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Filosofia Jurídica

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Prof. Mateus Salvadori
1. TEORIAS DA JUSTIÇA
1.1 Introdução à filosofia jurídica
1.2 O que é o direito? Jusnaturalismo, juspositivismo e pós-positivismo
jurídico [destaque para a teleologia aristotélica (teoria da virtude) e a
teoria contratualista]
1.3 O critério universalista e o critério consequencialista
1.4 Cine-fórum (Admirável mundo novo, de Huxley)
2. TEMAS
2.1 Formas de Estado: ideal liberal (liberais) ou bem comum
(comunitaristas)?
2.2 Democracia (Habermas), Desobediência civil (Rawls) e Função da Pena
(Foucault)
3. SEMINÁRIOS (DIREITO, LITERATURA E FILOSOFIA)
- Bibliografia: Justiça: O que é fazer a coisa certa, de Michael J. Sandel
(disponível no Acervo da Turma).
BIOÉTICA
Seminário de Direito, Literatura e Filosofia
O objetivo deste Seminário de Direito, Literatura e Filosofia é
aprofundar questões pertinentes à Filosofia Jurídica a partir da
ficção. Cada grupo deverá escolher uma obra literária. Para cada
obra haverá um grupo responsável para estudar aprofundadamente
o tema e apresentar os resultados de seus estudos em aula. A
apresentação em aula deverá ser organizada para um tempo de 20
minutos. O grupo deverá deixar uns minutos finais para perguntas.
Na apresentação em aula é necessário que todos os integrantes do
grupo demonstrem domínio do trabalho completo. Em princípio a
avaliação será para o grupo todo, mas caso se perceba que um ou
mais integrantes possuem domínio do tema de forma diferenciada
dos demais isso será considerado na avaliação.
1. Ensaio sobre a cegueira (José Saramago) e o Estado de
Natureza
2. O processo (Franz Kafka) e a burocracia da lei
3. 1984 (George Orwell) e o totalitarismo
4. Crime e castigo (Fiódor Dostoiévski) e a função da pena
5. Laranja mecânica (Anthony Burgess) e a ultraviolência
6. O diário de Anne Frank e o nazismo
7. O mercador de Veneza (William Shakespeare) e o
contrato
8. Os miseráveis (Victor Hugo) e a miséria
9. O segredo dos seus olhos (Eduardo Sacheri) e a
impunidade
10. As bruxas de Salém (Arthur Miller) e o julgamento
1. Teorias da justiça
PRINCÍPIOS
CONSTITUIÇÃO
LEIS
Há três linhas teóricas na Filosofia Jurídica:
1. Direito Natural: dualista
2. Direito Positivo: monista
3. Pós-positivismo: dualista
CONSTITUIÇÃO
LEIS
Dualismo
Os princípios são:
eternos,
imutáveis e
universais.
Monismo
1.1 Introdução à filosofia jurídica
Distinção entre normas e princípios
Podemos identificar ao menos duas teses acerca da natureza da distinção entre princípios e regras:
(i) a distinção se deve a um aspecto lógico: tanto princípios quanto regras são conjuntos de padrões que apontam
para decisões particulares acerca das obrigações legais, mas diferem no tipo de direção que apontam.
A regra tem uma única dimensão: a da validade. Se for válida, a regra deverá ser aplicada integralmente, em
sua inteireza, ou não ser aplicada. Esse aspecto da regra é também chamado de “tudo ou nada” - ou a regra é
totalmente aplicada, ou não. Não existem diferentes graus de aplicação. O princípio, por sua vez, apresenta a
dimensão de peso ou importância, não fazendo sentido falar em validade. Dentre os princípios aplicáveis ao
caso concreto, será eleito aquele que apresentar maior peso relativo aos demais em face da situação analisada.
Nesse contexto, faz sentido a pergunta: qual princípio é o mais importante nesse caso? Assim, será escolhido
aquele que for eleito como sendo mais relevante. O princípio eventualmente deixado de lado continuará
existindo e poderá ser evocado em outro momento, sem qualquer tipo de consequência a sua existência.
Em caso de conflito entre regras, uma poderá ser excluída do ordenamento, ou, ainda, em casos mais
ambíguos, aquela que apresentar maior poder descritivo e regulador prevalecerá. O critério de desempate,
diferentemente da situação de colisão de princípios, não se dá por uma regra “superar a outra em virtude de
seu maior peso”, mas sim por uma questão técnico-descritiva. Em outras palavras, podemos dizer que regras
são comandos definitivos, enquanto princípios são requesitos de otimização. Se a regra é válida e aplicável, esta
requer que seja feito o que se prevê na sua íntegra. Já os princípios são normas que exigem que algo seja
realizado em seu maior nível possível, dadas as condições do caso em estudo, contendo assim uma idéia de
gradação
(ii) a distinção se deve a um aspecto de grau de generalidade: Uma outra abordagem a respeito da distinção entre
regras e princípios é aquela que apenas vê diferença em termos de “grau de generalidade”. Para os adeptos
dessa linha, os princípios se diferenciam das regras por apresentarem tão-somente um maior grau de abstração
Revisão e dica
A Filosofia Jurídica tem como principal objetivo investigar acerca da JUSTIÇA.
Por isso, será estudado „Teorias de Justiça‟, „Escolas‟ (Jusnaturalismo,
Juspositivismo e Pós-positivismo) e temas. Ética, Moral e Legal: a moral diz
respeito aos costumes, à cultura e, por isso, varia em épocas e lugares; a ética
reflete sobre os princípios. Por isso, pode-se dizer que a Ética é uma Filosofia
moral. O legal é o objeto científico do Direito e é imposto coercitivamente pelo
Estado. Reflexão: 1) você concorda ou discorda com „leis contra abusos de
preços‟? Que tipo de Estado concorda e que tipo de Estado discorda dessas leis?
O Estado de Bem-estar Social ou o Estado liberal? 2) Marcus Luttrell estava em
uma missão secreta no Afeganistão com mais 4 soldados (EUA). Eles
encontraram dois camponeses com cabras. O que fazer? Deixá-los ir (sabendo
que eles poderiam contar aos soldados afegãos) ou matá-los (mesmo sabendo
que eles são inocentes)?; 3. Sócrates foi condenado a morte por atacar aquilo que
ele considerava injusto. Isso é certo? 4. Para Mendeville, aquilo de pior que existe
em cada um contribui em alguma coisa para o bem comum. Será?
Dica de vídeos: Ética e indiferença
(http://www.youtube.com/watch?v=jL_OR0OaGnA).
1.2 O que é o direito? Jusnaturalismo, juspositivismo e pós-
positivismo jurídico
DIREITO NATURAL:
. Princípios eternos, imutáveis 
e universais;
• Possui normas imutáveis no 
tempo e no espaço;
• Serve de base para a criação 
das leis (direito positivo); 
portanto, são os princípios;
• Não trata só do legal, mas, 
principalmente, do moral 
(base para o legal);
• É dualista.
DIREITO POSITIVO:
. Normas cambiantes no 
tempo e no espaço. Desde 
que há governos que 
impõe leis, existe o direito 
positivo. Já o 
juspositivismo surge 
somente no séc. XIX com 
Kelsen;
• Elaborado pelo Estado e 
posto coercitivamente a 
população;
• Trata apenas do legal;
• É monista.
PÓS-POSITIVISMO JURÍDICO:
. Não é metafísico como o 
Direito Natural, e, por isso, 
não trata de princípios 
eternos, imutáveis e 
universais, mas trata sim de 
princípios que se modificam 
com a evolução da 
moralidade;
• Recupera a discussão da 
moralidade deixada de lado 
pelos juspositivistas;
• É dualista.
Justiça em Aristóteles 
1) Justiça Geral (Direito Natural): justiça enquanto virtude (meio-termo) ; 
para todos os jusnaturalista, o Direito Natural é imutável (exceto para Aristóteles 
e para os contemporâneos).
2) Justiça Particular (Direito Positivo) :
2.1) Justiça Distributiva: é a virtude da igualdade nas partilhas e obedece uma 
lógica geométrica (proporcional): 
- do Estado para o indivíduo; 
- por mérito; 
- correta distribuição: bens, riqueza e encargos públicos, honrarias. 
2.2) Justiça Corretiva (ou retributiva / retributivismo): é a virtude da igualdade nas 
trocas e obedece a uma lógica aritmética):
- correção entre indivíduos; 
2.2.1) comutativa: voluntária; preside contratos (compra, venda, empréstimo). 
2.2.2) reparativa: involuntária; repara a injustiça com a punição. 
Jusnaturalismo
Cecília é uma jovem de classe média alta. Seu sonhodesde criança era se tornar médica. Ela se dedicou e
estudou muito para entrar no Faculdade de Medicina.
Havia apenas 100 vagas e ela ficou na 81° colocação.
Porém, seu nome não estava na lista dos aprovados, pois
20% das vagas estavam disponíveis para alunos negros
ou pardos oriundos das escolas públicas. Ela ficou
indignada. Ora, pensou ela, o Brasil não adota o princípio
da igualdade? Então, por que eu devo ser discriminada
só por estudar em escola particular e não ser negra? Ela
ingressou na Justiça Federal visando obter o direito de
ser matriculada, alegando que o sistema de cotas seria
inconstitucional.
Qual é a opinião do grupo a respeito dessa
problemática?
Jusnaturalismo
• O grupo “Liberdade pela Igualdade” defende que todos os cidadãos
devem ser tratados igualmente, em respeito ao princípio constitucional da
isonomia. Sustenta que a Constituição é enfática ao proibir a
discriminação em razão de raça ou condição social.
• A “Associação dos Estudantes Oriundos das Escolas Particulares”
alegam que o ingresso nas universidades deve ocorrer com base no
mérito. Afirmam que o sistema de cotas criará duas categorias de
estudantes universitários: os cotistas e os demais – e aí sim haverá
discriminação.
• A “Associação das Universidades Públicas” defende o princípio da
autonomia universitária, previsto no art. 207 da CF/88, do qual decorre o
poder das universidades de se organizarem segundo os seus princípios.
