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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 19 – Confissões de uma adolescente 1) REVER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DAS GRAVIDEZ As alterações fisiológicas observadas na gestação decorrem, principalmente, de fatores hormonais e mecânicos, e os ajustes verificados no organismo da mulher devem ser considerados normais durante o estado gravídico, embora determinem, por vezes, pequenos sintomas que afetam a saúde da paciente. HORMÔNIOS DA GESTAÇÃO Durante os primeiros 3 a 4 meses de gestação, o corpo lúteo no ovário continua secretando progesterona e estrogênios, que mantêm o revestimento do útero durante a gestação e prepara as glândulas mamarias para secretar leite, sendo que as quantidades secretadas, são um pouco maiores do que as produzidas após a ovulação em um ciclo menstrual normal. A partir do terceiro mês até o restante da gestação, a própria placenta fornece os níveis elevados necessários de estrogênios e progesterona. O cório da placenta secreta gonadotropina coriônica humana (hCG) no sangue, que por sua fez estimula o corpo lúteo a continuar a produção de progesterona e estrogênios = atividade necessária para evitar a menstruação e continuar a inserção do embrião e do feto ao revestimento do útero, fazem com que o endométrio continue a crescer e armazenar grandes quantidades de nutrientes, em vez de se descamar em produto menstrual. No oitavo dia após a fertilização, o hCG pode ser detectado no sangue e na urina de uma mulher grávida. O pico de secreção de hCG ocorre por volta da nona semana de gestação. Durante o quarto e o quinto mês de gestação, os níveis de hCG diminuem acentuadamente e, em seguida, zeram até o parto. A relaxina, um hormônio produzido inicialmente pelo corpo lúteo do ovário e depois pela placenta, aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e dos ligamentos das articulações sacroilíaca e sacrococcígea e ajuda a dilatar o colo do útero durante o trabalho de parto. Ambas as ações facilitam o nascimento do recém- nascido. O terceiro hormônio produzido pelo cório da placenta é o lactogênio placentário (LP) e sua taxa de secreção aumenta em proporção à massa placentária, alcançando níveis máximos após 32 semanas e permanecendo relativamente constante depois disso. Acredita-se que esse hormônio ajude a preparar as glândulas mamárias para a lactação, aumente o desenvolvimento materno pela elevação na síntese de proteínas e regule determinados aspectos do metabolismo, tanto da mãe quanto do feto. O LT diminui a utilização de glicose pela mãe e promove a liberação de ácidos graxos de seu tecido adiposo, aumentando a disponibilidade de glicose para o feto. Outro hormônio encontrado produzido pela placenta é o hormônio liberador da cortitropina (HCL), que em não grávidas é secretado apenas pelas células neurossecretoras do hipotálamo. A secreção de HLC pela placenta começa em aproximadamente 12 semanas e aumenta enormemente no final da gestação. As mulheres que têm altos níveis de HLC no início da gestação têm maior probabilidade de dar à luz prematuramente, aquelas que têm níveis baixos são mais propensas a dar à luz após a sua data estimada de parto. O HLC produzido pela placenta tem um segundo efeito importante: aumenta a secreção de cortisol, que é necessário para a maturação dos pulmões do feto e para a produção de surfactante. ALTERAÇÕES DURANTE A GESTAÇÃO Perto do final do 3º mês, o útero ocupa a maior parte da cavidade pélvica. À medida que o feto continua crescendo, o útero se estende ainda mais para dentro da cavidade abdominal. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 Perto do final de uma gestação a termo, o útero preenche quase toda a cavidade abdominal, chegando até acima da margem costal, quase até o processo xifoide do esterno. Sendo assim, ele desloca o intestino, fígado e o estomago maternos superiormente, eleva o diafragma e amplia a cavidade torácica. Alterações fisiológicas dividias nos principais sistemas: SISTEMA CARDIOVASCULAR O volume sanguíneo materno aumenta consideravelmente durante a gestação, atingindo valores 30 a 50% maiores do que os níveis pré-gestacionais. A hipervolemia no organismo materno está relacionada com a necessidade de suprimento sanguíneo nos órgãos genitais, principalmente no território uterino, cuja vascularização encontra-se aumentada na gestação. Há também um aumento na concentração das células vermelhas em cerca de 30%, estabelecendo um estado de hemodiluição, uma vez que o aumento não acompanha o aumento do volume sanguíneo total. Dessa forma, há uma