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FJ 1-¦ - Aspectos Historicos e Filosoficos do Direito (1)

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Fund_Jurid_1oPeriod.indb 1 13/1/2008 14:57:49
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 179 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
1ª versão
Aline Salles
Jair Maldaner
2ª versão
Ana Patrícia R. Pimentel
Marcelo Rythowem
Aspectos Históricos e Filosóficos do Direito
1° Período
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 2 13/1/2008 14:57:49
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 180 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
1ª versão
Aline Salles
Jair Maldaner
2ª versão
Ana Patrícia R. Pimentel
Marcelo Rythowem
Aspectos Históricos e Filosóficos do Direito
1° Período
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 3 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 181 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
EMPRESA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA LTDA
Diretor Presidente
Luiz Carlos Borges da Silveira
Diretor Executivo
Luiz Carlos Borges da Silveira Filho
Diretor de Desenvolvimento de Produto
Márcio Yamawaki
Diretor Administrativo e Financeiro
Júlio César Algeri
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS
Reitor
Humberto Luiz Falcão Coelho
Vice-Reitor
Lívio William Reis de Carvalho
Pró-Reitor de Graduação
Galileu Marcos Guarenghi
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Extensão
Claudemir Andreaci
Pró-Reitora de Pesquisa
Antônia Custódia Pedreira
Pró-Reitora de Administração e Finanças
Maria Valdênia Rodrigues Noleto
Diretor de EaD e Tecnologias Educacionais
Marcelo Liberato
Coordenador Pedagógico
Geraldo da Silva Gomes
Coordenador do Curso
José Kasuo Otsuka
MATERIAL DIDÁTICO – EQUIPE UNITINS
Organização de Conteúdos Acadêmicos
1ª versão: Aline Salles
 Jair Maldaner
2ª versão: Ana Patrícia R. Pimentel
 Marcelo Rythowem
Coordenação Editorial
Maria Lourdes F. G. Aires
Assessoria Editorial
Darlene Teixeira Castro
Assessoria Produção Gráfica
Katia Gomes da Silva
Revisão Didático-Pedagógica
Marilda Piccolo
Revisão Lingüístico-Textual
Ivan Cupertino Dutra
Revisão Digital
Douglas Donizeti Soares
Projeto Gráfico
Douglas Donizeti Soares
Irenides Teixeira
Katia Gomes da Silva
Ilustração
Geuvar S. de Oliveira
Capa
Edglei Dias Rodrigues
MATERIAL DIDÁTICO – EQUIPE FAEL
Coordenação Editorial
Leociléa Aparecida Vieira
Assessoria Editorial
William Marlos da Costa
Revisão
Juliana Camargo Horning
Lisiane Marcele dos Santos
Programação Visual e Diagramação
Denise Pires Pierin
Kátia Cristina Oliveira dos Santos
Rodrigo Santos
Sandro Niemicz
William Marlos da Costa
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 4 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 182 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
A
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Vamos estudar juntos os “Aspectos históricos e filosóficos do Direito”. Ora, 
pelo próprio nome é muito fácil compreender o que vamos trabalhar. Mas 
quando lhe apontamos as duas facetas de nossa disciplina o que lhe vem à 
cabeça é: História? Não gosto. Filosofia? Não entendo.
Nós convidamos você a deixar de lado antigos preconceitos e embarcar 
conosco nessa viagem histórica e filosófica pelo Direito. Afinal, essa apostila foi 
feita com o objetivo de fazê-lo se aproximar desses dois temas pelo ponto de 
vista do Direito e da Justiça, temas que você deve gostar, já que escolheu fazer 
esse curso de Fundamentos e Práticas Judiciárias. E olhar a história e conhecer 
a filosofia sob um ângulo que nos interessa, esteja certo, é outra coisa...
Este material poderá auxiliá-lo em todas as outras disciplinas, na medida 
em que pretende despertar em você, estudante, uma aproximação crítica do 
Direito, para conhecê-lo com profundidade e não aceitar respostas fáceis ou 
prontas para questões a ele relacionadas.
A apostila tem uma proposta ousada: partimos da Pré-história, que termina 
cerca de 3500 a.C., e vamos até meados da década de 1980, com o fim da 
ditadura militar brasileira. Ou seja, mais de 5000 anos de história em cerca de 
100 páginas. Ela seguiu uma ordem cronológica na organização dos temas, 
que buscou mesclar os aspectos históricos e filosóficos nas aulas, como pres-
supõe a disciplina. Esta apostila é apenas uma base, um roteiro para seu estudo; 
você deverá recorrer à bibliografia básica e complementar, participação nas 
aulas, resolução das atividades, contatos com o web-tutor, além de pesquisas 
individuais e em grupo, para as quais a Internet é uma ferramenta inestimável.
Procuramos sugerir sítios, filmes e livros, para que você possa se aprofundar 
nos temas que lhe chamarem mais atenção. Esperamos que esse material possa 
auxiliá-lo na trilha do conhecimento jurídico, que é sua a partir de agora.
Bons estudos.
Prof. Marcelo Rythowem
Profª. Ana Patrícia R. Pimentel
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 5 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 183 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
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EMENTA
Introdução aos conhecimentos básicos da História e pressupostos lógicos 
para o estudo da Filosofia do Direito. Definição, visão histórica e moderna. 
Teorias jusfilosóficas (Naturalismo e Positivismo). Axiologia: Sociedade. Ordem. 
Poder. Origem e Legitimidade do Poder. História das Instituições Jurídicas: 
Civilizações não-ocidentais. Formação do Direito Ocidental: Grécia, Roma. 
Direito Econômico. Evolução do Direito Ocidental: Codificação. Direito Luso 
Brasileiro – Colônia, Império, República.
OBJETIVOS
Compreender as contribuições da Filosofia para o desenvolvimento •	
do Direito.
Conhecer os aspectos históricos mais relevantes da trajetória jurídica •	
da humanidade, com ênfase no Direito brasileiro e suas raízes.
Despertar um olhar crítico e questionador sobre o fenômeno jurídico.•	
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
O Direito na antiguidade com seus fundamentos históricos e •	
filosóficos
O Direito e a Filosofia na antiguidade grega•	
Pressupostos históricos e filosóficos do Direito Romano•	
Pressupostos históricos e filosóficos do Direito na Idade Média•	
Pressupostos históricos e filosóficos do Direito na Idade Moderna•	
Pressupostos históricos e filosóficos do Direito na Idade Contemporânea•	
Aspectos históricos do Direito no Brasil•	
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 6 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 184 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 7
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme de Assis. Curso de Filosofia do Direito. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
CRETELLA JR., José. Curso de Filosofia do Direito. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2004.
MASCARO, Alysson Leandro Barbate. Introdução à Filosofia do Direito: dos 
Modernos aos Contemporâneos. São Paulo: Atlas, 2002.
NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
NUNES, Rizzatto. Manual de Filosofia do Direito. São Paulo: Saraiva, 2004.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à Filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1993.
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito: geral e do Brasil. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Lúmen Júris, 2005.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1997. 
COTRIM, Gilberto. História Global. São Paulo: Saraiva, 1997.
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Estudos de filosofia do direito: reflexões sobre o poder, 
a liberdade, a justiça e o direito. São Paulo: Atlas, 2002.
GILISSEN, John. Introdução histórica ao Direito. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2001.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História. São Paulo: Max Limonad, 2000.
MALDANER, Jair José; RYTHOWEM, Marcelo. Filosofia, ética e cidadania. In: 
Caderno deConteúdos e Atividades do Curso de Administração do Sistema EaD/
Unitins Interativo. Palmas, TO: Unitins, 2005.
MONDIN, Battista. Curso de Filosofia. 9. ed. São Paulo: Paulus, 1981. v. 2.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade 
Média. 5. ed. São Paulo: Paulus, 1990. v. 1.
SHIRLEY, Robert. Antropologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 1987.
VEYNE, Paul. Como se escreve a História. 4. ed. Brasília: UnB, 1998.
WOLKMER, Antonio Carlos. História do Direito no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2005.
______ (Org.). Fundamentos de História do Direito. 2. ed. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2001.
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 7 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 185 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
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m
ár
io
Aula 1 – O Direito na antiguidade com seus fundamentos históricos e 
filosóficos ............................................................................9
Aula 2 – O Direito e a Filosofia na antiguidade grega ..........................23
Aula 3 – Pressupostos históricos e filosóficos do Direito Romano ............37
Aula 4 – Pressupostos históricos e filosóficos do Direito na Idade Média ...47
Aula 5 – Pressupostos históricos e filosóficos do Direito 
na Idade Moderna .............................................................61
Aula 6 – Pressupostos históricos e filosóficos do Direito na Idade 
Contemporânea .................................................................75
Aula 7 – Aspectos históricos e filosóficos do Direito no Brasil .................91
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 8 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 186 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 9
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
compreender a relação existente entre o Direito, a Filosofia e a História;•	
analisar o papel dos costumes e da religião na formação do Direito •	
em seus primórdios.