• O “Movimento da Consciência Negra” defende que há sim no Brasil o
preconceito racial. 70% da pop. que vive abaixo da linha de pobreza é
negra ou parda; 97% dos atuais estudantes universitários são brancos.
Jusnaturalismo
Vício por deficiência – Virtude - Vício por excesso
Aristóteles
• Covardia - Coragem - Temeridade
• Insensibilidade – Temperança - Libertinagem
• Avareza – Liberalidade - Esbanjamento
• Vileza – Magnificência - Vulgaridade
• Modéstia - Respeito Próprio - Vaidade
• Moleza – Prudência - Ambição
• Indiferença - Gentileza - Irascibilidade
• Descrédito Próprio - Veracidade - Orgulho
• Rusticidade - Agudeza de Espírito - Zombaria
• Enfado - Amizade - Condescendência
• Desavergonhado – Modéstia - Timidez
• Malevolência - Justa Indignação - Inveja
Jusnaturalismo
Cap. 2, Das Leis, de Cícero
1. Se a justiça é fundada sobre uma convenção de
interesses, ela não pode ser estável, porque os interesses
podem ser conflitantes e mudarem. Ora, a justiça é estável.
2. Se a justiça fosse simples convenção, se ela apenas
fosse obediência temerosa a lei, as virtudes, que não são
obediência temerosa a lei, não existiriam. Ora, elas
existem.
3. Dizer que o justo e o injusto são resultado de uma
convenção significa dizer que a verdade se defende por
decreto, se combina. Ora, a verdade não se decreta, não se
combina nem através da maioria, nem através da
unanimidade.
4. Se não existisse justiça fora das leis, das convenções,
dos acordos e dos pactos, não poderíamos julgar nem as
leis, nem os acordos e nem os pactos. Ora, nós podemos
julgá-los.
Jusnaturalismo
PRINCÍPIOS
CONSTITUIÇÃO
LEIS
Dualismo
1. SÓFOCLES: o Direito Natural vem dos deuses; na 
obra Antígona, há o debate entre ‘leis justas e 
injustas’.
2. PLATÃO: o Direito Natural vem do Mundo das 
Ideias; Platão critica Glauco (anel de Giges), que 
diz que agimos justamente por medo da coerção.
3. ARISTÓTELES: o Direito Natural vem da natureza 
humana; a justiça está no meio-termo e não no 
excesso ou na falta e ela é teleológica (télos: fim). 
Há, no direito positivo, a justiça distributiva e a 
corretiva (comutativa e reparativa). O objetivo da 
justiça ordenadora é o bem comum a todos os 
cidadãos.
4. CÍCERO: o Direito Natural vem da natureza 
humana;
5. S. T. AQUINO: o Direito Natural vem de Deus.
JUSNATURALISMO ANTIGO E MEDIEVAL - FONTE: NATUREZA, RAZÃO OU DEUS (ES)
Jusnaturalismo
Revisão e dicas
O jusnaturalismo Antigo tem como pensadores importantes Platão, Aristóteles e Cícero... O Medieval,
S. T. Aquino... O pensamento comum entre eles é a crença no princípio da justiça, considerado uma
verdade eterna, imutável e universal. Para eles, a justiça não surge a partir da convenção. Platão: a maioria
dos seres humanos se encontra como prisioneiros de uma caverna, permanecendo de costas para a
abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o
prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõe a realidade. Acostumado a
ver somente essas projeções, assume a ilusão de que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira
realidade. A justiça está fora da caverna, ou seja, no mundo das ideias. Aristóteles: o objetivo da justiça
ordenadora é o bem comum a todos os cidadãos. A justiça é a virtude que relaciona os cidadãos entre si; é
a virtude da cidadania que garante a igualdade e a liberdade de todos os cidadãos. Sendo assim, fica
definida também a injustiça como desobediência às leis e como tratamento desigual entre os cidadãos. Ser
justo e, portanto, ético, é seguir o meio-termo (frónesis). A classificação da justiça é feita da seguinte forma:
Justiça Distributiva e Justiça Corretiva (Comutativa e Reparativa). Cícero: se a justiça é fundada sobre uma
convenção de interesses, ela não pode ser estável, porque os interesses podem ser conflitantes e
mudarem. Ora, a justiça é estável. Se a justiça fosse simples convenção, se ela apenas fosse obediência
temerosa a lei, as virtudes, que não são obediência temerosa a lei, não existiriam. Ora, elas existem. Dizer
que o justo e o injusto são resultado de uma convenção significa dizer que a verdade se defende por
decreto, se combina. Ora, a verdade não se decreta, não se combina nem através da maioria, nem através
da unanimidade. Se não existisse justiça fora das leis, das convenções, dos acordos e dos pactos, não
poderíamos julgar nem as leis, nem os acordos e nem os pactos. Ora, nós podemos julgá-los. Tomás de
Aquino: há três leis: a lei eterna (através dela Deus rege tudo), a lei natural (é a parte da lei eterna que rege
o homem) e a lei humana (é a lei dos homens). Assim, para Aquino o Direito Natural é constituído através
da lei eterna e da lei natural. A lei humana representa o Direito Positivo.
Dica de Leitura: Resenha sobre o Livro V da Ética a Nicômacos, de Aristóteles
(http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenha-sobre-o-livro-v-da-etica.html); Resenha sobre o
Livro VII de A República, de Platão (http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenha-sobre-o-livro-vii-
de-arepublica.html).
Dica de vídeos: Aristóteles e Alexandre Magno (http://www.youtube.com/watch?v=DRLeIfuMkDo); A
República, de Platão (http://www.youtube.com/watch?v=fzh63-NY_Ss).
Jusnaturalismo
TESES JUSPOSITIVISTAS
1. Rejeição de proposições não passíveis de verificação seja formal (demonstração), seja
empírica, donde decorre a exclusão do método dialético como técnica intelectual
adequada ao tratamento das questões humanas em geral e jurídicas em particular;
2. Rejeição da perspectiva ontológica na pesquisa científica, em razão da
impossibilidade de verificação das proposições relativas ao ‘ser’ ou à ‘natureza’ das
coisas, donde decorre especialmente a refutação da ideia de ‘direito natural’ visto
como estrutura ontológica do real;
3. Rejeição da epistemologia clássica, concebida como filosofia da consciência ou da
representação, e sua substituição por uma filosofia analítica, centrada no problema
da significação e particularmente na análise da linguagem;
4. Rejeição da axiologia objetivista, com a decorrente negação da existência de valores
imanentes à realidade;
5. Distinçãoentre o direito enquanto objeto ou fenômeno e a ciência do direito que
sobre ele se volta;
6. O juspositivismo considera como direito somente o que é posto pelo homem; só
existe o direito positivo, sendo o direito natural uma ilusão metafísica ou religiosa;
7. Em Kelsen, observa-se a desvinculação entre direito e justiça. Um direito positivo não
vale pelo fato de ser justo, valendo mesmo que seja injusto.
Juspositivismo
QUATRO PILARES DA “TEORIA PURA DO DIREITO”, 
DE KELSEN
• Toda a teoria do direito é derivada de atos humanos (Direito Positivo é
direito posto pelo homem);
• Não há uma moral única que possa servir de base ao Direito Positivo;
• O direito, enquanto conjunto de normas, pertence ao reino do dever ser.
O estudo do direito científico, orientado pela Teoria Pura, deve ser
estudado como ele é, ou seja, o direito deve ostentar a função descritiva
e jamais a prescritiva. O direito não deve ser um estudo avaliativo.
• Kelsen prega a teoria da objetividade do direito (o direito deve informar
de modo objetivo, neutro e imparcial o que o direito vigente diz).
Juspositivismo
“A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito
Positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial. É teoria geral do
Direito, não interpretação de particulares normas jurídicas, nacionais ou
internacionais. Contudo, fornece uma teoria da interpretação. Como
teoria, quer única e exclusivamente conhecer o seu próprio objeto.
Procura responder a esta questão: o que é e como é o Direito? Mas já
não lhe importa a questão de saber como deve ser o Direito, ou como
deve ele ser feito. É ciência jurídica e não política do Direito. Quando a si
própria se designa como ‘pura’ teoria do Direito, isto significa que ela se
propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir
deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo
quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto
dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos
que lhe são estranhos. Esse é o princípio metodológico fundamental”
(KELSEN, Teoria pura do direito, p. 1).
Juspositivismo
Qual é a fundamentação última das normas?
Juspositivismo
A fundamentação última é a norma
fundamental. É uma norma
pressuposta que serve de fundamento
de validade para todas as normas
postas de um ordenamento jurídico. A
norma fundamental serve para escapar
do regresso ao infinito e da decisão
arbitrária de normas por outras
normas.
Juspositivismo
Teses da Teoria Pura do Direito, de Kelsen
1. Toda a teoria do direito é derivada de atos humanos;
2. Não há uma moral única que possa servir de base ao 
direito positivo;
3. O ser é diferente do dever ser (o Direito deve ostentar 
a função descritiva – ser – e jamais a prescritiva – dever-
ser). Não há vinculação entre Direito e Justiça.
4. Kelsen prega a teoria da objetividade da ciência do 
Direito. O positivismo visa uma neutralidade axiológica.
O direito deve ser um estudo não-avaliativo, ou seja, ele deve ser OBJETIVO, NEUTRO e IMPARCIAL. 
Contrariamente ao dualismo jusnaturalista, fundado na dicotomia que articula as dimensões 
normativas do direito natural e do direito positivo, o monismo positivista considera como direito 
somente aquele que é posto pelo homem, de modo que, para essa perspectiva, em sentido próprio, 
só existira o direito positivo, sendo o direito natural apenas uma ilusão fundada em concepções 
metafísicas ou religiosas sustentadas com um idealismo incompatível com a pretensão cientificista.
Juspositivismo
Filosofia Jurídica Contemporânea
1. Juspositivismo Eclético: Miguel Reale (teoria tridimensional do direito: norma, fato e
valor) [...]