diminuição da viscosidade plasmática, diminuindo também o trabalho cardíaco. O SRAA tem maior atividade na gestação para suplantar a ação dos mecanismos excretores, como o aumento da filtração glomerular e do peptídeo atrial natriurético. Quando uma gestante está em decúbito dorsal, o útero aumentado pode comprimir a aorta, resultando em diminuição do fluxo sanguíneo para o útero . A compressão da veia cava inferior também diminui o retorno venoso, o que leva a edema nos membros inferiores e veias varicosas. A compressão da artéria renal pode levar a hipertensão renal. A partir de 20 semanas de gestação, o útero gravídico impede o retorno venoso ao coração, quando a gestante assume a posição supina pela compressão da veia cava inferior. Consequentemente, muitas mulheres experimentam a chamada síndrome de hipotensão supina, podendo chegar a apresentar perda da consciência. O débito cardíaco é restaurado quase automaticamente ao se adotar o decúbito lateral esquerdo. O sopro cardíaco sistólico é comum devido à redução da viscosidade sanguínea e do aumento do DC. Cerca de 90% das gestantes apresentam sopro sistólico leve, 20% apresentam sopro diastólico e 10% apresentam sopro contínuo, consequente à hipervascularização das mamas. Há um aumento no débito cardíaco, devido ao aumento da frequência cardíaca (em torno de 15 a 20 bpm) e à elevação do volume sistólico. Esse processo se inicia por volta da 5ª semana, se estabiliza por volta de 24 semanas e atinge seu ápice no pós-parto imediato, com aumento de 80% no DC. Observa-se uma redução da resistência vascular periférica extremamente acentuada, devido à vasodilatação periférica e ao surgimento da circulação uteroplacentária (de baixa resistência). Devido a isso, há uma queda também na pressão arterial sistêmica, apesar do aumento do DC. Por fim, devido às modificações anatômicas e funcionais do coração, pode haver alterações fisiológicas eletrocardiográficas nas ondas T e Q, no segmento ST e desvio do eixo cardíaco para a esquerda 15 a 20°. SISTEMA HEMATOPOIÉTICO A concentração de hemoglobina está levemente diminuída durante a gestação (“anemia fisiológica”) devido à hemodiluição e, por isso, valores de hemoglobina até 11g/dl são aceitos. Em relação aos glóbulos brancos, a leucocitose pode estar presente na gravidez normal, com valores de leucócitos totais entre 5.000 e 14.000/ mm³. Durante o parto e o puerpério imediato, os valores de leucócitos podem chegar a 29.000/mm³, possivelmente relacionados à atividade das adrenais no momento de estresse. Os níveis plaquetários estão discretamente reduzidos na gravidez normal, em parte devido à hemodiluição, e em parte relacionado ao consumo de plaquetas e à coagulação intravascular no leito uteroplacentário. Considera-se plaquetopenia na gestação uma contagem de plaquetas inferior ou igual a 100.000/mm³. A contagem de plaquetas volta a aumentar logo depois do parto e atinge valores basais após 4 semanas, aproximadamente. SISTEMA ENDÓCRINO E METABOLISMO As alterações endócrinas e metabólicas do organismo maternovisam garantir o aporte nutricional para o desenvolvimento do feto. Para que isso ocorra, várias transformações funcionais das glândulas maternas coexistirão com a placenta, novo órgão que apresenta importante função endócrina. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 PELE E ANEXOS A produção placentária de estrógenos leva à proliferação da microvasculatura de todo o tegumento (angiogênese). Devido ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de toda a periferia do organismo, levando a eventos vasculares da pele e anexos como eritema palmar, teleangectasias, aumento da secreção sebácea e da sudorese, entre outros. A alopecia é rara, mas pode ocorrer em decorrência das alterações hormonais. A hiperpigmentação da pele da gestante também está relacionada aos altos níveis de progesterona, que parecem aumentar a produção e secreção do hormônio melanotrófico da hipófise. Este hormônio induz a produção excessiva de melanina, levando ao aparecimento de máculas hipercrômicas, conhecidas como cloasma ou melasma. Os locais de maior incidência são: face, fronte, projeção cutânea da linha alba (que passa a ser chamada de linha nigra), aréola mamária e regiões de dobra. Podem piorar com a exposição solar e costumam desaparecer após a gestação. A distensão da pele do abdome, das mamas e do quadril pode provocar o aparecimento de estrias nestas regiões. Os fatores de risco são história familiar e, principalmente, ganho de peso excessivo na gestação. SISTEMA ESQUELÉTICO As articulações, de modo geral, sofrem um processo de