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Material elaborado pela profa. Dra. Therezinha Barreto. 1. FRASE, PERÍODO, ORAÇÃO O termo frase, de significado bastante abrangente, designa todo e qualquer enunciado de sentido completo, capaz, por si só, de estabelecer a comunicação. A frase possui extensão e estrutura variada, podendo ser um só item lexical, um sintagma, uma oração, ou até mesmo um período. 1.1 TIPOS DE FRASES O tipo mais rudimentar de frase é constituído pelas interjeições, que dotadas de entonação vária, exprimem sentimentos diversificados: ai!, epa!, hum-hum! Um segundo tipo é a frase desprovida de verbo. É, portanto, uma frase nominal por Tesnière (1969, p. 99-101), de acordo com a classe ou função da palavra que constitui o seu núcleo. Frase substantiva: - “Emília no país da gramática”. Frase adjetiva: - “Bonitinha, mas ordinária”. Frase adverbial: - “Aqui, na Primavera”. A frase nominal é, por vezes, uma frase sem verbo, utilizada num determinado contexto situacional: Perigo! Silêncio! Fogo! Há ainda frases nominais que já apresentam uma certa estrutura oracional, mas são, do mesmo modo, desprovidas de verbo. Constam de elementos que se relacionam entre si, como subordinantes e subordinados: Cada macaco no seu galho. Casa de ferreiro espeto de pau. Carone (1986, p. 51) explica que existe sempre, com esse tipo de frase, a tentação perigosa de supor a elipse de um verbo. Tentação, porque parece facilitar a compreensão do fato, perigosa, porque induz em erro. Segundo a autora, não se pode fazer elipse de algo que não existe. A suposição da existência de qualquer verbo, em tais frases, é uma alteração da essência do texto, uma vez que, “sem o verbo estão presentes, na frase, os grafemas frasais, e é apenas isso que pretende quem usa tal estrutura sintática”. A tradição das frases nominais data do próprio latim (Ars longa, vita breves). São encontradas frases nominais não só em comédias de Plauto, refletindo a linguagem familiar, mas também em textos clássicos, puristas, de César e Cícero. No classicismo, sécs. XVI a XVIII, esse tipo de construção parece ter sido desprezado, voltando a florescer no séc. XIX, com o romantismo. Na literatura contemporânea, a frase nominal é amplamente utilizada; contribui para tornar o texto mais incisivo e direto, fazendo com que, numa descrição, os elementos essenciais sejam ressaltados com maior nitidez: - Madrugada. Frio. Escuridão. Casa vazia. Solidão e tristeza. - Paredes brancas, limpas. Móveis escuros, em contraste. Um velho baú, num canto. %o chão, roupas e papéis. Material elaborado pela profa. Dra. Therezinha Barreto. A frase verbal é o tipo frasal dominante na língua portuguesa. Pode ser constituída de uma única oração independente, portanto de um período simples (frase simples) ou de várias orações que se interligam, formando um período composto (frase completa). Assim, Às três horas, deverei ir ao aeroporto é uma frase e, ao mesmo tempo, um período simples; do mesmo modo, Quando anoitecer, deverei ir ao aeroporto é também uma frase e um período composto. Sendo unidade de comunicação, enunciado de sentido completo, a oração só será frase se transmitir, realmente, uma mensagem inteligível. Em: Quero que você esteja presente à reunião, há duas orações, mas uma só frase, uma vez que só o conjunto das duas transmite um pensamento completo; isoladas, são fragmentos de frase, uma parte é da outra, incapaz por si só, de transmitir uma mensagem. Algumas vezes, tem-se uma oração, mas não uma frase. É o que acontece quando, após uma oração subordinada, o pensamento é interrompido: Se alguém me explicar ... 1.2 PERÍODO Dá-se o nome de período ao enunciado constituído de uma ou mais de uma oração. Quando constituído de uma única oração, o período se denomina simples; quando constituído de mais de uma oração, composto. Os autores divergem quanto ao conceito de enunciado: para os linguistas da Escola de Praga, o termo enunciado se refere à “sequência acabada de palavras de uma língua, emitida por um ou vários falantes” (DUBOIS, 1978, p. 219). De acordo com essa concepção, um enunciado pode ter extensão variada e ser constituído de uma simples palavra ou até mesmo de um texto, uma vez que é um ato de expressão verbal. O enunciado distingue-se da enunciação. Enunciação é o ato individual de utilização da língua, enquanto enunciado é o resultado desse ato. Assim, quer seja simples, quer seja composto, o período é sinônimo de enunciado, pois é também um ato de expressão verbal. De acordo com a dependência sintática que se estabeleça entre as orações que o compõem, o período poderá ser composto por coordenação ou por subordinação. Coordenação e subordinação são, pois, os dois mecanismos sintáticos fundamentais para a conexão dos enunciados. Há ainda um terceiro mecanismo, o da justaposição, que consiste no encadeamento de orações, sem, contudo, explicitar, por meio de conectivos coordenativos ou subordinativos, a relação que existe entre elas. A justaposição abrange os dois mecanismos sintáticos supracitados (coordenação e subordinação), já que as diferentes relações semânticas podem ser estabelecidas entre as orações, sem que sejam definidas por indicadores sintáticos. Nos exemplos abaixo, citados por Borba (1979, p. 41), pode-se perceber entre as orações, relações de coordenação ou subordinação: - Levante a voz; verá o que lhe acontece! (subordinação: relação de condição) - Estive ontem no teatro; não te vi lá. (coordenação: relação de oposição) - Era a morena do momento; devia tê-la seguido. (coordenação: relação de conclusão) Material elaborado pela profa. Dra. Therezinha Barreto. A justaposição pode, portanto, estabelecer relações típicas de estruturas coordenadas ou de estruturas subordinadas. 1.3 ORAÇÃO Oração (ou sentença) é a unidade de organização gramatical em que os constituintes, isto é, as unidades lingüísticas se articulam e se organizam, de acordo com modelos convencionais, para a expressão do pensamento. A oração, como já foi explicitado anteriormente, é a frase verbal. Assim como as unidades lingüísticas se organizam formando orações independentes, que constituem os períodos simples, as orações se reúnem através dos mecanismos sintáticos de coordenação ou subordinação, formando os períodos compostos. Há, pois, orações coordenadas e subordinadas.
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