2. Juspositivismo Estrito: Kelsen, Hart, Joseph Raz, Bobbio [...]
3. Juspositivismo Ético (pós-positivismo jurídico): Dworkin, Rawls, Alexy, Habermas [...].
Dworkin: O direito como integridade, produto da hermenêutica, diz que os casos
difíceis (hard cases) são mais problemáticos que os casos fáceis (easy cases) e, por
isso, o juiz deve recorrer a critérios de justiça externos à ordem jurídica concreta. Em
casos difíceis, Dworkin sugere que os juízes devem interpretar casos anteriores que
tratem de problemas afins. Por isso, o juiz deve ser o juiz-Hércules (um juiz imaginário
de capacidade e paciência sobre-humanas, que aceita o direito como integridade).
4. Realismo Jurídico: anti-juspositivista e anti-jusnaturalista; para se identificar qual é o
direito que vigara em relação a um certo caso numa dada jurisdição há que se tentar
prever como que os juízes daquela jurisdição solucionarão o caso considerado. São
críticos do formalismo (que defende que os juízes deduzem soluções a partir de
categorias abstratas). Os juízes são orientados por elementos econômicos, políticos,
psicológicos, preconceituosos... Pensadores: Holmes, Jerome Frank, Karl Llewellyn,
Herman Oliphant [...]
Juspositivismo
OS CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA, DE L.
FULLER
Cinco membros de uma
sociedade espeleológica entram em uma caverna e
acabam soterrados. As vítimas conseguem entrar em
contato com as equipes de resgate que estão do lado
de fora da caverna através de um rádio. Depois de
vinte dias são informados de que o resgate irá
demorar e podem morrer de fome. Um dos
exploradores, Whetmore, convence os outros de que
um deve ser sacrificado para servir de comida aos
outros e propõe um sorteio para escolher o
sacrificado. Whetmore acaba sendo assassinado e
comido pelos companheiros. Depois que são
resgatados, os quatro sobreviventes vão a julgamento
por homicídio. Começa então um debate entre os
juízes sobre Direito natural e Direito positivo.
Eles devem ser condenados ou não? O que diz o
Direito Natural e o Direito Positivo?
Jusnaturalismo e Juspositivismo
JUIZ FOSTER
“Eu acredito que há algo mais do que o destino destes desafortunados
exploradores em juízo neste caso: encontra-se em julgamento a própria
lei. Se este Tribunal declara que estes homens cometeram um crime,
nossa lei será condenada no tribunal do senso comum . [...] Afirmo que o
nosso direito positivo, incluindo todas as suas disposições legisladas e
todos seus precedentes, é inaplicável a este caso e que este se encontra
regido pelo que os antigos escritores da Europa e da América chamavam ‘a
lei da natureza’ (direito natural). [...] Concluo, portanto, que no momento
em que Whetmore foi morto pelos réus, eles se encontravam não em um
‘estado de sociedade civil’, mas em um ‘estado natural’. Portanto, a lei que
lhes é aplicável não é a nossa, tal como foi sancionada e estabelecida, mas
aquela apropriada a sua condição. Não hesito em dizer que segundo este
princípio eles não são culpados de qualquer crime” (FULLER, O caso dos
exploradores de cavernas, p. 10-1-4-5).
O argumento utilizado pelo juiz Foster é jusnaturalista ou juspositivista?
Jusnaturalismo e Juspositivismo
JUIZ KEEN
“ A questão que desejo deixar de lado diz respeito a decidir se o
que estes homens fizeram foi ‘justo’ ou ‘injusto’, ‘mau’ ou
‘bom’. Esta é outra questão irrelevante ao cumprimento de
minha função, pois, como juiz, jurei aplicar não minhas
concepções de moralidade, mas o direito deste país. [...] O
texto exato da lei é o seguinte: ‘Quem quer que
intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a
morte’. Devo supor que qualquer observador imparcial, que
queira extrair destas palavras o seu significado natural,
concederá imediatamente que os réus privaram
intencionalmente da vida a Whetmore” (FULLER, O caso dos
exploradores de cavernas, p. 41-2).
O argumento utilizado pelo juiz Keen é jusnaturalista ou
juspositivista?
Jusnaturalismo e Juspositivismo
Resumo e dicas
Contrariamente ao dualismo jusnaturalista, fundado na dicotomia que
articula as dimensões normativas do direito natural e do direito positivo, o
monismopositivista considera como direito somente aquele que é posto
pelo homem, de modo que, para essa perspectiva, em sentido próprio, só
existira o direito positivo, sendo o direito natural apenas uma ilusão
fundada em concepções metafísicas ou religiosas sustentadas com um
idealismo incompatível com a pretensão cientificista. Algumas teses da
Teoria Pura do Direito, de Kelsen, são as seguintes: 1. Toda a teoria do
direito é derivada de atos humanos; 2. Não há uma moral única que possa
servir de base ao direito positivo; 3. O Direito deve ostentar a função
descritiva e jamais a prescritiva; não há uma vinculação entre Direito e
Justiça; 4. Kelsen prega a teoria da objetividade da ciência do Direito.
Dica de vídeos: Filosofia do Direito Contemporânea
(http://www.youtube.com/watch?v=xrEOy9AN8Y4)
Realismo Jurídico vs Positivismo Jurídico
(http://www.youtube.com/watch?v=1SszVZXjKnE); Kelsen
(http://www.youtube.com/watch?v=NPxnNReoiR8); Positivismo jurídico em
Kelsen (http://www.youtube.com/watch?v=4PXJ9EnLL_0&feature=related).
Juspositivismo
COMTE
(FRA, 1798 – 1857)
As explicações que
os homens dão aos
fenômenos passam
por três fases:
1. Fase teológica ou
fictícia
2. Fase metafísica
ou abstrata
3. Fase científica ou
Positiva
FRAZER
(ING, 1854 – 1941)
Estágios do
pensamento
humano:
1. Magia
2. Religião
3. Ciência
MORGAN
(EUA, 1818 – 1881)
Fases do
desenvolvimento da
sociedade:
1. Selvageria
2. Barbárie
3. Civilização
POSITIVISMO – XIX (anti-relativistas):
Justiça relativa ou universal?
Justiça relativa ou universal?
O evolucionismo (positivismo) passou a ser questionado a partir
do momento em que os antropólogos foram travando um contato
mais estreito com sociedades nativas, indígenas e percebendo
que suas estruturas, seus sistemas simbólicos, suas cosmologias,
suas línguas se caracterizavam por uma complexidade imensa.
Críticos positivistas: Estruturais-funcionalistas ingleses
(Malinowski, Rivers, Radcliffe-Brown, Evans-Pritchard);
Culturalistas americanos (Franz Boas, Margared Mead, Ruth
Benedict).
Justiça relativa ou universal?
TESES DO RELATIVISMO:
1. Diferentes culturas possuem diferentes
códigos morais;
2. O código moral de uma sociedade determina
o que está certo dentro daquela sociedade, ou
seja, se o código moral de uma sociedade diz
que determinada ação está certa, então a ação
está certa, pelo menos naquela sociedade;
3. Não existe um padrão objetivo que pode ser
empregado para julgar o código de uma
sociedade melhor do que outros;
4. O código moral de nossa sociedade não
possui um status especial; é somente um entre
muitos;
5. Não existe uma “verdade universal” na ética,
ou seja, não há verdades morais que são
tomadas por todas as pessoas em todos os
tempos;
6. É mera arrogância nossa tentar julgar a
conduta de outras pessoas. Deveríamos adotar
uma atitude de tolerância em relação às
práticas de outras culturas.
Justiça relativa ou universal?
"Bem" significa "socialmente aprovado."
O relativismo cultural defende que o bem e o mal,
o certo e o errado, entre outras categorias de valores,
são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o
que é "socialmente aprovado" numa dada cultura. Os
princípios morais, na realidade, descrevem convenções
sociais e devem ser baseados nas experiências e normas
compartilhadas pela sociedade analisada. Dessa forma,
trata-se de pregar que a atividade humana individual
deve ser interpretada em contexto, nos termos de sua
própria cultura.
Justiça relativa ou universal?
Algumas diferenças culturais
- A cultura brasileira dá valor ao contato olho a olho. Na Nigéria, em Porto Rico
e na Tailândia, as crianças são ensinadas a não olhar diretamente nos olhos de
seus professores e de outros adultos. Os japoneses usam muito menos
contatos dessa natureza do que os brasileiros.
- Na Coréia e no Egito, homens com homens e mulheres com mulheres andam
de mãos dadas; enlaçam os braços, andam quadril com quadril e esses
comportamentos não tem conotação sexual.
- O sinal “O.K.” é feito formando-se um círculo com o polegar e o indicador,
com os três outros dedos voltados para cima. Nos EUA, significa “tudo bem”;
no Japão, dinheiro; na França, zero; no México, sexo; na Etiópia,
homossexualidade.
- Polegar para cima: no Brasil, significa “Tudo bem”; na França, “excelente”; no
Japão, namorado; no Irã e na Sardenha é um gesto obsceno.
- Balançar a cabeça: no Brasil, inclinar a cabeça para cima e para baixo significa
“sim” e “ não”; em alguns países na África e na Índia, porém, significa o oposto.
Justiça relativa ou universal?
Você é um funcionário da Funai,
trabalhando na Amazônia sob ordem
expressa de jamais intervir na cultura
indígena. Passeando perto de uma
clareira, nota que ianomâmis estão
envenenando o bebê de uma índia, que
está aos prantos. Você impediria a morte
do bebê?
Responda a partir da teoria do relativismo
cultural e moral.
Justiça relativa ou universal?
Questões:
1. Como é que o relativismo cultural define o "bem"? De
que métodos dispõe para formar crenças morais?
2. Por que razão o relativismo cultural nos torna,
hipoteticamente, mais tolerantes a respeito de outras
culturas?
3. Por que razão o relativismo cultural nos conduz a
conformar-nos com os valores da sociedade?
4. Na perspectiva do relativismo cultural, o que significa "a
tolerância é um bem"?
Justiça relativa ou universal?
