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Infertilidade Masculina e Espermatogênese

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1 
 
 
 
INFERTILIDADE 
GAMETOGÊNESE MASCULINA 
ESPERMATOGÊNESE: 
 A espermatogênese é a sequência de eventos pelo quais as espermatogônias (células germinativas 
primordiais) são transformadas em espermatozoides maduros. 
 O processo de espermatogênese tem início na puberdade, onde as espermatogônias que 
permaneciam em estado de repouso nos túbulos seminíferos dos testículos durante o período fetal e pós-
natal, são reativadas, sofrendo um aumento em número durante a puberdade após várias divisões mitóticas. 
 Inicialmente as espermatogônias (2n) sofrem diversas divisões para aumentar a quantidade, em 
seguida, algumas dessas espermatogônias que param a divisão sofrem um processo de maturação, 
aumentando o tamanho celular no processo em que se transforma em espermatócitos primários, que são a 
maiores células germinativas nos túbulos seminíferos. 
 Cada espermatócito primário 
sofre, em seguida, uma divisão 
reducional (primeira divisão da meiose), 
que gera duas células (n) chamadas de 
espermatócitos secundários haplóides 
com metade do tamanho do 
espermatócito primário. 
 Logo em seguida, os 
espermatócitos secundários sofrem a 
segunda divisão meiótica, formando um 
total de quatro espermátides haplóides 
que gradualmente são transformadas 
em espermatozoides maduros através 
do processo de espermiogênese. 
 Espermiogênese: 
 O processo de espermiogênese é subdivido em quatro fases: 
1. Fase Golgi: 
 É a fase inicial, onde as espermátides começam a desenvolver uma polaridade, perdendo o formato 
celular esférico. Nessa fase, a vesícula acrossômica começa a ser formada por meio da fusão de grânulos 
produzidos pelo complexo de Golgi. Enquanto isso, os centríolos se posicionam no polo oposto ao da formação 
do acrossoma. 
 
 
TUTORIAL 05 
2 
 
2. Fase do Capuz: 
 Nessa fase, a vesícula acrossômica se torna mais densa e se expande, passando a cobrir a metade 
anterior do núcleo, formando uma espécie de capuz sobre o núcleo. Além disso, inicia-se também a projeção 
do flagelo no polo oposto ao acrossoma. 
3. Fase do Acrossoma: 
 É uma fase caracterizada pela reorientação do acrossoma terminado, que passa a cobrir cerca de ⅔ 
do núcleo, enquanto que o complexo de Golgi passa a migrar livremente pelo citoplasma. 
4. Fase de Maturação: 
 Ocorre a condensação do núcleo, ao mesmo tempo em que as porções desnecessárias do citoplasma, 
com organelas desnecessárias, são descartadas para o exterior do espermatozoide onde são fagocitados pelas 
células de sertoli nos testículos. Com isso, no espermatozoide, as mitocôndrias sofrem uma reorganização 
dentro do citoplasma, para se posicionarem na base do flagelo, onde garantiram energia necessária para a 
movimentação. 
 
 
 
 
 
 O processo completo, incluindo a espermiogênese, demora cerca de dois meses para acontecer. Ao 
final da espermiogênese, quando os espermatozoides estão formados, eles migram para a luz dos túbulos 
seminíferos onde serão nutridos pelas células de Sertoli, que revestem os túbulos seminíferos, até que os 
espermatozoides sejam transportados, passivamente, para o epidídimo, onde são armazenados e tornam-se 
funcionalmente maduros até o momento da ejaculação, onde os espermatozoides são encaminhados através 
do ducto deferente para a uretra. 
 Obs: Cada testiculo é formado por cerca de 900 túbulos seminíferos que diariamente produzem cerca de 
200 milhões de espermatozoides. 
 
3 
 
 Regulação da Espermatogênese: 
 Ocorre por meio da produção de LH pela glândula hipófise. O LH 
se liga a receptores nas células de Leydig que causa a estimulação para 
produzir testosterona. A testosterona, por sua vez, se liga às células de 
Sertoli para promover a espermatogênese. 
 Além disso, o FSH também é importante, pois a sua ligação às 
células de Sertoli estimula a produção do líquido testicular e a síntese de 
proteínas intracelulares receptores de andrógenos, além de atuar na 
transformação das espermátides em espermatozoides. 
 Estocagem de Espermatozóides: 
 Por conta da grande produção de espermatozoides, ocorre uma 
estocagem das células no epidídimo, porém a maioria dos 
espermatozoides acaba ficando estocado no canal deferente. Além disso, 
quando armazenados, eles podem manter sua fertilidade por cerca de 1 
mês, sendo mantidos no epidídimo em um estado inativo por substâncias 
inibidoras secretadas pelas células do epidídimo e dos canais deferentes. 
INFERTILIDADE 
DEFINIÇÃO: 
 É considerada um problema de saúde pela OMS, e pode ser definida como ausência de gestação após 
12 meses de tentativas, sendo tentativa caracterizada por uma vida sexual ativa (relações de 2 a 4 vezes por 
semana) sem a utilização de quaisquer métodos contraceptivos. 
 A infertilidade pode ser definida como primária, quando não há gravidez anterior, ou secundária, aquela 
na qual ocorreu pelo menos uma concepção anterior. 
EPIDEMIOLOGIA: 
 Estatisticamente, em um ciclo ovariano há uma possibilidade de 20% de um casal normal gerar filhos, 
sendo que após três meses essa chance sobe para 50%, em seis meses para 75% e em um ano há uma chance 
de 85% de concepção. 
 De 7 a 15 % dos casais em idade reprodutiva podem apresentar infertilidade. Sendo que desses casais, 
cerca de: 
 37% das vezes, a infertilidade ocorre por fator feminino; 
 35% das vezes a infertilidade ocorre por fatores femininos e masculinos; 
 8% das vezes a infertilidade se deve a fatores masculinos; 
 Já o restante das vezes se deve a uma infertilidade inexplicável. 
CAUSAS: 
 A infertilidade pode ocorrer por conta de diversas causas, sendo estas exclusivamente femininas, 
exclusivamente masculinas, uma junção de causas do casal ou ser uma infertilidade sem causa aparente ou 
infertilidade inexplicável (ISCA). 
4 
 
1. Causas Femininas: São divididos em 3 fatores 
 
 Fatores Ovarianos: Sendo a maior causa de infertilidade feminina, ocorrendo geralmente por: 
- Tireoidopatias; 
- Hiper-prolactemia; 
- Baixa reserva funcional ovariana; 
- Síndrome do ovário policístico (SOP). 
 
