário de Planejamento façam a imediata 
complementação do Projeto de Lei Orçamentária para nele incluir a Proposta Orçamentária da 
Defensoria Pública como Órgão Autônomo e nos valores por ela aprovados. STF. Plenário. ADPF 
307 Referendo-MC/DF, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/12/2013. 
Em outras palavras, o STF determinou que a proposta orçamentária da Defensoria Pública 
seja submetida à Assembleia Legislativa na forma como foi aprovada pela Instituição, ou seja, sem 
as alterações promovidas pelo Governador do Estado. 
Vale ressaltar que, apesar de o julgamento ainda não ter sido concluído, a liminar concedida 
é, na prática, irreversível, de forma que podemos considerar que o entendimento do STF sobre o 
tema é esse. 
A redução proporcionada pelo Governador do Estado implicou violação à autonomia da 
Defensoria Pública? 
SIM. A proposta orçamentária elaborada pela Defensoria e encaminhada ao Governador do 
Estado estava de acordo com a LDO. No entanto, ao consolidar o projeto de Lei Orçamentária Anual 
2014, enviando-o à Assembleia Legislativa, o Governador reduziu a proposta formulada pela 
Defensoria. 
O corte representou drástica redução da proposta de orçamento da Instituição, inclusive para 
valor inferior ao montante do exercício de 2013. 
Estando a proposta orçamentária da Defensoria compatível com os limites estabelecidos na 
Lei de Diretrizes Orçamentárias, nos termos do art. 134, § 2º, da CF/88, não era dado ao Chefe do 
Poder Executivo, de forma unilateral, reduzi-la, ao consolidar o projeto de lei orçamentária anual. 
Segundo apontou o Min. Dias Toffoli, tal conduta constitui inegável desrespeito à autonomia 
administrativa da instituição, além de ingerência indevida no estabelecimento de sua programação 
administrativa e financeira. 
Ademais, para o Ministro, representa lamentável ranço, no âmbito do Poder Executivo, da 
concepção anterior à EC nº 45/2004, de uma Defensoria Pública como se vinculada fosse aos 
ditames daquele Poder. 
Trata-se, enfim, de ato que atenta contra o desenvolvimento e a consolidação de instituição 
tão fundamental para a democracia e, ao mesmo tempo, ainda tão pouco estruturada em alguns 
Estados da Federação. 
 
26 
 
A Defensoria Pública poderia ter sido classificada, no projeto da Lei Orçamentária enviado 
pelo Governador à ALE, como se fosse uma Secretaria de Estado? 
NÃO. O STF possui entendimento pacífico no sentido de que são inconstitucionais leis ou 
outros atos que subordinem a Defensoria Pública ao Poder Executivo, por implicar violação à 
autonomia funcional e administrativa da instituição. Vale ressaltar que o art. 134, § 2º da CF/88 
possui eficácia plena e aplicabilidade imediata. Nesse sentido, confira-se os seguintes julgados: 
(...) A Defensoria Pública dos Estados tem autonomia funcional e 
administrativa, incabível relação de subordinação a qualquer Secretaria de 
Estado. Precedente. (...) STF. Plenário. ADI 3965, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
julgado em 07/03/2012. 
 
(...) A EC 45/04 reforçou a autonomia funcional e administrativa às 
defensorias públicas estaduais, ao assegurar-lhes a iniciativa para a 
propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2º). II – Qualquer medida 
normativa que suprima essa autonomia da Defensoria Pública, vinculando-a 
a outros Poderes, em especial ao Executivo, implicará violação à Constituição 
Federal. Precedentes. (...) STF. Plenário. ADI 4056, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgado em 07/03/2012. 
 
(...) A EC 45/04 outorgou expressamente autonomia funcional e 
administrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a 
propositura de seus orçamentos (art. 134, § 2º): donde, ser inconstitucional a 
norma local que estabelece a vinculação da Defensoria Pública a Secretaria 
de Estado. (...) STF. Plenário. ADI 3569, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 
julgado em 02/04/2007. 
 
Ao receber a proposta orçamentária da Defensoria, caso o Governador entendesse que as 
despesas ali previstas estavam muito elevadas, ele poderia tomar alguma providência? 
SIM, mas essa providência não era a redução unilateral dos valores, como foi feito. 
Caso o Governador entendesse que o orçamento da Defensoria estava com números 
incompatíveis com as capacidades atuais do Estado, ele deveria encaminhar o projeto de Lei 
Orçamentária Anual à Assembleia Legislativa, com a proposta orçamentária da Defensoria na 
íntegra (como órgão autônomo e nos valores por ela aprovados) e, a partir daí, pleitear, de forma 
democrática e plural, junto ao Poder Legislativo que promovesse as reduções orçamentárias na 
proposição da Instituição. No Parlamento, após as discussões pertinentes, poderiam (ou não) ser 
aprovadas as reduções sugeridas. 
9. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
10. LEI 80/94: PRINCIPAIS ASPECTOS 
10.1. CONCEITO E FUNÇÃO 
Está previsto no art. 1º da LC 80/94, que foi constitucionalizado pela EC 80/94. 
Art. 1º A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do 
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção 
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, 
dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos 
necessitados, assim considerados na forma do inciso LXXIV do art. 5º da 
Constituição Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 
2009). 
 