Revisão e dicas
Diferentes culturas possuem diferentes códigos morais; o código
moral de uma sociedade determina o que está certo dentro daquela
sociedade, ou seja, se o código moral de uma sociedade diz que
determinada ação está certa, então a ação está certa, pelo menos
naquela sociedade; não existe um padrão objetivo que pode ser
empregado para julgar o código de uma sociedade melhor do que outros;
o código moral de nossa sociedade não possui um status especial; é
somente um entre muitos; não existe uma “verdade universal” na ética, ou
seja, não há verdades morais que são tomadas por todas as pessoas em
todos os tempos; é mera arrogância nossa tentar julgar a conduta de
outras pessoas. Deveríamos adotar uma atitude de tolerância em relação
às práticas de outras culturas. A tese central do relativismo diz que não há
culturas superiores, mas diferentes.
Dica de vídeos: Filme Dança com Lobos retrata o choque cultural;
Hans Staden (http://www.youtube.com/watch?v=Jav2LnbJ_Wk);
Submissão (http://www.youtube.com/watch?v=h6zVuebYnfg).
Justiça relativa ou universal?
ESTADO DE 
NATUREZA
CONTRATO SOCIAL ESTADO POLÍTICO
HOBBES “O homem é lobo do 
homem”.
Acabar com o estado 
de guerra e conservar 
a vida.
Estado Absolutista
LOCKE “Cada um é juiz de si 
mesmo”.
Direito à vida, à 
liberdade e à 
propriedade.
Estado Liberal
ROUSSEAU “O homem é bom, mas 
há apenas a vontade 
particular”.
Alcançar a vontade 
geral (soberania 
popular).
Estado democrático-
social;
“A sociedade corrompe 
o homem”.
XV – XVIII: Absolutismo Monárquico (Hobbes)
XVIII: Iluminismo + Revoluções Burguesas = Liberalismo [liberdade] (Locke, Rousseau)
XIX: Anti-liberais: Socialismo [igualdade] (Marx)
Há duas grandes teorias que explicam a origem do Estado: a primeira é a teoria do naturalismo
(Aristóteles, Hegel...), que diz que o homem é um animal social / político; a segunda é a teoria do
contrato social (Hobbes, Locke, Rousseau...), que diz que a sociedade política é artificial, ou seja, que
ela foi criada pelo homem.
Por que razão haveremos de ser justos? Giges e o contrato
social
Por que razão haveremos de ser justos?
POR QUE COOPERAR?
• Sem o pressuposto deque as pessoas dirão a verdade, não haveria razão
para as pessoas prestarem alguma atenção ao que os outros dizem. A
comunicação seria impossível. E, sem comunicação entre os seus
membros, a sociedade entraria em colapso.
• Sem a obrigação de cumprir promessas, não poderia haver qualquer
divisão do trabalho – os trabalhadores não poderiam esperar ser pagos, os
vendedores não poderiam confiar nos acordos com os fornecedores e
assim por diante – e a economia entraria em colapso. Não poderia haver
comércio, construção, agricultura ou medicina.
• Sem garantias contra a agressão, o assassínio e o roubo, ninguém poderia
sentir-se seguro. Todos teriam de estar constantemente desconfiados de
todos os outros e a cooperação social seria impossível.
Por que razão haveremos de ser justos?
1. Absolutismo
Absolutismo
1.1 Teoria do direito divino
Jean Bodin (1529-1596)
Obra: Seis livros sobre a 
República
Jacques Bossuet 
(1627-1704)
Obra: Política Segundo a 
Sagrada Escritura
Absolutismo
1.2 Teoria do Contrato Social
Thomas Hobbes 
(1588-1579)
Obra: Leviatã
“O homem é o lobo do 
homem”.
Absolutismo
1.3 Teoria maquiavélica
Maquiavel (1469-1527)
Obras: 
• O Príncipe
• Discursos sobre a 
primeira década de Tito 
Lívio
“Os fins justificam os 
meios”.
Absolutismo
Luis XIV
Absolutismo
2. Iluminismo
Iluminismo
2.1 John Locke (1632-1704)
Obra: Segundo Tratado 
sobre o governo.
Formulação da concepção 
liberal do Estado .
Iluminismo
2.2 Enciclopedistas
• Diderot (1713-1784)
• D`Alembert (1717-1783)
Iluminismo
2.3 Montesquieu (1689-
1755)
Obra: O espírito das leis
A divisão dos poderes em 
executivo, legislativo e 
judiciário.
Iluminismo
2.4 Voltaire (1694-1778)
Obras: Cartas filosóficas
"Não concordo com uma 
única palavra do que 
dizeis, mas defenderei 
até a morte o vosso 
direito de dizê-la”. 
Iluminismo
2.5 Rousseau (1712-1778)
Obras: 
• O contrato social
• Discurso sobre a origem 
e os fundamentos da 
desigualdade entre os 
homens.
"O homem é bom por 
natureza. É a sociedade
que o corrompe”. 
Iluminismo
3. Ideologias anti-liberais
Anti-liberais
3.1 Karl Marx (1818-1883)
Obras:
• Manifesto comunista, 
de Marx e Engels
• O capital
“Proletários do mundo: 
uni-vos”.
Anti-liberais
4. HISTÓRIA DAS IDEIAS
DA ECONOMIA
Ideias da Economia
4.1 Idade Antiga
Ideologia: escravidão
• Platão (427-347 a.C)
A República
• Aristóteles (384-322 a.C)
Política
Ideias da Economia
4.2 Idade Média
Feudalismo
Ideologia: ética 
paternalista cristã
• Santo Tomás de Aquino 
(1226-1274)
Suma Teológica
Ideias da Economia
4.3 Idade Moderna
Mercantilismo
Ideologia: ética 
paternalista cristã 
versus individualismo
Ideias da Economia
4.4 Idade Moderna e 
Contemporânea
Liberalismo
Ideologia: 
individualismo
Ideias da Economia
4.4.1 Mundo maravilhoso
• Adam Smith (1723-
1790)
A Riqueza das Nações
Ideias da Economia
4.4.2 Mundo sombrio
• Thomas Malthus 
(1766-1834)
Ensaio sobre os 
princípios de 
população que afeta o 
desenvolvimento da 
sociedade
Ideias da Economia
4.4.3 Mundo sombrio
• David Ricardo (1772-
1823)
Princípio da economia 
política e tributação
Ideias da Economia
4.4.4 O belo mundo
Socialismo Utópico
Robert Owen
Saint-Simon
Fourier
Louis Blanc
Ideias da Economia
4.4.5 O mundo inexorável
• Karl Marx (1818-1883)
Manifesto Comunista
O Capital
Ideias da Economia
1. Quem governa o Estado deve
seguir as normas da moral? A
política deve se fundar sobre
princípios éticos?
Pensamento Moderno
A política não deve assumir do exterior a própria moralidade,
mas deve ser autonormativa, porque encontra em si a própria
justificação, ao garantir aos súditos uma existência ordenada.
Isso não significa que o chefe político deve ser imoral ou
indiferente ao bem e ao mal, mas que às vezes o que para um
indivíduo é ruim torna-se necessário no governo do Estado.
Certamente, o ideal, para o governante, seria ser ao mesmo
tempo amado e temido, mas na prática as duas coisas não são
facilmente conciliáveis.
Se necessário, o governante pode chegar até a traição; o
importante é que justifique o seu comportamento com uma
aparência de legitimidade.
É preciso ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para
assustar os lobos.
De quem é o pensamento acima?
Pensamento Moderno
2. É possível definir a lei do
desenvolvimento da história?
Qual é o princípio mais
importante para o Estado
seguir? Liberdade ou igualdade?
Pensamento Moderno
A interpretação da história exige a adoção de um critério
materialista, pois o motor do desenvolvimento histórico
reside nas condições econômicas concretas, e não nas
convicções ideais, nas normas jurídicas ou nas batalhas
políticas. A evolução das estruturas produtivas não se dá
segundo esquemas mecanicistas, mas acompanhando as
leis da dialética descobertas por Hegel. O mundo feudal,
o capitalismo burguês e a futura sociedade são
respectivamente a tese, a antítese e a síntese. A nova
sociedade não nascerá em consequência de uma tensão
ética ou utópica, de pregações moralistas concreta ou
desastres sociais produzidos pela propriedade privada,
mas acabará inevitavelmente como a única solução
possível do desenvolvimento histórico. O grande princípio
do Estado será a igualdade.
De quem é o pensamento acima?
Pensamento Moderno
3. O desenvolvimento da
civilização é de progresso ou
decadência? Quem deve
estabelecer qual é o bem social?
A democracia é a melhor forma
de governo? Como nasceu a
civilização?
Pensamento Moderno
Não é mais possível um retorno à natureza original, a uma
instintividade feliz; deve-se formar um pacto que leve em
conta a irreversibilidade das transformações produzidas pela
história. Somente um homem não mais educado na escola do
egoísmo e da propriedade privada poderá fazer escolhas
políticas com base não nos seus interesses particulares, mas
tendo em vista o bem-estar do conjunto. O homem não
nasceu cativo, mas tornou-se prisioneiro em viver em
sociedade. O autor em questão toma posição contra as
práticas da democracia e defende o bem comum e não a da
maioria (simples soma estatística das opiniões individuais –
por exemplo, pelo voto, posto que somado tantos egoísmos
não se obtém altruísmo e consciência civil).
As reflexões feitas pelo pensador inicialmente inspiraram
Robespierre a instaurar o Terror; depois, forneceram
argumentos de apoio às doutrinas autoritárias do Estado e, no
séc. XX, serviram de sustentação à prática dos Estados
totalitários, nas variantes marxista-leninista e nazi-fascista.
De quem é o pensamento acima?
Pensamento Moderno
4. Passando a fazer parte de uma
organização social, os cidadãos
renunciam a todos os direitos
individuais? O Estado pode
colocar obstáculos ao exercício
da propriedade privada?