 Fatores de Tubo Peritoneais: ocasionado geralmente por 
- Doença inflamatória pélvica (DIP); 
- Endometriose; 
- Cirurgias prévias; 
- Tuberculose. 
 
 Fatores Uterinos: ocasionado geralmente por 
- Síndrome de Asherman; 
- Miomas uterinos; 
- Pólipo endometrial; 
- Anomalias congênitas. 
 
2. Causas Masculinas: correspondendo a 25% dos casos de i nfertilidade, sendo ocasionado por 
 Distúrbios endócrinos e sistêmicos; 
 Defeitos testiculares primários na espermatogênese; 
 Distúrbios de transporte de espermatozoide; 
 Infertilidade masculina idiopática. 
INVESTIGAÇÃO DE INFERTILIDADE CONJUGAL: 
 A investigação, em um casal “normal”, deve ser iniciada apenas depois de 12 meses de tentativa sem 
sucesso, sendo realizada a investigação sempre conjugal, mesmo que o homem já tenha tido filhos anteriores. 
 Em mulheres com mais de 35 anos ou mais, mulheres com ciclos irregulares ou fatores de risco 
conhecidos para infertilidade, a investigação inicia após 6 meses de tentativa. 
PROPEDÊUTICA BÁSICA DO CASAL: 
 A investigação básica inicia-se com uma anamnese detalhada, junto de exame físico e exames 
complementares específicos para cada parceiro. 
1. Anamnese Feminina: 
 É importante investigar sobre: 
o Idade da mulher, uma vez que a fertilidade natural das mulheres decresce com o tempo, iniciando uma 
queda aos 30 anos que se acentua aos 35 e praticamente desaparece aos 45; 
o Duração da infertilidade (tempo em que está tentando ter um filho); 
o Tratamentos anteriores e seus resultados, se realizados; 
o História menstrual, envolvendo duração e características do ciclo, a fim de avaliar o status ovulatório; 
o Patologias prévia; 
5 
 
o História cirúrgica e ginecológica, para identificar possíveis procedimentos, condições ou medicamentos 
associados à infertilidade; 
o História obstétrica; 
o História sexual, inclusive disfunções e frequência de coitoo História familiar, buscando possíveis casos de infertilidade, defeitos congênitos ou mutações genéticas ou 
menopausa precoce; 
o Hábitos de vida e história social, buscando ocupação (uso de produtos tóxicos e contato com agrotóxicos 
diminuem a fertilidade), níveis de estresse diário, dietas, atividades física, abuso de substâncias 
(tabagismo) ou qualquer outro fator de alteração de fertilidade. 
 
2. Exame Complementar Feminino: 
 Possui uma gama vasta de exames a serem realizados, sendo necessário utilizá-los conforme a 
desconfiança do fator causador da infertilidade na mulher, sendo os possíveis exames: 
o Ultrassonografia transvaginal, sendo útil para avaliação anatômica uterina; 
o Histerossalpingografia, sendo utilizado para avaliar a permeabilidade tubária; 
o Avaliação de presença de ciclos ovulatórios, para identificar uma possível f alta de reserva de óvulos; 
o Exames básicos pré-concepcional, como tipagem sanguínea, sorologias para HBV, HCV, HIV, Sífilis, 
Toxoplasmose, Rubéola e TSH. 
 
3. Anamnese e Exame Físico Masculino: 
 Em homens, a anamnese deve ser direcionada para: 
o Obesidade; 
o Presença de ginecomastia e caracteres sexuais secundários; 
o Desenvolvimento sexual e puberal, incluindo a presença de pelos no corpo e a descida testicular; 
o Histórico médico, buscando possíveis doenças sistêmica crônica, história de traumatismo pélvico, 
infecções do trato genito-urinário e I ST’s, além de outras patologias; 
o Histórico cirúrgico, principalmente de possíveis cirurgias de área i nguinal e escrotal; 
o Histórico de vida e história social, buscando abuso de drogas, exposições ocupacionais ou 
radio/quimioterapia prévia; 
o Exposição à radiação, calor, pesticidas, metais pesados; 
o Histórico sexual, questionando em relação a libido, frequência de relações, fertilidade anterior, disfunção 
sexual; 
o Presença de varicocele. 
 
4. Exame Complementar Maculino: 
 O principal exame de investigação complementar no homem é o espermograma, porém pode ser 
realizado também exames pré-concepcionais quando necessário, como sorologias para hepatites por 
exemplo. 
 
 
 
6 
 
PROPEDÊUTICA DOS FATORES OVARIANOS: 
 Dentre os fatores ovarianos, as causas mais comuns de infertilidade são: 
 Síndrome dos Ovários Policísticos: 
 É a principal causa de anovulação crônica, sendo diagnosticada por meio de exclusão. A síndrome 
ocorre por uma endocrinopatia que leva a cerca de 80% dos casos de infertilidade por fator ovariano. Sendo 
caracterizada por ciclos anovulatórios ou oligo-ovulação, hiperandrogenismo e múltiplos cistos ovarianos. 
Geralmente a paciente costuma procurar atendimento médico por três quadros envolvendo a SOP: 
o Ciclos anovulatórios: sangramento uterino irregular, oligomenorreia ou até mesmo amenorreia (sem 
sangramento por 6 meses); 
o Hiperandrogenismo: leva a hirsutismo (crescimento de pelos em locais anormais para mulheres) e acne 
generalizada; 
o Infertilidade: ocasionada pela SOP 
 Além disso, a SOP também pode se manifestar com alguns quadros metabólicos, como obesidade, 
resistência periférica à insulina, DM t ipo II e dislipidemia, além de cursar com risco aumentado para doenças 
cardiovasculares. 
 A SOP é um diagnóstico de exclusão, realizado por meio de critérios de Rotterdam. O tratamento 
envolve em modificações do estilo de vida, indução de ciclos menstruais regulares e melhora do hirsutismo 
(através de anticoncepcionais orais, finasterida, espironolactona e tratamentos cosméticos). 
 Tireoidopatias: 
 Em especial hipotireoidismo, estão associadas a alterações no ciclo menstrual, alterando duração e 
volume de fluxo, causando quadros frequentes de oligomenorreia ou amenorreia. 
 Ainda que em mulheres com hipotireoidismo leve possam ovular e engravidar, o tratamento com 
tiroxina é importante para auxiliar no retorno menstrual normal padrão. 
 Hiperprolactinemia: 
 Devem ser pesquisadas causas fisiológicas, farmacológicas ou secundárias ao aumento patológico de 
secreção hormonal. 
 Na ausência de hipotireoidismo ou de causas farmacológicas, os estudos de imagem podem auxiliar 
em diagnóstico de t umores hiper produtores de prolactina, como os adenomas hipofisários. 
 Defeitos de Ovulação: 
 Pode ser investigado e confirmado a ocorrência de ovulação através de: 
o Dosagem do pico de LH no meio do ciclo, que culmina com ovulação; 
o Dosagem de progesterona na 2ª fase do ciclo menstrual, uma vez que após a ovulação, a presença de 
corpo lúteo garante uma produção elevada do hormônio; 
o Ultrassonografia seriada durante o ciclo menstrual, sendo possível observar o desenvolvimento de 
folículos antrais e produção da dominância folicular pré-ovulatória, demonstrando a ocorrência ou não 
de ovulação; 
7 
 
