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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
1 
 
ATUALIDADES 
 
DADOS HISTÓRICOS, GEOPOLÍTICOS E SOCIOECONÔMICOS DO ESTADO DO RS. 
 
RIO GRANDE DO SUL 
 
 
 
 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
2 
 
 
 
 
Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades 
federativas do Brasil. Localizado na Região Sul, possui como 
limites o estado de Santa Catarina ao norte, o oceano 
Atlântico ao leste, o Uruguai ao sul e a Argentina a oeste. 
Sua capital é o município de Porto Alegre. As cidades mais 
populosas são: Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, 
Canoas e Santa Maria. O relevo é constituído por uma 
extensa baixada, dominada ao norte por um planalto. Antas, 
Uruguai, Taquari, Ijuí, Jacuí, Ibicuí, Pelotas e Camaquã são 
os rios principais. O clima é subtropical e a economia do 
Estado se baseia na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), 
na pecuária e na indústria (de couro e calçados, alimentícia, 
têxtil, madeireira, metalúrgica e química). 
Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões 
jesuíticas próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos 
pelos portugueses em 1680, quando a Coroa Portuguesa 
resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do 
Sacramento. Os jesuítas espanhóis estabeleceram, em 
1682, os Sete Povos das Missões. A primeira redução 
jesuítica dos Sete Povos foi São Francisco de Borja (atual 
cidade de São Borja), fundada em outubro de 1682. Os 
portugueses chegaram em 1737 com uma expedição militar 
de José da Silva Paes, iniciando com o Forte Jesus Maria e 
José a cidade do Rio Grande, primeira cidade do atual 
Estado do Rio Grande do Sul, quando tomou posse da lagoa 
Mirim, impedindo a partir de então a entrada dos invasores 
da Coroa Espanhola. A partir de 1740 há uma organização 
para a vinda de colonizadores açorianos (território insular de 
Portugal) para o a região. Em 1742, os colonizadores 
fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto 
Alegre. A região sob controle da Coroa Portuguesa em 1760, 
sob a administração do Rio de Janeiro, na terra recuperada 
do domínio espanhol e já ocupada de fato por colonizadores 
portugueses. Porém as lutas pela posse das terras, entre 
portugueses e espanhóis continuaram, e somente tiveram 
fim em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os 
Sete Povos, incorporando-os ao seu território. 
É criada em 19 de setembro de 1807 a Capitania de 
São Pedro do Rio Grande do Sul. A nova capitania, que 
tinha estatuto de capitania-geral com capital na cidade do 
Rio Grande, abrangia um território de limites pouco precisos, 
em terras antes sob domínio espanhol e já ocupada de facto 
por gaúchos, militares e, no final do século XVIII, por colonos 
portugueses, sobretudo açorianos, que lá receberam glebas 
de terra e sesmarias. O primeiro capitão-general da 
capitania foi Diogo de Sousa. Em 28 de fevereiro de 1821 
torna-se a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, 
que viria a se tornar o atual Estado do Rio Grande do Sul, 
após a Proclamação da República do Brasil. 
Grupos de imigrantes italianos e alemães 
começaram a chegar a partir de 1824. A sociedade 
estancieira passou então a coexistir com a pequena 
propriedade agrícola, diversificando a produção. Durante o 
século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas 
federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e 
participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do 
Paraguai (1864-70). As disputas políticas locais foram 
acirradas no início da República e só no governo de Getúlio 
Vargas (1928) o Estado foi pacificado. 
É o estado mais meridional (ao sul) da federação, 
conta com o quarto maior PIB - superado apenas por São 
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o quinto mais 
populoso e com o sexto Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) mais elevado do país. O estado possui papel marcante 
na história do Brasil, tendo sido palco da Guerra dos 
Farrapos, a mais longa guerra civil do país. Sua população é 
em grande parte formada por descendentes de portugueses, 
alemães, italianos, africanos e indígenas. Em pequena parte 
por espanhóis, poloneses e franceses, dentre outros 
imigrantes. 
Em certos locais do estado, como a Serra Gaúcha e 
a região rural da metade sul, ainda é possível ouvir dialetos 
da língua italiana (talian) e do alemão (Hunsrückisch, 
Plattdeutsch). 
Esse estado brasileiro originalmente teve sua 
economia baseada na pecuária bovina que se instalou no 
Sul do Brasil durante o século XVII com as missões 
jesuíticas na América, e posteriormente expandiu-se aos 
setores comercial e industrial, especialmente na metade 
norte do Estado. O Rio Grande do Sul foi apontado em 2014 
pelo The New York Times como o "lugar com mais traços 
europeus do Brasil". Embora o estado esteja em situação de 
decadência econômica acentuada, é onde há o maior 
número de idosos e a segunda maior expectativa de vida e 
onde os trabalhadores são mais bem remunerados, tendo 
uma das menores taxas de analfabetismo, violência, e 
mortalidade infantil do país. Mesmo com bons indicadores 
sociais, o Rio Grande do Sul sofre com a disparidade 
econômica entre a metade norte (considerada rica e 
industrial) e a metade sul (considerada pobre e agrária). 
 
Etimologia 
 
O nome do estado originou-se de uma série de 
erros e discordâncias cartográficas, quando se acreditava 
que a Lagoa dos Patos fosse a foz do Rio Grande, que já 
era demonstrado em mapas neerlandeses, décadas antes 
da colonização portuguesa na região. Pelo que se sabe até 
agora, o primeiro cartógrafo dos Países Baixos a registrar a 
Lagoa dos Patos, ainda considerada o Rio Grande, foi 
Frederick de Wit, em seu atlas de 1670. Já o primeiro 
registro cartográfico feito por um neerlandês a mostrar o 
suposto rio com um formato próximo ao que é conhecido 
hoje da referida lagoa foi Nikolaus Visscher, em 1698. 
Apesar de ele não ter sido o primeiro a mencionar os índios 
Patos que habitavam suas margens e boa parte do litoral do 
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, foi ele quem 
associou o nome à lagoa. Por volta de 1720, açorianos 
vindos de Laguna vieram à região de São José do Norte 
buscar o gado cimarrón vindo das missões, possibilitando a 
posterior fundação da cidade de Rio Grande, no ano de 
1737. A partir do nome do município, surgiu também o nome 
do estado do Rio Grande do Sul. 
Os habitantes naturais do Rio Grande do Sul são 
denominados gaúchos, rio-grandenses-do-sul ou sul-rio-
grandenses. O gentílico no masculino do singular é gaúcho e 
no feminino do singular gaúcha. É uma palavra oriunda do 
espanhol gaúcho, um adjetivo que, aplicado a pessoas pode 
significar "nobre, valente e generosa" ou "camponês 
experimentado em pecuária tradicional", ou ainda "velhaco, 
astuto, dissimulado ou ardiloso experiente", mas também 
pode ter o sentido de "vagabundo, contrabandista, 
desregrado e desprivilegiado”. 
 
História 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
3 
 
Povos indígenas 
 
Um índio charrua retratado por Debret 
 
Na época do Descobrimento do Brasil, a região que 
hoje forma o Rio Grande do Sul era habitada pelos índios 
minuanos, charruas e caaguaras, que viveram há 12 mil 
anos a.C. Eram bons ceramistas e, na caça, usavam as 
boleadeiras, até hoje um dos instrumentos do peão gaúcho. 
Essas tribos viveram muito tempo sem contato com 
os brancos colonizadores. As disputas entre Portugal e 
Espanha sobre os limites de suas possessões na América 
fizeram com que a região só fosse ocupada no século XVII. 
Os padres jesuítas espanhóis foram os primeiros a se 
estabelecer no local. 
 
Ocupação 
 
As peculiaridades geográficas do atual estado do 
Rio Grande do Sul, dividido em 11 diferentes regiões 
fisiográficas, influíram para retardar a ocupação da terra, a 
leste, pelo conquistador europeu. Outro fator negativofoi o 
Tratado de Tordesilhas, de 1494, que dividiu a soberania 
sobre os descobrimentos entre Portugal e Espanha por um 
meridiano ideal. No caso do Brasil, o meridiano estendia-se 
das proximidades da ilha de Marajó até a baía da Laguna, 
em Santa Catarina. 
Ante as dúvidas surgidas sobre o ponto exato em 
que deveria passar a linha convencionada e achando-se o 
rio de São Pedro justamente na zona cuja confrontação se 
discutia, nenhuma daquelas duas nações se apressou a 
ocupá-lo, pelo temor de novas dificuldades diplomáticas. 
Contudo, em princípios do século XVII a Espanha penetrava 
na margem esquerda do Rio Uruguai, por intermédio dos 
jesuítas que, a partir do Paraguai, estabeleceram suas 
reduções em vários pontos, chegando mesmo às cercanias 
da futura cidade de Porto Alegre e, de modo geral, 
senhoreando-se de todo o oeste rio-grandense. 
A seguir, os bandeirantes destruíram a província do 
Guairá, desceram à província do Tape, no coração do Rio 
Grande, e à província do Uruguai, desbaratando as aldeias e 
aprisionando os índios, que levavam como escravos para 
suas lavouras. Antônio Raposo Tavares foi um dos maiores 
chefes dessas expedições predatórias. As aldeias foram 
arrasadas, seus habitantes mortos ou aprisionados, e os 
sobreviventes fugiram com os jesuítas, para o sul, onde se 
fixaram junto à margem direita do rio Uruguai. 
Ao levar a catequese, o aldeamento, as estâncias e 
os ervais a uma larga faixa do território, entre 1632 e 1634 
os jesuítas estabeleceram reduções no alto Ibicuí (São 
Tomé, São Miguel, São José, São Cosme e São Damião). 
Ampliaram a área de penetração, alcançaram a bacia do 
Jacuí e fixaram outras reduções, inclusive para além da 
província do Tape (Santa Teresa, Santa Ana, São Joaquim, 
Natividade, Jesus Maria, São Cristóvão). 
A vitória alcançada contra os paulistas na batalha 
de Mbororé, em 1641, não foi suficiente para permitir a 
fixação das reduções. O êxodo das populações indígenas—
já iniciado depois do assalto da bandeira de Raposo 
Tavares, em 1637—se intensificou, com a transferência dos 
jesuítas e dos índios para a margem direita do rio Uruguai, 
na fértil mesopotâmia do Paraná. 
Concluiu-se, por força de tais acontecimentos, a 
primeira fase da civilização jesuítica no território do atual Rio 
Grande do Sul, com o abandono de terras abertas aos que 
primeiro chegassem para ocupá-las, aventureiros e 
colonizadores. Somente depois de 1680, com a fundação da 
Colônia do Sacramento, na margem superior do rio da Prata, 
a região passou a ser objeto de disputa política por parte de 
portugueses e espanhóis. 
 
Os Sete Povos 
 
 
As ruínas jesuítas de São Miguel das Missões, na 
Região das Missões, no estado do Rio Grande do Sul. São 
Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1983. 
 
A pressão dos bandeirantes não pôs fim à presença 
dos jesuítas na margem oriental do rio Uruguai. Retornaram 
os religiosos cinquenta anos depois do êxodo, atraídos pelas 
disponibilidades econômicas da região, sobretudo pelo gado. 
Inaugurou-se, na volta ao território perdido, a segunda fase 
da penetração jesuítica, que na realidade só terminou com a 
fulminante ação militar de 1801—precedida de longas e 
indecisas ações diplomáticas --, a qual incorporou 
definitivamente a região ao Rio Grande do Sul. 
A segunda fase cifra-se na história dos Sete Povos 
das Missões, com o marco inicial de 1687 (São Francisco de 
Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, 
São Lourenço Mártir, São João Batista, Santo Ângelo 
Custódio). O perigo dos paulistas não cessara, embora se 
tornasse menos ameaçador, concentrada a ação do poder 
dos portugueses na faixa litorânea, de que a Colônia do 
Sacramento seria o ponto extremo. 
Situados em terras de domínio nominal da 
Espanha, sob o comando de Buenos Aires, os Sete Povos 
abrangiam, as extremas dos grandes rebanhos de gado, que 
se concentravam nas vacarias—as Vacarias do Mar, que 
alcançavam o extremo sul do atual Rio Grande do Sul, 
penetrando em território uruguaio, e a Vacaria dos Pinhais, 
na região da hoje ainda chamada Vacaria, no nordeste do 
estado. 
Ao fato da coincidência geográfica do território, 
acentuado por alguns historiadores para vincular a história 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
4 
 
do Rio Grande do Sul às missões jesuíticas, agregam outros 
estudiosos o motivo econômico, sobretudo baseado na 
expansão do gado. As duas fases das Missões assinalam 
diferenças qualitativas. Na primeira predominou o zelo 
evangelizador, integratório dos indígenas na civilização 
espanhola; a segunda foi marcada pelo fundamento 
econômico da expansão, de índole utilitária e dominada por 
preocupações agora marcadamente políticas, de 
exclusivismo nacional, embora, em certo momento, arredia e 
até hostil à autoridade espanhola. 
 
 
Arte missioneira: Nossa Senhora da Conceição, 
acervo do Museu Júlio de Castilhos. Nota-se os traços 
indígenas na face e nos cabelos longos e lisos. 
 
O gado, de início aclimatado na margem do rio 
Uruguai, é de origem paulista, introduzido em São Vicente, 
onde Martim Afonso estabelecera o principal curral. 
Invadindo o Paraguai, depois de proliferar, irradiou-se pelas 
pastagens vizinhas, com a distribuição, pelos jesuítas, de 99 
cabeças para cada aldeamento, em 1634. A matança foi 
proibida nos primeiros anos. Provavelmente, esse núcleo 
original se havia ampliado com cabeças vindas do Peru, já a 
partir de 1569, acrescidas das manadas que se projetaram 
da atual província de Corrientes, na Argentina. A bagualada 
já campeava livremente nos pampas, trazida pela expedição 
de Pedro de Mendoza, que em 1535 desembarcou no Prata 
72 cavalos e éguas. 
Os rebanhos, alimentados pelas pastagens naturais 
e protegidos pelos acidentes das florestas e rios (os 
rincões), proliferaram com abundância, espraiando-se nas 
Vacarias do Mar e prolongando-se na Vacaria dos Pinhais, 
onde se localizou extenso depósito de gado para o 
abastecimento das aldeias. Aos currais das aldeias 
somaram-se os das invernadas, os campos de cria, 
alimentados com rebanhos nascidos em regiões mais 
distantes. Ovelhas e cabras, de procedências várias, 
completavam o rico plantel das Missões, que só começou a 
ser saqueado por elementos estranhos, portugueses e 
espanhóis, depois da fundação da Colônia do Sacramento, 
em 1680, e no segundo decênio do século XVIII, com a 
gente de São Paulo e Laguna, que o explorou para 
satisfazer às necessidades da população de Minas Gerais, 
durante o ciclo do ouro. 
A civilização jesuítica, um caso de subcultura 
regional, mesmo na herança fluida e fantasmagórica que 
deixou ao império lusitano, ao ser incorporada 
definitivamente em 1801, foi apenas um corpo estranho, 
jamais absorvido no processo histórico português e 
brasileiro. Tenazmente combatido pelas armas e 
interiormente desintegrado, não deixou a permanente junção 
da continuidade histórica. A conquista do Rio Grande e seu 
povoamento, de caráter luso, legado ao império brasileiro, 
serão obra da gente portuguesa, paulista e lagunista de 
diversas procedências, gente de toda a colônia. As Missões 
Orientais são um episódio malogrado da corrente que 
procurou o Atlântico, de Buenos Aires e, depois, do vice-
reinado do Prata. 
Tal ponto de vista, acentuando essas razões e 
desfazendo equívocos, será confirmado em obra de 1945, 
de autoria de Serafim Leite, insuspeito de antipatia à causa 
jesuítica. Para esse historiador, as Missões jesuíticas do Rio 
Grande do Sul se incluem na história da Espanha e, por via 
desta, na do Paraguai. Seriam portanto desligadas da futura 
história do extremo-sul, diretamente vinculado ao processo 
civilizatóriodo Brasil. O resíduo espiritual das Missões tem 
significado irrelevante. Ao serem absorvidas pelo Brasil, já 
se haviam desintegrado; o próprio contingente de sua 
população praticamente nada representava: cerca de 14.000 
pessoas numa área de 170.825km2, em 1801. 
 
A expansão 
 
O litoral do atual território do Rio Grande do Sul só 
foi explorado pela expedição de Martim Afonso de Sousa, 
cabendo-lhe provavelmente a primazia na descoberta da 
barra do rio Grande ou rio de São Pedro. O mapa de Martim 
Viegas, de 1534, consigna o local e o nome, aludindo ao 
Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, 
em 1587, as relações comerciais entre os vicentinos e os 
indígenas do litoral sulino, referências confirmadas por 
documentos posteriores. 
O Tratado de Tordesilhas não impediu que a coroa 
portuguesa se atribuísse o território que hoje compreende o 
Rio Grande do Sul e a República Oriental do Uruguai. Era a 
Capitania d'El-Rei ou província d'El Rei e figura num mapa 
de 1562 com o nome "d'el Rei Nosso Senhor". Em 1676 o 
regente D. Pedro doou ao visconde de Asseca e a João 
Correia de Sá duas parcelas de terra, desde Laguna até a 
foz do rio da Prata. Ainda em 1676 o bispado do Rio de 
Janeiro se estendia até o rio da Prata, provavelmente em 
consonância com as reivindicações portuguesas. As 
capitanias, não exploradas, reverteram, em 1727, ao 
patrimônio real, negando-se D. João V a confirmá-las. 
A partir de meados do século XVII, sob o estímulo e 
o comando oficial, a expansão portuguesa para o sul tomou 
o rumo da costa atlântica ou junto à margem oceânica, 
sempre com apoio marítimo. Em 1647 fundou-se Paranaguá, 
com a fixação, sete anos depois, de Curitiba, em movimento 
que tornaria impossível, no futuro, um avanço capaz de 
separar São Paulo e o Rio de Janeiro do extremo-sul. Em 
1658 já existia São Francisco, como ponto de apoio, 
plantado no território do atual estado de Santa Catarina. 
A metrópole deliberou expandir-se para o sul, tendo 
por ponto de apoio a ilha do Desterro, em Santa Catarina. 
Com uma pequena força, o governador do Rio de Janeiro, 
Manuel Lobo, construiu uma fortaleza, a Colônia do 
Sacramento, no estuário dos rios Paraná e Uruguai, em 
pleno rio da Prata, de onde se iniciaria o processo de 
consolidação da presença portuguesa na região. Com base 
no Tratado de Tordesilhas, o governador de Buenos Aires, 
José de Garro, se opôs à ocupação e deu início a um 
conflito que só teria fim 150 anos depois, com a criação 
definitiva de um novo país soberano, a República Oriental do 
Uruguai. 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
5 
 
Entre o Rio de Janeiro e a Colônia do Sacramento, 
com os pontos intermediários de Paranaguá, São Francisco 
e a ilha do Desterro, a fundação de Laguna seria decisiva 
para fixar as comunicações e estreitar o espaço da 
ocupação do solo. Suas bases povoadas, com estrutura 
administrativa, seriam criadas em 1688, quando Domingos 
de Brito Peixoto, com seus dois filhos, aí estabeleceu casais, 
agregados e aderentes, fazendo plantações e promovendo o 
convívio com os índios. Laguna passou a vila em 1774, data 
em que, ainda por iniciativa oficial, se cogitou do caminho 
terrestre para o rio de São Pedro. O hiato de 150 léguas, 
bloqueado pela costa carente de acessos naturais, iria 
fechar-se no curso do século XVIII. 
O General João Borges Fortes, em sua obra "Rio 
Grande de São Pedro", observou que ao bandeirante 
Francisco de Brito Peixoto deve-se o pioneirismo na 
ocupação das terras que ficam entre Laguna e Colônia do 
Sacramento, dando início à presença luso-brasileira no Rio 
Grande do Sul. A partir daí, colonos procedentes de Laguna 
dirigiram-se ao Rio Grande, ocupando as regiões do 
Viamão. Em 1732, são concedidas as primeiras sesmarias. 
Não há dúvida de que antes da conquista e do 
povoamento, aventureiros de procedências várias viveram 
das Vacarias do Mar, explorando o comércio e o artesanato 
de couros, em precárias vias de trânsito, num roteiro 
conhecido desde 1703. Dentre esses aventureiros—
guerreiros e empresários a sua custa—destacou-se 
Cristóvão Pereira, que se dedicou à extração, compra e 
exportação de couros da Colônia do Sacramento, 
penetrando as planuras e alcançando São Paulo por via 
terrestre. 
A partir dessas duas linhas de penetração (Colônia 
do Sacramento e Laguna), fechou-se progressivamente o 
intervalo territorial, praticamente terra de ninguém. As 
iniciativas pioneiras, ambas da primeira metade do século 
XVIII, tiveram índole diversa. De Laguna partiu para o sul, 
sob o fascínio de grandes rebanhos de gados e cavalos, a 
incursão povoadora de João de Magalhães, que em 1725 
fixou invernadas até o rio Grande (rio Guaíba), com a 
distribuição, mais tarde, de sesmarias aos colonizadores. 
Em 1727 abriu-se o caminho chamado de estrada dos 
Conventos, de Araranguá a Lajes, daí alcançando os 
campos curitibanos até chegar a Sorocaba, o grande 
entreposto, ainda nesse século, dos rebanhos de gado 
vacum, cavalar e muar. No seu contingente e nas suas 
inspirações, foi essa uma obra dos paulistas. 
Em sequência ao impulso do norte, de povoamento 
e exploração do gado, que em breve se consolidaria nas 
estâncias de criação, a metrópole incumbiu o general 
Gomes Freire de Andrade, governador da capitania do Rio 
de Janeiro, de ocupar e fortificar o porto de Rio Grande. A 
chefia da empresa coube a seu substituto, brigadeiro José 
da Silva Pais, que, dentro de um plano que envolvia a 
defesa da Colônia do Sacramento e a tomada de 
Montevidéu, ocupou, em 19 de fevereiro de 1737, a barra do 
rio Grande. 
Desde alguns meses, aguardava-o em terra 
Cristóvão Pereira, com 160 homens. Construiu o forte Jesus-
Maria-José, onde depois se localizaria a cidade do Rio 
Grande. O comandante cuidou de colonizar as redondezas, 
com casais trasmontanos e do Rio de Janeiro, fortificando-se 
com reforço de homens e munições As concessões de terras 
fixaram as populações no esboço da área urbana e nas 
regiões vizinhas, onde se iniciou o plantio, o recolhimento e 
a criação de gado.] Os dragões de Minas Gerais ali se 
estabeleceram, com regimento regular. Em 1743 chegou o 
primeiro visitador apostólico (representante do Papa), o 
padre Antônio Pestana Coimbra. Em 1747 o aldeamento 
fortificado se constituiu em vila. 
Em 1750 o Tratado de Madri, entre Portugal e 
Espanha, pôs termo ao núcleo de expansão, cedendo a esta 
o estabelecimento às margens do rio da Prata, que ficou 
desimpedido das incursões e embaraços lusitanos. Ao 
domínio português passariam as Missões Orientais do 
Uruguai, que se trasladariam, com sua gente e bens, para a 
outra margem do rio, continuando a reforçar econômica e 
militarmente o território espanhol. Embora o tratado não 
respeitasse, quanto às Missões, o princípio do uti possidetis, 
depois consagrado como dogma nas disputas territoriais, o 
grande ministro de D. João V, Alexandre de Gusmão, artífice 
principal das negociações entre as duas coroas, estabeleceu 
uma variante: a fixação da fronteira tendo em vista os fatores 
naturais. O realismo prevaleceu contra o mito da linha do 
Prata, insustentável com os recursos bélicos e humanos 
então possíveis. 
 
A demarcação 
 
Na demarcação dos novos limites, Gomes Freire de 
Andrade, o conde de Bobadela, governador e capitão-
general da Repartição do Sul, encontrou tenaz resistência 
dos jesuítas espanhóis e seus catecúmenos aldeados. 
Estes—entre os quais se destacava o índio Sepé Tiaraju, 
que o exagero e a inversão da perspectiva histórica 
quiseram batizar de primeiro caudilho rio-grandense—
enfrentaram as tropas portuguesas e espanholas no 
sangrento Batalha de Caiboaté. No combate pereceu 
Nicolau Neenguiru, herói de Mbororé,dias depois da morte 
de Sepé Tiaraju, que a lenda popular elevaria à categoria de 
santo não canonizado—o são Sepé. 
Além de fixar populações, com a concessão de 
sesmarias, e de patrulhar o território desde os campos da 
Vacaria dos Pinhais a Chuí, a incursão demarcadora de 
Gomes Freire de Andrade conquistou e consolidou a base 
hidrográfica interior, da barra do rio Grande até o extremo 
dos rios interiores. No futuro, essa ocupação tornaria a 
região incólume às investidas castelhanas e forneceria as 
bases, já independente o país, ao resguardo da autoridade 
central. Foi durante a incursão de Gomes Freire de Andrade 
que surgiu a tranqueira do rio Pardo, em 1752, invicta nas 
lutas posteriores e que serviria de base para o domínio do 
território das Missões. 
A par da empresa de conquista, a obra de 
colonização se acentuou pela introdução dos açorianos. Em 
sincronia com o movimento militar que ocuparia as Missões, 
encaminharam-se estes para o porto de Dorneles, depois 
Guaíba, para se entrosarem com os colonizadores dos 
Campos de Viamão. A ocupação açoriana, cujo contingente 
não raro tem sido exagerado em sua quantidade, visou, 
numa primeira fase, de 1751 a 1759, a finalidade precípua 
de substituir-se ao índio nas aldeias missioneiras; o 
povoamento metódico, com a distribuição de glebas aos 
povoadores, só teria início mais tarde. O curso da 
distribuição seguiu o seguinte: Rio Grande; Capela Grande 
do Viamão, compreendendo o porto de Viamão, mais tarde 
Porto Alegre; Triunfo; Santo Amaro; e Rio Pardo. À margem 
da bacia fluvial formou-se o cinturão de lavouras que 
abasteciam as tropas responsáveis pela colonização do 
território. 
Mais tarde, na segunda fase, caracterizada pela 
valorização do gado no mercado interno, o trabalho agrícola 
foi substituído pela pecuária e a região se transformou em 
fonte de abastecimento das minas em prosperidade 
galopante, no ciclo de ouro das Gerais. 
O traçado inicial da conquista—do Rio de Janeiro 
(depois, de Laguna) à Colônia do Sacramento—sofreu, a 
partir de 1750, uma retificação, com o eixo Rio Grande-Porto 
Alegre-Rio Pardo. A inflexão para o oeste, com a base do 
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Rio Pardo dominando a bacia fluvial, configurou a fisionomia 
política e econômica do Rio Grande, agora definitivamente. 
Em 1761, o Tratado de El Pardo anulou o Tratado 
de Madri, devendo a Colônia do Sacramento e as Missões 
Orientais voltar aos antigos senhores. A Espanha, 
preocupada em combater a influência inglesa, concertou em 
1761 o "pacto de família", que permaneceu algum tempo 
secreto. Portugal, vinculado à Inglaterra, não aderiu, 
contando que, somente com o amparo inglês, poderia 
proteger seu domínio ultramarino. 
 
 
Marcelino de Figueiredo, governador do Rio Grande 
 
 
Mapa do território em 1780 
 
O primeiro golpe desfechado contra o extremo-sul 
do território português foi a tomada, ainda uma vez, da 
Colônia do Sacramento, em 1762, pelo governador de 
Buenos Aires, Pedro de Ceballos Cortés y Calderón, que, 
depois de atravessar a planície uruguaia, ocupou a vila do 
Rio Grande, em 1763, lançando uma cabeça-de-ponte em 
São José do Norte. O governador do Rio Grande, coronel 
Elói Madureira, transferiu a sede do governo para Porto 
Alegre, onde permaneceria definitivamente. Em 1763 o 
Tratado de Paris pôs termo à beligerância, mas veio a ser 
desobedecido pelas autoridades do Prata, que apenas 
devolveram a Colônia do Sacramento. 
Ao contrário da esperada paz, o novo governador 
de Buenos Aires, Juan Ortiz y Salcedo, chegou às portas da 
tranqueira do Rio Pardo, em 1773, mas a resistência que 
teve de enfrentar, sob o comando do governador do Rio 
Grande, coronel Marcelino de Figueiredo, conseguiu deter 
as posições-chave -- São José do Norte e Rio Pardo --, 
graças a um elemento novo e surpreendente, os 
guerrilheiros locais, treinados nas estâncias, comandados 
pelo primeiro caudilho rio-grandense, Rafael Pinto Bandeira, 
ex-coronel de milícias e grande proprietário rural. Contudo, 
somente uma ação de grande envergadura, com a mais 
numerosa força militar já concentrada em território brasileiro 
(6.800 homens), sob o comando do tenente-coronel João 
Henrique Böhm, conseguiu expulsar os espanhóis do Rio 
Grande, em 1776, depois de 13 anos de ocupação. 
 
As comandâncias 
 
A expansão militar espanhola obedecia a um plano, 
documentado com o ato de criação do vice-reinado do Rio 
da Prata, em 8 de agosto de 1776, abrangendo o território 
atual da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Rio Grande 
do Sul. O Tratado de Santo Ildefonso, de 1º de outubro de 
1777, encerrou a atribulada história diplomática do extremo-
sul, que consolidaria em poder da Espanha a Colônia do 
Sacramento e as Missões Orientais. O acertado no tratado já 
se mostrava patentemente anacrônico, diante do predomínio 
social da região em favor dos portugueses. 
Na verdade, o território das Missões, encurralado 
pela criação de gado e pelos sesmeiros, tornara-se um 
satélite do Rio Grande. Em 1801 uma manobra guerreira 
nativa, sob o beneplácito dos poderes oficiais, incorporou, 
num golpe de audácia, toda a região ao Rio Grande. Na 
operação se destacaram os descendentes da escola 
guerrilheira de Rafael Pinto Bandeira—o filho de estancieiro 
José Borges do Canto e o aventureiro Manuel dos Santos 
Pedroso. A antiga civilização jesuítica não passava de uma 
sucessão de ruínas, de população escassa, só realmente 
povoada e colonizada pela gente de São Paulo, que desceu 
de Curitiba e Lajes, ao lado dos soldados aquinhoados, 
pelos seus títulos, com ricas sesmarias. Completou-se, 
assim, a integração geográfica do extremo-sul. 
A estrutura administrativa deu consistência e 
coesão à obra de conquista militar e de povoamento. 
Fundada a fortaleza Jesus-Maria-José às margens do rio 
Grande, Gomes Freire instituiu um órgão de direção e 
coordenação, que recebeu o nome de comandância militar, 
nos moldes das já existentes em Santos e na Colônia do 
Sacramento. Instituiu-se assim a Comandância Militar do Rio 
Grande de São Pedro, subordinada à capitania do Rio de 
Janeiro, guarnecida inicialmente pelos dragões, de gloriosa 
e tumultuada história, no núcleo inicial e no rio Pardo. A 
administração do território cabia aos comandantes, como se 
fossem governadores-gerais. 
O regime das comandâncias estendeu-se de 1737 
a 1760, sob a chefia, sucessivamente, do brigadeiro José da 
Silva Pais, do mestre-de-campo André Ribeiro Coutinho e do 
coronel Pascoal de Azevedo. Desde 1710, a administração 
do extremo meridional subordinava-se à capitania de São 
Paulo, passando, em 1738, a constituir uma capitania, 
juntamente com Santa Catarina, dependente do Rio de 
Janeiro, embora dotada de administração própria—simples 
capitania subalterna. A sede seria em Santa Catarina, 
residência do governador. Somente pela carta-patente de 9 
de setembro de 1760 o governo do Rio Grande de São 
Pedro se tornou independente, com seus governadores 
chefiando a administração, mas, ainda assim, subordinado 
ao governo do Rio de Janeiro, e, além disso, numa fase 
atribulada e de lutas incessantes contra os invasores 
espanhóis. 
A autonomia de fato só ocorreu em 19 de setembro 
de 1807, quando o regente D. João criou a capitania de São 
Pedro, subordinada, como as outras, ao vice-rei e capitão-
general do estado do Brasil. A escolha do primeiro 
governador e capitão-general recaiu no conselheiro e 
brigadeiro D. Diogo de Sousa Coutinho, depois conde do Rio 
Pardo, que assumiu suas funções em 1809. Os corpos de 
milícias, criados com o recrutamento local, completaram a 
muralha militar que se articulou, no pampa e nas regiões 
agrícolas, contra o castelhano.Os chefes dessas forças, 
vinculados à estância e nomeados pelo rei, reuniam, pela 
lealdade e pela dependência, a peonada, que se compunha 
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de índios, brancos e mestiços. Essa foi a origem dos heróis 
nativos Pinto Bandeira, Borges de Canto e Santos Pedroso, 
que deixariam, no curso da história futura, grande e não raro 
turbulenta descendência. 
Na base dos organismos militares, uma faixa de 
população se formou, à margem do trabalho agrícola e do 
pastoreio organizado. Para abastecer as charqueadas, 
estabelecidas desde 1780, em busca da courama, 
entregaram-se esses aventureiros à preia do gado sem dono 
na fronteira retrátil, em expedições chamadas arriadas. Para 
a aventura do saque e da guerra, o regime do latifúndio 
enviou a legião nômade, os que seriam chamados de 
gaudérios, e depois de gaúchos, em sentido depreciativo. 
Matéria-prima das arriadas e guerrilhas, sua colaboração 
limitava-se às incertezas do gado a arrebanhar, desligando-
se das obrigações militares ao seu arbítrio. Só no século XIX 
a expressão gaúcho perdeu o caráter depreciativo para 
adquirir índole respeitosa, na medida em que desaparece o 
nomadismo e se organizam as estâncias. 
 