relaxamento durante a gravidez. As articulações da bacia óssea (sínfise púbica, sacrococcígea e sinostoses sacroilíacas) se apresentam com maior elasticidade, aumentando a capacidade pélvica e modificando a postura e a deambulação da gestante, preparando-a para o parto. O aumento do volume abdominal e das mamas desvia anteriormente o centro de gravidade materno. De forma instintiva, a gestante direciona o corpo posteriormente, com intuito de compensar e encontrar um novo eixo de equilíbrio. Como consequência, surgem hiperlordose e hipercifose da coluna vertebral, aumento da base de sustentação, com afastamento dos pés e diminuição da amplitude dos passos durante a deambulação (marcha anserina). O aumento da flexão cervical causa compressão das raízes dos nervos ulnar e mediano, levando a fadiga muscular, dores lombares e cervicais e parestesias de extremidades. SISTEMA DIGESTÓRIO Náuseas e vômitos são ocorrências muito prevalentes no primeiro trimestre de gestação devido aos altos níveis de HCG. Além disso, muitas gestantes se queixam de alterações no apetite e sede, essa alteração parece ocorrer devido resistência à ação da leptina e às mudanças na secreção de ADH. A progesterona tem uma potente ação relaxante sobre as fibras musculares lisa levando a uma série de alterações no sistema digestório como: relaxamento do esfíncter esofágico inferior, redução do peristaltismo, diminuição da contratilidade da musculatura lisa do intestino. Como consequência, são frequentes as queixas de pirose e constipação durante a gestação. As alterações hepáticas e pancreáticas observadas na gestação são eminentemente funcionais e relacionadas ao metabolismo energético. Com o aumento do volume uterino, ocorrem alterações anatômicas que desviam o estômago e o apêndice para cima e para a direita e os intestinos para a esquerda. O apêndice cecal pode ocupar o flanco direito, dificultando o diagnóstico clínico de apendicite na gravidez. SISTEMA RESPIRATÓRIO As vias aéreas superiores apresentam modificações significativas durante a gestação. Ocorre ingurgitamento e edema da mucosa nasal, que leva a um aumento das obstruções nasais, sangramentos e rinite durante a gestação. O edema da mucosa também acomete a laringe e a faringe, diminuindo o lúmen dessas vias e podendo, inclusive, representar maior dificuldade para intubações orotraqueais nessas pacientes. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 Alterações anatômicas da caixa torácica podem ser notadas já no início da gestação. Observa-se elevação do diafragma de aproximadamente 4 cm e maior capacidade de excursão do mesmo, em torno de 2 cm. A caixa torácica apresenta aumento de 5 a 7 cm em sua circunferência e 2 cm em seu diâmetro anteroposterior, com consequente ampliação dos ângulos costofrênicos, de até 35°. A amplitude do movimento do diafragma se reduz ao longo da gestação devido ao aumento do volume abdominal que ocorre com o crescimento uterino. A capacidade pulmonar total está reduzida em aproximadamente 200 mL devido à elevação do diafragma em razão da redução do volume residual. SISTEMA RENAL/URINÁRIO O aumento da volemia, em associação com a redução da resistência vascular periférica, provoca elevação do fluxo plasmático glomerular, com consequente aceleração do ritmo de filtração glomerular. O fluxo plasmático glomerular pode ter um acréscimo de 50 a 80%, enquanto o ritmo de filtração glomerular aumenta entre 40 e 50% já no final do primeiro trimestre de gestação. A osmolaridade plasmática também se modifica na gravidez devido à ativação do SRAA e da redução do limiar para secreção de ADH. A liberação de ADH e o mecanismo da sede são, portanto, desencadeados por menores níveis osmóticos. As grávidas, em geral, filtram maiores quantidades de sódio e água no glomérulo, o que é compensado por maior reabsorção tubular desses elementos, resultado da ação da aldosterona e do ADH. Todo esse complexo sistema de modificações transforma a função renal e, por isso, a avaliação dos exames laboratoriais das gestantes requer novos parâmetros de referência. A compressão da bexiga pelo útero ampliado pode produzir sinais/sintomas urinários, como polaciuria, urgência para urinar e incontinência urinária de esforço. Um aumento no fluxo plasmático renal de até 35% e um aumento na taxa de filtração glomerular de até 40% elevam a capacidade de filtração renal, o que possibilita a eliminação mais rápida dos resíduos adicionais produzidos pelo feto. SISTEMA GENITAL As alterações no sistema genital incluem edema e aumento da vascularização do pudendo feminino e aumento na flexibilidade e vascularização