Pré-requisitos
Para esta aula, é importante que você tenha espírito aberto e curiosidade 
para familiarizar-se com a temática e os conceitos do Direito, da Filosofia e da 
História. Como você já deve ter percebido ao ler o sumário de nosso caderno 
de conteúdo e atividades, esta disciplina deve acompanhar a linha do tempo da 
história, trabalhando os aspectos jurídicos e jusfilosóficos mais importantes na 
trajetória humana. Assim, você deve recordar os principais períodos da História, 
que você aprendeu no Ensino Médio. Lembrou? Se não, nós damos uma ajuda.
Jusfilosofia – jus (Direito) + filosofia = Filosofia do Direito
Introdução
Você pensa que a Filosofia, a História e o Direito são coisas distantes do 
seu dia-a-dia? Pois bem, neste nosso primeiro encontro, vamos abordar estes 
temas e mostrar que essas três áreas do conhecimento estão intrinsecamente 
relacionadas e fazem parte do nosso cotidiano. Por isso queremos convidá-lo 
para refletir essa relação. Veremos também os primórdios do Direito.
Aula 1
O Direito na antiguidade com seus 
fundamentos históricos e filosóficos
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 9 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 187 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
10 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
1.1 Investigando os conceitos de filosofia, história e Direito
1.1.1 A Filosofia
Uma pergunta comum, que se faz muito quando se estuda Filosofia é: para 
que Filosofia? Fazer essa pergunta é natural. Mas não é natural perguntar: Por 
que Matemática? Por que História? Por que Direito? No fundo, é porque, em 
nossa sociedade, uma coisa só tem direito a existir se tiver alguma utilidade 
prática imediata, o que, para a maioria das pessoas, parece não ser o caso 
da filosofia.
É muito provável, no entanto, que você já tenha ouvido as seguintes 
expressões: “A filosofia de nossa Instituição é....” ou, “A nossa empresa têm 
a seguinte filosofia...” ou ainda, “A minha filosofia é essa...”. Percebam que 
a palavra filosofia é empregada muitas vezes e em diversos sentidos. Mas, 
vamos às origens!
A palavra filosofia tem sua origem e significado nos termos gregos philo 
(que significa amor, amizade) e shopia (que significa sabedoria). Significa, 
portanto, amor à sabedoria, amor e respeito ao saber. Dessa forma, filosofia é 
um estado de espírito, o da pessoa que ama, deseja, estima, procura e respeita 
o conhecimento, o saber. Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras a invenção da 
palavra filosofia.
Mas, o que é a atividade filosófica, qual é a atividade própria dos filósofos? 
Há praticamente tantas respostas quantos são os autores. Não há uma defi-
nição única. Cada filósofo contribui e, juntos, eles produzem o que chamamos 
filosofia. Filosofia não é teoria distante da Vida. Ela é uma forma de vida. Não 
é algo que se contempla, mas algo que se vive. Fala do sentido profundo de 
nossa existência.
Uma das maiores dificuldades para um filósofo é definir Filosofia. Vamos expor 
agora algumas definições possíveis, e sua crítica (CHAUÍ, 1997 p. 16-17).
1. Visão de mundo: de um povo, de uma civilização ou de uma cultura. É 
uma definição muito ampla e genérica que não permite, por exemplo, 
distinguir a filosofia da religião.
2. Sabedoria de vida: a filosofia seria uma contemplação do mundo e 
dos homens, para nos conduzir a uma vida justa, sábia e feliz. Essa 
definição nos diz somente o que se espera da filosofia (a sabedoria 
interior), mas não o que é e o que faz a filosofia.
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 10 13/1/2008 14:57:50
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 188 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 11
3. Esforço racional para conceber o universo como uma totalidade orde-
nada e dotada de sentido: essa definição dá à Filosofia a tarefa de 
explicar e compreender a totalidade das coisas, o que é impossível.
4. Fundamentação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas: a 
filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural e 
histórica tornam-se estranhas, espantosas, incompreensíveis. Quando 
o senso comum já não sabe o que pensar e dizer, e as ciências ainda 
não sabem o que pensar e dizer.
Segundo Chauí (1997, p. 16-17), essa última definição é completa, pois 
abarca a filosofia como análise das condições das ciências, da religião, da 
moral, como reflexão sobre si mesma, e como crítica das ilusões e precon-
ceitos individuais e coletivos das teorias científicas, políticas. A Filosofia é a 
busca do fundamento e do sentido da realidade em suas múltiplas formas.
Mas quais as atitudes e características que a filosofia possui?
A admiração, a indagação, a atitude crítica e a reflexão.
A origem do filosofar, o impulso para o filosofar emana da admiração, 
espanto e inquietação. A única coisa de que precisamos para nos tornar 
bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas.
A admiração inicia, carrega e sustenta a filosofia. Ela nos aproxima do 
espetáculo da vida, no dia-a-dia da nossa existência, e nos deixa constan-
temente surpresos, nos deixa em dúvida, nos induz ao perguntar, ao ques-
tionar. O espanto mantém a filosofia, é sua alma e inspiração.
A indagação, o questionamento filosófico surge, pois, de um sentimento 
de surpresa, de estupefação e de susto diante do devir das coisas. Diante 
da realidade que aparece, o filósofo é tomado de espanto e pergunta: Que 
é isto? Por que é assim e não diferente? A atitude filosófica do indagar, na 
qual nos dirigimos ao mundo que nosrodeia, perguntando o porquê das 
coisas, é central para a filosofia. A capacidade da admiração aliada à 
indagação cria a terceira característica da filosofia: a atitude crítica.
Ter uma atitude filosófica é, acima de tudo, ter uma atitude crítica, diante de 
todas as coisas, não se contentar com respostas prontas. Algumas perguntas básicas 
da filosofia em sua atitude crítica são: o quê? por quê? como? Admiração, inda-
gação e atitude crítica proporcionam, finalmente, a característica da reflexão.
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 11 13/1/2008 14:57:51
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 189 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
12 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
A reflexão, movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, 
interrogando a si mesmo, também é atitude básica da filosofia. Assim, temos 
o caminho/ciclo percorrido por aqueles que buscam o conhecimento: a 
observação da realidade suscita espanto que leva à indagação sobre o 
mundo. Essas perguntas não podem se contentar com respostas fáceis, mas 
devem se submeter à reflexão para se construir o conhecimento.
1.1.2 A História
A História não é uma sucessão de fatos que naturalmente se encadeiam 
entre si. As histórias contadas pela História são apenas uma leitura, dentre 
outras tantas que se pode(ria)m fazer sobre os mesmos fatos. Disto, conforme 
Veyne (1998) afirma, decorrem verdades incontestáveis: a história é uma narra-
tiva de eventos acontecidos (ela não revive estes eventos e tampouco pode 
trabalhar com fatos fantasiosos) e é lacunar e parcial (sempre será uma pers-
pectiva do evento, pois é impossível reunir todas as visões sobre o mesmo).
História é a ciência que estuda, de maneira crítica, o conjunto das transformações, 
continuidades, rupturas, revoluções e transições pelas quais passou a humanidade, 
desde sua existência.
A análise do Direito, através da História, deve-se revestir de cuidado, para 
que não se caia no erro de ver o direito atual como a expressão final (melhor, 
absoluta, imutável) do Direito. José Reinaldo de Lima Lopes (2001, p. 19-22) 
coloca algumas suspeitas que devem nortear o trabalho com a História:
suspeita do poder•	 : a História sempre conta com um elemento de poder; 
sua narrativa baseia-se em ideologias;
suspeita do romantismo•	 : a História não é determinista e nada é decor-
rência natural quando se trata de sociedade humana;
suspeita das continuidades•	 : as coisas são diferentes do que foram 
e serão, ainda que sejam nominadas da mesma forma. Ademais, 
deve-se ter em mente que as continuidades temporal e espacial nem 
sempre andam juntas, ainda que a História, muitas vezes, faça um 
recorte que aparente este sentido;
suspeita da idéia de progresso e evolução•	 : o presente não é um mero 
desenvolvimento do passado, assim como o futuro não será expressão 
do progresso dos dias atuais. O mundo (físico e social) traz inovações 
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 12 13/1/2008 14:57:51
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 190 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 13
imprevisíveis que podem mudar o rumo da História, trazendo um grande 
avanço em alguma área e retrocedendo ou paralisando alguma outra.
A História pode, assim como o Direito ou a Filosofia, desempenhar, em 
momentos de mudanças, um papel legitimador da situação vigente, pode, 
também, ter um papel restaurador ou reacionário, mas pode, ainda, ter um 
papel crítico diante da realidade. Para fazer a história, não podemos consi-
derar somente as estruturas, os episódios e os grandes feitos; há que consi-
derar também o cotidiano das pessoas, a vida material, ou seja, vestimentas, 
alimentação, medicação, diversão, os hábitos mais cotidianos das pessoas de 
uma determinada época. Levando em consideração esta vida material, coti-
diana das pessoas, descobre-se um elemento indispensável no historiador que 
o identifica com o filósofo: a estranheza, a curiosidade. Dessa forma, o histo-
riador se aproxima das coisas com a surpresa e o assombro da diferença.
