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Curso PEDAGOGIA Disciplina GESTÃO EDUCACIONAL II Dinair da HORA 2011.1 S o b re a a u to ra Olá caros(as) estudantes! Meu nome é DINAIR LEAL DA HORA. Sou formada em Pedagogia e Letras, especialista em Planejamento e Avaliação Educacional pela Unama; Mestre em Educação: Supervisão e Currículo pela PUC/SP; Doutora em Educação: Administração e Supervisão Educacional pela UNICAMP e Pós-doutora em Educação: Administração Escolar e Economia da Educação pela USP. Atualmente sou pesquisadora e professora no curso de Pedagogia e do mestrado em Educação, Comunicação e Cultura da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense – FEBF/UERJ e Analista em Ciência e Tecnologia da Fundação Oswaldo Cruz. Nesses cargos desenvolvo atividades relativas à formação inicial e continuada de educadores, tanto para o exercício da docência básica e do ensino superior, como na formação dos profissionais da gestão educativa. Participo em diversos eventos científicos, nacionais e internacionais, apresentando os resultados de meus trabalhos na área da política educacional, além de ser autora de livros e artigos que tratam em especial do campo da gestão democrática de sistemas educacionais e instituições escolares. Espero que, no desenvolvimento deste módulo possamos, eu e vocês, estabelecer uma relação de aprendizagem bastante produtiva, consistente, criativa e prazerosa. Um grande abraço! S u m á r io 07 Apresentação 09 Aula 1 Formação e competências do pedagogo no contexto atual 29 Aula 2 Pedagogia pára-além da escola 69 Aula 3 Pedagogia empresarial: um campo em expansão 99 Aula 4 Pedagogia no terceiro setor 121 Aula 5 Planejamento e gestão de projetos sócio-educacionais 149 Referências bibliográficas Gestão Educacional II C A D E R N O D E E S T U D O S A p re s e n ta ç ã o Prezados(as) alunos(as), a disciplina Gestão Educacional II tem como finalidade mais ampla complementar e aprofundar seus conhecimentos sobre gestão, trazendo novas informações e discutindo outros assuntos que você precisa apreender sobre a ação do pedagogo. Neste caderno trataremos de temas referentes à formação e aos saberes colocados para o pedagogo, definidos pelas novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Pedagogia que inclui além dos conhecimentos escolares, os novos campos de atuação que exigem conhecimentos pedagógicos o que amplia o campo de trabalho do pedagogo. Discutiremos a ação dos pedagogos nas instituições de saúde, nas instituições judiciárias, nos museus e nos meios de comunicação de massa e daremos destaque à pedagogia no campo empresarial e nas organizações não governamentais, chamada de terceiro setor. Como instrumentalização para o trabalho do pedagogo, apresentaremos formas de planejar e gerir projetos sócio-educacionais, necessários para atuar em espaços não escolares. Esses conteúdos são necessários para ampliarmos e aprofundarmos nossos saberes e fazeres do profissional pedagogo no contexto atual. O b je ti v o s g e ra is Este caderno de estudos tem como objetivos: Analisar as novas determinações para a formação do pedagogo na educação brasileira, identificando as competências necessárias para o exercício da profissão. Conhecer as ações do pedagogo em instituições não escolares (hospitais, justiça, museus, meios de comunicação de massa). Compreender princípios e métodos da pedagogia empresarial, apropriando-se de fundamentos adequados ao trabalho na educação corporativa. Discutir as concepções e as práticas da ação pedagógica no terceiro setor, identificando atividades executadas pelo pedagogo em organizações não-governamentais. Aplicar os conhecimentos técnicos na elaboração e gestão de projetos sócio-educativos. Formação e competências do pedagogo no contexto atual Dinair Leal da Hora A U L A 1 A p re s e n ta ç ã o Esta aula, intitulada formação e competências do pedagogo atual apresenta conteúdos organizados em dois itens. O primeiro item traz uma discussão a respeito das novas diretrizes para o curso de Pedagogia, que expressam os princípios organizativos e a concepções do processo de formação dos pedagogos. No segundo item temos a apresentação dos novos saberes e fazeres para o pedagogo, destacando as competências e habilidades para atuação tanto no campo da docência como na gestão educacional. Durante seus estudos desta aula, procure refletir sobre as novas exigências que hoje são postas para a sua futura profissão, focando sua atenção nos destaques apontados, procurando ler os textos indicados, realizando as atividades propostas tendo como propósito sempre o alcance de uma formação consistente para que sua prática profissional seja qualitativa. Bom trabalho! O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Identificar os principais elementos presentes nas novas diretrizes curriculares para o curso de Pedagogia; Reconhecer os novos saberes e fazeres, competências e habilidades para o pedagogo no atual contexto da educação brasileira. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 9 Introdução Desde os meados da década de 1980 do século XX, os cursos de Pedagogia ministrados no Brasil organizavam-se de duas formas: uma que era de acordo com o modelo tradicional definido pelo Parecer do Conselho Federal de Educação – CFE no. 252/69, que formava profissionais habilitados para exercer a docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério em nível médio e profissionais licenciados conhecidos como especialistas, para atuarem nas escolas e nos sistemas de ensino, exercendo as funções de administradores escolares, supervisores e orientadores educacionais e inspetores do ensino. A segunda forma de organização do curso de Pedagogia apresentava um novo modelo, que formava licenciados habilitados para o exercício do magistério nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, em alguns casos, na Educação Infantil e para o magistério das disciplinas pedagógicas do nível médio. A implantação desse novo modelo por diferentes instituições de ensino superior foi acolhida pelo CFE, que autorizou as primeiras experiências e, posteriormente, pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, através de Pareceres específicos. De acordo com o Parecer CFE nº 252/69, o curso de pedagogia tinha por finalidade preparar profissionais para o setor da educação, contando com uma parte comum e outra diversificada. A primeira constituída por matérias básicas à formação de qualquer profissional da área e a segunda, já propriamente profissionalizante, correspondendo “desde logo” às necessidades pedagógicas mencionadas na Lei nº 5.540/68. As disciplinas profissionalizantes definidas no art. 30 da Lei nº 5540/68 e ampliadas pelo parecer CFE nº 252/69 Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 10 contaram com as seguintes habilitações, a serem oferecidas em nível de graduação: Magistério das Disciplinas Pedagógicas do Segundo Grau, Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar (...) O curso de Pedagogiareestruturado pelo Parecer CFE nº 252/69, privilegiou o modelo tecnicista de formação de professores e de especialistas, proporcionando a fragmentação do trabalho pedagógico e contribuindo para dividir a formação do pedagogo em habilitações técnicas na graduação. (Fonseca, 2006) É importante destacar que este segundo modo de organização do curso de Pedagogia – formação de professores – tornou-se predominante na década de 90 sem, contudo, o antigo modelo ter sido extinto. Assim, muitas Instituições de Ensino Superior – IES agregaram à habilitação para o magistério, uma ou mais habilitações de especialistas, obedecendo parcialmente ao Parecer CFE 252/69. Este predomínio foi uma decorrência natural do entendimento cada vez mais claro da urgência em realizar uma formação em nível superior às novas gerações de professores, como instrumento de aperfeiçoamento profissional e, conseqüentemente, de melhoria do ensino fundamental e da educação infantil do país. No processo de consolidação do novo modelo de curso, boa parte das instituições formadoras tem contemplado o atendimento a demandas sociais específicas com a oferta de disciplinas optativas, enriquecimento curricular, cursos de extensão e desenvolvimento de projetos especiais. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 11 Nesta última categoria, encontra-se a formação para a docência na Educação de Jovens e Adultos, na Educação Indígena, na Educação para os portadores de necessidades educativas especiais, entre outras, a partir da capacidade instalada e do desenvolvimento da pesquisa das respectivas áreas nessas instituições. Porém, a maioria das práticas inovadoras que foram adotadas na renovação dos Cursos de Pedagogia nos últimos quinze anos foram ignoradas pelos reformadores oficiais que instauraram uma nova ordem para a educação do país, no momento da elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases, a LDB nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Nesta aula trataremos dos principais elementos presentes nas novas diretrizes curriculares para o Curso de Pedagogia e dos novos saberes para os profissionais da Pedagogia. LEI No. 9.394/96 TÍTULO VI Dos Profissionais da Educação Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 12 II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós- graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho.. § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 13 Diante das sucessivas determinações legais que se procuravam regulamentar os dispositivos da Lei, instituições, entidades de classe e educadores responsáveis pelos cursos de Pedagogia, foram em busca de diálogo com o Conselho Nacional de Educação e com o Ministério de Educação, procurando não apenas tornar claros os dados da realidade dos Cursos, mas também explicitar as razões de seu desacordo com os rumos traçados pelas novas políticas governamentais em relação aos mesmos. Os resultados dessa busca revelam-se na RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 15 DE MAIO DE 2006 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. DIRETRIZES CURRICULARES PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia – DCN-Pedagogia, expressas nos Pareceres CNE/CP n. 05/2005, 01/2006 e na Resolução CNE/CP n. 01/2006, marcam novo tempo e apontam para novos debates no campo da formação do profissional da educação no curso de Pedagogia, na intenção de aprofundar e consolidar sempre mais as § 2o Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. Quer saber mais? Quer saber mais sobre as Diretrizes Curriculares do curso de Pedagogia, acesse o endereço a seguir: http://www.ced. ufsc.br/nova/ Documentos%20das %20entidades/ PropostaForumdir DCNs.htm Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 14 discussões, as reflexõesnesse campo. Esse aprofundamento contribui para a compreensão mais clara e precisa dos contornos e das perspectivas que essa formação poderá assumir na organização dos currículos do curso e nas práticas de formação decorrentes das diretrizes aprovadas. As DCN-Pedagogia definem a sua destinação, sua aplicação e a abrangência da formação a ser desenvolvida nesse curso e aplicam-se: a) à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental; b) aos cursos de ensino médio de modalidade normal e em cursos de educação profissional; c) à área de serviços e apoio escolar; d) a outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim definida abrange, integradamente à docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas (Parecer CNE/CP n.05/2005, p. 6). Assim, concretiza-se um amplo horizonte para a formação e atuação profissional dos pedagogos. Tal perspectiva é reforçada nos artigos 4° e 5° da Resolução CNE/CP n. 01/2006, que definem a finalidade do Curso de Pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso: Art. 4º - O curso de Licenciatura em pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 15 Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. Diante desses dispositivos, define-se, pois, que a formação no curso de Pedagogia deve assegurar a articulação entre a docência, a gestão educacional e a produção do conhecimento na área da educação. Com essa determinação, o legislador afasta a possibilidade de redução do curso a uma formação restrita à docência das séries iniciais do ensino fundamental e aproxima-se, dessa forma, das propostas de diretrizes apresentadas pela Comissão de Especialistas de Pedagogia de 1999. A docência nas DCN-Pedagogia não é entendida no sentido restrito do ato de ministrar aulas. O sentido da docência é ampliado, uma vez que se articula à idéia de trabalho pedagógico, a ser desenvolvido em espaços escolares e não-escolares, assim sintetizado no Parecer CNE/CP n. 05/ 2005 (p. 7): Entende-se que a formação do licenciado em pedagogia fundamenta- se no trabalho pedagógico realizado Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 16 em espaços escolares e não-escolares, que tem a docência como base. Nesta perspectiva, a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia. Dessa forma, a docência, tanto em processos educativos escolares como não escolares, não se confunde com a utilização de métodos e técnicas pretensamente pedagógicos, descolados de realidades históricas específicas. Constitui-se na confluência de conhecimentos oriundos de diferentes tradições culturais e das ciências, bem como de valores, posturas e atitudes éticas, de manifestações estéticas, lúdicas, laborais. Deste modo, o trabalho docente e a docência implicam uma articulação com o contexto mais amplo, com os processos pedagógicos e os espaços educativos em que se desenvolvem e, ao mesmo tempo exigem o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica da realidade em que se situam esses processos educativos. Com esta concepção, as práticas educativas definem-se e realizam-se mediadas pelas relações socioculturais, políticas e econômicas do contexto em que se constroem e reconstroem. EXERCÍCIO 1 Apresente a sua compreensão sobre o significado de docência expresso nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 17 ____________________________________________ ____________________________________________ Assim, a partir do horizonte definido para a formação do profissional da educação no curso de Pedagogia, as Diretrizes Curriculares Nacionais indicam os pilares que sustentam e os contornos que devem assumir essa formação: A educação do licenciado em pedagogia deve, pois, propiciar, por meio de investigação, reflexão crítica e experiência no planejamento, execução, avaliação de atividades educativas, a aplicação de contribuições de campos de conhecimentos, como o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental- ecológico, o psicológico, o lingüístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. O propósito dos estudos destes campos é nortear a observação, análise, execução e avaliação do ato docente e de suas repercussões ou não em aprendizagens, bem como orientar práticas de gestão de processos educativos escolares e não-escolares, além da organização, funcionamento e avaliação de sistemas e de estabelecimentos de ensino. (Parecer CNE/CP n. 05/2005, p. 6) O Curso de Pedagogia realiza uma formação que favorece a compreensão da complexidade da escola e de sua organização; que propicia a investigação no campo educacional e, particularmente, da gestão da educação em diferentes níveis e contextos. Desta forma, a pesquisa, a produção do conhecimento no campo pedagógico e o estudo das ciências que dão suporte à Pedagogia, assim como a própria reflexão sobre a pedagogia como ciência deverão estar presentes no processo formativo a ser desenvolvido nesse curso, juntamente com o estudo a respeito da escola, da prática educativa e da gestão educacional. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 18 A atual proposta para a formação do profissional da educação no curso de Pedagogia é abrangente e exige uma nova concepção da educação, da escola, da pedagogia, da docência, da licenciatura, que coloque a educação, a escola, a pedagogia, a docência, a licenciatura no contexto mais amplo das práticas sociais construídas no processo de vida concreta dos sujeitos sociais, com o fim de garantir o caráter sócio-histórico desses elementos. O Curso de Pedagogia define-se como um curso de licenciatura e, neste sentido, o mencionado Parecer explicita que a formação para o exercício da docência nas áreas especificadas constitui um de seus pilares. A compreensão do conceito de licenciatura definido nas DCN - Pedagogia implica, numa sólida formação teórica, tendo como base o estudo das práticas educativas escolares e não-escolares eo desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo e assentado na contribuição das diferentes ciências e dos campos de saberes que interpenetram o campo da pedagogia. Para essa sólida formação teórica, são exigidas novas formas de se pensar o currículo e sua organização, para além daquelas concepções fragmentadas, restritas a um elenco de disciplinas fechadas em seus campos de conhecimento. Ao contrário, as DCN - Pedagogia apontam para uma organização curricular fundamentada nos princípios de interdisciplinaridade, de contextualização, da democratização, da pertinência e relevância social, da ética e da sensibilidade afetiva e Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 19 estética. Desse modo, os núcleos que definem a estrutura do curso de Pedagogia – núcleo de estudos básicos; núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos; núcleo de estudos integradores – integram-se e articulam-se ao longo de toda a formação, partindo do diálogo entre os diferentes componentes curriculares, por meio do trabalho coletivo, sustentado no princípio interdisciplinar dos diferentes campos científicos e saberes que informam o campo da pedagogia. A formação para a gestão educacional, como indicada nas DCN - Pedagogia, traz uma contribuição importante rompendo com visões fragmentadas e fortemente centralizadas da organização escolar e dos sistemas de ensino. Ao se indicar o campo de atuação do licenciado em pedagogia, as DCN-Pedagogia compreendem, assim, a gestão educacional: Gestão educacional, entendida numa perspectiva democrática, que integre as diversas atuações e funções do trabalho pedagógico e de processos educativos escolares e não-escolares, especialmente no que se refere ao planejamento, à administração, à coordenação, ao acompanhamento, à avaliação de planos e de projetos pedagógicos, bem como análise, formulação, implementação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas e institucionais na área de educação. (Parecer CNE/CP n. 05/2005, p. 8) O artigo 64 da Lei n. 9.394/1996 enfatiza que a licenciatura em Pedagogia, realiza a formação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em organizações (escolas e órgãos dos sistemas de ensino) da educação básica e estabelece as condições em que a formação pós- graduada para tal deve ser efetivada. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 20 O Parecer CNE/CP n. 3/2006 esclarece de forma mais definitiva as dúvidas sobre a eventual observância do disposto Desse modo, o Parecer reitera a concepção de que a formação dos profissionais da educação, para funções próprias do magistério e outras, deve ser baseada no princípio da gestão democrática (obrigatória no ensino público, conforme a CF, art. 206-VI; LDB, art. 3º-VIII) e superar aquelas vinculadas ao trabalho em estruturas hierárquicas e burocráticas. Neste rumo, o Parecer CNE/CP n. 5/ 2005, ao considerar o caráter colegiado da organização escolar, prevê que todos os licenciados possam ter oportunidade de aprofundamento da formação pertinente, ao longo de sua vida profissional. Assim, a interpretação baseada em legislação anterior (Lei n.5.540/1968 e currículos mínimos) que restringia a formação para as funções já mencionadas aos licenciados de pedagogia. Certamente, um desafio que fica para os educadores brasileiros é se articularem para uma intervenção efetiva na definição das orientações que regerão a formação a ser desenvolvida nos cursos de pós-graduação destinados à “formação dos profissionais para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação na educação básica”, de modo que venha a contribuir, igualmente, para o fortalecimento da gestão democrática da educação e da escola e a construção de uma educação pública de qualidade. NOVOS SABERES E FAZERES PARA O PEDAGOGO Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 21 Como vimos no item anterior, as novas DCN - Pedagogia determinam a formação de um novo pedagogo capaz de atuar em variadas dimensões da prática educativa, de forma direta ou indireta, em atividades de organização institucional, de processos de transmissão e assimilação de conhecimentos e modos de ação, tendo como finalidade a realização de objetivos de formação humana previamente definidos. Portanto, a formação dos profissionais da educação deve preocupar-se com a preparação desses profissionais da área educacional demandados pela atual sociedade brasileira, em sua configuração atual, para atuarem na organização e na gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino. Do mesmo modo, é também imprescindível a formação de estudiosos que se dediquem à produção do conhecimento científico na área educativa, já que a educação também é considerada como um campo científico e que a produção desse conhecimento é requisito que dá base à formação técnica e docente. Assim, a formação do profissional da educação é vista sob uma tríplice dimensão: formar um profissional que possa atuar como docente (licenciado), como gestor (responsável pela organização dos processos educativos) e como pesquisador (voltado para a produção conhecimento científico em educação). Vale destacar ainda a formação de profissionais da educação para atuar em contextos não-escolares. É marcante a consciência atual da importância e da necessidade da intervenção participante e eficaz dos pedagogos no campo das práticas socioculturais, uma vez que processos pedagógicos informais estão sempre presentes nas práticas efetivadas no plano coletivo e Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 22 comunitário. Deste modo, desde as atividades dos programas de educação popular, voltados aos mais diferentes grupos da população que não tiveram a oportunidade de freqüentar a escola formal ou delas foram excluídos, até as propostas de ação pedagógica nas atividades de caráter cultural, realizadas pelos novos e avançados meios de comunicação de massa, passando pelas diversas intervenções dos movimentos sociais, a presença e a participação de profissionais da educação e, em especial dos pedagogos se fazem necessárias, relevantes e imprescindíveis. A capacitação formal e sistematizada de agentes e lideranças culturais para o exercício de funções pedagógicas nos ambientes não- escolares não recebeu, até hoje, a devida atenção, haja vista sua importância como mediadores da ação educativa, necessária e presente no processo informal de construção de uma cultura articulada com uma proposta de formação da cidadania. Assim, é exigida a presença de profissionais dotados de qualitativa capacitação pedagógica para atuarem nas mais diversas instituições e ambientes da comunidade: nos movimentos sociais, nos meios de comunicação de massa, nas empresas, nos hospitais, nos presídios, nos projetos culturais e nos programas comunitários de melhoria da qualidade de vida. Essa participação pedagógica também exige preparação prévia, sistemática e qualificada. Importante Educação compreende o conjunto dos processos, influências, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais visando a formação do serhumano. (Libâneo, 2001, p. 7). Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 23 Compreendemos a Pedagogia como o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação – do ato educativo, da prática educativa como componente integrante da atividade humana, como fato da vida social, inerente ao conjunto dos processos sociais e não há sociedade sem práticas educativas. A Pedagogia não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política, na escola. Deste modo, não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de ensino. Se há uma diversidade de práticas educativas, há também várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além é claro da pedagogia escolar. O pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista, objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. Os profissionais da educação formados pelo Curso de Pedagogia atuarão em vários campos sociais da educação, em função das novas necessidades e demandas sociais. Tais campos são as escolas e os sistemas escolares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial; as áreas da saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 24 necessários. Nesses campos do exercício profissional, o pedagogo desenvolverá funções de formulação e gestão de políticas educacionais; organização e gestão de sistemas de ensino e de escolas; planejamento, coordenação, execução e avaliação de programas e projetos educacionais, relativos às diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos, terceira idade); formação de professores; assistência pedagógico- didática a professores e alunos; avaliação educacional; pedagogia empresarial; animação cultural; produção e comunicação nas mídias; produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e outros campos da atividade educacional, inclusive os não-escolares. Assim, a formação dos pedagogos deve preocupar-se em desenvolver competências e habilidades como: Organização e gestão de todos os segmentos do sistema nacional de ensino; Construção do conhecimento científico na área; O exercício da docência na educação básica; Elaboração e execução de programas de educação popular; Intervenção pedagógica nas atividades de cunho cultural; Capacidade pedagógica para atuar nos movimentos sociais, nos meios de comunicação de massa, nas empresas, nos hospitais, nos presídios, nos projetos culturais e nos programas comunitários de melhoria da qualidade de vida. Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 25 PERFIL DO PEDAGOGO “O perfil do profissional da Educação que se pretende formar está sintonizado com o projeto futuro, com o educador que irá atuar no terceiro milênio: um profissional da educação com ampla visão do trabalho pedagógico em suas várias dimensões, tanto no sistema escolar como em outras instâncias educativas; um profissional com sólida formação teórica, técnica, científica e pedagógica, compreendendo a multidimen-sionalidade do processo educativo; um pedagogo-investigador, cuja aproximação com seu objeto de estudo se dá pela pesquisa, articulando teoria e prática, e capaz de pesquisar, elaborar e reelaborar o conhecimento, aplicando-o em situações concretas. um profissional comprometido com seu contínuo aperfeiçoamento teórico-prático, com a busca de especialização em seus campos de atuação, considerando as perspectivas e as exigências do mundo do trabalho em processo de transformação; um profissional compromissado ética e politicamente com o conjunto da população brasileira. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DESEJADAS Competências Focalizar a formação do profissional da educação e o papel da pesquisa na formação do pedagogo- pesquisador, do professor reflexivo, que parte das perspectivas de análise de caráter intra-escolar centradas em variáveis internas do próprio desenvolvimento profissional, e, que também considera suas dimensões contextuais e político-ide Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 26 EXERCÍCIO 2 Os novos saberes apresentados para o pedagogo exigem novas competências e habilidades necessárias para o mundo contemporâneo. Escolha uma dessas competências e apresente sua compreensão sobre ela. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ológicas, as interrelações entre cultura escolar e o universo cultural dos diferentes atores presentes na realidade escolar. Formar o professor do ensino básico: de educação infantil (creche e pré-escola); do ensino fundamental (quatro séries iniciais) regular e na modalidade de educação especial, e do ensino normal e com aprofundamento em alfabetização de crianças, jovens e adultos, para atuação formal e na educação não-formal e não-escolar. Formar o profissional da Educação para administrar, planejar, supervisionar, inspecionar e orientar enfim, para atuar na educação formal (escolar) e na educação não-formal e não-escolar. Formar o profissional da Educação para atuar no terceiro milênio, numa concepção de educação permanente, de contínuo aperfeiçoamento teórico- prático, de busca de especialização nos campos de atuação, considerando as perspectivas e as exigências do mundo do trabalho, em processo de transformação. Habilidades Relações humanas, visando à mobilização dos diferentes agentes do processo educativo; Investigação nos vários campos do conhecimento, refletindo acerca dos valores históricos, sociais, éticos, políticos e culturais. Criação, recriação, desenvolvimento, seleção e aplicação de metodologias adequadas ao processo de construção do conhecimento; Seleção, processamento e utilização de novas tecnologias no processo educativo”. Fonte disponível em http://www.abmes.org.br /sobre_abmes/estatuto.htm) Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 27 ____________________________________________ ____________________________________________ RESUMO Vimos até agora: O Curso de Pedagogia a partir dos meados da década de 80 era organizado em duas grandes tendências: a primeira tendência formava profissionais licenciados habilitados para o exercício da docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério em nível médio e os profissionais para atuarem junto às escolas e sistemas de ensino:administradores escolares, supervisores e orientadores educacionais e inspetores do ensino; A segunda formava os licenciados habilitados para o exercício do magistério nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e, em alguns casos, na Educação Infantil e para o magistério das disciplinas pedagógicas do nível médio; As Diretrizes Curriculares Nacionais de 15 de maio de 2006 definem que o Curso de Pedagogia destina-se à formação para a docência, para a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino em geral, para a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as atividades educativas escolares e não- escolares; A partir das novas Diretrizes Curriculares ampliaram-se campos sociais de trabalho do Aula 1 | Formação e competências do pedagogo no contexto atual 28 Pedagogo. Tais campos são as escolas e os sistemas escolares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial; as áreas da saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem necessários; O Pedagogo desenvolverá funções de formulação e gestão de políticas educacionais; organização e gestão de sistemas de ensino e de escolas; planejamento, coordenação, execução e avaliação de programas e projetos educacionais, relativos às diferentes faixas etárias (crianças, jovens, adultos, terceira idade); formação de professores; assistência pedagógico-didática a professores e alunos; avaliação educacional; pedagogia empresarial; animação cultural; produção e comunicação nas mídias; produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e outros campos da atividade educacional, inclusive os não- escolares. Pedagogia pára-além da escola Dinair Leal da Hora A U L A 2 A p re s e n ta ç ã o Continuando nossa aprendizagem a respeito da gestão educacional, em que damos destaque à Pedagogia e ao Pedagogo, seus saberes e seus fazeres, esta aula, denominada Pedagogia pára-além da escola discute os espaços educativos diferentes da escola, que necessitam das capacidades, competências e habilidades deste profissional da educação. Os assuntos tratados aqui darão a você a possibilidade de conhecer as diferentes áreas do mercado de trabalho em que nós, pedagogos, podemos trabalhar, colocando à disposição da sociedade nossos conhecimentos e contribuindo cada vez mais para a formação de cidadãos críticos e criativos. Leia e discuta com seus pares os temas apresentados, preste atenção às dicas e aos destaques e faça um bom trabalho! O b je ti v o s Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: Identificar alguns espaços não-escolares em que o pedagogo pode desenvolver sua prática educativa; Verificar as competências e habilidades que o pedagogo precisa desenvolver para realizar seu trabalho em espaços não- escolares. Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 30 Introdução Pimenta (2001) aponta indicativos para a formação do pedagogo cientista educacional, como sendo um profissional que atue como gestor/pesquisador/ coordenador de diversos projetos educativos, dentro e fora da escola: pressupondo sua atuação em atividades de lazer comunitário; em espaços pedagógicos nos hospitais e presídios; na formação de pessoas dentro das empresas; que saiba organizar processos de formação de educadores de ONGs; que possa assessorar atividades pedagógicas nos diversos meios de comunicação como TV, rádio, Internet, quadrinhos, revistas, editoras, tornando mais pedagógicas campanhas sociais educativas sobre violência, drogas, AIDS, dengue; que esteja habilitado à criação e elaboração de brinquedos, materiais de auto- estudo, programas de educação a distância; que organize, avalie e desenvolva pesquisas educacionais em diversos contextos sociais; que planeje projetos culturais e afins. Nesta aula, apresentamos espaços não-escolares em que os conhecimentos da Pedagogia são empregados. Pedagogia nas instituições de saúde O espaço do hospital é um centro de referência e tratamento de saúde que, muitas vezes provoca um ambiente de dor, sofrimento e morte, causando uma forma de ruptura entre crianças e adolescentes com os laços que mantêm com seu cotidiano e com a produção da existência da construção de sua própria aprendizagem. Diante dos problemas de saúde que exigem hospitalização, independente do tempo de internação, através de políticas Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 31 públicas e estudos acadêmicos, verifica-se a necessidade da implantação da Pedagogia Hospitalar. A Pedagogia Hospitalar, busca há anos sua verdadeira definição e vem se apresentando como um processo educativo não escolar que propõe desafios aos educadores e possibilita a construção de novos conhecimentos e atitudes. Historicamente, a Pedagogia hospitalar nasceu com a criação das classes hospitalares em, quando Henri Sellier inaugurou a primeira escola para crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. Seu exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas. O grande número de crianças e adolescentes atingidos, mutilados e impossibilitados de ir à escola durante a Segunda Guerra Mundial, fez criar um movimento, sobretudo dos médicos, considerado como ação decisiva para a ampliação das escolas em hospital. No Brasil, a legislação reconheceu através do Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado, através da Resolução nº. 41 de outubro e 1995, no item 9, o “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. Em 2002 o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares, assegurando o acesso à educação básica. Assim legislação brasileira reconhece e garante o Classe hospitalar Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 32 direito de crianças e adolescentes hospitalizados ao acompanhamento pedagógico-educacional, estabelecendo que a educação em hospital seja realizada através da organização de classes hospitalares, devendo-se assegurar oferta educacional não só aos pequenos pacientes com transtornos do desenvolvimento, mas, também, às crianças e adolescentes em situações de risco, como é o caso da internação hospitalar (Fonseca, 1999). A criança e/ou o adolescente quando submetidos a um tratamento de saúde em hospital, por um período prolongado, na grande maioria das vezes desenvolve atraso na escolaridade e quase sempre abandona a escola devido às dificuldades que encontra no seu retorno. O período de internamento também prejudica as atividades sociais da criança, uma vez que no hospital ela fica mais afastada da família, da escola, dos amigos, confinada em espaço limitado e convivendo em um ambiente que não favorece as relações de alegria e relações sociais. Um elemento importante presente no ambiente hospitalar é a ausência de atividade, o que provoca na criança e/ou no adolescente a falta de entusiasmo, de alegria e de ânimo e, conseqüentemente, dificuldade para recuperar a saúde. Diante desses elementos,o trabalho do pedagogo no hospital é extremamente importante para atender essas necessidades psicológicas, sociais e pedagógicas da criança, a Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 33 fim de evitar tantos prejuízos. A Pedagogia Hospitalar divide-se, basicamente em três modalidades: CLASSE HOSPITALAR – quando a atividade pedagógica realiza-se no ambiente hospitalar, para que a criança e/ou o adolescente na con- dição de internação temporária ou permanente, tem garantido seu vínculo com a escola e/ou favorecendo o ingresso ou retorno ao seu grupo escolar correspondente. BRINQUEDOTECA – possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades para a aprendizagem sobre o mundo, sobre as pessoas, e sobre si mesma. A brinquedoteca é o espaço onde está assegurado á criança o direito de brincar. RECREAÇÃO HOSPITALAR – atividade que oferece a oportunidade da criança brincar, em situações que vão além do contato ou interação com o brinquedo, voltadas para o movimento corporal, a contação de histórias, a dramatização; constitui-se na possibilidade da realização de atividades individuais e/ou grupais que podem ser realizadas em espaço interno ou externo. O trabalho pedagógico no ambiente hospitalar exige um planejamento bastante diversificado, pois as crianças e os adolescentes internados apresentam características bastante diversificadas: têm faixas etárias diferentes, o quadro clínico é variado, a medicação a ser utilizada é diversa, as condições emocionais do processo de internação variam um para outro, a aceitação da doença se manifesta de diversas maneiras tanto pela família como pelo paciente, o tempo de internação é variável, entre outros aspectos. Quer saber mais? Quer saber mais sobre as classes hospitalares? Leio o texto de Sagotio intitulado PEDAGOGIA EM AMBIENTES CLÍNICOS: ALGUNS ASPECTOS DIDÁTICOPEDAGÓG ICOS NO PROCESSO DE HOSPITALIZAÇÃO disponível em: http://www.proec. ufpr.br/enec/ download/pdf/ 3ENEC/educacao/ PEDAGOGIGA%20E M%20AMBIENTES% 20CL%CDNICOS% 20ALGUNS%20 ASPECTOS%20 DID%C1TICO-PE.pdf Brinquedoteca Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 34 Todos esses elementos fazem com que a organização do trabalho didático-pedagógico no ambiente hospitalar garanta que as atividades tenham início e fim todos os dias, bem como, atendam às diferentes faixas etárias. Isso significa o planejamento de diversas atividades para cada dia, porque as crianças e os adolescentes podem receber alta a qualquer momento, ou ainda, passarem a usar uma medicação específica e não poderem sair de seus quartos, ou então, realizarem alguma cirurgia e permanecerem nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), ou mesmo ficarem indispostos por fatores próprios do processo de internação (Sagatio, S., 2007) A prática pedagógica nesse lócus de atendimento exige dos profissionais da educação maior flexibilidade, haja vista a quantidade de crianças que irão ser atendidas, e o período que cada uma delas permanecerá internada, assim como às diferentes patologias. Para este atendimento é preciso flexibilidade na definição e organização das atividades, constituindo-se em um desafio a ser enfrentado. Os pedagogos devem buscar parceria com os familiares, que exercem importante papel, como figura de apoio e cooperação no sucesso da qualidade do processo ensino-aprendizagem e na qualidade de vida (Hanze, A., 1995). O trabalho da pedagogia hospitalar realiza-se numa dimensão fortemente multiprofissional, portanto, é fundamental o exercício da ética. Todas as manifestações de comunicação entre pacientes e profissionais das diversas áreas devem ter o sigilo garantido, respeitado o direito de privacidade das Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 35 informações de cada paciente, bem como, a confiança que o paciente deposita nas pessoas com quem se relaciona. O trabalho no ambiente hospitalar é específico e vai além das rotinas médicas, pois, ao mesmo tempo em que a criança e/ou o adolescente sente-se mais confiante no ambiente hospitalar, porque de alguma maneira sabe que aquele espaço pode lhe ajudar a melhorar seu quadro clínico, há toda a angústia gerada pela falta do convívio familiar, que passa a obedecer algumas regras, pelo sentimento de isolamento das relações sociais a que estava habituado fora do hospital, além de que, necessita aprender a conviver com pessoas que até então não faziam parte de suas vidas. Por isso, a importância da ética durante todo o trabalho pedagógico no processo de hospitalização. Enfim, tudo precisa ser observado quando da organização do trabalho educativo no ambiente hospitalar, desde um planejamento diversificado e flexível até o entrar e o sair da criança e/ou do adolescente no espaço onde estão sendo desenvolvidas as atividades. Todo este trabalho, precisa estar impregnado pela ética, para que realmente se possa realizar um trabalho didático-pedagógico qualitativo e consistente no ambiente hospitalar. (Sagatio, S., 2007) EXERCÍCIO 1 O trabalho educativo no ambiente hospitalar exige a expressão de uma atitude ética importante, conforme é discutido no texto. Apresente a sua compreensão a respeito da ética no trabalho do pedagogo. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 36 ____________________________________________ ____________________________________________ Pedagogia nas instituições judiciárias A violência entre crianças/adolescentes tem crescido grandemente, de modo que semelhante aos adultos em seus delitos, conscientes, pois, do que querem fazer, e não apenas subprodutos indefesos de uma situação social que os exclui. Não é mais uma questão de cunho exclusivamente político-social, mas jurídico, especialmente no que diz respeito à punição dos infratores. Entende-se que a preocupação dos legisladores em relação à elaboração de medidas sócio-educativas recuperativas é explicada pelo fato da criança/adolescente ser ainda um indivíduo em processo de construção da personalidade, que por um ou outro motivo, comete delito, mas que ainda pode ser resgatado para uma sociedade justa no futuro, afastando-o da grande possibilidade de continuar na criminalidade. (Queiroga, R., 2003) O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA construiu um novo modelo de responsabilização do adolescente infrator, rompendo com a doutrina da situação irregular, promovendo o então “menor”, de mero objeto do processo, para uma nova categoria jurídica, passando-o à condição de sujeito do processo, estabeleceu uma relação de direito e dever, garantindo-lhe a proteção social básica (Saraiva, 2008) A proteção social básica dispensada à Importante MEDIDAS SÓCIO- EDUCATIVAS São ações que: - conjugam educação e proteção social, duas faces da proteção integral à infância e juventude. - atendem a crianças, adolescentes e jovens no período alternado ao escolar. - junto com o processo de escolarização, investem no desenvolvimento integral das crianças e dos jovens. - fazem da educação para o convívio em sociedade e para o exercício da cidadania uma estratégia de proteção à infância e juventude. (Portal CENEC, 2008 Quer saber mais? Quer saber mais sobre a pedagogianas instituições judiciárias? Então acesse os links abaixo: http://jus2.uol.com. br/doutrina/texto. asp?id=4584 http://www.mp.rs. gov.br/infancia/ doutrina/id168.htm http://www.cnec.br/ portal/restrito/livre/ acoes_socio_ educativas.pdf Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 37 criança/adolescente em situação de risco pessoal e social (prioritariamente em situação de violência familiar, negligência, exploração sexual, desnutrição, vínculos familiares rompidos ou fragilizados) é garantida, entre outras ações, pelas medidas sócio- educativas (portal CENEC, 2008). O ECA prevê dois grupos distintos de medidas sócio-educativas: o grupo dasmedidas sócio-educativas em meio aberto, não privativas de liberdade (Advertência, Reparação do Dano, Prestação de Serviços à Comunidade e Liberdade Assistida) e o grupo das medidas sócio-educativas privativas de liberdade (Semi-liberdade e Internação). Em relação ao primeiro grupo de medidas, a plena realização desses programas está vinculada em direta proporção ao grau de comprometimento do Juizado da Infância e Juventude local com sua efetivação. Em relação às medidas sócio-educativas que importam em privação de liberdade, a efetivação dos programas de atendimento é de competência do Executivo das Unidades Federadas, relativamente ao primeiro grupo de medidas, os programas são realizados pelos próprios Juizados (excepcionalmente), ou por estes em articulação com o Estado, ou, preferencialmente, com Município ou por organizações não-governamentais. (Batista, J, 2008). O Educador Social, profissional que atua nos campos da educação não formal, na educação de adultos, na inserção social de pessoas com dificuldade de inclusão, bem como em ações sócio-educativas. Entre as disciplinas básicas, estão: didática geral, educação permanente, intervenção educativa sobre os problemas fundamentais da desadaptação social, novas Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 38 tecnologias aplicadas à educação, programas de animação sócio-cultural, psicologia do desenvolvimento, psicologia social e das organizações, sociologia e antropologia social, teoria e instituições contemporâneas de educação, práticas, entre outras. Na execução das medidas sócio- educativas em vista as necessidades pedagógicas, enfatizando-se o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e o pessoal encarregado da execução, deve ser especializado, preferindo-se educadores, trabalhadores sociais, psicólogos e advogados. Os órgãos encarregados deverão elaborar um Plano Individual de execução da medida sócio-educativa, em cada caso, visando o desenvolvimento pessoal do adolescente, sua reinserção na família e na sociedade, bem como o desenvolvimento das capacidades relativas à responsabilidade e ao respeito pelos direitos e deveres individuais e coletivos. O referido plano será elaborado por equipe interdisciplinar, composta, preferencialmente, por educador, assistente social, psicólogo, advogado e médico. Em cada Centro de cumprimento de medida sócio-educativa que importe em privação ou restrição de liberdade, haverá sempre um Diretor Administrativo e um Diretor Técnico, com atribuições bem definidas e independência na área das respectivas funções. O ocupante do cargo de Diretor de Estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos: I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Pedagogia, ou Psicologia ou Serviço Social ou Ciências Sociais. Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 39 Nos centro sócio-educativos haverá uma equipe técnica composta, no mínimo, por um educador, um psicólogo e um assistente social, que deverá: elaborar, em conjunto com o adolescente, o plano Individual da Execução; informar ao Juiz da execução a respeito das dificuldades para o cumprimento do plano, especialmente a falta de colaboração ou o descumprimento de deveres, bem como a falta de cooperação dos encarregados da execução, sejam eles funcionários do centro ou de outras repartições, bem como familiares; garantir o respeito aos direitos fundamentais dos adolescentes, informando ao Juiz da execução qualquer ameaça ou violação desses direitos; proceder a diligências diretamente junto à família ou através dos Conselhos Tutelares do local de residência dos pais ou responsável, visando ao estabelecimento ou restabelecimento dos vínculos familiares e comunitários; encaminhar relatório fundamentado do juiz da execução, propondo progressão ou regressão da medida e explicitando os esforços no sentido da reintegração sócio-familiar. O profissional encarregado da execução deve ter adequada preparação profissional e experiência no trabalho com adolescentes e os educadores, deverão ter formação pedagógica. EXERCÍCIO 2 Na Pedagogia em instituições judiciárias, como em todos os trabalhos sociais, é muito importante o Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 40 trabalho multiprofissional. De que modo o pedagogo deve ser formado para este tipo de trabalho. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Pedagogia nos museus Atualmente os museus são reconhecidos como ambientes de aprendizagem ativa e seus profissionais se preocupam em saber que tipo de aprendizagem neles ocorre. Com base na literatura específica de educação em museus constata-se que as práticas pedagógicas neles desenvolvidas são específicas desses espaços. Como são locais que possibilitam importante interação social entre os visitantes, exploração ativa e experiências afetivas, culturais e cognitivas, é possível construir uma pedagogia que leve em conta as singularidades destes espaços não formais de educação científica, apontando, portanto, a necessidade do profissional pedagogo. A pedagogia museal é definida a partir do movimento de transformação observado nos museus de terceira geração, principalmente como resultado das reflexões atuais e constantes feitas pelas equipes responsáveis pela condução dos projetos educativos, enfatizando a perspectiva pedagógica dos museus, o que poderá levar a conceber outra geração de museus. Uma dimensão que vem sendo Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 41 gradativamente incorporada ao cotidiano da elaboração das exposições é o reconhecimento da necessidade de uma negociação entre o visitante e o objeto do conhecimento científico, uma vez que este não pode ser apresentado da mesma forma como foi gerado, a partir da lógica do saber da ciência. Assim como Chevallard (1998) desenvolveu o conceito de transposição didática para explicar as transformações do conhecimento produzido no contexto científico para o conhecimento ensinado nas escolas, Simonneaux e Jacobi (1997) descrevem as etapas de uma transposição museográfica do saber de referência para o conhecimento a ser apresentado em uma exposição. Entre os elementos que devem ser considerados em uma transposição museográfica está a abordagem multidisciplinar - epistemologia, sociologia, lingüística - que tem levado à introdução de múltiplas linguagens, não apenas como simples ilustração mas com a preocupação de integrar conteúdo, demonstração e interação com o público, tornando as exposições acessíveisaos visitantes, de forma que eles dêem significado aos temas apresentados. A segunda dimensão refere-se à problematização do conceito de interatividade. Nem sempre aparatos com sinos, assobios ou partes que se movem são os que permitem um engajamento mental frutífero (Beetlestone et al., 1998). Muitas vezes a ação se dá na cabeça do visitante a partir de uma exposição que o envolva afetiva e culturalmente, às vezes até mesmo sem manipular os objetos, desencadeando um processo que poderá levá-lo à compreensão científica desejada, ou pelo menos o aproxime dela. No processo de transposição museográfica, Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 42 modelos consensuais da ciência se transformam em modelos pedagógicos que podem ou não levar em conta os modelos mentais dos visitantes. Por dar chance a que os visitantes testem suas hipóteses, um bom experimento interativo personaliza a experiência de cada visitante e atende às individualidades de interesse e de conhecimento prévio. Em qualquer caso modelos são elementos indispensáveis aos museus, uma vez que permitem uma ponte entre teorias, conceitos e fenômenos científicos, podendo assim trazer contribuições para a re-conceituação da interatividade. Assim como o laboratório não pode mais ser considerado a panacéia do ensino de ciências, a interatividade não pode ser considerada sinônimo de efetividade (Falcão, 1999). Caso as concepções prévias dos alunos, relacionadas aos seus modelos mentais, não sejam levadas em conta, as conclusões e explicações poderão reforçar tais idéias alternativas às científicas. Portanto, processos de modelagem a serem vivenciados pelos visitantes - construção de modelos - devem estar presentes na concepção das exposições. Uma terceira dimensão presente nas exposições contemporâneas é a abordagem social e cultural da ciência e da tecnologia. Exemplos são aquelas apoiadas em temáticas atuais e/ou polêmicas, entendidas como as que, na maioria das vezes, não se constituem em conhecimento estável, estão presentes na mídia e geram debates por causarem repercussões positivas e negativas em diferentes áreas - profissional, econômica, ética, política, Quer saber mais? Para aprofundar seus conhecimentos sobre a Pedagogia nos museus, acesse o site a seguir e leia os artigos apresentados neles. http://www.revista. iphan.gov.br/ materia.php?id=145 Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 43 ambiental e legal (Simonneaux & Jacobi, 1997). Esta tendência tem se mostrado como um caminho para trazer a cultura da sociedade de um modo geral para dentro dos museus, para que os conhecimentos científicos e tecnológicos atuais e passados sejam debatidos com o público. Espera-se assim que as visitas aos museus contribuam para a alfabetização científica com uma dimensão cívica, ou seja, constituída de elementos de relevância social e que tornam o cidadão apto a participar de forma mais bem informada e, portanto, mais consistente nos debates político-sociais. A pedagogia museal aqui delineada incorpora algumas tendências pedagógicas da educação, principalmente em ciências, resguardando, no entanto as especificidades da educação não formal que ocorre nos museus de ciência e tecnologia. Cabe ressaltar que a maior autonomia destes espaços em relação às escolas traz a vantagem de que abordagens como ciência, tecnologia e sociedade possam ser desenvolvidas. Os museus são espaços diferentes da escola, com uma cultura própria. É um espaço social particular que possui ritos próprios, códigos específicos. Nos museus de ciências, por exemplo, a cultura científica em especial irá se manifestar, fazendo parte, neste local, de uma cultura mais ampla, a cultura museal. Entretanto, faz parte de sua cultura o trabalho pedagógico ali desenvolvido. Pedagógico porque ali são realizadas e ampliadas aprendizagens, há troca de saberes e processos de construção intelectual na relação visitante acervo museológico. Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 44 EXERCÍCIO 3 Acesse o site: http://www.fundaj.gov.br/notitia/serv let/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publica tionCode=16&pageCode=377&textCode=4351&date=c urrentDate. Leia o artigo Museu e Educação: Conceitos e Métodos, e apresente sua apreciação sobre a relevância do que você está aprendendo em seu Curso para desenvolver atividades em museus. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Pedagogia nos meios de comunicação de massa TELEVISÃO A TV se transformou em um bem de primeira necessidade. Ela é encontrada nas casas mais ricas e nas mais simples, nas escolas, nos salões de festa, bares e A exposição de museus pode ser considerada uma unidade pedagógica, onde se dá a relação entre mediador-saber-público. Para estudar esta relação é importante o aprofundamento numa “pedagogia de museu”, procurando a compreensão do sistema didático existente nesse espaço. Neste sentido, considera-se que a exposição é o local onde se expressa o processo de didatização/musealização do saber sábio nos museus. Além disso, estudar a construção do discurso expositivo, entendido como um tipo de discurso pedagógico implica em entender processos de re-contextualização que ocorrem nesses espaços. (Bernstein, 1996) Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 45 restaurantes, e por meio dela temos acesso às mais diferentes informações, das mais diversas qualidades. A TV é um meio de comunicação, de produção e transmissão de imagens e sons, informação, publicidade e divertimento. Num caso como no outro, o certo é que a televisão é parte integrante e fundamental de complexos processos de veiculação e de produção de significações, de sentidos, os quais por sua vez estão relacionados a modos de ser, a modos de pensar, a modos de conhecer o mundo, de se relacionar com a vida. (Fischer, 2003) Fischer (2003) afirma que a televisão é instrumento privilegiado de realização de aprendizagens diversas; aprendemos com ela formas de olhar e tratar nosso próprio corpo, modos de estabelecer e de compreender diferenças: diferenças de gênero, diferenças políticas, econômicas, étnicas, sociais, geracionais (aprendemos