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Prof. Mateus Salvadori 1. TEORIAS DA JUSTIÇA 1.1 Introdução à filosofia jurídica 1.2 O que é o direito? Jusnaturalismo, juspositivismo e pós-positivismo jurídico [destaque para a teleologia aristotélica (teoria da virtude) e a teoria contratualista] 1.3 O critério universalista e o critério consequencialista 1.4 Cine-fórum (Admirável mundo novo, de Huxley) 2. TEMAS 2.1 Formas de Estado: ideal liberal (liberais) ou bem comum (comunitaristas)? 2.2 Democracia (Habermas), Desobediência civil (Rawls) e Função da Pena (Foucault) 3. SEMINÁRIOS (DIREITO, LITERATURA E FILOSOFIA) - Bibliografia: Justiça: O que é fazer a coisa certa, de Michael J. Sandel (disponível no Acervo da Turma). BIOÉTICA Seminário de Direito, Literatura e Filosofia O objetivo deste Seminário de Direito, Literatura e Filosofia é aprofundar questões pertinentes à Filosofia Jurídica a partir da ficção. Cada grupo deverá escolher uma obra literária. Para cada obra haverá um grupo responsável para estudar aprofundadamente o tema e apresentar os resultados de seus estudos em aula. A apresentação em aula deverá ser organizada para um tempo de 20 minutos. O grupo deverá deixar uns minutos finais para perguntas. Na apresentação em aula é necessário que todos os integrantes do grupo demonstrem domínio do trabalho completo. Em princípio a avaliação será para o grupo todo, mas caso se perceba que um ou mais integrantes possuem domínio do tema de forma diferenciada dos demais isso será considerado na avaliação. 1. Ensaio sobre a cegueira (José Saramago) e o Estado de Natureza 2. O processo (Franz Kafka) e a burocracia da lei 3. 1984 (George Orwell) e o totalitarismo 4. Crime e castigo (Fiódor Dostoiévski) e a função da pena 5. Laranja mecânica (Anthony Burgess) e a ultraviolência 6. O diário de Anne Frank e o nazismo 7. O mercador de Veneza (William Shakespeare) e o contrato 8. Os miseráveis (Victor Hugo) e a miséria 9. O segredo dos seus olhos (Eduardo Sacheri) e a impunidade 10. As bruxas de Salém (Arthur Miller) e o julgamento 1. Teorias da justiça PRINCÍPIOS CONSTITUIÇÃO LEIS Há três linhas teóricas na Filosofia Jurídica: 1. Direito Natural: dualista 2. Direito Positivo: monista 3. Pós-positivismo: dualista CONSTITUIÇÃO LEIS Dualismo Os princípios são: eternos, imutáveis e universais. Monismo 1.1 Introdução à filosofia jurídica Distinção entre normas e princípios Podemos identificar ao menos duas teses acerca da natureza da distinção entre princípios e regras: (i) a distinção se deve a um aspecto lógico: tanto princípios quanto regras são conjuntos de padrões que apontam para decisões particulares acerca das obrigações legais, mas diferem no tipo de direção que apontam. A regra tem uma única dimensão: a da validade. Se for válida, a regra deverá ser aplicada integralmente, em sua inteireza, ou não ser aplicada. Esse aspecto da regra é também chamado de “tudo ou nada” - ou a regra é totalmente aplicada, ou não. Não existem diferentes graus de aplicação. O princípio, por sua vez, apresenta a dimensão de peso ou importância, não fazendo sentido falar em validade. Dentre os princípios aplicáveis ao caso concreto, será eleito aquele que apresentar maior peso relativo aos demais em face da situação analisada. Nesse contexto, faz sentido a pergunta: qual princípio é o mais importante nesse caso? Assim, será escolhido aquele que for eleito como sendo mais relevante. O princípio eventualmente deixado de lado continuará existindo e poderá ser evocado em outro momento, sem qualquer tipo de consequência a sua existência. Em caso de conflito entre regras, uma poderá ser excluída do ordenamento, ou, ainda, em casos mais ambíguos, aquela que apresentar maior poder descritivo e regulador prevalecerá. O critério de desempate, diferentemente da situação de colisão de princípios, não se dá por uma regra “superar a outra em virtude de seu maior peso”, mas sim por uma questão técnico-descritiva. Em outras palavras, podemos dizer que regras são comandos definitivos, enquanto princípios são requesitos de otimização. Se a regra é válida e aplicável, esta requer que seja feito o que se prevê na sua íntegra. Já os princípios são normas que exigem que algo seja realizado em seu maior nível possível, dadas as condições do caso em estudo, contendo assim uma idéia de gradação (ii) a distinção se deve a um aspecto de grau de generalidade: Uma outra abordagem a respeito da distinção entre regras e princípios é aquela que apenas vê diferença em termos de “grau de generalidade”. Para os adeptos dessa linha, os princípios se diferenciam das regras por apresentarem tão-somente um maior grau de abstração Revisão e dica A Filosofia Jurídica tem como principal objetivo investigar acerca da JUSTIÇA. Por isso, será estudado „Teorias de Justiça‟, „Escolas‟ (Jusnaturalismo, Juspositivismo e Pós-positivismo) e temas. Ética, Moral e Legal: a moral diz respeito aos costumes, à cultura e, por isso, varia em épocas e lugares; a ética reflete sobre os princípios. Por isso, pode-se dizer que a Ética é uma Filosofia moral. O legal é o objeto científico do Direito e é imposto coercitivamente pelo Estado. Reflexão: 1) você concorda ou discorda com „leis contra abusos de preços‟? Que tipo de Estado concorda e que tipo de Estado discorda dessas leis? O Estado de Bem-estar Social ou o Estado liberal? 2) Marcus Luttrell estava em uma missão secreta no Afeganistão com mais 4 soldados (EUA). Eles encontraram dois camponeses com cabras. O que fazer? Deixá-los ir (sabendo que eles poderiam contar aos soldados afegãos) ou matá-los (mesmo sabendo que eles são inocentes)?; 3. Sócrates foi condenado a morte por atacar aquilo que ele considerava injusto. Isso é certo? 4. Para Mendeville, aquilo de pior que existe em cada um contribui em alguma coisa para o bem comum. Será? Dica de vídeos: Ética e indiferença (http://www.youtube.com/watch?v=jL_OR0OaGnA). 1.2 O que é o direito? Jusnaturalismo, juspositivismo e pós- positivismo jurídico DIREITO NATURAL: . Princípios eternos, imutáveis e universais; • Possui normas imutáveis no tempo e no espaço; • Serve de base para a criação das leis (direito positivo); portanto, são os princípios; • Não trata só do legal, mas, principalmente, do moral (base para o legal); • É dualista. DIREITO POSITIVO: . Normas cambiantes no tempo e no espaço. Desde que há governos que impõe leis, existe o direito positivo. Já o juspositivismo surge somente no séc. XIX com Kelsen; • Elaborado pelo Estado e posto coercitivamente a população; • Trata apenas do legal; • É monista. PÓS-POSITIVISMO JURÍDICO: . Não é metafísico como o Direito Natural, e, por isso, não trata de princípios eternos, imutáveis e universais, mas trata sim de princípios que se modificam com a evolução da moralidade; • Recupera a discussão da moralidade deixada de lado pelos juspositivistas; • É dualista. Justiça em Aristóteles 1) Justiça Geral (Direito Natural): justiça enquanto virtude (meio-termo) ; para todos os jusnaturalista, o Direito Natural é imutável (exceto para Aristóteles e para os contemporâneos). 2) Justiça Particular (Direito Positivo) : 2.1) Justiça Distributiva: é a virtude da igualdade nas partilhas e obedece uma lógica geométrica (proporcional): - do Estado para o indivíduo; - por mérito; - correta distribuição: bens, riqueza e encargos públicos, honrarias. 2.2) Justiça Corretiva (ou retributiva / retributivismo): é a virtude da igualdade nas trocas e obedece a uma lógica aritmética): - correção entre indivíduos; 2.2.1) comutativa: voluntária; preside contratos (compra, venda, empréstimo). 2.2.2) reparativa: involuntária; repara a injustiça com a punição. Jusnaturalismo Cecília é uma jovem de classe média alta. Seu sonhodesde criança era se tornar médica. Ela se dedicou e estudou muito para entrar no Faculdade de Medicina. Havia apenas 100 vagas e ela ficou na 81° colocação. Porém, seu nome não estava na lista dos aprovados, pois 20% das vagas estavam disponíveis para alunos negros ou pardos oriundos das escolas públicas. Ela ficou indignada. Ora, pensou ela, o Brasil não adota o princípio da igualdade? Então, por que eu devo ser discriminada só por estudar em escola particular e não ser negra? Ela ingressou na Justiça Federal visando obter o direito de ser matriculada, alegando que o sistema de cotas seria inconstitucional. Qual é a opinião do grupo a respeito dessa problemática? Jusnaturalismo • O grupo “Liberdade pela Igualdade” defende que todos os cidadãos devem ser tratados igualmente, em respeito ao princípio constitucional da isonomia. Sustenta que a Constituição é enfática ao proibir a discriminação em razão de raça ou condição social. • A “Associação dos Estudantes Oriundos das Escolas Particulares” alegam que o ingresso nas universidades deve ocorrer com base no mérito. Afirmam que o sistema de cotas criará duas categorias de estudantes universitários: os cotistas e os demais – e aí sim haverá discriminação. • A “Associação das Universidades Públicas” defende o princípio da autonomia universitária, previsto no art. 207 da CF/88, do qual decorre o poder das universidades de se organizarem segundo os seus princípios. • O “Movimento da Consciência Negra” defende que há sim no Brasil o preconceito racial. 