Completando nosso tripé, neste momento, falaremos da relação da Filosofia 
e da História com o Direito.
1.1.3 O Direito
“Direito” é uma palavra que traz em si uma grande margem de impre-
cisão. Ferraz Jr. nos ensina que
ele é denotativamente vago porque tem muitos significados 
(extensão). [...] Ele é conotativamente ambíguo porque, no uso 
comum, é impossível enunciar uniformemente as propriedades 
que devem estar presentes em todos os casos em que a palavra 
se usa (FERRAZ JR., 1988, p. 37).
A definição de Direito pode adquirir vários significados e ser entendida sob 
diversos ângulos, dependendo daquele que a estuda e seus objetivos. Segundo 
André Franco Montoro (2000), o Direito pode assumir até cinco sentidos dife-
rentes: norma, faculdade, justiça (valor), ciência e fato social. Você irá tratar 
disso com mais profundidade em Introdução ao Estudo do Direito.
Para nós, agora, basta saber que ele, o Direito, vai aparecer como uma 
expressão das sociedades em que se inserem, sendo, ao mesmo tempo, fruto e 
causa de suas manifestações, ou seja, o Direito ao mesmo tempo que influencia 
um grupo social, também é influenciado por ele.
Qualquer que seja a acepção ou conceito adotado, será sempre objeto de 
reflexão tanto da História quanto da Filosofia, devido à sua importância para 
a organização e sobrevivência da espécie humana. Como fato social e norma, 
aparece desde a formação dos grupos sociais; como faculdade e justiça, é 
Fund_Jurid_1oPeriod.indb 13 13/1/2008 14:57:51
01 - FUND. JURÍDICOS - 1º P. - 4ª PROVA - 13/01/2008 - Page 191 of 612 APROVADA? NÃO ( ) / SIM ( ) VISTO ______________
aUla 1 • aSPecToS HISTórIcoS e fIloSófIcoS do dIreITo
14 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
base no nascimento da filosofia, além da história e da filosofia serem facetas 
do estudo da ciência do Direito.
Quanto aos desdobramentos dessa aula, você deve aplicar as noções 
trabalhadas de filosofia e história a toda a matéria dessa apostila. Pesquise, 
critique, desconfie, admire-se, reflita, assuma uma posição, mude de posição, 
não pare... Só assim o conhecimento pode se desenvolver. Não esqueça que 
a atitude filosófica é para todos e pode mudar o mundo, e que você é sujeito 
da história, que está sendo construída agora. Iniciar esse curso é só o primeiro 
passo nessa nova etapa da sua história. Boa caminhada.
1.2 O Direito da Pré-história aos impérios orientais da antiguidade
Quando nasce o Direito? Os “homens das cavernas” já o conheciam? 
Como era esse Direito, ou que tipos de regras apresentava? A partir dessa 
aula, você poderá perceber que o Direito é uma manifestação que acompanha 
toda a trajetória humana, desde antes da invenção da escrita.
Também notará uma contínua mudança do Direito, que vai variar conforme 
a época e a sociedade na qual ele se insere. Por fim, vamos conhecer as 
legislações primitivas desenvolvidas pelos povos orientais da Antiguidade e 
compreender sua importância em seu contexto social.
1.2.1 As sociedades e seus Direitos
Diferentes tipos de sociedades humanas se desenvolveram no decorrer 
do tempo e do espaço global: sociedades nômades e sedentárias, agrárias e 
urbanas, simples e complexas, entre tantos outros tipos. Cada uma delas, a seu 
modo, desenvolveu seu próprio Direito.
Mas que Direito é esse? Em que ele se parece com o atual?
Você irá estudar, durante a nossa disciplina e em Introdução ao Direito, 
que há um longo e fecundo debate sobre o que é o Direito e as facetas que ele 
apresenta, mas, para esse momento do nosso estudo, vamos encarar o Direito 
apenas no seu sentido mais aparente: denormas de conduta social, normal-
mente associada a alguma noção de justiça.
Todas as sociedades têm algum tipo de cultura jurídica, uma vez que 
desenvolveram mecanismos de controle social e aplicação de sanções, muitos 
dos quais se mantêm até os dias atuais.
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 15
Vale ressaltar que “as regras são feitas a partir de bases sociais e econô-
micas e precisam ser vistas em seu conteúdo social” (SHIRLEY, 1987, p. 12). 
Isso significa que cada sociedade desenvolve seu próprio direito, de acordo 
com seu nível de intercâmbio social com outros povos, suas características e 
necessidades, que são únicas e se modificam com o tempo.
1.2.2 O Direito primitivo dos povos pré-históricos
Desde o surgimento do homem no mundo, ele precisa do “outro” para sobre-
viver e perpetuar a espécie. Nasce daí a necessidade, que nos acompanha 
desde então, de formar agrupamentos humanos e estabelecer regras sociais.
Uma vez que a Pré-história se refere a um longo período de tempo, que vai 
até a invenção da escrita (cerca de 3500 a.C.), encontramos aí muitos e variados 
povos, em diversos estágios das forças produtivas e econômicas, desenvolvendo 
diferentes atividades de sobrevivência. Nesse momento, o Direito não é um sistema 
autônomo, mas se estabelece junto com a religião e a moral. As principais áreas 
regulamentadas por esse direito primitivo são a criminal e a de família.
A característica principal que une sociedades assim tão díspares é a ausência 
de escrita, fazendo com que sua maior fonte de direito sejam os costumes.
Outra fonte importante do Direito arcaico são as normas postas pelas auto-
ridades locais, sejam em caráter geral, seja na decisão de casos particulares. 
O poder dessas autoridades na aceitação de suas regras também é variável 
conforme o tipo de sociedade a que se destina e seu grau de legitimação (obedi-
ência e oposição). Para cada tipo de atividade desenvolvida (caça, pesca, coleta, 
 agricultura, comércio, artesanato, etc.), corresponde um tipo de organização 
social (bando, comunidade primitiva ou Estado) (SHIRLEY, 1987, p. 25).
Observe as imagens a seguir.
A imagem nos mostra uma cena de uma caçada pré-histórica, com um 
grupo composto basicamente por homens. Após o 
abatimento da presa, não há realmente a neces-
sidade de o grupo continuar a existir. Caso 
ele se mantenha, até que ponto seus membros 
estariam dispostos a se submeter às regras do 
 coletivo, caso algo viesse a lhe desagradar?
Situação muito diferente é o caso de uma 
comunidade agrícola, na qual o resultado do 
trabalho não é imediato (antes de colher, é 
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16 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
 necessário plantar e esperar a planta se desenvolver). Numa organização assim, o 
 indivíduo insatisfeito tem muito a perder se abandonar ou for expulso do grupo.
Entre algumas sociedades sem escrita mais desenvol-
vidas, já se pode notar a formação de um Estado, ainda 
em estágio primário, com forte influência religiosa, 
de caráter teocrático. Aqui a presença de leis 
gerais postas pelas autoridades já se faz sentir 
com mais intensidade, baseada na força da fé 
e no sobrenatural.
Esse Direito primitivo, próprio das socie-
dades apócrifas (sem escrita), refere-se tanto 
aos povos pré-históricos, que existiam antes 
da invenção da escrita no mundo, quanto aos 
povos altamente desenvolvidos que viviam na 
América pré-colombiana, e outros que sobrevivem até 
hoje isolados, como certas tribos da Amazônia brasileira.
O surgimento da escrita vai fazer com que o Direito deixe de ser apenas 
costumeiro e oral, viabilizando maior segurança e estabilidades às relações 
sociais e ao poder do Estado.
1.2.3 O aparecimento da escrita e o Código de Hamurábi
Os mais antigos documentos jurídicos de que se tem notícia datam do 
terceiro milênio a.C., das regiões do Egito e da Mesopotâmia. Essas socie-
dades, de poder teocrático, desenvolveram a escrita e deixaram documentos 
que explicitam ou se referem às leis e costumes da época.
Ambas as civilizações, a egípcia e a mesopotâmica, eram politeístas (acredi-
tavam em vários deuses) e teocêntricas (governo chefiado por um deus ou sacer-
dote, conforme a vontade divina). O Egito deixou um imenso legado cultural 
para a humanidade, mas pouco se sabe a respeito do seu sistema de Direito.
