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Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 1 DISCIPLINA:CÁLCULO II UNIDADE 2: (Parte 2) 2.2 Integral Definida Consideremos o problema de definir a área de uma região plana 𝑆, delimitada pelo gráfico de uma função não negativa 𝑓, pelo eixo dos 𝑥 e por duas retas 𝑥 = 𝑎 e 𝑥 = 𝑏, conforme a figura abaixo: Para isso, fazemos uma partição do intervalo [𝑎, 𝑏], isto é, dividimos o intervalo [𝑎, 𝑏] em 𝑛 subintervalos, escolhendo os pontos: 𝑎 = 𝑥0 < 𝑥1 <. . . < 𝑥𝑖−1 < 𝑥𝑖 <. . . < 𝑥𝑛 = 𝑏 Seja 𝛥𝑥𝑖 = 𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1 o comprimento do intervalo [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖]. Em cada um destes intervalos [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖], escolhemos um ponto qualquer 𝐶𝑖. Para cada 𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 𝑛, construímos um retângulo de base 𝛥𝑥𝑖e altura 𝑓(𝑥). 𝛥𝑥𝑖 =⇑ A soma das áreas dos 𝑛 retângulos, que representamos por 𝑆𝑛, é dada por: 𝑆𝑛 = 𝑓(𝑐1)𝛥𝑥1 + 𝑓(𝑐2)𝛥𝑥2+. . . +𝑓(𝑐𝑛)𝛥𝑥𝑛 Esta soma é chamada de soma de Riemann da função 𝑓(𝑥). Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 2 Podemos observar que a medida que 𝑛cresce muito e cada 𝛥𝑥𝑖 , 𝑖 = 1 , . . . , 𝑛, torna-se muito pequeno, a soma das áreas retangulares aproxima-se do que intuitivamente entendemos como a área de 𝑆. Definição 1: Seja 𝑦 = 𝑓(𝑥) uma função contínua, não negativa em [𝑎, 𝑏]. A área sob a curva 𝑦 = 𝑓(𝑥) , de 𝑎 até 𝑏, é definida por: 𝑆 = 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 Onde para cada 𝑖 = 1 , . . . , 𝑛, 𝑐𝑖é um ponto arbitrário do intervalo [𝑥𝑖−1, 𝑥𝑖]. Definição 2: Seja 𝑓uma função definida no intervalo [𝑎, 𝑏] e seja 𝑝 uma partição qualquer de [𝑎, 𝑏]. A integral definida de 𝑓 de 𝑎ate 𝑏, denotada por: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 , é dada por: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 desde que o limite do 2º membro exista. Se ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 existe, digamos que 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏]. Na notação ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 , os números 𝑎e 𝑏 são chamados limites de integração (𝑎= limite inferior e 𝑏= limite superior). Sempre que utilizamos um intervalo [𝑎, 𝑏], supomos que 𝑎 < 𝑏. Assim, em nossa definição não levamos em conta os casos em que o limite inferior é maior que o limite superior. Definição 3: a) Se 𝑎 > 𝑏, então: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = − ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑎 𝑏 se a integral à direita existir. b) Se 𝑎 = 𝑏 e 𝑓(𝑎) existe, então: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 = 0 𝑎 𝑎 . Teorema: Se 𝑓 é contínua sobre [𝑎, 𝑏], então 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏]. Propriedades da Integral Definida Proposição 1: Se 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏] e 𝑘é um número real arbitrário, então 𝑘𝑓é integrável em [𝑎, 𝑏] e Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 3 ∫ 𝑘𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝑘 ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Demonstração: como 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏], existe: 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 e portanto, podemos escrever: ∫ 𝑘𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑘𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 = 𝑘 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 = 𝑘 ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Proposição 2: Se 𝑓 e 𝑔são funções integráveis em [𝑎, 𝑏] então 𝑓 + 𝑔 é integrável em [𝑎, 𝑏] e ∫ [𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥)] 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 + ∫ 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Demonstração: Se 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏] existe o limite: 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 , que é ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Se 𝑔 é integrável em [𝑎, 𝑏] existe o limite: 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑔(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 , que é ∫ 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Assim, ∫ [𝑓(𝑥) + 𝑔(𝑥)] 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑[𝑓(𝑐𝑖) + 𝑔(𝑐𝑖)]𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 = 𝑙𝑖𝑚 𝑚á𝑥𝛥𝑥𝑖→0 ∑ 𝑓(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 + ∑ 𝑔(𝑐𝑖)𝛥𝑥𝑖 𝑛 𝑖=1 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 + ∫ 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Esta proposição vale também para o caso de termos diferença de funções, ou seja, ∫ [𝑓(𝑥) − 𝑔(𝑥)] 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 − ∫ 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 4 Proposição 3: Se 𝑎 < 𝑐 < 𝑏 e 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑐]e em [𝑐, 𝑏], então 𝑓 é integrável em [𝑎, 𝑏] e ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑐 𝑎 + ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑐 Proposição 4: Se 𝑓 é integrável e se 𝑓(𝑥) ≥ 0 para todo 𝑥 em [𝑎, 𝑏], então: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 ≥ 0 𝑏 𝑎 Proposição 5: Se 𝑓 e 𝑔 são funções integráveis em [𝑎, 𝑏] e 𝑓(𝑥) ≥ 𝑔(𝑥) para todo 𝑥 em [𝑎, 𝑏], então: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 ≥ ∫ 𝑔(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Proposição 6: Se 𝑓 é uma função contínua em [𝑎, 𝑏], então: | ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 | ≤ ∫ |𝑓(𝑥)|𝑑𝑥 𝑏 𝑎 Proposição 7:Se 𝑓 é uma função contínua em [𝑎, 𝑏], existe um ponto 𝑐 entre 𝑎 e 𝑏 tal que: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = (𝑏 − 𝑎). 𝑓(𝑐) Se 𝑓(𝑥) ≥ 0 , ∀ 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏], podemos visualizar geometricamente esta proposição. Ela nos diz que a área abaixo da curva 𝑦 = 𝑓(𝑥), entre 𝑎 e 𝑏, é igual à área de um retângulo de base 𝑏 − 𝑎 e altura 𝑓(𝑐). Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 5 2.3 Teorema Fundamental do Cálculo O teorema fundamental do cálculo nos permite relacionar as operações de derivação e integração. Ele nos diz que, conhecendo uma primitiva de uma função contínua 𝑓: [𝑎, 𝑏] → ℝ, podemos calcular a sua integral definida ∫ 𝑏 𝑎 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡. Para apresentar formalmente o teorema, inicialmente vamos definir uma importante função auxiliar, como segue. Tomamos a integral definida. ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 Fixamos o limite inferior 𝑎 e fazemos variar o limite superior que indicaremos por 𝑥. Fazendo𝑥 variar no intervalo [𝑎, 𝑏], obtemos uma função 𝐺(𝑥), dada por 𝐺(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑥 𝑎 Geometricamente, a integral ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 representa a área abaixo do gráfico de 𝑓 entre 𝑎 e 𝑏. Da mesma forma, 𝐺(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑥 𝑎 nos dá a área abaixo do gráfico de 𝑓 entre 𝑎 e 𝑥. Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 6 Podemos observar que 𝐺(𝑎) = 0 e 𝐺(𝑏) nos dá a área da figura. Proposição 8: Seja 𝑓 uma função contínua num intervalo fechado [𝑎, 𝑏]. Então a função 𝐺: [𝑎, 𝑏] → ℝ, definida por: 𝐺(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑥 𝑎 Tem derivada em todos os ponto 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏] que é dada por: 𝐺′(𝑥) = 𝑓(𝑥), ou seja, 𝑑 𝑑𝑥 ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑥 𝑎 = 𝑓(𝑥) Diante desses resultados, podemos estabelecer formalmente o Teorema Fundamental do Cálculo: Teorema: Se 𝑓é contínua sobre [𝑎, 𝑏] e se 𝐹é uma primitiva de 𝑓 neste intervalo, então: ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 = 𝐹(𝑏) − 𝐹(𝑎) Demonstração: como 𝑓é contínua sobre [𝑎, 𝑏], segue que da preposição 8: 𝐺(𝑥) = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 é uma primitiva de 𝑓nesse intervalo. Seja 𝑓(𝑥) uma primitiva qualquer de 𝑓sobre [𝑎, 𝑏], então 𝐹(𝑥) = 𝐺(𝑥) + 𝑐, ∀ 𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏] Calculando 𝐹(𝑏) − 𝐹(𝑎), temos 𝐹(𝑏) − 𝐹(𝑎) = [𝐺(𝑏) + 𝑐] − [𝐺(𝑎) + 𝑐] = 𝐺(𝑏) + 𝑐 − 𝐺(𝑎) − 𝑐 = 𝐺(𝑏) − 𝐺(𝑎) Profª. Fabiane Regina da Cunha Dantas Araújo 7 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 − ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑎 𝑎 = ∫ 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 𝑏 𝑎 Também escrevemos: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 𝑏 𝑎 = 𝐹(𝑥)⎮𝑎 𝑏 = 𝐹(𝑏) − 𝐹(𝑎) Exemplos: Calcular as integrais definidas:1: ∫ 𝑓(𝑥) 𝑑𝑥 3 1 = 𝑥2 2 ⎮1 3 = 9 2 − 1 2 = 8 2 = 4 2: ∫ 𝑐𝑜𝑠 𝑡 𝑑𝑡 𝜋 2 0 = 𝑠𝑒𝑛 𝑡⎮0 𝜋 2 = 𝑠𝑒𝑛 𝜋 2 − 𝑠𝑒𝑛 0 = 1 3: ∫ 𝑥 𝑥²+1 𝑑𝑥 1 0 = 1 2 ∫ 𝑑𝑢 𝑢 1 0 = 1 2 𝑙𝑛|𝑢|⎮0 1 = 1 2 𝑙𝑛|𝑥² + 1|⎮0 1 = 1 2 𝑙𝑛 2 − 1 2 𝑙𝑛 1 = 1 2 𝑙𝑛 2 𝑢 = 𝑥² + 1 𝑑𝑢 = 2𝑥𝑑𝑥 1 2 𝑑𝑢 = 𝑥𝑑𝑥 4:∫ 𝑥 𝑒−𝑥²+1𝑑𝑥 2 1 = − 1 2 ∫ 𝑒𝑢𝑑𝑢 2 1 = − 1 2 𝑒𝑢⎮1 2 = − 1 2 𝑒−𝑥²+1⎮1 2 = − 1 2 𝑒−3 + − 1 2 𝑒0 = − 1 2 𝑒−3 + 1 2 𝑢 = −𝑥² + 1 𝑑𝑢 = −2𝑥𝑑𝑥 − 1 2 𝑑𝑢 = 𝑥𝑑𝑥