70% da pop. que vive abaixo da linha de pobreza é negra ou parda; 97% dos atuais estudantes universitários são brancos. Jusnaturalismo Vício por deficiência – Virtude - Vício por excesso Aristóteles • Covardia - Coragem - Temeridade • Insensibilidade – Temperança - Libertinagem • Avareza – Liberalidade - Esbanjamento • Vileza – Magnificência - Vulgaridade • Modéstia - Respeito Próprio - Vaidade • Moleza – Prudência - Ambição • Indiferença - Gentileza - Irascibilidade • Descrédito Próprio - Veracidade - Orgulho • Rusticidade - Agudeza de Espírito - Zombaria • Enfado - Amizade - Condescendência • Desavergonhado – Modéstia - Timidez • Malevolência - Justa Indignação - Inveja Jusnaturalismo Cap. 2, Das Leis, de Cícero 1. Se a justiça é fundada sobre uma convenção de interesses, ela não pode ser estável, porque os interesses podem ser conflitantes e mudarem. Ora, a justiça é estável. 2. Se a justiça fosse simples convenção, se ela apenas fosse obediência temerosa a lei, as virtudes, que não são obediência temerosa a lei, não existiriam. Ora, elas existem. 3. Dizer que o justo e o injusto são resultado de uma convenção significa dizer que a verdade se defende por decreto, se combina. Ora, a verdade não se decreta, não se combina nem através da maioria, nem através da unanimidade. 4. Se não existisse justiça fora das leis, das convenções, dos acordos e dos pactos, não poderíamos julgar nem as leis, nem os acordos e nem os pactos. Ora, nós podemos julgá-los. Jusnaturalismo PRINCÍPIOS CONSTITUIÇÃO LEIS Dualismo 1. SÓFOCLES: o Direito Natural vem dos deuses; na obra Antígona, há o debate entre ‘leis justas e injustas’. 2. PLATÃO: o Direito Natural vem do Mundo das Ideias; Platão critica Glauco (anel de Giges), que diz que agimos justamente por medo da coerção. 3. ARISTÓTELES: o Direito Natural vem da natureza humana; a justiça está no meio-termo e não no excesso ou na falta e ela é teleológica (télos: fim). Há, no direito positivo, a justiça distributiva e a corretiva (comutativa e reparativa). O objetivo da justiça ordenadora é o bem comum a todos os cidadãos. 4. CÍCERO: o Direito Natural vem da natureza humana; 5. S. T. AQUINO: o Direito Natural vem de Deus. JUSNATURALISMO ANTIGO E MEDIEVAL - FONTE: NATUREZA, RAZÃO OU DEUS (ES) Jusnaturalismo Revisão e dicas O jusnaturalismo Antigo tem como pensadores importantes Platão, Aristóteles e Cícero... O Medieval, S. T. Aquino... O pensamento comum entre eles é a crença no princípio da justiça, considerado uma verdade eterna, imutável e universal. Para eles, a justiça não surge a partir da convenção. Platão: a maioria dos seres humanos se encontra como prisioneiros de uma caverna, permanecendo de costas para a abertura luminosa e de frente para a parede escura do fundo. Devido a uma luz que entra na caverna, o prisioneiro contempla na parede do fundo as projeções dos seres que compõe a realidade. Acostumado a ver somente essas projeções, assume a ilusão de que vê, as sombras do real, como se fosse a verdadeira realidade. A justiça está fora da caverna, ou seja, no mundo das ideias. Aristóteles: o objetivo da justiça ordenadora é o bem comum a todos os cidadãos. A justiça é a virtude que relaciona os cidadãos entre si; é a virtude da cidadania que garante a igualdade e a liberdade de todos os cidadãos. Sendo assim, fica definida também a injustiça como desobediência às leis e como tratamento desigual entre os cidadãos. Ser justo e, portanto, ético, é seguir o meio-termo (frónesis). A classificação da justiça é feita da seguinte forma: Justiça Distributiva e Justiça Corretiva (Comutativa e Reparativa). Cícero: se a justiça é fundada sobre uma convenção de interesses, ela não pode ser estável, porque os interesses podem ser conflitantes e mudarem. Ora, a justiça é estável. Se a justiça fosse simples convenção, se ela apenas fosse obediência temerosa a lei, as virtudes, que não são obediência temerosa a lei, não existiriam. Ora, elas existem. Dizer que o justo e o injusto são resultado de uma convenção significa dizer que a verdade se defende por decreto, se combina. Ora, a verdade não se decreta, não se combina nem através da maioria, nem através da unanimidade. Se não existisse justiça fora das leis, das convenções, dos acordos e dos pactos, não poderíamos julgar nem as leis, nem os acordos e nem os pactos. Ora, nós podemos julgá-los. Tomás de Aquino: há três leis: a lei eterna (através dela Deus rege tudo), a lei natural (é a parte da lei eterna que rege o homem) e a lei humana (é a lei dos homens). Assim, para Aquino o Direito Natural é constituído através da lei eterna e da lei natural. A lei humana representa o Direito Positivo. Dica de Leitura: Resenha sobre o Livro V da Ética a Nicômacos, de Aristóteles (http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenha-sobre-o-livro-v-da-etica.html); Resenha sobre o Livro VII de A República, de Platão (http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenha-sobre-o-livro-vii- de-arepublica.html). Dica de vídeos: Aristóteles e Alexandre Magno (http://www.youtube.com/watch?v=DRLeIfuMkDo); A República, de Platão (http://www.youtube.com/watch?v=fzh63-NY_Ss). Jusnaturalismo TESES JUSPOSITIVISTAS 1. Rejeição de proposições não passíveis de verificação seja formal (demonstração), seja empírica, donde decorre a exclusão do método dialético como técnica intelectual adequada ao tratamento das questões humanas em geral e jurídicas em particular; 2. Rejeição da perspectiva ontológica na pesquisa científica, em razão da impossibilidade de verificação das proposições relativas ao ‘ser’ ou à ‘natureza’ das coisas, donde decorre especialmente a refutação da ideia de ‘direito natural’ visto como estrutura ontológica do real; 3. Rejeição da epistemologia clássica, concebida como filosofia da consciência ou da representação, e sua substituição por uma filosofia analítica, centrada no problema da significação e particularmente na análise da linguagem; 4. Rejeição da axiologia objetivista, com a decorrente negação da existência de valores imanentes à realidade; 5. Distinçãoentre o direito enquanto objeto ou fenômeno e a ciência do direito que sobre ele se volta; 6. O juspositivismo considera como direito somente o que é posto pelo homem; só existe o direito positivo, sendo o direito natural uma ilusão metafísica ou religiosa; 7. Em Kelsen, observa-se a desvinculação entre direito e justiça. Um direito positivo não vale pelo fato de ser justo, valendo mesmo que seja injusto. Juspositivismo QUATRO PILARES DA “TEORIA PURA DO DIREITO”, DE KELSEN • Toda a teoria do direito é derivada de atos humanos (Direito Positivo é direito posto pelo homem); • Não há uma moral única que possa servir de base ao Direito Positivo; • O direito, enquanto conjunto de normas, pertence ao reino do dever ser. O estudo do direito científico, orientado pela Teoria Pura, deve ser estudado como ele é, ou seja, o direito deve ostentar a função descritiva e jamais a prescritiva. O direito não deve ser um estudo avaliativo. • Kelsen prega a teoria da objetividade do direito (o direito deve informar de modo objetivo, neutro e imparcial o que o direito vigente diz). Juspositivismo “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito Positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial. É teoria geral do Direito, não interpretação de particulares normas jurídicas, nacionais ou internacionais. Contudo, fornece uma teoria da interpretação. Como teoria, quer única e exclusivamente conhecer o seu próprio objeto. Procura responder a esta questão: o que é e como é o Direito? Mas já não lhe importa a questão de saber como deve ser o Direito, ou como deve ele ser feito. É ciência jurídica e não política do Direito. Quando a si própria se designa como ‘pura’ teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o princípio metodológico fundamental” (KELSEN, Teoria pura do direito, p. 1). Juspositivismo Qual é a fundamentação última das normas? Juspositivismo A fundamentação última é a norma fundamental. É uma norma pressuposta que serve de fundamento de validade para todas as normas postas de um ordenamento jurídico. A norma fundamental serve para escapar do regresso ao infinito e da decisão arbitrária de normas por outras normas. Juspositivismo Teses da Teoria Pura do Direito, de Kelsen 1. Toda a teoria do direito é derivada de atos humanos; 2. Não há uma moral única que possa servir de base ao direito positivo; 3. O ser é diferente do dever ser (o Direito deve ostentar a função descritiva – ser – e jamais a prescritiva – dever- ser). Não há vinculação entre Direito e Justiça. 4. Kelsen prega a teoria da objetividade da ciência do Direito. O positivismo visa uma neutralidade axiológica. O direito deve ser um estudo não-avaliativo, ou seja, ele deve ser OBJETIVO, NEUTRO e IMPARCIAL. Contrariamente ao dualismo jusnaturalista, fundado na dicotomia que articula as dimensões normativas do direito natural e do direito positivo, o monismo positivista considera como direito somente aquele que é posto pelo homem, de modo que, para essa perspectiva, em sentido próprio, só existira o direito positivo, sendo o direito natural apenas uma ilusão fundada em concepções metafísicas ou religiosas sustentadas com um idealismo incompatível com a pretensão cientificista. Juspositivismo Filosofia Jurídica Contemporânea 1. Juspositivismo Eclético: Miguel Reale (teoria tridimensional do direito: norma, fato e valor) [...] 2. Juspositivismo Estrito: Kelsen, Hart, Joseph Raz, Bobbio [...] 3. Juspositivismo Ético (pós-positivismo jurídico): Dworkin, Rawls, Alexy, Habermas [...]