Enquanto o Egito não apresenta um legado jurídico importante, a Mesopotâmia 
nos deixou vários códigos de leis escritas, como o de Ur-Nammu, de Eshnunna, de 
Lipt-Ishtar. Nenhum deles se compara com uma das mais importantes fontes legis-
lativas já conhecidas e que se tem preservada (no museu do Louvre, em Paris) até 
os dias atuais: o Código de Hamurábi. Fruto do governo de um rei que expandiu 
e fortaleceu o império babilônico, contém 282 artigos e foi redigido em um bloco 
de pedra em escrita cuneiforme, por volta de 1750 a.C. Inicia com a proclamação 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 17
da origem divina do Rei e daquelas normas, sendo que as disposições ali contidas 
expressavam “um regulamento de paz”, no qual o rei aparece como um justiceiro, 
um protetor dos oprimidos e um guardião da liberdade de seu povo (GILISSEN, 
2001, p. 62). Essa legislação apresenta aspectos sociais interessantes, ao prever 
regras de proteção a órfãos e viúvas e regulamentar questões trabalhistas.
A Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente”) ali expressa, apesar de 
hoje nos parecer cruel, trazia em si os princípios de pessoalidade de pena e 
proporcionalidade na sua aplicação. Sem esses princípios de justiça, o que 
prevalecia era a vingança grupal, que impossibilita qualquer equilíbrio entre 
ofensa e reparação.
A Lei de Talião não é exclusiva do Código de Hamurábi, mas um preceito de justiça 
presente em vários Direitos antigos.
Esses Códigos, na verdade, consolidavam os costumes que já eram viven-
ciados pela população da região naquela época, e não se confundem com 
nossos Códigos atuais, pela forma como eram redigidos e elaborados.
1.2.4 O Direito e as religiões no mundo antigo
Mais do que pertencer a um território, um forte fator de coesão social, 
desde a Antiguidade, é a religião. Desses agrupamentos, nasceram impor-
tantes leis e sistemas jurídicos.
Por volta de 1500 a.C., os judeus, que se encontravam escravizados, fogem 
do Egito, sob a liderança de Moisés. Esse foi o primeiro povo monoteísta do 
mundo, e na sua caminhada pelo deserto rumo à Terra Prometida, origina-se o 
Pentatêuco, ou Torah, que corresponde aos livros de Gênesis, Números, Levídico 
e Deuteronômio do antigo testamento da Bíblia. Por ser um povo que vai sofrer 
grandes perseguições ao longo de sua história, a evolução do seu direito vai 
depender da tradição oral, e vai se desenvolver, a partir do sec. VI a.C., por 
meio de compilações e comentários de costumes e leis que regem o grupo. 
Esses ensinamentos vão compor o Talmud, que forma o verdadeiro corpo de leis 
hebreu. Dessa religião, vão surgir o cristianismo e o islamismo.
Uma lei que vale a pena conhecer é o Código de Manu, que tinha vigência 
entre os seguidores do Hinduísmo (Índia). Apesar de ter sido escrito entre os 
anos 200 a.C. e 200 d.C., é consensoque suas disposições já existiam em 
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18 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
forma de costume, de direito oral. O hinduísmo se baseia num sistema de castas, 
no qual cada pessoa pertence, por nascimento, a um determinado estrato social, 
sem a possibilidade de haver mobilidade ou cruzamento entre eles, e o Código 
de Manu, estabelecido pelos brâmanes (a casta mais elevada, que representa 
os sacerdotes) confirma essa organização. Essa legislação, no entanto, nunca 
alcançou a mesma legitimidade do Torah ou do Código de Hamurábi.
Também vale a referência ao Direito Chinês, por ser essa uma das civiliza-
ções mais antigas do mundo. Surgida há cerca de 4000 atrás, desenvolveu-se 
isolada de outros povos, sendo o Direito muito influenciado pelo confuncionismo, 
sistema religioso e filosófico que representa a base cultural desse povo, a partir 
do sec. V a.C. É um direito ritual que prega a harmonia entre homem e natureza, 
reservando ao Direito uma função menor, valorizando a busca do consenso.
Com exceção da China, não é possível falarmos na filosofia que permeia esses 
sistemas jurídicos nesse momento histórico, uma vez que ela ainda não se fazia 
presente na sociedade humana. O mundo, até então, era explicado apenas pelos 
mitos e deuses, e não havia se desenvolvido, ainda, o questionamento racional. 
Essa reviravolta do conhecimento humano vai se dar ainda na Idade Antiga, no 
contexto da civilização grega, que veremos a partir da próxima aula.
Como você percebeu, há uma estreita relação entre a História a Filosofia 
e o Direito. Ambas as formas de conhecimento se relacionam e se influenciam 
reciprocamente. Mesmo que não haja uma reflexão explicita e sistematizada, 
como vimos nos primórdios da civilização, tratam a humanidade como um 
processo em que há constante transformação.
Síntese da aula
Nesta aula, apresentamos a você os conceitos da Filosofia, Direito e História e 
a relação que eles têm entre si. A curiosidade, a reflexão, a crítica e o entedimento 
dos fatos históricos são essenciais para as abordagens na área do Direito.
Você pode perceber que o Direito, como regra de organização social, é 
uma manifestação que acompanha o homem desde suas origens. Na Pré-história, 
encontramos uma variedade de direitos, conforme o grupo em que ele se desen-
volve. Em comum, encontramos a não-autonomia do Direito, que se expressa 
mesclado com regras morais e religiosas, e a ausência de escrita, que faz com 
E a filosofia do Direito nos Impérios Orientais?
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 19
que sejam todos eles baseados nos costumes e na autoridade. Com o surgimento 
da escrita, civilizações como a babilônica, a hebraica e a hindu vão criar códigos 
de leis para reger seus povos. Desses, sem dúvida, a mais conhecida fonte do 
Direito Antigo é o Código de Hamurábi que regeu o povo mesopotâmico, a partir 
do séc. XVIII a.C. Com exceção do Direito Chinês, nenhum sofreu influência filosó-
fica especificamente, haja vista ela ainda não ter se desenvolvido. Não se pode 
desprezar, no entanto, a importância da religião na elaboração dessas leis.
Atividades
1. Todas as sociedades têm algum tipo de cultura jurídica, uma vez que desen-
volveram mecanismos de controle social e aplicação de sanções, muitos 
dos quais se mantêm até os dias atuais, isto é, possuem, de alguma forma, 
um corpo de direito. Nesse sentido, é correto afirmar que:
a) na Pré-história, o Direito é um sistema autônomo, que se estabelece 
sem vínculos com a religião e a moral;
b) a Lei de Talião trazia em si os princípios em que prevalecia a vingança 
grupal, que possibilitava equilíbrio entre ofensa e reparação;
c) na China, o Direito se desenvolve de forma autônoma, sem uma 
base filosófica;
d) por meio de compilações e comentários de costumes e leis que regem 
o povo hebreu, o Talmud forma seu corpo de leis.
2. Explique a importância da autoridade local na formulação das normas 
das comunidades primitivas. Para isso, elabore um texto dissertativo de 20 
linhas com suas percepções.
3. A partir das discussões apresentadas nesta aula, analise a importância da 
filosofia e da história no estudo do Direito.
4. Diferentes tipos de sociedades humanas se desenvolveram no decorrer do 
tempo e do espaço global: sociedades nômades e sedentárias, agrárias e 
urbanas, simples e complexas, entre tantos outros tipos. Cada uma delas, a seu 
modo, desenvolveu seu próprio Direito. Nesse sentido, é correto afirmar que:
a) o Direito é superior à sociedade;
b) o Direito determina, de forma exclusiva o comportamento social;
c) Direito e sociedade se influenciam mutuamente;
d) há entre o Direito e a sociedade uma relação de indiferença.
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20 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
Comentário das atividades
Na atividade 1, você deverá perceber que cada código de Direito está 
 vinculado à sua cultura. A alternativa correta é a (d), pois o povo hebreu vincula 
seu Código de Direito à vida religiosa. A alternativa (a) está incorreta porque, 
nesse período, o Direito está atrelado aos códigos morais e religiosos, a (b) 
porque a Lei de Talião trazia em si os princípios de pessoalidade de pena e 
proporcionalidade na sua aplicação e não a vingança pura e simples; a (c) está 
incorreta porque na China o Direito foi muito influenciado pelo confuncionismo, 
sistema religioso e filosófico que representa a base cultural desse povo, a partir 
do séc. V a.C.
Na atividade 2, você deverá perceber que o direito recebe influências da 
cultura e do modo de vida do povo em que está inserido. Você deve ter claro 
que o período que abarca a Pré-história e parte da história antiga é rico no surgi-
mento de vários sistemas de Direito, cada qual com características bem peculiares. 
Apesar de nos parecerem muitas vezes cruéis, insensíveis ou mesmo insensatos, é 
importante ter em conta que eles respondem às necessidades de seu tempo e sua 
sociedade, sendo que algumas características atravessaram os tempos até nós.
Para as atividades 3 e 4, leve em conta que o Direito recebe influências da 
cultura e do modo de vida do povo em que está inserido. Você deve ter claro 
que o período que abarca a Pré-história e parte da história antiga é rico no 
surgimento de vários sistemas de Direito, cada qual com características bem 
peculiares. Apesar de nos parecerem muitas vezes cruéis, insensíveis ou mesmo 
insensatos, é importante ter em conta que eles respondem às necessidades de 
seu tempo e sua sociedade, sendo que algumas características atravessaram 
os tempos até nós. De modo específico, na atividade 4 está correta a alterna-
tiva (c), porque há uma influência mútua entre ambos. As demais alternativas 
estão incorretas porque tratam o Direito e a sociedade de forma separada (d) 
ou porque criam um grau hierárquico entre ambos (a) e (b).