A integração 
Um fator econômico, de relevância política e social, 
encerrou o processo de integração do Rio Grande do Sul 
colonial ao território lusitano. As necessidades prementes de 
muares e carne no ciclo do ouro exigiram a importação do 
extremo-sul, o que incentivou a abertura de estradas. 
Cessada a febre do ouro, o abastecimento das populações 
escravas e proletárias do café se fez à custa de charque, 
estimulada sua produção depois que o Ceará reduziu suas 
exportações, assolado pela seca de 1777. Encerrou-se o 
período de conquista predatória do território e consolidou-se 
a estância como centro produtor, complementada pela 
charqueada, servida esta com mão de obra escrava. O 
comerciante de gado (muares, cavalos e vacas), o tropeiro, 
enriqueceu e adquiriu relevo social. 
A natureza econômica da região se definiu na 
economia subsidiária, com relação ao país, e na economia 
de subsistência, baseada sobretudo no trigo e na 
colonização açoriana. A valorização dos muares e da carne 
levaria, no entanto, ao abandono a cultura dos cereais. Em 
1822, o Rio Grande, antes exportador de trigo para o 
mercado interno, passou a importar o cereal dos Estados 
Unidos. A paisagem se modificou, com o florescimento da 
região de São Francisco de Paula (depois, Pelotas), que 
desenvolveu uma próspera rede de charqueadas. O produto 
sulino, baseado no trabalho escravo, só alcançaria, todavia, 
preços compensadores nos momentos de crise no Prata, 
que, além disso, fornecia charque da melhor qualidade. 
O caráter subsidiário da economia, cada vez mais 
relevante, criou uma unidade diferenciada de produção, 
ligada ao mercado nacional, mas isolada dos interesses 
exportadores. Os grupos dominantes no país não se 
associariam às reivindicações do extremo-sul, antagônicas 
aos seus objetivos de alimentação barata para a escravaria. 
O grupo exportador de produtos de aceitação europeia, 
sempre estimulado pelo centro político, no seu exclusivismo, 
infundiria, à sociedade rio-grandense, a consciência de 
isolamento econômico, social e político, que os 
componentes da formação militar tornariam, em certos 
momentos, explosiva. 
Em 1807, quando da criação da Capitania de São 
Pedro, já se definira a sociedade rio-grandense, 
dissolvendo-se a pequena agricultura, gradativamente, na 
expansão da grande propriedade estancieira, gerada sobre 
as sesmarias prodigamente concedidas. A campanha, com 
seus núcleos pastoris, só encontrou, com outro espírito, os 
centros urbanos e os evanescentes grupos agrícolas, 
pacíficos e situados a leste, em torno de Porto Alegre, mais 
tarde, com as pequenas propriedades advindas com a 
colonização alemã, que se desenvolveu a partir de 1824. 
 
Emancipação nacional e império 
 
Aquarela de Antônio Parreiras de 1915, 
simbolizando a Proclamação da República Rio-Grandense 
em 1836 pelo general Antônio de Souza Netto. 
 
Nas lutas em torno do domínio do Uruguai, que 
iriam redundar na criação da Província Cisplatina e sua 
transformação em país independente em 1828, sofreu o 
território rio-grandense forte sangria de homens e recursos. 
A região das Missões Orientais, ainda mal povoadas, servira 
de teatro às incursões determinadas por José Gervásio 
Artigas, que nela se abasteceria de cavalhada e gado. Para 
sustento dessa campanha malograda, o Rio Grande 
mobilizou todos os seus recursos humanos e materiais. 
Ao lado das tropas regulares que a corte enviou ao 
sul, os milicianos locais retemperaram nova camada militar, 
agora unida estreitamente à estância, com suas reservas do 
proletariado rural, o gaúcho. Entre os chefes, surgiram 
nomes gloriosos, que iriam influir no futuro: Bento Gonçalves 
da Silva, José de Abreu, João de Deus Mena Barreto, José 
Antônio Correia da Câmara, Manuel Marques de Sousa. 
Nos sucessos da independência, governava a 
capitania, como capitão-general, o brigadeiro João Carlos de 
Saldanha, depois duque de Saldanha. Em 1821 criadas as 
províncias, em caráter provisório, por decreto das cortes de 
Lisboa, nas quais deveriam eleger-se juntas governativas 
subordinadas a Portugal, Saldanha foi eleito presidente. Os 
eleitores paroquiais, todavia, não cumpriram totalmente o 
decreto, considerando não escrito o artigo que vinculava o 
governo a Lisboa. O vice-presidente, marechal-de-campo 
João de Deus Mena Barreto, desconfiado da lealdade 
portuguesa de Saldanha, criou as condições para o bloqueio 
político do presidente, que em dezembro de 1822 se retirou 
para o Rio de Janeiro, sem articular a defesa da união dos 
reinos, com a hegemonia portuguesa. Em seguida ao Fico, 
as câmaras municipais consolidaram o sentimento nativista, 
impossibilitando a reação, já ocupado o governo por Mena 
Barreto. Firmaram-se, nessa ação, sobre a rala camada 
militar portuguesa, o miliciano local, o estancieiro, a 
burguesia urbana e o gaúcho. 
O Rio Grande expandira sua população e suas 
riquezas. Em 1780, segundo o primeiro recenseamento geral 
da capitania, a população era de cerca de 18 000 habitantes, 
enquanto, em 1814, já alcançava a casa dos 71 000. O 
número de escravos aumentou largamente no interregno 
desses 34 anos, de 5 000 para 20 000, concentrando-se 
inicialmente nas zonas de produção de trigo, atingidas pela 
escassez de braços. Com a decadência do trigo, o escravo 
se trasladou, em pequena proporção, para a estância, já 
transformada em unidade produtiva e não mais de 
apropriação, e, em larga escala, para as charqueadas. A 
estância necessitava de pouca mão de obra, embora se 
costume exagerar a exiguidade do número de escravos nela 
empregados 
No curso do século XIX, as charqueadas 
assumiram incremento crescente, ao ponto de desarticular a 
economia de subsistência, que, pouco antes, tornava a 
estância um centro quase autárquico, servido pela chácara. 
O pastoreio e o charque tomaram conta da economia e 
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8 
 
imporiam a importação de gêneros alimentícios, se a 
colonização alemã não preenchesse, em breve, o hiato. 
Prosperaram, então, os núcleos comerciais, com a 
ascendência de Porto Alegre, que centralizou as trocas das 
populações de leste, de origem açoriana, incentivando focos 
redistribuidores até as Missões. Ao lado de Pelotas, 
projetou-se a abertura marítima da província, Rio Grande, 
único porto da costa, embora de acesso difícil. Continuavam 
a ter relevo as viasterrestres, que levavam a produção 
pastoril ao norte, por via da feira de Sorocaba, principal 
centro distribuidor de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. 
Boa parcela do progresso se deveu ao consumo 
dos efetivos militares, sem embargo dos confiscos 
arbitrários, não raros em toda a região. Para uma população 
de 110 000 habitantes, no início do império, o rebanho 
bovino elevava-se a 5 000 000 de cabeças, com 1 000 000 
de cavalos. As Missões Orientais povoaram-se com as 
sesmarias concedidas, em largas extensões, aos militares 
que se deslocaram na guerra e aos aventureiros que 
desciam de São Paulo, avolumados pelo êxodo de Santa 
Catarina e Paraná, para o pastoreio em glebas férteis. 
 
 
Arquitetura dos imigrantes alemães em Nova 
Petrópolis 
 
Organizado o sistema político do império, ocupou a 
presidência do Rio Grande do Sul o desembargador José 
Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, 
futuro senador do império. Inaugurou-se, como para todo o 
país, o período das administrações curtas, incapazes de 
obra contínua, com 54 presidentes efetivos e 24 interinos, 
desde Fernandes Pinheiro a Justo de Azambuja Rangel, em 
1889. No século XIX, os índios caingangues que ocupavam 
as áreas montanhosas da Região Sul do Brasil foram 
desalojados violentamente por ação de matadores de 
indígenas chamados de "bugreiros". Estes haviam sido 
contratados para abrir espaço para a instalação, por parte do 
governo imperial brasileiro, de imigrantes europeus na 
região, visando a um "embranquecimento" da população 
brasileira, até então majoritariamente negra e mestiça]. 
Em 1824, em virtude de plano elaborado nos 
conselhos da corte, desembarcaram em Porto Alegre os 
primeiros imigrantes alemães, destinados à agricultura. 
Retomou-se, com essa medida, a experiência da pequena 
lavoura açoriana (78 hectares para cada família), que, 
seduzida pela criação do gado, se rarefizera e fora atraída 
para a grande propriedade. A partir da margem esquerda do 
rio dos Sinos, onde depois se situaria a cidade de São 
Leopoldo, expandia-se, em levas contínuas, o mais 
importante impulso agrícola da época, assegurando a 
economia de subsistência, já praticamente em abandono. 
Os imigrantes, que prosperavam na lavoura, no 
artesanato e na pequena indústria, equilibraram a paisagem 
pastoril com sua sociedade pacífica, sem vínculos com o 
patriarcado militar e alheia às tensões da economia do gado. 
Porto Alegre, o centro administrativo, viu com isso 
acentuada a sua posição de coordenadora da autoridade, 
subordinada à capital do império. Não obstante o ingresso 
de imigrantes agrícolas, até que a sociedade se 
transformasse, no longo processo de aculturação, 
predominavam as estâncias pastoris, cujos interesses, no 
curso do século XIX, já se haviam amalgamado ao patriciado 
militar, que se "afazendara", na obtenção de sesmarias e 
gado. 
O dissídio entre o centro e a província, amortecido 
na Guerra Cisplatina, se intensificou nas primeiras três 
décadas do século, até a explosão de 1835. Produtores de 
charque e derivados do gado e fornecedores de muares, os 
rio-grandenses não dispunham de meios para influenciar as 
linhas de conduta político-econômica do centro. Incapaz de 
concorrer com a produção platina, mais bem aparelhada e 
com custos inferiores, via-se a economia rio-grandense 
sujeita à instabilidade, em detrimento dos criadores e 
charqueadores. A carga tributária sobre a produção gaúcha 
tornou-se sufocante. As rendas fiscais, carreadas para o 
centro, revertiam em parcela mínima para o sul. De outro 
lado, os presidentes da província, agentes do Rio de 
Janeiro, não se mostravam solidários com os interesses 
locais. 
A revolução decorrente desse estado de coisas, 
exaltada com o nome de Farrapos ou revolução Farroupilha 
e liderada pelo deputado provincial e coronel de milícias 
Bento Gonçalves da Silva, duraria dez anos—a década 
heroica da história do Rio Grande do Sul: de 19 de setembro 
de 1835 até 1º de março de 1845, quando foi assinada a paz 
com o governo de D. Pedro II, depois que Luís Alves de 
Lima e Silva, então barão de Caxias, assumiu a província e 
o comando de suas armas. 
Cuidou Caxias, depois de pacificar os ânimos, de 
atender algumas das mais urgentes reivindicações 
republicanas dos revolucionários, concernentes à instrução 
pública e às comunicações terrestres. As campanhas 
nacionais que se seguiram, com o Rio Grande por cenário—
a luta contra Rosas, em 1852, e a guerra do Paraguai, de 
1864 a 1870—fortaleceram a economia sulina. Enquanto a 
revolução Farroupilha esgotou as reservas da principal 
riqueza da província, essas guerras, apesar dos sacrifícios 
com soldados (33.803 soldados rio-grandenses na guerra do 
Paraguai, a quarta parte dos combatentes), exigiram grande 
consumo de produtos agrícolas e pecuários, indenizados 
pelo justo valor. A agricultura, que a colonização alemã 
tornara florescente, contribuiu amplamente para alimentar as 
tropas. O Banco da Província, fundado em 1858, e ainda 
existente, seria uma das fontes de estímulo da riqueza local. 
Não obstante a recuperação econômica, 
mantinham-se as causas do desequilíbrio regional, em 
desfavor da produção local. Também foi mantida a política 
econômica, ditada pelo centro e considerada espoliativa 
pelos estancieiros e charqueadores, acentuando o 
isolamento do Sul. A exigência de redução dos direitos sobre 
os couros, de 15 para 5%, e sobre o sal, de 240 para 50 réis 
por alqueire, permaneceu sem resposta. No que se referia 
ao charque, a exportação se achava com direitos mais altos 
do que o similar platino; o sistema escravocrata das 
charqueadas onerava a produção ao impedir a retração da 
mão-de-obra e exigir maior capital fixo. 
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9 
 
Surgiu, então, um líder, Gaspar Silveira Martins, 
que, em 1861, se propôs, constituindo o Partido Liberal 
Histórico, a criar uma base de operações políticas, de baixo 
para cima, nas estâncias e nos ranchos, com a pregação de 
casa em casa. Queria libertar sua terra da "asfixiante, 
vergonhosa tutela do poder central". Depois de 11 anos de 
luta, após dominar a assembleia provincial, Silveira Martins 
levou à Câmara dos Deputados uma bancada liberal, eleita 
sob gabinete conservador. Entre 1868 e 1878 o "Sansão do 
império", como era chamado, tornou-se o ídolo dos liberais. 
 
 
Imigrantes italianos na região de Caxias do Sul, no 
fim do século XIX 
 
Em 1874, foi instalado, em Porto Alegre, o Tribunal 
da Relação, libertando a província da dependência do Rio de 
Janeiro. Ao elenco das iniciativas oficiais se acrescentou o 
incremento das correntes migratórias -- entre 1875 e 1889 
chegaram ao Rio Grande do Sul mais de sessenta mil 
italianos—que, sobre a base agrícola, expandiram sua 
atividade no artesanato de produtos de couro e têxteis e na 
produção do vinho. O carvão passou a ser explorado a partir 
de 1866. 
No quadro do progresso, um desajuste interno 
perturbou a sociedade. A estância, cada vez mais 
estruturada como empresa lucrativa, limitadas suas 
necessidades a poucos braços, abandonou o excedente, 
sem que este se adaptasse às zonas agrícolas — onde, de 
resto, não lhes davam terras. Uma camada nômade, que se 
engrossou com os libertos, passou a errar pelos campos, 
vivendo das ocupações eventuais e do crime. O Partido 
Liberal, como resultado paradoxal de sua política de vínculo 
com o centro, perdeu o ímpeto popular. Fundou-se, então, o 
Partido Republicano, no qual desde logo se destacou, como 
jornalista, Júlio Prates de Castilhos. 
A oficialidade que servia no Rio Grande do Sul, 
entre a qual se contava Deodoro da Fonseca, ligou-se aos 
rebeldes, sendo a união cimentada pelo positivismo, estuáriocomum de civis e militares. Tão veemente seria o vínculo 
que, em 21 de março de 1889, os propagandistas traçaram, 
como linha de ação, o levante armado, na eventualidade do 
terceiro reinado. 
 
República 
 
O ousado plano da rebelião armada frustrou-se por 
obra das circunstâncias, diante da surpresa da proclamação 
da república por Deodoro, comunicada aos propagandistas e 
conjurados pelo telégrafo. Dias antes Silveira Martins 
transmitira o governo a Justo de Azambuja Rangel. Este, por 
intimação de Deodoro, passou o cargo ao marechal José 
Antônio Correia da Câmara, visconde de Pelotas, de 
extração liberal. 
Gaspar Silveira Martins, então senador, chamado 
pelo imperador para organizar o derradeiro gabinete do 
império, foi preso e deportado. Com o visconde de Pelotas 
tentou-se a conciliação local. Seus secretários, entre eles 
Júlio de Castilhos e Ramiro Barcelos, rejeitaram a 
conciliação, mantendo a linha partidária. Entre os liberais e 
os republicanos não havia meio-termo possível, definidos os 
últimos na carta estadual autocrática de 14 de julho de 1891, 
promulgada entre ásperas dissensões, que culminariam na 
revolução de 1893. 
Em pouco mais de três anos, 15 chefes do governo 
estadual, com o interregno de uma junta governativa, 
definiram a profundidade da instável situação política. 
Somente em 25 de janeiro de 1893 Júlio de Castilhos 
assumiu a presidência do estado, para, completando o 
mandato de cinco anos, transmiti-la a Antônio Augusto 
Borges de Medeiros, que, apenas com o hiato de um 
quinquênio, governaria o Rio Grande até 1928. 
Já então o Rio Grande se dividia entre gasparistas -
- Silveira Martins retornou do exílio em 1892—e 
castilhistas—já com Júlio de Castilhos na chefia 
incontestável dos republicanos. Ambas as facções se 
definiam pelo federalismo, bandeira que, depois de arvorada 
pelos farroupilhas, se incorporou ao ideário gaúcho. 
 
 
Aparício e Gumercindo Saraiva, líderes da 
Revolução Federalista, aparecem nesta foto, sentados, no 
centro 
A ferro e fogo, o Partido Republicano conquistou as 
bases eleitorais e o controle político, reforçado, mais tarde, 
por uma poderosa milícia estadual, a Brigada Militar. Na 
revolução Federalista, que se prolongou por trinta meses, 
com dez mil mortos, na mais cruenta das guerras civis 
brasileiras, o castilhismo impôs-se ao estado, abatendo a 
oposição, sem a aniquilar. Os chefes, formados na tradição 
do cavalheirismo, não puderam deter a onda de terror que 
invadiu os campos e extravasou, nas colunas 
revolucionárias e legalistas, nos outros dois estados do Sul, 
Paraná e Santa Catarina. 
A insurreição, apesar de mobilizar milhares de 
combatentes, limitou-se à guerrilha, incapaz de assegurar 
posições estáveis. Tampouco conseguiu sensibilizar os 
imigrantes, seus descendentes ou a população do leste, 
onde Porto Alegre avultara como centro econômico, político 
e administrativo. 
A Revolução Federalista de 1893 revelou o 
extraordinário talento guerreiro de Gumercindo Saraiva. Sua 
coluna, abandonando a orla da fronteira uruguaia, ao longo 
de 18 meses de combates, empreendeu uma marcha de 
2.500 km até Itararé, onde se deteve, incapaz de penetrar no 
estado de São Paulo. No seu encalço, o chefe legalista 
Pinheiro Machado combateu-o tenazmente, repelindo a 
surpresa do ataque com a surpresa do revide. 
Morto o chefe rebelde em 10 de agosto de 1894, a 
guerra entrou em rápido declínio, limitada a irrupções 
momentâneas e descoordenadas. A paz, assinada em 23 
agosto de 1895, depois que os insurretos fracassaram em 
Campo Osório, pôs termo ao dissídio, sem que o Partido 
Republicano pudesse ditar, sob o controle de Prudente de 
Morais, os termos da vitória. 
 
Presença de Vargas 
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Manifestações de rua em Porto Alegre em favor da 
Revolução de 30. 
 
Já estava quase no fim o longo consulado de 
Borges de Medeiros. O castilhismo, de que se fizera 
continuador, perdera substância. Uma nova mentalidade 
exigia reformas sociais e postulava mudanças de estrutura, 
não mais se contentando com o simples jogo das influências 
partidárias. Foi nesse ambiente que Getúlio Vargas, então 
modesto advogado de São Borja, começou sua carreira 
política. Deputado estadual e federal, líder da bancada 
gaúcha na Câmara Federal e depois ministro da Fazenda, 
acabou por eleger-se presidente do estado em 1928. Sua 
primeira preocupação no governo foi pacificar os espíritos, 
para o que constituiu a Frente Única, integrada inclusive pelo 
Partido Libertador, herdeiro do Partido Federalista e em 
cujas fileiras passariam a militar muitos dos revolucionários 
de 1923. 
A habilidade de Vargas conquistou confiança e 
repercutiu de imediato em outros pontos do país, 
sensibilizando a opinião e atraindo a simpatia de políticos 
como Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente de 
Minas Gerais, que se uniu ao da Paraíba para lançar a 
Aliança Liberal, em favor da candidatura do presidente 
gaúcho à sucessão de Washington Luís. A vitória de Júlio 
Prestes, candidato do oficialismo, num ambiente de 
opressão e fraude, descontentou a opinião pública, levando-
a a prestigiar a liderança que articulou a revolução de 1930. 
Depois que São Paulo, por via revolucionária, 
tentara reaver o comando político da nação, em 1932, a vida 
do país havia retornado à normalidade constitucional, com 
Getúlio Vargas à frente do governo, em 1934, até a 
implantação do centralismo de 1937, o qual viria a afetar 
substancialmente a autonomia gaúcha, tanto quanto a das 
demais unidades da federação. A nova estrutura nacional 
impunha assim sua configuração às mudanças internas 
ocorridas no estado. 
A tendência então era de superar o isolacionismo 
econômico e político em que até então se mantivera o Rio 
Grande do Sul. A indústria e a agricultura conquistariam 
gradativamente relevo no confronto com a estância. A 
criação do Banco do Rio Grande do Sul, durante o governo 
de Getúlio Vargas, reanimaria as atividades pecuárias e 
agrícolas do estado. 
 
Depois de 1930 
 
O estado, embora sem veleidades hegemônicas, 
conquistara o poder supremo da república. Por imposição de 
forças de caráter nacional -- Exército, povo e indústria --, 
modificou-se substancialmente a estrutura federal. Rivais de 
velha data, os partidos tradicionais rio-grandenses, o 
Republicano e o Federalista, este último depois denominado 
Libertador, engajaram-se no movimento político decorrente 
da ação revolucionária de São Paulo, ao passo que a massa 
popular gaúcha se manteve fiel aos princípios de 1930. O 
general Flores da Cunha, interventor federal no Rio Grande, 
valeu-se desse choque de correntes para organizar, sob sua 
presidência, um partido local—o Partido Republicano Liberal 
Rio-Grandense (PRL) --, no qual se reuniram dissidentes 
daqueles dois partidos, comandantes dos corpos provisórios 
da milícia estadual e prefeitos municipais. 
Na Assembleia Constituinte, de cuja atuação 
resultaria a Carta de 1934, quase toda a bancada gaúcha 
era integrada por elementos do novo partido. Flores da 
Cunha, nessa data, eleito indiretamente, passaria a 
governador do estado, mas sem dispor de maioria que lhe 
permitisse agir inteiramente livre da partilha do poder com o 
adversário. Dissensões locais acabaram por atingir o PRL, 
quando o agravamento das condições de vida política do 
estado chegou ao ponto de levar o governador a desavir-se 
com o presidente da república. Com o golpe de 1937, Flores 
da Cunha renunciou. O estado, antes das eleições fixadas 
pela constituição de 1946, teria sete interventores, inclusive 
um interino. 
No setor das obras públicas, de 1930 ao início do 
Estado Novo, registrou-se sensível desenvolvimentodas 
rodovias e estradas de ferro estaduais; quanto ao fluxo do 
comércio marítimo, iria incrementar-se por meio da 
aquisição, pelo governo, da frota rio-grandense. Uma política 
de continuidade e de planejamento, no tocante à rede viária, 
só seria adotada a partir da criação, após 1938, do 
Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). 
 
Leonel Brizola 
Reaberto o debate partidário em fins de 1945, os 
velhos partidos e os velhos políticos não lograram restaurar 
as lealdades antigas e a bandeira de suas reivindicações 
anteriores a 1930. Somente resistiu, limitadíssimo no 
número de partidários, o Partido Libertador (PL), 
sobrepujado pelo Partido Social Democrático (PSD), que na 
primeira eleição elegeu quase a totalidade dos deputados 
federais, e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de 
fulminante crescimento. 
O primeiro governador eleito seria Walter Jobim, do 
PSD, seguido pelo general Ernesto Dorneles, do PTB. Em 
sequência, elegeu-se o engenheiro Ildo Meneghetti, 
sucedido pelo engenheiro Leonel Brizola, do PTB, que, por 
sua vez, com a derrota de seu partido, não evitou o retorno 
daquele. 
Na verdade, depois de 1945, o estado se dividiu em 
dois partidos—o PSD e o PTB—coligados, eventualmente, 
aos menores. Somente na década de 1960 prepararam-se 
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11 
 
no estado as bases para a implantação da grande indústria, 
além da exploração, em moldes capitalistas e modernizados, 
da pecuária e da agricultura, particularmente o arroz, o trigo 
e, mais tarde, a soja. 
O estado desempenhou importante papel na 
evolução da ordem política nacional, sobretudo a partir do 
movimento militar de 1964, durante o qual três gaúchos, 
escolhidos pelo Exército Brasileiro, assumiram a presidência 
da república: Arthur da Costa e Silva. Emílio Garrastazu 
Médici e Ernesto Geisel. No governo do estado, o coronel 
Válter Peracchi Barcelos, eleito indiretamente em 1967, deu 
início à implantação de amplo programa energético. Com a 
ajuda do poder central, as administrações de seus 
sucessores Euclides Triches, Sinval Sebastião Duarte 
Guazzelli e José Amaral de Sousa construíram rodovias 
modernas e ampliaram o porto do Rio Grande. Outro fator de 
progresso foi o reaparelhamento da Viação Aérea Rio-
Grandense (Varig), que se tornou a mais importante 
empresa aérea do país, extinta em 2006 e comprada em 
2007 pela Gol Transportes Aéreos. 
Em 1983 assumiu o governo Jair de Oliveira 
Soares, sucedido por Pedro Jorge Simon e, depois, por 
Guazzelli foi substituído em 1991 por Alceu Colares, que 
1995 empossou seu sucessor, Antônio Britto. 
 
GEOGRAFIA 
 
 
Cascata do Caracol, no Parque Estadual do 
Caracol, em Canela. 
 
 
 
Cânion Fortaleza no Parque Nacional da Serra 
Geral 
 
 
Parque Nacional da Lagoa do Peixe 
 
O estado do Rio Grande do Sul ocupa uma área de 
281 730,223 km² (cerca de pouco mais que 3% de todo 
território nacional, equivalente ao do Equador) e com fuso 
horário -3 horas em relação a hora mundial GMT. Todo o 
seu território está abaixo do Trópico de Capricórnio. No 
Brasil, o estado faz parte da região Sul, fazendo fronteiras 
com o estado de Santa Catarina e dois países: Uruguai e 
Argentina. É banhado pelo oceano Atlântico e possui duas 
das maiores lagoas do Brasil: a Lagoa Mirim e a Lagoa 
Mangueira, além de possuir uma das maiores lagunas do 
mundo: a Lagoa dos Patos, que possui água salobra. 
Sua população constitui cerca de 6% do número de 
habitantes do país. 
 
Geologia e relevo 
 
Serra Geral. 
 
O estado do Rio Grande do Sul apresenta, em sua 
maior parte, relevo baixo, com setenta por cento de seu 
território a menos de 300m de altitude. A única porção 
elevada, com mais de 600m de altitude, no nordeste, 
compreende 11% da superfície total. Podem-se descrever 
quatro unidades morfológicas no estado: a planície litorânea, 
o planalto dissecado de sudeste, a depressão central e o 
planalto basáltico. 
 
Planície costeira 
Também conhecida como planície litorânea. Toda 
a fachada leste do estado é ocupada pela planície litorânea, 
que consiste em terrenos arenosos com cerca de 500 km de 
extensão no sentido nordeste-sudoeste e largura muito 
variável. Os areais se desenvolvem tanto nas margens 
orientais quanto nas ocidentais das lagoas dos Patos e 
Mirim. Essas lagoas apresentam um desenho característico, 
com recorte lobulado, em virtude das pontas de areia que de 
uma e outra margem se projetam para dentro delas. Ao 
contrário do que acontece no interior das lagoas, a linha da 
costa apresenta traçado regular. A planície litorânea é 
constituída pela justaposição de cordões litorâneos 
(restingas), que às vezes deixam entre si espaços vazios 
ocupados por lagoas alongadas ou banhados (antigas 
lagoas colmatadas). 
 
Planalto Dissecado de Sudeste 
 
Coxilhas das Serras de Sudeste, no município de 
Morro Redondo. 
 
Também denominado impropriamente Serras de 
Sudeste, o planalto dissecado de sudeste compreende um 
conjunto de ondulações cujo nível mais alto não ultrapassa 
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12 
 
500 m. Trata-se de um planalto antigo, cuja superfície 
tabular só foi preservada entre alguns rios. Esses terrenos 
pré-cambrianos constituem o chamado escudo rio-
grandense e ocupam toda a porção sudeste do estado, 
formando uma área triangular cujos vértices correspondem 
aproximadamente às cidades de Porto Alegre, Dom Pedrito 
e Jaguarão. O conjunto está dividido, pelo vale do rio 
Camaquã, em duas grandes unidades, uma ao norte e outra 
ao sul, denominadas serras de Herval e Tapes, 
respectivamente. É o domínio típico das campinas, cuja 
melhor expressão é encontrada na campanha gaúcha. 
 
Depressão Central 
 
Constituída por terrenos da era paleozoica, a 
Depressão Central forma um arco em torno do planalto 
dissecado de sudeste, envolvendo-o dos lados norte, oeste 
e sul. Forma um amplo corredor com aproximadamente 
cinquenta quilômetros de largura média e 770 km de 
extensão, dos quais 450 no sentido leste-oeste, 120 no 
sentido norte-sul e 200 no sentido oeste-leste. A topografia 
suave e a pequena altitude em relação ao nível do mar 
(menos de cem metros), permitem classificar a depressão 
central como uma planície suavemente ondulada. 
 
Planalto Basáltico 
 
Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de 
Aparados da Serra. 
 
