Orlistat: Inibidor de Lipase para Emagrecimento

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ORLISTAT – MECANISMO E EMAGRECIMENTO. 
Você conhece o Orlistat? Ele é o primeiro representante de uma classe de fármacos antiobesidade, aprovado em 1998 pela FDA (Food and Drug Administration), onde são conhecidos como inibidores de lipase. O orlistat é um éster do ácido pentanoico que inibe as lipases gástricas e pancreáticas, diminuindo, assim, a hidrólise da gordura da dieta em moléculas menores que podem ser absorvidas. Pode ser encontrado em farmácias com o nome de Xenical ou também de Lystate. (CLARK, 2013)
No intestino, o orlistat reage com resíduos de serina nos sítios ativos das lípases gástrica e pancreática, inibindo irreversivelmente essas enzimas e, assim, impedindo a degradação da gordura da dieta a ácidos graxos e gliceróis, como demonstra a FIGURA 1. Portanto, ele reduz a absorção de gordura e correspondentemente aumenta a eliminação fecal para aproximadamente 30% de gordura na dieta. Administrado juntamente com dieta hipocalórica em indivíduos obesos, produz perda modesta, mas consistente, de peso, em comparação com controles tratados com placebo. Em metanálise de 11 ensaios de longo prazo controlados com placebo, englobando mais de 6000 pacientes, o orlistat promoveu redução 2,9% maior do peso corporal do que no grupo-controle, e 12% mais pacientes perderam 10% ou mais de peso corporal, em comparação com os controles (PADWAL et al, 2007) (RANG & DALE, 2012) 
O principal objetivo da utilização desse fármaco, é a diminuição do consumo energético pelo corpo humano. Sabemos que as moléculas de lipídios, são as mais calóricas em macronutrientes dietéticos. Com isso, diminuindo 30% dessa quantidade, o resultado em grande maioria é significativo. Entretanto, é primordial uma reeducação alimentar e a pratica de exercícios físicos, estejam em concomitância com a intervenção farmacológica. Em questão de obesidade infantil, apenas Orlistat e Metformina são recomendados para essa faixa etária, pela FDA (Food and Drug Administration) e pelo jornal mais conceituado na área da medicina (The New England Journal of Medicine), sendo assim, uma estratégia utilizada por muitos médicos nesse intuito. APOVIAN, 2016
Este agente também diminui a secreção de ácido gástrico pós-prandial, esvaziamento gástrico e liberação de colecistoquinina em resposta a uma refeição. Orlistat tem um efeito benéfico sobre vários parâmetros metabólicos, incluindo níveis de lipídios plasmáticos, medidas de controle glicêmico, pressão arterial, leptina plasmática e fatores hemostáticos, como demonstra o estudo de 2004 por CURRAN e SCOTT. 
Outro estudo piloto (McDUFFIE et al, 2004), no qual foi realizado com 20 obesos adolescentes, demonstrou uma redução significativa em Colesterol, LDL, Pressão arterial e diminuição de gordura em geral no sangue. Obviamente isso aconteceria, justamente pela diminuição da quantidade ingerida de lipídios, o que também demonstrou no estudo já mencionado de PADWAL e MAJUMDAR, 2007. Além disso, é plausível considerar o efeito psicológico motivacional, onde o indivíduo está em uma mudança completa em sua índole de saúde e hábitos de vida.
Entretanto, nem tudo são maravilhas. Existe uma classe de vitaminas conhecidas como lipossolúveis, as quais dependem exclusivamente de moléculas de gordura para serem transportadas e absorvidas. Com um raciocínio lógico, se a ingesta de gordura é diminuída, obviamente as vitaminas dessa classe também sofrem prejuízos, sendo que em vários casos pode desencadear hipovitaminosas e até patologias relacionadas. MELIA, et al, 1996.
McDUFFIE 2004, demonstrou em seu estudo, uma importância primordial da suplementação de vitaminas para pacientes que realizam essa intervenção medicamentosa, principalmente de vitaminas A, D, E e K. Além disso, os principais efeitos adversos são no sistema gastrointestinal, como por exemplo aumento de cólicas, defecação urgente, dificuldade de controle de trânsito, alteração de microbiota intestinal, entre muito mais.
(CLARK, 2013) (RANG & DALE, 2012)
A recomendação diária é a utilização de orlistat juntamente com as principais refeições do dia, justamente por serem as refeições mais calóricas e com maior índice de lipídios. A conclusão das revisões literárias, demonstra que intervenção farmacológica na perda de peso, é sim eficiente e significativa. Entretanto, é indispensável um acompanhamento profissional e a melhora de hábitos alimentares e físicos juntamente. Nada substitui a consistência e trabalho duro. Porém tudo pode ser avaliado como uma carta na manga e também como um auxiliar, e não um fator principal. Não se engane, não pule etapas. A fórmula mágica só existe em contos infantis. 
REFERÊNCIAS:
McDUFFIE, Jennifer R; et al; Efficacy of Orlistat as an Adjunct to Behavioral Treatment in Overweight African American and Caucasian Adolescents with Obesity-related Co-morbid Conditions. J Pediatr Endocrinol Metab. 2004 Mar; 17(3): 307–319.
CLARK, Michelle A; et al; FARMACOLOGIA: ILUSTRADA. Artmed. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 2013
RANG & DALE; et al; FARMACOLOGIA. 7ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012 
APOVIAN, Caroline M; M.D. The Obesity Epidemic — Understanding the Disease and the Treatment. N Engl J Med 2016; 374:177-179January 14, 2016DOI: 10.1056/NEJMe1514957
PADWAL, Raj S; MAJUMDAR, Sumit R. Drug treatments for obesity: orlistat, sibutramine, and rimonabant. The Lancet. Volume 369, Issue 9555, 6–12 January 2007, Pages 71–77. doi.org/10.1016/S0140-6736(07)60033-6
MULS, E; et al. The effects of orlistat on weight and on serum lipids in obese patients with hypercholesterolemia: a randomized, double-blind, placebo-controlled, multicentre study. International Journal of Obesity (2001) 25, 1713-1721
MELIA, AT; et al; The effect of orlistat, an inhibitor of dietary fat absorption, on the absorption of vitamins A and E in healthy volunteers. J Clin Pharmacol. 1996 Jul;36(7):647-53.
CURRAN, MP; SCOTT, LJ. Orlistat: A Review of its Use in the Management of Patients with Obesity. Drugs (2004) 64: 2845. doi:10.2165/00003495-200464240-00010