Referências
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito: técnica, decisão, 
dominação. São Paulo: Atlas, 1988.
GILISSEN, John. Introdução histórica ao Direito. 3. ed. Lisboa: Fundação 
Calouste Gulbenkian, 2001.
_______. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. 5. ed. São Paulo: 
Paulus, 1990. v. 1.
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 21
MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2000.
SHIRLEY, Robert. Antropologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 1987.
Na próxima aula
Como afirmamos, a Filosofia só irá se desenvolver na Grécia, a partir da 
realidade construída por aquele povo. E foi uma revolução... Depois do surgi-
mento da Filosofia, o mundo nunca mais será o mesmo. Novas idéias e visões 
de mundo irão “contaminar” definitivamente o pensamento ocidental e, por 
conseguinte, o Direito. É isso que veremos a partir da próxima aula.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 23
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
interpretar como o desenvolvimento histórico e filosófico na Grécia •	
influenciou a construção das normas jurídicas;
analisar o desenvolvimento da Filosofia no período clássico.•	
Pré-requisitos
Para a compreensão do tema desta aula, é importante que você tenha presente 
a inter-relação entre a Filosofia, a História e o Direito, conforme estudado na 
primeira aula, além das características predominantes dos outros povos e direitos 
que se desenvolveram na Antiguidade. Essa revisão será importante para que 
você estabeleça a relação entre as instituições gregas e a filosofia inerente.
Introdução
A Grécia é uma civilização que se desenvolveu às margens do Mar 
Mediterrâneo, o que explica sua vocação comercial, que vai acabar por reper-
cutir em várias inovações sociais, como se verá. Partindo de uma análise histó-
rica da Grécia, logo após entraremos na questão da mitologia e nas condições 
que permitiram o nascimento da filosofia entre os gregos. Daremos especial 
atenção aos fatos que marcam a passagem da administração da lei e da justiça 
das mãos de uma organização familiar para as mãos do Estado, bem como a 
influência dos pensadores gregos para a construção de normas jurídicas.
2.1 Períodos da história grega
A civilização grega contou com quase dois mil anos de história na 
Antiguidade. Sua formação se inicia quando povos indo-europeus, como 
Aula 2
O Direito e a Filosofia na 
 antiguidade grega
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24 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
jônios, aqueus, dórios, chegam à Península de Peloponeso. Nesse período, 
conhecido como o das Sociedades pré-helênicas (2000-1100 a.C.), aconteceu 
a Guerra de Tróia.
Após essa fase, encontramos os Tempos Homéricos (1100-800 a.C.), 
marcados pelo aparecimento de dois clássicos da literatura, a Ilíada e a 
Odisséia, ambos de autoria de Homero (por isso o nome dessa etapa histórica 
grega), que narram os acontecimentos da Guerra de Tróia.
O Período Arcaico (800-500 a.C.) vai ser marcado pela formação das cida-
des-Estado (pólis) e suas leis, enquanto a Época Clássica (500-336 a.C.) vai ser 
o período áureo da filosofia grega e de sua expansão territorial com Alexandre, 
o Grande, que se dará a partir da conquista da Grécia pela Macedônia.
Por fim, temos o Período Helenístico (336-146 a.C.) que se refere ao que 
aconteceu após o domínio macedônio, com a expansão da cultura grega para 
além das fronteiras do antigo Império, que termina definitivamente com a domi-
nação romana.
2.1.1 A formação da sociedade e do direito grego
Os Legisladores construíram o Direito grego por meio de Constituições, 
cujas disposições ficavam expressas nos muros das pólis. Em 621 a.C., Drácon 
recebeu a missão de preparar uma legislação escrita. Até essa época, a legis-
lação era oral. Drácon promoveu a diferenciação entre homicídios voluntários 
e involuntários, e impôs a pena de morte para a maioria dos crimes. A impor-
tância desse período está no fato da administração da justiça passar das mãos 
dos eupátridas (justiça familiar) para o Estado (pólis). O problema é que poli-
ticamente nada mudou, pois os eupátridas mantiveram o monopólio do poder, 
antes apoiados no costume, agora na lei escrita.
A crise permaneceu, e Drácon foi substituído por Sólon, em 594 a.C., 
como legislador. Sólon aboliu a escravidão por dívida e promoveu mudanças 
na legislação, com o objetivo principal de estabelecer uma justiça baseada 
na igualdade de todos perante a lei. Sólon lançou as bases do futuro regime 
político de Atenas, a Democracia, implantado por Clístenes em 507 a.C.
Clístenes reformou a estrutura política grega. Os princípios básicos eram: 
direitos políticos para todos os cidadãos e participação direta deles no governo 
por meio de assembléias. É nesse período que surge a democracia grega.
O sistema de tribos, base da democracia grega, era formado por 
elementos de todas as camadas sociais, quebrando o sistema de Sólon que 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 25
ainda era baseado na origem regional e familiar. Para participar das assem-
bléias, todo cidadão devia se inscrever numa tritie, perdendo com isto o 
nome de família. Esse sistema foi chamado de democracia, porque o demos 
era o elemento principal.
“Costuma-se dizer que da Grécia veio pouca coisa na tradição jurídica 
e que a rigor o Ocidente deve mais a Roma nesta área. Trata-se de meia 
verdade [...]” (LOPES, 2000, p. 35). A própria filosofia trouxe muita influência, 
na medida em que se preocupou com temas como a liberdade, a justiça, a 
política e a ética, e com isso ajudou o centro do debate jurídico a se deslocar 
da tradição e da revelação divina, para um direito feito por e para a socie-
dade humana. Ou seja, o Direito se torna laico e passível de modificações, 
conforme a necessidade da pólis. Aliás, essa mesma pólis também traz uma 
influência significativa para o Direito, já que as leis da cidade são universais, 
atingem a todos os habitantes, limitando o poder familiar.
Percebe-se que as contribuições do Direito grego se deram mais na esfera 
não-institucional, mas há uma exceção importante: os contratos consensuais. Os 
gregos determinaram que a principal característica dos contratos era o acordo 
entre as partes (como é até hoje, conforme vocês verão em Direito Civil I), e não 
a forma como ele se reveste.
2.2 A formação filosófica da Grécia: Sofistas e Sócrates
O nascimento da filosofia da Grécia se deu com uma série de pensadores 
que tinham como principal objeto de reflexão o surgimento do universo. Aqueles 
que compunham esse período da filosofia grega, conhecido como Cosmológico, 
eram os pré-socráticos, como Tales de Mileto, Heráclito, Anaximandro, Pitágoras, 
entre outros. Os Sofistas inauguram o período Humanístico dessafilosofia, que 
busca estudar o homem em profundidade. Foram importantes na formação dos 
cidadãos na arte da argumentação e da retórica, essenciais para participar 
efetivamente nas assembléias da democracia grega. Sócrates vai introduzir a 
temática da ética e da justiça na questão dos valores universais.
2.2.1 Os Sofistas
No século V a.C., auge da democracia, Atenas tornou-se o centro da vida 
cultural e política da Grécia. O ideal de educação aristocrática, baseada em 
Homero e Hesíodo, do guerreiro belo e bom nos quais a virtude maior era a 
coragem, é substituído pela educação do cidadão, a formação do bom orador, 
que participa das decisões da pólis, argumentando e persuadindo os outros. 
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26 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
Para educar os jovens desse novo período, surgem os Sofistas (sábios, especia-
listas do saber), que eram cidadãos da Hélade (toda Grécia), não só de uma 
cidade-estado. Dentre os mais importantes pensadores sofistas, podemos citar 
Protágoras, Pródicos, Hípias e Górgias.
Para os sofistas, o pensamento dos pré-socráticos estava cheio de erros, 
era contraditório e não tinha utilidade para a vida da pólis (cidades). É 
inútil procurar as causas primeiras das coisas, a metafísica, sem antes 
estudar o homem em profundidade e determinar com exatidão o valor e 
o alcance de sua capacidade de conhecer. O interesse dos Sofistas era 
essencialmente humanístico.
A realidade e a lei moral, para os Sofistas, ultrapassam a capacidade 
cognitiva do homem: ele não pode conhecê-las. Tudo o que o homem conhece 
é arquitetado por ele mesmo: “O homem é a medida de todas as coisas” 
(Protágoras). Não pode haver conhecimento verdadeiro, absoluto, mas somente 
conhecimento provável. O fim supremo da vida para os sofistas é o prazer.