Representa a porção sul do Planalto Meridional do 
Brasil. O norte e parte do oeste do estado são ocupados 
pelo Planalto Basáltico, que descreve uma meia-lua em 
torno da depressão central. Esse planalto, que tem como 
traço marcante a estrutura geológica, é formado pelo 
acúmulo ou empilhamento de sucessivos derrames 
basálticos (isto é, derrames de lava), intercalados de 
camadas de arenito. Alcançam espessura muito variável. No 
nordeste do estado registra-se a espessura máxima, 
responsável pela maior elevação do planalto nessa área. 
A superfície do planalto apresenta uma inclinação 
geral de leste para oeste. No nordeste, junto ao litoral, 
alcança sua maior elevação, entre 1.000 e 1.100m; em 
Vacaria atinge 960m; em Carazinho, 602m. Em Cruz Alta, 
469m; no extremo oeste do estado, junto à barranca do rio 
Uruguai, não ultrapassa cem metros. A topografia é plana ou 
levemente ondulada, mas os rios, que banham a parte mais 
elevada, abriram nela profundos sulcos ou vales, isolando 
compartimentos tabulares. 
Um aspecto saliente do planalto é a forma de 
transição para as terras mais baixas com que se articula. A 
nordeste, cai diretamente sobre a planícielitorânea, com um 
paredão íngreme ou escarpa, de quase mil metros de 
desnível: são os chamados "aparados da serra". Os rios 
favorecidos pelo forte declive abriram aí profundas 
gargantas ou taimbés. Nesse trecho, próximo à divisa com 
Santa Catarina, a escarpa à borda do planalto corre paralela 
à costa. À altura de Osório, desvia-se bruscamente para 
oeste e a partir daí vai diminuindo progressivamente de 
altura. Nesse trecho voltado para o sul, os rios que correm 
para a depressão central abriram amplos vales. O rebordo 
do planalto basáltico recebe no Rio Grande do Sul, como 
nos demais estados meridionais, a denominação de Serra 
Geral. 
 
Ecologia 
 
Cânion Fortaleza, no Parque Nacional da Serra 
Geral. 
 
No Rio Grande do Sul, segundo o Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade existem 40 
unidades de conservação, sendo 1 área de proteção 
ambiental, 1 área de relevante interesse ecológico, 2 
estações ecológicas, 3 florestas nacionais, 3 parques 
nacionais, 1 refúgio de vida silvestre e 29 reservas 
particulares do patrimônio natural. 
As unidades de conservação administradas pelo 
governo brasileiro são o Parque Nacional da Serra Geral, o 
Parque Nacional dos Aparados da Serra, o Parque Nacional 
da Lagoa do Peixe, a Floresta Nacional de Canela, a 
Floresta Nacional de São Francisco de Paula, a Floresta 
Nacional de Passo Fundo, a Área de Proteção Ambiental do 
Ibirapuitã, a Área de Relevante Interesse Ecológico Pontal 
dos Latinos e Pontal dos Santiagos a Estação Ecológica de 
Aracuri-Esmeralda, a Estação Ecológica do Taim, e o 
Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos. 
O estado, que foi pioneiro do movimento ecológico 
no Brasil, hoje enfrenta uma série de problemas ambientais 
graves e uma crônica carência de recursos materiais e 
humanos para a área, e ostenta uma longa lista de espécies 
ameaçadas. Por outro lado, muitos projetos do governo e 
iniciativas privadas estão tentando reverter este quadro 
sombrio e difundir a conscientização ecológica entre a 
população, e já existe expressiva legislação ambiental. 
 
Clima 
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13 
 
 
Neve em Caxias do Sul em 1994 
 
Dois tipos climáticos caracterizam o Rio Grande do 
Sul: o clima subtropical úmido e o clima oceânico. 
O clima subtropical úmido possui chuvas bem 
distribuídas durante o ano e verões quentes (Cfa na escala 
de Köppen), ocorrendo na maior parte do estado. Registra 
temperaturas médias anuais de entre 18 °C e 20 °C. O clima 
oceânico (Cfb) também apresenta chuvas bem distribuídas 
durante o ano, mas os verões são amenos. Ocorre nas 
porções mais elevadas do território sul-rio-grandense, isto é, 
na porção mais alta do planalto basáltico, e no Planalto 
Dissecado de Sudeste, registrando temperaturas médias 
anuais entre 13 °C e 17 °C. 
Quanto ao regime pluviométrico, a zona mais 
chuvosa do estado é a Serra Gaúcha, com precipitações ao 
redor de 1.900 mm, enquanto que a parte onde menos 
chove no estado é o extremo sul, com pluviosidade média 
anual em torno de 1.100 mm no município de Santa Vitória 
do Palmar. 
Dos ventos que sopram no estado, dois têm 
denominações locais: o pampeiro, vento tépido, procedente 
dos pampas argentinos; e o minuano, vento frio e seco, 
originário dos contrafortes da cordilheira dos Andes. 
A temperatura mínima registrada no estado foi de -
9,8 °C no município de Bom Jesus, em 1º de agosto de 
1955, enquanto a temperatura máxima registrada foi de 
42,6 °C em Jaguarão, no sul do estado, em 1943. Municípios 
como Uruguaiana, Lajeado e Campo Bom destacam-se em 
recordes de temperaturas altas no verão, registrando valores 
que, por vezes, chegam aos 40 °C. O estado está ainda 
sujeito, no outono e no inverno, ao fenômeno do veranico, 
que consiste de uma sucessão de dias com temperaturas 
anormalmente elevadas para a estação. 
 
Hidrografia 
 
 
O Rio Uruguai na divisa com Santa Catarina 
 
A rede de drenagem compreende rios que 
pertencem à bacia do Uruguai e rios que correm para o 
Atlântico. Os rios Jacuí, Taquari, Caí, Gravataí, Lago Guaíba 
e dos Sinos, entre outros, são razoavelmente aproveitados 
para a navegação. Toda a região ocidental do estado e uma 
estreita faixa de terras ao longo da divisa com Santa 
Catarina pertencem à bacia do Uruguai. Compreende, além 
do rio Uruguai e seu formador, o Pelotas, os afluentes da 
margem esquerda: o Passo Fundo, o Ijuí, o Piratini, o Ibicuí, 
e o Quaraí. 
À vertente atlântica pertence toda a metade oriental 
do estado, drenada por rios cujas águas, antes de atingir o 
Atlântico, vão ter a uma das lagoas litorâneas. Assim, a 
lagoa Mirim recolhe as águas do rio Jaguarão, a lagoa dos 
Patos, as dos rios Turuçu, Camaquã e Jacuí, as deste último 
por meio do estuário denominado Guaíba. A lagoa dos Patos 
se comunica com a lagoa Mirim através do canal de São 
Gonçalo, e com o Atlântico por meio da barra do Rio 
Grande. Além das duas grandes lagoas, há numerosas 
outras, menores, na planície litorânea, entre elas a Itapeva, 
dos Quadros, do Peixe e Mangueira. 
 
Vegetação 
 
Araucárias, típica dos gelados Planaltos Rio-
Grandenses. 
 
Dois tipos de cobertura vegetal ocorrem no Rio 
Grande do Sul: campos e florestas. Os campos ocupam 
cerca de 66% da superfície do estado. De modo geral 
recobrem as áreas de topografia regular, plana ou 
ligeiramente ondulada, ou seja, a depressão central e a 
maior parte do planalto basáltico. 
As florestas cobrem 29% do território estadual. 
Aparecem na encosta e nas porções mais acidentadas no 
planalto basáltico, no planalto dissecado de sudeste e, 
ainda, na forma de capões e matas ciliares, dispersas pelos 
campos, que recobrem o resto do estado. Nas áreas de 
maior altitude, com mais de 400m, domina a chamada mata 
de pinheiros, uma floresta mista de latifoliadas e coníferas, a 
chamada mata de pinheiros. Nas demais áreas ocorre a 
floresta latifoliada. 
Nos dois tipos de floresta está presente a erva-
mate, objeto de exploração econômica desde o início do 
povoamento do estado. Em cerca de cinco por cento do 
território ocorre a vegetação do tipo litorâneo, que se 
desenvolve nos areais da costa. 
 
Demografia 
 
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14 
 
 
De acordo com o censo 2010 o Rio Grande do Sul 
tinha uma população de 10 693 929 habitantes, sendo mais 
populoso que Portugal. 
Dez anos antes, segundo o censo demográfico de 
2000, o Rio Grande do Sul tinha uma população de 
10.187.798 hab. Em 1991, o estado contava com 9.127.611 
habitantes. Esses números mostram que a taxa de 
crescimento demográfico na última década foi de 1,2% ao 
ano, abaixo portanto da média do país como um todo (1,33% 
anuais). Em 2010, segundo cálculos do IBGE, era 5º estado 
mais populoso do país, e efetivamente, o mais populoso da 
Região Sul — abrigando cerca de 6% da população 
brasileira. Do total da população do estado, 5.488.872 
habitantes pertencem ao sexo feminino e 5.205.057 
habitantes ao sexo masculino (dados de 2010). 
O Rio Grande do Sul é um estado em que a 
população urbana supera a rural. Segundo o censo 
demográfico de 2000, 80,8% da população moram em 
cidades. Nesse mesmo ano a densidade demográfica do 
estado chegou a 36,14 habitantes./km², mais de duas vezes 
superior à do Brasil como um todo (19,92 habitantes./km²). 
A área mais densamente povoada do Rio Grande 
do Sul está na Região Metropolitanade Porto Alegre, onde 
se registram algumas densidades acima de 2.000 hab./km². 
Formada por trinta municípios, sua população é de 
aproximadamente 4 milhões de habitantes, a quarta maior 
aglomeração urbana do país. Seguem-se o litoral norte e a 
encosta do planalto, a leste da serra Geral e o Vale do 
Taquari com densidades próximas de 50 hab./km². A zona 
do alto Uruguai, a noroeste, e as áreas centralizadas por 
Passo Fundo e Iraí, apresentam densidades entre 30 e 40 
hab./km². No sul do estado, as densidades raramente 
ultrapassam 10 hab./km². Somente em torno de Pelotas a 
população aparece mais concentrada, chegando a mais de 
20 hab./km². A capital do estado, é a décima cidade 
brasileira em população. Situada à margem do rio Guaíba, 
Porto Alegre tem um movimentado porto fluvial e é o mais 
importante centro industrial, comercial e cultural do Rio 
Grande do Sul.
 
 
 
 
 
 
 
COMPOSIÇÃO ÉTNICA 
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15 
 
 
Casa de pedra e madeira do fim do século XIX, um 
exemplar típico da arquitetura italiana da zona rural de 
Caxias do Sul. 
O Rio Grande do Sul pode ser dividido em quatro 
regiões culturais, nas quais predominaram etnias diferentes 
que, a partir da relação sociedade-natureza e por meio de 
sistemas simbólicos que se materializaram na paisagem via 
códigos culturais, formaram zonas com características 
próprias. O estado pode ser decomposto, portanto, nas 
seguintes regiões: região cultural 1 (individualizada pela 
presença das etnias nativa, portuguesa, espanhola, africana 
e açoriana); região cultural 2 (formada pela presença de 
alemães); região cultural 3 (marcada pela etnia italiana) e a 
região cultural 4 (conformada pela presença de etnias 
mistas). 
Atualmente, a população autodeclara-se da 
seguinte maneira quanto à raça: 82,3% como brancos, 
11,4% como pardos, 5,9% como pretos e 0,4% como 
amarelos ou indígenas. 
 
Idiomas 
Além do idioma oficial, o português, no Rio Grande 
do Sul outros idiomas também são falados por parte da 
população, como o caingangue ou o mbyá-guaraní, de 
povos autóctones, e também o Portunhol Riverense em 
regiões fronteiriças. 
Considerável parte do povo gaúcho, em geral os 
descendentes de imigrantes alemães e italianos, dentre 
outros, também falam os seguintes idiomas: Riograndenser 
Hunsrückisch (um idioma regional sul-brasileiro falado desde 
há quase dois séculos pela maioria dos teuto-brasileiros no 
Rio Grande do Sul); o Plattdietch ou plattdüütsch (junção dos 
dialetos do baixo-alemão a qual pertence o dialeto 
Pomerano falado em várias regiões do sul do Brasil); Talian 
(versão sul-brasileira do vêneto); Castelhano (falado nas 
regiões fronteiriças do Brasil com a Argentina e Uruguai, 
Paraguai etc.); e em menor escala, ainda existem vários 
outros núcleos de idiomas e dialetos no Rio Grande do Sul, 
como polonês, lituano, árabe e iídiche. 
 
Governo e política 
 
O Palácio Farroupilha é sede da Assembleia 
Legislativa do Rio Grande do Sul 
 
 
O Palácio Piratini é a sede do governo estadual 
 
O estado do Rio Grande do Sul, consoante os 
ditames contidos na Carta Constitucional da República 
Federativa do Brasil, é governado por três poderes, o 
executivo, representado pelo governador, o legislativo, 
representado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do 
Sul, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio Grande do Sul e outros tribunais e juízes. 
Além dos três poderes, o estado também permite a 
participação popular nas decisões do governo através de 
referendos e plebiscitos. 
A atual constituição do estado do Rio Grande do 
Sul foi promulgada em 1989. 
O Poder Executivo gaúcho está centralizado no 
governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e 
voto direto e secreto pela população para mandatos de até 
quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um 
mandato. Sua sede é o Palácio Piratini, que desde 1921 é a 
sede do governo gaúcho. 
A maior corte do Poder Judiciário estadual é o 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 
localizada no centro de Porto Alegre. O Poder Legislativo do 
Rio Grande do Sul é unicameral, constituído pela 
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, localizado no 
Palácio Farroupilha. Ela é constituída por 55 deputados, que 
são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a 
representação gaúcha é de 3 senadores e 31 deputados 
federais. 
O Rio Grande do Sul está dividido em 496 
municípios. O mais populoso deles é a capital, Porto Alegre, 
com 1,4 milhões de habitantes, sendo a cidade mais rica do 
estado. Sua região metropolitana possui aproximadamente 
4,1 milhões de habitantes. 
 
Subdivisões 
 
 
 
Divisões do estado. 
O estado do Rio Grande do Sul possui várias 
subdivisões, baseadas em aspectos sócio/econômicos, com 
fins estatísticos, principalmente. O estado é dividido em sete 
mesorregiões, 35 microrregiões e 497 municípios, segundo o 
IBGE. 
1. Mesorregião do Centro Ocidental 
Rio-Grandense 
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2. Mesorregião do Centro Oriental 
Rio-Grandense 
3. Mesorregião Metropolitana de 
Porto Alegre 
4. Mesorregião do Nordeste Rio-
Grandense 
5. Mesorregião do Noroeste Rio-
Grandense 
6. Mesorregião do Sudeste Rio-
Grandense 
7. Mesorregião do Sudoeste Rio-
Grandense 
O estado também é dividido a partir da 
regionalização do Conselho Regional de Desenvolvimento, 
criado na primeira metade da década de 1990. Existem 
atualmente 24 regiões dos COREDE (Conselhos Regionais 
de Desenvolvimento). 
 
Economia 
 
 
Porto Alegre, capital e um dos maiores polos 
industriais do estado 
 
 
Na Campanha Gaúcha pratica-se a criação de 
ovinos. 
 
Entre os principais produtos agrícolas gaúchos, 
destacam-se o arroz (5,2 milhões de toneladas), a soja (7 
milhões de toneladas), o milho (6 milhões de toneladas), a 
mandioca (1,3 milhão de toneladas), a cana-de-açúcar (1 
milhão de toneladas), a laranja (2 bilhões de frutos) e o alho 
(24 mil toneladas). O estado abriga grandes reservas de 
carvão mineral e de calcário. A extração de água mineral é 
também importante (aproximadamente 92 milhões de litros 
anuais). 
O Rio Grande do Sul é um dos estados com maior 
grau de industrialização no país. O parque industrial gaúcho 
dedica-se principalmente aos ramos petroquímico, tabagista, 
de calçados, de construção, de alimentos, automobilístico e 
indústria naval. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio revela que em 2012 os principais produtos 
exportados pelo estado foram o Tabaco em Rama (12,60%), 
Soja (11,36%), Carne de Aves (7,34%), Farelo de Soja 
(6,64%) e Polímeros de Etileno (4,30%). 
Graças às paisagens diversificadas, o Rio Grande 
do Sul atrai turistas por diversos propósitos. Há, no extremo 
norte, as praias de Torres, vizinhas ao Parque Nacional de 
Aparados da Serra, que tem se destacado como importante 
destino de ecoturismo. Os turismos gastronômico (na região 
de Bento Gonçalves, produtora de vinho) e histórico (na 
região das missões jesuíticas de São Borja e São Miguel) 
também são dignos de menção. A capital, Porto Alegre, 
além de centro cultural de relevância nacional, tem servido 
de sede de grandes encontros internacionais, especialmente 
para assuntos relacionados ao Mercosul. 
O Rio Grande do Sul dispõe de extensa malha 
ferroviária, que serve todo o seu território. Além disso, 
destaca-se a rede de estradas federais e estaduais, que 
soma aproximadamente 152,2 mil quilômetros. Porém, 
apenas 10,3 milquilômetros são pavimentados. 
 
 
Infraestrutura 
Energia 
 
 
Parque eólico de Osório. 
Entre as principais usinas elétricas do estado 
sobressaem as hidrelétricas de Passo Fundo (220 MW), no 
rio Uruguai; Passo Real (125 MW), Leonel Brizola (antiga 
Jacuí) (180 MW), Itaúba (500 MW) e Dona Francisca 
(125 MW) no rio Jacuí; e as termelétricas Candiota II 
(126 MW), em Bagé, Charqueadas (72 MW), em São 
Jerônimo, Osvaldo Aranha (66 MW), em Alegrete, e AES 
Uruguaiana(639 MW) em Uruguaiana a primeira usina 
termelétrica a operar a gás natural no Brasil. Recentemente 
foi construído o Parque eólico na cidade de Osório, com 
capacidade instalada estimada em 150 MW. 
 
Educação 
 
Em 2008, estavam matriculados 1.598.403 alunos 
nas escolas de ensino fundamental do estado, das quais 
740.749 eram municipais, 721.811 estaduais, 134.553 
particulares e 1.290 federais. Quanto ao corpo docente, era 
o mesmo constituído de 97.039 professores. O ensino de 
nível médio foi ministrado em 1.410 estabelecimentos, com a 
matrícula de 429.349 alunos e corpo docente de 30.673 
professores. Dos 429.349 discentes, 5.753 estavam na 
escola pública federal, 369.317 na escola pública estadual, 
6.993 na escola pública municipal e 47.286 na escola 
particular. 
 
 
Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do 
Sul (UFRGS) 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
17 
 
 
Em 2007, quanto ao nível de ensino superior, o 
estado administrava através de 100 estabelecimentos, com 
21.772 professores e 345.029 discentes. O estado conta 
com onze universidades públicas e vinte 24 universidades 
particulares, no total de 35 (ver lista de instituições de ensino 
superior no Rio Grande do Sul). 
Em 2004 a taxa de analfabetismo no estado era de 
5,5%, uma das mais baixas do Brasil. Da população, 16,8% 
dos gaúchos são analfabetos funcionais. O Rio Grande do 
Sul é a quinta melhor educação do Brasil, com um Índice de 
Desenvolvimento Humano de 0,921. 
As principais universidades do Rio Grande do Sul 
são a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, 
Universidade Federal do Rio Grande, o Instituto Federal 
Farroupilha, o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, o 
Instituto Federal Sul-rio-grandense, a Universidade Federal 
de Ciências da Saúde de Porto Alegre, a Universidade 
Federal de Pelotas, a Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul, a Universidade Federal de Santa Maria, a 
Universidade Federal do Pampa, a Universidade Federal da 
Fronteira do Sul, a Universidade de Passo Fundo, 
Universidade de Caxias do Sul, Universidade Feevale, 
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Universidade de 
Santa Cruz do Sul e a Pontifícia Universidade Católica do 
Rio Grande do Sul. 
 
Transportes 
 
 
Trecho da BR-290 em Osório, próximo à Porto 
Alegre 
 
O Rio Grande do Sul apresenta uma importante 
malha hidroviária, concentrada nas bacias Litorânea e do 
Guaíba. Nessas bacias estão os principais rios de rota rio 
Jacuí, rio Taquari e rio dos Sinos, além do Guaíba e da 
Laguna dos Patos. Atualmente, a navegação no rio Uruguai 
é de pequena importância, assim como de seu principal 
afluente, o rio Ibicuí, o único que apresenta condição 
navegável. A principal rota hidroviária do estado é Porto 
Alegre-Rio Grande, que apresenta calado de 5,2 metros. As 
principais cargas no sentido Rio Grande são produtos 
petroquímicos, derivados de petróleo, óleo de soja e 
celulose. No sentido Porto Alegre destacam-se os 
fertilizantes. 
 
 
 
Porto de Rio Grande. 
 
O Porto de Rio Grande é de grande importância 
para o Mercosul, e também o principal ponto de 
multimodalidade do estado, fazendo com que parte do 
sistema rodoviário e ferroviário tenham o Porto de Rio 
Grande como foco. O Porto de Rio Grande, em 2005, 
chegou a 18 milhões de toneladas, consolidado como o 
segundo maior porto com movimento de containers do 
Brasil, e o terceiro em cargas. Os principais portos são: 
Porto de Rio Grande, Porto de Porto Alegre, Porto de Estrela 
e Porto de Pelotas. 
 
 
Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto 
Alegre. 
 
O Aeroporto Internacional Salgado Filho localiza-se 
em Porto Alegre e é o mais importante do estado, tendo uma 
movimentação de 5,6 milhões de passageiros ao ano 
(Infraero - 2009), envolvendo o movimento de 79 mil 
aeronaves por ano. O Aeroporto Internacional de Pelotas é 
operado pelas linhas aéreas NHT e localiza-se no sul do 
estado com voos até Erechim , Porto Alegre , Rio Grande e 
até mesmo para Montevidéu, no Uruguai. Existe também o 
Aeroporto de Caxias do Sul, que é importante para o estado, 
e conta com três voos diários para São Paulo (exceto aos 
sábados, quando tem apenas um voo). É um aeroporto 
operado por uma companhia aérea, a Gol, que opera com 
Boeing 737. 
O Rio Grande do Sul, hoje, possui uma malha de 
3.260 quilômetros de linhas e ramais ferroviários, utilizadas 
para cargas. A maior parte apresenta bitola métrica, sendo 
que apenas cinco quilômetros apresentam bitola mista, com 
objetivo de realizar a integração com as malhas argentinas e 
uruguaias. Atualmente, alguns trechos das ferrovias não 
estão em operação regular e os terminais ferroviários que 
apresentam maior concentração de cargas localizam-se nas 
proximidades da Grande Porto Alegre, Passo Fundo, Santa 
Maria, Cruz Alta e Uruguaiana. 
O sistema rodoviário é responsável pela maior parte 
da carga transportada e pela quase totalidade do transporte 
de passageiros no Rio Grande do Sul. O estado possui 
153.960 km de rodovias, sob jurisdição nacional, estadual ou 
municipal. A malha nacional estrutura a rede de transporte 
com rodovias longitudinais, diagonais, transversais e de 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
18 
 
ligação. As principais rodovias são: BR-101, BR-116, BR-
153, BR-158, BR-163, BR-285, BR-290, BR-386, BR-392 e 
BR-471. 
 
SANEAMENTO BÁSICO 
 
A qualidade de vida depende também de prevenção 
de doenças e tratamento confiável de enfermidades. O 
estado dispõe de infraestrutura ampla e qualificada, mas 
possui grande deficiência sobretudo no saneamento básico. 
Segundo pesquisa recentemente realizada pela Fundação 
Getúlio Vargas (FGV), em parceria com a organização não-
governamental Trata Brasil em 2007, o estado é o último no 
país nesse quesito. Embora o estado disponha de bons 
índices em vários setores, o acesso ao esgoto tratado é de 
apenas 15% da população. 
A Região Metropolitana de Porto Alegre é a 
penúltima, entre 10 pesquisadas em 2007, no recolhimento e 
tratamento de esgoto. Em Porto Alegre, apenas 27% do 
esgoto recebe tratamento. No Rio Grande do Sul, apesar de 
não estar nas últimas colocações, apenas 14,77% da 
população tem esgoto canalizado e tratado. Isso significa 
que os dejetos da grande maioria vão para os arroios e rios, 
contaminando as águas. 
Porém, deverão acontecer obras de saneamento e, 
em cinco anos, a previsão é de que 77% dos porto-
alegrenses terão esgoto tratado. 
 
 
CULTURA 
 
O natural do Rio Grande do Sul é chamado de 
gaúcho. O Rio Grande do Sul apresenta uma rica 
diversidade cultural. De uma forma sucinta, pode-se concluir 
que a cultura do estado tem duas vertentes: a gaúcha 
propriamente dita, com raízes nos antigos gaúchos que 
habitavam o pampa; a outra vertente é a cultura trazida pela 
imigração europeia, efetuada por colonos portugueses, 
espanhóis e imigrantes alemães e italianos. 
 
 
Dança típica gauchesca. 
 
Aprimeira é marcada pela vida no campo e pela 
criação bovina. A cultura gaúcha nasceu na fronteira entre a 
Argentina, o Uruguai e o Sul do Brasil. Os gaúchos viviam 
em uma sociedade nômade, baseada na pecuária. Mais 
tarde, com o estabelecimento das fazendas de gado, eles 
acabaram por se estabelecer em grandes estâncias 
espalhadas pelos pampas. O gaúcho era mestiço de índio, 
português e espanhol, e a sua cultura foi bastante 
influenciada pela cultura dos índios guaranis, charruas e 
pelos colonos hispânicos. 
No século XIX, o Rio Grande do Sul começou a ser 
colonizado por imigrantes europeus. Os alemães 
começaram a se estabelecer ao longo do rio dos Sinos, a 
partir de 1824. Ali estabeleceram uma sociedade baseada 
na agricultura e na criação familiar, bem distinta dos grandes 
latifundiários gaúchos que habitavam os pampas. Até 1850, 
os alemães ganhavam facilmente as terras e se tornavam 
pequenos proprietários, porém, após essa data, a 
distribuição de terras no Brasil tornou-se mais restrita, 
impedindo a colonização de ser efetuada nas proximidades 
do Vale dos Sinos. A partir de então, os colonos alemães 
passaram a se expandir, buscando novas terras em lugares 
mais longes e levando a cultura da Alemanha para diversas 
regiões do Rio Grande do Sul. 
A colonização alemã se expandiu nas terras baixas, 
parando nas encostas das serras. Quem colonizou as serras 
do Rio Grande do Sul foram outra etnia: os italianos. 
Imigrantes vindos da Itália começaram a se estabelecer nas 
Serras Gaúchas a partir de 1875. A oferta de terras era mais 
restrita, pois a maior parte já estava ocupada pelos gaúchos 
ou por colonos alemães. Os italianos trouxeram seus hábitos 
e introduziram na região a vinicultura, ainda hoje a base da 
economia de diversos municípios gaúchos. 
 
Acervo arquitetônico 
 
 
As ruínas jesuíticas de São Miguel das Missões. 
Patrimônio da Humanidade desde 1983. 
 
O estado possui rico acervo arquitetônico e dispõe 
de inúmeros monumentos tombados pelo Instituto do 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), entre os 
quais se destacam a igreja de São Sebastião, em Bagé, 
construída em 1863 e onde repousam os restos mortais de 
Gaspar da Silveira Martins; o forte inacabado de Dom Pedro 
II, em Caçapava do Sul; o palácio do governo farroupilha 
(hoje Museu Farroupilha), o quartel-general farroupilha e a 
casa de Giuseppe Garibaldi, em Piratini; a Catedral de São 
Pedro, em Rio Grande; as ruínas do Povo e da igreja de São 
Miguel, em Santo Ângelo; os casarões, a Catedral, o Theatro 
7 de abril(o mais antigo em funcionamento no Brasil), o 
Teatro Guarany, Catedral no Centro, a Igreja do Porto, os 
Casarões na praça Coronel Pedro Osório, o Mercado 
Central e as Charqueadas em Pelotas; a igreja de Nossa 
Senhora da Conceição, em Viamão. 
 
Eventos 
Dentre as festas religiosas do estado, destacam-se, 
na capital, a procissão fluvial de Nossa Senhora dos 
Navegantes padroeira de Porto Alegre, em 2 de fevereiro; a 
festa do Divino, celebrada na igreja do Espírito Santo; e a 
procissão de Corpus Christi 
 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
19 
 
Presidente Dilma Rousseff e membros da 
comunidade ítalo-brasileira durante a Festa da Uva, em 
Caxias do Sul. 
 
Ainda na capital, realizam-se exposições anuais de 
animais e produtos derivados (agosto), a Semana 
Farroupilha (14 a 20 de setembro) e a exposição estadual de 
orquídeas (de 1º a 8 de dezembro); em Santana do 
Livramento e São Borja realizam-se exposições 
agropecuárias (outubro); em Caxias do Sul, a famosa Festa 
da Uva (fevereiro); e em Gramado, a Festa das Hortênsias 
(bienal) e a Feira Nacional de Artesanato (anual); em todas 
as cidades da campanha gaúcha realizam-se rodeios 
(reunião de gado para contagem, cura ou venda); em 
Pelotas acontece a Festa Nacional do Doce (Fenadoce), a 
maior feira do Brasil de doces, o evento acontece entre os 
meses de junho e julho no Centro de Eventos Fenadoce; em 
Rio Grande acontece a Festa do Mar, voltada aos frutos do 
mar, pescados em geral, acontecendo normalmente na 
época da Páscoa, bom como a FEARG, voltada ao 
artesanato, comércio e etnias locais, e a Festa de Iemanjá, 
realizada no dia 2 de fevereiro, recebendo umbandistas, fiéis 
e simpatizantes de várias cidades do estado e até de outros 
países. Em várias cidades do estado acontecem eventos 
literários conhecidos por Feira do Livro, destacando-se as de 
Passo Fundo, praia do Cassino e, principalmente, a de Porto 
Alegre. Em Santa Rosa, realiza-se a Fenasoja que atrai 
muitos visitantes de fora do país. Já em Ijuí - terra das 
culturas diversificadas, realiza-se a ExpoIjuí, conhecida festa 
que reúne as mais diversas etnias do estado, são 12 
atualmente. 
A Califórnia da Canção Nativa é um evento musical 
considerado como patrimônio cultural do estado, ocorre a 
cada ano em diversas cidades, com a final no mês de 
dezembro em Uruguaiana. Considerado pelo governo um 
modelo de divulgação da música regional rio-grandense, 
onde através da triagem de mais de 500 músicas com estilos 
regionais, na final é selecionada a melhor composição. 
Danças típicas do estado são o bambaquerê (espécie de 
quadrilha), e congada (auto popular), a chimarrita 
(fandango), a jardineira (dança figurada e cantada, de pares 
soltos) e a quebra-mana (dança sapateada e valsada). Nas 
zonas de colonização alemã, realizam-se os kerbs, bailes 
populares que duram em geral três dias. 
O evento "Grito do Nativismo Gaúcho" de Jaguari 
tem sua origem no próprio contexto histórico do movimento 
dos festivais nativistas do RS. O festival ocorre anualmente 
no Clube de Caça e Pesca de Jaguari (Capejar) no mês de 
janeiro. O último evento, em 2012, teve 427 canções 
inscritas, das quais 12 foram selecionadas. No palco do 
Grito, convivem, democraticamente, todas as formas de 
manifestações da música sul rio-grandense. O festival aceita 
trabalhos que se alinhem em qualquer das tendências que 
dominam o movimento nativista do RS levando em conta 
somente a qualidade dos mesmos. Sem romper com as 
origens rurais, aproximam a realidade de um estado 
urbanizado e contemporâneo, valorizando, ainda mais, a 
cultura como um todo. 
 