. Dworkin: O direito como integridade, produto da hermenêutica, diz que os casos difíceis (hard cases) são mais problemáticos que os casos fáceis (easy cases) e, por isso, o juiz deve recorrer a critérios de justiça externos à ordem jurídica concreta. Em casos difíceis, Dworkin sugere que os juízes devem interpretar casos anteriores que tratem de problemas afins. Por isso, o juiz deve ser o juiz-Hércules (um juiz imaginário de capacidade e paciência sobre-humanas, que aceita o direito como integridade). 4. Realismo Jurídico: anti-juspositivista e anti-jusnaturalista; para se identificar qual é o direito que vigara em relação a um certo caso numa dada jurisdição há que se tentar prever como que os juízes daquela jurisdição solucionarão o caso considerado. São críticos do formalismo (que defende que os juízes deduzem soluções a partir de categorias abstratas). Os juízes são orientados por elementos econômicos, políticos, psicológicos, preconceituosos... Pensadores: Holmes, Jerome Frank, Karl Llewellyn, Herman Oliphant [...] Juspositivismo OS CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA, DE L. FULLER Cinco membros de uma sociedade espeleológica entram em uma caverna e acabam soterrados. As vítimas conseguem entrar em contato com as equipes de resgate que estão do lado de fora da caverna através de um rádio. Depois de vinte dias são informados de que o resgate irá demorar e podem morrer de fome. Um dos exploradores, Whetmore, convence os outros de que um deve ser sacrificado para servir de comida aos outros e propõe um sorteio para escolher o sacrificado. Whetmore acaba sendo assassinado e comido pelos companheiros. Depois que são resgatados, os quatro sobreviventes vão a julgamento por homicídio. Começa então um debate entre os juízes sobre Direito natural e Direito positivo. Eles devem ser condenados ou não? O que diz o Direito Natural e o Direito Positivo? Jusnaturalismo e Juspositivismo JUIZ FOSTER “Eu acredito que há algo mais do que o destino destes desafortunados exploradores em juízo neste caso: encontra-se em julgamento a própria lei. Se este Tribunal declara que estes homens cometeram um crime, nossa lei será condenada no tribunal do senso comum . [...] Afirmo que o nosso direito positivo, incluindo todas as suas disposições legisladas e todos seus precedentes, é inaplicável a este caso e que este se encontra regido pelo que os antigos escritores da Europa e da América chamavam ‘a lei da natureza’ (direito natural). [...] Concluo, portanto, que no momento em que Whetmore foi morto pelos réus, eles se encontravam não em um ‘estado de sociedade civil’, mas em um ‘estado natural’. Portanto, a lei que lhes é aplicável não é a nossa, tal como foi sancionada e estabelecida, mas aquela apropriada a sua condição. Não hesito em dizer que segundo este princípio eles não são culpados de qualquer crime” (FULLER, O caso dos exploradores de cavernas, p. 10-1-4-5). O argumento utilizado pelo juiz Foster é jusnaturalista ou juspositivista? Jusnaturalismo e Juspositivismo JUIZ KEEN “ A questão que desejo deixar de lado diz respeito a decidir se o que estes homens fizeram foi ‘justo’ ou ‘injusto’, ‘mau’ ou ‘bom’. Esta é outra questão irrelevante ao cumprimento de minha função, pois, como juiz, jurei aplicar não minhas concepções de moralidade, mas o direito deste país. [...] O texto exato da lei é o seguinte: ‘Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte’. Devo supor que qualquer observador imparcial, que queira extrair destas palavras o seu significado natural, concederá imediatamente que os réus privaram intencionalmente da vida a Whetmore” (FULLER, O caso dos exploradores de cavernas, p. 41-2). O argumento utilizado pelo juiz Keen é jusnaturalista ou juspositivista? Jusnaturalismo e Juspositivismo Resumo e dicas Contrariamente ao dualismo jusnaturalista, fundado na dicotomia que articula as dimensões normativas do direito natural e do direito positivo, o monismopositivista considera como direito somente aquele que é posto pelo homem, de modo que, para essa perspectiva, em sentido próprio, só existira o direito positivo, sendo o direito natural apenas uma ilusão fundada em concepções metafísicas ou religiosas sustentadas com um idealismo incompatível com a pretensão cientificista. Algumas teses da Teoria Pura do Direito, de Kelsen, são as seguintes: 1. Toda a teoria do direito é derivada de atos humanos; 2. Não há uma moral única que possa servir de base ao direito positivo; 3. O Direito deve ostentar a função descritiva e jamais a prescritiva; não há uma vinculação entre Direito e Justiça; 4. Kelsen prega a teoria da objetividade da ciência do Direito. Dica de vídeos: Filosofia do Direito Contemporânea (http://www.youtube.com/watch?v=xrEOy9AN8Y4) Realismo Jurídico vs Positivismo Jurídico (http://www.youtube.com/watch?v=1SszVZXjKnE); Kelsen (http://www.youtube.com/watch?v=NPxnNReoiR8); Positivismo jurídico em Kelsen (http://www.youtube.com/watch?v=4PXJ9EnLL_0&feature=related). Juspositivismo COMTE (FRA, 1798 – 1857) As explicações que os homens dão aos fenômenos passam por três fases: 1. Fase teológica ou fictícia 2. Fase metafísica ou abstrata 3. Fase científica ou Positiva FRAZER (ING, 1854 – 1941) Estágios do pensamento humano: 1. Magia 2. Religião 3. Ciência MORGAN (EUA, 1818 – 1881) Fases do desenvolvimento da sociedade: 1. Selvageria 2. Barbárie 3. Civilização POSITIVISMO – XIX (anti-relativistas): Justiça relativa ou universal? Justiça relativa ou universal? O evolucionismo (positivismo) passou a ser questionado a partir do momento em que os antropólogos foram travando um contato mais estreito com sociedades nativas, indígenas e percebendo que suas estruturas, seus sistemas simbólicos, suas cosmologias, suas línguas se caracterizavam por uma complexidade imensa. Críticos positivistas: Estruturais-funcionalistas ingleses (Malinowski, Rivers, Radcliffe-Brown, Evans-Pritchard); Culturalistas americanos (Franz Boas, Margared Mead, Ruth Benedict). Justiça relativa ou universal? TESES DO RELATIVISMO: 1. Diferentes culturas possuem diferentes códigos morais; 2. O código moral de uma sociedade determina o que está certo dentro daquela sociedade, ou seja, se o código moral de uma sociedade diz que determinada ação está certa, então a ação está certa, pelo menos naquela sociedade; 3. Não existe um padrão objetivo que pode ser empregado para julgar o código de uma sociedade melhor do que outros; 4. O código moral de nossa sociedade não possui um status especial; é somente um entre muitos; 5. Não existe uma “verdade universal” na ética, ou seja, não há verdades morais que são tomadas por todas as pessoas em todos os tempos; 6. É mera arrogância nossa tentar julgar a conduta de outras pessoas. Deveríamos adotar uma atitude de tolerância em relação às práticas de outras culturas. Justiça relativa ou universal? "Bem" significa "socialmente aprovado." O relativismo cultural defende que o bem e o mal, o certo e o errado, entre outras categorias de valores, são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura. Os princípios morais, na realidade, descrevem convenções sociais e devem ser baseados nas experiências e normas compartilhadas pela sociedade analisada. Dessa forma, trata-se de pregar que a atividade humana individual deve ser interpretada em contexto, nos termos de sua própria cultura. Justiça relativa ou universal? Algumas diferenças culturais - A cultura brasileira dá valor ao contato olho a olho. Na Nigéria, em Porto Rico e na Tailândia, as crianças são ensinadas a não olhar diretamente nos olhos de seus professores e de outros adultos. Os japoneses usam muito menos contatos dessa natureza do que os brasileiros. - Na Coréia e no Egito, homens com homens e mulheres com mulheres andam de mãos dadas; enlaçam os braços, andam quadril com quadril e esses comportamentos não tem conotação sexual. - O sinal “O.K.” é feito formando-se um círculo com o polegar e o indicador, com os três outros dedos voltados para cima. Nos EUA, significa “tudo bem”; no Japão, dinheiro; na França, zero; no México, sexo; na Etiópia, homossexualidade. - Polegar para cima: no Brasil, significa “Tudo bem”; na França, “excelente”; no Japão, namorado; no Irã e na Sardenha é um gesto obsceno. - Balançar a cabeça: no Brasil, inclinar a cabeça para cima e para baixo significa “sim” e “ não”; em alguns países na África e na Índia, porém, significa o oposto. Justiça relativa ou universal? Você é um funcionário da Funai, trabalhando na Amazônia sob ordem expressa de jamais intervir na cultura indígena. Passeando perto de uma clareira, nota que ianomâmis estão envenenando o bebê de uma índia, que está aos prantos. Você impediria a morte do bebê? Responda a partir da teoria do relativismo cultural e moral. Justiça relativa ou universal? Questões: 1. Como é que o relativismo cultural define o "bem"? De que métodos dispõe para formar crenças morais? 2. Por que razão o relativismo cultural nos torna, hipoteticamente, mais tolerantes a respeito de outras culturas? 3. Por que razão o relativismo cultural nos conduz a conformar-nos com os valores da sociedade? 