o Biopsia de endométrio na 2ª fase do ciclo menstrual, para observar se o endométrio de padrão secretor 
está ocorrendo após a ovulação (pouco utilizado por ser invasivo). 
 
 
 
 
 Baixa Reserva Funcional Ovariana: 
 Nada mais é do que a quantidade de folículos existente no ovário que ainda podem ser ovulados. 
Entretanto essa avaliação da reserva é quantitativa e não qualitativa, de forma que não é possível saber a 
qualidade dos óvulos. 
 Para realizar a contagem, pode ser utilizado: 
o Dosagem de hormônio anti-mulleriano (AMH), que é produzido pelas células da granulosa dos folículos 
ovarianos; 
o Contagem de folículos antrais através de USGTV no início do ciclo menstrual, por volta do 3ª ao 5ª dia. 
PROPEDÊUTICA DOS FATORES TUBO PERITONEAIS: 
 São fatores que envolvem patologias que levam a modificação da tuba uterina, levando a alterações 
anatômica e aderências peritoneais, que impedem o movimento normal da tuba de capturar os óvulos, além 
de impedir o transporte desses para o útero, gerando a infertilidade. Entre as causas mais comuns estão: 
 Doença Inflamatória Pélvica (DIP): 
 É uma infecção do trato genital feminino superior (acima do colo do útero), que envolve o útero, as 
tubas e o ovário. Pode afetar também peritônio e órgãos abdominais adjacentes. 
 Cerca de 85% dos casos são considerados IST’s, sendo ocasionada por infecção polimicrobiana causada 
por germes que ascendem o colo uterino (geralmente Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis). 
 O quadro clínico geralmente envolve dor pélvica, podendo ser associada a corrimento vaginal 
purulento. 
 O diagnóstico é elaborado por meio de critérios maiores, menores e elaborados, mas uma vez que 
confirmado o diagnóstico, deve-se iniciar um tratamento com antibioticoterapia apropriada (Ceftriaxona + 
Doxiciclina + Metronidazol) o quanto antes, para evitar possíveis sequelas como infertilidade. 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Endometriose: 
 Se caracteriza pela presença de tecido endometrial ectópico, sendo geralmente presente na pelve, 
principalmente na região do ovário. Por ser uma doença estrogênio-dependente, é encontrada em mulheres 
durante o período reprodutivo apenas. 
 O quadro clínico se apresenta, normalmente de três formas: 
o Forma assintomática; 
o Quadro de dor intensa, com dismenorreia, dor pélvica crônica e/ou dispareunia; 
o Infertilidade, sendo comum em cerca de metade das mulheres com infertilidade. Podendo ser 
“tratado” por meio de cirurgia ou fertilização in-vitro. 
 
 Cirurgias Prévias: 
 Algumas cirurgias, em especiais as abdominopélvicas, como apendicectomia, possuem como possível 
complicação a manipulação inadequada de estruturas reprodutivas em mulheres, que podem ocasionar a 
infertilidade. 
 Tuberculose Prévia: 
 Caso a tuberculose evolua para a tuberculose genital, que é uma forma rara, mas existente, pode 
ocasionar lesões principalmente nas tubas uterinas, que usualmente leva ao quadro de infertilidade 
 Avaliação da Permeabilidade Tubária: 
 Pode ser realizada uma avaliação por meio de histerossalpingografia, onde é realizado uma injeção 
intrauterina de corante iodado, que pode ser captado através de imagens radiográficassucessivas para 
observar a dissipação do corante, avaliando se há uma luz (orifício) na tuba uterina que permita a passagem 
do óvulo. 
9 
 
PROPEDÊUTICA DOS FATORES UTERINOS: 
 Apesar de não ser um dos f atores mais comuns de infertilidade, também pode estar associado a ela 
por conta de uma distorção da cavidade uterina que leva a infertilidade, sendo as causas mais associadas a 
infertilidade as seguintes: 
 Síndrome de Asherman: 
 É caracterizada pela ocorrência de sinéquias intrauterinas, que levam a aderência ou cicatrizes, 
usualmente resultantes de manipulação intrauterina, principalmente por curetagem. Esse quadro gera 
amenorreia secundária e infertilidade. 
 Leiomiomas Uterinos: 
 São tumores de músculo liso benignos, em especial o mioma submucoso (gera distorção da cavidade 
uterina), que ocasionam um impedimento à implantação do zigoto no endométrio a depender da sua 
localização e tamanho. 
 Pólipos Endometriais e Lesões Polipoides: 
 São tumores de cavidade intrauterina que levam a infertilidade dependendo do grau da lesão. 
 Anomalias Congênitas: 
 Em especial as anomalias de alterações mullerianas, como útero septado, útero bicorno, útero 
unicorno, útero de didelfo e agenesia uterina podem ocasionar uma dificuldade de fertilização. Para definir 
qual das causas afeta a mulher, pode ser realizado uma histeroscopia, onde é feito uma avaliação endoscópica 
da cavidade intrauterina. 
 