Esporte 
 
 
Estádio Beira-Rio, uma das sedes da Copa do 
Mundo FIFA de 2014 
 
 
Arena do Grêmio 
 
Como exemplos de ídolos do esporte, o estado 
conta com Daiane dos Santos, vencedora das principais 
competições na ginástica artística, como a Copa do Mundo 
de Ginástica; João Derly, campeão mundial de judô; e 
Ronaldinho Gaúcho, eleito o melhor jogador de futebol do 
mundo duas vezes, e os três últimos treinadores da Seleção 
Brasileira Dunga, Mano Menezes e Luiz Felipe Scolari. 
Também se destacam os atletas da Patinação Artística, 
selecionados para representarem o Brasil nos últimos Jogos 
Pan-Americanos, Marcel Sturmer (tricampeão Pan-
Americano) e Talitha Haas (3ª colocada na competição). Em 
Erechim, no norte do estado, é realizada a única etapa no 
Brasil do campeonato sul-americano de rally velocidade pela 
CODASUR. 
O Rio Grande do Sul possui atualmente oito times 
de futebol pertencentes às divisões do Campeonato 
Brasileiro de Futebol: Grêmio; Internacional; Caxias; 
Juventude; Brasil; Lajeadense de Lajeado e Ypiranga. O 
Sport Club Rio Grande, do município de Rio Grande, é o 
mais antigo do Brasil e atualmente joga o Campeonato 
Gaúcho da Segunda Divisão. 
O Rio Grande do Sul também é referência nacional 
e mundial na prática do futsal, sendo o Inter/Ulbra de Porto 
Alegre, a ACBF de Carlos Barbosa, o Atlântico de Erechim, 
o Ulbra de Canoas e o Enxuta de Caxias do Sul. Devido às 
conquistas da ACBF, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-
RS)apresentou em 2013 um projeto de lei para declarar o 
município de Carlos Barbosa a capital do futsal no Brasil. Tal 
projeto foi aprovado pelo Senado Federal em 27 de Maio de 
2015. 
 
HISTÓRIA DO BRASIL 
 
A História do Brasil começa com a chegada dos 
primeiros humanos no continente americano há mais de 
8.000 anos. Em fins do século XV toda a área hoje 
conhecida como Brasil era habitada por tribos seminômades 
que subsistiam da caça, pesca, coleta e agricultura. No ano 
de 1500, Pedro Álvares Cabral, capitão-mor de expedição 
portuguesa a caminho das Índias, chegou ao litoral sul 
da Bahia, tornando a região colônia do Reino de Portugal. 
Trinta anos depois, a Coroa Portuguesa implementou 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
20 
 
uma política de colonização para a terra recém-descoberta 
que se organizou por meio da distribuição de capitanias 
hereditárias a membros da nobreza, porém esse sistema 
malogrou, uma vez que somente as capitanias 
de Pernambuco e São Vicente prosperaram. Em 1548 é 
criado o Estado do Brasil, com consequente instalação de 
um governo-geral, e no ano seguinte é fundada a primeira 
sede colonial, Salvador. A economia da colônia, iniciada com 
o extrativismo do pau-brasil e as trocas entre os colonos e 
os índios, gradualmente passou a ser dominada pelo cultivo 
da cana-de-açúcar para fins de exportação, tendo 
em Pernambuco o seu principal centro produtor, região que 
chegou a atingir o posto de maior e mais rica área de 
produção de açúcar do mundo. No fim do século XVII foram 
descobertas, através das bandeiras, importantes jazidas 
de ouro no interior do Brasil que foram determinantes para o 
seu povoamento e que pontuam o início do chamado Ciclo 
do ouro, período que marca a ascensão do atual estado 
de Minas Gerais na economia colonial. Em 1763, a sede do 
Estado do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro. 
Em 1808, com a transferência da corte portuguesa 
para o Brasil, fugindo da possível subjugação da França, 
consequência da Guerra Peninsular travada entre as tropas 
portuguesas e as de Napoleão Bonaparte, o Príncipe-
regente Dom João de Bragança, filho da Rainha Dona Maria 
I, abriu os portos da então colônia, permitiu o funcionamento 
de fábricas e fundou o Banco do Brasil. Em 1815, o 
então Estado do Brasil foi elevado à condição de reino, 
unido aos reinos de Portugal e Algarves, com a designação 
oficial de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, tendo 
Dona Maria I de Portugal acumulado as três coroas. Em 7 de 
setembro de 1822, Dom Pedro de Alcântara proclamou 
a Independência do Brasil em relação ao Reino Unido de 
Portugal, Brasil e Algarves, e fundou o Império do Brasil, 
sendo coroado imperador como Dom Pedro I. Ele reinou 
até 1831, quando abdicou e passou a Coroa brasileira ao 
seu filho, Dom Pedro de Alcântara, que tinha apenas cinco 
anos. Aos catorze anos, em 1840, Dom Pedro de Alcântara 
(filho) teve sua maioridade declarada, sendo coroado 
imperador no ano seguinte como Dom Pedro II. 
Em 15 de novembro de 1889, ocorreu 
a Proclamação da República pelo Marechal Deodoro da 
Fonseca e teve início a República Velha, que só veio 
terminar em 1930 com a chegada de Getúlio Vargas ao 
poder. A partir daí, têm destaque na história brasileira a 
industrialização do país; sua participação na Segunda 
Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos; e o Golpe 
Militar de 1964, quando o general Castelo Branco assumiu 
a Presidência. A ditadura militar, a pretexto de combater 
a subversão e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais, 
perseguiu e censurou os meios de comunicação, extinguiu 
os partidos políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim do 
regime militar, os deputados federais e senadores se 
reuniram no ano de 1988 em Assembleia Nacional 
Constituinte e promulgaram a nova Constituição, que amplia 
os direitos individuais. O país se redemocratiza, avança 
economicamente e cada vez mais se insere no cenário 
internacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Evolução da divisão administrativa do Brasil 
A periodização tradicional divide a História do Brasil 
normalmente em quatro períodos gerais: 
Periodização da História do Brasil 
Pré-descobrimento Colônia Império República 
Colônia 
Descobrime
nto 
Desca
so 
Socieda
de 
açucare
ira 
Socieda
de 
aurífera 
Vinda da corte 
portuguesa e R
eino unido a 
Portugal e 
Algarves 
Império 
Independência 
Primeiro 
reinado 
Regência 
Segundo 
reinado 
República 
Proclamaç
ão da 
República 
Repúbli
ca 
Velha 
Era 
Varg
as 
Repúbli
ca 
Populist
a 
Ditadu
ra 
militar 
Nova 
Repúbli
ca 
 
Período pré-descobrimento (até 1500) 
 
 
Ataque de índios a uma outra aldeia indígena. 
 
Quando descoberto pelos portugueses em 1500, 
estima-se que o atual território do Brasil (a costa oriental 
da América do sul), era habitado por 2 milhões de 
indígenas, do norte ao sul. 
A população ameríndia era repartida em grandes 
nações indígenas compostas por vários grupos étnicos entre 
os quais se destacam os grandes grupos tupi-
guarani, macro-jê e aruaque. Os primeiros eram subdivididos 
em guaranis, tupiniquins e tupinambás, entre inúmeros 
outros. Os tupis se espalhavam do atual Rio Grande do 
Sul ao Rio Grande do Norte de hoje. Segundo Luís da 
Câmara Cascudo, os tupis foram «a primeira raça indígena 
que teve contacto com o colonizador e (…) decorrentemente 
a de maior presença, com influência no mameluco, 
no mestiço, no luso-brasileiro que nascia e no europeu que 
se fixava». A influência tupi se deu na alimentação, 
no idioma, nos processos agrícolas, de caça e pesca, 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
21 
 
nas superstições, costumes, folclore, como explica Câmara 
Cascudo: 
“ O tupi era a raça histórica, estudada pelos 
missionários, dando a tropa auxiliar, recebendo o 
batismo e ajudando o conquistador a expulsar 
inimigos de sua terra. (…) Eram os artífices da rede 
de dormir, criadores da farinha de 
mandioca, farinha de pau, do complexo da goma 
de mandioca, das bebidas de frutas e raízes, da 
carne e peixe moqueados, elementos que 
possibilitaram o avanço branco pelo sertão. ” 
 
Dança tupinambá em ilustração do livro Duas 
Viagens ao Brasil de Hans Staden. 
 
Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi 
precedida por vários tratados entre Portugal e Espanha, 
estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do 
mundo ainda por descobrir. 
Destes acordos assinados à distância da terra 
atribuída, o Tratado de Tordesilhas (1494) é o mais 
importante, por definir as porções do globo que caberiam a 
Portugal no período em que o Brasil foi colônia 
portuguesa. Estabeleciam suas cláusulas que as terras a 
leste de um meridiano imaginário que passaria a 
370 léguas marítimas a oeste das ilhas de Cabo 
Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a 
oeste seriam posse dos reis de Castela (atualmente 
Espanha). No atual território do Brasil, a linha atravessava 
de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à 
atual Laguna, em Santa Catarina. Quando soube do tratado, 
o rei de França Francisco I teria indagado qual era "a 
cláusula do testamento de Adão" que dividia o planeta entre 
os reis de Portugal e Espanha e o excluía da partilha. 
 
Períodocolonial (1500-1815) 
A chegada dos portugueses 
 
O Tratado de Tordesilhas (1494), firmado 
entre Espanha e Portugal para repartir as terras descobertas 
e "por descobrir", definiu os rumos da história do "futuro" 
Brasil. 
 
O período compreendido entre o Descobrimento do 
Brasil em 1500, (chamado pelos portugueses de Achamento 
do Brasil), até a Independência do Brasil, é chamado, no 
Brasil, de Período Colonial. Os portugueses, porém, 
chamam este período de A Construção do Brasil, e o 
estendem até 1825 quando Portugal reconheceu a 
independência do Brasil. 
Há algumas teorias sobre quem foi o primeiro 
europeu a chegar nas terras que hoje formam o Brasil. Entre 
elas, destacam-se a que defende que foi Duarte Pacheco 
Pereira entre novembro e dezembro de 1498, e a que 
argumenta que foi o espanholVicente Yáñez Pinzón no 
dia 16 de janeiro de 1500, possivelmente no Cabo de Santo 
Agostinho, litoral sul de Pernambuco. No entanto, 
oficialmente, o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 
pelo capitão-mor duma expedição portuguesa em busca 
das Índias, Pedro Álvares Cabral, que chegou ao litoral sul 
da Bahia, na região da atual cidade de Porto Seguro, mais 
precisamente no distrito de Coroa Vermelha. 
No dia 9 de março de 1500, o português Pedro 
Álvares Cabral, saindo de Lisboa, iniciou viagem para 
oficialmente descobrir e tomar posse das novas terras para a 
Coroa, e depois seguir viagem para a Índia, contornando 
a África para chegar a Calecute. Levava duas caravelas e 13 
naus, e por volta de 1 500 homens - entre os mais 
experientes Nicolau Coelho, que acabava de regressar da 
Índia; Bartolomeu Dias, que descobrira o cabo da Boa 
Esperança, e seu irmão Diogo Dias, que mais tarde Pero 
Vaz de Caminha descreveria dançando na praia em Porto 
Seguro com os índios, «ao jeito deles e ao som de uma 
gaita». As principais naus se chamavam Anunciada, São 
Pedro, Espírito Santo, El-Rei, Santa Cruz, Fror de la 
Mar, Victoria e Trindade. O vice-comandante da frota 
era Sancho de Tovar e outros capitães eram Simão de 
Miranda, Aires Gomes da Silva, Nuno Leitão, Vasco de 
Ataíde, Pero Dias, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de 
Pina, Pedro de Ataíde, de alcunha o inferno, além dos já 
citados Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias. Por feitor, a 
armada trazia Aires Correia, que havia de ficar na Índia, e 
por escrivães Gonçalo Gil Barbosa e Pero Vaz de Caminha. 
Entre os pilotos, que eram os verdadeiros navegadores, 
vinham Afonso Lopes e Pero Escobar. Diz a Crônica do 
Sereníssimo Rei D. Manuel I: 
 
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22 
 
 
A nau de Pedro Álvares Cabral em ilustração 
do Livro das Armadas que de Portugal passaram à Índia…. 
Desembarque de Cabral em Porto Seguro (estudo), 
óleo sobre tela, Oscar Pereira da Silva, 1904. Acervo 
do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. 
“ E, porque el Rei sempre foi mui inclinado 
às coisas que tocavam a nossa Santa fé católica, 
mandou nesta armada oito frades da ordem de S. 
Francisco, homens letrados, de que era Vigário frei 
Henrique, que depois foi confessor del Rei e Bispo 
de Ceuta, os quais como oito capelães e um 
vigário, ordenou que ficassem em Calecut, para 
administrarem os sacramentos aos portugueses e 
aos da terra se se quisessem converter à fé. ” 
Âncoras levantadas em Lisboa, a frota passou 
por São Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, em 16 de 
março. Tinham-se afastado da costa africana perto 
das Canárias, tocados pelos ventos alísios em direção ao 
ocidente. Em 21 de abril, da nau capitânia avistaram-se no 
mar, boiando, plantas. Mais tarde surgiram pássaros 
marítimos, sinais de terra próxima. Ao amanhecer de 22 de 
abril ouviu-se um grito de "terra à vista", pois se avistou o 
monte que Cabral batizou de Monte Pascoal, no litoral sul da 
atual Bahia. 
Ali aportaram as naus, discutindo-se até hoje se 
teria sido exatamente em Porto Seguro ou em Santa Cruz 
Cabrália (mais precisamente no ilhéu de Coroa Vermelha, 
no município de Santa Cruz Cabrália), e fizeram contato com 
os tupiniquins, indígenas pacíficos. A terra, a que os nativos 
chamavam Pindorama ("terra das palmeiras"), foi a princípio 
chamada pelos portugueses de Ilha de Vera Cruz e nela foi 
erguido um padrão (marco de posse em nome da Coroa 
Portuguesa). Mais tarde, a terra seria rebatizada como Terra 
de Santa Cruz e posteriormente Brasil. Estava situada 
5.000 km ao sul das terras descobertas por Cristóvão 
Colombo em 1492 e 1.400 quilômetros aquém da Linha de 
Tordesilhas. Sérgio Buarque de Holanda descreve, 
em História Geral da Civilização Brasileira: 
“ Tendo velejado para o norte, acharam dez 
léguas mais adiante um arrecife com porto dentro, 
muito seguro. No dia seguinte, sábado, entraram os 
navios no porto e ancoraram mais perto da terra. O 
lugar, que todos acharam deleitoso, proporcionava 
boa ancoragem e podia abrigar mais de 200 
embarcações. Alguma gente de bordo foi à terra, 
mas não pode entender a algaravia dos habitantes, 
diferente de todas as línguas conhecidas. ” 
 
Detalhe da A Primeira Missa no Brasil de Victor 
Meirelles (1861). 
 
No dia 26 de abril, um domingo (o de Pascoela), foi 
oficiada a primeira missa no solo brasileiro por frei Henrique 
Soares (ou frei Henrique de Coimbra), que pregou sobre o 
Evangelho do dia. Batizaram a terra como Ilha da Vera 
Cruz no dia 1 de maio e numa segunda missa Cabral tomou 
posse das terras em nome do rei de Portugal. No mesmo 
dia, os navios partiram, deixando na terra pelo menos dois 
degredados e dois grumetes que haviam fugido de bordo. 
Cabral partiu para a Índia pela via certa que sabia existir a 
partir da costa brasileira, isto é, cruzou outra vez o Oceano 
Atlântico e costeou a África. 
O rei D. Manuel I recebeu a notícia do 
descobrimento por cartas escritas por Mestre João, físico e 
cirurgião de D. Manuel e Pero Vaz de Caminha, semanas 
depois. Transportadas na nau de Gaspar de Lemos, as 
cartas descreviam de forma pormenorizada as condições 
geográficas e seus habitantes, desde então chamados 
de índios. Atento aos objetivos da Coroa na expansão 
marítima, Caminha informava ao rei: 
“ Nela até agora não podemos saber que 
haja ouro nem prata, nem alguma coisa de metal 
nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de 
muitos bons ares, assi frios e temperados como os 
d'antre Doiro e Minho, porque neste tempo de 
agora assi os achamos como os de lá; águas são 
muitas infindas e em tal maneira é graciosa, que 
querendo aproveitar-se dar-se-á nela tudo por bem 
das águas que tem; pero o melhor fruto que nela se 
pode fazer me parece que será salvar esta gente 
(…) boa e de boa simplicidade. ” 
Damião de Góis narra o descobrimento em sua 
língua renascentista: 
“ Navegando a loeste, aos xxiiij dias do mes 
Dabril viram terra, do que forão muito alegres, 
porque polo rumo em que jazia, vião não ser 
nenhuma das que até então eram descubertas. 
Padralures Cabral fez rosto para aquela banda & 
como forão bem à vista, mandou ao seu mestre que 
no esquife fosse a terra, o qual tornou logo com 
novas de ser muito fresca & viçosa, dizendo que 
vira andar gente baça & nua pela praia, de cabelo 
comprido & corredio, com arcos & frechas nas 
mãos, pelo que mandou alguns dos capitães que 
fossem com os bateis armados ver se isto era assi, 
os quaes sem sairem em terra tornaram à capitaina 
afirmando ser verdade o que o mestre dixera. 
Estando já sobrancora se alevantou de noite hum 
temporal, com que correram de longo da costa ate 
tomarem hum porto muito bom, onde Pedralures 
surgio com as outras naos & por ser tal lhe pos ”APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
23 
 
nome Porto Seguro. 
Além das cartas acima mencionadas, outro 
importante documento sobre o descobrimento do Brasil é 
o Relato do Piloto Anônimo. De início, a descoberta da nova 
terra foi mantida em sigilo pelo Rei de Portugal. O resto do 
mundo passou a conhecer o Brasil desde pelo menos 1507, 
quando a terra apareceu com o nome de América na carta 
(mapa) de Martin Waldseemüller, no qual está assinalado na 
costa o Porto Seguro. 
 
Expedições exploratórias 
Em 1501, uma grande expedição exploratória, a 
primeira frota de reconhecimento, com três naus, encontrou 
como recurso explorável apenas o pau-brasil, de madeira 
avermelhada e valiosa usada na tinturaria europeia, mas fez 
um levantamento da costa. Comandada por Gaspar de 
Lemos, a viagem teve início em 10 de maio de 1501 e 
findaria com o retorno a Lisboa em 7 de setembro de 1502, 
depois de percorrer a costa e dar nome aos principais 
acidentes geográficos. Sobre o comandante, podem ter sido 
D. Nuno Manuel, André Gonçalves, Fernão de Noronha, 
Gonçalo Coelho ou Gaspar de Lemos, sendo este último o 
nome mais aceito. Em 1501, no dia 1 de novembro, foi 
descoberta a Baía de Todos-os-Santos, na atual Bahia, local 
que mais tarde seria escolhido por D. João III para abrigar a 
sede da administração colonial. 
Alguns historiadores negam a hipótese de Gonçalo 
Coelho, que só teria partido de Lisboa em 1502. O Barão do 
Rio Branco, em suas Efemérides, fixa-se em André 
Gonçalves, que é a versão mais comumente aceita. Mas 
André Gonçalves fazia parte da armada de Cabral, que 
retornou a Lisboa quando a expedição de 1501 já partira 
para o Brasil e com ela cruzou na altura do arquipélago de 
Cabo Verde. 
 
Detalhe do mapa "Terra Brasilis" (Atlas 
Miller, 1519), actualmente na Biblioteca Nacional de 
França. 
 
Assim, diversos historiadores optam por Gaspar de 
Lemos, que entre junho e julho de 1500 havia chegado a 
Portugal com a notícia do descobrimento. 
O florentino Américo Vespúcio vinha como piloto na frota (e 
por seu nome seria batizado todo o continente, mais tarde). 
Depois de 67 dias de viagem, em 16 de agosto, a frota 
alcançou o que hoje é o Cabo de São Roque (Paraíba) e, 
segundo Câmara Cascudo, ali plantou o marco de posse 
mais antigo do Brasil. Houve, na ocasião, contatos entre 
portugueses e os índios potiguaras. 
Ao longo das expedições, os portugueses 
costumavam batizar os acidentes geográficos segundo o 
calendário com os nomes dos santos dos dias, ignorando os 
nomes locais dados pelos nativos. Em 1 de novembro (Dia 
de Todos os Santos), chegaram à Baía de Todos-os-Santos, 
em 21 de dezembro (dia de São Tomé) ao Cabo de São 
Tomé, em 1 de janeiro de 1502 à Baía da Guanabara (por 
isso batizada de "Rio de Janeiro") e no dia 6 de janeiro (Dia 
de Reis) à angra (baía) batizada como Angra dos Reis. 
Outros lugares descobertos foram a foz do rio São 
Francisco e o Cabo Frio, entre vários. As três naus que 
chegaram à Guanabara eram comandadas por Gonçalo 
Coelho, e nela vinha Vespúcio. Tomando a estreita entrada 
da barra pela foz de um rio, chamaram-na Rio de Janeiro, 
nome que se estendeu à cidade de São Sebastião que ali se 
ergueria mais tarde. 
Em 1503 houve nova expedição, desta vez 
comandada (sem controvérsias) por Gonçalo Coelho, sem 
ser estabelecido qualquer assentamento ou feitoria. Foi 
organizada em função um contrato do rei com um grupo de 
comerciantes de Lisboa para extrair o pau-brasil. Trazia 
novamente Vespúcio e seis navios. Partiu em maio de 
Lisboa, esteve em agosto na ilha de Fernando de Noronha e 
ali afundou a nau capitânia, dispersando-se a armada. 
Vespúcio pode ter ido para a Bahia, passado seis meses em 
Cabo Frio, onde fez entrada de 40 léguas terra adentro. Ali 
teria deixado 24 homens com mantimentos para seis meses. 
Coelho, ao que parece, esteve recolhido na região onde se 
fundaria depois a cidade do Rio de Janeiro, possivelmente 
durante dois ou três anos. 
Nessa ocasião, Vespúcio, a serviço de Portugal, 
retornou ao maior porto natural da costa brasileira, a Baía de 
Todos-os-Santos. Durante as três primeiras décadas, o 
litoral baiano, com suas inúmeras enseadas, serviu 
fundamentalmente como apoio à rota da Índia, 
cujo comércio de produtos de luxo –
 seda, tapetes, porcelana e especiarias – era mais vantajoso 
que os produtos oferecidos pela nova colônia. Nos pequenos 
e grandes portos naturais baianos, em especial no de Todos 
os Santos, as frotas se abasteciam de água e de lenha e 
aproveitavam para fazer pequenos reparos. 
No Rio de Janeiro, alguns navios aportaram no 
local que os índios chamavam de Uruçu-Mirim, a atual praia 
do Flamengo. Junto à foz do rio Carioca (outrora abundante 
fonte de água doce) foram erguidas uma casa de pedra e 
um arraial, deixando-se no local degredados e galinhas. A 
construção inspirou o nome que os índios deram ao local 
(cari-oca, "casa dos brancos"), que passaria a ser 
o gentílico da cidade do Rio. O arraial, no entanto, foi logo 
destruído. Outras esquadras passariam pela Guanabara: a 
de Cristóvão Jacques, em 1516; a de Fernão de 
Magalhães (que chamou o local de Baía de Santa Luzia), 
em 1519, na primeira circunavegação do mundo; outra vez a 
de Jacques, em 1526, e a de Martim Afonso de Sousa, 
em 1531. 
Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter 
ocorrido, já que desde 1504 são assinaladas atividades 
de corsários. Holanda, em Raízes do Brasil, cita o capitão 
francês Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que 
permaneceu seis meses no litoral de Santa Catarina. A 
atividade de navegadores não-portugueses se 
inspirava doutrina da liberdade dos mares, expressada 
por Hugo Grotius em Mare liberum, base da reação europeia 
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24 
 
contra Espanha e Portugal, gerando pirataria alargada pelos 
mares do planeta. 
 
Extração de pau-brasil 
 
Derrubada do pau-brasil em ilustração 
da Cosmografia Universal de André Thevet, 1575. 
 
O pau-brasil ou pau-de-pernambuco (que os 
índios tupis chamavam de ibirapitanga) era a principal 
riqueza de crescente demanda na Europa. Estima-se que 
havia, na época do descobrimento, mais de 70 milhões de 
árvores do tipo, abundando numa faixa de 18 km do litoral 
do Rio Grande do Norte até a Guanabara. Quase todas 
foram derrubadas e levadas para aquele continente. A 
extração foi tanta que atualmente a espécie é protegida para 
não sofrer extinção. Pernambuco, Porto Seguro e Cabo 
Frio eram as regiões de maior concentração do produto, e 
por isso contavam as três com feitorias portuguesas. 
Pernambuco tinha a madeira mais cobiçada no Velho 
Mundo, o que explica o fato de a árvore do pau-brasil ter 
como principal nome "pernambuco" em idiomas como 
o francês e o italiano. 
Para explorar a madeira, a Coroa adotou a política 
de oferecer a particulares, em geral cristãos-novos, 
concessões de exploração do pau-brasil mediante certas 
condições: os concessionários deveriam mandar seus 
navios descobrirem 300 léguas de terra, instalar fortalezas 
nas terras que descobrissem, mantendo-as por três anos; do 
que levassem para o Reino, nada pagariam no primeiro ano, 
no segundo pagariam um sexto e no terceiro um quinto. Os 
navios ancoravam na costa, algumas dezenas de 
marinheiros desembarcavam e recrutavam índios para 
trabalhar no corte e carregamento das toras, em troca de 
pequenas mercadorias como roupas, colares 
e espelhos (prática chamada de "escambo"). Cada nau 
carregava em média cinco mil toras de 1,5 metro de 
comprimento e 30 quilogramas de peso. 
Em 1503, toda a terra do Brasil foi arrendada pela 
coroaa Fernão de Noronha (ou Loronha), e outros cristãos-
novos, produzindo 20 mil quintais de madeira vermelha. 
Segundo Capistrano de Abreu, em Capítulos da História 
Colonial, cada quintal era vendido em Lisboa por 
21/3 ducados, mas levá-lo até lá custava apenas meio 
ducado. Os arrendatários pagavam 4 mil ducados à Coroa. 
Comerciantes de Lisboa e do Porto enviavam 
embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, 
aves de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, 
raízes medicinais e índios para escravizar. Surgiram, assim, 
as primeiras feitorias. O náufrago Diogo Álvares, 
o Caramuru, estabeleceu-se desde 1510 na barra da Baía 
de Todos-os-Santos, onde negociava com barcos 
portugueses e estrangeiros. Outra feitoria foi chamada de 
Aldeia Velha de Santa Cruz, próxima ao local da descoberta. 
Além dos portugueses, seus rivais europeus, 
principalmente franceses, passaram a frequentar a costa 
brasileira para contrabandear a madeira e capturar índios. 
Os franceses contrabandearam muito pau-brasil no litoral 
norte, entre a foz do rio Real e a Baía de Todos-os-Santos, 
mas não chegaram a estabelecer feitoria. Outro ponto de 
contrabando, sobretudo no século XVII, foi o Morro de São 
Paulo (Bahia). Até que Portugal estabelecesse o sistema 
de capitanias hereditárias, a presença mais constante na 
terra era dos franceses. Estimulados por seu rei, corsários 
passam a frequentar a Guanabara à procura de pau-brasil e 
outros produtos. Ganharam a simpatia dos índios tamoios, 
que a eles se aliaram durante décadas contra os 
portugueses. 
Portugal, verificando que o litoral era visitado por 
corsários e aventureiros estrangeiros, resolveu enviar 
expedições militares para defender a terra. Foram 
denominadas expedições guarda-costas, sendo mais 
marcantes as duas comandadas por Cristóvão Jacques, de 
1516-1519 e 1526-1528. Suas expedições tinham caráter 
basicamente militar, com missão de aprisionar os navios 
franceses que, sem pagar tributos à coroa, retiravam 
grandes quantidades do pau-brasil. A iniciativa teve poucos 
resultados práticos, considerando a imensa extensão do 
litoral e, como solução, Jacques sugeriu à Coroa dar início 
ao povoamento. 
A expedição enviada em 1530 sob a chefia 
de Martim Afonso de Sousa tinha por objetivos explorar 
melhor a costa, expulsar os franceses que rondavam o sul e 
as cercanias do Rio de Janeiro, e estabelecer núcleos de 
colonização ou feitorias, como a estabelecida em Cabo Frio. 
Martim Afonso doou as primeiras sesmarias do Brasil. Foram 
fundados por esta expedição os núcleos de São 
Vicente e São Paulo, onde o português João Ramalho vivia 
como náufrago desde 1508 e casara-se com a índia Bartira, 
filha do cacique Tibiriçá. Em São Vicente foi feita em 1532 a 
primeira eleição no continente americano e instalada a 
primeira Câmara Municipal e a primeira vila do Brasil. A 
presença de Ramalho, que ajudava no contato com os 
nativos e instalara-se na aldeia de Piratininga, foi o que 
inspirou Martim Afonso a instalar a vila de São Vicente perto 
do núcleo que viria a ser São Paulo. 
A mais polêmica expedição seria a de Francisco de 
Orellana que, em 1535, penetrando pela foz do rio Orinoco e 
subindo-o, descreve que numa única viagem, em meio de 
um incrível emaranhado de rios e afluentes amazônicos, 
teria encontrado o rio Cachequerique, raríssima e incomum 
captura fluvial que une o rio Orinoco aos 
rios Negro e Amazonas. 
 