4. Na perspectiva do relativismo cultural, o que significa "a tolerância é um bem"? Justiça relativa ou universal? Revisão e dicas Diferentes culturas possuem diferentes códigos morais; o código moral de uma sociedade determina o que está certo dentro daquela sociedade, ou seja, se o código moral de uma sociedade diz que determinada ação está certa, então a ação está certa, pelo menos naquela sociedade; não existe um padrão objetivo que pode ser empregado para julgar o código de uma sociedade melhor do que outros; o código moral de nossa sociedade não possui um status especial; é somente um entre muitos; não existe uma “verdade universal” na ética, ou seja, não há verdades morais que são tomadas por todas as pessoas em todos os tempos; é mera arrogância nossa tentar julgar a conduta de outras pessoas. Deveríamos adotar uma atitude de tolerância em relação às práticas de outras culturas. A tese central do relativismo diz que não há culturas superiores, mas diferentes. Dica de vídeos: Filme Dança com Lobos retrata o choque cultural; Hans Staden (http://www.youtube.com/watch?v=Jav2LnbJ_Wk); Submissão (http://www.youtube.com/watch?v=h6zVuebYnfg). Justiça relativa ou universal? ESTADO DE NATUREZA CONTRATO SOCIAL ESTADO POLÍTICO HOBBES “O homem é lobo do homem”. Acabar com o estado de guerra e conservar a vida. Estado Absolutista LOCKE “Cada um é juiz de si mesmo”. Direito à vida, à liberdade e à propriedade. Estado Liberal ROUSSEAU “O homem é bom, mas há apenas a vontade particular”. Alcançar a vontade geral (soberania popular). Estado democrático- social; “A sociedade corrompe o homem”. XV – XVIII: Absolutismo Monárquico (Hobbes) XVIII: Iluminismo + Revoluções Burguesas = Liberalismo [liberdade] (Locke, Rousseau) XIX: Anti-liberais: Socialismo [igualdade] (Marx) Há duas grandes teorias que explicam a origem do Estado: a primeira é a teoria do naturalismo (Aristóteles, Hegel...), que diz que o homem é um animal social / político; a segunda é a teoria do contrato social (Hobbes, Locke, Rousseau...), que diz que a sociedade política é artificial, ou seja, que ela foi criada pelo homem. Por que razão haveremos de ser justos? Giges e o contrato social Por que razão haveremos de ser justos? POR QUE COOPERAR? • Sem o pressuposto deque as pessoas dirão a verdade, não haveria razão para as pessoas prestarem alguma atenção ao que os outros dizem. A comunicação seria impossível. E, sem comunicação entre os seus membros, a sociedade entraria em colapso. • Sem a obrigação de cumprir promessas, não poderia haver qualquer divisão do trabalho – os trabalhadores não poderiam esperar ser pagos, os vendedores não poderiam confiar nos acordos com os fornecedores e assim por diante – e a economia entraria em colapso. Não poderia haver comércio, construção, agricultura ou medicina. • Sem garantias contra a agressão, o assassínio e o roubo, ninguém poderia sentir-se seguro. Todos teriam de estar constantemente desconfiados de todos os outros e a cooperação social seria impossível. Por que razão haveremos de ser justos? 1. Absolutismo Absolutismo 1.1 Teoria do direito divino Jean Bodin (1529-1596) Obra: Seis livros sobre a República Jacques Bossuet (1627-1704) Obra: Política Segundo a Sagrada Escritura Absolutismo 1.2 Teoria do Contrato Social Thomas Hobbes (1588-1579) Obra: Leviatã “O homem é o lobo do homem”. Absolutismo 1.3 Teoria maquiavélica Maquiavel (1469-1527) Obras: • O Príncipe • Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio “Os fins justificam os meios”. Absolutismo Luis XIV Absolutismo 2. Iluminismo Iluminismo 2.1 John Locke (1632-1704) Obra: Segundo Tratado sobre o governo. Formulação da concepção liberal do Estado . Iluminismo 2.2 Enciclopedistas • Diderot (1713-1784) • D`Alembert (1717-1783) Iluminismo 2.3 Montesquieu (1689- 1755) Obra: O espírito das leis A divisão dos poderes em executivo, legislativo e judiciário. Iluminismo 2.4 Voltaire (1694-1778) Obras: Cartas filosóficas "Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la”. Iluminismo 2.5 Rousseau (1712-1778) Obras: • O contrato social • Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. Iluminismo 3. Ideologias anti-liberais Anti-liberais 3.1 Karl Marx (1818-1883) Obras: • Manifesto comunista, de Marx e Engels • O capital “Proletários do mundo: uni-vos”. Anti-liberais 4. HISTÓRIA DAS IDEIAS DA ECONOMIA Ideias da Economia 4.1 Idade Antiga Ideologia: escravidão • Platão (427-347 a.C) A República • Aristóteles (384-322 a.C) Política Ideias da Economia 4.2 Idade Média Feudalismo Ideologia: ética paternalista cristã • Santo Tomás de Aquino (1226-1274) Suma Teológica Ideias da Economia 4.3 Idade Moderna Mercantilismo Ideologia: ética paternalista cristã versus individualismo Ideias da Economia 4.4 Idade Moderna e Contemporânea Liberalismo Ideologia: individualismo Ideias da Economia 4.4.1 Mundo maravilhoso • Adam Smith (1723- 1790) A Riqueza das Nações Ideias da Economia 4.4.2 Mundo sombrio • Thomas Malthus (1766-1834) Ensaio sobre os princípios de população que afeta o desenvolvimento da sociedade Ideias da Economia 4.4.3 Mundo sombrio • David Ricardo (1772- 1823) Princípio da economia política e tributação Ideias da Economia 4.4.4 O belo mundo Socialismo Utópico Robert Owen Saint-Simon Fourier Louis Blanc Ideias da Economia 4.4.5 O mundo inexorável • Karl Marx (1818-1883) Manifesto Comunista O Capital Ideias da Economia 1. Quem governa o Estado deve seguir as normas da moral? A política deve se fundar sobre princípios éticos? Pensamento Moderno A política não deve assumir do exterior a própria moralidade, mas deve ser autonormativa, porque encontra em si a própria justificação, ao garantir aos súditos uma existência ordenada. Isso não significa que o chefe político deve ser imoral ou indiferente ao bem e ao mal, mas que às vezes o que para um indivíduo é ruim torna-se necessário no governo do Estado. Certamente, o ideal, para o governante, seria ser ao mesmo tempo amado e temido, mas na prática as duas coisas não são facilmente conciliáveis. Se necessário, o governante pode chegar até a traição; o importante é que justifique o seu comportamento com uma aparência de legitimidade. É preciso ser raposa para conhecer as armadilhas e leão para assustar os lobos. De quem é o pensamento acima? Pensamento Moderno 2. É possível definir a lei do desenvolvimento da história? Qual é o princípio mais importante para o Estado seguir? Liberdade ou igualdade? Pensamento Moderno A interpretação da história exige a adoção de um critério materialista, pois o motor do desenvolvimento histórico reside nas condições econômicas concretas, e não nas convicções ideais, nas normas jurídicas ou nas batalhas políticas. A evolução das estruturas produtivas não se dá segundo esquemas mecanicistas, mas acompanhando as leis da dialética descobertas por Hegel. O mundo feudal, o capitalismo burguês e a futura sociedade são respectivamente a tese, a antítese e a síntese. A nova sociedade não nascerá em consequência de uma tensão ética ou utópica, de pregações moralistas concreta ou desastres sociais produzidos pela propriedade privada, mas acabará inevitavelmente como a única solução possível do desenvolvimento histórico. O grande princípio do Estado será a igualdade. De quem é o pensamento acima? Pensamento Moderno 3. O desenvolvimento da civilização é de progresso ou decadência? Quem deve estabelecer qual é o bem social? A democracia é a melhor forma de governo? Como nasceu a civilização? Pensamento Moderno Não é mais possível um retorno à natureza original, a uma instintividade feliz; deve-se formar um pacto que leve em conta a irreversibilidade das transformações produzidas pela história. Somente um homem não mais educado na escola do egoísmo e da propriedade privada poderá fazer escolhas políticas com base não nos seus interesses particulares, mas tendo em vista o bem-estar do conjunto. O homem não nasceu cativo, mas tornou-se prisioneiro em viver em sociedade. O autor em questão toma posição contra as práticas da democracia e defende o bem comum e não a da maioria (simples soma estatística das opiniões individuais – por exemplo, pelo voto, posto que somado tantos egoísmos não se obtém altruísmo e consciência civil). As reflexões feitas pelo pensador inicialmente inspiraram Robespierre a instaurar o Terror; depois, forneceram argumentos de apoio às doutrinas autoritárias do Estado e, no séc. XX, serviram de sustentação à prática dos Estados totalitários, nas variantes marxista-leninista e nazi-fascista. De quem é o pensamento acima? Pensamento Moderno 4. Passando a fazer parte de uma organização social, os cidadãos renunciam a todos os direitos individuais? O Estado pode colocar obstáculos ao exercício da propriedade privada? Pensamento Moderno O Estado, nascido para salvaguardar os direitos naturais (liberdade, propriedade privada e vida) dos cidadãos, não pode agir em sentido contrário, negando-os. E, para proteger o cidadão dos abusos do poder, torna-se necessária a divisão do poder: quem faz as leis não pode ser quem está encarregado de fazer respeitá-las. Antes da politização, os homens se uniam em bandos para se defender e precisavam encontrar um juiz imparcial para servir de árbitro em conflitos internos. O juiz precisava do apoio da comunidade como um todo. Cada indivíduo tinha que reconhecer a autoridade suprema da lei. Há portanto um contrato implícito entre súditos e soberanos: a autoridade deste não é absoluta; ele tem que responder, em última instância, perante a maioria. Se o soberano viola os termos docontrato, os governados têm o direito de se rebelar. De quem é o pensamento acima? Pensamento Moderno 5. Os homens agregam-se em sociedade instintivamente ou por necessidade? Pode-se comparar a sociedade humana com as sociedades criadas pelos animais políticos (abelhas e formigas)? Dentro de que limites o Estado pode exercer a força para impor respeito à lei? Pensamento Moderno Polemizando com a tradicional tese aristotélica, que