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Aula Equivalência (1)

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CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
Disciplina: Contabilidade Avançada 
__________________________________________________________________ 
Profª Daniele R. Garcia Kumanaya 
1 
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL 
 
Introdução 
 
O método da equivalência patrimonial (MEP) é o método que consiste em atualizar o 
valor contábil do investimento ao valor equivalente à participação societária da sociedade 
investidora no patrimônio líquido da sociedade investida, e no reconhecimento dos seus 
efeitos na demonstração do resultado do exercício. 
É a alteração do valor contábil dos investimentos registrados no Ativo Permanente, 
pela investidora, conforme o aumento ou a diminuição do Patrimônio Líquido da Investida. 
O valor do investimento, portanto, será determinado mediante a aplicação da 
porcentagem de participação no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade 
coligada ou controlada. 
 
Participações societárias 
 
São aplicações de recursos em investimentos efetuados por uma sociedade 
(investidora) na aquisição de ações ou cotas de capital de outra pessoa jurídica (investida) 
 
Obrigatoriedade do método 
 
O método da equivalência patrimonial é obrigatório para os investimentos 
considerados relevantes e influentes, efetuados em empresas coligadas ou controladas. 
Os investimentos para os quais a avaliação pela Equivalência Patrimonial não seja 
obrigatória serão compulsoriamente avaliados pelo custo de aquisição. 
Sociedades controlada e controladora 
Sociedade controladora: considera-se é a empresa investidora que detiver, direta ou 
indiretamente, mais de 50% do capital votante de uma sociedade investida, que é denominada 
controlada. 
 
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Total do Capital Votante em Poder da 
Investidora x 100 
 
 = + 50% controle 
 Total do Capital Votante da Investida 
 
O controle pode ser exercido direta ou indiretamente: 
Controle Direto: quando a investidora possui em seu próprio nome mais de 50% do 
capital votante da investida; 
Controle Indireto: quando a investidora exerce o controle de uma sociedade através de 
outra, que também é controlada por ela. 
controla
A B
(controle direto)
controla
controla (controle direto)
C
(controle indireto)
Esquema básico - Empresas A, B e C
 
Exemplos: 
A detém 56% do capital votante de B = controle direto ;
A participa do capital não votante de C;
B detém 54% do capital votante de C = controle direto ;
A também controla C = controle indireto
Exemplo 1
 
 
A detém 53% do capital votante de B = controle direto ;
A detém 9% do capital votante de C;
B detém 43% do capital votante de C = controle direto ;
A também controla C = controle indireto (43% + 9% = 52%)
Exemplo 2
 
 
Sociedades coligadas 
São as sociedades em que, sem haver controle, a investidora participa com 20% ou 
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mais do capital social da investida. 
Equiparadas a coligadas 
a) As sociedades em que uma participa indiretamente com 10% ou mais do capital 
votante da outra, sem controlá-la. 
Exemplo: a sociedade A participa com 6% do capital votante da sociedade C, e a sua 
coligada também participa com 8% do capital votante de C. Nesse caso, como a soma das 
participações de A e B que são coligadas em C, corresponde a 14% do capital votante, 
dizemos que a investida C é equiparada a coligada da investidora. 
b) as sociedades em que uma participa diretamente com 10% ou mais do capital 
votante da outra, sem controla-la , independente do percentual da participação total do capital 
total. 
Exemplo: suponhamos que a sociedade A seja proprietária de 5.000 ações com 
direito a voto da cia B, cujo capital é composto por 80.000 ações , sendo 50.000 com direito a 
voto. Nesse caso, a cia B é equiparada a coligada de A, uma vez que, embora a participação 
corresponda a 6,25% do capital total, representa 10% do capital votante de B. 
Sociedades controladas 
Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através 
de outras controladas, é titular de direito de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, o 
poder de eleger a maioria dos administradores. 
 
Operações básicas 
Exemplo 1: 
A empresa investidora adquire por R$ 100,00 a totalidade das ações da empresa 
investida, cujo patrimônio líquido nessa data é também de R$ 100,00. 
100,00 1 100,00 S
1 100,00 
Investida
Patrimonio LíquidoCaixa
Investimento
Investidora
 
Exemplo 2: 
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No final do exercício a empresa Investida auferiu um lucro de R$ 20,00, totalizando 
um patrimônio no valor de R$ 120,00. 
A empresa investidora registrará o aumento patrimonial mediante o seguinte 
lançamento contábil: 
100,00 1 100,00 S
20 2
120 S
1 100,00 2 20 
2 20,00 
S 120,00 
20,00 2
Investida
Patrimonio Líquido
Resultado do Exercício
Resultado Operacional
Caixa
Investimento
Investidora
 
 
 
