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Conceito. Requisitos. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA Prisão preventiva CONCEITO DA PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva é uma dentre as modalidades de prisões processuais ou prisões provisórias, também denominadas prisões cautelares, previstas na legislação processual penal brasileira. Tal modalidade de prisão decorre de questões processuais. Portanto, não é uma pena privativa de liberdade, seu objetivo é acautelar o bom andamento da persecução penal. A prisão preventiva não viola o princípio constitucional do ESTADO DE INOCÊNCIA (vide Art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal), haja vista que a Constituição pode exepcionar a si mesma, pois prevê a possibilidade de decretação da prisão preventiva, pelo juiz competente (nesse sentido vide Art. 5º, iniciso LXI da Constituição Federal). A prisão preventiva é a mais ampla mas medidas cautelares pessoais, tendo cabimento durante todas as fases da persecução penal (inquérito policial e ação penal). Ademais, admite-se a prisão preventiva até mesmo sem a instauração de inquérito policial, nos casos de necessidade e conforme observância de seus pressupostos. Atualmente, com a reforma operada pela Lei 12.403 de 4 de maio de 2011, a prisão preventiva é a última medida cautelar pessoal a ser adotada pelo juiz, ou seja, é a ULTIMA RATIO (nesse sentido vide Art. 282 §§ 4º e 6º do Código de Processo Penal brasileiro). Contudo, a prisão preventiva só poderá ser decretada se atendidos os REQUISITOS LEGAIS. Esses requisitos legais, pressupostos fundamentais e hipóteses de cabimento estão regulados nos Arts. 311 a 316 do Código de Processo Penal brasileiro. PRESSUPOSTOS FUNDAMENTAIS Para que o juiz possa decretar a prisão preventiva é necessária a presença de alguns pressupostos fundamentais. Os pressupostos fundamentais da prisão preventiva estão, expressamente previstos, no Art. 312 do Código de Processo Penal, quais sejam: "fumus commissi delicti" e "periculum libertatis". Assim sendo, para decretação da prisão preventiva é imprescindível a presença dos dois. Portanto, para a compreensão da prisão preventiva e de suas hipóteses de cabimento é importante a análise desses pressupostos fundamenais. Fumus commissi delicti O brocardo latino "fumus commissi delicti" significa literalmente a FUMAÇA DA PRÁTICA DO DELITO. Essa "fumaça da prática do delito" é necessária para a decretação da prisão preventiva e existe quando houver PROVA DA EXISTÊNCIA DO CRIME, bem como INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA, conforme expressa previsão do Art. 312, in fine, do Código de Processo Penal. Para que a prisão preventiva seja efetivamente decretada é necesssário que exista prova da existência concreta de um delito, ou seja, a prova da materialidade delitiva deve estar devidamente demonstrada para que o cerceamento cautelar possa ocorrer. Ademais, é importante, para a decretação da prisão preventiva que exista minimamente indícios suficientes de autoria ou participação na empreitada delituosa. Assim, basta que existam indícios, não havendo necessidade de prova cabal da autoria ou participação, pois tal prova será realizada durante a instrução probatória, no âmbito do processo penal em trâmite. Periculum libertatis Ademais, não é suficiente, para decretação da prisão preventiva, apenas a fumaça da prática do delito, mas, também, o "periculum libertatis" ou seja, o perigo de manter o individuo em liberdade. Portanto, o perigo da liberdade. Esse perigo da liberdade está previsto no Art. 312, primeira parte, do Código de Processo Penal e existe quando houver: risco para a garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, bem como para garantir a aplicação da lei penal. Senão vejamos: GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: Não existe, efetivamente, um conceito legal, tampouco doutrinário e satifatório para o termo extremamente abrangente de "garantia da ordem pública". Sendo assim, a doutrina brasileira tem tecido muitas criticas à este instituto, inclusive, afirmando que consubstancia-se em autentica pena antecipada com o objetivo de atender a uma das finalidades da pena, ou seja, prevenção especial negativa, para impedir que o individuo pratique novos crimes (LOPES, 2012, p. 841). No entanto, em que pese a flagrante inconstitucionalidade da possibilidade de decretação da prisão preventiva com fulcro na garantia da ordem pública, ela vem sendo utilizada sem maiores problemas pelos integrantes do Poder Judiciário. Para o professor GUILHERME DE SOUZA NUCCI a garantia da ordem pública deve ser observada pelo trinônimo