27 
 
 
Assim, a Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do 
Estado. 
Cabe à DP: 
a) Orientação jurídica; 
b) Promoção dos direitos humanos; 
c) Defesa, em todos os graus judicial e extrajudicial, dos direitos difusos e coletivos. 
10.2. OBJETIVOS DA DEFENSORIA PÚBLICA 
Estão previstos no art. 3º-A da LC 80/94, foram incluídos pela LC 132/2009. 
Art. 3º-A. São objetivos da Defensoria Pública: 
I – a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das 
desigualdades sociais; 
II – a afirmação do Estado Democrático de Direito; 
III – a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e 
IV – a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório. 
 
Os incisos II e III foram incluídos na CF através da EC 80/2014. 
10.3. PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS 
Primeiramente, estavam previstos só na Lei Complementar (tanto na federal quanto nas 
estaduais). 
A EC 80/14 trouxe a previsão constitucional desses princípios. São eles: 
a) Unidade; 
b) Indivisibilidade; 
c) Independência funcional 
10.3.1. Unidade 
A unidade consiste em entender a Defensoria Pública (englobadas aqui a DPU, Defensorias 
dos Estados e Distrito Federal), como “um todo orgânico, sob a mesma direção, os mesmos 
fundamentos e a as mesmas finalidades. 
Aplicação prática desse princípio pode ser verificada no seguinte julgado do STJ. 
Ementa HABEAS CORPUS. APELAÇÃO. JULGAMENTO. INTIMAÇÃO 
PESSOAL DA DEFENSORIA PÚBLICA. ATO REALIZADO NA PESSOA DO 
CORREGEDOR-GERAL DO ÓRGÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOSINSTITUCIONAIS DA UNIDADE E INDIVISIBILIDADE. LC 80/94. AUSÊNCIA 
DE VIOLAÇÃO ÀS PRERROGATIVAS DA DEFENSORIA PÚBLICA. 
PRECEDENTES. NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR. 
NÃO OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. Houve a intimação pessoal do 
Corregedor-Geral da Defensoria Pública Estadual da data de julgamento dos 
apelos, sem que fosse feita a intimação do Defensor que efetivamente atuava 
 
28 
 
no feito. 2. Nos termos da legislação de regência editada pela União (LC 
80/94), são princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a 
indivisibilidade e a independência funcional. Em face de tais determinações, 
a Defensoria Pública, seja estadual ou da União, não pode ser subdividida 
internamente em várias outras instituições autônomas e desvinculadas entre 
si, pois, tal como sói acontecer aos integrantes do Ministério Público, seus 
membros não se vinculam aos processos nos quais oficiam, podendo ser 
substituídos uns pelos outros. 3. Ainda que não tenha sido feita a intimação 
diretamente ao ilustre Defensor atuante no caso, mas ao próprio Corregedor-
Geral da instituição, não há falar em nulidade, por ausência de intimação 
pessoal, porquanto devidamente respeitadas as prerrogativas inerentes à 
função exercida pelo impetrante. Precedentes do STJ.Acórdão Origem: STJ 
- SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Classe: HC - HABEAS CORPUS – 
88743 Processo: 200701888967 UF: RO Órgão Julgador: QUINTA TURMA 
Data da decisão: 05/06/2008 Relator(a) NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO 
 