Resultados não realizados 
Consideram-se não realizados os lucros ou os prejuízos decorrentes de negócios entre 
a sociedade investida e a sociedade investidora. 
Da mesma forma, consideram-se não realizados os lucros ou os prejuízos decorrentes 
de negócios entre a sociedade investida e sociedade coligada ou controlada da sociedade 
investidora, devendo ser excluídos do valor do patrimônio líquido, quando: 
a) os lucros ou os prejuízos que estejam incluídos no resultado de uma coligada ou de 
uma controlada e correspondidos por inclusão ou exclusão no custo de aquisição de ativos de 
qualquer natureza no balanço patrimonial da sociedade investidora; 
b) os lucros ou os prejuízos estejam incluídos no resultado de uma coligada ou de 
uma controlada e correspondidos por inclusão ou exclusão no custo de aquisição de ativos de 
qualquer natureza no balanço patrimonial de outras sociedades coligadas ou controladas. 
Os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e as despesas decorrentes de 
negócios que tenham gerado simultânea e integralmente efeitos opostos nas contas de 
resultado das sociedades coligadas ou controladas, não serão excluídos do valor do 
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patrimônio líquido. 
Exemplo: 
Considere os seguintes balanços das empresas Controlada Alpha e Controladora 
Beta, no ano 01: 
Circulante Circulante
Disponibilidades
Não Circulante Não Circulante
Investimentos
Patrimonio Líquido
Capital Social
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponibilidades
Não Circulante Não Circulante
Investimentos
Patrimonio Líquido
Capital Social
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO100.000 100.000 
200.000 200.000 
Balanço Controladora - ano 01
Ativo Passivo
Ativo Passivo
Balanço Controlada - ano 01
 Participação em outras 
empresas 
100.000 
100.000 
 Participação em outras 
empresas 
90.000 
100.000 
200.000 
200.000 
110.000 
90.000Fatos ocorridos no ano 02: 
A controlada Alpha vendeu para a controladora Beta R$ 100.000,00 em mercadorias 
com um custo equivalente de R$ 65.000,00. 
A controladora Beta vendeu para terceiros 30% da mercadoria adquirida da 
controlada Alpha. 
Cálculo Equivalência Patrimonial x Lucros não realizados 
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Patrimonio Líquido ano 02
% de participação do capital
( - ) Lucros não realizados
Investimento atual
( - ) Investimento ano 01
 = Equivalencia Patrimonial
(24.500) 
97.000 
90.000 
7.000 
135.000 
90% 121.500 
 
Circulante Circulante
Disponibilidades
Estoques
Não Circulante Não Circulante
Investimentos
Patrimonio Líquido
Capital Social
Lucros
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO
Circulante Circulante
Disponibilidades
Estoques
Não Circulante Não Circulante
Investimentos
Patrimonio Líquido
Capital Social
Lucros Acumulados
TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO
50.000 
7.000 
 Participação em outras 
empresas 
135.000 
100.000 
135.000 135.000 
35.000 
207.000 207.000 
Balanço Controlada - ano 02
Ativo Passivo
85.000 
97.000 
 Participação em outras 
empresas 
97.000 
207.000 
200.000 
40.000 
70.000 
Balanço Controladora - ano 02
Ativo Passivo
 
 
Ajuste do investimento no balanço patrimonial 
 
O valor do investimento na data do balanço deverá ser ajustado ao valor de 
patrimônio líquido, mediante lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de 
investimento (art. 388 do RIR/99), observando-se o seguinte: 
 
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1 - Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser 
registrados pelo contribuinte como diminuição do valor de patrimônio líquido do 
investimento, e não influenciarão as contas de resultado; 
2 - Quando os rendimentos referidos em 1 acima forem apurados em balanço da 
coligada ou controlada levantado em data posterior à da última avaliação, deverão ser 
creditados à conta de resultados da investidora, e não serão computados na determinação do 
lucro real; 
3 - No caso do procedimento 2, acima, se a avaliação subseqüente for baseada em 
balanço ou balancete de data anterior à da distribuição, deverá o patrimônio líquido da 
coligada ou controlada ser ajustado, com a exclusão do valor distribuído. 
Exemplo de contabilização, no caso de resultado positivo da equivalência: 
D - Participação Societária - Empresa "B" (Investimento - Permanente) 
C - Receita de Equivalência Patrimonial (Resultado) 
 
Contrapartida do ajuste na conta de investimentos 
 
De acordo com o artigo 389 do RIR/99, a contrapartida do ajuste do valor do 
patrimônio líquido, por aumento ou redução no valor do patrimônio líquido do investimento, 
não será computada na determinação do lucro real. 
Contabilmente, a contrapartida do ajuste do valor do investimento avaliado pelo 
método de equivalência patrimonial transitará pelo balanço de resultados aumentando, em 
conseqüência, o lucro líquido do período. 
Quando o resultado da equivalência patrimonial for credor, será lançado na parte "A" 
do livro de apuração do lucro real como item de exclusão do lucro líquido do exercício para 
fins de determinação do lucro real. 
Quando o resultado da equivalência patrimonial for devedor, será lançado na parte 
"A" do livro de apuração do lucro real como item de adição do lucro líquido do exercício para 
fins de determinação do lucro real. 
Observe-se também que se a empresa for tributada pelo lucro presumido, eventual 
ajuste credor da equivalência patrimonial não integrará a receita bruta para fins de cálculo do 
IRPJ e CSLL devidos pela forma presumida

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