Administração colonial 
Capitanias do Mar (1516-1532) 
 
A administração das terras ultramarinas, que a 
princípio foi arrendada a Fernão de Noronha, agente da 
Casa Fugger (1503-1511), ficou a cargo direto da Coroa, 
que não conseguia conter as frequentes incursões de 
franceses na nova terra. Por isso, em 1516, D. Manuel I e 
seu Conselho criam nos Açores e na Madeira as chamadas 
«capitanias do mar», por analogia com as estabelecidas 
no Oceano Índico. O objetivo fundamental era garantir o 
monopólio da navegação e a política do mare clausum (mar 
fechado). De dois em dois anos, o capitão do mar partia com 
navios para realizar um cruzeiro de inspeção no litoral, 
defendendo-o das incursões francesas ou castelhanas. No 
Brasil, teriam visitado quatro armadas. 
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25 
 
As armadas de Jacques assinaram-se com 
insistência no rio da Prata. Também em 1516 ocorre a 
primeira tentativa de colonização metódica e aproveitamento 
da terra com base na plantação da cana (levada de Cabo 
Verde) e na fabricação do açúcar. Já devia ter havido 
algumas tentativas de capitanias e estabelecimentos em 
terra, pois em 15 de julho de 1526 o rei D. Manuel I 
autorizou Pedro Capico, "capitão de uma capitania do 
Brasil", a regressar a Portugal porque "lhe era acabado o 
tempo de sua capitania". A Capico, que era técnico de 
administração colonial, tinha sido confiada a Feitoria de 
Itamaracá, no atual estado de Pernambuco. 
Roberto Simonsen (em História Econômica do 
Brasil, pág.120) comenta: 
“ Na terra de Santa Cruz, o valor e as 
possibilidades de comércio não justificavam (…) 
organizações da mesma importância» que as 
feitorias de Portugal na África. «Mesmo assim, 
foram instaladas, quer pelos concessionários do 
comércio do pau-brasil, quer pelo próprio governo 
português, várias feitorias, postos de resgate onde 
se concentravam, sob o abrigo de fortificações 
primitivas, os artigos da terra que as naus vinham 
buscar. São por demais deficientes até hoje as 
notícias sobre estas feitorias, Igaraçu, Itamaracá, 
Bahia, Porto Seguro, Cabro Frio, São Vicente e 
outras intermediárias, que desapareciam, ora 
esmagadas pelo gentio, ora conquistadas pelos 
franceses. Mas o próprio comércio do pau-brasil é 
uma demonstração de sua existência, e as notícias 
sobre a década anterior, de 1530, salientam a 
preocupação do Governo português de defendê-
las.» Eram assim postos de resgate de caráter 
temporário, estabelecimentos efêmeros, assolados 
por entrelopos e corsários franceses, por 
selvagens. Por muitos anos cessará todo o 
interesse de Portugal pelo Brasil. O Brasil ficou ao 
acaso… Colonizar a nova terra seria dispendioso, 
sem lucro imediato. Portugal, no auge de sua 
técnica de navegação, de posse de feitorias 
fincadas em vastíssimas costas de oceanos, não 
tinha recursos humanos, com uma população 
estimada em um milhão de habitantes. Impunha-se 
uma atitude predominantemente fiscal. Havia o 
quê? Havia macacos, papagaios, selvagens nus e 
primitivos. Mas havia pau-brasil… ” 
João Ribeiro (em História do Brasil) diz que 
“ ... depois das primeiras explorações, as 
terras do Brasil tornaram-se constante teatro da 
pirataria universal. Especuladores franceses, 
alemães, judeus e espanhóis aqui aportam, 
comerciam com o gentio ou seelvajam-se e com 
eles convivem em igual barbaria. Os navegadores 
de todos os pontos aqui se aprovisionam ou se 
abrigam das tempestades. Aventureiros aqui 
desembarcam, e vivem à ventura, na companhia de 
degredados e foragidos. O que procura a corte 
portuguesa de D. Manuel I são as riquezas do 
Oriente, e se alguma expedição aqui toca e se 
demora, (....) não é o Brasil que as atrai mas ainda 
a fascinação do Oriente. ” 
Capitanias hereditárias (1532-1549) 
 
As capitanias hereditárias 
 
A apatia só iria cessar quando D. João III ascendeu 
ao trono. Na década de 1530, Portugal começava a perder a 
hegemonia do comércio na África Ocidental e no Índico. 
Circulavam insistentes notícias da descoberta de ouro e de 
prata na América Espanhola. Então, em 1532, o rei decidiu 
ocupar as terras pelo regime de capitanias, mas num 
sistema hereditário, pelo qual a exploração passaria a ser 
direito de família. O capitão e governador, títulos concedidosao donatário, teria amplos poderes, dentre os quais o de 
fundar povoamentos (vilas e cidades), conceder sesmarias e 
administrar a justiça. O sistema de capitanias 
hereditárias implicava na divisão de terras vastíssimas, 
doadas a capitães-donatários que seriam responsáveis por 
seu controle e desenvolvimento, e por arcar com as 
despesas de colonização. Foram doadas aos que 
possuíssem condições financeiras para custear a empresa 
da colonização, e estes eram principalmente "membros da 
burocracia estatal" e "militares e navegadores ligados à 
conquista da Índia" (segundo Eduardo Bueno em "História 
de Brasil"). De acordo com o mesmo autor, a sugestão teria 
sido dada ao rei por Diogo de Gouveia, ilustre humanista 
português, e respondia a uma "absoluta falta de interesse da 
alta nobreza lusitana" nas terras americanas. 
Foram criadas, nesta divisão, quinze faixas 
longitudinais de diferentes larguras que iam de acidentes 
geográficos no litoral até o Meridiano das Tordesilhas, e 
foram oferecidas a doze donatários. Destes, quatro nunca 
foram ao Brasil; três faleceram pouco depois; três 
retornaram a Portugal; um foi preso por heresia (Tourinho) e 
apenas dois se dedicam à colonização (Duarte 
Coelho na Capitania de Pernambuco e Martim Afonso de 
Sousa na Capitania de São Vicente). 
Das quinze capitanias originais, apenas as 
capitanias de Pernambuco e de São Vicente prosperaram. 
As terras brasileiras ficavam a dois meses de viagem 
de Portugal. Além disso, as notícias das novas terras não 
eram muito animadoras: na viagem, além do medo de 
"monstros" que habitariam o oceano (na superstição 
europeia), tempestades eram frequentes; nas novas terras, 
florestas gigantescas e impenetráveis, povos antropófagos e 
não havia nenhuma riqueza mineral ainda descoberta. 
Em 1536, chegou o donatário da capitania da Baía de Todos 
os Santos, Francisco Pereira Coutinho, que fundou o Arraial 
do Pereira, na futura cidade do Salvador, mas se revelou 
mau administrador e foi morto pelos tupinambás. Tampouco 
tiveram maior sucesso as capitanias dos Ilhéus e do Espírito 
Santo, devastadas por aimorés e tupiniquins. 
 
Governo-Geral (1549-1580) 
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Tomé de Sousa 
 
Tomé de Sousa 
 
Após o fracasso do projeto de capitanias, o rei João 
III unificou as capitanias sob um Governo-Geral do Brasil e 
em 7 de janeiro de 1549 nomeou Tomé de Sousa para 
assumir o cargo de governador-geral. A expedição do 
primeiro governador chegou ao Brasil em 29 de março do 
mesmo ano, com ordens para fundar uma cidade para 
abrigar a sede da administração colonial. O local escolhido 
foi a Baía de Todos-os-Santos e a cidade foi chamada 
de São Salvador da Baía de Todos os Santos. A excelente 
posição geográfica entre as capitanias de Pernambuco e 
São Vicente e num ponto mais ou menos equidistante das 
extremidades do território, as favoráveis condições de 
assentamento e defesa, o clima quente e o solo fértil fizeram 
com que o rei decidisse reverter a capitania para a Coroa 
(expropriando-a do donatário Pereira Coutinho). As tarefas 
de Tomé de Sousa eram tornar efetiva a guarda da costa, 
auxiliar os donatários, organizar a ordem política e jurídica 
na colônia. O governador organizou a vida municipal, e 
sobretudo a produção açucareira: distribuiu terras e mandou 
abrir estradas, além de fazer construir um estaleiro. 
Desse modo, o Governo-Geral centralizou a 
administração colonial, subordinando as capitanias a um 
só governador-geral que tornasse mais rápido o processo de 
colonização. Em 1548, elaborou-se o Regimento do 
Governador-Geral, que regulamentava o trabalho do 
governador e de seus principais auxiliares - o ouvidor-
mor (Justiça), o provedor-mor (Fazenda) e o capitão-
mor (Defesa). O governador também levou ao Brasil os 
primeiros missionários católicos, da ordem dos jesuítas, 
como o padre Manuel da Nóbrega. Por ordens suas, ainda, 
foram introduzidas na colônia as primeiras cabeças de gado, 
de novilhos levados de Cabo Verde. Ao chegar à Bahia, 
Tomé de Sousa encontrou o velho Arraial do Pereira com 
seus moradores, e mudaram o nome do local para Vila 
Velha. Também moravam nos arredores o náufrago Diogo 
Álvares "Caramuru" e sua esposa Paraguaçu (batizada 
como Catarina), perto da capela de Nossa Senhora das 
Graças (hoje o bairro da Graça, em Salvador). Consta que 
Tomé de Sousa teria pessoalmente ajudado a construir as 
casas e a carregar pedras e madeiras para construção da 
capela de Nossa Senhora da Conceição da Praia, uma das 
primeiras igrejas erguidas no Brasil. Tomé de Souza visitou 
as capitanias do sul do Brasil, e, em 1553, criou a Vila 
de Santo André da Borda do Campo, transferida em 1560 
para o Pátio do Colégio dando origem à cidade de São 
Paulo. 
 
Duarte da Costa 
 
Esquema do ataque de Mem de Sá aos 
franceses na baía de Guanabara, em 1560. Autoria 
desconhecida, 1567. 
 
Em 1553, a pedidos, Tomé de Sousa foi exonerado 
do cargo e substituído por Duarte da Costa, fidalgo 
e senador nas Cortes de Lisboa. Em sua expedição foram 
também 260 pessoas, incluindo seu filho, Álvaro da Costa, e 
o então noviço José de Anchieta, jesuíta basco que seria o 
pioneiro na catequese dos nativos americanos. A 
administração de Duarte foi conturbada. Já de início, a 
intenção de Álvaro em escravizar os indígenas, incluindo os 
catequizados, esbarrou na impertinência de Dom Pero 
Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. O governador 
interveio a favor do filho e autorizou a captura de indígenas 
para uso em trabalho escravo. Disposto a levar as queixas 
pessoalmente ao rei de Portugal, Sardinha partiu para 
Lisboa em 1556 mas naufragou na costa de Alagoas e 
acabou devorado pelos caetés antropófagos. 
Durante o governo de Duarte da Costa, uma 
expedição de protestantes franceses se instalou 
permanentemente na Guanabara e fundou a colônia 
da França Antártica. Ultrajada, a Câmara Municipal da Bahia 
apelou à Coroa pela substituição do governador. Em 1556, 
Duarte foi exonerado, voltou a Lisboa e em seu lugar foi 
enviado Mem de Sá, com a missão de retomar a posse 
portuguesa do litoral sul. 
Mem de Sá 
O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá (1558-
1572), deu continuidade à política de concessão 
de sesmarias aos colonos e montou ele próprio um engenho, 
às margens do rio Sergipe, que mais tarde viria a pertencer 
ao conde de Linhares (Engenho de Sergipe do Conde). Para 
enfrentar os colonos franceses estabelecidos na França 
Antártica, aliados aos tamoios na baía de Guanabara, Mem 
de Sá aliou-se aos Temiminós do cacique Arariboia. O seu 
sobrinho, Estácio de Sá, comandou a retomada da região e 
fundou a cidade do Rio de Janeiro a 20 de Janeiro de 1565, 
dia de São Sebastião. 
 
União Ibérica (1580-1640) 
 
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Ilustração de uma bandeira por Almeida 
Júnior: Estudo p/ Partida da Monção, 1897. Acervo Artístico-
Cultural dos Palácios do Governo do Estado de S. Paulo. 
 
Com o desaparecimento de D.Sebastião e 
posteriormente a morte de D. Henrique I, Portugal ficou 
sob união pessoal com a Espanha, e foi governada pelos 
três reis Filipes (Filipe II, Filipe III e Filipe IV, dos quais se 
subtrai um número quando referentes a Portugal e ao 
Brasil). Isso virtualmente acabou com a linha divisória do 
meridiano das Tordesilhas e permitiu que o Brasil se 
expandisse para o oeste. 
Várias expedições exploratórias do interior 
(chamado de "os sertões") foram organizadas, fosse sob 
ordens diretas da Coroa ("entradas") ou por caçadores de 
escravos paulistas ("bandeiras",donde o nome 
"bandeirantes"). Estas expedições duravam anos e tinham o 
objetivo principalmente de capturar índios como escravos e 
encontrar pedras preciosas e metais valiosos, como ouro e 
prata. Foram bandeirantes famosos, entre outros, Fernão 
Dias Paes Leme, Bartolomeu Bueno da 
Silva (Anhanguera), Raposo Tavares, Domingos Jorge 
Velho, Borba Gato e Antônio Azevedo. 
A União Ibérica também colocou o Brasil em conflito 
com potências europeias que eram amigas de Portugal mas 
inimigas da Espanha, como a Inglaterra e a Holanda. A 
Capitania de Pernambuco, mais rica de todas as possessões 
portuguesas, tornou-se então um alvo cobiçado. Já em 
1595, durante a Guerra Anglo-Espanhola, o almirante 
inglês James Lancaster tomou de assalto o porto do Recife, 
onde permaneceu por quase um mês saqueando as 
riquezas transportadas do interior, no episódio conhecido 
como Captura do Recife, única expedição de corso da 
Inglaterra que teve como objetivo principal o Brasil, e que 
representou o mais rico butim da história da navegação de 
corso do período elisabetano. A Holanda, por sua 
vez, atacou e invadiu extensas faixas do litoral nordestino, 
fixando-se principalmente em Pernambuco por vinte e quatro 
anos. 
 
Estado do Maranhão e Estado do Brasil (1621-
1755) 
 
Das mudanças administrativas durante o domínio 
espanhol, a mais importante sucedeu em 1621, com a 
divisão da colônia em duas administrações independentes: 
o Estado do Brasil, que abrangia de Pernambuco à atual 
Santa Catarina, e o Estado do Maranhão, do atual Ceará à 
Amazônia. A razão se baseava no destacado papel 
assumido pelo Maranhão como ponto de apoio e de partida 
para a colonização do norte e nordeste. O Maranhão tinha 
por capital São Luís, e o Estado do Brasil sua capital em 
Salvador. Nestes dois estados, os súditos eram cidadãos 
portugueses (chamados de "portugueses do Brasil") e 
sujeitos aos mesmos direitos e deveres, e as mesmas leis as 
quais estavam submetidos os residentes em Portugal, entre 
elas, as Ordenações manuelinas e as Ordenações filipinas. 
Quando o rei Filipe III (IV da Espanha) separou o 
Brasil e o Maranhão, passaram a existir três capitanias reais: 
Maranhão, Ceará e Grão-Pará, e seis capitanias 
hereditárias. Em 1737, com sua sede transferida 
para Belém, o Maranhão passou a ser chamado de Grão-
Pará e Maranhão. Tal instalação era efeito do isolamento do 
extremo norte do Estado do Brasil, pois o regime de ventos 
impedia durante meses as comunicações entre São Luís e a 
Bahia. No século XVII, o Estado do Brasil se estendia do 
atual Pará até o Rio Grande do Norte e deste até Santa 
Catarina, e no século XVIII já estariam incorporados o Rio 
Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul e as regiões 
mineiras e parte da Amazônia. O Estado do Maranhão foi 
extinto na época de Marquês de Pombal. 
 
Invasão holandesa (1630-1654) 
 
Olinda, então o local mais rico do Brasil Colônia, foi 
incendiada, destruída e saqueada pelos holandeses, que 
escolheram o Recife como a capital da Nova Holanda. A 
gravura neerlandesa mostra o cerco a Olinda em 1630. 
 
Recife foi a mais cosmopolita cidade 
da América durante o governo do conde alemão (a serviço 
da coroa holandesa) Maurício de Nassau. Na imagem 
o Palácio de Friburgo, residência de Nassau demolida no 
século XVIII. 
 
A invasão holandesa no Nordeste brasileiro foi um 
importante capítulo da Guerra Luso-Holandesa. Em 1630, 
a Capitania de Pernambuco foi invadida pela Companhia 
das Índias Ocidentais. Por ocasião da União Ibérica (1580-
1640), a Holanda, antes dominada pela Espanha tendo 
depois conseguido sua independência através da força, vê 
em Pernambuco a oportunidade para impor um duro golpe 
no reino de Filipe IV, ao mesmo tempo em que tiraria o 
prejuízo do fracasso na Bahia, uma vez que Pernambuco 
era o maior produtor de açúcar do Brasil Colônia. 
Em 26 de dezembro de 1629 partia de Cabo Verde 
em direção a Pernambuco uma poderosa esquadra com 67 
navios e cerca de 7 mil homens, a maior já vista na colônia, 
sob o comando do almirante Hendrick Lonck. Os 
holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, 
conquistaram a capitania em fevereiro de 1630 e 
estabeleceram a colônia Nova Holanda. A frágil resistência 
portuguesa na passagem do Rio Doce foi derrotada, e os 
holandeses invadiram sem grandes contratempos Olinda. Os 
moradores, em pânico, fugiram levando o que puderam. 
Alguns bolsões de contenção foram eliminados, destacando-
se a brava luta do capitão André Temudo em defesa da 
Igreja da Misericórdia. Em poucos dias, Olinda e o seu porto, 
Recife, foram tomados. 
O conde Maurício de Nassau desembarcou 
na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado 
por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto 
começa a construção de Mauritsstad (atual Recife), que foi 
dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições 
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geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável 
pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o Palácio 
de Friburgo, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, 
que tinha um observatório astronômico — o primeiro 
do Hemisfério Sul —, e abrigou o primeiro farol e o 
primeiro jardim zoobotânico do continente americano. Em 28 
de fevereiro de 1643 o Recife (atualmente o bairro do 
Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da 
primeira ponte de grande porte da América Latina. Durante o 
governo de Nassau, Recife foi considerada a mais 
cosmopolita cidade da América, e tinha a maior comunidade 
judaica de todo o continente, que construiu, à época, a 
primeira sinagoga do Novo Mundo, a Kahal Zur Israel, bem 
como a segunda, a Maguen Abraham. Na Nova Holanda 
foram cunhadas as primeiras moedas em solo brasileiro: os 
florins (ouro) e os soldos (prata), que continham a palavra 
Brasil. 
Por diversos motivos, sendo um dos mais 
importantes a exoneração de Maurício de Nassau do 
governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias 
Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o 
governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, 
num movimento denominado Insurreição Pernambucana. 
 
Insurreição Pernambucana (1645-1654) 
 
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos 
na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem 
do Exército Brasileiro. 
Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de 
São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram 
compromisso para lutar contra o domínio holandês na 
capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque 
à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos 
insurretos se deu no Monte das Tabocas (hoje localizado no 
município de Vitória de Santo Antão), onde 1.200 insurretos 
mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e 
flechas derrotaram numa emboscada 1.900 holandeses bem 
armados e bem treinados. O sucesso deu ao líder Antônio 
Dias Cardoso o apelido de Mestre das Emboscadas. Os 
holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, 
sendo novamente derrotados pela aliança dos 
mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram 
novamente para as fortificações em Cabo de Santo 
Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto 
Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados 
pelos insurretos. 
Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que 
ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife 
a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta 
de alimentos, o que os levou a atacar plantações 
de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e 
Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a 
famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas 
armadas de utensílios agrícolase armas leves expulsaram 
os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. 
Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante 
participação militar da mulher na defesa do território 
brasileiro. 
Com a chegada gradativa de reforços portugueses, 
os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na 
segunda Batalha dos Guararapes. A data da primeira das 
Batalhas dos Guararapes é considerada a origem 
do Exército Brasileiro. 
Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam 
um prazo de três meses para partir ou se converter ao 
catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase 
todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16 
navios. Parte da comunidade judaica expulsa de 
Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se 
estabeleceu em Nova York. Através deste último grupo 
a Ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados 
Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e 
descendentes de judeus egressos do Recife tiveram 
participação ativa na história estadunidense: Gershom 
Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra de 
Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin 
Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova 
York; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados 
Unidos ligado a Franklin Roosevelt; entre outros. 
Devido à Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, 
a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no 
Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a Holanda 
exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça 
de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal firma 
acordo com os holandeses e os indeniza com 4 milhões de 
cruzados e duas colônias: o Ceilão (atual Sri Lanka) e 
as ilhas Molucas (parte da atual Indonésia). Em 6 de agosto 
de 1661, a Holanda cede formalmente a região ao Império 
Português através da Paz de Haia. 
 
Economia colonial 
O Ciclo da Cana-de-Açúcar 
 
A economia da colônia, iniciada com o puro 
extrativismo de pau-brasil e o escambo entre os colonos e 
os índios, gradualmente passou à produção local, com o 
cultivo da cana-de-açúcar. Pernambuco foi o primeiro núcleo 
econômico do Brasil Colonial, uma vez que se destacou na 
extração do pau-brasil (a madeira pernambucana regulava o 
preço no comércio europeu) e foi a primeira capitania onde a 
cultura da cana-de-açúcar desenvolveu-se efetivamente. 
O engenho de açúcar constituiu a peça principal 
do mercantilismo português, organizado em grandes 
propriedades. Estas, como se chamou mais tarde, 
eram latifúndios, caracterizados por terras extensas, 
abundante mão-de-obra escrava, técnicas complexas e 
baixa produtividade. 
 
Navio negreiro ilustrando o livro Voyage pittoresque 
dans le Brésil, 1835, de Rugendas. 
 
Para sustentar a produção de cana-de-açúcar, os 
portugueses começaram, a partir de meados do século XVI, 
a importar africanos como escravos. Eles eram pessoas 
capturadas entre tribos das feitorias europeias na África (às 
vezes com a conivência de chefes locais de tribos rivais) e 
atravessados no Atlântico nos navios negreiros, em 
péssimas condições de asseio e saúde. Ao chegarem à 
América, essas pessoas eram comercializadas como 
mercadoria e obrigadas a trabalhar nas plantações e casas 
dos colonizadores. Dentro das fazendas, viviam 
aprisionados em galpões rústicos chamados de senzalas, e 
seus filhos também eram escravizados, perpetuando a 
situação pelas gerações seguintes. 
Nas feitorias, os mercadores portugueses vendiam 
principalmente armas de fogo, tecidos, utensílios de ferro, 
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aguardente e tabaco, adquirindo escravos, pimenta, marfim 
e outros produtos. 
Até meados do século XVI, os portugueses 
possuíam o monopólio do tráfico de escravos. Depois disso, 
mercadores franceses, holandeses e ingleses também 
entraram no negócio, enfraquecendo a participação 
portuguesa. 
“ O Brasil nasceu e cresceu econômica e 
socialmente com o açúcar, entre os dias venturosos 
do pau-de-tinta e antes de as minas e o café o 
terem ultrapassado. Efetivamente, o açúcar foi base 
na formação da sociedade e na forma de família. A 
casa de engenho foi modelo da fazenda de cacau, 
da fazenda de café, da estância. Foi base de um 
complexo sociocultural de vida. ” 
Em 1549, Pernambuco já possuía trinta engenhos-
banguê, a Bahia, dezoito, e São Vicente, dois. A lavoura da 
cana-de-açúcar era próspera e, meio século depois, a 
distribuição dos engenhos de açúcar perfazia um total de 
256. Houve ainda engenhos na capitania do Rio de Janeiro 
que cobriam cem léguas e, assim como na capitania de São 
Vicente, couberam a Martim Afonso de Sousa. Este 
receberia o apoio de João Ramalho e de seu sogro Tibiriçá. 
Em São Sebastião do Rio de Janeiro funcionava o engenho 
de Rodrigo de Freitas, nas margens da lagoa que hoje leva 
seu nome. Ao entrar o século XVII, o açúcar brasileiro era 
produto de importação nos portos de 
Lisboa, Antuérpia, Amsterdã, Roterdã, Hamburgo. Sua 
produção, muito superior à das ilhas portuguesas no 
Atlântico, supria quase toda a Europa. Discorrendo sobre o 
centro da economia colonial, o padre Fernão Cardim disse 
que em «Pernambuco se acha mais vaidade que em 
Lisboa», opulência que parecia decorrer, como 
sugere Gabriel Soares de Sousa em 1587, do fato de, então, 
ser a capitania «tão poderosa (...) que há nela mais de cem 
homens que têm de mil até cinco mil cruzados de renda, e 
alguns de oito, dez mil cruzados. Desta terra saíram muitos 
homens ricos para estes reinos que foram a ela muito 
pobres». Soares de Sousa também comentava o luxo 
reinante na Bahia e Cardim exaltava suas capelas 
magníficas, os objetos de prata, as lautas refeições em louça 
da Índia, que servia de lastro nos navios: «Parecem uns 
condes e gastam muito», reclamava o padre. 
Em meados do século XVII, o açúcar produzido 
nas Antilhas Holandesas começou a concorrer fortemente na 
Europa com o açúcar do Brasil. Os holandeses tinham 
aperfeiçoado a técnica, com a experiência adquirida no 
Brasil, e contavam com um desenvolvido esquema de 
transporte e distribuição do açúcar em toda a Europa. 
Portugal foi obrigado a recorrer à Inglaterra e assinar 
diversos tratados que afetariam a economia da colônia. 
Em 1642, Portugal concedeu à Inglaterra a posição de 
"nação mais favorecida" e os comerciantes ingleses 
passaram a ter maior acesso ao comércio colonial. 
Em 1654 Portugal aumentou os direitos ingleses, 
que poderiam negociar diretamente vários produtos do Brasil 
com Portugal e vice-versa, excetuando-se alguns produtos 
como bacalhau, vinho, pau-brasil. Em 1661 a Inglaterra se 
comprometeu a defender Portugal e suas colônias em troca 
de dois milhões de cruzados, obtendo ainda as possessões 
de Tânger e Bombaim. Em 1703 Portugal se comprometeu a 
admitir no reino os panos dos lanifícios ingleses, e a 
Inglaterra, em troca, a comprar vinhos portugueses. Data da 
época o famosíssimo Tratado de Methuen, do nome de seu 
negociador inglês, ou tratado dos Panos e Vinhos. Na 
época, satisfazia os interesses dos grupos dominantes 
mas teria como consequência a paralisação da 
industrialização em Portugal, canalizando para a 
Inglaterra o ouro que acabava de ser descoberto no 
Brasil. 
 
Formação do estado brasileiro (em verde escuro) e 
dos países sul-americanos desde 1700. 
 
Carlos Julião: Mineração de diamantes, Minas 
Gerais, c. 1770. 
 
No nordeste brasileiro se encontrava a pecuária, 
tão importante para o domínio do interior, já que eram 
proibidos rebanhos de gado nas fazendas litorâneas, cuja 
terra de massapê era ideal para o açúcar. 
A conquista do sertão, povoado por diversos 
grupos indígenas foi lenta ese deveu muito à pecuária (o 
gado avançou ao longo dos vales dos rios) e, muito mais 
tarde, às expedições dos Bandeirantes que vinham prear 
índios para levar para São Paulo. 
O Ciclo do Ouro 
 
No final do século XVII foi descoberto, 
pelos bandeirantes paulistas, ouro nos ribeiros das terras 
que pertenciam à capitania de São Paulo e mais tarde 
ficaram conhecidas como Minas Gerais. Descobriram-se 
depois, no final da década de 1720, diamante e outras 
gemas preciosas. Esgotou-se o ouro abundante nos 
ribeirões, que passou a ser mais penosamente buscado em 
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veios dentro da terra. Apareceram metais preciosos 
em Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII. A Coroa 
cobrava, como tributo, um quinto de todo o minério extraído, 
o que passou a ser conhecido como "o quinto". Os desvios e 
o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para coibi-
los, a Coroa instituiu toda uma burocracia e mecanimos de 
controle. Quando a soma de impostos pagos não atingia 
uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam 
entregar jóias e bens pessoais até completar o valor 
estipulado — episódios chamados de derramas. 
O período que ficou conhecido como Ciclo do 
Ouro iria permitir a criação de um mercado interno, já que 
havia demanda por todo tipo de produtos para o povoamento 
das Minas Gerais. Era preciso levar, Serra da 
Mantiqueira acima, escravos e ferramentas, ou, rio São 
Francisco abaixo, os rebanhos de gado para alimentar a 
verdadeira multidão que para lá acorreu. A população de 
Minas Gerais rapidamente se tornou a maior do Brasil, 
sendo a única capitania do interior do Brasil com grande 
população. 
A essa época maioria da população de Minas 
Gerais , aproximadamente 78%, era formada por negros e 
mestiços. A população branca era formada em grande parte 
por cristãos-novos vindos do norte de Portugal e das Ilhas 
dos Açores e Madeira. Os cristãos novos foram muito 
importantes no comércio colonial e se concentraram 
especialmente nos povoados em volta de Ouro Preto e 
Mariana. Ao contrário do que se pensava na Capitania do 
Ouro a riqueza não era mais bem distribuída do que em 
outras partes do Brasil. Hoje se sabe que foram poucos os 
beneficiados no solo mais rico da América no século XVIII. 
As condições de vida dos escravizados na região 
mineira eram particularmente difíceis. Eles trabalhavam o dia 
inteiro em pé, com as costas curvadas e com as pernas 
mergulhadas na água. Ou então em túneis cavados nos 
morros, onde era comum ocorrerem desabamentos e 
mortes. Os negros escravizados não realizavam apenas 
tarefas ligadas à mineração. Também transportavam 
mercadorias e pessoas, 
construíam estradas, casas e chafarizes, comerciavam 
pelas ruas e lavras. Alguns proprietários alugavam seus 
escravos a outras pessoas. Esses trabalhadores eram 
chamados de "escravos de aluguel". Outro tipo de escravo 
era o "escravo de ganho", por exemplo, as mulheres que 
vendiam doces e salgados em tabuleiros pelas ruas. Foi 
relativamente comum este tipo de escravo conseguir formar 
um pecúlio, que empregava na compra de sua liberdade, 
pagando ao senhor por sua alforria. 
 
A Sociedade Mineradora e as Camadas Médias 
 
O Brasil passou por sensíveis transformações em 
função da mineração. Um novo pólo econômico cresceu no 
Sudeste, relações comerciais inter-regionais se 
desenvolveram, criando um mercado interno e fazendo 
surgir uma vida social essencialmente urbana. A camada 
média, composta 
por padres, burocratas, artesãos, militares, mascates e faisq
ueiros, ocupou espaço na sociedade. A população mineira, 
salvo nos principais centros Vila 
Rica, Mariana, Sabará, Serro e Caeté, era essencialmente 
pobre. O custo de vida altíssimo e a falta de gêneros 
alimentícios uma constante. 
 
 
Cidade de Mariana, Minas Gerais. 
 
As minas propiciaram uma diversificação relativa 
dos serviços e ofícios, tais como comerciantes, 
artesãos, advogados, médicos, mestre-escolas entre outros. 
No entanto foi intensamente escravagista, desenvolvendo a 
sociedade urbana às custas da exploração da mão de obra 
escrava. A mineração também provocou o aumento do 
controle do comércio de escravos para evitar o 
esvaziamento da força de trabalho das lavouras, já que os 
escravos eram os únicos que trabalhavam. Os escravos 
mais hábeis para a mineração eram os "Minas" trazidos da 
Costa ocidental africana, onde eram mineradores de ouro, e 
saídos do porto de Elmina, em Gana, onde ficavam 
no Castelo de São Jorge da Mina. Foi muito comum a fuga 
de escravos e a formação de muitos quilombos em Minas 
Gerais, sendo o mais importante foi o "Quilombo do 
Ambrósio". 
Também foi responsável pela tentativa de 
escravização dos índios, através das bandeiras, que com 
intuito de abastecer a região centro-sul promoveu a 
interiorização do Brasil. 
Apesar de modificar a estrutura econômica, 
manteve a estrutura de trabalho vigente, beneficiando 
apenas os ricos e os homens livres que compunham a 
camada média. Outro fator negativo foi a falta de 
desenvolvimento de tecnologias que permitissem a 
exploração de minas em maior profundidade, o que 
estenderia o período de exploração (e consequentemente 
mais ouro para Portugal). 
Assim, o eixo econômico e político se deslocou 
para o centro-sul da colônia e o Rio de Janeiro tornou-se 
sede administrativa, além de ser o porto por onde as frotas 
do rei de Portugal iam recolher os impostos. A cidade foi 
descrita pelo padre José de Anchieta como "a rainha das 
províncias e o empório das riquezas do mundo", e por 
séculos foi a capital do Brasil. 
 