via na sociedade a necessidade de um instinto primordial, o autor sustenta que não existe sociabilidade instintiva. Entre os indivíduos não existe um amor natural, mas somente uma explosiva mistura de temor e se não fosse pelo Estado haveria uma incontrolável sucessão de violências e excessos. Quanto mais forte é o Estado, menores serão as transgressões. Como todos estariam em melhor situação se cooperassem, deve ser racional para cada um de nós restringir nossa liberdade e cumprir leis, contanto que possamos crer que todos farão o mesmo. A cooperação (sociabilidade) entre os homens não é natural, como se dá com as abelhas e as formigas. O contrato social, pelo qual se estabelece a ordem moral, política e jurídica, vem da necessidade de ACABAR COM O ESTADO DE GUERRA e com a finalidade de CONSERVAR A VIDA. De quem é o pensamento acima? Pensamento Moderno Revisão e dicas As grandes ideologias na história são as seguintes: escravismo (Idade Antiga); ética paternalista cristã (Idade Média) e individualismo (Idade Moderna e Contemporânea). Entre os séc. XV e XVIII perdurou, na Europa Ocidental, o Absolutismo Monárquico (Maquiavel e Hobbes); a partir do séc. XVIII, por meio do Iluminismo (Locke e Rousseau), houve a implantação do Liberalismo Político (Locke) e Econômico (Smith). No séc. XIX, a principal ideologia anti-liberal foi o socialismo científico (Marx). Segundo o contratualismo, o Estado e a sociedade civil surgiram através de um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante. O ponto inicial é o exame da condição humana na ausência de qualquer ordem social estruturada, normalmente chamada de "estado de natureza”. Nesse estado, as ações dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua consciência. Porém, os indivíduo abdicaram da liberdade que possuíam no estado de natureza para obter os benefícios da ordem política. Dica de vídeos: John Adams: minissérie que trata sobre a Independência Americana e a influência de Locke na Constituição dos EUA; Filmes que retratam o período Absolutista: 1) O Absolutismo A ascensão de Luís XIV (http://www.youtube.com/watch?v=jmGq6jJONEI); 2) Rainha Margot; 3) Marquise; 4) Maria Antonieta; Filmes que retratam o período Iluminista: 1) O Germinal; 2) Casanova e a Revolução; Filmes que retratam o Estado de Natureza de Hobbes: 1) A estrada (http://www.youtube.com/watch?v=yFHlWIP2XMs); 2) Ensaio sobre a cegueira; 3) O livro de Eli; Filmes que retratam a política atual: 1) Capitalismo: Uma história de amor; 2) Adeus Lênin (http://www.youtube.com/watch?v=E5oYYNdvERA); Adam Smith e Karl Marx(http://www.youtube.com/watch?v=QOmFyRpTvFM&feature=context&context=C408ec9 7ADvjVQa1PpcFOCiWn95GhqwlqHg0Bob21bpGyETMo-cus=). Pensamento Moderno Kant (1724 - 1804) • Deontologia (dever): Kant critica a teleologia • Boa vontade • Lei moral: DEVER POR DEVER + IMPERATIVO CATEGÓRICO: UNIVERSALISMO ... ou seja, DEVER POR DEVER (sem motivações para si, sem inclinações) + IC ( age de tal forma que a tua ação se transforme em uma lei universal). Ética das intenções: ética dos deveres, dos mandamentos... É também uma ética formalista (não fornece conteúdo, apenas a forma). Para saber se o ato foi ético é necessário saber qual era a intenção do sujeito ao realizar tal ato. A felicidade não é o critério da ação moral e nem as leis e normas ou a autoridade do legislador ou mesmo de Deus. O critério ético para alguém agir moralmente pressupõe a escolha livre de cada ser humano, racional, que pode ou não submeter-se a lei moral determinada unicamente pela sua própria razão crítica (teórica e prática). Age moralmente aquele que é capaz de se autodeterminar, isto é, aquele que é esclarecido e livre para escolher e decidir a partir da lei moral dentro de si (autonomia). Nossa ação será justificável eticamente se puder ser universalizada. Agir segundo inclinações e normas estabelecidas e aceitas socialmente não caracteriza a ação como moralmente válida, correta, boa e justa. 1.3 O critério universalista e o critério consequencialista Universalista DIREITO ABSTRATO (tese) MORALIDADE (antítese) ETICIDADE (síntese) Ser Dever Ser Ser + Dever Ser Pessoa Sujeito Cidadão Vontade como livre arbítrio Vontade Livre Subjetiva Vontade Livre Objetiva A moral kantiana não passa de um formalismo vazio e o imperativo categórico é uma pura indeterminação. É assim que Hegel classifica a ética universalista kantiana, na obra Filosofia do Direito, especialmente no §135. Não adianta criar procedimentos formais para guiar a ação do homem, mas deve-se aponta quais são os princípios conteudísticos para, a partir deles, extrair e estabelecer os deveres particulares. Sem isso, ações injustas e imorais poderiam ser justificadas. Hegel critica o contratualismo e defende a ideia naturalista aristotélica. Na obra Filosofia do Direito ele esboça as patologias sociais típicas da modernidade, através do confronto entre Direito Abstrato (tese) e Moralidade (antítese). A síntese dialética é a Eticidade. Crítica de Hegel ao formalismo kantiano Universalista Revisão e dicas É ético mentir, roubar ou matar? Claro que não! Mas se for para salvar a vida de um inocente? Por exemplo, um amigo seu está fugindo de um assassino que vai matá-lo e se refugia em sua casa. O assassino vai até a sua casa e pergunta se você o viu. O que você faz? Mente? Mas mentir é uma atitude ética? Então, ao mentir você está sendo anti-ético? Ou para salvar a vida de um inocente a mentira não é anti-ética? Enfim, em torno de questionamentos como esses que discutem sobre a universalização de princípios que a ética kantiana se debruça. Segundo Kant, para agir de forma ética deve-se seguir dois pontos: primeiro, o Imperativo Categórico; segundo, agir sem inclinações, ou seja, agir segundo o dever por dever. Vamos entender melhor isso esclarecendo esses dois pontos. O primeiro ponto é o Imperativo Categórico. Ele é uma espécie de lei moral que diz o seguinte: age de tal forma que a tua ação se transforme em uma lei universal. O que quer dizer isso? Simples. Toda vez que formos agir devemos pensar em universalizar a nossa atitude e se todas as pessoas pudessem fazer isso sem problemas para a humanidade, o ato é ético. Por exemplo, mentir não é um ato ético porque não pode ser universalizado. Mas ajudar ao próximo é um ato ético, pois pode ser universalizada. E mentir para salvar a vida de um inocente? Para Kant, mentir jamais será um ato ético, mesmo se for para salvar a vida vide um inocente. O segundo ponto é agir sem inclinações. Toda ação realizada visando algum interesse não é ética. Somente será ética a ação que agir sem querer algo em troca. Esse tipo de ação Kant chama de dever por dever e a ação realizada visando interesses é chamada de dever por inclinação. Por exemplo, fiz uma doação de dinheiro para a caridade. Eu agi de forma ética? Normalmente, a resposta dada é que sim. Mas para a ética kantiana devemos saber se houve ou não interesses pessoais nessa doação. Então, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: qual é a sua intenção? Eu fiz a doação porque me realizo ao poder ajudar o necessitado. Dessa forma, essaação não é considerada ética, pois houve interesses, inclinação, a saber, a auto-realização. Independente de qual for a inclinação, ajudei por acreditar em Deus e achar que Deus gosta disso ou para ser reconhecido pelos outros pela minha ação de ajudar o próximo, enfim, para que a ação seja considerada ética não pode haver interesses. Nesse caso, a ação é considerada ética somente se você ajudou o necessitado sem pensar em receber qualquer coisa em troca. Em resumo, para agir de forma ética devemos primeiro seguir o Imperativo Categórico - agir pensando que o nosso ato pode ser feito por todas as pessoas - e agir sem inclinações, ou seja, seguir o dever por dever. Por exemplo, mentir jamais será um ato porque não passa pelo Imperativo Categórico. Ajudar ao próximo passa pelo Imperativo Categórico, mas será considerado ético somente se você agiu sem interesses, sem inclinações. Dica de Leitura: Resenha sobre a Primeira seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de Kant (http://mateusalvadori.blogspot.com.br/2012/09/resenhasobre-primeira-secao-da.html). Dica de vídeos: O primeiro mentiroso (filme); O Imperativo Categórico kantiano (http://www.youtube.com/watch?v=gGEUQtc9zHc&feature=related). Universalista Utilitarismo de Ato: é a versão mais direta do utilitarismo; uma ação moralmente correta é aquela que produz a maior utilidade no todo. Bentham diz que o que torna as ações boas (ou más) é simplesmente o prazer ou a felicidade (contrastada com a dor e a infelicidade). Mill revisa essa visão e reconhece diferentes qualidades (em oposição a apenas quantidades) de prazer e felicidade. Utilitarismo de Regra: a ação moralmente correta em dada situação é determinada por um conjunto de regras e o conjunto correto de regras é aquele cuja observância geral leva à maior utilidade. Ex.: se cada um seguir uma regra como “não minta” isso pode produzir maior utilidade no todo mesmo que a conformação com essa regra tenha produzido, em alguns casos específicos, menos utilidade. Consequencialista Jeremy Bentham Uma introdução aos princípios da moral e da legislação, de 1789 Nesta obra, Bentham argumenta que todas as decisões sociais e políticas devem ser feitas com o objetivo de alcançar a máxima felicidade possível para o máximo de pessoas possíveis. Ele acredita que o valor moral de tais decisões relaciona-se diretamente