 
 
 
PROPEDÊUTICA DOS FATORES MASCULINOS: 
 As causas de infertilidade masculina são divididas em 4 grupos principais, sendo eles: 
 Distúrbios Endócrinos e Sistêmicos: 
 São relacionados ao hipogonadismo2 secundário, que é ocasionado por alterações do próprio testículo 
ou por doenças hipofisárias e/ou hipotalâmicas 
 Defeitos Testiculares na Espermatogênese: 
 Corresponde a 65 a 80% dos casos de infertilidade masculina, sendo geralmente relacionados a 
espermatogênese idiopática 
 Distúrbios no Transporte do Espermatozoide: 
 Pode ocorrer por diversas doenças, como por exemplo por fibrose cística, em que há agenesia 
(obstrução) dos canais deferentes ou do epidídimo levando a uma alteração no transporte de espermatozoide. 
10 
 
 Infertilidade Masculina Idiopática: 
 Corresponde a um homem infértil sem causa aparente de infertilidade. 
 Espermograma: 
 É o exame padrão de investigação da infertilidade masculina, sendo avaliado 5 itens: 
1. Volume de ejaculação (2 – 5mL); 
2. Concentração de espermatozoides (≥ 15 milhões/mL – diminuição da concentração = oligozoospermia, 
mas a ausência de espermatozoides = azoospermia); 
3. Motilidade do espermatozoide (espermatozoides móveis e progressivos ≥ 32% - baixa motilidade = 
astenozoospermia); 
4. Morfologia normal dos espermatozoides (deve ser ≥ 4% segundo os critérios de Kruger e ≥ 30% segundo 
critérios da OMS – morfologia alterada = teratozoospermia); 
5. Concentração de leucócitos (Menor que 1 milhão/mL) 
OBS: P ode ser realizada uma ultrassonografia para avaliar a bolsa escrotal. 
TRATAMENTO: 
 Para realização do tratamento de infertilidade conjugal, podem ser empregadas técnicas de baixa 
complexidade ou técnicas de alta complexidade, que diferem apenas em relação ao nível de tecnologia 
utilizada para o tratamento. 
1. Técnicas de Baixa Complexidade: 
 Existem duas formas de tratamento de baixa complexidade, sendo eles: 
1.1. Coito Programado com Indução de Ovulação: 
 Que é a programação do ato sexual durante a janela fértil da paciente, sendo que para isso a paciente 
deve ter tubas normais e seu parceiro deve possuir um espermograma normal. 
1.2. Inseminação Intrauterina: 
 Corresponde a injeção de sêmen processado e concentrado na 
cavidade uterina, após a seleção dos espermatozoides móveis e 
morfologicamente normais, em sincronia com a ovulação em clino natural 
ou estimulado, sendo que a fertilização ocorre no próprio organismo da 
mulher. 
 Para identificar a janela fértil (período de ovulação), pode ser realizado a detecção urinária de 
hormônio luteinizante (LH), curva de temperatura basal, padrão do muco cervical, calendário e 
ultrassonografia pélvica. 
 Para realização desses métodos de baixa complexidade, é administrado o HCG 34 – 36 horas antes do 
método ser realizado. Esse fármaco mimetiza o pico de LH gerando uma ovulação de forma que possibilite a 
fertilização. 
 Além disso, pode ser utilizado também fármacos indutores de ovulação para facilitar a identificação da 
janela fértil da paciente, sendo os medicamentos mais comuns: 
11 
 
 Clomifeno, adminstrado do 5º ao 10º dia do ciclo menstrual, principalmente em pacientes com SOP. É 
um medicamento antagonista do estrogênio, gerando um feedback positivo ao hipotálamo que induz 
a secreção de hormônio liberador de gonadotrofina; 
 Letrozol: administrado por 5 dias; 
 FSH: administrado IM em doses de 50 a 75 UI/dia, com progressão da dose conforme indicação médica. 
 
2. Técnicas de Alta Complexidade: 
 São técnicas que envolvem alta tecnologia sendo elas: 
2.1. Fertilização In-Vitro (FIV): 
 Nessa técnica o embrião é formado fora do organismo da paciente, sendo posteriormente implantado 
na cavidade uterina para sofrer a nidação. 
 É indicado em casos onde a paciente tem doenças tubárias graves, espermograma ruim, presença de 
doenças genéticas (pois possibilita a seleção genética embrionária) e em falhas com técnicas de baixa 
complexidade. 
 Para realização do procedimento, a paciente submetida a FIV precisa utilizar alguns medicamentos 
como FSH (para estimular os folículos ovarianos), análogos ou antagonistas de GnRH (para evitar um pico 
endógeno de LH precocemente) e HCG (para gerar ovulação). 
 Com isso, os seguintes passos do procedimento são 
dados: 
 Hiperestimulação ovariana para formação de mais 
folículos que o comum; 
 Realiza-se a captação dos óvulos antes do 
rompimento deles; 
 Fertilização ou injeção intra-citoplasmática: junção 
do óvulo com o espermatozoide; 
 Transferência do embrião: implante do embrião na 
cavidade uterina. Pode ser realizado no mesmo ciclo 
ou em outro, quando se usa o método de 
congelamento. 
 No laboratório, o líquido folicular é visualizado microscopicamente para identificar os oócitos, que são 
separados e colocados em meio de cultura, onde são mantidos em incubadora por período viável. 
 Em paralelo ao manuseio dos gametas femininos, ocorre o processamento seminal, que consiste na 
separação de plasma seminal, leucócitos, bactérias, espermatozoides mortos, imóveis e morfologicamente 
anormais, visando obter a maior concentração possível de espermatozoides viáveis e morfologicamente 
normais. 
 Após a seleção de espermatozoides e ovócitos viáveis, ambos são transferidos para uma placa de 
inseminação para ocorrer a fecundação. 
12 
 