Invasões estrangeiras e conflitos coloniais 
 
 
Amador Bueno é aclamado "Rei do Brasil" em 1641 
 
O início da colonização portuguesa no território 
brasileiro foi a primeira invasão estrangeira da história do 
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país, então denominado pelos nativos tupis 
como Pindorama, que significa "Terra das Palmeiras". A 
resposta imediata foi de longos embates, entre eles a Guerra 
dos Bárbaros. Houve ainda disputas com os franceses, que 
tentavam se implantar na América pela pirataria e pelo 
comércio do Pau-Brasil, chegando a criar uma guerra luso-
francesa. Tudo isso culminou com a expulsão dos franceses 
trazidos por Nicolas Durand de Villegagnon, que haviam 
construído Forte Coligny no Rio de Janeiro, estabelecendo-
se em definitivo a hegemonia portuguesa. 
A época colonial foi marcada por vários conflitos, 
tanto entre portugueses e outros europeus, e europeus 
contra nativos, como entre os próprios colonos. O maior 
deles, sem dúvida, foi a Insurreição Pernambucana, que 
marca a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil. 
A insatisfação com a administração colonial 
provocou a Revolta de Amador Bueno em São Paulo e, no 
Maranhão, a Revolta de Beckman. Os colonos enchiam os 
navios que aportavam no Brasil, esvaziando o reino, e foram 
apelidados "emboabas" porque andavam calçados contra a 
maioria da população, que andava descalça. Contra eles se 
levantaram os paulistas, nas refregas do início do século 
XVIII que ficariam conhecidas como Guerra dos Emboabas e 
paulistas e ensanguentaram o rio que até hoje se chama Rio 
das Mortes. 
Em Pernambuco, a disputa política e econômica 
entre mercadores e canavieiros, após a expulsão dos 
holandeses, levou à Guerra dos Mascates. Os escravos 
negros que fugiam das fazendas se refugiavam nas serras 
do interior nordestino e lá fundavam quilombos, dos quais o 
mais importante foi o de Palmares, liderado por Ganga 
Zumba e seu sobrinho Zumbi, que foi destruído durante 
a Guerra dos Palmares. 
No sul,a tentativa de escravizar indígenas levou 
a confrontos com os missionários jesuítas, organizados 
nas "reduções" (missões) de catequese com os guaranis. 
As Guerras Guaraníticas duraram, intermitentemente, 
de 1750 a 1757. 
Já no Ciclo do Ouro, a Capitania de Minas Gerais 
sofreu a Revolta de Filipe dos Santos e a Inconfidência 
Mineira, seguida pela Conjuração Baiana na Capitania da 
Bahia. Esses movimentos ficaram marcados por terem a 
intenção de proclamar a independência. 
Nos últimos anos do período colonial ocorre 
a Revolução Pernambucana, que chegou a proclamar a 
República de Pernambuco. O movimento foi derrotado após 
forte repressão organizada por D. João VI. 
 
Inconfidência Mineira 
A Inconfidência Mineira foi um movimento que 
partiu da elite de Minas Gerais. Com a decadência da 
mineração na segunda metade do século XVIII, tornou-se 
difícil pagar os impostos exigidos pela Coroa Portuguesa. 
Além do mais, o governo português pretendia promulgar 
a derrama, um imposto que exigia que toda a população, 
inclusive quem não fosse minerador, contribuísse com a 
arrecadação de 20% do valor do ouro retirado. Os colonos 
se revoltaram e passaram a conspirar contra Portugal. 
Em Vila Rica (atual Ouro Preto), participavam do 
grupo, entre outros, os poetas Cláudio Manuel da 
Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de 
Abreu Vieira e Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o padre 
Rolim, o cônego Luís Vieira da Silva, o minerador Inácio 
José de Alvarenga Peixoto e alferes Joaquim José da Silva 
Xavier, apelidado Tiradentes. A conspiração pretendia 
eliminar a dominação portuguesa e criar um país livre. Pela 
lei portuguesa a conspiração foi classificada como "crime de 
lesa-majestade", definida como "uma traição contra a 
pessoa do rei" nas ordenações afonsinas. 
A forma de governo escolhida foi o estabelecimento 
de uma República, inspirados pelas 
ideias iluministas da França e da recente 
independência norte-americana. Traídos por Joaquim 
Silvério dos Reis, que delatou os inconfidentes para o 
governo, os líderes do movimento foram detidos e enviados 
para o Rio de Janeiro, onde responderam pelo crime de 
inconfidência (falta de fidelidade ao rei), pelo qual foram 
condenados. Em 21 de abril de 1792, Tiradentes, de mais 
baixa condição social, foi o único condenado à morte por 
enforcamento. Sua cabeça foi cortada e levada para Vila 
Rica. O corpo foi esquartejado e espalhado pelos caminhos 
de Minas Gerais. Era o cruel exemplo que ficava para 
qualquer outra tentativa de questionar o poder de Portugal. 
Apesar de considerada cruel hoje o enforcamento e 
esquartejamento do corpo, no contexto da época a pena foi 
menos cruel que a pena aplicada, naquela mesma época, à 
família Távora, no Caso Távora, por igual crime de lesa-
majestade, foi condenação à fogueira. 
O crime de lesa-majestade era o mais grave dos 
regimes monarquistas absolutistas e era definido 
pelas ordenações filipinas, como traição contra o rei. Crime 
este comparado à hanseníase pelas Ordenações filipinas, no 
livro V, item 6: 
“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra 
a pessoa do Rei, ou seu Real Estado, que é tão grave e 
abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto 
estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim 
como esta enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais 
se poder curar, e empece ainda aos descendentes de quem 
a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da 
comunicação da gente: assim o erro de traição condena o 
que a comete, e empece e infama os que de sua linha 
descendem, posto que não tenham culpa.” 
O caso específico de crime de lesa-majestade 
praticado pelos inconfidentes foi o caso número 5, previsto 
nas ordenações filipinas, que diz: Se algum fizesse conselho 
e confederação contra o rei e seu estado ou tratasse de se 
levantar contra ele, ou para isso desse ajuda, conselho e 
favor. 
 
Conjuração Baiana 
 
A Conjuração Baiana foi um movimento que partiu 
da camada humilde da sociedade da Bahia, com grande 
participação de negros, mulatos e alfaiates, por isso também 
é conhecida como Revolta dos Alfaiates. Os revoltosos 
pregavam a libertação dos escravos, a instauração de um 
governo igualitário (onde as pessoas fossem promovidas de 
acordo com a capacidade e merecimento individuais), além 
da instalação de uma República na Bahia. Em 12 de 
Agosto de 1798, o movimento precipitou-se quando alguns 
de seus membros, distribuindo os panfletos na porta 
das igrejas e colando-os nas esquinas da cidade, alertaram 
as autoridades que, de pronto, reagiram, detendo-os. Tal 
como na Inconfidência Mineira, interrogados, acabaram 
delatando os demais envolvidos. Centenas de pessoas 
foram denunciadas - militares, clérigos, funcionários públicos 
e pessoas de todas as classes sociais. Destas, 49 foram 
detidas, a maioria tendo procurado abjurar a sua 
participação, buscando demonstrar inocência. Mais de 30 
foram presos e processados. Quatro participantes foram 
condenados à forca e os restos de seus corpos foram 
espalhados pela Bahia para assustar a população. 
 
Revolução Pernambucana 
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32 
 
 
Revolução Pernambucana, único movimento 
separatista colonial que ultrapassou a fase conspiratória. 
 
A chamada Revolução Pernambucana, também 
conhecida como "Revolução dos Padres", eclodiu em 6 de 
março de 1817 na então Capitania de Pernambuco. Dentre 
as suas causas, destacam-se a influência das 
ideias Iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas 
(sociedades secretas), a crise econômica regional, 
o absolutismo monárquico português e os enormes gastos 
da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — 
o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio 
de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, 
comidas, roupas e festas da Corte, o que ocasionava o 
atraso no pagamento dos soldados, gerando grande 
descontentamento do povo brasileiro. 
No começo do século XIX, Olinda e Recife, as duas 
maiores cidades pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 
mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 
60 mil habitantes). O porto do Recife escoava a produção de 
açúcar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, e 
de algodão. Além de sua importância econômica e política, 
os pernambucanos tinham participado de diversas lutas 
libertárias. A primeira e mais importante tinha sido 
a Insurreição Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra 
dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a 
independência de Olinda. 
O movimento iniciou com ocupação do Recife, em 6 
de março de 1817. No regimento de artilharia, o capitão José 
de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à 
voz de prisão e matou a golpes de espada o comandante 
Barbosa de Castro. Depois, na companhia de outros 
militares rebelados, tomou o quartel e ergueu trincheiras nas 
ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas 
monarquistas. O governador Caetano Pinto de Miranda 
Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, 
acabou se rendendo. O movimento foi liderado 
por Domingos José Martins, com o apoio de Antônio Carlos 
de Andrada e Silva e de Frei Caneca. 
Tendo conseguido dominar o Governo Provincial, 
se apossaram do tesouro da província, instalaram um 
governo provisório e proclamaram a República. A 
repercussão da Revolução Pernambucana contribuiu para 
facilitar o processo de emancipação de Alagoas, que logrou 
obter autonomia pelo Decreto de 16 de setembro de 1817. O 
desmembramento da Comarca de Alagoas da jurisdição de 
Pernambuco foi sancionado por D. João VI. 
 
Principado do Brasil 
 
O Principado do Brasil era um título 
nobiliárquicoque existiu em Portugal entre 1645 a 1815, se 
referindo ao Estado do Brasil, instituído em 1549. 
Tendo sido o Brasil uma colônia do Império 
Português, careceu de bandeira própria por mais de 
trezentos anos. Não era costume, na 
tradição vexilológica lusitana, a criação de bandeiras para 
suas colônias, quando muito de um brasão. Hasteava-se no 
território a bandeira do reino, ou do representante direto do 
monarca, como o governador-geral ou o vice-rei. Ainda que 
não seja considerada uma bandeira brasileira, visto que seu 
uso era exclusivo aos herdeiros aparentes do trono 
português, o pavilhão dos príncipes do Brasil pode ser tido 
como a primeira representação flamular do Brasil. Sobre 
campo branco – cor relacionada à monarquia – inscreve-se 
uma esfera armilar – objeto que viria a ser, por muito tempo, 
o símbolo do Brasil. Já no pavilhão pessoal de D. Manuel I, 
aparece este que foi um objeto crucial para viabilizar as 
explorações marítimas de Portugal. 
 
Mudança da Corte e Abertura dos Portos 
 
Em novembro de 1807, as tropas de Napoleão 
Bonaparte obrigaram a coroa portuguesa a procurar abrigo 
no Brasil. Dom João VI (então Príncipe-Regente em nome 
de sua mãe, a Rainha Maria I) chegou ao Rio de 
Janeiro em 1808, abandonando Portugal após uma aliança 
defensiva feita com a Inglaterra, que escoltou os navios 
portugueses no caminho. 
 
 
Decreto da abertura dos portos às nações 
amigas. Biblioteca Nacional do Brasil. 
 
Os portos brasileiros foram abertos às nações 
amigas - designadamente, a Inglaterra). A abertura dos 
portos se deu em 28 de janeiro de 1808 por outra carta 
régia de D. João, influenciado por José da Silva Lisboa. Foi 
permitida a importação "de todos e quaisquer gêneros, 
fazendas e mercadorias transportadas em navios 
estrangeiros das potências que se conservavam em paz e 
harmonia com a Real Coroa" ou em navios portugueses. Os 
gêneros molhados (vinho, aguardente, azeite) pagariam 
48%; outros mercadorias, os secos, 24% ad valorem. Podia 
ser levado pelos estrangeiros qualquer produto colonial, 
exceto o pau-brasil e outros notoriamente estancados, que 
eram produzidos e armazenados na própria colônia. 
Era efeito também da expansão do capital; e deve-
se recordar a falência dos recursos coatores portugueses e 
a tentativa de diminuir, abrindo os portos, a total 
dependência de Portugal da Inglaterra. No Reino, 
desanimaram os que se haviam habituado aos generosos 
subsídios, às 100 arrobas de ouro anuais, às derramas, às 
tentativas de controle completo. Um autor português do 
século XIX comenta que foi 
"uma revolução no sistema comercial e a ruína da 
indústria portuguesa; era necessária, mas cumpria modificá-
la apenas as circunstâncias que a haviam ditado 
desaparecessem; ajudando assim o heróico Portugal em seu 
esforço generoso, em vez de deixar que estancassem as 
fontes da prosperidade!" 
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Embarque para o Brasil do Príncipe Regente 
de Portugal, D. João VI, e de toda a família real, no Porto 
de Belém, às 11 horas da manhã de 27 de 
novembro de 1807. Gravura feita por Francisco 
Bartolozzi (1725-1815) a partir de óleo de Nicolas Delariva. 
D. João, sua família e comitiva (a Corte), 
distribuídos por diversos navios, chegaram ao Rio de 
Janeiro em 7 de março de 1808. Foram acompanhados pela 
Brigada Real da Marinha, criada em Portugal em 1797, que 
deu origem ao Corpo de Fuzileiros Navais brasileiros. 
Instalaram-se no Paço da Cidade, construído 
em 1743 pelo Conde de Bobadela como residência dos 
governadores. Além disso, a Coroa requisitou o Convento do 
Carmo e a Cadeia Velha para alojar os serviçais e as 
melhores casas particulares. A expropriação era feita pelo 
carimbo das iniciais PR, de Príncipe-Regente, nas portas 
das casas requisitadas, o que fazia o povo, com ironia, 
interpretar a sigla como "Ponha-se na Rua!". 
A abertura foi acompanhada por uma série de 
melhoramentos introduzidos no Brasil. No dia 1 de abril do 
mesmo ano, D. João expediu um decreto que revogava o 
alvará de 5 de janeiro de 1785 pelo qual se extinguiam no 
Brasil as fábricas e manufaturas 
de ouro, prata, seda, algodão, linho e lã. Depois do 
comércio, chegava "a liberdade para a indústria". Em 13 de 
maio, novas cartas régias (decretos) determinaram a criação 
da Imprensa Nacional e de uma Fábrica de Pólvora, que até 
então era fabricada na Fábrica da Pólvora de 
Barcarena, desde 1540. Em 12 de outubro foi fundado 
o Banco do Brasil para financiar as novas iniciativas e 
empreitadas. Tais medidas do Príncipe fariam com que se 
pudesse contar nesta época os primórdios da independência 
do Brasil. 
Em represália à França, D. João ordenou ainda a 
invasão e anexação da Guiana Francesa, no extremo norte, 
e da banda oriental do rio Uruguai, no extremo sul, já que 
a Espanha estava então sob o reinado de José Bonaparte, 
irmão de Napoleão, e portanto era considerada inimiga. O 
primeiro território foi devolvido à soberania francesa 
em 1817, mas o Uruguai foi mantido incorporado ao Brasil 
sob o nome de Província Cisplatina. Em 9 de 
fevereiro de 1810, no Rio de Janeiro, foi assinado um 
Tratado de Amizade e comércio pelo Príncipe Regente 
com Jorge III, rei da Inglaterra. 
Enquanto isso, na Espanha, os liberais, ainda 
acostumados com certa liberdade econômica imposta por 
Napoleão enquanto ocupara o país, de 1807 a 1810, se 
revoltaram contra os restauradores Bourbon, dinastia à qual 
pertencia a Carlota Joaquina, esposa de D. João, e 
impuseram-lhes a Constituição de Cádiz em 19 de 
março de 1812. Em reação, o rei Fernando VII, irmão de 
Carlota, dissolveu as cortes em 4 de maio de 1814. A 
resposta viria em 1820 com a vitória da Revolução 
Liberal (ou constitucional). Por isso, D. João e seus ministros 
se ocuparam das questões do Vice-Reinado do Rio da 
Prata, tão logo puseram os pés no Rio de Janeiro, surgindo 
assim a questão da incorporação da Cisplatina. 
É importante lembrar que apesar de ser elevado 
a Principado em 1645, tendo sido o Brasil 
uma colônia do Império Português, careceu de bandeira 
própria por mais de trezentos anos. Não era costume, na 
tradição vexilológica lusitana, a criação de bandeiras para 
suas colônias, quando muito de um brasão. Visto que seu o 
título uso era exclusivo aos herdeiros aparentes do trono 
português, o pavilhão dos príncipes do Brasil pode ser tido 
como a primeira representação flamular do Brasil. Sobre 
campo branco – cor relacionada à monarquia – inscreve-se 
uma esfera armilar – objeto que viria a ser, por muito tempo, 
o símbolo do Brasil. Já no pavilhão pessoal de D. Manuel I, 
aparece este que foi um objeto crucial para viabilizar as 
explorações marítimas de Portugal. Contudo, 
como Principado, não possui nenhum privilégio 
administrativo, militar, econômico ou social, pois ainda era 
visto como uma colônia portuguesa. 
 
Reino (1815-1822) 
Elevação a Reino Unido 
 
Brasão do Vice Reino do Brasil, de 1815. 
No contexto das negociações do Congresso de 
Viena, o Brasil foi elevado à condição de Reino dentro do 
Estado português, que assumiu a designação oficial 
de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 16 de 
dezembro de 1815. A carta de lei foi publicada na Gazeta do 
Rio de Janeiro de 10 de janeiro de 1816, oficializando o ato. 
O Rio de Janeiro, por conseguinte, subia à categoria de 
Corte e capital, as antigas capitanias passaram a ser 
denominadas províncias (hoje, os estados). No mesmo ano, 
a rainha Maria I morreu e D. João foi coroado rei como João 
VI. Deu ao Brasil como brasão-de-armas a esfera manuelina 
com as quinas, encontradas já no século anterior em 
moedas da África portuguesa (1770). 
 
Revolução no Portoe Retorno de D. João VI 
 
D. João VI deixaria o Brasil em 1821. Em agosto de 
1820 houvera no Porto uma revolução 
constitucionalista (revolução liberal portuguesa de 1820), 
movimento com ideias liberais que ganhou adeptos no reino. 
Em setembro de 1820, uma Junta Provisória de Governo 
obrigou os portugueses a jurarem uma Constituição 
provisória, nos moldes da Constituição espanhola de Cádiz, 
até redação de uma constituição definitiva. Em janeiro de 
1821, em Portugal, aconteceu a solene instalação 
das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação 
Portuguesa, encarregadas de elaborar a constituição, mas 
sem representantes brasileiros. Em fevereiro, D. João VI 
ordenou que deputados do Brasil (bem como dos Açores, 
Madeira e Cabo Verde) participassem da assembleia. 
Em março, as Cortes em Portugal expediram 
decreto com as bases da constituição política da monarquia. 
No Rio de Janeiro, outro decreto comunicava o retorno do rei 
para Portugal e ordenava que, «sem perda de tempo», 
fossem realizadas eleições dos deputados para 
representarem o Brasil nas Cortes Gerais convocadas em 
Lisboa. Chegaria em abril a Lisboa um delegado da Junta do 
Pará, Maciel Parente, que por exceção conseguiu discursar 
e foi o primeiro brasileiro a falar perante aquela 
Assembleia. Em abril, na cidade do Rio de Janeiro, realizou-
se a primeira assembleia de eleitores do Brasil, que resultou 
em confronto com mortos, pois as tropas portuguesas 
dissolveram a manifestação. No dia seguinte, cariocas 
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afixaram à porta do Paço um cartaz com a inscrição 
"Açougue do Bragança", referindo-se ao Rei como 
carniceiro. D. João VI partiu para Portugal cinco dias depois, 
em 16 de abril de 1821, deixando seu primogênito Pedro de 
Alcântara como Príncipe-Regente do Brasil. 
Em 1821, o Brasil elegeu seus representantes em 
número de 97 entre deputados e suplentes para 
as Constituintes em Lisboa. Em agosto de 1821, as Cortes 
apresentariam três projetos para o Brasil que irritaram os 
representantes brasileiros com medidas recolonizadoras que 
estes se recusavam a aceitar. Depois de Maciel Parente, o 
monsenhor Francisco Moniz Tavares, deputado 
pernambucano, seria o primeiro brasileiro a discursar 
oficialmente, em vivo debate com os deputados 
portugueses Borges Carneiro, Ferreira Borges e Moura, 
contra a remessa de mais tropas para Pernambuco e a 
incômoda presença da numerosa guarnição militar 
portuguesa na província. 
A separação do Brasil foi informalmente realizada 
em janeiro de 1822, quando D. Pedro declarou que iria 
permanecer no Brasil ("Dia do Fico"), com as seguintes 
palavras: Como é para o bem de todos e felicidade geral da 
nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a 
recomendar-vos união e tranquilidade. Porém, a separação 
do Brasil se é dada no dia 7 de setembro de 1822, com o 
"grito do Ipiranga" que foi romantizado, apesar da separação 
anteriormente. 
 
Império (1822-1889) 
Primeiro reinado 
 
Simplício de Sá: Retrato de Dom Pedro I, c. 
1826. Museu Imperial. 
 
Após a declaração da independência, o Brasil foi 
governado por Dom Pedro I até o ano de 1831, período 
chamado de Primeiro Reinado, quando abdicou em favor de 
seu filho, Dom Pedro II, então com cinco anos de idade. 
Logo após a independência, e terminadas as lutas 
nas províncias contra a resistência portuguesa, foi 
necessário iniciar os trabalhos da Assembleia Constituinte. 
Esta havia sido convocada antes mesmo da separação, em 
julho de 1822; foi instalada, entretanto, somente em maio 
de 1823. Logo se tornou claro que a Assembleia iria votar 
uma constituição restringindo os poderes imperiais (apesar 
da ideia centralizadora encampada por José Bonifácio e seu 
irmão Antônio Carlos de Andrada e Silva). Porém, antes que 
ela fosse aprovada, as tropas do exército cercaram o prédio 
da Assembleia, e por ordens do imperador a mesma foi 
dissolvida, devendo a constituição ser elaborada por juristas 
da confiança de Dom Pedro I. Foi então outorgada 
a constituição de 1824, que trazia uma inovação: o Poder 
Moderador. Através dele, o imperador poderia fiscalizar os 
outros três poderes. 
Surgiram diversas críticas ao autoritarismo imperial, 
e uma revolta importante aconteceu no Nordeste: 
a Confederação do Equador. Foi debelada, mas Dom Pedro 
I saiu muito desgastado do episódio. Outro grande desgaste 
do Imperador foi por o Brasil na Guerra da Cisplatina, onde o 
país não manteve o controle sobre a então região de 
Cisplatina (hoje, Uruguai). Também apareciam os primeiros 
focos de descontentamento no Rio Grande do Sul, com 
os farroupilhas. 
 
 
Pedro Américo: O Grito do Ipiranga, 1888. Museu 
Paulista. 
 
Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, 
numa última tentativa de estabelecer a paz interna. A viagem 
deveria começar por Minas Gerais; mas ali o imperador 
encontrou uma recepção fria, pois acabara de ser 
assassinado Líbero Badaró, um importante jornalista de 
oposição. Ao voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro 
deveria ser homenageado pelos portugueses, que 
preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os brasileiros, 
discordando da festa, entraram em conflito com os 
portugueses, no episódio conhecido como Noite das 
Garrafadas. 
Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um 
gabinete de ministros com suporte popular. Mas 
desentendeu-se com os ministros e logo depois demitiu o 
gabinete, substituindo-o por outro bastante impopular. Frente 
a uma manifestação popular que recebeu o apoio do 
exército,não teve muita escolha, assim criou o quinto poder. 
Mas não deu certo a ideia, e não restou nada ao imperador a 
não ser a renúncia, no dia 7 de abril de 1831. 
 
Confederação do Equador (1824) 
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Execução de Frei Caneca, quadro de Murillo La 
Greca (1924). 
 
A Confederação do Equador foi um movimento 
revolucionário, de caráter emancipacionista (ou autonomista) 
e republicano ocorrido em Pernambuco. 
Representou a principal reação contra a 
tendência absolutista e a política centralizadora do governo 
de D. Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 
1824, a primeira Constituição do país. 
O conflito possui raízes em movimentos anteriores 
na região: a Guerra dos Mascates e a Revolução 
Pernambucana, esta última de caráter republicano. 
O centro irradiador e a liderança da revolta 
couberam à província de Pernambuco, que já se rebelara 
em 1817 e enfrentava dificuldades econômicas. Além da 
crise, a província se ressentia ao pagar elevadas taxas para 
o Império, que as justificava como necessárias para levar 
adiante as guerras provinciais pós-independência (algumas 
províncias resistiam à separação de Portugal). 
Pernambuco esperava que a primeira Constituição 
do Império seria do tipo federalista, e daria autonomia para 
as províncias resolverem suas questões. 
Como punição a Pernambuco, D. Pedro I 
determinou, através de decreto de 07/07/1825, o 
desligamento do extenso território da Comarca do Rio São 
Francisco (atual Oeste Baiano), passando-o, inicialmente, 
para Minas Gerais e, depois, para a Bahia. 
Período regencial 
 
Araújo Lima, o Marquês de Olinda. 
 
Durante o período de 1831 a 1840, o Brasil foi 
governado por diversos regentes, encarregados de 
administrar o país enquanto o herdeiro do trono, D. Pedro II, 
ainda era menor. A princípio a regência era trina, ou seja, 
três governantes eram responsáveis pela política brasileira, 
no entanto com o ato adicional de 1834,que, além de dar 
mais autonomia para as províncias, substituiu o caráter 
tríplice da regência por um governo mais centralizador. 
O primeiro regente foi o Padre Diogo Antônio Feijó , 
que notabilizou-se por ser um governo de inspirações 
liberais, porém, devido às pressões políticas e sociais, teve 
que renunciar. O governo de caráter liberal caiu para dar 
lugar ao do conservador Araújo Lima, que centralizou o 
poder em suas mãos, sendo atacado veementemente pelos 
liberais, que só tomaram o poder devido ao golpe da 
maioridade. Destacam-se neste período a instabilidade 
política e a atuação do tutor José Bonifácio, que garantiu o 
trono para D. Pedro II. 
Teve início neste período a Revolução Farroupilha, 
em que os gaúchos revoltaram-se contra a política interna 
do Império, e declararam a República Piratini. Também 
neste período ocorreram a Cabanada, 
de Alagoas e Pernambuco; a Cabanagem, do Pará; a revolta 
dos Malês e a Sabinada, na Bahia; e a Balaiada, 
no Maranhão. 
 
Segundo reinado 
 
O Segundo Reinado teve início com o Golpe da 
Maioridade (1840), que elevou D. Pedro II ao trono, antes 
dos 18 anos, com 15 anos. A economia, que teve como base 
principal a agricultura – tornando-se o café o principal 
produto exportador do Brasil durante o reinado de Pedro II, 
em substituição à cana-de-açúcar –, apresentou uma 
expansão de 900%. A falta de mão-de-obra, na época 
chamada de "falta de braços para a lavoura", em 
consequência da libertação dos escravos foi solucionada 
com a atração de centenas de milhares de imigrantes, em 
sua maioria italianos, portugueses e alemães. O que fez o 
país desenvolver uma base industrial e começar a 
expandir-se para o interior. 
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Dom Pedro II. 
 