modos de agir, modos de ser de crianças, de negros, de pobres ou ricos, e assim por diante). Desse modo, é fundamental refletir e discutir sobre o quanto nós, professores, ainda sabemos muito pouco a respeito das profundas transformações que têm ocorrido nos modos de aprender dos mais jovens. O que é para eles ter ou buscar informação? De que modo suas preferências estão sendo formadas? O que buscam ver na TV, o que vêem e o que dizem do que vêem? Que sons lhes são familiares, aprendidos na mídia? O que lhes dá prazer nas imagens midiáticas? (Fischer, 2003) Programa educativo da TV Cultura Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 46 Assim, a televisão é importante para o desenvolvimento de projetos de sala de aula, possibilitando ao aluno novas formas de aprender, articulando as diferentes linguagens e representações do conhecimento,embora não seja suficiente para que seu uso pedagógico seja efetivo. A integração das mídias nos diferentes processos pedagógicos e de conteúdos de diferentes áreas do conhecimento, bem como o trabalho em grupo, favorece o desenvolvimento de competências, cada vez mais necessárias na sociedade atual. (Almeida e Prado, 2003). Assim, os pedagogos, antes de condenar a TV como um meio de comunicação que aliena, precisam aprender sua linguagem e procurar desenvolver a ação pedagógica na organização dos programas que são veiculados. Veja o exemplo de um projeto desenvolvido pelo Canal Futura e veja como nós pedagogos temos muito que fazer na televisão. Essas são algumas perguntas, cujas respostas não separam “forma” de “conteúdo”. Elas indicam que os recursos utilizados na elaboração de um programa ou mesmo um comercial e todas as estratégias de divulgação desses produtos, comunicam algo, participam da defesa de um ponto de vista, de uma idéia e, portanto realizam uma ação pedagógica. As famílias, diante da televisão realizam escolhas que estão determinadas por valores, posições políticas, éticas, estéticas. Compreendem, como afirma Almeida (1994), que o acesso a informações em imagem-som propõe uma maneira de inteligibilidade, sabedoria e conhecimento que nos leva a1994) acordar algo adormecido em nosso cérebro para entendermos o mundo atual, não só pelo conhecimento fonético-silábico das nossas línguas, mas pelas imagens-sons também. Fonte disponível em: http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/dtel /index.htm Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 47 Projeto educativo em espaços não- escolares EXEMPLO 1: EDUCAÇÃO NOS TRILHOS O “Educação nos trilhos” transforma a ferrovia num veículo de educação, estimulador de ações de cidadania. Criado em 2000 em parceria com a Fundação Vale do Rio Doce, o “Educação nos Trilhos” é um projeto sócio-educativo que acontece nas estações e nos trens de passageiros da Companhia Vale do Rio Doce. Utilizando a programação do Canal Futura associada a ações de mobilização, o projeto contribui para a melhoria da qualidade de vida dos usuários e das comunidades ao longo das ferrovias. Por ano, são beneficiadas cerca de 500 mil pessoas que circulam pelas Estradas de Ferro Carajás (PA e MA) e Vitória a Minas (ES e MG). O projeto divide-se em duas etapas, Estação Conhecimento e Teletrem. Estação Conhecimento: Nas estações, antes da chegada e partida do trem, são exibidos vídeos com programas do FUTURA e são realizadas atividades pedagógicas, sociais e de entretenimento com orientação de mobilizadores comunitários, que levam os participantes a aprender brincando. São promovidos debates, oficinas temáticas (educação para a cidadania, educação ambiental, saúde, etc.) e eventos, envolvendo os viajantes e acompanhantes. As Estações Conhecimento funcionam diariamente na Estrada de Ferro Carajás, que liga a capital do Maranhão ao sul do Pará (estações de São Luís, Santa Inês, Açailândia, Marabá e Parauapebas), e na Estrada de Ferro Vitória – Minas, que liga os estados Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 48 do Espírito Santo e Minas Gerais (estações de Cariacica, Baixo Gandú, Aimorés, Governador Valadares e Belo Horizonte). Teletrem: Durante a viagem são transmitidos os programas do Futura. Uma faixa de programação especial é produzida mensal mente e veiculada dentro dos trens. Os programas são selecionados de acordo com pesquisas que ajudam a definir as necessidades e demandas dos usuários do trem. Assim, os programas abordam conteúdos curriculares de educação básica, questões e serviços relacionados às áreas de saúde, trabalho, direitos do cidadão, ecologia e patrimônio cultural, além de assuntos relacionados à realidade local e que dêem aos espectadores uma visão mais abrangente do mundo. Além dos programas de arquivo do Canal Futura, também são produzidos conteúdos específicos, que vão desde inter-programas com dicas úteis aos passageiros, a partir do cotidiano das viagens no trem, a documentários abordando aspectos culturais regionais. Estes programas são gravados na região e têm objetivo de promover a identificação do público. O teletrem funciona diariamente, durante todas as viagens do trem de passageiros da Estrada de Ferro Carajás e está em implantação na Estrada de Ferro Vitória – Minas, com previsão para inaugurar no primeiro semestre de 2006. O “Educação nos Trilhos” é monitorado Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 49 por pesquisas que ajudam a promover melhorias no projeto, aperfeiçoar e criar novas ações de programação e atividades nas Estações Conhecimento, além de medir os resultados do projeto. O projeto vem contribuindo para mudanças qualitativas e conquista da auto-estima dos participantes, que se sentem valorizados com a iniciativa. Verificam-se também melhorias (mudanças) nos hábitos dos usuários em relação à limpeza e conservação do trem e das estações, com redução do vandalismo. Exemplos de atividades realizadas no contexto do projeto: Atividades educativas, culturais, sociais e de entretenimento; Brinquedoteca, videoteca nas Estações de Conhecimento, nos embarques e desembarques do trem; Valorização de grupos culturais locais através de atividades temáticas realizadas nas Estações Conhecimento; Atividades de mobilização dentro do trem em datas comemorativas; Mobilização mensal das comunidades através do “Portões Abertos”. Conteúdos que o projeto aborda e provocam maior interesse no público: Alimentação Prevenção de DSTs /AIDS Educação/respeito com as pessoas Cultura regional Preservação do Meio Ambiente Comportamento adequado nos trens Higiene Educação dos filhos Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 50 Coleta seletiva de lixo Plantação e criação de animais Fonte: http://www.futura.org.br.data EXEMPLO 2: PROGRAMA JORNAL-ESCOLA O papel do educador/agente de leitura: A eficácia do trabalho pedagógico com o jornal depende na maior parte da competência e criatividade dos professores, bibliotecários e outros profissionais que se envolvem. O programa de Jornal e Educação é desenvolvido principalmente através do trabalho do professor. Porém nada impede que ocorra em uma escola, independentemente do trabalho em sala de aula. Um bibliotecário dinâmico poderá centralizar as atividades na biblioteca. Um diretor ou coordenador pedagógico poderá montar um cantinho da leitura em algum lugar, facilitando o acesso dos alunos, e de mais interessados da comunidade, aos jornais e criando estratégias para motivá-los. A preparação do professor é feita através de encontros, palestras, oficinas, cursos nas dependências do jornal, nos órgãos de educação, Secretarias Municipais de Educação, Diretorias de Ensino e nas próprias unidades escolares, geralmente nos horários destinados a reuniões pedagógicas. A orientação é feita também através de material pedagógico preparado para este fim e publicações no próprio jornal e no site. No início das atividades e no decorrer do ano são realizadas reuniões de coordenadores, Aula 2 | Pedagogia pára-além da escola 51 encontros de educadores, seminários, oficinas e outros eventos. A participação dos professores nestas ocasiões, embora seja facultativa, é de grande importância para
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