 Após 12 a 18 horas, verifica-se a ocorrência de fertilização e os pré-embriões são transferidos para 
placas de cultivo, onde ficam por 48 horas para avaliar a clivagem celular. Quando ocorre a presença de 8 a 
10 blastômeros morfologicamente normais em um embrião, ele é então transferido para a cavidade uterina. 
 A progesterona produzida pelo corpo lúteo é indispensável para a gravidez durante as primeiras 7 a 9 
semanas de gestação. Porém nos ciclos de reprodução assistida, ocorre aspiração das células da granulosa, 
provocando uma insuficiência da fase lútea, sendo necessário realizar um suporte de fase lútea, onde é 
administrado progesterona desde o dia da aspiração folicular, sendo mantida até a 14ª a 16ª semana de 
gestação. 
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS 
 A anticoncepção é um conjunto de métodos e técnicas utilizadas para impedir a gravidez, a fim de que 
se possa realizar um planejamento familiar adequado. 
 Obs: Cerca de 55% das gestações no Brasil não são planejadas, sendo que esse número é ainda maior 
entre adolescentes, chegando a 90% das gestações. 
 Os métodos contraceptivos podem ser agrupados de diferentes maneiras, como o tipo de método, opotencial de reversibilidade e de acordo com a sua efetividade. 
EFICÁCIA: 
 A eficácia de um método contraceptivo refere-se à capacidade que esse método tem de evitar a 
gestação durante um período de tempo (geralmente um ano). O escore mais utilizado para identificar a eficácia 
e o índice de Pearl. 
 O índice é calculado dividindo o número de falhas ocorridas em 12 meses em 100 mulheres pelo 
número total de meses em exposição, de forma que quanto menor o índice, maior é a efetividade do método. 
 Obs: Eficácia está relacionada ao resultado obtido quando o uso é correto. Já a efetividade é o resultado 
obtido pelo uso rotineiro, ou seja, correto e incorreto. 
ESCOLHA DO MÉTODO: 
 A escolha do método 
contraceptivo ideal é fundamental para 
garantir a aderência e continuidade do 
uso, tendo um impacto direto sobre a 
efetividade. 
 A escolha do método é 
individual do paciente, sendo apenas 
orientada pelo profissional de saúde 
em relação aos fatores clínicos, idade, 
fatores de risco e doenças associadas e 
aspectos socioeconômicos do paciente. 
 Questões como tabagismo, 
presença de HAS, amamentação, 
problemas cardiovasculares, histórico 
13 
 
de câncer de mama, problemas hepáticos, uso de medicações e enxaqueca devem ser levados em conta 
durante a consulta e o aconselhamento do método. 
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE: 
 São orientações da OMS sobre a prescrição de métodos contraceptivos levando em consideração o 
risco-benefício para a saúde de cada paciente. Dessa forma, a partir de critérios como comorbidades, 
medicações em uso e antecedentes médicos, o método pode ou não ser indicado para paciente. 
 Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados em quatro categorias de acordo com a OMS: 
 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS: 
 São métodos que se baseiam na identificação do período fértil por meio da observação dos sinais e 
sintomas, durante o qual as relações sexuais devem ser evitadas. 
 São métodos baratos, naturais e sem qualquer efeito adverso, sendo aceito por todos, em especial 
casais de crenças religiosas que não permitem outros métodos. 
 No entanto, possuem altas taxas de falhas, pois requerem longos períodos de abstinência sexual e 
estão susceptíveis à irregularidade menstrual. Além disso, esses métodos não protegem contra IST’s. 
 Entre os métodos anticoncepcionais comportamentais estão: 
1. Tabelinha ou Método de Ogino-Knaus: 
 Para poder efetuar esse método corretamente, a mulher deve registrar o 
número de dias de cada ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses. 
 O ciclo menstrual começa no primeiro dia da menstruação e termina no 
último dia antes da menstruação seguinte. Caso a mulher tenha diferença de dias 
entre os ciclos maior que 10 dias, esse método NÃO pode ser usado. 
 Para calcular o período em que se deve adotar a abstinência sexual é necessário: 
 Subtrair 18 da duração do seu ciclo mais curto para saber o primeiro dia de seu período fértil; 
 Subtrair 11 dias do ciclo mais longo, que corresponde ao último dia de seu período fértil. 
Exemplo: uma mulher com ciclo mais curto de 25 dias e o mais longo de 30, deve ficar em abstinência sexual 
do 7º ao 19º dia do ciclo. 
 
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2. Método da Curva de Temperatura Basal: 
 Nesse método a mulher deve realizar a anotação da 
temperatura corporal basal, buscando identificar o provável 
dia de ovulação. Esse método se baseia no fato de que após 
a ovulação, o aumento da progesterona liberada pelo corpo 
lúteo atinge o centro termorregulador do hipotálamo, 
levando a um aumento da temperatura corporal em 0,2 a 0,5 graus. 
 Para utilizar esse método, a mulher precisa verificar a temperatura diariamente, de preferência com o 
mesmo termômetro, no mesmo local do corpo e no mesmo horário, preferencialmente pela manhã antes de 
sair da cama. 
 O período de abstinência deve ser desde o primeiro dia do ciclo menstrual até três dias após a elevação 
da temperatura basal. 
 O problema desse método é que necessita de grande disciplina da mulher, além de um longo período 
de abstinência, que dificulta a adesão ao método e nem todas as mulheres possuem essa elevação da 
temperatura basal. 
3. Método do Muco Cervical ou de Billings: 
 Durante o ciclo menstrual normal, o colo cervical sofre diversas influências hormonais que alteram 
suas características. Nesse método, busca-se observar essas características do muco cervical sob ação 
estrogênica, durante período ovulatório. 
 Durante o período de ovulação o muco cervical se torna filante, como a clara de ovo, permitindo ao 
espermatozoide a sobrevivência e locomoção. Após a ovulação, sob ação da progesterona o muco fica espesso 
e escasso. 
 Para utilizar esse método a mulher precisa observar as características do muco, examinando 
diariamente sua secreção. 
 O período de abstinência vai do primeiro dia de percepção do muco até o quarto dia de percepção da 
máxima umidade. 
 Obs: Sêmen e produtos vaginais como lubrificantes e pomadas podem prejudicar a observação do muco. 
 