Nesse contexto, como exemplificação, podemos destacar os seguintes méritos 
dos sofistas: iniciaram uma reflexão sistemática sobre os problemas humanos, ao 
invés das questões naturais e cosmológicas dos filósofos pré-socráticos; aperfei-
çoaram a dialética e a discussão crítica sobre as limitações e o valor do conheci-
mento; destacaram o caráter diverso e relativo das leis, próprias de cada cidade, 
enfatizando a contraposição entre natureza (physis), lei (nómos) e pacto (thésis), 
em que se baseiam o direito natural e o direito positivo; defenderam o conceito 
de natureza comum a todos os homens, o que serviu para fundamentar a lei de 
modo mais igualitário e universalista; desenvolveram princípios educativos para 
o ensino de gramática e retórica; Protágoras considerava-se um mestre da sabe-
doria e da virtude política (politiké areté), formando os jovens para o debate 
público e o governo do Estado. O ideal sofístico de uma natureza humana que 
pode ser educada e constantemente aperfeiçoada deu início à ciência pedagó-
gica e à formação humanista na antiguidade.
O movimento sofístico tinha como pilar de sustentação a opinião, a 
 argumentação e a retórica. A técnica da oratória definia o homem público. 
E foi com essa idéia de formação dos jovens na técnica de instrumentos de 
oratória e retórica que se basearam os sofistas, respondendo às necessidades 
da democracia grega.
E, no contexto histórico que se sustentava, cada vez mais o homem buscava, 
pelas palavras e dentro de contradições sobre política, planos de guerra, 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 27
 deliberações legislativas, definir o que era justo e injusto. Construindo, os Sofistas, 
na prática política e jurídica, a idéia de um discurso persuasivo e respeitável.
Como os Sofistas se destacavam no campo do Direito e da justiça? Eles 
romperam com a convicção de que os deuses criavam as leis humanas, pois 
somente os homens podem fazer regras para o convívio social; as leis são atos 
humanos e racionais que se forjam no seio das necessidades sociais, o que 
só é possível por meio de discussão comum, da deliberação consensual, da 
comunicação participativa e do discurso. E de fato, o que há de comum entre 
os sofistas é o fato de, em sua generalidade, apontarem para os conceitos de 
legalidade e justiça, de modo a favorecer o desenvolvimento de idéias que se 
associavam à inconstância da lei a inconstância do justo (BITTAR; ALMEIDA, 
2005, p. 63).
2.2.2 Sócrates
Sócrates viveu em Atenas entre 469 e 399 a.C. Na sua própria inter-
pretação de si próprio, concluiu que era o mais sábio porque tinha cons-
ciência da sua própria ignorância. Sua vocação era ajudar os homens a 
procurar a verdade, sendo, dessa forma, um ferrenho opositor do relativismo 
dos sofistas.
Seu objetivo era incitar os homens a se preocuparem, antes de tudo, 
com os interesses da própria alma, procurando adquirir sabedoria e virtude. 
Antes de conhecer as causas primeiras, princípios metafísicos, é preciso 
conhecer-se a si mesmo, saber qual é a essência do Homem. O homem é a 
sua alma. Ela é claramente superior ao corpo, que a aprisiona. A alma é a 
razão, o lugar sede de nossa atividade pensante e eticamente operante; é o 
eu consciente. É preciso educar os homens para cuidarem de sua alma mais 
do que do corpo.
Sócrates compara a construção do conhecimento ao trabalho de uma 
parteira: ela pode ajudar a trazer ao mundo uma criança, mas o parto só 
ocorrerá com a vontade e ação da mulher para dar a luz. Essa comparação 
sofria forte influência de seu ambiente doméstico, pois sua mãe era parteira 
e seu pai, escultor. Disso decorre sua certeza de que o conhecimento é indivi-
dual, só pode ser produzido de dentro para fora.
Os métodos utilizados por ele eram o da ironia e o da maiêutica: parte 
de uma simulação (um caso hipotético ou real) estabelecendo um diálogo 
com perguntas desconcertantes. Sócrates deixa embaraçado e perplexo 
aquele que está seguro de si mesmo, faz com que o homem veja os seus 
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28 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
problemas, desperta curiosidade e o estimula a refletir. Não ensina a 
verdade, mas ajuda a cada um descobri-la em si mesmo. Para ele, aprender 
não é coisa fácil, só lenta e progressivamente se chega ao conhecimento 
da verdade.
Há, para Sócrates, conhecimentos universais. Enquanto a opinião varia 
de pessoa para pessoa, o conceito universal é o mesmo para todos. Sócrates 
se preocupou mais com os conceitos de bem, justiça, felicidade e virtude. A 
moralidade identifica-se com o conhecimento, pois se o homem peca é por 
ignorância, porque não é admissível que, conhecendo o bem e o mal, escolha 
o mal e não o bem. Quem faz o mal, ou ignora o bem, ou não sabe o que 
escolheu, é mau. A felicidade consiste na consciência reta, seguir os ditames 
da razão prática, da virtude.
O pensamento socrático era profundamente preocupado com as questões 
éticas. A ética socrática dedicou-se à ética de respeito às leis e, portanto, à 
coletividade. Entendia o Direito como um instrumento de coesão em favor do 
bem-comum. Vislumbrava nas leis um conjunto de preceitos de obediência 
incontornável, independente de essas serem justas ou injustas.
No entanto, as leis que havia ensinado a obedecer contra ele se voltaram. 
Foi condenado à morte por negar as divindades da cidade. E aceitou essa 
morte como prova do que ele defendia:o valor da lei como elemento de 
ordem do todo. Por fim, Sócrates entendia que é pela submissão às leis que 
a ética da cidade se organiza, já que a ética do coletivo está sempre acima 
da ética do individual.
2.2.3 Platão (427–347 a.C.)
Seu nome era Aristócles, mas pelo vigor físico e extensão de sua testa 
recebe o apelido de Platão (platôs em grego significa amplitude, largueza, 
extensão). Platão foi discípulo de Sócrates por cerca de dez anos. Por 
causa da morte de seu mestre, deixa Atenas por um período. Quando volta 
àquela cidade, funda a Academia. A Academia é por muitos considerada a 
primeira universidade que existiu. A estrutura do programa era a geometria 
e a matemática. Durante séculos, a academia foi o centro de atração para 
todos os estudiosos.
Platão pôs-se à procura da verdadeira causa das coisas. Para encontrá-la, 
julgou que devia refugiar-se nas idéias e considerar nelas a realidade das coisas 
existentes. Uma coisa é bela porque participa da Beleza (idéia, conceito de 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 29
beleza, que está no mundo ideal); é verdadeira porque participa da verdade. 
A causa do mundo sensível é a sua participação no mundo inteligível.
A doutrina das idéias é a intuição fundamental de Platão. Delas derivam 
todos os outros conhecimentos. Platão demonstra a existência do mundo das 
idéias da seguinte forma:
a) reminiscência: não tiramos as idéias universais da experiência, mas 
sim da recordação de uma intuição que se deu em outra vida;
b) o verdadeiro conhecimento: a ciência só é possível se trabalhando 
com conceitos universais. Para isso, deve existir o mundo inteli-
gível, universal;
c) contingência: idéia necessária e estática para que se explique o nascer 
e o perecer das coisas.
As idéias, segundo Platão, são incorpóreas, imateriais, não sensíveis, 
incorruptíveis, eternas, divinas, imutáveis, auto-suficientes, transcendentes.
E como Platão entendia a Ética? A ética platônica ensina a desprezar os 
prazeres, as riquezas, honras, a renunciar aos bens do corpo, as coisas deste 
mundo e a praticar a Virtude. A vida aqui na terra é passageira, é uma prova. A 
verdadeira vida está no além, no Hades (o invisível), onde a alma é julgada.
Para ele, a virtude consiste no conhecimento, e o mal, na ignorância. A 
virtude é uma só: a conquista da verdade. O ensinamento moral de Platão 
entra em choque com os valores tradicionais baseados nos poetas Homero e 
Hesíodo e codificados na religião pública. Os valores de beleza do corpo, 
saúde física são desprezados por Platão. O verdadeiro e autêntico fim da vida 
moral é a alma. Procurando purificá-la, libertá-la dos laços que a prendem ao 
corpo e ao mundo material elevando-a ao supremo conhecimento do inteli-
gível, ou seja, a contemplação das idéias.
E a Política?
Platão sentia forte atração pela política e se empenhou nela. A política 
tradicional tinha como instrumento a retórica típica dos sofistas. Para Platão, 
o instrumento da política é a Filosofia, pois só ela é via segura de acesso aos 
valores de justiça e bem, os quais são as bases autênticas de um Estado autên-
tico. Suas obras políticas são: República e As Leis.
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30 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
Na República, Platão defende que o Estado se origina porque os homens 
não se bastam a si mesmos. Estado ideal é o que quer viver no bem, na justiça 
e na verdade. No estado ideal há três classes. Veja o quadro a seguir:
TRABALHADORES 
(LAVRADORES, 
COMERCIANTES E 
ARTESÃOS)
GUERREIROS GOVERNANTES
Prevalece o aspecto 
concupiscível da alma, 
o mais elementar, sua 
virtude principal é a 
temperança que consiste 
na ordem, domínio e 
disciplina dos prazeres 
e desejos. Pressupõe-se 
também, desta classe, a 
submissão às ordens das 
classes superiores.
