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§ 3° - Trata-se de situação que ocorre com extrema frequência nas falências, especialmente no que diz respeito a créditos trabalhistas, matéria que estava prevista no art. 130 da lei anterior. O devedor, quando estava em situação precária, provavelmente terá deixado de pagar débitos trabalhistas e assim, quando do decreto de falência ou do pedido de recuperação, poderão estar em andamento inúmeras ações na Justiça do Trabalho. Esses empregados só poderão habilitar-se depois que for fixado o valor a eles devido, na ação trabalhista. Em tal situação, o interessado informa o fato por petição ao próprio juiz trabalhista e requer reserva do valor, para pagamento futuro, o que deverá ser deferido pelo juiz da falência ante o ofício encaminhado pela justiça especializada. Sem embargo, o próprio interessado pode instruir petição com documentos suficientes e requerer, diretamente ao juiz da falência, que determine a reserva.
O caso do crédito trabalhista está sendo tomado como exemplo, por ser o de ocorrência mais comum. No entanto, evidentemente, a mencionada reserva aplica-se a todo e qualquer crédito cujo valor ainda não foi decidido. Imagine-se, apenas como exemplo, uma ação na qual alguém esteja a cobrar indenização por danos causados pela empresa falida, valor que só poderá ser definido após o trânsito em julgado da sentença a ser prolatada na ação civil em andamento.
Se ocorrer de, na falência, dar-se início ao pagamento dos credores, antes de solucionada a questão na Justiça do Trabalho, Justiça Cível etc., os pagamentos são normalmente feitos, reservando-se porém aquele valor pedido, no caso dos exemplos, pelo empregado ou pelo prejudicado civilmente.
§ 4° - Esta regra visa aproveitar os atos processuais já praticados nas ações e execuções em curso, em prejuízo da empresa em recuperação.
Com efeito, mostra-se mais interessante ao credor que se aproveitem os atos processuais já praticados nas ações e execuções individuais, em função do não recebimento nos autos da recuperação judicial no prazo estipulado de 180 (cento e oitenta) dias.
Na forma do caput do art. 6°, a suspensão se inicia com o deferimento do processamento da recuperação judicial, despacho previsto no art. 52. Este despacho do art. 52 não se confunde com o momento no qual o juiz concede a recuperação judicial, previsto no art. 58.
Desta forma, concedida ou não a recuperação em 180 dias, todas as ações e execuções contra o devedor que pediu a recuperação voltarão a correr normalmente, pois o prazo máximo de suspensão é este ora estabelecido no § 4° do art. 6°.
O parágrafo entende que o credor tem o direito de receber o que lhe é devido. Entendeu a lei que, neste caso, já estaria formado em favor do autor da ação o direito ao recebimento e que, portanto, diante do não recebimento dos créditos no prazo estipulado, a empresa em recuperação deve ser penalizada com a continuidade de referidas ações.
§ 5° - Com vistas à agilização do andamento dos feitos, a lei permite que, durante os 180 dias de suspensão, o administrador judicial, no campo meramente administrativo, fixe o valor que entende ter sido provado como devido a título de débito trabalhista. No entanto, esta inclusão admitida administrativamente não impede, por óbvio, o regular prosseguimento da ação na Justiça especializada do Trabalho, se isto for de interesse do empregado credor ou do empregador.
A inclusão deste parágrafo no texto da lei decorreu da influência exercida tanto pelo direito concursal francês, quanto pelo norte-americano, no que se convencionou chamar de "suspensão provisória de demandas" ou stop-actions. É medida que se insere entre uma séria de providências judiciais relativas às empresas em dificuldade, procedimento necessário para o aumento da probabilidade de recuperação.

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