com sua utilidade, ou eficiência, em causar felicidade ou prazer. Numa sociedade governada por essa abordagem „utilitarista‟, os conflitos de interesse entre indivíduos poderiam ser resolvidos pelos legisladores, guiados apenas pelo princípio da criação da mais ampla propagação possível de contentamento. Se podemos deixar todo mundo feliz, então, melhor ainda. Mas se uma escolha é necessária, deve-se preferir favorecer a maioria sobre a minoria. Bentham também insistiu que todas as fontes de prazer são de igual valor, de modo que a felicidade proveniente de uma boa refeição ou de um relacionamento íntimo é igual àquela proveniente de uma atividade que possa exigir esforço ou educação, como um debate filosófico ou a leitura de poesia. Isso significa que Bentham admitia uma igualdade humana fundamental, com a felicidade plena sendo acessível a todos, independente de capacidade ou de classe social. Consequencialista John Stuart Mill Utilitarismo, de 1859 “É melhor ser um Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito” As decisões devem ser tomadas sob o princípio do máximo bem possível para o máximo de pessoas possível... Indivíduos devem ser livres (liberalismo) para fazer o que lhes proporcione prazer, ainda que isso possa prejudicá-los... Eles não estão autorizados a fazer coisas que prejudiquem os outros... Os indivíduos podem escolher fazer coisas que afetam seus próprios corpos, mas não o de outra pessoa (princípio do dano)... Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano. Mill apoiava o princípio da felicidade de Bentham, mas o considera carente de praticidade. Seu objetivo era implementá-lo no mundo real (implicações políticas e sociais) e não deixá-lo restrito a decisões morais. A solução seria a „educação‟ e a „opinião pública‟ trabalharem juntas para gerar o bem-estar da sociedade. As pessoas deveriam ser motivadas em agir buscando não somente o seu bem-estar, mas da sociedade. Tal direito deve ser assegurado pelo governo. Mill, diferentemente de Bentham, conferiu mais peso aos prazeres intelectuais, mais elevados, do que aos físicos, mais básicos. Consequencialista Peter Singer Libertação animal, de 1975 O utilitarismo de Singer é baseado no que ele se refere como uma „consideração igual de interesses‟. Dor, ele diz, é dor, seja a sua, a minha ou de qualquer outra pessoa. O âmbito no qual animais não humanos podem sentir dor é o âmbito no qual devemos levar seus interesses em consideração quando tomamos decisões que afetam suas vidas – abstendo-nos de atividades que causem tal dor. No entanto, como todo utilitarista, Singer aplica o „princípio da máxima felicidade possível‟. Singer ressalta que nunca disse que experimentos com animais são injustificáveis. Mais exatamente, ele apenas afirma que devemos julgar as ações por suas consequências, e „os interesses dos animais contam entre essas consequências‟ – eles são parte da equação. Consequencialista 1. Um navio de passageiros embate num icebergue. Os trinta sobreviventes, entre os quais se inclui o capitão do navio, têm de se apertar no único barco salva-vidas em condições, destinado a servir apenas sete pessoas. Rapidamente se torna evidente que o barco não agüenta muito tempo com tanto peso, sobretudo perante a ameaça de uma tempestade iminente. Se nada se fizer, o barco depressa vai ao fundo e todos acabarão por morrer. A única hipótese de sobrevivência de alguns está no sacrifício de outros. O capitão tem uma arma de fogo. Como deve agir? Responda a partir do universalismo kantiano ou do consequencialismo utilitarista. Universalista e consequencialista 2. No seu país, a tortura de prisioneiros de guerra é proibida. Você é tenente do Exército e recebe um prisioneiro recém- capturado que grita: 'Alguns de vocês morrerão às 21h35'. Suspeita-se que ele sabe de um ataque terrorista a uma boate. Para saber mais e salvar civis, você o torturaria? Responda a partir do universalismo kantiano ou do consequencialismo utilitarista. Universalista e consequencialista 3. Um amigo quer lhe contar um segredo e pede que você não conte a ninguém. Ele conta que atropelou um pedestre e, por isso, vai se refugiar na casa de uma prima. Quando a polícia lhe procura querendo saber do amigo, o que você faz? Responda a partir do universalismo kantiano ou do consequencialismo utilitarista. Universalista e consequencialista 4. Imagine que é um prisioneiro num campo de concentração. Um guarda está prestes a enforcar o teu filho que tentou escapar e quer que sejas tu a executá-lo. O guarda diz que, caso não o faças, não só ele irá matar o teu filho, como também outro prisioneiro inocente. Não tens qualquer dúvida de que ele o consegue fazer. Responda a partir do universalismo kantiano ou do consequencialismo utilitarista. Universalista e consequencialista Utilitarismo (útil): teleologia hedonismo (máxima felicidade) sentimentos sociais imparcialidade consequencialismo Lei moral: Maior felicidade ao maior número (de forma imparcial). Autores: Bentham, Stuart Mill, Peter Singer... De quem sente dor / prazer O bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor e o sofrimento das pessoas. Quanto maior o número de pessoas contempladas e quanto melhor a qualidade do benefício das ações a serem realizadas, mais valor do ponto de vista ético. Nessa perspectiva ética as conseqüências da ação são semprelevadas em conta a partir do princípio que visa o bem-estar social e a maximização do benefício. O principio da ‘máxima felicidade’ ou do ‘útil’ considera que uma ação correta é aquela que tende a promover a felicidade e o prazer e é uma ação errada quando gera dor e sofrimento. A autopreservação é um princípio universal, assim como o princípio da máxima felicidade é universal, porém ambos os princípios ao serem aplicados em determinadas situações revelam dificuldades de aplicação como: o tipo de liberdade e de direitos que devem ser defendidos e como conciliar o bem comum e os interesses individuais. Consequencialista Revisão e dicas O princípio que rege o utilitarismo é o da maior felicidade ao maior número (imparcialmente). Ele difere da teoria kantiana por ser consequêncialista, ou seja, as consequências de uma ação irão guiar a própria ação. Kant é universalista (defende certos princípios como universais). Ex.: para salvar civis, você torturaria um prisioneiro para obter informações sobre um ataque terrorista? O consequêncialista diria que se isso gerar maior felicidade ao maior número, sim; o universalista diria que não, pois ele preza por princípios universais. O bem seria aquilo que maximiza o benefício e reduz a dor e o sofrimento das pessoas. Quanto maior o número de pessoas contempladas e quanto melhor a qualidade do benefício das ações a serem realizadas, mais valor do ponto de vista ético. Nessa perspectiva ética as conseqüências da ação são sempre levadas em conta a partir do princípio que visa o bem-estar social e a maximização do benefício. O principio da máxima felicidade ou do útil considera que uma ação correta é aquela que tende a promover a felicidade e o prazer e é uma ação errada quando gera dor e sofrimento. A autopreservação é um princípio universal, assim como o princípio da máxima felicidade é universal, porém ambos os princípios ao serem aplicados em determinadas situações revelam dificuldades de aplicação como: o tipo de liberdade e de direitos que devem ser defendidos e como conciliar o bem comum e os interesses individuais. Dica de vídeos: A Batalha de Argel (filme): narra a luta para a descolonização da FLN (Frente de Libertação Nacional) da Argélia com o exército francês e mostra o dilema da tortura para obter informações; Caminho para Guantanamo (documentário); Ameaça Terrorista (filme); É justificável torturar para obter informações? (http://www.youtube.com/watch?v=wTFWa-cjceM); Pai e filho (http://www.youtube.com/watch?v=DUMnyoT1K_c); Limite vertical (http://www.youtube.com/watch?v=jAKfWBEvCL4). Consequencialista 2. Temas Kant (precursor) Neokantianos, Rawls, Habermas, Apel, Kohlberg, Hare, Tugendhat, Thomas Nagel, Charles Larmore, Frederic Hayek, Nozick, Dworkin, Bruce Ackerman… 2.1 Formas de Estado: ideal liberal ou bem comum? Ideal Liberal Características dos liberais-universalistas - A justiça é universal; - É imparcial e não valoriza o pluralismo; - Ex.: individualismo radical: Libertarismo (Nozick). - Defendem o universalismo: considera o homem universalmente e desconsidera as características culturais; Ideal Liberal UNIVERSALIZAÇÃO NA ÉTICA A primeira grande proposta da universalização da moralidade é de Kant. Querendo propor um procedimento universal, ele ressalta que o ponto de partida não pode ser algo empírico, pois isso atrapalharia a busca pela universalidade. Por isso, a busca pelo princípio da moralidade deve seguir a via formal (filosofia pura). Tanto na razão teórica quanto na razão prática, Kant visa elaborar uma teoria distante do conteúdo empírico. A elaboração do seu princípio da universalidade parte de elementos a priori oriundos da razão pura. “A [...] formulação nada mais é, porém, do que a busca e a fixação do princípio supremo da moralidade, o que constitui só por si no seu propósito uma tarefa completa e bem distinta de qualquer outra investigação moral” (FMC, 1986, p. 19). Ideal Liberal Para Habermas, o teste de universalização acontece na roda discursiva. Para ser moralmente válida, a norma ou ação tem de poder ser aceita como lei por todos os possíveis concernidos. Se a