4. Método Sintotérmico: 
 Nesse método ocorre a combinação do método de temperatura basal com o método de muco cervical, 
associado a sinais e sintomas que podem ocorrer durante a ovulação, como sensibilidade mamária, dor pélvica 
e mudanças de humor e libido. 
 Nesse caso, o período de abstinência vai do primeiro dia do ciclo até o quarto dia após o pico das 
secreções cervicais ou o terceiro dia após a elevação da temperatura. 
5. Coito Interrompido: 
 Esse método se baseia na parada da atividade sexual antes de ocorrer a ejaculação masculina, 
requerendo uma grande atenção do homem durante o ato sexual. 
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 Além disso, apesar de incomum, o fluido seminal que precede a ejaculação, pode conter 
espermatozoides, levando a uma possível gestação indesejada. Dessa forma, esse método possui altas taxas 
de falhas, 25% ao ano. 
6. Lactação: 
 Durante o aleitamento materno ocorrem alterações hormonais no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, 
que levam à anovulação. Entretanto, para que esse método seja um contraceptivo eficiente é necessário que 
ocorra a amamentação exclusiva. 
 Porém há um risco de que três meses após o parto a mulher volte a ovular, mesmo realizando 
amamentação exclusiva. 
MÉTODOS DE BARREIRA: 
 São métodos que formam uma barreira entre os espermatozoides e a cavidade uterina, impedindo o 
contato entre o espermatozoide e o oócito. Além disso, também são métodos que reduzem a transmissão de 
DST’s. 
1. Preservativos (Camisinha): 
 São os métodos de barreira mais utilizados, podendo ser usados tanto por homens quanto por 
mulheres (preservativo masculino e preservativo feminino). 
 São métodos com eficácia superior a 98% quando utilizados de maneira correta, sendo as falhas do 
método ligadas diretamente ao uso incorreto. 
 Entre os métodos contraceptivos, é também o método mais eficaz na prevenção de IST’s, sendo por 
isso indicado concomitante a outros métodos. 
 Além disso, está associado a redução de neoplasias do colo do útero pela diminuição da transmissão 
do papilomavírus humano (HPV). 
 Preservativo Feminino: 
 O anel aberto fica fora do canal vaginal e o anel fechado interno é colocado no espaço entre a sínfise 
e o colo uterino. Possui o benefício de poder ser inserido até 8 horas antes da relação e não necessita da 
retirada imediata após a ejaculação. 
2. Diafragma: 
 Trata-se de um disco de borracha ou látex, que é colocado na vagina para recobrir o colo do útero, 
impedindo a entrada do espermatozoide. Por possuir vários tamanhos, é necessária uma consulta ginecológica 
antes de iniciar o uso, para garantir o tamanho mais adequado para a paciente. 
 Esse método geralmente é utilizado junto com espermicidas, que em associação possuem um bom 
índice de efetividade, sendo que o espermicida deve ser colocado no centro do dispositivo e mantido em 
contato direto com o colo do útero. 
 O diafragma pode ser colocado na vagina até no máximo1 hora antes da relação sexual, e deve ser 
retirado em até 6 horas depois do ato sexual, nunca ultrapassando 24 horas. 
 
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3. Espermicida: 
 São substâncias (espumas, geleia, cremes) que provocam a ruptura da membrana das células dos 
espermatozoides, matando-os ou retardando sua passagem pelo canal cervical. 
 A substância mais utilizada é o nonoxinol-9, sendo indicado o uso de outros métodos contraceptivos 
juntos. 
 Não deve ser utilizado junto com preservativos masculinos, pois pode aumentar o risco de 
contaminação por HIV. 
DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIU): 
 São métodos contraceptivos reversíveis de longa duração, com formato variável (geralmente formato 
de “T”) que são inseridos na cavidade uterina, possuindo pequenas taxas de falha e descontinuidade, sendo 
pouco contraindicados e com ótimos custo-benefício a longo prazo. 
 Pacientes com imunidade comprometida como em mulheres com o HIV e usuárias de corticoide em 
altas doses, presença de câncer ovário, doença trofoblástica benigna, ISTs e tuberculose pélvica têm contrain-
dicação relativa ao uso de dispositivos intrauterinos. Em 48 horas a quatro semanas após o parto, não é 
indicada a colocação do DIU, pois o risco de expulsão é maior. 
1. DIU de Cobre: 
 É o DIU mais utilizado no Brasil, sendo o único método contraceptivo de longa duração reversível 
fornecido pelo SUS. O dispositivo possui o formato de T, sendo feito por um fio de prata corado com cobre 
que o torna eficaz por 10 a 12 anos. 
 O DIU-Cu age por meio da indução de uma reação de corpo estranho, levando à inflamação intrauterina, 
visto que o cobre induz a liberação de interleucinas e citocinas que tem ação espermicida. Além disso, leva a 
mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio que dificultam a nidação do óvulo em casos onde ocorra 
a fertilização, além de produzir modificações no muco cervical e alterar a espermomigração e transporte do 
óvulo. 
 Em relação ao risco de infecções, alguns estudos indicam que os DIU de cobre têm efeito protetor 
contra DIP, por deixar o útero do colo hostil aos germes que habitam essa região como clamídia e gonococo. 
Porém este método não é um protetor contra IST’s. 
 Esse método possui alguns efeitos adversos como aumento da dismenorreia, aumento do 
sangramento uterino e, apesar de raro, perfuração uterina e expulsão do DIU. 
 
 
 
 
 
 
 
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2. DIU Liberador de Levonorgestrel (DIU-LNG): 
 É um dispositivo de poliuretano em forma de T que possui a capacidade de liberar 20 μg de 
levonorgestrel por dia, tendo uma validade de 5 anos de eficácia. 
 Ele funciona através do efeito de atrofia do endométrio, tornando o muco cervical espesso por conta 
da progesterona constante, além de dificultar a espermomigração e motilidade tubária. Além disso, também 
provoca a reação inflamatória de corpo estranho, similar ao DIU de cobre. 
 Diferente do DIU-Cu, este dispositivo possui o benefício de reduzir a dismenorreia e até mesmo causar 
amenorreia em algumas pacientes. Porém pode ocasionar em algumas pacientes um quadro de cefaleia, 
mastalgia, acne, depressão, cistos ovarianos funcionais e spotting (sangramento irregular). 
 Além de ter as mesmas contraindicações do DIU de cobre, o SIU-LNG não é recomendado em mulheres 
com câncer de mama atual ou prévio, tumor hepático, trombose venosa profunda ou tromboembolismo 
pulmonar atual, LES. 
 Além disso, não é indicada a continuidade do uso em pacientes que iniciaram quadro de enxaqueca 
com aura. Apesar de raro, pode levar à expulsão, dor ou sangramento, perfuração uterina, infecção e gravidez 
ectópica. 
 Obs: Para inserção dos DIU’s, o melhor momento é durante a menstruação pois nesse período o colo do 
útero está mais pérvio, o que facilita a inserção. 
CONTRACEPÇÃO HORMONAL: 
 São métodos extremamente difundidos, sendo que seu índice de sucesso depende fundamentalmente 
da paciente, mas que em uso correto é extremamente eficaz, com taxas de 3 a 9 gravidezes a cada 100 
usuárias por ano. 
1. Contraceptivos Hormonais Combinados (CHCS): 
 São fármacos que possuem uma combinação de um estrogênio e uma progesterona no mesmo método, 
sendo parte deste grupo: 
 Pílulas contraceptivas de uso oral; 
 Injetável mensal; 
 Adesivo transdérmico; 
 Anel intravaginal. 
 Mecanismo de Ação: 
 Ocorre pela inibição da ovulação por conta do feedback negativo que o estrogênio faz sobre o FSH, 
inibindo o recrutamento e desenvolvimento folicular, e pelo feedback negativo que a progesterona faz sobre 
o LH, inibindo a ovulação. Sendo assim, sem o FSH e o LH, não pode ocorrer recrutamento folicular, 
amadurecimento do folículo dominante e nem ovulação. 
 Além disso, a progesterona ainda tem o papel de tornar o muco cervical espesso, dificultando a 
espermomigração, reduzir a motilidade tubária e ainda tem efeito antiproliferativo no endométrio. 
 Já o estrogênio estabiliza o endométrio, reduzindo os sangramentos e aumenta a produção hepática 
da globulina carreadora de hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre de testosterona. 
18 
 