Pensamento Moderno
O Estado, nascido para salvaguardar os direitos naturais
(liberdade, propriedade privada e vida) dos cidadãos, não
pode agir em sentido contrário, negando-os. E, para
proteger o cidadão dos abusos do poder, torna-se
necessária a divisão do poder: quem faz as leis não pode
ser quem está encarregado de fazer respeitá-las. Antes da
politização, os homens se uniam em bandos para se
defender e precisavam encontrar um juiz imparcial para
servir de árbitro em conflitos internos. O juiz precisava do
apoio da comunidade como um todo. Cada indivíduo
tinha que reconhecer a autoridade suprema da lei. Há
portanto um contrato implícito entre súditos e soberanos:
a autoridade deste não é absoluta; ele tem que
responder, em última instância, perante a maioria. Se o
soberano viola os termos docontrato, os governados têm
o direito de se rebelar.
De quem é o pensamento acima?
Pensamento Moderno
5. Os homens agregam-se em sociedade
instintivamente ou por necessidade?
Pode-se comparar a sociedade humana
com as sociedades criadas pelos animais
políticos (abelhas e formigas)? Dentro
de que limites o Estado pode exercer a
força para impor respeito à lei?
Pensamento Moderno
Polemizando com a tradicional tese aristotélica, que via na
sociedade a necessidade de um instinto primordial, o autor
sustenta que não existe sociabilidade instintiva. Entre os
indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma
explosiva mistura de temor e se não fosse pelo Estado haveria
uma incontrolável sucessão de violências e excessos. Quanto
mais forte é o Estado, menores serão as transgressões. Como
todos estariam em melhor situação se cooperassem, deve ser
racional para cada um de nós restringir nossa liberdade e
cumprir leis, contanto que possamos crer que todos farão o
mesmo. A cooperação (sociabilidade) entre os homens não é
natural, como se dá com as abelhas e as formigas. O contrato
social, pelo qual se estabelece a ordem moral, política e
jurídica, vem da necessidade de ACABAR COM O ESTADO DE
GUERRA e com a finalidade de CONSERVAR A VIDA.
De quem é o pensamento acima?
Pensamento Moderno
Revisão e dicas
As grandes ideologias na história são as seguintes: escravismo (Idade Antiga); ética
paternalista cristã (Idade Média) e individualismo (Idade Moderna e Contemporânea). Entre
os séc. XV e XVIII perdurou, na Europa Ocidental, o Absolutismo Monárquico (Maquiavel e
Hobbes); a partir do séc. XVIII, por meio do Iluminismo (Locke e Rousseau), houve a
implantação do Liberalismo Político (Locke) e Econômico (Smith). No séc. XIX, a principal
ideologia anti-liberal foi o socialismo científico (Marx). Segundo o contratualismo, o Estado e
a sociedade civil surgiram através de um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual
reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime
político ou de um governante. O ponto inicial é o exame da condição humana na ausência
de qualquer ordem social estruturada, normalmente chamada de "estado de natureza”.
Nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua
consciência. Porém, os indivíduo abdicaram da liberdade que possuíam no estado de
natureza para obter os benefícios da ordem política.
Dica de vídeos: John Adams: minissérie que trata sobre a Independência Americana e
a influência de Locke na Constituição dos EUA; Filmes que retratam o período Absolutista:
1) O Absolutismo A ascensão de Luís XIV (http://www.youtube.com/watch?v=jmGq6jJONEI);
2) Rainha Margot; 3) Marquise; 4) Maria Antonieta; Filmes que retratam o período Iluminista:
1) O Germinal; 2) Casanova e a Revolução; Filmes que retratam o Estado de Natureza de
Hobbes: 1) A estrada (http://www.youtube.com/watch?v=yFHlWIP2XMs); 2) Ensaio sobre a
cegueira; 3) O livro de Eli; Filmes que retratam a política atual: 1) Capitalismo: Uma história
de amor; 2) Adeus Lênin (http://www.youtube.com/watch?v=E5oYYNdvERA); Adam Smith e
Karl
Marx(http://www.youtube.com/watch?v=QOmFyRpTvFM&feature=context&context=C408ec9
7ADvjVQa1PpcFOCiWn95GhqwlqHg0Bob21bpGyETMo-cus=).
Pensamento Moderno
Kant 
(1724 - 1804)
• Deontologia (dever): Kant critica a teleologia
• Boa vontade
• Lei moral: DEVER POR DEVER + IMPERATIVO CATEGÓRICO:
UNIVERSALISMO
...
ou seja, DEVER POR DEVER (sem motivações para si, sem inclinações) 
+ IC ( age de tal forma que a tua ação se transforme em uma lei 
universal).
Ética das intenções: ética dos deveres, dos mandamentos... É 
também uma ética formalista (não fornece conteúdo, apenas a 
forma). Para saber se o ato foi ético é necessário saber qual era a 
intenção do sujeito ao realizar tal ato.
A felicidade não é o critério da ação moral e nem as leis e normas ou a autoridade do legislador ou mesmo de Deus. O critério ético 
para alguém agir moralmente pressupõe a escolha livre de cada ser humano, racional, que pode ou não submeter-se a lei moral 
determinada unicamente pela sua própria razão crítica (teórica e prática). Age moralmente aquele que é capaz de se autodeterminar, 
isto é, aquele que é esclarecido e livre para escolher e decidir a partir da lei moral dentro de si (autonomia). Nossa ação será
justificável eticamente se puder ser universalizada. Agir segundo inclinações e normas estabelecidas e aceitas socialmente não 
caracteriza a ação como moralmente válida, correta, boa e justa.
1.3 O critério universalista e o critério consequencialista
Universalista
DIREITO ABSTRATO 
(tese)
MORALIDADE 
(antítese)
ETICIDADE (síntese)
Ser Dever Ser Ser + Dever Ser
Pessoa Sujeito Cidadão
Vontade como livre 
arbítrio
Vontade Livre 
Subjetiva
Vontade Livre Objetiva
A moral kantiana não passa de um formalismo vazio e o imperativo categórico é uma pura
indeterminação. É assim que Hegel classifica a ética universalista kantiana, na obra Filosofia do Direito,
especialmente no §135. Não adianta criar procedimentos formais para guiar a ação do homem, mas
deve-se aponta quais são os princípios conteudísticos para, a partir deles, extrair e estabelecer os
deveres particulares. Sem isso, ações injustas e imorais poderiam ser justificadas.
Hegel critica o contratualismo e defende a ideia naturalista aristotélica. Na obra Filosofia do Direito ele
esboça as patologias sociais típicas da modernidade, através do confronto entre Direito Abstrato (tese) e
Moralidade (antítese). A síntese dialética é a Eticidade.
Crítica de Hegel ao formalismo kantiano
Universalista
Revisão e dicas
É ético mentir, roubar ou matar? Claro que não! Mas se for para salvar a vida de um inocente? Por exemplo, um amigo
seu está fugindo de um assassino que vai matá-lo e se refugia em sua casa. O assassino vai até a sua casa e pergunta se
você o viu. O que você faz? Mente? Mas mentir é uma atitude ética? Então, ao mentir você está sendo anti-ético? Ou para
salvar a vida de um inocente a mentira não é anti-ética? Enfim, em torno de questionamentos como esses que discutem sobre
a universalização de princípios que a ética kantiana se debruça. Segundo Kant, para agir de forma ética deve-se seguir dois
pontos: primeiro, o Imperativo Categórico; segundo, agir sem inclinações, ou seja, agir segundo o dever por dever. Vamos
entender melhor isso esclarecendo esses dois pontos. O primeiro ponto é o Imperativo Categórico. Ele é uma espécie de lei
moral que diz o seguinte: age de tal forma que a tua ação se transforme em uma lei universal. O que quer dizer isso?
Simples. Toda vez que formos agir devemos pensar em universalizar a nossa atitude e se todas as pessoas pudessem fazer
isso sem problemas para a humanidade, o ato é ético. Por exemplo, mentir não é um ato ético porque não pode ser
universalizado. Mas ajudar ao próximo é um ato ético, pois pode ser universalizada. E mentir para salvar a vida de um
inocente? Para Kant, mentir jamais será um ato ético, mesmo se for para salvar a vida vide um inocente. O segundo ponto é
agir sem inclinações. Toda ação realizada visando algum interesse não é ética. Somente será ética a ação que agir sem
querer algo em troca. Esse tipo de ação Kant chama de dever por dever e a ação realizada visando interesses é chamada de
dever por inclinação. Por exemplo, fiz uma doação de dinheiro para a caridade. Eu agi de forma ética? Normalmente, a
resposta dada é que sim. Mas para a ética kantiana devemos saber se houve ou não interesses pessoais nessa doação.
Então, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: qual é a sua intenção? Eu fiz a doação porque me realizo ao poder ajudar o
necessitado. Dessa forma, essaação não é considerada ética, pois houve interesses, inclinação, a saber, a auto-realização.
Independente de qual for a inclinação, ajudei por acreditar em Deus e achar que Deus gosta disso ou para ser reconhecido
pelos outros pela minha ação de ajudar o próximo, enfim, para que a ação seja considerada ética não pode haver interesses.
Nesse caso, a ação é considerada ética somente se você ajudou o necessitado sem pensar em receber qualquer coisa em
troca. Em resumo, para agir de forma ética devemos primeiro seguir o Imperativo Categórico - agir pensando que o nosso ato
pode ser feito por todas as pessoas - e agir sem inclinações, ou seja, seguir o dever por dever. Por exemplo, mentir jamais
será um ato porque não passa pelo Imperativo Categórico. Ajudar ao próximo passa pelo Imperativo Categórico, mas será
considerado ético somente se você agiu sem interesses, sem inclinações.
Dica de Leitura: Resenha sobre a Primeira seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de Kant
(http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenhasobre-primeira-secao-da.html).
Dica de vídeos: O primeiro mentiroso (filme); O Imperativo Categórico kantiano
(http://www.youtube.com/watch?v=gGEUQtc9zHc&feature=related).
Universalista
Utilitarismo de Ato: é a versão mais direta do utilitarismo; uma ação
moralmente correta é aquela que produz a maior utilidade no todo. Bentham
diz que o que torna as ações boas (ou más) é simplesmente o prazer ou a
felicidade (contrastada com a dor e a infelicidade). Mill revisa essa visão e
reconhece diferentes qualidades (em oposição a apenas quantidades) de
prazer e felicidade.