Sobressai a força volitiva da alma. 
A característica destes deve ser, ao 
mesmo tempo, a mansidão e a fero-
cidade. A virtude dos guerreiros 
deve ser a fortaleza ou a coragem. 
Esta classe é responsável pela vigi-
lância, deve cuidar dos perigos 
externos e internos da Cidade. 
Devem observar também para que 
as tarefas sejam confiadas aos 
cidadãos, conforme a índole de 
cada um.
Estes deverão amar a 
cidade como ninguém. 
Tem de cumprir com 
zelo sua missão e, 
acima de tudo, tenham 
aprendido a conhecer e 
a contemplar o Bem e a 
Justiça. Nos governantes 
domina a alma racional 
e sua virtude principal é 
a sabedoria.
A justiça, portanto, nada mais é do que a harmonia que se estabelece entre 
essas três virtudes. Quando cada cidadão e cada classe social desempenham 
as funções que lhes são próprias da melhor forma e fazem aquilo que por natu-
reza e por lei são convocados a fazer, então se realiza a justiça perfeita (REALE; 
ANTISERI, 1990, p. 163). O conceito de justiça em Platão é, segundo a natu-
reza, cada um fazer aquilo que lhe compete fazer. A justiça só existe exterior-
mente, nas suas manifestações, enquanto existir interiormente, na sua raiz, ou 
seja, na alma.
O regime ideal para Platão é o do filósofo-rei, pois o filósofo governa pela 
sabedoria e sabe discernir melhor do que ninguém o que é justo ou injusto para a 
pólis. Bom governo é o que realiza o bem do homem (da alma). Para entendermos 
melhor estes conceitos, deve-se conhecer o Mito de Er narrado por Platão, no final 
do Livro X da República, que conta a história de alguém que retornou do Hades.
Platão nos sugere que o homem encontra-se de passagem na terra e que 
a vida terrena constitui uma prova como mostra o mito de Er. Segundo esse 
mito, a vida verdadeira está no Hades (Além). No Hades, a alma é julgada 
com base exclusivamente no critério da justiça e da injustiça, da virtude e 
do vício, podendo receber prêmios, castigo eterno ou castigo temporário. 
Os juízes do Além somente se preocupam com isso, não importa se a alma 
foi de um imperador, de um sapateiro, de um legislador ou de um agricultor. 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 31
O que conta são os sinais de justiça ou injustiça que a alma traz em si. 
Para Platão, existe uma justiça divina, para além da realidade humana. 
Essa justiça é infalível, impecável, absoluta, da qual nenhum infrator pode 
furtar-se. A justiça humana é relativa e ineficaz (condenou Sócrates à morte, 
por exemplo).
2.2.4 Aristóteles (384–322 a.C.)
Aristóteles nasceu em Estagira, na fronteira com a Macedônia. Seu pai 
era médico e serviu a Corte Macedônica. Aos 17 anos, vai a Atenas e entra 
para a Academia de Platão, na qual permanece por 20 anos, até a morte 
de Platão. Com isso, volta à Macedônia e torna-se preceptor de Alexandre 
Magno, retornando depois novamente a Atenas, onde abriu uma escola 
chamada Peripatética, pois dava suas lições num corredor do Liceu (Perípatos). 
O interesse da Escola de Aristóteles está nas ciências naturais.
Enquanto Platão, mestre de Aristóteles, escrevera suas obras em forma de 
diálogo, Aristóteles preferiu o Tratado, pois permitia mais clareza, ordem e 
objetividade. Aristóteles também rejeitou a teoria das idéias de seu mestre, privi-
legiando o mundo concreto. A observação da realidade, segundo Aristóteles, 
leva-nos à constatação da existênciade inúmeros seres individuais concretos 
e mutáveis que são captados por nossos sentidos. Para isso, ele elege a expe-
riência como fonte de conhecimento, mostrando que as formas são a essência 
das coisas, que não há separação entre os objetos e as formas: estas são 
imanentes àqueles. As idéias não existem fora das coisas: dependem da exis-
tência individual dos objetos. É da observação das coisas concretas que se 
chega ao conceito por meio da abstração.
2.2.4.1 Ética e política
O Homem é um ser racional e sua felicidade consiste na atuação da 
razão, não em riquezas e honrarias. Felicidade é a plena realização das 
próprias capacidades. A atuação da razão está na contemplação. Mas 
os sentidos devem ser satisfeitos. É preciso haver harmonia entre razão 
e sentidos. Prazer e razão. O caminho para conseguir a felicidade é a 
virtude, hábito de escolher o justo meio. Aristóteles não identifica virtude 
com saber (como Platão), mas dá importância à escolha, que depende mais 
da vontade que da razão.
Para Aristóteles, o Homem é, por natureza, um animal político. A origem 
do Estado se dá de maneira instintiva, natural. O Estado deve tornar possível a 
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32 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
vida feliz, pois só ele torna possível a completa realização de todas as capaci-
dades humanas. A finalidade do Estado é o Bem Comum. Segundo Aristóteles, 
quem vive fora do Estado ou não precisa dele, ou é Deus, ou um animal.
O que irá tornar possível a relação entre o homem e a política é a justiça. Para 
a realização da justiça, é preciso que haja vontade: o sujeito irá praticar determi-
nado ato não porque foi condicionado a isso, mas sim porque ele próprio optou.
Para que você possa compreender a formas de justiça, apresentaremos 
agora a Tipologia do Justo, segundo Aristóteles, a partir de Bittar e Almeida 
(2005). Observe, a seguir, essa tipologia.
JUSTO TOTAL
É a justiça universal ou integral. A abrangência de sua aplicação •	
é a mais extensa possível: as leis valem para o bem de todos, 
para o bem comum.
Consiste na virtude de observância da lei, no respeito àquilo •	
que é legítimo e que vige para o bem da comunidade.
JUSTO 
PARTICULAR
Refere-se ao outro singularmente no relacionamento direto •	
entre as partes.
É a justiça aplicada na relação entre particulares.•	
Pode ser dividido em: distributivo e corretivo. •	
JUSTO 
PARTICULAR 
DISTRIBUTIVO
Refere-se a todo tipo de distribuição feita pelo Estado, seja de •	
dinheiro, honras, cargos, etc.
Leva em consideração aspectos subjetivos, méritos, qualifica-•	
ções, desigualdades, etc.
Confere a cada um o que lhe é devido, dentro de uma razão de •	
proporcionalidade participativa, evitando os extremos tanto do 
excesso como da falta.
O atendimento às demandas da comunidade deve ser feito da •	
maneira mais eqüitativa possível.
JUSTO 
PARTICULAR 
CORRETIVO
Consiste no estabelecimento e aplicação de um juízo corretivo •	
nas transações entre os indivíduos em paridade de direitos e 
obrigações diante da legislação.
Refere-se à reparação nas relações e na igualdade nas trocas.•	
É objetiva, não se observa a condição dos indivíduos para •	
averiguação do que é justo ou injusto.
É exercido por meio do retorno das partes a situação ante-•	
rior vigente. Entre o mais e o menos, entre o ganho e a 
perda, o justo. Novamente Aristóteles retorna à justa medida 
(Mesotés).
JUSTO 
POLÍTICO
Consiste na aplicação da justiça na cidade, na pólis.•	
Tem como objeto a criação de uma situação de convivência •	
estável e organizada.
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 33
JUSTO 
DOMÉSTICO
É a justiça que se exerce na casa, na família. Justiça para •	
com a mulher, justiça para com os filhos e justiça para com os 
escravos.
JUSTO 
NATURAL
São as leis fundamentadas não na vontade humana, mas na •	
própria natureza (physis).
Decorrem da essência e da estrutura das coisas sem que •	
para isso sejam necessárias a intervenção ou a vontade 
legislativas.
Não depende, para existir, de qualquer decisão, de qualquer •	
opinião ou conceito.
A justiça natural é o princípio e a causa de todo movimento •	
realizado pela justiça legal.
JUSTO LEGAL
Corresponde à parte das prescrições vigentes entre os cidadãos •	
de determinada pólis.
Surgida da lei, tem sua existência definida pelo legislador.•	
A lei possui força não natural, apenas fundada na convenção, •	
podendo ser a lei de várias maneiras que uma vez definida 
deve ser obedecida.
O justo legal deve ser construído com base no justo natural.•	
A idéia de lei natural traz em si a idéia da eqüidade, equiparação, igual-
dade. Isto equivale aos conceitos de justiça distributiva de Aristóteles, conforme 
o direito natural. Outro conceito essencial desenvolvido por Aristóteles é o da 
Eqüidade. Na aplicação de uma lei, pode ocorrer uma injustiça. Daí nasce o 
conceito da eqüidade. Uma lei, quando feita, tem sua aplicação generalizada. 