da vagina. A massa do útero aumenta de 60 a 80 g em não gestantes para 900 a 1.200 g a termo, por causa da hiperplasia das fibras musculares do miométrio no início da gestação e da hipertrofia das fibras musculares durante o segundo e terceiro trimestres de gestação. O pH vaginal fica oscilando entre 3,5 e 6, auxiliando na defesa bacteriana, porém pode facilitar a candidíase. Ocorre o aumento do volume mamário, se apresentando com cor acastanhada e os limites da Ariela não precisos, dando origem ao sinal de Hunger. Além disso, os tubérculos de Montgomery são visíveis nas mamas, nas areolas e mamilos, devido a hipertrofia das glândulas sebáceas. SISTEMA NERVOSO Ocorre a sonolência, devido aos altos níveis de progesterona. Pode surgir a fadiga associada a distúrbios do sono, principalmente no final da gravidez, facilitando a hiperêmese gravídica, enxaqueca e quadros psíquicos. Apresenta também dificuldade de concentração e na memória, que tendem a piorar com a evolução da gravidez. 2) ENTENDER AS TÉCNICAS DIAGNÓSTICAS DA GRAVIDEZ Na prática clínica, é muito importante o diagnóstico precoce da gravidez, o que tantas vezes coloca em risco o prestígio do médico. O diagnóstico pode ser clínico, hormonal ou ultrassonográfico. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Os sintomas da gravidez são classificados em: de presunção, de probabilidade e de certeza.APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 SINAIS DE PRESUNÇÃO 4 SEMANAS: Amenorreia: é o sinal mais precoce, em mulheres jovens, com ciclos menstruais regulares e vida sexual ativa, a ausência da menstruação pressupõe gravidez. 5 SEMANAS: Náuseas: durante o 1º trimestre da gestação, mais de 50% das mulheres sofrem de náuseas, geralmente matutinas, tendo como consequência imediata vômitos e anorexia. Outras, podem apresentar o contrário = maior apetite, síndrome de pica ou extravagância alimentar. Congestão mamária: as pacientes relatam que as mamas estão congestas e doloridas. Na 8ª semana, a aréola primária torna-se mais pigmentada e surgem os tubérculos de Montgomery, em torno de 16 semanas, é produzida secreção amarela (colostro), que pode ser obtida por expressão mamária correta. Em torno da 20ª semana, surge a aréola secundária, que aumenta a pigmentação em volta do mamilo. 6 SEMANAS: Polaciúria: No 2º e no 3º mês de gestação, o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada, comprime a bexiga, levando à micção frequente, com emissão de quantidade reduzida de urina. No 2º trimestre, tal sintomatologia cessa, retornando nas duas últimas semanas, ao insinuar a apresentação fetal. SINAIS DE PROBABILIDADE 6 SEMANAS: Amenorreia: após 10 a 14 dias de atraso menstrual, considera-se provável sinal de amenorreia; Aumento do volume uterino: o toque combinado infere as alterações que a gravidez imprime ao útero. Fora da gestação, o órgão é intrapélvico, localizado abaixo do estreito superior. Na gravidez, expande-se, apresenta volume de tangerina com 6 semanas, de laranja com 10 semanas, e tamanho da cabeça fetal a termo com 12 semanas. 8 SEMANAS: Alteração da consistência uterina: o útero vazio é firme, e na gravidez, adquire consistência cística, elástico- pastosa, principalmente no istmo (sinal de Hegar). Alteração do formato uterino: inicialmente, o útero cresce de modo assimétrico, desenvolvendo-se mais acentuadamente na zona de implantação. A sensação tátil é de abaulamento e amolecimento no local, sendo possível notar, eventualmente, sulco separando as duas regiões (sinal de Piskacek). A partir de 8 semanas, quando a matriz de piriforme assume o formato globoso, o dedo que examina os encontra ocupados pelo corpo uterino (sinal de Nobile-Budin). Há percepção dos batimentos do pulso vaginal nos fundos de saco (sinal de Osiander) devido à hipertrofia do sistema vascular. 16 SEMANAS: Aumento do volume abdominal: o útero torna-se palpável com 12 semanas, e nota-se o aumento do volume abdominal progressivo em torno de 16 semanas. SINAIS DE CERTEZA São dados pela existência do concepto, anunciada pelos batimentos cardiofetais (BCF) e pela sua movimentação ativa; a ultrassonografia é capaz de rastreá-los com 7 a 8 semanas. 14 SEMANAS: Sinal de Puzos: trata-se do rechaço fetal intrauterino, que se obtém ao impulsionar o feto com os dedos dispostos no fundo de saco anterior. 18 SEMANAS: Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto: inicialmente discretos, tornam-se vigorosos com o evoluir da gestação. Palpação dos segmentos fetais: o volume do feto é maior nesse período, e começa a palpar cabeça e membros. 