gravidade da infração penal + repercussão social + periculosidade do agente. Sendo assim, o doutrinador entende que para reconhecer o perigo para a garantia da ordem pública deverá, concomitantemente existir as três circunstâncias supracitadas (NUCCI, 2013, p. 622). GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: o fundamento da garantia da ordem econômica foi incluido pela Lei 8.884/1994 (Lei Antitruste), tendo em perspectiva coibir os abusos à ordem econômica e financeira brasileira. Nesse sentido pesquise o disposto no Art. 30 da Lei 7.492/86, que trata dos crimes contra os sistema financeiro. GARANTIA DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Este fundamento, também previsto no Art. 312 do Código de Processo Penal pode ser utilizado para impedir a fuga do acusado. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: Aqui o perigo da liberdade repousa na possibilidade do acusado tumultuar a instrução processual. Nesta situação pretende-se tutelar a produção da prova, quando o acusado, por exemplo, está coagindo testemunhas e vítimas, ou seja, impedindo ou dificultando de qualquer modo a produção da prova e a busca pela verdade material. DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA CAUTELAR PESSOAL DIVERSA DA PRISÃO ANTERIORMENTE IMPOSTA: Tal hipóese foi acrescentada pela Lei 12.403/2011, que incluiu um parágrafo único no Art. 312 do Código de Processo Penal. Portanto, conforme expressa previsão do Art. 282 § 4º, em último caso, o juiz poderá decretar a prisão preventiva se o individuo descumprir as medidas cautelares anteriormente impostas. INFRAÇÕES PENAIS QUE COMPORTAM PRISÃO PREVENTIVA As infrações penais que comportam a decretação de prisão preventiva estão expressamente previstas no Art. 313 do Código de Processo Penal, quais sejam: - CRIMES DOLOSOS E COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS; - AGENTE REINCIDENTE EM CRIME DOLOSO, RESPEITADO O DISPOSTO NO ART. 64, INCISO I DO CÓDIGO PENAL; - CRIME ENVOLVENDO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCAI, PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA; - DÚVIDA CONCRETA SOBRE A IDENTIFICAÇÃO CIVIL DA PESSOA OU QUE ESTA NÃO FORNEÇA ELEMENTOS PARA SEU ESCLARECIMENTO (vide Lei 12.037/2009). NÃO SE ESQUEÇA: A prisão preventiva só poderá ser decretada com a presença do "fumus commissi delicti" e do "periculum libertatis" nas hipóteses supracitadas. Quiz 1 Aponte a assertiva correta referente à prisão preventiva: A prisão preventiva poderá ser decretada para garantir a ordem pública, a ordem tributária, a ordem social e a ordem econômica. A prisão preventiva poderá ser decretada para garantir a ordem pública em casos exclusivos de comoção social e a pedido fundamentado da imprensa, motivada por clamor público. A prisão preventiva poderá decretada para garantir a ordem pública, a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal e para fins de aplicação da lei penal quando houver indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. A prisão preventiva poderá ser decretada para garantir a ordem público, a ordem econômica, por conveniência da instrução criminal e para fins de aplicação da lei penal sem necessidade de quehaja indícios de autoria e prova da materialidade delitiva. 2 A prisão preventiva terá cabimento nos crimes: culposos, desde que praticados na direção de veículos automotores. contravenções penais. dolosos com pena privativa de liberdade superior a 8 (oito) anos. dolosos com pena privativa de liberdade superior a 4 (quatro) anos. 3 A respeito da prisão preventiva, aponte a assertiva correta: A prisão preventiva não viola o princípio do Estado de inocência, pois a própria Constituição Federal, autoriza a decretação de prisão pela autoridade judiciária competente. A prisão preventiva viola o princípio do Estado de inocência, pois ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Não cabe prisão preventiva nos casos de crimes dolosos punidos com penas privativas de liberdade inferiores a 6 anos e superiores a 4 anos. Nenhuma das alternativas anteriores. Referências ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8.ed. Salvador, BA: JusPODIVM, 2013. BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2012. FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do garantismo penal. 4.ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. LOPES, Aury. Direito Processual Penal. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2012. NUCCI, Guilherme de Souza. Leis penais e processuais penais comentadas. 5d. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 22.ed. São Paulo: Atlas, 2014.
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