Quando o defensor se manifesta, não age em nome próprio, age em nome da instituição. 
Ex.: impetração de habeas corpus, ajuizamento de ação etc.: a nomenclatura utilizada é “por meio 
da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO X”, e não “por meio do Defensor Público Fulano de tal”. 
10.3.2. Indivisibilidade 
Significa que a Defensoria Pública consiste em “um todo orgânico, não estando sujeita a 
rupturas ou fracionamentos”. Esse princípio permite que seus membros se substituam uns aos 
outros, a fim de que a prestação da assistência jurídica aconteça sem solução de continuidade, de 
forma a não deixar os necessitados sem a devida assistência. 
Neste sentido: “A Defensoria Pública pertence aos Defensores Públicos e aos assistidos, e 
a sua razão de ser consiste no fato de que as suas normas fundamentais e o funcionamento de 
seus órgãos não podem sofrer qualquer solução de continuidade. Uma vez deflagrada a atuação 
do Defensor Público, deve a assistência jurídica ser prestada até atingir o seu objetivo, mesmo nos 
casos de impedimento, férias, afastamento ou licenças, pois nesses casos, a lei prevê a 
possibilidade de substituição ou designação de outro Defensor Público” 
10.3.3. Independência funcional 
Enquanto princípio institucional, consiste em dotar a Defensoria Pública de “autonomia 
perante os demais órgãos estatais”, na medida em que as suas funções institucionais podem ser 
exercidas inclusive contra as pessoas jurídicas de direito público das quais fazem parte. Tal princípio 
institucional “elimina qualquer possibilidade de hierarquia diante dos demais agentes políticos do 
Estado, incluindo os magistrados, promotores de justiça, parlamentares, secretários de estado e 
delegados de polícia”. Essa independência da Instituição em relação a outros órgãos estatais pode 
ser encarada como aspecto externo da independência funcional (princípio institucional), ou no seu 
aspecto interno, como garantia conferida aos membros da Instituição. 
 Independência funcional significa, portanto, assegurar “plena liberdade de ação do defensor 
público perante todos os órgãos da administração pública, especialmente o judiciário”. Trata-se de 
princípio indisponível, inarredável diante de qualquer situação ou pretexto. 
 
 
 
29 
 
10.4. ATRIBUIÇÕES/FUNÇÕES INSTITUCIONAIS 
Atenção! Algumas leis estaduais, a exemplo da DPE/SP traz como atribuições. A LC 80/94, 
em seu art. 4º, refere-se a funções institucionais. 
Art. 4º São funções institucionais da Defensoria Pública, dentre outras: 
I – prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos necessitados, em todos 
os graus; 
II – promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando à 
composição entre as pessoas em conflito de interesses, por meio de 
mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e 
administração de conflitos; 
III – promover a difusão e a conscientização dos direitos humanos, da 
cidadania e do ordenamento jurídico; 
IV – prestar atendimento interdisciplinar, por meio de órgãos ou de servidores 
de suas Carreiras de apoio para o exercício de suas atribuições; 
V – exercer, mediante o recebimento dos autos com vista, a ampla defesa e 
o contraditório em favor de pessoas naturais e jurídicas, em processos 
administrativos e judiciais, perante todos os órgãos e em todas as instâncias, 
ordinárias ou extraordinárias, utilizando todas as medidas capazes de 
propiciar a adequada e efetiva defesa de seus interesses; 
VI – representar aos sistemas internacionais de proteção dos direitos 
humanos, postulando perante seus órgãos; 
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de 
propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais 
homogêneos quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de 
pessoas hipossuficientes; 
VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos 
e individuais homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso 
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal; 
IX – impetrar habeas corpus, mandado de injunção, habeas data e 
mandado de segurança ou qualquer outra ação em defesa das funções 
institucionais e prerrogativas de seus órgãos de execução; 
X – promover a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos 
necessitados, abrangendo seus direitos individuais, coletivos, sociais, 
econômicos, culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as espécies de 
ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela; 
XI – exercer a defesa dos interesses individuais e coletivos da criança e do 
adolescente, do idoso, da pessoa portadora de necessidades especiais, da 
mulher vítima de violência doméstica e familiar e de outros grupos sociais 
vulneráveis que mereçam proteção especial do Estado; 
XIV – acompanhar inquérito policial, inclusive com a comunicação imediata 
da prisão em flagrante pela autoridade policial, quando o preso não constituir 
advogado; 
XV – patrocinar ação penal privada e a subsidiária da pública; 
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; 
XVII – atuar nos estabelecimentos policiais, penitenciários e de internação de 
adolescentes, visando a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstâncias, 
o exercício pleno de seus direitos e garantias fundamentais; 
XVIII – atuar na preservação e reparação dos direitos de pessoas vítimas de 
tortura, abusos sexuais, discriminação ou qualquer outra forma de opressão 
ou violência, propiciando o acompanhamento e o atendimento interdisciplinar 
das vítimas; 
XIX – atuar nos Juizados Especiais; 
XX – participar, quando tiver assento, dos conselhos federais, estaduais e 
municipais afetos às funções institucionais da Defensoria Pública, 
respeitadas as atribuições de seus ramos; 
XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais decorrentes de sua 
atuação, inclusive quando devidas por quaisquer entes públicos, destinando-
as a fundos geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, 
ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação profissional de seus 
membros e servidores; 
 
30 
 
XXII – convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às 
suas funções institucionais. 
§ 2º As funções institucionais da Defensoria Pública serão exercidas inclusive 
contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público. 
§ 4º

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