Utilitarismo de Regra: a ação moralmente correta em dada situação é
determinada por um conjunto de regras e o conjunto correto de regras é
aquele cuja observância geral leva à maior utilidade. Ex.: se cada um seguir
uma regra como “não minta” isso pode produzir maior utilidade no todo
mesmo que a conformação com essa regra tenha produzido, em alguns casos
específicos, menos utilidade.
Consequencialista
Jeremy Bentham
Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, de 1789
Nesta obra, Bentham argumenta que todas as decisões sociais e políticas
devem ser feitas com o objetivo de alcançar a máxima felicidade possível para
o máximo de pessoas possíveis. Ele acredita que o valor moral de tais decisões
relaciona-se diretamente com sua utilidade, ou eficiência, em causar felicidade
ou prazer. Numa sociedade governada por essa abordagem „utilitarista‟, os
conflitos de interesse entre indivíduos poderiam ser resolvidos pelos
legisladores, guiados apenas pelo princípio da criação da mais ampla
propagação possível de contentamento. Se podemos deixar todo mundo feliz,
então, melhor ainda. Mas se uma escolha é necessária, deve-se preferir
favorecer a maioria sobre a minoria. Bentham também insistiu que todas as
fontes de prazer são de igual valor, de modo que a felicidade proveniente de
uma boa refeição ou de um relacionamento íntimo é igual àquela proveniente
de uma atividade que possa exigir esforço ou educação, como um debate
filosófico ou a leitura de poesia. Isso significa que Bentham admitia uma
igualdade humana fundamental, com a felicidade plena sendo acessível a
todos, independente de capacidade ou de classe social.
Consequencialista
John Stuart Mill
Utilitarismo, de 1859
“É melhor ser um Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito”
As decisões devem ser tomadas sob o princípio do máximo bem possível para
o máximo de pessoas possível... Indivíduos devem ser livres (liberalismo) para
fazer o que lhes proporcione prazer, ainda que isso possa prejudicá-los... Eles
não estão autorizados a fazer coisas que prejudiquem os outros... Os
indivíduos podem escolher fazer coisas que afetam seus próprios corpos, mas
não o de outra pessoa (princípio do dano)... Sobre seu próprio corpo e mente,
o indivíduo é soberano.
Mill apoiava o princípio da felicidade de Bentham, mas o considera carente de
praticidade. Seu objetivo era implementá-lo no mundo real (implicações
políticas e sociais) e não deixá-lo restrito a decisões morais. A solução seria a
„educação‟ e a „opinião pública‟ trabalharem juntas para gerar o bem-estar da
sociedade. As pessoas deveriam ser motivadas em agir buscando não somente
o seu bem-estar, mas da sociedade. Tal direito deve ser assegurado pelo
governo.
Mill, diferentemente de Bentham, conferiu mais peso aos prazeres intelectuais,
mais elevados, do que aos físicos, mais básicos.
Consequencialista
Peter Singer
Libertação animal, de 1975
O utilitarismo de Singer é baseado no que ele se refere como uma
„consideração igual de interesses‟. Dor, ele diz, é dor, seja a sua, a
minha ou de qualquer outra pessoa. O âmbito no qual animais não
humanos podem sentir dor é o âmbito no qual devemos levar seus
interesses em consideração quando tomamos decisões que afetam
suas vidas – abstendo-nos de atividades que causem tal dor. No
entanto, como todo utilitarista, Singer aplica o „princípio da máxima
felicidade possível‟. Singer ressalta que nunca disse que experimentos
com animais são injustificáveis. Mais exatamente, ele apenas afirma
que devemos julgar as ações por suas consequências, e „os interesses
dos animais contam entre essas consequências‟ – eles são parte da
equação.
Consequencialista
1. Um navio de passageiros embate num
icebergue. Os trinta sobreviventes, entre
os quais se inclui o capitão do navio, têm
de se apertar no único barco salva-vidas
em condições, destinado a servir apenas
sete pessoas. Rapidamente se torna
evidente que o barco não agüenta muito
tempo com tanto peso, sobretudo perante
a ameaça de uma tempestade iminente.
Se nada se fizer, o barco depressa vai ao
fundo e todos acabarão por morrer. A
única hipótese de sobrevivência de alguns
está no sacrifício de outros. O capitão tem
uma arma de fogo. Como deve agir?
Responda a partir do universalismo
kantiano ou do consequencialismo
utilitarista.
Universalista e consequencialista
2. No seu país, a tortura de prisioneiros de
guerra é proibida. Você é tenente do
Exército e recebe um prisioneiro recém-
capturado que grita: 'Alguns de vocês
morrerão às 21h35'. Suspeita-se que ele
sabe de um ataque terrorista a uma
boate. Para saber mais e salvar civis, você
o torturaria?
Responda a partir do universalismo kantiano
ou do consequencialismo utilitarista.
Universalista e consequencialista
3. Um amigo quer lhe contar um
segredo e pede que você não conte a
ninguém. Ele conta que atropelou um
pedestre e, por isso, vai se refugiar na
casa de uma prima. Quando a polícia
lhe procura querendo saber do amigo, o
que você faz?
Responda a partir do universalismo kantiano ou do
consequencialismo utilitarista.
Universalista e consequencialista
4. Imagine que é um prisioneiro num
campo de concentração. Um guarda está
prestes a enforcar o teu filho que tentou
escapar e quer que sejas tu a executá-lo.
O guarda diz que, caso não o faças, não
só ele irá matar o teu filho, como também
outro prisioneiro inocente. Não tens
qualquer dúvida de que ele o consegue
fazer.
Responda a partir do universalismo kantiano
ou do consequencialismo utilitarista.
Universalista e consequencialista
Utilitarismo (útil): 
teleologia
hedonismo (máxima 
felicidade)
sentimentos sociais
imparcialidade
consequencialismo
Lei moral: Maior felicidade ao 
maior número (de forma 
imparcial).
Autores: Bentham, Stuart Mill, Peter Singer... 
De quem sente 
dor / prazer
O bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor e o sofrimento das pessoas. Quanto maior
o número de pessoas contempladas e quanto melhor a qualidade do benefício das ações a serem
realizadas, mais valor do ponto de vista ético. Nessa perspectiva ética as conseqüências da ação são
semprelevadas em conta a partir do princípio que visa o bem-estar social e a maximização do
benefício. O principio da ‘máxima felicidade’ ou do ‘útil’ considera que uma ação correta é aquela que
tende a promover a felicidade e o prazer e é uma ação errada quando gera dor e sofrimento. A
autopreservação é um princípio universal, assim como o princípio da máxima felicidade é universal,
porém ambos os princípios ao serem aplicados em determinadas situações revelam dificuldades de
aplicação como: o tipo de liberdade e de direitos que devem ser defendidos e como conciliar o bem
comum e os interesses individuais.
Consequencialista
Revisão e dicas
O princípio que rege o utilitarismo é o da maior felicidade ao maior número
(imparcialmente). Ele difere da teoria kantiana por ser consequêncialista, ou seja, as
consequências de uma ação irão guiar a própria ação. Kant é universalista (defende certos
princípios como universais). Ex.: para salvar civis, você torturaria um prisioneiro para obter
informações sobre um ataque terrorista? O consequêncialista diria que se isso gerar maior
felicidade ao maior número, sim; o universalista diria que não, pois ele preza por princípios
universais. O bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor e o sofrimento das
pessoas. Quanto maior o número de pessoas contempladas e quanto melhor a qualidade do
benefício das ações a serem realizadas, mais valor do ponto de vista ético. Nessa
perspectiva ética as conseqüências da ação são sempre levadas em conta a partir do
princípio que visa o bem-estar social e a maximização do benefício. O principio da máxima
felicidade ou do útil considera que uma ação correta é aquela que tende a promover a
felicidade e o prazer e é uma ação errada quando gera dor e sofrimento. A autopreservação é
um princípio universal, assim como o princípio da máxima felicidade é universal, porém
ambos os princípios ao serem aplicados em determinadas situações revelam dificuldades de
aplicação como: o tipo de liberdade e de direitos que devem ser defendidos e como conciliar
o bem comum e os interesses individuais.
Dica de vídeos: A Batalha de Argel (filme): narra a luta para a descolonização da FLN
(Frente de Libertação Nacional) da Argélia com o exército francês e mostra o dilema da
tortura para obter informações; Caminho para Guantanamo (documentário); Ameaça
Terrorista (filme); É justificável torturar para obter informações?
(http://www.youtube.com/watch?v=wTFWa-cjceM); Pai e filho
(http://www.youtube.com/watch?v=DUMnyoT1K_c); Limite vertical
(http://www.youtube.com/watch?v=jAKfWBEvCL4).
Consequencialista
2. Temas
Kant (precursor)
Neokantianos, Rawls, Habermas, Apel, Kohlberg, 
Hare, Tugendhat, Thomas Nagel, Charles Larmore, 
Frederic Hayek, Nozick, Dworkin, Bruce 
Ackerman…
2.1 Formas de Estado: ideal liberal ou bem comum?
Ideal Liberal
Características dos liberais-universalistas
- A justiça é universal;
- É imparcial e não valoriza o pluralismo;
- Ex.: individualismo radical: Libertarismo (Nozick).
- Defendem o universalismo: considera o homem
universalmente e desconsidera as características culturais;
Ideal Liberal
UNIVERSALIZAÇÃO NA ÉTICA
A primeira grande proposta da universalização da
moralidade é de Kant. Querendo propor um procedimento
universal, ele ressalta que o ponto de partida não pode ser
algo empírico, pois isso atrapalharia a busca pela
universalidade. Por isso, a busca pelo princípio da
moralidade deve seguir a via formal (filosofia pura). Tanto
na razão teórica quanto na razão prática, Kant visa
elaborar uma teoria distante do conteúdo empírico. A
elaboração do seu princípio da universalidade parte de
elementos a priori oriundos da razão pura. “A [...]
formulação nada mais é, porém, do que a busca e a
fixação do princípio supremo da moralidade, o que
constitui só por si no seu propósito uma tarefa completa e
bem distinta de qualquer outra investigação moral” (FMC,
1986, p. 19).
