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DIAGNÓSTICO GESTACIONAL NA SUINOCULTURA pronto

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DIAGNÓSTICO GESTACIONAL NA SUINOCULTURA
O diagnóstico precoce e preciso de fêmeas vazias possibilita aumentar a eficiência reprodutiva de um rebanho, por meio da redução dos dias não produtivos de matrizes. Além do que garante a venda de fêmeas prenhes, torna possível estimar a produção e possíveis problemas relacionados à infertilidade do cachaço ou mesmo de cobertura. O manejo mais difundido para a identificação de fêmeas vazias é o de detecção diária do retorno ao estro por meio da estimulação pela presença do macho. Esse manejo, apesar de ser reportado com uma acurácia maior do que 90%, quando realizado durante o período de 14 a 90 dias de gestação, exige uma equipe treinada, muito tempo investido e ainda pode acarretar em diagnósticos falsos, devido à baixa especificidade para identificar fêmeas vazias. Por estes motivos, a comunidade científica criou métodos alternativos para detectar fêmeas vazias em momentos que o manejo com o macho não poderia fazê-lo, visando maior confiabilidade no diagnóstico obtido e otimização da mão de obra dos sistemas de produção de suínos. (GAGGINI et al, 2012)
CONTROLE DE RETORNO AO CIO 
Baseia-se no reaparecimento do comportamento de cio, no caso da ausência de gestação. Este retorno pode ser normal ou não (em média 21 ou 26 a 35 dias, respectivamente). Segundo alguns autores o controle do retorno ao cio deve ser realizado com auxílio do cachaço, usando a mesma técnica efetuada no diagnóstico de cio. Alta aplicabilidade. (LOVATTO, 1996; GAGGINI et al, 2012)
Tabela: Resultados obtidos no controle do retorno ao cio, com e sem auxílio do cachaço. (LOVATTO, 1996)
TESTES ENDÓCRINOS
Os principais hormônios mensurados foram o sulfato de estrona e a progesterona. A detecção do sulfato de estrona (produzida pela placenta) é realizada entre 16 e 35 dias de gestação (nível ótimo aos 25 dias). Baixa aplicabilidade (LOVATTO, 1996; GAGGINI et al, 2012). 
Quimicamente, foi observada uma diferença marcante entre os níveis de estrógeno urinário entre as fêmeas não-prenhes e período gestacional de 24-32 dias, avaliando os níveis de sulfato de estrona na urina, obtiveram 90,7% de acurácia no diagnóstico de gestação aos 16-30 dias após a cobertura. Quanto aos níveis de progesterona, suas concentrações são maiores na gestação precoce. Em testes foi obtida uma acurácia de 98,8% ao utilizarem dosagens de progesterona para o diagnóstico de gestação entre 17 e 22 dias após a inseminação artificial (GAGGINI et al, 2012).
Assim, as amostras tanto de estrógeno, quanto de progesterona podem ser usadas para indicar a gestação. Contudo, tais testes são usados mais experimentalmente que na rotina prática, pois têm como desvantagens o tempo requerido para a avaliação, a necessidade de coleta de urina ou sangue e o alto custo (GAGGINI et al, 2012).
ULTRASSONOGRAFIA
Existem vários modelos de aparelhos de ultrassom para determinar a gestação. Os do tipo A fornecem resultados altamente confiáveis em animais prenhes, porém apresentam tendência de falso positivo em fêmeas vazias. O período ideal para a sua utilização é de 30 a 60 dias. Os instrumentos tipo Doppler são mais precisos e podem ser usados a partir de 28 dias. Instrumentos de última geração podem fornecer resultados seguros aos 21 dias, porém têm custo alto. Aplicabilidade em núcleos genéticos e pesquisas. (LOVATTO, 1996; GAGGINI et al, 2012)
Tabela: Evolução das imagens ecográficas do conteúdo uterino de fêmeas suínas durante a gestação, até o 50º dia. (GAGGINI et al, 2012)
PALPAÇÃO RETAL
Este método consiste na palpação e presença de frêmito na artéria uterina. Permite um diagnóstico de prenhez em 60 segundos, com precisão de 90% quando realizado entre 30 e 60 dias de gestação, entretanto, a fêmea suína não apresenta uma anatomia ideal para tal avaliação, existindo um risco de prolapso retal, além do que, nem todas as marrãs apresentam tamanho suficiente para serem palpadas por qualquer examinador, o qual, além de possuir habilidade, deve ter, preferencialmente, uma mão pequena para realizar a palpação retal em marrãs. Sua realização só é possível em fêmeas pluríparas, pesando acima de 150kg. Mesmo assim deve-se ter o máximo cuidado para não romper a parede retal. Este trabalho deve ser feito com o uso de luva e substância lubrificante.
A gestação é determinada pela palpação da artéria ilíaca externa, da artéria uterina média, da cérvix e do corpo uterino caudal. As artérias uterina e ilíaca externa são comparadas pelo tamanho, tônus e presença de frêmito, onde a fêmea é considerada prenhe quando a artéria uterina apresenta frêmito ou se o seu diâmetro for igual ou superior ao da artéria ilíaca externa. A cérvix e corpo uterino caudal são avaliados pela consistência e tônus aumentado (LOVATTO, 1996; GAGGINI et al, 2012)
BIÓPSIA VAGINAL
A biópsia vaginal torna possível o diagnóstico de gestação por observar alterações histológicas no epitélio vaginal da fêmea suína. As amostras do epitélio vaginal são coletadas utilizando-se um instrumento de biópsia que é completamente inserido na vagina anterior e o tecido coletado é levado ao laboratório e avaliado pela microscopia óptica. As principais características analisadas são o número de fileiras celulares, presença de criptas e infiltrado leucocitário, características da membrana basal e presença de mitoses celulares. As fêmeas gestantes apresentam as seguintes características: epitélio baixo com duas a três camadas de células, ausência de criptas e infiltrado leucocitário, núcleos bem corados, regulares e ausência de mitoses (CORTEZ, 2003).
A biópsia vaginal mostra-se altamente precisa alcançando 100% de acerto em todos os períodos de gestação examinados. Embora tenha demonstrado como principal característica a alta precisão, esta não tem caráter prático para a rotina no campo, baseando-se nas seguintes características da técnica: 1. Necessidade de laboratório especializado; 2. Necessidade de um profissional com experiência em técnicas histológicas e interpretação das características da mucosa vaginal; 3. Repetição de biópsias devido ao fato de que, após corte histológico, montagem em lâmina e coloração, possa não haver presença de epitélio, provavelmente por erro no momento da biópsia ou por erro no posicionamento do tecido no bloco de parafina para corte histológico; 4. O resultado não é imediato, levando de 3 a 4 dias para ser obtido; 5. A aplicação da técnica pode provocar algum sangramento, fato que não agrada ao proprietário da granja e pode ser a porta de entrada para uma infecção (CORTEZ, 2003).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOVATTO, P.A. Manejo reprodutivo. 22p. In: LOVATTO, P. A.; OLIVEIRA, V. Suinocultura geral. 1.ed. Santa Maria. CCR. 165p. 1996. 
GAGGINI, T. S.; ALMEIDA, M. C. S.; BORTOLOZZO, F. P.; WENTZ, I. Diagnóstico de gestação em fêmeas suínas: uma revisão dos principais métodos. R. Bras. Agrociência, Pelotas, v.18 n.2-4, p.244-252, 2012.
CORTEZ, A. A. Acompanhamento reprodutivo em fêmeas suínas por ultra-sonografia. [Dissertação]. Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias. Fortaleza: UECE, 2003. 65 p.

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