20 SEMANAS: Auscultação: Trata-se da identificação dos batimentos cardiofetais (BCF), o mais fidedigno dos sinais de gravidez. DIAGNÓSTICO HORMONAL Constitui o melhor parâmetro para o diagnóstico de gravidez incipiente, em função de sua precocidade e exatidão. Apoia-se na produção de gonadotrofina coriônica humana (β- hCG) pelo ovo. Essa identificação pode ser feita através de teste urinário ou exame de sangue da paciente, sendo que este último representa, atualmente, o exame padrão-ouro para confirmar a ocorrência da gravidez. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 O teste urinário avalia a presença ou não da β-hCG na urina da mulher, ou seja, oferece um resultado qualitativo (positivo ou negativo). Possui baixa taxa de resultados falso positivo, mas uma elevada taxa de falso negativo e, devido a isso, esse teste não é o mais indicado para o diagnóstico, uma vez que pode levar a atrasos no início do pré-natal. O exame do sangue periférico consiste na dosagem quantitativa de β-hCG no plasma sanguíneo e pode ser obtido entre 8 a 11 dias após a concepção. Os níveis plasmáticos de β-hCG aumentam rapidamente até atingir o pico entre 60 e 90 dias de gravidez. Há variação dos níveis plasmáticos de β-hCG no decorrer da gestação: Na prática, níveis menores que 5mUI/mL são considerados negativos e acima de 25mUI/mL são considerados positivos. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO Com 4-5 semanas, na parte superior do útero, começa a aparecer a formação arredondada, anelar, de contorno nítidos, que corresponde à estrutura ovular, denominada SACO GESTACIONAL (SG). A partir de 5 semanas, é possível visualizar a vesícula vitelina (VV) e, com 6 semanas, o eco embrionário e a sua pulsação cardíaca (BCF). Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se espessamento no SG, que representa a placenta em desenvolvimento e seu local de implantação no útero. Com 12 semanas, a placenta pode ser facilmente identificada e apresenta estrutura definida com 16 semanas. Quando indicada, a ultrassonografia precoce (1º trimestre) pode auxiliar no diagnóstico oportuno das gestações múltiplas, na datação mais acurada da idade gestacional, reduzindo, assim, o número de induções por gestação prolongada, além de evidenciar a viabilidade fetal. A via transvaginal é preferível nesta ocasião, pelo fato de o transdutor estar mais próximo do feto. A datação da idade gestacional (IG) por USG deve ser sempre baseada na 1ª USG realizada e nunca deve ser recalculada com ultrassonografias posteriores. A avaliação ultrassonográfica da IG é mais precisa da 6ª até a 12ª semana de gestação, período em que se emprega como parâmetro o comprimento cabeça-nádega (CCN) do embrião. Quanto maior o tempo de gestação, maior a margem de erro no cálculo pela USG em comparação com a data da última menstruação (DUM) confiável. 3) CONHECER OS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS A anticoncepção é um conjunto de métodos e técnicas utilizadas com o intuito de impedir a gravidez. A partir da década de 1996 pela Lei n. 9263, o planejamento familiar foi oficialmente empregado no Brasil, que corresponde ao recurso que permite ao casal a decisão do número de filhos e intervalo entre as gestações que desejam, de maneira programada e consciente. Os métodos contraceptivos podem ser agrupados de diferentes maneiras, como o tipo de método, o potencial de reversibilidade e de acordo com a sua efetividade. Gestação de 8 semanas (ultrassonografia 3D). E, embrião; VV, vesícula vitelina. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 7 MÉTODOS REVERSÍVEIS (NÃO-DEFINITIVOS) MÉTODOS COMPORTAMENTAIS Os métodos anticoncepcionais comportamentais se baseiam na identificação do período fértil por meio da observação de sinais e sintomas, durante o qual as relações sexuais devem ser evitadas. Esses métodos possuem a vantagem se serem baratos, naturais, sem efeitos adversos e são bem aceitos quando as crenças religiosas do casal não permitem outros métodos. No entanto, possuem altas taxas de falhas, pois requerem longos períodos de abstinência sexual e estão susceptíveis à irregularidade menstrual. Além disso, esses métodos não protegem contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Os principais métodos são: TABELINHA: Para usar esse método, a mulher deveregistrar o número de dias de cada ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses. TEMPERATURA BASAL: Nesse método a mulher deve observar as variações da temperatura corporal basal, buscando identificar o provável dia de ovulação. O princípio se baseia no fato de que após a ovulação, o aumento da progesterona liberada pelo