pretensão normativa subjetiva não for aceita por todos, então é rejeitada como imoral. Diferentemente de Kant, essa tentativa de universalização é feita na roda do discurso onde todos os sujeitos capazes de linguagem e ação devem fazer parte. A grande diferença em relação a Kant, é que em Habermas a norma universalizada não são absolutas ou válidas sempre. Desde que haja boas razões, as normas estão sempre sujeitas à reformulação. Rawls afirma que uma sociedade bem ordenada compartilha de uma concepção pública de justiça que regula a estrutura básica da sociedade. Ao retomar a figura do contrato social como método, Rawls não tem como objetivo fundamentar a obediência ao Estado (como na tradição do contratualismo clássico de Hobbes, Locke e Rousseau). Ligando-se a Kant (construtivismo kantiano), a idéia do contrato é introduzida como recurso para fundamentar um processo de eleição de princípios de justiça. Os princípios são: liberdade e igualdade. Por ser liberal, o princípio mais importante é o da liberdade. Mas, vinculando os dois princípios, pode-se chamar Rawls de “liberal igualitário”. Ideal Liberal Robert Nozick Anarquia, Estado e utopia (1974) Os indivíduos têm direitos. Quanto espaço os direitos dos indivíduos deixam ao Estado? “O Estado deve ser mínimo, reduzido estritamente às funções de proteção contra a força, o furto, a fraude, e execução dos contratos...” A propriedade de uma pessoa é justa se a pessoa tem direito a ela graças a princípios de justiça na aquisição e na transferência. Existem apenas indivíduos. E qual será a sociedade ideal para todos os indivíduos? Não há uniformidade sobre o ideal de vida melhor, e a ideia de sociedade perfeita não tem nenhum fundamento. Por isso, aquilo que é verdadeiramente necessário é um palco para utopias, um posto em que a pessoa é livre de associar-se voluntariamente para perseguir e tentar realizar sua própria visão de uma vida boa em uma comunidade ideal, mas em que ninguém pode impor sua própria visão utópica. E esse palco para utopias é exatamente o Estado mínimo: o único moralmente legítimo e tolerável, o que melhor do que todos realiza as aspirações utópicas de fileiras de sonhadores e de visionários. O Estado mínimo nos trata como indivíduos inviolados, como pessoas que tem direitos individuais com toda a dignidade que daí provém. Ideal Liberal Políticas libertárias Por exaltar a liberdade em todos os aspectos, esta filosofia política apoia: a total igualdade de direitos civis entre pessoas do mesmo sexo, igualdade entre gêneros, a legalização do aborto, pesquisa em células-tronco, legalização da cannabis sativa como o uso de outras drogas (por ser o direito de liberdade de uso do consumidor), a legalização da eutanásia e a presença de um Estado totalmente laico devido à liberdade religiosa. Portanto, o Libertarianismo apoia que os direitos de liberdade de expressão, liberdade mental (ou de pensamento), direitos fundamentais, liberdade religiosa e qualquer outra liberdade individual. Também é destacável a total "desburocratização" estatal, a intervenção mínima do Estado, livre mercado e a redução de impostos. Ideal Liberal O que os libertários aceitam? Aborto:... ? Casamento homossexual:... ? Uso de drogas:... ? Eutanásia:... ? Fumar num bar:... ? Prostituição:... ? Automutilação:...... ? Beber e dirigir (lei seca):... ? Homicídio:... ? Furto / Roubo:... ? Leis que obrigam usar cinto de segurança: ... ? Leis que obrigam ao uso de capacetes para motociclistas:... ? Impostos para redistribuição de riqueza:... ? Ideal LiberalSe a teoria libertária dos direitos estiver correta, muitas atividades do Estado moderno são ilegítimas e violam a liberdade. Apenas um Estado mínimo – aquele que faça cumprir contratos, projeta a propriedade privada contra roubos e mantenha a paz – é compatível com a teoria libertária dos direitos. Qualquer Estado que vá além disso é moralmente injustificável. O libertário rejeita três tipos de diretrizes e leis que o Estado moderno normalmente promulga: 1) Nenhum paternalismo. Os libertários são contra as leis que protegem as pessoas contra si mesmas. As leis que tornam obrigatório o uso do cinto de segurança são um bom exemplo, bem como as leis relativas ao uso de capacetes para motociclistas. Embora o fato de dirigir uma moto sem capacete seja uma imprudência, e mesmo considerando que as leis sobre o uso de capacete salvem vidas e evitem ferimentos graves, os libertários argumentam que elas violam o direito do indivíduo de decidir os riscos que quer assumir. Desde que não haja riscos para terceiros e que os pilotos sejam responsáveis pelas próprias despesas médicas, o Estado não tem o direito de ditar a que riscos eles podem submeter seu corpo e sua vida. 2) Nenhuma legislação sobre a moral. Os libertários são contra o uso da força coercitiva da lei para promover noções de virtude ou para expressar as convicções morais da maioria. A prostituição pode ser moralmente contestável para muitas pessoas, mas não justifica leis que proíbam adultos conscientes de praticá-las. Em determinadas comunidades, a maioria pode desaprovar a homossexualidade, mas isso não justifica leis que privem gays e lésbicas do direito de escolher livremente os parceiros sexuais. 3) Nenhuma redistribuição de renda ou riqueza. A teoria libertária dos direitos exclui qualquer lei que force algumas pessoas a ajudar outras, incluindo impostos para redistribuição de riqueza. Embora seja desejável que o mais abastado ajude o menos afortunado – subsidiando suas despesas de saúde, moradia e educação -, esse auxílio deve ser facultativo para cada indivíduo, e não uma obrigação ditada pelo governo. De acordo com o ponto de vista libertário, taxas para redistribuição são uma forma de coerção e até mesmo de roubo. O Estado não tem mais direito de forçar o contribuinte abastado a apoiar os programas sociais para o pobre do que um ladrão benevolente de roubar o dinheiro do rico para distribuí-lo entre os desfavorecidos (cf. SANDEL, Justiça, p. 79-80). Ideal Liberal ESTADO MÍNIMO Em 2007, o Dr. Jack Kervorkian, de 79 anos, deixou a prisão em Michigan após cumprir uma pena de oito anos por ter administrado drogas letais a pacientes terminais que queriam morrer. Sua liberdade foi condicionada à promessa de não mais assistir pacientes que quisessem cometer suicídio. Nos anos 1990, o Dr. Kervorkian (que ficou conhecido como ‘Dr. Morte’) defendeu leis que permitissem o suicídio assistido e pôs em prática suas ideias, ajudando 130 pessoas a pôr um fim à sua vida. Ele só foi acusado, julgado e condenado por assassinato de segundo grau depois de ter permitido a divulgação, no programa 60 Minutes da rede de televisão CBS de um vídeo que o mostrava em ação, aplicando uma injeção letal em um homem que sofria de síndrome de Lou Gehrig. O suicídio assistido é ilegal em Michigan, estado de origem do Dr. Kevorkian, e em todos os demais estados, exceto em Oregan e Washington. Muitos países proíbem o suicídio assistido e apenas alguns poucos (o mais famoso caso é a Holanda) permitem-no abertamente. À primeira vista, o argumento a favor do suicídio assistido parece ser a aplicação da cartilha da filosofia libertária. Para os libertários, as leis que proíbem o suicídio assistido são injustas pela seguinte razão: se a minha vida pertence a mim, devo ser livre para desistir dela. E, se eu fizer um acordo voluntário com alguém que se disponha a me ajudar, o Estado não tem o direito de interferir. Entretanto, a permissão do suicídio assistido não depende necessariamente da ideia de que somos donos de nós mesmos ou de que nossas vidas pertencem a nós. Muitas pessoas que defendem o suicídio assistido não invocam direitos de propriedade, mas falam em termos de dignidade e compaixão. Argumentam que pacientes terminais que passam por um grande sofrimento devem ter permissão para apressar sua morte, em vez de prolongar uma dor excruciante sem esperança. Mesmo aqueles que acreditam que temos o dever de preservar a vida humana podem concluir que, em determinados momentos, os apelos à compaixão devem prevalecer sobre o dever de manter uma pessoa viva. Quando se trata de pacientes terminais, é muito difícil de dissociar a argumentação libertária a favor do suicídio assistido dos argumentos da compaixão (cf. SANDEL, Justiça, p. 92-3). SUICÍDIO ASSISTIDO Ideal Liberal A maioria dos países proíbe a compra e a venda de órgãos para transplantes. Nos EUA, pode-se doar um dos rins, mas não é permitido pô-lo à venda. Entretanto, algumas pessoas acham que essas leis deveriam ser modificadas. Elas argumentam que, a cada ano, milhares de pessoas morrem à espera de um transplante de rim – e que a oferta aumentaria se existisse um livre mercado para esses órgãos. Elas acham, também, que as pessoas que precisam de dinheiro deveriam ter liberdade para vender os próprios rins se quisessem. Um dos argumentos para que a compra e a venda sejam permitidas baseia-se na noção libertária de que o indivíduo é dono de si mesmo: se sou dono do meu corpo, deveria ser livre para vender meus órgãos quando quisesse. Conforme Nozick, ‘o ponto central da noção do direito de propriedade de X é o direito de determinar o que deverá ser feito com X. No entanto, poucos defensores da venda de órgãos adotam inteiramente a lógica libertária. Eis por quê: a maioria dos que propõe o comércio de rins enfatiza a importância moral de se salvarem vidas e o fato de que quase todos aqueles que doam um dos rins conseguem viver apenas