O fato é que a lei é para todos, mas nem todos os casos devem ser punidos com 
o máximo de justiça. A eqüidade indica um direito que, embora não formulado 
pelos legisladores, se acha difundido na consciência das pessoas. A eqüidade 
nasce do fato de que se deve tratar de maneira desigual os desiguais.
Segundo Bittar e Almeida (2005, p. 115-119), há casos para os quais 
se aplicada a lei em sua generalidade, será causada uma injustiça por meio 
do próprio justo legal. Assim como a necessidade de aplicação da equidade 
surge a partir da singularidade dos casos concretos, é exatamente no julga-
mento desses casos que dela deve lançar mão o julgador.
Nas relações privadas, a equidade representa a excelência do homem 
altruísta que, ao ter de recorrer ao império coativo da lei, prefere valer-se de 
técnicas de civilidade e virtuosismo que seguem os princípios da moral, que 
permearam a escola socrática.
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34 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
Síntese da aula
Nesta aula, trabalhamos o contexto histórico, político e cultural que 
criou as condições para o surgimento da Filosofia na Grécia, bem como a 
passagem da mitologia à Filosofia. Vimos também como as características 
da sociedade grega influenciaram a formação do Direito nesse período. Os 
Sofistas introduziram a argumentação e a retórica como elementos essencias 
para a participação na democracia grega. Sócrates fundamentou a ética em 
valores universais e não em opiniões. Foi exemplo de coerência e levou ao 
extremo o respeito às leis e à coletividade, sendo por isso julgado e conde-
nado à morte. Vimos também que Platão e Aristóteles influenciaram decisi-
vamente a formação do pensamento filosófico, histórico e jurídico ocidental, 
contribuindo para que a justiça andasse sempre de mãos dadas com a ética 
e os valores morais.
Atividades
1. Elabore uma análise de 15 linhas dos principais elementos da história 
grega. Procure refletir sobre as instituições e a cultura gregas na formação 
de seu sistema de direitos.
2. O período clássico foi rico em termos de discussão filosófica. Analise as 
afirmações abaixo classificando-as em verdadeiras ou falsas.
I. Para ensinar, Sócratesusava o método expositivo, no qual só ele 
falava, posto que era o detentor da verdade.
II. Platão desenvolveu uma filosofia de cunha materialista Estão corretas 
pois fora desse mundo não há nada que mereça ser refletido.
III. Os sofistas buscavam, pelas palavras e dentro de contradições sobre 
política, planos de guerra, deliberações legislativas, definir o que era 
justo e injusto.
IV. Aristóteles compreendia que a eqüidade nasce do fato de que se deve 
tratar de maneira desigual os desiguais.
São assertivas verdadeiras:
a) apenas I e II
b) todas
c) apenas II, III e IV
d) apenas III e IV
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 35
3. No quadro A Escola de Atenas, o pintor renascentista Rafael diferencia 
Aristóteles e Platão mostrando que o primeiro aponta com a mão para o 
solo e o segundo aponta o céu. Explique como ambos concebem a filo-
sofia em um texto dissertativo de 10 linhas.
4. Costuma-se dizer que da Grécia veio pouca coisa na tradição jurídica e 
que, a rigor, o Ocidente deve mais a Roma nesta área. Trata-se de meia 
verdade [...]” (LOPES, p. 35). Essa afirmação se justifica porque:
a) não há uma formulação típica do Direito na Grécia;
b) para os gregos as leis tinham pouco valor;
c) entre os gregos não havia um interesse prático em discutir as normas;
d) a filosofia ajudou a deslocar o debate jurídico da tradição e da reve-
lação divina, para um Direito feito por e para a sociedade humana.
Comentário das atividades
Você deve considerar que a sociedade grega é, no período de sua 
formação, caracterizada pelo patriarcalismo e pelo poder exercido, em termos 
de justiça, pelas famílias tradicionais. Isso se modifica ao longo de sua história, 
pois com a pólis o espaço público passa a se sobrepor ao poder familiar, para 
responder a atividade 1.
Na atividade 2, estão corretas as assertivas II e IV, pois os Sofistas 
 baseavam sua atividade na retórica e na argumentação a Aristóteles compre-
endia que os casos devem ser tratados de forma particular, para que não se 
aplique de forma genérica e se cause alguma injustiça. Estão incorretas as 
assertivas I e II, porque Sócrates se julgava um parteiro de idéias que, por 
meio do diálogo, fazia com que seus interlocutores chegassem à verdade. 
Platão desenvolveu uma filosofia idealista, pois a verdade estava além desse 
mundo sensível em que vivemos.
Lembre-se, para responder a atividade 3, de que, enquanto Platão, mestre 
de Aristóteles, escrevera suas obras em forma de diálogo, Aristóteles preferiu o 
Tratado, pois permitia mais clareza, ordem e objetividade. Aristóteles também 
rejeitou a teoria das idéias de seu mestre, privilegiando o mundo concreto. A 
observação da realidade, segundo Aristóteles, leva-nos à constatação da exis-
tência de inúmeros seres individuais concretos e mutáveis, que são captados 
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36 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
por nossos sentidos. Platão defendia que a verdade se fazia presente no mundo 
das idéias e não na realidade empírica.
Na atividade 4, atente para o fato de que a alternativa (a) está incor-
reta, pois, para os gregos, o Direito foi colocado de forma escrita nos muros 
da cidade. Isso torna incorretas também as alternativas (b) e (c). A alterna-
tiva correta é a letra (d), porque a filosofia cumpriu um importante papel na 
discussão sobre o justo e o injusto de forma racional.
Referências
BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme de Assis. Curso de Filosofia do 
Direito. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
LOPES, José Reinaldo de Lima. O Direito na História. São Paulo: Max 
Limonad, 2000.
Na próxima aula
O Direito, como o conhecemos hoje, é tributário de muitas das idéias que 
foram desenvolvidas pelos romanos. Veremos, a seguir, os principais elementos 
do Direito Romano, com suas instituições e idéias, bem como faremos uma 
incursão por sua história.
Anotações
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNITINS • fUNdameNToS jUrídIcoS • 1º Período 37
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
compreender os períodos do Direito Romano, as características de cada •	
um deles, e a importância atribuída até hoje ao Direito Romano;
entender as principais correntes filosóficas do Império Romano.•	
Pré-requisitos
Roma foi uma civilização que sofreu grande influência helênica, por isso, 
para compreendê-la, e ao seu Direito, é necessário conhecer um pouco sobre 
a cultura grega, conforme você viu na aula anterior.
Introdução
Roma foi uma civilização que se formou a partir de povos etruscos, sabinos e 
latinos, que ocupavam a península itálica. Para entendermos a cultura romana e o 
Direito que ali se desenvolve, é necessário que possamos partir de duas premissas: 
a primeira é que o Direito de um povo é expressão de sua cultura e suas neces-
sidades; a segunda se refere a uma constatação histórica que toda civilização 
segue uma trajetória que, ao alcançar seu ápice, parte para a decadência. Dessas 
premissas, é possível auferir que o Direito Romano também vai, acompanhando a 
marcha de seu povo, conhecer um período de formação, o auge e o declínio.
3.1 A história de Roma
Ao longo de sua história de mais de mil anos, podemos apontar cinco 
etapas políticas romanas (LOPES, 2000, p. 43).
Aponta o autor que da formação da cidade (em 753 a.C.) até o início 
da República (em 509 a.C.) temos o período da Realeza (ou Monarquia), em 
Aula 3
Pressupostos históricos e 
filosóficos do Direito Romano
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38 1º Período • fUNdameNToS jUrídIcoS • UNITINS
que os reis, não hereditários, mas eleitos pelo Senado, têm poder absoluto. A 
classe dominante até então eram os patrícios, representantes das famílias que 
formaram Roma.
Afirma ainda que o próximo período foi o da República abarca quase cinco 
séculos (de 509 a 27 a.C.) e torna a administração romana mais complexa 
com a criação de várias magistraturas que vão ser responsáveis pela justiça 
(pretores, que veremos a seguir), pelas finanças (questões), pelos costumes 
(censores) e pela própria gestão do Império (cônsules). É nesse período que 
começa a conquista romana dos territórios. Também é aqui que plebeus, traba-
lhadores livres mas sem direitos até então, adquirem o poder de participar dos 
negócios públicos. Também é aqui que se desenrola a escravidão romana, a 
partir da prisão dos povos conquistados (LOPES, 2000, p. 43-47).
A próxima fase é a do Império, que se subdivide em duas: Alto (Principado, de 
27 a.C. a 284 d.C.) e Baixo Império (Dominato, até 476). Essa fase, que chega até 
o fim do Império Romano Ocidental, que cai sob a força das invasões bárbaras, 
caracteriza-se pela maior concentração de poder nas mãos do Imperador.
Antonio Carlos Wolkemer reconhece o Principado como o momento de 
maior expansão e estabilidade do Império, enquanto o Dominato, que vai fazer 
do Imperador senhor absoluto e assistir à divisão do Império em

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