corpo lúteo atinge o centro termorregulador do hipotálamo, levando ao aumento da temperatura corporal em 0,2 a 0,5 graus. MÉTODO DA OVULAÇÃO OU DO MUCO CERVICAL (MÉTODO DE BILLINGS): Nesse método, busca-se observar as características do muco cervical sob ação estrogênica, durante período ovulatório. Nessa fase, o muco cervical torna-se filante, como clara de ovo, permitindo ao espermatozoide a sobrevivência e locomoção. COITO INTERROMPIDO: Esse método se baseia na retirada do pênis da vagina antes da ejaculação. Por isso, requer grande atenção do homem durante o ato sexual. Além disso, apesar de incomum, o fluido seminal que precede a ejaculação, pode conter espermatozoides, levando a uma possível gestação indesejada. Dessa forma, esse método possui altas taxas de falhas, 25% ao ano. MÉTODOS DE BARREIRA São métodos que formam uma barreira entre os espermatozoides e a cavidade uterina, impedindo a fecundação. O nível de eficiência desses métodos varia entre 2 a 6%, a depender se seu uso é correto. Todos os métodos de barreira, além do efeito contraceptivo, também reduzem a transmissão de ISTs. PRESERVATIVOS (CAMISINHA): Dentre os métodos de barreira os preservativos são os mais utilizados. Existem os preservativos masculinos e femininos. DIAFRAGMA: O diafragma é um disco de borracha ou látex, colocado na vagina, recobrindo colo do útero para impedir a entrada de espermatozoides. Possui vários tamanhos, por isso, antes do início do uso, é necessária uma consulta com o ginecologista para ser indicado o tamanho mais adequado para a paciente. Geralmente é usado em associação aos espermicidas, adquirindo em conjunto um bom índice de efetividade. O diafragma é colocado na vagina até no máximo 1 hora antes da relação sexual, deve ser retirado no mínimo 6 horas depois e nunca deve ultrapassar 24 horas. Sua colocação requer certa habilidade, sendo que seu mau posicionamento pode resultar em falha do método. ESPERMICIDA: Os espermicidas são substâncias em forma de tabletes de espuma, geleia ou creme que provocam a ruptura da membrana das células dos espermatozoides matando-os ou retardando sua passagem pelo canal cervical. É recomendado o seu uso apenas em associação com outros métodos contraceptivos, como o diafragma. No entanto, não deve ser usada com preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUS) Consistem em um objeto de formato variável que é inserido na cavidade uterina. Eles são amplamente difundidos como métodos contraceptivos reversíveis, possuem pequenas taxas de falha e descontinuidade, poucas contraindicações e têm um ótimo custo-benefício. DIU de cobre: é o dispositivo mais utilizado no Brasil, sendo o único fornecido pelo SUS no Brasil. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 8 Tem formato de T, é feito de um fio de prata corado com cobre e pode ser eficaz de 10 a 12 anos. O DIU-Cu age por meio da indução de uma reação de corpo estranho, levando à inflamação, visto que o cobre induz a liberação de interleucinas e citocinas que têm ação espermicida. Além disso, leva a mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, além de produzir modificações no muco cervical e alterar a espermomigração e transporte do óvulo. Apesar dos inúmeros benefícios, esse método também está relacionado a alguns efeitos adversos como aumento da dismenorreia e aumento do sangramento uterino. Contraindicações do DIU de cobre: gravidez, alteração da cavidade endometrial, presença de infecções, sangramento uterino inexplicado, câncer cervical ou endometrial, período de 48h a 4 semanas após o parto e alergia ao cobre. SIU de levonorgestrel (SIU- LNG): também conhecido pelo nome comercial Mirena, é um dispositivo de poliuretrano em forma de T que libera 20 mcg levonorgestrel por dia. Tem validade de cerca de 5 anos, apesar de alguns estudos admitirem até 7 anos. Funciona levando ao efeito a atrofia do endométrio, tornando o muco cervical espesso e dificultando a espermomigração e motilidade tubária. Além disso, provoca a reação inflamatória de corpo estranho, como o DIU de cobre. = pode ter efeito anovulatório Possui o benefício de reduzir a dismenorreia e causar amenorreia em alguns casos. No entanto, em algumas pacientes pode levar a cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cisto ovarianos funcionais e spotting (sangramento uterino irregular). Para a inserção dos DIUs, deve ser realizada uma anamnese e exame físico minucioso, buscando identificar contraindicações ao método. O melhor momento para ser inserido é durante a menstruação, pois nesse período o colo do útero está mais pérvio, facilitando a inserção