com o outro. Mas, se você acreditar que seu corpo e sua vida são sua propriedade, nada disso será realmente importante. Se você é dono do seu corpo, seu direito de usá-lo como bem desejar já é motivo suficiente para que você possa vender parte dele. As vidas que serão salvas ou o bem que será feito não vêm a acaso. Para ver como isso funciona, imaginemos dois casos atípicos: primeiramente, imaginemos que o suposto comprador de um de seus rins seja perfeitamente saudável. Ele lhe oferece 100 mil reais por um rim, não porque precise desesperadamente de um transplante, e sim por ser um excêntrico negociante de obras de arte que vende órgãos humanos para clientes abastados por motivos fúteis. A compra e a venda de rins por motivos fúteis deveriam ser permitidas? Se você acredita que somos donos do nosso corpo, terá dificuldades de dizer não. Evidentemente, você abominaria o uso inconsequente de partes do corpo e seria favorável apenas à venda delas para salvar vidas. Mas, se sustentar essa opinião, sua defesa do comércio de órgãos não estaria baseada nas premissas libertárias. Você estaria admitindo que não temos um direito de propriedade ilimitado sobre nossos corpos. Consideremos agora um segundo caso. Suponhamos que um agricultor de um vilarejo indiano deseje, mais do que qualquer outra coisa no mundo, enviar seu filho para a faculdade. Para obter o dinheiro, ele vende um dos rins a um brasileiro rico que precise de um transplante. Alguns anos mais tarde, quando se aproxima a época do segundo filho do agricultor ir para a faculdade, outro comprador chega ao vilarejo e oferece um preço convidativo pelo outro rim. Deveria ele ser livre para vender o outro também, mesmo que isso o levasse à morte? Se a questão moral da venda de órgãos se basear no conceito da propriedade de si mesmo, a resposta deve ser sim. Na década de 1990, um presidiário na Califórnia tentou doar o segundo rim para a filha. A comissão de ética do hospital não concordou (cf. SANDEL, Justiça, p. 90-1-2). VENDENDO RINS IdealLiberal Em 2001, um estranho encontro teve lugar na cidade alemã de Rotenburg. Bernd-Jurgen Brandes, um engenheiro de software de 43 anos, respondeu a um anúncio na internet que procurava alguém disposto a ser morto e comido. O anúncio havia sido colocado por Armin Meiwes, técnico de informática de 42 anos. Meiwes não oferecia compensação financeira, apenas a experiência em si. Cerca de duzentas pessoas responderam ao anúncio. Quatro foram até a fazenda de Meiwes para uma entrevista, mas decidiram que não estavam interessadas. Brandes, entretanto, depois de uma conversa informal com Meiwes, resolveu aceitar a proposta. Meiwes matou seu visitante, cortou o corpo dele em pedaços e os guardou em sacos plásticos no freezer. Quando foi preso, o ‘Canibal de Rotenburg’ já havia comido quase vinte quilos de sua vítima voluntária, cozinhando partes dela em azeite de oliva e alho. Meiwes foi levada a julgamento e seu caso chocante fascinou o público, chagando a confundir o júri. A Alemanha não tem leis contrárias ao canibalismo. O acusado não poderia ser condenado por assassinato, segundo a defesa, porque a vítima participara voluntariamente da própria morte. O advogado de Meiwes alegou que seu cliente só poderia ser acusado pelo crime de ‘matar por solicitação’, uma forma de suicídio assistido cuja pena não ultrapassa cinco anos. A corte resolveu a questão indiciando Meiwes por homicídio involuntário e condenando-o a oito anos e meio de reclusão. Dois anos mais tarde, no entanto, uma corte de apelação considerou a sentença muito branda e o condenou a prisão perpétua. A história sórdida teve um desfecho inusitado, e o assassino canibal tornou-se declaradamente vegetariano na prisão, alegando que a criação de animais de corte seria desumana. O canibalismo consensual entre adultos representa o teste definitivo para o princípio libertário da posse de si mesmo pelo indivíduo e da ideia de justiça dele decorrente. É uma forma extrema de suicídio assistido. Visto que não tem nenhuma relação com o alívio da dor de um doente terminal, a única justificativa cabível é que somos os donos de nosso corpo e nossa vida e podemos fazer com eles o que bem entendermos (cf. SANDEL, Justiça, p. 93-4). CANIBALISMO CONSENSUAL Ideal Liberal ORIGEM DO ESTADO: 1. Teoria Naturalista (orgânica / impulso associativo): o Estado é natural. Pensadores: Aristóteles, Hegel... Dessa teoria surge o Estado Social de Direito. 2. Teoria Contratualista: o Estado é artificial (foi criado através do contrato). Pensadores: Hobbes, Locke, Rousseau, Kant... Dessa teoria surge o Estado Liberal de Direito. ESTADO DE DIREITO: 1. Estado LIBERAL de Direito: contratualista; prega a não intervenção do Estado na política e na economia; LIBERDADE. 2. Estado SOCIAL de Direito: naturalista; prega a intervenção do Estado na política e na economia; IGUALDADE. 3. Estado DEMOCRÁTICO de Direito: busca a síntese do Estado Liberal e Social; LIBERDADE E IGUALDADE. Ideal Liberal O IDEAL LIBERAL: A liberdade individual é o valor supremo do liberalismo, que defende o direito dos cidadãos de agir e falar como bem entendem. O ideal liberal implica deixar o cidadão livre para perseguir sua ideia da vida boa, independente do que ela envolva, sem interferência do Estado. Uma linha teórica do ideal liberal é o LIBERTARISMO. Ele presta menos atenção à desigualdade e luta pela liberdade irrestrita do indivíduo em ação no mundo privado do livre mercado. Os libertaristas querem o Estado reduzido à sua função essencial de fornecer segurança. Isto tem o benefício adicional de manter os impostos tão baixos quanto possível, deixando às pessoas a máxima liberdade para gastar seu dinheiro como querem. Nessa visão da sociedade, o mercado é todo-poderoso. Conforme Milton Friedman (1912 – 2006), ganhador do Nobel de 1976 e um grande expoente do liberalismo, “se puserem o governo federal para administrar o Deserto do Saara, em cinco anos faltará areia”. Ideal Liberal Revisão e dicas A liberdade individual é o valor supremo do liberalismo, que defende o direito dos cidadãos de agir e falar como bem entendem. O ideal liberal implica deixar o individuo livre para perseguir sua ideia da vida boa, independente do que ela envolva, sem interferência do Estado. A teoria em questão não tem como objetivo prestar menos atenção à desigualdade. Ela luta pela liberdade irrestrita do indivíduo em ação no mundo privado do livre mercado. Ela quer o Estado reduzido à sua função essencial de fornecer segurança. Isto tem o benefício adicional de manter os impostos tão baixos quanto possível, deixando às pessoas a máxima liberdade para gastar seu dinheiro como querem. Características da teoria libertária: surge a partir da teoria contratualista; prega um Estado não interventor; defende a liberdade negativa o princípio do dano; defende a ideia de indivíduo, atomismo e individualismo; sustenta a liberdade de consciência, respeito pelos direitos do indivíduo e desconfiança frente à ameaça de um Estado paternalista; defende éticas procedimentais, atiperfeccionistas ou neutralistas. Se a teoria libertária dos direitos estiver correta, muitas atividades do Estado moderno são ilegítimas e violam a liberdade. Apenas um Estado mínimo – aquele que faça cumprir contratos, projeta a propriedade privada contra roubos e mantenha a paz – é compatível com a teoria libertária dos direitos. Qualquer Estado que vá além disso é moralmente injustificável. Dica de vídeos: Leis antifumo (http://www.youtube.com/watch?v=YDuqT6wyups); O que significa ser um libertário? (http://www.youtube.com/watch?v=-fD94JsIqB0); O legado da Dama de Ferro (http://www.youtube.com/watch?v=gPNKzNfihKE); Uma introdução ao Libertarianismo (http://www.youtube.com/watch?v=8BXqMusqtGE). Ideal Liberal Resolução n° 196 do Conselho Nacional do Ministério da Saúde, de 10 de outubro de 1996, estabelece que a eticidade em pesquisa biomédica implica • Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia); • Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; • Garantia de que danos previsíveis serão evitados (não-maleficência); • Relevância social da pesquisa, com vantagens significativas para os sujeitos da pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio- humanitária (justiça e equidade). Bioética João e Maria são dois aposentados e Testemunhas de Jeová. A vida do casal é de devoção e fé. Maria foi diagnosticada como portadora de anemia falciforme e deve, com urgência, realizar uma transfusão de sangue. Porém, para os adeptos dessa religião, a Bíblia é clara ao proibir a transfusão de sangue. Os médicos tentaram convencer o casal, mas não adiantou. Por isso, os médicos ingressaram com uma ação judicial afim de realizar a transfusão, pois somente assim ela iria sobreviver. Você, sendo o juiz desse caso, como decidiria? Bioética • Atualmente no Brasil, do ponto de vista estritamente legal, é pacífico na doutrina e na jurisprudência que, em caso de morte iminente, o médico tem o dever ético- profissional e legal de ministrar sangue ao paciente, caso, obviamente, não haja a MENOR possibilidade de aplicação dos métodos alternativos. • Respeita-se, fundamentalmente, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (previsto no art. 1º, inciso III da CRFB/1988) e a liberdade de crença (art. 5º, inc. VI e inc. VIII da CRFB/1988), assim como os princípios bioéticos da Autonomia, da Beneficência e da Justiça. Bioética
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