Nesse período, foi construída uma ampla rede 
ferroviária, sendo o Brasil o segundo país latino-americano a 
implantar este tipo de transporte, e, durante a Guerra do 
Paraguai, foi possuidor da quarta maior marinha de guerra 
do mundo. A mão-de-obra escrava, por pressão interna de 
oligarquias paulistas, mineiras e fluminenses, manteve-se 
vigente até o ano de 1888, quando caiu na ilegalidade 
pela Lei Áurea. Entretanto, havia-se encetado um gradual 
processo de decadência em 1850, ano do fim do tráfico 
negreiro, por pressão da Inglaterra, além de que o Imperador 
era contra a escravidão, pela opção dos produtores de café 
paulistas que preferiam a mão de obra assalariada dos 
imigrantes europeus, pela malária que dizimou a população 
escrava naquela época e pela guerra do Paraguai quando os 
negros que dela participaram foram alforriados. 
A partir de 1870 assistiu-se ao crescimento dos 
movimentos republicanos no Brasil. Em 1889 um golpe 
militar tirou o cargo de primeiro-ministro do visconde de Ouro 
Preto, e, por incentivo de republicanos como Benjamin 
Constant Botelho Magalhães, o Marechal Deodoro da 
Fonseca proclamou a República e enviou ao exílio a Família 
Imperial. Diversos fatores contribuíram para a queda da 
Monarquia, dentre os quais: a insatisfação da elite agrária 
com a abolição da escravatura sem que os proprietários 
rurais fossem indenizados pelos prejuízos sofridos, o 
descontentamento dos cafeicultores do Oeste Paulista que 
se tornaram adeptos do Partido Republicano Paulista e da 
abolição pois usavam apenas mão de obra europeia dos 
imigrantes, e perdendo apoio dos militares, especialmente 
do exército que se sentiam desprestigiados entendendo que 
o imperador preferia a marinha do Brasil e que almejavam 
mais poder, e as interferências do Imperador em assuntos 
da Igreja. 
Não houve nenhuma participação popular 
na proclamação da República do Brasil. O que ocorreu, 
tecnicamente foi um golpe militar. O povo brasileiro apoiava 
o Imperador. O correspondente do jornal "Diário Popular", de 
São Paulo, Aristides Lobo, escreveu na edição de 18 de 
novembro daquele jornal, sobre a derrubada do império, a 
frase histórica: 
“ Por ora, a cor do governo é puramente 
militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só 
porque a colaboração do elemento civil foi quase 
nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, 
atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. 
Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma ” 
parada! 
Para poupar conflitos, não houve violência e a 
Família Imperial pôde exilar-se na Europa em segurança. 
D. Pedro II assinou sua renúncia com a mesma 
assinatura de seu pai ao abdicar em 1831: Pedro de 
Alcântara. 
O período pode ser divido em três etapas principais: 
 a chamada fase de consolidação, 
que se estende de 1840 a 1850. As lutas internas 
são pacificadas, o café inicia a sua expansão, a 
tarifa Alves Branco permite a Era Mauá. 
 o chamado apogeu do Império, 
um período marcado por grande estabilidade 
política, quando de 1849 até 1889 não aconteceu 
no Brasil nenhuma revolução, algo inédito no 
mundo: 50 anos de paz interna em um país, 
permitida pelo sistema 
parlamentarista,(o parlamentarismo às avessas) e 
pela política de troca de favores. Em termos 
de Relações Internacionais, o período é marcado 
pela Questão Christie e pela Guerra do Paraguai. 
 o chamado declínio do Império, 
marcado pela Questão Militar, pela Questão 
Religiosa, pelas lutas abolicionistas e pelo 
movimento republicano, que conduzem ao fim do 
regime monárquico. 
Libertação dos escravos 
 
Original da Lei Áurea, assinada pela Regente Dona 
Isabel (1888) 
 
Os primeiros movimentos contra a escravidão foram 
feitos pelos missionários jesuítas, que combateram a 
escravização dos indígenas mas toleraram a dos africanos. 
O fim gradual do tráfico negreiro foi decidido, no Congresso 
de Viena, em 1815. Desde 1810, a Inglaterra fez uma série 
de exigências a Portugal, e passou, a partir de 1845, a 
reprimir violentamente o tráfico internacional de escravos, 
amparada na lei inglessa chamada Lei Aberdeen. Em 1850, 
a Lei Eusébio de Queirós aboliu o tráfico internacional de 
escravos no Brasil. 
Em 1871 o Parlamento Brasileiro aprovou e 
a Princesa Isabel sancionou a Lei 2.040, conhecida como 
Lei Rio Branco ou Lei do Ventre Livre, determinando que 
todos os filhos de escravos nascidos desde então seriam 
livres a partir dos 21 anos. 
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Em 28 de setembro de 1885 promulgou-se uma 
outra lei, a Lei dos Sexagenários (Lei Saraiva–Cotegipe) que 
determinava a "extinção gradual do elemento servil" e criava 
fundos para a indenização dos proprietários de escravos e 
determinava que escravos a partir de 60 anos poderiam ser 
livres. Assim, com estas duas leis (Ventre Livre e 
Sexagenários), a abolição dos escravos seria gradativa, com 
os escravos sendo libertos ao atingirem a idade de 60 anos. 
Em 1880 fora criada a Sociedade Brasileira Contra 
a Escravidão que, juntamente com a Associação Central 
Abolicionista e outras organizações, passou a ser conhecida 
pela Confederação Abolicionista liderada por José do 
Patrocínio, filho de uma escrava negra com um padre. Em 
1884, os governos do Ceará e do Amazonas aboliram, em 
seus territórios, a escravidão, no que foram pioneiros. 
As fugas de escravos aumentaram muito, após 
1885, quando foi abolida a pena de açoite para os negros 
fugidos, o que estimulou as fugas. O exército se negava a 
perseguir os negros fugidos. Há que lembrar ainda 
os Caifases, liderados por Antônio Bento, que promoviam a 
fuga dos negros, perseguiam os capitães-de-mato e 
ameaçavam os senhores escravistas. Em São Paulo, a 
polícia, em 1888, também não ia mais atrás de negros 
fugidos. 
A abolição definitivaera necessária. Há 
divergências sobre o número de escravos existentes em 
1888. Havia, segundo alguns estudiosos, 1.400.000 
escravos para população de 14 milhões habitantes: cerca de 
11%. Porém, segundo a matrícula de escravos, concluída 
em 30 de março de 1887, o número de escravos era apenas 
720.000. 
Finalmente, o presidente do Conselho de Ministros 
do "Gabinete de 10 de março", João Alfredo Correia de 
Oliveira, do Partido Conservador, promoveu a votação de 
uma lei que determinava a extinção definitiva da escravidão 
no Brasil. Em 13 de maio de 1888, a Princesa 
Isabel sancionou a Lei Áurea, que já havia sido aprovada 
pelo Parlamento, abolindo toda e qualquer forma de 
escravidão no Brasil. Logo após a Princesa assinar a Lei 
Áurea, ao cumprimentá-la, João Maurício Wanderley, o 
barão de Cotejipe, o único senador que votou contra o 
projeto da abolição da escravatura, profetizou: 
“ "A senhora acabou de redimir uma raça e 
perder o trono"! ” 
A aristocracia escravista, oligarquia rural arruinada 
com a abolição sem indenização, culpou o governo e aderiu 
aos vários partidos republicanos existentes, especialmente 
ao Partido Republicano Paulista e o PRM, que faziam na 
oposição ao regime monárquico, assim, uma das 
consequências da abolição seria a queda da monarquia. 
Pequenos proprietários que não podiam recorrer a mão de 
obra assalariada fornecida pelos imigrantes europeus 
também ficaram arruinados. Apenas a economia cafeeira do 
oeste paulista, porém, quando comparada à de outras 
regiões, não sofreu abalos, pois já se baseava na mão-de-
obra livre, assalariada. Muitos escravos negros 
permaneceram no campo, praticando uma economia de 
subsistência, em pequenos lotes, outros buscaram as 
cidades, onde entraram num processo de marginalização. 
Desempregados, passaram a viver em choças e barracos 
nos morros e nos subúrbios. 
E de acordo com a análise de Everardo Vallim 
Pereira de Souza, reportando-se às consideração do 
Conselheiro Antônio da Silva Prado, as consequências da 
abolição dos escravos, em 13 de maio de 1888, deixando 
sem amparo os ex-escravos, foram das mais funestas: 
“ Segundo a previsão do Conselheiro 
Antônio Prado, decretada de afogadilho a “Lei 13 
de maio”, seus efeitos foram os mais desastrosos. 
Os ex-escravos, habituados à tutela e curatela de 
seus ex-senhores, debandaram em grande parte 
das fazendas e foram "tentar a vida" nas cidades; 
tentâme aquele que consistia em: aguardente aos 
litros, miséria, crimes, enfermidades e morte 
prematura. Dois anos depois do decreto da lei, 
talvez metade do novo elemento livre havia já 
desaparecido! Os fazendeiros dificilmente 
encontravam "meieiros" que das lavouras 
quisessem cuidar. Todos os serviços 
desorganizaram-se; tão grande foi o descalabro 
social. A parte única de São Paulo que menos 
sofreu foi a que, antecipadamente, havia já 
recebido alguma imigração estrangeira; O geral da 
Província perdeu quase toda a safra de café por 
falta de colhedores! ” 
O Brasil foi o último país independente 
do continente americano a abolir a escravatura. O último 
país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, 
somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto de 
número 81.234. 
 
República (1889-presente) 
Primeira República (1889-1930) 
 
Henrique Bernardelli: Marechal Deodoro da 
Fonseca, c. 1900. 
Em 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro 
da Fonseca decretou o fim do período imperial em um golpe 
militar de Estado sob a forma de uma quartelada quase sem 
força política e nenhum apoio popular, e o início de um 
período republicano ditatorial, destituindo o último imperador 
brasileiro, D. Pedro II, que teve de partir em exílio para 
a Europa. O nome do país mudou de Império do Brasil 
para Estados Unidos do Brasil. A 
primeira constituição da República do Brasil foi feita dia 15 
de novembro de 1890. Após 4 anos de ditadura com um 
caos e várias mortes de federalistas, negros lutando por 
seus direitos, entre outros, iniciou-se a era civil da República 
Velha, com a chamada República Oligárquica. 
O Visconde de Ouro Preto, presidente do conselho 
de ministro deposto em 15 de novembro, entendia que a 
proclamação da república fora um erro e que o Segundo 
Reinado tinha sido bom, e, assim se expressou em seu livro 
"Advento da ditadura militar no Brasil": 
“ O Império não foi a ruína. Foi a ” 
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38 
 
conservação e o progresso. Durante meio século 
manteve íntegro, tranquilo e unido território 
colossal. O império converteu um país atrasado e 
pouco populoso em grande e forte nacionalidade, 
primeira potência sul-americana, considerada e 
respeitada em todo o mundo civilizado. O Império 
aboliu de fato a pena de morte, extinguiu a 
escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz 
interna, ordem, segurança e, mas que tudo, 
liberdade individual como não houve jamais em 
país algum. Quais as faltas ou crimes de D. Pedro 
II, que em quase cinquenta anos de reinado nunca 
perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma 
ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre 
a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros 
praticados que o tornou merecedor da deposição e 
exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar 
com o respeito e a veneração de seus 
concidadãos? A República brasileira, como foi 
proclamada, é uma obra de iniquidade. A República 
se levantou sobre os broqueis da soldadesca 
amotinada, vem de uma origem criminosa, realizou-
se por meio de um atentado sem precedentes na 
História e terá uma existência efêmera! 
Conflitos 
O período foi marcado por inúmeros conflitos, de 
naturezas distintas. Externamente destacam-se apenas 2: 
a Revolução Acreana, que foi o processo político-social que 
levou à incorporação do território do atual estado do Acre ao 
Brasil; e o envolvimento do país na I Guerra Mundial, na qual 
apesar da participação militar do país ter sido insignificante 
para o resultado geral do conflito, tendo se restringido 
basicamente ao envio de uma esquadra naval para participar 
da guerra anti-submarina no noroeste da Àfrica 
e mediterrâneo, em 1918; a mesma deu ao Brasil o direito a 
participar da conferência de Versalhes em 1919. 
Já no plano interno, este 1º período republicano foi 
marcado por graves crises econômicas, como a 
do encilhamento, que contribuíram para acirrar ainda mais a 
instabilidade geral. No âmbito político-social, por exemplo, 
entre 1891 e 1927 ocorreram várias revoltas e conflitos no 
país, tanto militares como (por exemplo): a 1ª Revolta da 
Armada em 1891, a 2ª Revolta da Armada em 1893, 
a Revolução Federalista entre 1893-95, Revolta da 
Chibata em 1910, a Revolta dos tenentes em 1922, 
a Revolta de 1924 que se desdobrou na Coluna Prestes; 
quanto civis, como (por exemplo): a Guerra de 
Canudos 1893-97, a Revolta da Vacina em 1904, a Guerra 
do Contestado entre 1912-16 e os movimentos operários de 
1917-19. 
Também neste período, ocorreu o auge 
do cangaço , tendo sido seu expoente mais famigerado 
Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como 
"Lampião". 
Embora todos esses eventos tenham sido 
controlados pelo governo central e a maioria fosse de 
caráter localizado, o acúmulo dessas tensões sociais e 
econômicas foi pouco a pouco minando o regime, o que 
somado aos efeitos causados pelas crises da depressão de 
1929 e das eleições federais de 1930, acabaram levando 
ao movimento de 1930 que pôs um fim a este primeiro 
período da república no Brasil. 
República do Café com Leite 
 Mais informações: Política do café com leite 
Entre 1889 e 1930, o governo foi oficialmente uma 
democracia constitucional e, a partir de 1894, a Presidência 
alternou entre os estados dominantes daépoca, São 
Paulo e Minas Gerais. Como os paulistas eram grandes 
produtores de café, e os mineiros estavam voltados à 
produção leiteira, a situação política do período ficou 
conhecida como Política do Café-com-Leite. 
Esse equilíbrio de poder entre os estados, foi uma 
política criada pelo presidente Campos Sales, chamada 
de Política dos Estados ou Política dos governadores. A 
República Velha terminou em 1930, com a Revolução de 
1930, liderada por Getúlio Vargas, um civil, instituindo-o 
"Governo Provisório", até que novas eleições fossem 
convocadas. 
Sobre sua política, Campos Sales disse: 
“ Outros deram à minha política a 
denominação de "Política dos Governadores", 
Teriam acertado se dissessem "Política dos 
Estados". Esta denominação exprimiria melhor o 
meu pensamento! ” 
E esse seu pensamento foi definido assim por ele: 
“ Neste regime, disse eu na minha última 
mensagem, a verdadeira força política, que no 
apertado unitarismo do Império residia no poder 
central, deslocou-se para os Estados. A Política dos 
Estados, isto é, a política que fortifica os vínculos 
de harmonia entre os Estados e a União é, pois, na 
sua essência, a política nacional. É lá, na soma 
destas unidades autônomas, que se encontra a 
verdadeira soberania da opinião. O que pensam os 
Estados pensa a União! ” 
 
Era Vargas (1930-1945) 
 
O período que vai de 1930 a 1945, a partir da 
derrubada do presidente Washington Luís em 1930, até a 
volta do país à democracia em 1945, é chamado de Era 
Vargas, em razão do forte controle na pessoa 
do caudilho Getúlio Dorneles Vargas, que assumiu o 
controle do país, no período. Neste período está 
compreendido o chamado Estado Novo (1937-1945). 
A Revolução de 1930 e o Governo Provisório 
Em 1 de março de 1930 ocorre a última eleição 
presidencial da República Velha. Disputaram essa eleição o 
presidente de São Paulo (hoje se diz governador) Júlio 
Prestes de Albuquerque apoiado pelo 
presidente Washington Luís e por 17 estados contra o 
candidato Getúlio Vargas apoiado apenas por 3 estados: 
Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. Júlio Prestes é 
eleito e aclamado presidente, porém os perdedores não 
reconheceram sua vitória. 
Assim, em 1930, acontece a Revolução de 
1930 iniciada a 3 de outubro. Quando as tropas 
revolucionárias marcharam para o Rio de Janeiro, então 
capital federal, ocorre a 24 de outubro um golpe militar que 
depõe e presidente Washington Luís, que fora antes 
presidente de São Paulo. Washington Luís foi deposto e 
exilado, Júlio Prestes é impedido de tomar posse como 
presidente da república e também é exilado. É formada 
uma Junta Militar Provisória, que então passa o poder a 
Getúlio Dorneles Vargas, em 3 de novembro de 1930, 
encerrando a República Velha e iniciando o Governo 
Provisório que tem Getúlio Vargas como seu chefe. 
Logo após a tomada do poder em novembro 
de 1930, Getúlio Vargas nomeou interventores federais para 
governar os estados. Para São Paulo, por exemplo, foi 
nomeado o tenente João Alberto Lins de Barros, um 
pernambucano, sendo que a maioria dos líderes paulistas 
foram exilados. Na Bahia, foi nomeado um cearense, Juracy 
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39 
 
Magalhães - e assim por diante. Do exílio em Portugal, Júlio 
Prestes escreve, já em 1931, acreditando ele que a situação 
da ditadura estava se tornando insustentável: 
“ O que não se compreende é que 
uma nação, como o Brasil, após mais de 
um século de vida constitucional e liberalismo, 
retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem 
limites como essa que nos degrada e enxovalha 
perante o mundo civilizado! ” 
 
Ao se iniciar o ano de 1932, crescem os reclamos 
dos políticos paulistas que se uniram na Frente Única 
Paulista, em prol do fim da interferência dos tenentes em 
São Paulo e pela instalação de uma assembleia nacional 
constituinte que poria fim ao Governo Provisório, o qual era 
chamado pelos paulistas de ditadura.. 
Uma previsível reação dos paulistas a um conluio 
contra São Paulo e seus interesses já fora percebida, em 
1929, pelo senador fluminense Irineu Machado, que afirmou: 
“ A reação contra a candidatura do Dr. Júlio 
Prestes representa não um gesto contra o 
presidente do estado, mas uma reação contra São 
Paulo, que se levantará porque isto significa um 
gesto de legítima defesa de seus próprios 
interesses"! ” 
. 
Os paulistas, que mantinham um esquema de 
domínio político junto com Minas Gerais durante a primeira 
república, tentam articular uma revolução em 1932 para 
depor Getúlio Vargas. A justificativa encontrada pelas 
oligarquias locais para buscar apoio do povo é que o país 
precisava de uma Constituição, pois, desde 1930, Getúlio 
Vargas dizia que "assumia provisoriamente" a Presidência e 
que o mais cedo possível entregaria uma nova Constituição 
ao país, com a subsequente realização de eleições para 
presidente. Daí o nome de Revolução Constitucionalista de 
1932, deflagrada a 9 de julho. Os paulistas foram apoiados 
pelo sul estado do Mato Grosso onde foi criado o Estado de 
Maracaju, mas as tropas federais, ajudadas pelas tropas 
gaúchas e mineiras, garantiram uma vitória de Getúlio 
Vargas depois de 3 meses de luta, a qual foi a maior guerra 
civil brasileira de todos os tempos. Finalmente, em 3 de 
maio de 1933, são feitas eleições para uma Assembleia 
Nacional Constituinte que em 1934 elege Getúlio Vargas 
presidente da república. 
 
Getúlio Vargas. 
O período constitucional de Getúlio Vargas 
Em 1934, no entanto, o país ganha 
uma Constituição. Getúlio Vargas é eleito presidente. Este 
governo constituicional durou três anos até 1937. Foram 
anos conturbados, em que ocorre certa polarização na 
política nacional. De um lado ganha força a esquerda, 
representada principalmente pela Aliança Nacional 
Libertadora (ANL) e pelo Partido Comunista 
Brasileiro (PCB); de outro a direita, que ganha forma num 
movimento de inspiração fascista chamado Integralismo. 
Uma articulação revolucionária de esquerda é 
tentada em 1935, chamada de Intentona Comunista, por 
parte de um setor das forças armadas e de alguns indivíduos 
ligados a URSS. Um dos principais líderes desse movimento 
foi o ex-tenente do exército Luís Carlos Prestes, que fica 
preso e ficou incomunicável por 8 anos. Sua mulher, a 
comunista e judia Olga Benário, tem um destino pior: 
O Supremo Tribunal Federal a expatriou para a Alemanha 
Nazista, seguindo os acordos de extradição vigentes entre 
Brasil e Alemanha que mantinham relações diplomáticas 
normais. Olga acaba morrendo em um campo de 
concentração, concluindo um dos episódios mais vexatórios 
da política externa brasileira. 
O escritor Graciliano Ramos também é preso 
depois da Intentona Comunista, supostamente por praticar 
atividades subversivas. Um retrato de seus dias na prisão e 
da situação política instável do país está gravado em seu 
livro Memórias do Cárcere. 
O Estado Novo 
Graças ao clima de pânico provocado pela 
polarização política (os integralistas tentam um putsch algum 
tempo depois, em 1938), Getúlio Vargas articula uma 
situação que lhe permite decretar um golpe de estado dois 
meses antes da eleição presidencial marcada para janeiro 
de 1938. Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas 
anuncia o Estado Novo. 
A justificativa primária do golpe é a existência de 
um plano comunista para a tomada do poder, "apoiado por 
Moscou" - é o chamado Plano Cohen. Posteriormente 
descobriu-se que o plano foi uma armação dos agentes de 
Getúlio Vargas. O apoio militar e o apoio da classe média 
garante o sucesso do golpe, pois há algum tempo cresciam 
os temores de que o comunismo poderia promover uma 
revolução no Brasil.Getúlio Vargas consegue prolongar seus anos na 
Presidência até 1945. É emblemático notar que uma das 
figuras mais conhecidas de seu governo foi o chefe de 
polícia Filinto Muller. A censura oprime a expressão artística 
e científica: em 1939 é criado o DIP, Departamento de 
Imprensa e Propaganda. Além da censura, o DIP atuava na 
propaganda pró-Vargas e contrária à República Velha, 
fazendo com que a imagem do presidente fosse exaltada ao 
extremo. 
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Cartaz do governo do Estado Novo (1935): "(…) O 
Brasil está de pé, vigilante e disposto a tudo empenhado na 
conquista de seu destino imortal!". 
Por essas características é que, iniciada a Segunda 
Guerra Mundial, não se sabia se Getúlio Vargas apoiaria 
o Eixo (com quem parecia ter mais afinidade) ou os Aliados. 
Os EUA tinham planos para invadir o nordeste, caso o 
governo Vargas insistisse em manter o Brasil neutro. O clima 
de tensão culminara na adesão aos países aliados em 1942, 
após ataques alemães em navios mercantes brasileiros que 
resultaram na morte de dezenas de pessoas. A barganha 
getulista obtivera vantagens econômicas e militares: 
instituiu-se um acordo econômico com os Estados 
Unidos que possibilitara a implantação da Companhia 
Siderúrgica Nacional (CSN). Além disso, outro acordo 
possibilitara o reaparelhamento das forças armadas 
brasileiras. 
Além da CSN, houve outras importantes conquistas 
feitas pelo Estado Novo tais como: o Ministério da 
Aeronáutica, a Força Aérea Brasileira, o Conselho Nacional 
do Petróleo, o Departamento Administrativo do Serviço 
Público, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia 
Nacional de Álcalis, a Companhia Vale do Rio Doce, 
o Instituto de Resseguros do Brasil, a Companhia 
Hidrelétrica do São Francisco, a estrada Rio-Bahia, o Código 
Penal, o Código de Processo Penal Brasileiro e 
a Consolidação das Leis do Trabalho, a Justiça do Trabalho, 
o salário mínimo e a estabilidade no emprego do 
trabalhador, após de dez anos no emprego. 
A pressão popular pela criação de uma força 
expedicionária torna-se concreta, mesmo contra a vontade 
de Vargas, que afirmara que o envio de tropas brasileira 
ocorreria quando "a cobra fumar". Posteriormente, 
percebendo a crescente pressão interna (camadas médias 
urbanas) e externa (os Estados Unidos temiam uma possível 
desestabilização de poder no Brasil, não desejosa em 
tempos de guerra), Vargas cedeu, criando a Força 
Expedicionária Brasileira (FEB); cujo lema fora "A Cobra Vai 
Fumar". A compensação à ajuda financeira deu-se de forma 
logística e material: garantiu-se o suprimento de matérias-
primas aos aliados (2º ciclo da borracha), e permitiu-se a 
instalação de uma base militar na região Nordeste (Rio 
Grande do Norte), garantido o domínio logístico e militar dos 
aliados sobre o atlântico sul. 
Ao término da guerra, fazia pouco sentido que 
Getúlio Vargas continuasse no poder. O fascismo fora 
derrotado, e os brasileiros notaram isso. Getúlio Vargas é 
forçado a renunciar em 29 de outubro de 1945 pelas forças 
armadas, seguindo para seu estado natal, o Rio Grande do 
Sul, e elegendo-se senador da república. 
 
República Nova (1945-1964) 
 
O período conhecido como República 
Nova ou República de 46 inicia com a renúncia forçada de 
Vargas, em outubro de 1945. O General Eurico Gaspar 
Dutra foi o presidente eleito e empossado no ano seguinte. 
Em 1946 foi promulgada nova Constituição, mais 
democrática que a anterior, restaurando direitos individuais. 
 
A construção de Brasília. Na imagem os prédios 
dos ministérios, 1959. Fonte: Arquivo Público do Distrito 
Federal. 
Em 1950, o Brasil recebe a Copa do Mundo de 
Futebol. Apesar de perder a final para o Uruguai, por 2 a 
1, coloca o país definitivamente em destaque no cenário 
internacional, bate todos os recordes e deixa como legado 
o Estádio do Maracanã, o maior do país. 
Ainda em 1950, o maior comunicador brasileiro 
do século XX, Assis Chateaubriand, inaugurou a TV Tupi 
São Paulo, que no início chamava-se PRF-3. Sua cadeia de 
rádio, jornais e televisão crescia a olhos vistos. 
Nesse ano, Getúlio Vargas foi mais uma vez eleito 
presidente, desta vez pelo voto direto. Em seu segundo 
governo foi criada a Petrobrás, fruto de tendências 
nacionalistas que receberam suporte das camadas 
operárias, dos intelectuais e do movimento estudantil. 
Porém, os tempos não eram mais os mesmos, e Getúlio não 
conseguiu conduzir tão bem o seu governo. Pressionado por 
uma série de eventos, em 1954 Getúlio Vargas comete 
suicídio dentro do Palácio do Catete. Assume o vice-
presidente, João Fernandes Campos Café Filho. 
Em 1955, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente 
e tomou posse em janeiro de 1956, ainda que tenha 
enfrentado tentativas de golpe. Seu governo caracterizou-se 
pelo chamado desenvolvimentismo, doutrina que se detinha 
nos avanços técnico-industriais como suposta evidência de 
um avanço geral do país. O lema do desenvolvimentismo 
sob Juscelino foi 50 anos em 5. Em 1960, Kubitschek 
inaugurou Brasília, a nova capital do Brasil. 
Já em 1961, Jânio Quadros, eleito em 1960, 
assumiu a presidência, mas renunciou em agosto do mesmo 
ano. Jânio, um ex-professor sul-matogrossense radicado em 
São Paulo pregava a moralização do governo, iniciou sua 
carreira política no PDC e se elegeu com o apoio da UDN, 
fez um governo contraditório: ao lado de medidas polêmicas 
(como a proibição de lança perfume e da briga de galo), o 
presidente condecorou o revolucionário argentino Ernesto 
Che Guevara, para a supresa da UDN. Com a 
condecoração, Jânio tentava uma aproximação com o bloco 
socialista para fins estritamente econômicos, mas assim não 
foi a interpretação da direita no Brasil, que passou a alardear 
o pânico com a "iminência" do comunismo. 
O vice-presidente João Goulart, popularmente 
conhecido como "Jango", assumiu em 7 de setembro de 
1961 a presidência, após uma crise política: os militares não 
queriam aceitá-lo na presidência, alegando o "perigo 
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41 
 
comunista", ou seja que Jango era simpatizante 
do comunismo e mantinha vários comunistas em seu 
governo. Além de ex-ministro trabalhista, Goulart 
encontrava-se na China quando da renúncia de Jânio 
Quadros. Uma solução intermediária é acertada e instala-se 
o parlamentarismo no Brasil. 
Em 1963, entretanto, João Goulart recuperou a 
chefia de governo com o plebiscito que aprovou a volta 
do presidencialismo. João Goulart governou até 1 de abril de 
1964, quando se refugiou no Uruguai deposto pelo Golpe 
Militar de 1964. No seu governo houve constantes 
problemas criados pela oposição militar, em parte devido a 
seu nacionalismo e posições políticas radicais como a do 
Slogan "Na lei ou na marra" e "terra ou morte", em relação 
à reforma agrária . O maior protesto dos setores 
conservadores da sociedade contra seu governo ocorreu 
nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, em 19 de 
março de 1964, com a chamada Marcha da Família com 
Deus pela Liberdade. 
 
Regime Militar (1964-1985) 
 
O governo de João Goulart foi marcado por 
alta inflação, estagnação econômica e uma forte oposição 
da Igreja Católica e das forças armadas que o acusavam de 
permitir a indisciplina nas Forças Armadas e de fazer um 
governo de caráter esquerdista. 
Em 31 de março de 1964 as Forças Armadas 
realizam um Golpe Militar de 1964, destituindo João Goulart 
que se exilou no Uruguai. Os líderes civis do golpe, foram os 
governadores dos estados do Rio de Janeiro,Carlos 
Lacerda, de Minas Gerais, Magalhães Pinto e de São 
Paulo, Adhemar de Barros. A maioria dos militares que 
participaram do golpe de estado eram ex-tenentes 
da Revolução de 1930, entre os quais, Juraci 
Magalhães, Humberto de Alencar Castelo Branco, Juarez 
Távora, Médici, Geisel e Cordeiro de Farias. 
Foram 5 os presidentes da república, todos 
generais de exército, durante o regime militar: o General 
Humberto de Alencar Castelo Branco, seguido pelo 
General Arthur da Costa e Silva (1967-1969), eleitos 
pelo Congresso Nacional. O General Emílio Garrastazu 
Médici (1968-74) foi escolhido pela Junta Militar que 
assumira o poder com a morte de Costa e Silva em 1969 e 
eleito por um colégio eleitoral. O General Ernesto 
Geisel (1974-79) e o General João Baptista de Oliveira 
Figueiredo (1979-84) também foram eleitos por colégios 
eleitorais formados pelo Congresso Nacional mais 
representantes das assembleias legislativas dos estados. 
Entre as características adquiridas pelos governos 
decorrentes do golpe militar, também chamado 
de "Revolução de 1964" e de "Contra-Revolução de 1964", 
destacam-se o combate à subversão praticadas por 
guerrilhas de orientação esquerdista, a supressão de alguns 
direitos constitucionais dos elementos e instituições ligados 
à suposta tentativa de golpe pelos comunistas, e uma 
forte censura à imprensa, após a edição do AI-5 de 13 de 
dezembro de 1968. 
O golpe de estado foi chamado de "Contra-
Revolução de 1964" porque os golpistas estavam tentando 
impedir uma provável revolução comunista no Brasil, nos 
moldes da recém ocorrida revolução cubana ocorrida anos 
antes. 
 
Em 1965, pelo Ato Institucional nº 2, todos 
os partidos políticos então existentes são declarados 
extintos, e teve início a intensificação da repressão política 
aos comunistas. Somente dois partidos eram permitidos, 
a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), e o Movimento 
Democrático Brasileiro (MDB), que veio a servir de refúgio a 
toda a esquerda e extrema esquerda política. 
Em pequenos municípios, porém, a divisão entre os 
dois partidos, ou as vezes, dentro do mesmo partido político, 
pois cada partido podia lançar até 3 candidatos a prefeito (as 
sublegendas), não era de ideias ou paradigmas, mas sim 
disputas pessoais entre os líderes locais. Em 1970, o MDB 
quase foi extinto por ter tido uma votação mínima para o 
Congresso Nacional. 
Em 1967, o nome do país foi alterado 
para República Federativa do Brasil 
Em 15 de março de 1967, promulgada a sexta 
Constituição Brasileira pelo Congresso, institucionalizando o 
movimento e estabelecendo eleições indiretas para 
presidente, realizada via colégio eleitoral, este eleito 
diretamente. A partir daquele dia ficavam revogados os atos 
instituicionais baixados desde 1964. Nesse mesmo dia, 
diante do crescimento dos movimentos de contestação ao 
regime militar, o General Arthur da Costa e Silva assumiu a 
Presidência da República. Porém esta normalidade 
institucional dada pela constituição de 1967 durou pouco. 
Em 13 de dezembro de 1968, Costa e Silva fechou 
o Congresso Nacional e decretou o Ato Institucional nº 5, 
o AI-5, que lhe deu o direito de fechar o Parlamento, cessar 
direitos políticos e suprimir o direito de habeas corpus. Em 
1969, é feita uma ampla reforma da constituição de 1967, 
conhecida como emenda constitucional nº 1, que a torna 
mais autoritária. 
Neste período, intensificou-se a luta armada nas 
cidades e no campo em busca da derrubada do governo 
militar. Praticamente, tudo teve início com o atentado 
no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife, 
em 1966, com diversos mortos e feridos, e em diversos 
outros pontos do país, principalmente em São Paulo e Rio 
de Janeiro. Foi após a configuração desta conjuntura de 
terror e justiçamentos da parte dos grupos comunistas que a 
censura teve sua implantação consolidada. 
Em 1969, Costa e Silva sofreu uma trombose e 
ficou incapacitado; uma junta militar formada pelos 
comandantes das Forças Armadas assumiu o poder. Em 
outubro, o General Médici tomou posse como presidente 
eleito pelo Congresso Nacional que ele pediu que fosse 
reaberto. 
Médici comandou o período de maior repressão aos 
grupos esquerdistas que combatiam a ditadura militar, em 
especial, a repressão aos grupos de revolucionários e 
guerrilheiros marxistas, com suspeitos e colaboradores 
sendo presos, ocasionalmente exilados, torturados e/ou 
mortos em confrontos com as forças policiais do Estado. Em 
1969, os guerrilheiros atacaram o Quartel General do II 
Exército, atual Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, 
quando morreu o soldado Mário Kozel Filho. 
No governo Médici teve início o movimento 
guerrilheiro no Araguaia e a realização 
de sequestros de embaixadores estrangeiros e assaltos a 
bancos comerciais por grupos de esquerda. Estes 
sequestros eram usados, em sua maioria, como forma de 
pressionar o governo militar a libertar presos políticos. Após 
a redemocratização do país, contabilizou-se mais de 
trezentos mortos, de ambos os lados. 
Em 1974, o General Ernesto Geisel assumiu a 
presidência, tendo que enfrentar grandes problemas 
econômicos, causados pela dívida externa criada pelo 
governo Médici, agravados pela crise internacional 
do petróleo, e uma alta taxa de inflação. 
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42 
 
 
Manifestação pelas Diretas, em 1984. 
 