Ideal Liberal
Para Habermas, o teste de universalização acontece na roda
discursiva. Para ser moralmente válida, a norma ou ação tem de poder ser
aceita como lei por todos os possíveis concernidos. Se a pretensão normativa
subjetiva não for aceita por todos, então é rejeitada como imoral.
Diferentemente de Kant, essa tentativa de universalização é feita na roda do
discurso onde todos os sujeitos capazes de linguagem e ação devem fazer parte.
A grande diferença em relação a Kant, é que em Habermas a norma
universalizada não são absolutas ou válidas sempre. Desde que haja boas
razões, as normas estão sempre sujeitas à reformulação.
Rawls afirma que uma sociedade bem ordenada compartilha de uma
concepção pública de justiça que regula a estrutura básica da sociedade. Ao
retomar a figura do contrato social como método, Rawls não tem como objetivo
fundamentar a obediência ao Estado (como na tradição
do contratualismo clássico de Hobbes, Locke e Rousseau). Ligando-se
a Kant (construtivismo kantiano), a idéia do contrato é introduzida como recurso
para fundamentar um processo de eleição de princípios de justiça. Os princípios
são: liberdade e igualdade. Por ser liberal, o princípio mais importante é o da
liberdade. Mas, vinculando os dois princípios, pode-se chamar Rawls de “liberal
igualitário”.
Ideal Liberal
Robert Nozick
Anarquia, Estado e utopia (1974)
Os indivíduos têm direitos. Quanto espaço os direitos dos indivíduos deixam ao
Estado? “O Estado deve ser mínimo, reduzido estritamente às funções de
proteção contra a força, o furto, a fraude, e execução dos contratos...”
A propriedade de uma pessoa é justa se a pessoa tem direito a ela graças a
princípios de justiça na aquisição e na transferência.
Existem apenas indivíduos. E qual será a sociedade ideal para todos os
indivíduos? Não há uniformidade sobre o ideal de vida melhor, e a ideia de
sociedade perfeita não tem nenhum fundamento. Por isso, aquilo que é
verdadeiramente necessário é um palco para utopias, um posto em que a
pessoa é livre de associar-se voluntariamente para perseguir e tentar realizar
sua própria visão de uma vida boa em uma comunidade ideal, mas em que
ninguém pode impor sua própria visão utópica. E esse palco para utopias é
exatamente o Estado mínimo: o único moralmente legítimo e tolerável, o que
melhor do que todos realiza as aspirações utópicas de fileiras de sonhadores e
de visionários. O Estado mínimo nos trata como indivíduos inviolados, como
pessoas que tem direitos individuais com toda a dignidade que daí provém.
Ideal Liberal
Políticas libertárias
Por exaltar a liberdade em todos os aspectos, esta filosofia
política apoia: a total igualdade de direitos civis entre pessoas
do mesmo sexo, igualdade entre gêneros, a legalização
do aborto, pesquisa em células-tronco, legalização da cannabis
sativa como o uso de outras drogas (por ser o direito de
liberdade de uso do consumidor), a legalização da eutanásia e a
presença de um Estado totalmente laico devido à liberdade
religiosa. Portanto, o Libertarianismo apoia que os direitos de
liberdade de expressão, liberdade mental (ou de
pensamento), direitos fundamentais, liberdade religiosa e
qualquer outra liberdade individual. Também é destacável a
total "desburocratização" estatal, a intervenção mínima
do Estado, livre mercado e a redução de impostos.
Ideal Liberal
O que os libertários aceitam?
Aborto:... ?
Casamento homossexual:... ?
Uso de drogas:... ?
Eutanásia:... ?
Fumar num bar:... ?
Prostituição:... ?
Automutilação:...... ?
Beber e dirigir (lei seca):... ?
Homicídio:... ?
Furto / Roubo:... ?
Leis que obrigam usar cinto de segurança: ... ?
Leis que obrigam ao uso de capacetes para motociclistas:... ?
Impostos para redistribuição de riqueza:... ?
Ideal LiberalSe a teoria libertária dos direitos estiver correta, muitas atividades do Estado moderno são ilegítimas e
violam a liberdade. Apenas um Estado mínimo – aquele que faça cumprir contratos, projeta a propriedade
privada contra roubos e mantenha a paz – é compatível com a teoria libertária dos direitos. Qualquer Estado
que vá além disso é moralmente injustificável. O libertário rejeita três tipos de diretrizes e leis que o Estado
moderno normalmente promulga:
1) Nenhum paternalismo. Os libertários são contra as leis que protegem as pessoas contra si mesmas. As leis
que tornam obrigatório o uso do cinto de segurança são um bom exemplo, bem como as leis relativas ao uso
de capacetes para motociclistas. Embora o fato de dirigir uma moto sem capacete seja uma imprudência, e
mesmo considerando que as leis sobre o uso de capacete salvem vidas e evitem ferimentos graves, os
libertários argumentam que elas violam o direito do indivíduo de decidir os riscos que quer assumir. Desde
que não haja riscos para terceiros e que os pilotos sejam responsáveis pelas próprias despesas médicas, o
Estado não tem o direito de ditar a que riscos eles podem submeter seu corpo e sua vida.
2) Nenhuma legislação sobre a moral. Os libertários são contra o uso da força coercitiva da lei para
promover noções de virtude ou para expressar as convicções morais da maioria. A prostituição pode ser
moralmente contestável para muitas pessoas, mas não justifica leis que proíbam adultos conscientes de
praticá-las. Em determinadas comunidades, a maioria pode desaprovar a homossexualidade, mas isso não
justifica leis que privem gays e lésbicas do direito de escolher livremente os parceiros sexuais.
3) Nenhuma redistribuição de renda ou riqueza. A teoria libertária dos direitos exclui qualquer lei que force
algumas pessoas a ajudar outras, incluindo impostos para redistribuição de riqueza. Embora seja desejável
que o mais abastado ajude o menos afortunado – subsidiando suas despesas de saúde, moradia e educação
-, esse auxílio deve ser facultativo para cada indivíduo, e não uma obrigação ditada pelo governo. De acordo
com o ponto de vista libertário, taxas para redistribuição são uma forma de coerção e até mesmo de roubo.
O Estado não tem mais direito de forçar o contribuinte abastado a apoiar os programas sociais para o pobre
do que um ladrão benevolente de roubar o dinheiro do rico para distribuí-lo entre os desfavorecidos (cf.
SANDEL, Justiça, p. 79-80).
Ideal Liberal
ESTADO MÍNIMO
Em 2007, o Dr. Jack Kervorkian, de 79 anos, deixou a prisão em Michigan após cumprir uma pena de
oito anos por ter administrado drogas letais a pacientes terminais que queriam morrer. Sua liberdade foi
condicionada à promessa de não mais assistir pacientes que quisessem cometer suicídio. Nos anos
1990, o Dr. Kervorkian (que ficou conhecido como ‘Dr. Morte’) defendeu leis que permitissem o suicídio
assistido e pôs em prática suas ideias, ajudando 130 pessoas a pôr um fim à sua vida. Ele só foi acusado,
julgado e condenado por assassinato de segundo grau depois de ter permitido a divulgação, no
programa 60 Minutes da rede de televisão CBS de um vídeo que o mostrava em ação, aplicando uma
injeção letal em um homem que sofria de síndrome de Lou Gehrig. O suicídio assistido é ilegal em
Michigan, estado de origem do Dr. Kevorkian, e em todos os demais estados, exceto em Oregan e
Washington. Muitos países proíbem o suicídio assistido e apenas alguns poucos (o mais famoso caso é a
Holanda) permitem-no abertamente. À primeira vista, o argumento a favor do suicídio assistido parece
ser a aplicação da cartilha da filosofia libertária. Para os libertários, as leis que proíbem o suicídio
assistido são injustas pela seguinte razão: se a minha vida pertence a mim, devo ser livre para desistir
dela. E, se eu fizer um acordo voluntário com alguém que se disponha a me ajudar, o Estado não tem o
direito de interferir. Entretanto, a permissão do suicídio assistido não depende necessariamente da
ideia de que somos donos de nós mesmos ou de que nossas vidas pertencem a nós. Muitas pessoas que
defendem o suicídio assistido não invocam direitos de propriedade, mas falam em termos de dignidade
e compaixão. Argumentam que pacientes terminais que passam por um grande sofrimento devem ter
permissão para apressar sua morte, em vez de prolongar uma dor excruciante sem esperança. Mesmo
aqueles que acreditam que temos o dever de preservar a vida humana podem concluir que, em
determinados momentos, os apelos à compaixão devem prevalecer sobre o dever de manter uma
pessoa viva. Quando se trata de pacientes terminais, é muito difícil de dissociar a argumentação
libertária a favor do suicídio assistido dos argumentos da compaixão (cf. SANDEL, Justiça, p. 92-3).