CONTRACEPÇÃO HORMONAL Os contraceptivos hormonais são métodos extremamente difundidos e eficazes. No entanto, seu índice de sucesso depende fundamentalmente da paciente. Com isso, na prática seu índice de falhas aumenta consideravelmente decorrente do uso incorreto. Contraceptivos hormonais combinados (CHCs): Os CHCs possuem a combinação de um estrogênio e um progestogênio no mesmo método. Desse grupo fazem parte as pílulas contraceptivas de uso oral, o injetável mensal, o adesivo transdérmico e o anel intravaginal. Apresentam bons níveis de efetividade e continuidade do uso do método. O mecanismo de ação dos CHCs ocorre pela inibição da ovulação = O componente de estrogênio dos CHCs inibe o FSH (responsável pelo recrutamento e desenvolvimento folicular), enquanto que o progestogênio age inibindo o LH (responsável pela ovulação). Além disso, a progesterona presente nesses contraceptivos torna o muco cervical espesso, dificultando a espermomigração, reduz a motilidade tubária e ainda tem efeito antiproliferativo no endométrio. Já o estrogênio contido na formulação estabiliza o endométrio, reduzindo os sangramentos e aumenta a produção hepática da globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de testosterona. Contraceptivo oral combinado (COCs): Também são conhecidos como pílulas anticoncepcionais. O principal estrogênio utilizado é o etinilestradiol. Mas novas formulações podem conter o estradiol e o valerato de estradiol que são estrogênios naturais. As pílulas devem ser iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual. As cartelas a depender do tipo esquema utilizado indicam pausas mensais que podem variar de quatro a sete dias. Alguns anticoncepcionais de 28 dias podem ser utilizados sem pausa. No caso de esquecimento, deve se fazer o uso da pílula esquecida mais a pílula do dia para evitar sangramento por colapso endometrial. Já o restante da cartela deve ser consumido com uma pílula por dia. Em caso de mais de um dia esquecido, deve-se utilizar um contraceptivo de barreira por pelo menos 7 dias para evitar gestação. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 9 CONTRACEPTIVOS APENAS DE PROGESTOGÊNIO (COPS) Esses contraceptivos possuem como hormônio apenas a progesterona. Dentro desse grupo está a pílula de progesterona isolada, o injetável trimestral, o implante subdérmico e o SIU de levonorgestrel IMPLANTE SUBDÉRMICO: O implante subdérmico é composto contendo progestágenos como o etonogestrel (Implanon) e o levonorgestrel (Norplant). O primeiro tem duraçãode 3 anos, enquanto que o segundo dura até 5 anos. Esse dispositivo é implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps e tríceps. O implante de levonorgestrel atua inibindo a ação do LH, impedindo a ovulação. Além disso, leva à atrofia endometrial e alteração do muco cervical. Por não apresentar um componente estrogênico que estabiliza o endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o spotting. Já o implante de levonorgestrel previne a gestação por meio da ação sobre o muco cervical que se torna impenetrável aos espermatozoides. ANTICONCEPCIONAL DE EMERGÊNCIA – PÍLULA DO DIA SEGUINTE A contracepção de emergência é um método que visa prevenir uma gestação inoportuna após relação sexual. Pode ser indicada no ato sexual desprotegido, falha ou uso inadequado do método contraceptivo em uso ou violência sexual. O mecanismo de ação desses métodos varia de acordo com o período do ciclo menstrual no qual é utilizado. Se o uso ocorre na primeira fase do ciclo, antes do pico do LH (hormônio luteinizante), ele altera o desenvolvimento folicular, impedindo ou retardando a ovulação. Já quando é usado na segunda fase do ciclo menstrual, ou seja, após a ovulação, ele modifica as características do muco cervical, deixando-o mais viscoso e com isso alteração o transporte dos espermatozoides. Atualmente estão disponíveis vários métodos contraceptivos de emergência. Os mais utilizados são o método Yuzpe e o contraceptivo de levonorgestrel isolado. MÉTODOS IRREVERSÍVEIS (DEFINITIVOS) LIGAÇÃO DE TROMPAS (LAQUEADURA) Na ligadura tubária realiza-se a obstrução do lúmen tubário, principalmente o istmo, seja com fio cirúrgico e/ou secção da trompa, eletrocoagulação ou obstrução mecânica com clips ou anéis. Com isso, se impede o transporte do óvulo e o encontro dos gametas femininos e masculinos. Pode ser realizado tanto por via laparotômica, laparoscópica, vaginal ou histeroscópica. Recentemente, começaram a valer novas regras para laqueadura e vasectomia (no aparelho reprodutor masculino) com a atualização da lei do planejamento familiar: A idade mínima passou de 25 para 21 anos; Quem tem pelo menos 2 filhos vivos também está autorizado, independentemente da idade; Foi dispensada a autorização do cônjuge para realizar a cirurgia; Pessoas sem filhos podem fazer a esterilização, desde que tenham a idade mínima; Mães podem fazer laqueadura imediatamente após o parto; É necessário esperar 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. VASECTOMIA Na vasectomia se faz a ligadura do ducto deferente, podendo ser realizado apenas com anestesia local. Esse procedimento não altera o aspecto do sêmen e não afeta o desempenho sexual. 