 Benefícios do Uso dos Contraceptivos Hormonais Combinados: 
1. Redução do fluxo menstrual; 
2. Redução da dismenorreia; 
3. Redução dos transtornos pré-menstruais; 
4. Regularização do ciclo menstrual; 
5. Diminuição do risco de câncer de mama e de endométrio; 
6. Redução do risco de DIP e gestação ectópica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. Contraceptivos Orais Combinados: 
 Também chamados de pílulas anticoncepcionais, tem em sua composição principal o estrogênio 
etinilestradiol, mas que pode ser substituído em novas formulações por estradiol ou valerato de estradiol, que 
são estrogênios naturais. 
 Quando presente o etinilestradiol na composição do medicamento, este pode ser classificado 
conforme a dose estrogênica: 
o Pílula de Alta dose: concentração de etinilestradiol > 50 ug; 
o Pílula de Baixa Dose: concentração de etinilestradiol < 50 ug, podendo ser 35, 30, 20 ou 15 ug. 
19 
 
 Além disso, a pílula também pode ser classificada de acordo com o tipo de progestagênio presente em 
sua composição, sendo: 
o Pílula de Primeira Geração: possuem levonorgestrel associado a 50 μg de etinilestradiol; 
o Pílula de Segunda Geração: possuem levonorgestrel associado a doses menores de etinilestradiol; 
o Pílula de Terceira Geração: possuem desogestrel ou gestodeno associado ao progestógeno. 
 Em relação à utilização, deve ser utilizado o medicamento diariamente, sem faltas a fim de evitar falhas 
no método, sendo que os contraceptivos orais podem ser utilizados tanto de maneira contínua, quanto de 
maneira estendida. 
o Uso contínuo: não há interrupção das pílulas, sendo utilizadas durante todo o período que se desejar; 
o Uso estendido: é necessário que se faça pausas por 3 a 4 vezes durante o ano, dependendo do produto. 
 As pílulas devem ser sempre iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual, independente do esquema 
de utilização. 
 As cartelas a depender do tipo esquema utilizado indicam pausas mensais que podem variar de quatro 
a sete dias. Nesses casos, após a primeira cartela inicia-se a segunda no quinto ou oitavo dia, respectivamente. 
Alguns anticoncepcionais de 28 dias podem ser utilizados sem pausa. 
 O importante é utilizar diariamente para evitar falhas. No caso de esquecimento, deve se fazer o uso 
da pílula esquecida mais a pílula do dia para evitar sangramento por colapso endometrial. Em caso de mais de 
um dia esquecido, deve-se utilizar um contraceptivo de barreira por pelo menos 7 dias para evitar gestação. 
1.2. Contraceptivo Injetável Mensal: 
 São utilizados mensalmente e os mais utilizados são o de valerato de estradiol com enantato de 
noretisterona, e o de cipionato de estradiol com acetato de medroxiprogesterona. Esse método de 
contraceptivo é similar a pílula oral, sendo indicado para pacientes que possuem dificuldade de aderir a pílula 
anticoncepcional. 
 O sangramento menstrualocorre a cada três semanas, cerca de 22 dias após a injeção, sendo que sua 
aplicação é feita IM no deltoide a cada 30 dias, garantindo um ciclo mensal. 
1.3. Anel Vaginal: 
 Esse método de CHC possui um formato de anel transparente e flexível, que contém 2,7 mg de 
etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel em sua composição, que diariamente libera cerca de 15 μg de 
etinilestradiol e 120 μg de etonogestrel no fundo vaginal, onde é colocado entre o primeiro e o quinto dia de 
cada ciclo menstrual. 
 O dispositivo permanece no interior da vagina por três semanas consecutivas, sendo retirado no 22º 
dia, fazendo uma pausa de sete dias para que ocorra o sangramento. 
 Obs: Cada anel dura apenas um ciclo, sendo necessário recolocar um novo dispositivo ao final de cada 
pausa. 
 
 
 
20 
 
1.4. Adesivo Transdérmico: 
 Nesse método, um adesivo transdérmico é aderido à pele, sendo que internamente ele possui uma 
camada hormonal, enquanto sua estrutura externa é resistente à água. Ele libera diariamente 30 μg de 
etinilestradiol e 150 μg de norelgestromina, que após metabolismo hepático se transforma em levonorgestrel. 
 O adesivo pode ser aplicado nas nádegas, parte externa do braço, abdome inferior ou região superior 
do dorso, evitando-se as mamas. Sendo que cada adesivo dura apenas 7 dias, sendo o primeiro aplicado no 
primeiro dia do ciclo e os posteriores a cada 7 dias da última colocação. 
 Geralmente é realizada uma pausa de 7 dias após a terceira semana para que ocorra a menstruação 
normal, entretanto, pode ser utilizado de forma ininterrupta, sem pausas mensais. 
 Ele fornece proteção contraceptiva mesmo após dois dias de atraso na substituição do adesivo. 
 Em caso de descolamento do adesivo, basta recolocá-lo ou aplicar um novo. Nesses casos não há 
redução da eficácia. Como efeitos adversos, pode ocorrer dismenorreia, mastalgia e spotting. 
 Obs: Em pacientes com mais de 90 kg, esse dispositivo pode apresentar redução da eficácia. 
 
2. Contraceptivos de Progestagênio Isolado: 
 Esses contraceptivos possuem em sua composição apenas o hormônio progesterona. 
 