SUICÍDIO ASSISTIDO
Ideal Liberal
A maioria dos países proíbe a compra e a venda de órgãos para transplantes. Nos EUA, pode-se doar um dos rins, mas não é
permitido pô-lo à venda. Entretanto, algumas pessoas acham que essas leis deveriam ser modificadas. Elas argumentam que,
a cada ano, milhares de pessoas morrem à espera de um transplante de rim – e que a oferta aumentaria se existisse um livre
mercado para esses órgãos. Elas acham, também, que as pessoas que precisam de dinheiro deveriam ter liberdade para
vender os próprios rins se quisessem. Um dos argumentos para que a compra e a venda sejam permitidas baseia-se na noção
libertária de que o indivíduo é dono de si mesmo: se sou dono do meu corpo, deveria ser livre para vender meus órgãos
quando quisesse. Conforme Nozick, ‘o ponto central da noção do direito de propriedade de X é o direito de determinar o que
deverá ser feito com X. No entanto, poucos defensores da venda de órgãos adotam inteiramente a lógica libertária. Eis por
quê: a maioria dos que propõe o comércio de rins enfatiza a importância moral de se salvarem vidas e o fato de que quase
todos aqueles que doam um dos rins conseguem viver apenas com o outro. Mas, se você acreditar que seu corpo e sua vida
são sua propriedade, nada disso será realmente importante. Se você é dono do seu corpo, seu direito de usá-lo como bem
desejar já é motivo suficiente para que você possa vender parte dele. As vidas que serão salvas ou o bem que será feito não
vêm a acaso. Para ver como isso funciona, imaginemos dois casos atípicos: primeiramente, imaginemos que o suposto
comprador de um de seus rins seja perfeitamente saudável. Ele lhe oferece 100 mil reais por um rim, não porque precise
desesperadamente de um transplante, e sim por ser um excêntrico negociante de obras de arte que vende órgãos humanos
para clientes abastados por motivos fúteis. A compra e a venda de rins por motivos fúteis deveriam ser permitidas? Se você
acredita que somos donos do nosso corpo, terá dificuldades de dizer não. Evidentemente, você abominaria o uso
inconsequente de partes do corpo e seria favorável apenas à venda delas para salvar vidas. Mas, se sustentar essa opinião,
sua defesa do comércio de órgãos não estaria baseada nas premissas libertárias. Você estaria admitindo que não temos um
direito de propriedade ilimitado sobre nossos corpos. Consideremos agora um segundo caso. Suponhamos que um agricultor
de um vilarejo indiano deseje, mais do que qualquer outra coisa no mundo, enviar seu filho para a faculdade. Para obter o
dinheiro, ele vende um dos rins a um brasileiro rico que precise de um transplante. Alguns anos mais tarde, quando se
aproxima a época do segundo filho do agricultor ir para a faculdade, outro comprador chega ao vilarejo e oferece um preço
convidativo pelo outro rim. Deveria ele ser livre para vender o outro também, mesmo que isso o levasse à morte? Se a
questão moral da venda de órgãos se basear no conceito da propriedade de si mesmo, a resposta deve ser sim. Na década de
1990, um presidiário na Califórnia tentou doar o segundo rim para a filha. A comissão de ética do hospital não concordou (cf.
SANDEL, Justiça, p. 90-1-2).
VENDENDO RINS
IdealLiberal
Em 2001, um estranho encontro teve lugar na cidade alemã de Rotenburg. Bernd-Jurgen Brandes, um
engenheiro de software de 43 anos, respondeu a um anúncio na internet que procurava alguém disposto a ser
morto e comido. O anúncio havia sido colocado por Armin Meiwes, técnico de informática de 42 anos. Meiwes
não oferecia compensação financeira, apenas a experiência em si. Cerca de duzentas pessoas responderam ao
anúncio. Quatro foram até a fazenda de Meiwes para uma entrevista, mas decidiram que não estavam
interessadas. Brandes, entretanto, depois de uma conversa informal com Meiwes, resolveu aceitar a proposta.
Meiwes matou seu visitante, cortou o corpo dele em pedaços e os guardou em sacos plásticos no freezer.
Quando foi preso, o ‘Canibal de Rotenburg’ já havia comido quase vinte quilos de sua vítima voluntária,
cozinhando partes dela em azeite de oliva e alho. Meiwes foi levada a julgamento e seu caso chocante fascinou
o público, chagando a confundir o júri. A Alemanha não tem leis contrárias ao canibalismo. O acusado não
poderia ser condenado por assassinato, segundo a defesa, porque a vítima participara voluntariamente da
própria morte. O advogado de Meiwes alegou que seu cliente só poderia ser acusado pelo crime de ‘matar por
solicitação’, uma forma de suicídio assistido cuja pena não ultrapassa cinco anos. A corte resolveu a questão
indiciando Meiwes por homicídio involuntário e condenando-o a oito anos e meio de reclusão. Dois anos mais
tarde, no entanto, uma corte de apelação considerou a sentença muito branda e o condenou a prisão
perpétua. A história sórdida teve um desfecho inusitado, e o assassino canibal tornou-se declaradamente
vegetariano na prisão, alegando que a criação de animais de corte seria desumana. O canibalismo consensual
entre adultos representa o teste definitivo para o princípio libertário da posse de si mesmo pelo indivíduo e da
ideia de justiça dele decorrente. É uma forma extrema de suicídio assistido. Visto que não tem nenhuma
relação com o alívio da dor de um doente terminal, a única justificativa cabível é que somos os donos de nosso
corpo e nossa vida e podemos fazer com eles o que bem entendermos (cf. SANDEL, Justiça, p. 93-4).
CANIBALISMO CONSENSUAL
Ideal Liberal
ORIGEM DO ESTADO:
1. Teoria Naturalista (orgânica / impulso associativo): o Estado é natural.
Pensadores: Aristóteles, Hegel... Dessa teoria surge o Estado Social de Direito.
2. Teoria Contratualista: o Estado é artificial (foi criado através do contrato).
Pensadores: Hobbes, Locke, Rousseau, Kant... Dessa teoria surge o Estado Liberal de
Direito.
ESTADO DE DIREITO:
1. Estado LIBERAL de Direito: contratualista; prega a não intervenção do Estado na
política e na economia; LIBERDADE.
2. Estado SOCIAL de Direito: naturalista; prega a intervenção do Estado na política e
na economia; IGUALDADE.
3. Estado DEMOCRÁTICO de Direito: busca a síntese do Estado Liberal e Social;
LIBERDADE E IGUALDADE.
Ideal Liberal
O IDEAL LIBERAL:
A liberdade individual é o valor supremo do liberalismo, que defende o direito dos
cidadãos de agir e falar como bem entendem. O ideal liberal implica deixar o cidadão
livre para perseguir sua ideia da vida boa, independente do que ela envolva, sem
interferência do Estado.
Uma linha teórica do ideal liberal é o LIBERTARISMO. Ele presta menos atenção à
desigualdade e luta pela liberdade irrestrita do indivíduo em ação no mundo privado
do livre mercado. Os libertaristas querem o Estado reduzido à sua função essencial de
fornecer segurança. Isto tem o benefício adicional de manter os impostos tão baixos
quanto possível, deixando às pessoas a máxima liberdade para gastar seu dinheiro
como querem.
Nessa visão da sociedade, o mercado é todo-poderoso.
Conforme Milton Friedman (1912 – 2006), ganhador do Nobel de 1976 e um grande
expoente do liberalismo, “se puserem o governo federal para administrar o Deserto do
Saara, em cinco anos faltará areia”.
Ideal Liberal
Revisão e dicas
A liberdade individual é o valor supremo do liberalismo, que defende o direito dos
cidadãos de agir e falar como bem entendem. O ideal liberal implica deixar o individuo
livre para perseguir sua ideia da vida boa, independente do que ela envolva, sem
interferência do Estado. A teoria em questão não tem como objetivo prestar menos
atenção à desigualdade. Ela luta pela liberdade irrestrita do indivíduo em ação no
mundo privado do livre mercado. Ela quer o Estado reduzido à sua função essencial de
fornecer segurança. Isto tem o benefício adicional de manter os impostos tão baixos
quanto possível, deixando às pessoas a máxima liberdade para gastar seu dinheiro
como querem. Características da teoria libertária: surge a partir da teoria contratualista;
prega um Estado não interventor; defende a liberdade negativa o princípio do dano;
defende a ideia de indivíduo, atomismo e individualismo; sustenta a liberdade de
consciência, respeito pelos direitos do indivíduo e desconfiança frente à ameaça de um
Estado paternalista; defende éticas procedimentais, atiperfeccionistas ou neutralistas.
Se a teoria libertária dos direitos estiver correta, muitas atividades do Estado moderno
são ilegítimas e violam a liberdade. Apenas um Estado mínimo – aquele que faça
cumprir contratos, projeta a propriedade privada contra roubos e mantenha a paz – é
compatível com a teoria libertária dos direitos. Qualquer Estado que vá além disso é
moralmente injustificável.
Dica de vídeos: Leis antifumo (http://www.youtube.com/watch?v=YDuqT6wyups);
O que significa ser um libertário? (http://www.youtube.com/watch?v=-fD94JsIqB0); O
legado da Dama de Ferro (http://www.youtube.com/watch?v=gPNKzNfihKE); Uma
introdução ao Libertarianismo (http://www.youtube.com/watch?v=8BXqMusqtGE).
Ideal Liberal
Resolução n° 196 do Conselho Nacional do Ministério da Saúde, de
10 de outubro de 1996, estabelece que a eticidade em pesquisa
biomédica implica
• Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a
grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia);
• Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais,
individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se com o
máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos;
• Garantia de que danos previsíveis serão evitados (não-maleficência);
• Relevância social da pesquisa, com vantagens significativas para os
sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos
vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses
envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-
humanitária (justiça e equidade).
Bioética
João e Maria são dois aposentados e
Testemunhas de Jeová. A vida do casal é de
devoção e fé. Maria foi diagnosticada
como portadora de anemia falciforme e
deve, com urgência, realizar uma transfusão
de sangue. Porém, para os adeptos dessa
religião, a Bíblia é clara ao proibir a
transfusão de sangue. Os médicos tentaram
convencer o casal, mas não adiantou. Por
isso, os médicos ingressaram com uma ação
judicial afim de realizar a transfusão, pois
somente assim ela iria sobreviver.
Você, sendo o juiz desse caso, como
decidiria?
Bioética
• Atualmente no Brasil, do ponto de vista estritamente
legal, é pacífico na doutrina e na jurisprudência que, em
caso de morte iminente, o médico tem o dever ético-
profissional e legal de ministrar sangue ao paciente,
caso, obviamente, não haja a MENOR possibilidade de
aplicação dos métodos alternativos.
• Respeita-se, fundamentalmente, o Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana (previsto no art. 1º, inciso
III da CRFB/1988) e a liberdade de crença (art. 5º, inc.
VI e inc. VIII da CRFB/1988), assim como os
princípios bioéticos da Autonomia, da Beneficência e da
Justiça.
Bioética

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