4) DISCUTIR O IMPACTO DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA A gravidez na adolescência é uma realidade que nos convoca a refletir sobre o assunto para buscar compreendê-lo e, a partir desta compreensão, propor modos de lidar com o fenômeno. Sem dúvida, existem evidências a indicar que há uma série de riscos para a saúde relacionados com a gravidez na adolescência, tanto para a mãe quanto para o bebê. S abe-se, também, que as demandas da gestação e da maternidade implicam diversas transformações no modo de vida das adolescentes, o que acaba limitando ou prejudicando o seu envolvimento em atividades importantes para o seu desenvolvimento durante esse período da vida, como escola e lazer. Conforme ressaltado pela literatura, porém, a gravidez na adolescência não é um fenômeno homogêneo. Dependendo do contexto social em que a adolescente vive, o significado da gestação, assim como o impacto dessa experiência de vida no APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 10 desenvolvimento da jovem, pode assumir diferentes contornos. Em camadas sociais mais abastadas, por exemplo, a gravidez na adolescência tende a não prejudicar tanto o percurso de escolarização e profissionalização das jovens quanto nas camadas menos favorecidas, em virtude da maior disponibilidade de recursos e apoios para lidar com essa situação e suas demandas. Dessa forma, a perspectiva de futuro das adolescentes grávidas de classe média não é afetada tão intensamente quanto a perspectiva das adolescentes de classe baixa, considerando-se os aspectos de escolarização e profissionalização. Contudo, a análise do fenômeno da gravidez na adolescência não pode se resumir aos impactos negativos quanto às perspectivas de vida. As pesquisas mostram que, muitas vezes, a gravidez pode ser desejada pelas jovens, pois é tida como uma via de acesso a um novo estatuto de identidade e de reconhecimento através do papel materno. A maternidade, nesses casos, pode ser vista como uma ocupação, um papel que dá um sentido à vida da jovem. Na falta de outros projetos de vida, ou frente à dificuldade em vislumbrar a possibilidade de efetivar planos alternativos, a gravidez pode ser percebida pela adolescente como uma forma de reconhecer a si mesma, de marcar seu próprio espaço na família e de ser reconhecida nos seus ambientes de convívio. Portanto, é preciso cuidado ao se emitir juízos de valor a respeito da gravidez na adolescência . Ainda que, do ponto de vista da saúde pública, esse seja um fenômeno com repercussões negativas, na medida em que implica riscos de saúde para mães e bebês, riscos de cuidados inadequados aos bebês e riscos de empobrecimento nas perspectivas de escolarização, trabalho e renda das adolescentes e suas famílias, ele também pode ter consequências consideradas positivas pelas adolescentes. Além disso, é preciso reconhecer que, nas camadas sociais nas quais as possibilidades educacionais e de ascensão social são restritas, a maternidade precoce pode ser um dos projetos de vida mais acessíveis para as adolescentes, devido à falta de outras oportunidades oferecidas em seu contexto de vida. Assim, pensar a gravidez na adolescência como algo não desejado ou fora do esperado corresponde a uma perspectiva normativa da adolescência que exclui a maternidade precoce como uma alternativa de vida. As evidências sugerem, contudo, que podem existir, e certamente existem, outros modos de ser adolescente e viver a adolescência, sendo que a maternidade pode fazer parte desses diferentes modos de ser adolescente, ainda que isso possa trazer consequências negativas, dependendo do ângulo sob o qual se analisa a questão. REFERÊNCIAS TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14ª edição). Grupo GEN, 2016. MONTENEGRO, Carlos Antonio B.; FILHO, Jorge de R. Rezende Obstetrícia Fundamental, 14ª edição . Rio de Janeiro. Grupo GEN, 2017. Hoffman BL et al. Ginecologia de WILLIAMS. 2. ed. Porto Alegre: Artmed. 2014
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