 
 
 
 
2.1. Pílula de Progesterona Isolada: 
 Compostos por desogestrel, acetato de noretindrona e/ou levonorgestrel, divididos em: 
 Minipílula: 
 Contraceptivos compostos por acetato de noretindrona e levonorgestrel. Esse método possui como 
vantagem o fato de poder ser utilizado durante o aleitamento e a perimenopausa, sendo que seu método 
contraceptivo se dá através do espessamento do muco cervical e inibição da implantação do embrião no 
endométrio. 
 O uso de minipílulas deve ser contínuo e ininterrupto, com uso rigoroso, pois caso a mulher fique 27 
horas sem a ingestão do último comprimido, já pode perder o efeito contraceptivo, levando a falha do método. 
 O método é contraindicado para pacientes que tiveram diabetes mellitus gestacional prévio, pois está 
relacionado ao desenvolvimento de DM tipo 2. 
 Desogestrel: 
 É composto por 75ug de desogestrel, e tem a capacidade de inibir a ovulação, por isso é mais eficaz 
que as minipílulas. Além disso, torna o muco cervical espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides. 
21 
 
 O medicamento também pode ser indicado durante a amamentação, tendo a vantagem que pode ser 
tomado com até 12 horas de atraso sem comprometer sua eficácia. 
2.2. Injetáveis Trimestrais: 
 Esse método geralmente é utilizado em pacientes que possuem contraindicação ao uso de estrogênios. 
Ele bloqueia a ovulação através da inibição do LH, também levando à alteração nas características do muco e 
atrofia endometrial. Além disso, pode levar à amenorreia e redução da dismenorreia, TPM e câncer 
endometrial. 
 Como efeitos adversos, pode estar presente o sangramento intermenstrual, edema, ganho de peso, 
acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, alterações do humor e redução da densidade mineral óssea. 
 É aplicado via intramuscular na nádega ou músculo deltoide a cada três meses. 
2.3. Implante Subdérmico: 
 É composto por progestágenos como o etonogestrel (implanon), com duração de 3 anos, ou 
levonorgestrel (norplant), com duração de 5 anos. 
 Esse dispositivo é implantado na parte subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps e tríceps, 
sendo que sua retirada precisa de uma pequena incisão com anestesia local. 
 O implante de levonorgestrel atua inibindo a ação do LH, impedindo a ovulação, enquanto também 
leva a atrofia endometrial e a alterações do muco cervical. Por não apresentar um componente estrogênico 
que estabiliza o endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o spotting. 
 Já o implante de etonogestrel atua prevenindo a gestação por meio da ação sobre o muco cervical que 
se torna impenetrável aos espermatozoides, podendo ser utilizado durante a amamentação também. 
 Após a retirada do implante, a fertilidade retorna rapidamente, podendo voltar ao normal em 1 a 18 
semanas. 
CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA: 
 É um método considerado irreversível ou definitivo, podendo ser feito tanto no homem, com a 
vasectomia, quanto na mulher, com a ligadura tubária. Sendo que seu índice de Pearl varia entre 0,1 a 0,3 por 
100 mulheres ao ano. 
 No Brasil, para realizar a contracepção cirúrgica, é necessário: 
 Homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade OU, pelo menos, com dois 
filhos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico; 
 Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, desde que tenha relatório escrito e assinado 
por dois médicos; 
 Além disso, é vedado a esterilização cirúrgica durante o parto, aborto ou até 42 dias após o parto (ou 
aborto), exceto nos casos de comprovada necessidade, como: 
 Cesárias sucessivas anteriores (no mínimo 2); 
 Doença de base com risco à saúde. 
 
22 
 
1. Vasectomia: 
 Consiste na oclusão do canal deferente do homem, 
impedindo que os espermatozoides sejam ejaculados, mas sem 
alterar o aspecto do sêmen masculino. 
 Após o procedimento, deve-se aguardar até 20 
ejaculações para que o mesmo possa ter seu efeito garantido, 
ou pelo menos dois espermogramas com resultados negativos. 
2. Laqueadura Tubária: 
 Realiza-se uma obstrução do lúmen tubário, 
principalmente no istmo, impedindo o transporte do óvulo e também o encontro entre os gametas femininos 
e masculinos. 
 A obstrução pode ser feita via videolaparoscopia, laparotomia ou através do fundo do saco vaginal 
(culdotomia). 
 Entre as técnicas para ligadura pode ser realizado uma secção da tuba, uma ressecção de um segmento 
tubário, uma obstrução mecânica utilizando clips ou anéis, ou uma eletrocoagulação com cateter, com ou sem 
secção da área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: 
 Mesmo com uma diversidade de métodos contraceptivos, o número de gravidez indesejadas é muito 
elevado em todo o mundo. A contracepção de emergência é um método que visa prevenir uma gestação 
inoportuna após relação sexual em que ocorre falha de algum método, ou que possa haver a possibilidade de 
gravidez por ato sexual desprotegido. 
 Os mecanismos de ação desses métodos de emergência variam de acordo com o período do ciclo 
menstrual no qual é utilizado: 
 Se o uso ocorrer na primeira fase do ciclo, antes do pico de LH, ele altera o desenvolvimento folicular, 
impedindo ou retardando a ovulação; 
 Se for utilizado na segunda fase do ciclo, após a ovulação, ele modifica as características do muco 
cervical, deixando-o mais viscoso, alterando o transporte dos espermatozoides. 
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 Atualmente, existem dois métodos muito utilizados, sendo que ambos são eficazes e podem ser 
utilizados até 5 dias após o ato sexual desprotegido, sendo que quanto maior o tempo entre o uso e o coito, 
menor é sua eficácia. 
1. Método Yuzpe: 
 É um contraceptivo combinado de duas doses, contendo 100 μg de etinilestradiol e 500 μg de 
levonorgestrel. As doses devem ser tomadas com um intervalo de 12 horas,sendo que a primeira deve ser 
tomada o mais próximo possível da atividade desprotegida e até 72 horas depois. 
2. Contraceptivo de Levonorgestrel Isolado: 
 É um método em que se ingere um comprimido de levonorgestrel na dose de 1,5 mg em dose única 
ou fracionada em duas tomadas, com intervalo de 12 horas. 
 Além disso, esses contraceptivos de emergência possuem pouco efeito sobre as menstruações 
posteriores, de forma que 60% das pacientes não terão alteração do período menstrual habitual. 
 A única contraindicação do uso desse método é a gravidez documentada, porém não há nenhuma 
evidência de que os contraceptivos de emergência exerçam o abortamento. 
 Obs: O uso repetido desse método está relacionado a diminuição de sua eficácia e acentuar distúrbios 
menstruais.

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