Geisel iniciou a abertura democrática "lenta, gradual 
e segura", que foi continuada pelo seu sucessor, o General 
Figueiredo (1979-85). Figueiredo não só permitiu o retorno 
de políticos exilados ou banidos das atividades políticas 
durante os anos 1960 e 70. Foram anistiados os militantes 
das guerrilhas do tempo de governo Médici. Figueiredo 
também autorizou que estes anistiados concorressem 
às eleições municipais e estaduais em 1982. 
O regime militar termina com as eleições indiretas 
para presidente em 1984, com Paulo Maluf concorrendo 
pelo PDS e Tancredo Neves pelo PMDB apoiado 
pela Frente Liberal, dissidência do PDS liderada por José 
Sarney e Marco Maciel. Venceu Tancredo Neves, na eleição 
indireta de 15 de janeiro de 1985, para governar por 6 anos, 
a partir de 15 de março de 1985, até 1991. Nem todos, na 
oposição ao regime militar, concordavam com o lançamento 
da candidatura Tancredo Neves. O PT expulsou de seus 
quadros os seus deputados que votaram em Tancredo 
Neves no colégio eleitoral. Foram expulsos do PT: a 
deputada federal Beth Mendes e os deputados 
federais Aírton Soares e José Eudes. 
Essas eleições, as últimas eleições indiretas da 
história brasileira, foram precedidas de uma enorme 
campanha popular em favor de eleições diretas, levada a 
cabo por partidos de oposição, à frente o PMDB, que 
buscava a aprovação pelo Congresso Nacional da Emenda 
Constitucional que propunha a realização de eleições 
diretas. A campanha foi chamada de "Diretas já", e tinha à 
frente o deputado Dante de Oliveira, criador da proposta de 
Emenda. Em 25 de abril de 1984, a emenda foi votada e 
obteve 298 votos a favor, 65 contra, 3 abstenções e 112 
deputados não compareceram ao plenário no dia da 
votação. Assim a emenda foi rejeitada por não alcançar o 
número mínimo de votos para a aprovação da emenda 
constitucional. 
As principais realizações dos governos militares 
foram: a Ponte Rio-Niterói, os metrôs de São Paulo e Rio de 
Janeiro, a usina hidrelétrica de Itaipu, a barragem de 
Sobradinho, a Açominas, a Ferrovia do Aço, a rodovia 
Transamazônica, o FGTS, o BNH, a reforma administrativa 
através de decreto-lei nº 200, o Banco Central do Brasil, 
a Polícia Federal e o sistema DDD. 
 
Nova República (1985-presente)O primeiro presidente civil eleito desde o golpe 
militar de 1964 foi Tancredo Neves. Ele não chegou a 
assumir, sendo operado no dia 14 de março de 1985 e 
contraindo infecção hospitalar. No dia da posse, 15 de 
março de 1985, assume então José Sarney de modo 
interino, e após 21 de abril, data do falecimento de Tancredo 
Neves, como presidente em caráter pleno. 
A democracia foi re-estabelecida em 1988, quando 
a atual Constituição Federal foi promulgada. 
Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira 
eleição direta para Presidente da República desde 
1964. Seu governo perdurou até 1992, quando renunciou 
devido a processo de "impugnação" movido contra ele. O 
processo de afastamento ocorreu em decorrência de uma 
série de denúncias envolvendo o Presidente Collor em 
esquemas de corrupção, que seriam comandados pelo seu 
ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. O vice-
presidente, Itamar Franco, assume em seu lugar. 
No governo de Itamar Franco é criado o Plano Real, 
articulado por seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique 
Cardoso. O governo Itamar contou com a presença de vários 
senadores como ministros. Historiadores chegam a 
considerar esse fenômeno como um "parlamentarismo 
branco". Cardoso foi eleito em 1994 e reeleito em 1998. 
Cumpre dois mandatos e transmite a faixa presidencial ao 
seu sucessor em 1º de janeiro de 2003. 
 
Imagem do Porto de Santos. As exportações são o 
símbolo do novo crescimento econômico. 
 
O candidato Luis Inácio Lula da Silva, do PT, foi 
eleito presidente com aproximadamente 61% dos votos 
válidos. Lula repetiria o feito em 2006, sendo reeleito no 
segundo turno disputado contra Geraldo Alckmin, do 
mesmo PSDB. 
Durante a primeira década do Século XXI, o Brasil 
foi classificado juntamente com China, Rússia, Índia e África 
do Sul pelo grupo financeiro Goldman Sachs num grupo 
denominado BRICS, que reuniria os mercados emergentes 
mais promissores para o século. De fato, o Brasil teve um 
grande crescimento nas exportações a partir 2004, e, 
mesmo com um real valorizado e a crise internacional, 
atingiu em 2008 exportações de US$ 197,9 
bilhões, importações de US$ 173,2 bilhões, ficando entre os 
19 maiores exportadores do planeta. 
No dia 1º de janeiro de 2011, Dilma 
Rousseff assumiu a Presidência da República, tornando-se a 
primeira mulher a assumir o posto de chefe de Estado, e 
também de governo, em toda a história do Brasil. Seu 
governo foi marcado por uma forte desaceleração 
econômica e começou a perder popularidade a partir de 
2013, em meio às Jornadas de junho, protestos direcionados 
a ela mas também a toda a classe política brasileira, tendo 
como causa imediata o aumento nas tarifas de transporte 
público nas grandes cidades. Ainda assim, nas Eleições 
presidenciais brasileiras de 2014, Dilma conseguiu se 
reeleger vencendo o candidato Aécio Neves no segundo 
turno por uma estreita margem (51,64% a 48,36%). No início 
de seu segundo mandato sua rejeição atingiu quase 70% 
graças a medidas impopulares, e em meio a protestos 
populares após revelações de que políticos de diversos 
partidos estavam sendo investigados pela Polícia 
Federal por esquemas de propinas envolvendo estatais e 
empreiteiras. Em 2 de dezembro de 2015, o presidente 
da Câmara dos Deputados acolheu um pedido 
de impeachment contra Rousseff com base nas chamadas 
"pedaladas fiscais" cometidas pelo governo, que, segundo 
os juristas responsáveis, desrespeitaram a Lei de 
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43 
 
Responsabilidade Fiscal; e no dia 29 de março de 2016, o 
partido do vice-presidente do país e do presidente da 
Câmara anunciou o seu rompimento oficial com o governo 
Dilma. Em 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados 
aprovou o início do processo de impeachment, e no dia 12 
de maio, por decisão do Senado, a mandatária foi afastada 
do cargo. Dilma Rousseff foi deposta em 31 de agosto de 
2016, assumindo, então, o vice-presidente Michel Temer. 
Apesar da estabilidade macroeconômica que 
reduziu as taxas de inflação e de juros e aumentou a renda 
per capita, diferenças remanescem ainda entre a população 
urbana e rural, os estados do norte e do sul, os pobres e os 
ricos. Alguns dos desafios dos governos incluem a 
necessidade de promover melhor infraestrutura, modernizar 
o sistema de impostos, as leis de trabalho e reduzir a 
desigualdade de renda e diminuir o custo Brasil. 
A economia brasileira contém 
uma indústria desenvolvida, inclusive com indústria 
aeronáutica e uma agricultura desenvolvida e associada à 
indústria - o agronegócio, sendo que o setor 
de serviços cada vez ganha mais peso na economia. As 
recentes administrações expandiram a competição em 
portos marítimos, estradas de ferro, em telecomunicações, 
em geração de eletricidade, em distribuição do gás natural e 
em aeroportos com o alvo de promover o melhoramento da 
infraestrutura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONHECIMENTOS BRASIL 
 
 
Brasil 
República Federativa do Brasil 
 
 
Bandeira Brasão de armas 
 
Lema: Ordem e Progresso 
Hino nacional: Hino Nacional Brasileiro 
 
Menu 
0:00 
Gentílico: Brasileiros 
 
 
 
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44 
 
Localização do Brasil no mundo. 
Capital Brasília 
15°47'56"S 47°52'00"O 
Cidade mais populosa São Paulo 
Língua oficial Português 
Governo República federativa 
presidencialista 
 - Presidente Michel Temer 
 - Vice-presidente Cargo vago 
 - Presidente da Câmara 
dos Deputados 
Rodrigo Maia 
 - Presidente do Senado 
Federal 
Eunício Oliveira 
 - Presidente do 
Supremo Tribunal Federal 
Carmen Lúcia 
 - Número de ministérios 25[1] 
Independência do Reino Unido de 
Portugal, Brasil e Algarves 
 - Declarada 7 de setembro de 1822 
 - Reconhecida 29 de agosto de 1825 
 - Proclamação da 
República 
15 de novembro de 
1889 
 - Constituição 5 de outubro de 1988 
Área 
 - Total 8 515 767,049[2] 
km² (5.º) 
 - Água (%) 0,65 
 Fronteira Argentina, Bolívia, 
Colômbia, Guiana Francesa 
(França), Guiana, Paraguai, Peru, 
Suriname, Uruguai e Venezuela 
População 
 - Estimativa para 2016 206 081 432 hab. (5.º) 
 - Censo 2010 190 755 799 hab. 
 - Densidade 23.8 hab./km² (182.º) 
PIB (base PPC) Estimativa de 2016 
 - Total US$ 3,101 
trilhões*[5] (7.º) 
 - Per capita US$ 15 153 (63.º) 
PIB (nominal) Estimativa de 2016 
 - Total US$ 1,534 
trilhões*[5] (9.º) 
 - Per capita US$ 11 387 (64.º) 
IDH (2015) 0,754 (79.º) – elevado[6] 
Gini (2013) 49,8 
Moeda Real (BRL) 
Fuso horário UTC −5 a UTC −2 
(oficial: UTC −3) 
 - Verão (DST) UTC −5 a UTC −2 
Clima Equatorial, semiárido, 
subtropical, temperado e tropical 
Org. internacionais ONU (OMC), Mercosul, 
OEA, CPLP, Aladi, OTCA, 
Unasul, CI-A, UL e OIE. 
Cód. ISO BRA 
Cód. Internet .br 
Cód. telef. +55 
Website 
governamental 
www.brasil.gov.br 
 
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45 
 
 
 
 
Brasil oficialmente República Federativa do 
Brasil é o maior país da América do Sul e da região da 
América Latina, sendo o quinto maior do mundo em área 
territorial (equivalente a 47% do território sul-americano) e 
população (com maisde 200 milhões de habitantes). 
 É o único país na América onde se fala 
majoritariamente a língua portuguesa e o maior país 
lusófono do planeta, além de ser uma das nações mais 
multiculturais e etnicamente diversas, em decorrência da 
forte imigração oriunda de variados locais do mundo. 
Delimitado pelo oceano Atlântico a leste, o Brasil 
tem um litoral de 7 491 km. O país faz fronteira com todos os 
outros países sul-americanos, exceto Chile e Equador, 
sendo limitado a norte pela Venezuela, Guiana, Suriname e 
pelo departamento ultramarino francês da Guiana Francesa; 
a noroeste pela Colômbia; a oeste pela Bolívia e Peru; a 
sudoeste pela Argentina e Paraguai e ao sul pelo Uruguai. 
Vários arquipélagos formam parte do território brasileiro, 
como o Atol das Rocas, o Arquipélago de São Pedro e São 
Paulo, Fernando de Noronha (o único destes habitado) e 
Trindade e Martim Vaz. A sua Constituição atual, formulada 
em 1988, define o Brasil como uma república federativa 
presidencialista, formada pela união do Distrito Federal, dos 
26 estados e dos 5 570 municípios. 
O território que atualmente forma o Brasil foi 
encontrado pelos portugueses em 1500, durante uma 
expedição liderada por Pedro Álvares Cabral. A região, que 
até então era habitada por indígenas ameríndios divididos 
entre milhares de grupos étnicos e linguísticos diferentes, 
torna-se uma colônia do Império Português. O vínculo 
colonial foi rompido, de fato, quando em 1808 a capital do 
reino foi transferida de Lisboa para a cidade do Rio de 
Janeiro, depois de tropas francesas comandadas por 
Napoleão Bonaparte invadirem o território português. Em 
1815, o Brasil se torna parte de um reino unido com 
Portugal. Dom Pedro I, o primeiro imperador, proclamou a 
independência política do país em 1822. Inicialmente 
independente como um império, período no qual foi uma 
monarquia constitucional parlamentarista, o Brasil tornou-se 
uma república em 1889, em razão de um golpe militar 
chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca (o primeiro 
presidente), embora uma legislatura bicameral, agora 
chamada de Congresso Nacional, já existisse desde a 
ratificação da primeira Constituição, em 1824. Desde o início 
do período republicano, a governança democrática foi 
interrompida por longos períodos de regimes autoritários, até 
um governo civil e eleito democraticamente assumir o poder 
em 1985, com o fim do último regime militar. 
A economia brasileira é a maior da América Latina 
e do Hemisfério Sul, a nona maior do mundo por produto 
interno bruto (PIB) nominal e a sétima por paridade do poder 
de compra (PPC). Reformas econômicas deram ao país 
novo reconhecimento internacional, seja em âmbito regional 
ou global. O país é membro fundador da Organização das 
Nações Unidas (ONU), G20, BRICS, Comunidade dos 
Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Latina, 
Organização dos Estados Americanos (OEA), Organização 
dos Estados Ibero-americanos (OEI), Mercado Comum do 
Sul (Mercosul) e da União de Nações Sul-Americanas 
(Unasul). O Brasil também é o lar de uma diversidade de 
animais selvagens, ecossistemas e de vastos recursos 
naturais em uma grande variedade de habitats protegidos. 
 
Etimologia 
As raízes etimológicas do termo "Brasil" são de 
difícil reconstrução. O filólogo Adelino José da Silva Azevedo 
postulou que se trata de uma palavra de procedência celta 
(uma lenda que fala de uma "terra de delícias", vista entre 
nuvens), mas advertiu também que as origens mais remotas 
do termo poderiam ser encontradas na língua dos antigos 
fenícios. Na época colonial, cronistas da importância de 
João de Barros, frei Vicente do Salvador e Pero de 
Magalhães Gândavo apresentaram explicações 
concordantes acerca da origem do nome "Brasil". De acordo 
com eles, o nome "Brasil" é derivado de "pau-brasil", 
designação dada a um tipo de madeira empregada na 
tinturaria de tecidos. Na época dos descobrimentos, era 
comum aos exploradores guardar cuidadosamente o 
segredo de tudo quanto achavam ou conquistavam, a fim de 
explorá-lo vantajosamente, mas não tardou em se espalhar 
na Europa que haviam descoberto certa "ilha Brasil" no meio 
do oceano Atlântico, de onde extraíam o pau-brasil (madeira 
cor de brasa). Antes de ficar com a designação atual, 
"Brasil", as novas terras descobertas foram designadas de: 
Monte Pascoal (quando os portugueses avistaram terras 
pela primeira vez), Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, 
Nova Lusitânia, Cabrália, Império do Brasil e Estados Unidos 
do Brasil. Os habitantes naturais do Brasil são denominados 
brasileiros, cujo gentílico é registrado em português a partir 
de 1706 que se referia inicialmente apenas aos que 
comercializavam pau-brasil. 
 
 
GEOGRAFIA DO BRASIL 
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46 
 
 
O território brasileiro é cortado por dois círculos 
imaginários: a Linha do Equador, que passa pela 
embocadura do Amazonas, e o Trópico de Capricórnio, que 
corta o município de São Paulo. O país ocupa uma vasta 
área ao longo da costa leste da América do Sul e inclui 
grande parte do interior do continente, compartilhando 
fronteiras terrestres com Uruguai ao sul; Argentina e 
Paraguai a sudoeste; Bolívia e Peru a oeste; Colômbia a 
noroeste e Venezuela, Suriname, Guiana e com o 
departamento ultramarino francês da Guiana Francesa ao 
norte. O país compartilha uma fronteira comum com todos 
os países da América do Sul, exceto Equador e Chile. Ele 
também engloba uma série de arquipélagos oceânicos, 
como Fernando de Noronha, Atol das Rocas, São Pedro e 
São Paulo e Trindade e Martim Vaz. O seu tamanho, relevo, 
clima e recursos naturais fazem do Brasil um país 
geograficamente diverso. 
O país é o quinto maior do mundo em área 
territorial, depois de Rússia, Canadá, China e Estados 
Unidos, e o terceiro maior da América, com uma área total 
de 8 515 767,049 quilômetros quadrados (km²), incluindo 
55 455 km² de água. Seu território abrange quatro fusos 
horários, a partir de UTC−5 no Acre e sudoeste do 
Amazonas; UTC−4 em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Rondônia, Roraima e maior parte do Amazonas; UTC−3 
(horário oficial do Brasil) em Goiás, Distrito Federal, Pará, 
Amapá e todos os estados das regiões Nordeste, Sudeste e 
Sul e UTC−2 nas ilhas do Atlântico. 
A topografia brasileira também é diversificada e 
inclui morros, montanhas, planícies, planaltos e cerrados. 
Grande parte do terreno se situa entre duzentos e oitocentos 
metros de altitude. A área principal de terras altas ocupa 
mais da metade sul do país. As partes noroeste do planalto 
são compostas por terreno, amplo rolamento quebrado por 
baixo e morros arredondados. A seção sudeste é mais 
robusta, com uma massa complexa de cordilheiras e serras 
atingindo altitudes de até 1 200 metros. Esses intervalos 
incluem as serras do Espinhaço, da Mantiqueira e do Mar. 
No norte, o planalto das Guianas constitui um fosso de 
drenagem principal, separando os rios que correm para o sul 
da Bacia Amazônica dos que desaguam no sistema do rio 
Orinoco, na Venezuela, ao norte. O ponto mais alto no Brasil 
é o Pico da Neblina, na Serra do Imeri (fronteira com a 
Venezuela) com 2 994 metros, e o menor é o Oceano 
Atlântico. 
O Brasil tem um sistema denso e complexo de rios, 
um dos mais extensos do mundo, com oito grandes bacias 
hidrográficas, que drenam para o Atlântico. Os rios mais 
importantes são o Amazonas (o maior rio do mundo tanto 
em comprimento – 6 937,08 quilômetros de extensão – 
como em termos de volume de água – vazão de 12,5 bilhões 
de litros por minuto), o Paraná e seu maiorafluente, o 
Iguaçu (que inclui as cataratas do Iguaçu), o Negro, São 
Francisco, Xingu, Madeira e Tapajós. 
 
Clima 
O clima do Brasil dispõe de uma ampla variedade 
de condições de tempo em uma grande área e topografia 
variada, mas a maior parte do país é tropical. Segundo o 
sistema Köppen, o Brasil acolhe seis principais subtipos 
climáticos: equatorial, tropical, semiárido, tropical de altitude, 
temperado e subtropical. As diferentes condições climáticas 
produzem ambientes que variam de florestas equatoriais no 
Norte e regiões semiáridas no Nordeste, para florestas 
temperadas de coníferas no Sul e savanas tropicais no 
Brasil central. Muitas regiões têm microclimas totalmente 
diferentes. 
O clima equatorial caracteriza grande parte do norte 
do Brasil. Não existe uma estação seca real, mas existem 
algumas variações no período do ano em que mais chove. 
Temperaturas médias de 25 °C, com mais variação de 
temperatura significativa entre a noite e o dia do que entre 
as estações. As chuvas no Brasil central são mais sazonais, 
característico de um clima de savana. Esta região é tão 
extensa como a bacia amazônica, mas tem um clima muito 
diferente, já que fica mais ao sul, em uma altitude inferior. 
No interior do nordeste, a precipitação sazonal é ainda mais 
extrema. A região de clima semiárido geralmente recebe 
menos de 800 milímetros de chuva, a maioria do que 
geralmente cai em um período de três a cinco meses no 
ano, e por vezes menos do que isso, resultando em longos 
períodos de seca. A "Grande Seca" de 1877–78 no Brasil, a 
mais grave já registrada no país, causou cerca de meio 
milhão de mortes. Outra em 1915 foi devastadora também. 
No sul da Bahia, a distribuição de chuva muda, com 
períodos de chuva ao longo de todo o ano. O Sul e parte do 
Sudeste possuem condições de clima temperado, com 
invernos frescos e temperatura média anual não superior a 
18 °C; geadas de inverno são bastante comuns, com 
ocasional queda de neve nas áreas mais elevadas. 
 
Meio ambiente e biodiversidade 
A grande extensão territorial do Brasil abrange 
diferentes ecossistemas, como a Floresta Amazônica, 
reconhecida como tendo a maior diversidade biológica do 
mundo, a mata Atlântica e o cerrado, que sustentam também 
grande biodiversidade, além da caatinga, fazendo do Brasil 
um país megadiverso. No sul, a floresta de araucárias 
cresce sob condições de clima temperado. 
A rica vida selvagem do Brasil reflete a variedade 
de habitats naturais. Os cientistas estimam que o número 
total de espécies vegetais e animais no Brasil seja de 
aproximadamente de quatro milhões. Grandes mamíferos 
incluem pumas, onças, jaguatiricas, raros cachorros-vinagre, 
raposas, queixadas, antas, tamanduás, preguiças, gambás e 
tatus. Veados são abundantes no sul e muitas espécies de 
platyrrhini são encontradas nas florestas tropicais do norte. A 
preocupação com o meio ambiente tem crescido em 
resposta ao interesse mundial nas questões ambientais. 
O patrimônio natural do Brasil está seriamente 
ameaçado pela pecuária e agricultura, exploração 
madeireira, mineração, reassentamento, desmatamento, 
extração de petróleo e gás, a sobrepesca, comércio de 
espécies selvagens, barragens e infraestrutura, 
contaminação da água, fogo, espécies invasoras e pelos 
efeitos do aquecimento global. Em muitas áreas do país, o 
ambiente natural está ameaçado pelo desenvolvimento. A 
construção de estradas em áreas de floresta, tais como a 
BR-230 e a BR-163, abriu áreas anteriormente remotas para 
a agricultura e para o comércio; barragens inundaram vales 
e habitats selvagens; e minas criaram cicatrizes na terra e 
poluíram a paisagem. 
 
Demografia 
A população do Brasil, conforme censo realizado 
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 
2010, foi de 190 755 799 habitantes (22,43 habitantes por 
quilômetro quadrado), com uma proporção de homens e 
mulheres de 0,96:1 e 84,36% da população definida como 
urbana. A população está fortemente concentrada nas 
regiões Sudeste (80,3 milhões de habitantes), Nordeste 
(53,1 milhões) e Sul (27,4 milhões), enquanto as duas 
regiões mais extensas, o Centro-Oeste e o Norte, que 
formam 64,12% do território brasileiro, contam com um total 
de apenas trinta milhões de habitantes. 
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47 
 
A população brasileira aumentou significativamente 
entre 1940 e 1970, devido a um declínio na taxa de 
mortalidade, embora a taxa de natalidade também tenha 
passado por um ligeiro declínio no período. Na década de 
1940 a taxa de crescimento anual da população foi de 2,4%, 
subindo para 3% em 1950 e permanecendo em 2,9% em 
1960, com a expectativa de vida subindo de 44 para 54 anos 
e para 73,9 anos em 2013. A taxa de aumento populacional 
tem vindo a diminuir desde 1960, de 3,04% ao ano entre 
1950–1960 para 1,05% em 2008 e deverá cair para um valor 
negativo, de -0,29%, em 2050, completando assim a 
transição demográfica. 
Os maiores aglomerados urbanos do Brasil, de 
acordo com a estimativa do IBGE para 2016, são as 
conturbações de São Paulo (com 21 166 641 habitantes), 
Rio de Janeiro (12 340 927), Belo Horizonte (5 107 020), 
Recife (3 995 949) e Brasília (3 908 762). Existem também 
grandes concentrações urbanas no interior do país: 
Campinas, Baixada Santista, São José dos Campos e 
Sorocaba (todas no estado de São Paulo). Quase todas as 
capitais são as maiores cidades de seus estados, com 
exceção de Vitória, capital do Espírito Santo, e Florianópolis, 
a capital de Santa Catarina. 
 
Composição étnica 
 
Grupos étnicos no Brasil (censo de 2010) 
 Brancos (47.51%) 
 Pardos (43.42%) 
 Pretos (7.52%) 
 Amarelos (1.1%) 
 Indígenas (0.42%) 
Segundo o IBGE, no censo de 2010 47,1% da 
população (cerca de 90,6 milhões) se autodeclararam como 
brancos, 43,42% (cerca de 82,8 milhões) como pardos 
(multirracial), 7,52% (cerca de 14,4 milhões) como negros; 
1,1% (cerca de 2,1 milhões) como amarelos e 0,43% (cerca 
de 821 mil) como indígenas, enquanto 0,02% (cerca de 36,1 
mil) não declararam sua raça. 
Em 2007, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) 
relatou a existência de 67 tribos indígenas isoladas em 
regiões remotas do Brasil, a maioria delas no interior da 
Floresta Amazônica. Acredita-se que o Brasil possua o maior 
número de povos isolados do mundo. 
A maioria dos brasileiros descendem de povos 
indígenas do país, colonos portugueses, imigrantes 
europeus e escravos africanos. Desde a chegada dos 
portugueses em 1500, um considerável número de uniões 
entre estes três grupos foram realizadas. A população parda 
é uma categoria ampla que inclui caboclos (descendentes de 
brancos e índios), mulatos (descendentes de brancos e 
negros) e cafuzos (descendentes de negros e índios). 
Os pardos e mulatos formam a maioria da 
população nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A 
população mulata concentra-se geralmente na costa leste da 
região Nordeste, da Bahia à Paraíba e também no norte do 
Maranhão, sul de Minas Gerais e no leste do Rio de Janeiro. 
No século XIX o Brasil abriu suas fronteiras à 
imigração. Cerca de cinco milhões de pessoas de mais de 
60 países migraram para o Brasil entre 1808 e 1972, a 
maioria delas de Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Japão 
e Oriente Médio. 
 
Religiões 
Religiões no Brasil (censo de 2010) 
 Catolicismo romano (64.6%) 
 Protestantismo (22.2%) 
 Sem religião (8%) 
 Espiritismo (2%) 
 Outro (3.2%) 
 
A Constituição prevê liberdadede religião, ou seja, 
proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa e a Igreja e o 
Estado estão oficialmente separados, sendo o Brasil um país 
secular. 
Em outubro de 2009 foi aprovado pelo Senado e 
decretado pelo Presidente da República em fevereiro de 
2010, um acordo com o Vaticano, em que é reconhecido o 
Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil. O acordo 
confirmou normas que já eram normalmente cumpridas 
sobre ensino religioso nas escolas públicas de ensino 
fundamental (que assegura também o ensino de outras 
crenças), casamento e assistência espiritual em presídios e 
hospitais. O projeto sofreu críticas de parlamentares que 
entendiam como o fim do Estado laico com a aprovação do 
acordo. 
Em 2000, a religião católica representava 73,6% do 
total no país. Em 2010, era 64,6%, sendo observada pela 
primeira vez a redução em números absolutos (de 
124 980 132 para 123 280 172). Ainda assim, o perfil 
religioso brasileiro continua tendo uma maioria 
predominantemente católica (42,4% a mais que a segunda 
maior religião do país, o protestantismo). De acordo com o 
censo de 2010, entre os estados, o Rio de Janeiro apresenta 
a menor proporção de católicos, 45,8%; e o Piauí, a maior, 
85,1%. Já a proporção de evangélicos era maior em 
Rondônia (33,8%) e menor no Piauí (9,7%). 
 
Idiomas 
A língua oficial do Brasil é o português, que é falado 
por quase toda a população e é praticamente o único idioma 
usado nos meios de comunicação, nos negócios e para fins 
administrativos. O país é o único lusófono da América e o 
idioma tornou-se uma parte importante da identidade 
nacional brasileira. 
O português brasileiro teve o seu próprio 
desenvolvimento, influenciado por línguas ameríndias, 
africanas e por outros idiomas europeus. Como resultado, 
essa variante é um pouco diferente, principalmente na 
fonologia, do português lusitano. Essas diferenças são 
comparáveis àquelas entre o inglês americano e o inglês 
britânico. 
Em 2008, a Comunidade dos Países de Língua 
Portuguesa (CPLP), que inclui representantes de todos os 
países cujo português é o idioma oficial, chegou a um 
acordo sobre a padronização ortográfica da língua, com o 
objetivo de reduzir as diferenças entre as duas variantes. A 
todos os países da CPLP foi dado o prazo de 2009 até 2016 
para se adaptarem às mudanças necessárias. 
 
Idiomas minoritários são falados em todo o país. O 
censo de 2010 contabilizou 305 etnias indígenas no Brasil, 
que falam 274 línguas diferentes. Dos indígenas com cinco 
ou mais anos, 37,4% falavam uma língua indígena e 76,9% 
falavam português. Há também comunidades significativas 
de falantes do alemão (na maior parte o Hunsrückisch, um 
alto dialeto alemão) e italiano (principalmente o talian, de 
origem veneta) no sul do país, os quais são influenciados 
pelo idioma português. 
Diversos municípios brasileiros cooficializaram 
outras línguas, como São Gabriel da Cachoeira, no estado 
do Amazonas, onde ao nheengatu, tukano e baniwa, que 
são línguas ameríndias, foi concedido o estatuto cooficial 
com o português. Outros municípios, como Santa Maria de 
Jetibá (no Espírito Santo) e Pomerode (em Santa Catarina) 
também cooficializaram outras línguas alóctones, como o 
alemão e o pomerano. Os estados de Santa Catarina e Rio 
Grande do Sul também possuem o talian como patrimônio 
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linguístico oficial, enquanto o Espírito Santo, em agosto de 
2011, incluiu em sua constituição o pomerano, junto com o 
alemão, como seus patrimônios culturais. 
 
Governo e política 
A Federação Brasileira é formada pela união 
indissolúvel de três entidades políticas distintas: os estados, 
os municípios e o Distrito Federal. A União, os estados, o 
Distrito Federal e os municípios são as esferas "do governo". 
A Federação está definida em cinco princípios fundamentais: 
soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana, os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo 
político. Os ramos clássicos tripartite de governo (executivo, 
legislativo e judiciário no âmbito do sistema de controle e 
equilíbrios) são oficialmente criados pela Constituição. O 
executivo e o legislativo estão organizados de forma 
independente em todas as três esferas de governo, 
enquanto o Judiciário é organizado apenas a nível federal e 
nas esferas estadual/Distrito Federal. 
Todos os membros do executivo e do legislativo 
são eleitos diretamente. Juízes e outros funcionários 
judiciais são nomeados após aprovação em exames de 
entrada. O voto é obrigatório para os alfabetizados entre 18 
e 70 anos e facultativo para analfabetos e aqueles com 
idade entre 16 e 18 anos ou superior a 70 anos. Quase 
todas as funções governamentais e administrativas são 
exercidas por autoridades e agências filiadas ao Executivo. 
A forma de governo é a de uma república 
democrática, com um sistema presidencial. O presidente é o 
chefe de Estado e de governo da União e é eleito para um 
mandato de quatro anos, com a possibilidade de reeleição 
para um segundo mandato consecutivo. Ele é o responsável 
pela nomeação dos ministros de Estado, que auxiliam no 
governo. O atual Presidente do Brasil, Michel Temer, tomou 
posse em 31 de agosto de 2016, após a deposição de Dilma 
Rousseff, que estava em seu segundo mandato na 
presidência do país e tinha Temer como vice em sua chapa. 
As casas legislativas de cada entidade política são 
a principal fonte de direito no Brasil. O Congresso Nacional é 
a legislatura bicameral da Federação, composto pela 
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Autoridades 
do Judiciário exercem funções jurisdicionais, quase 
exclusivamente. Quase todos os partidos políticos estão 
representados no Congresso. É comum que os políticos 
mudem de partido e, assim, a proporção de assentos 
parlamentares detidos por partidos muda regularmente. Os 
maiores partidos, de acordo com o número de filiados, são o 
Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), 
Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Progressista (PP), 
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido 
Democrático Trabalhista (PDT), Partido Trabalhista 
Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido da República 
(PR), Partido Socialista Brasileiro (PSB) e Partido Popular 
Socialista (PPS). 
 
Lei 
A lei brasileira é baseada na tradição do código 
civil, parte do sistema romano-germânico. Assim, os 
conceitos de direito civil prevalecem sobre práticas de direito 
comum. A maior parte da legislação brasileira é codificada, 
apesar de os estatutos não codificados serem uma parte 
substancial do sistema, desempenhando um papel 
complementar. Decisões do Tribunal e orientações 
explicativas, no entanto, não são vinculativas sobre outros 
casos específicos, exceto em algumas situações. 
Obras de doutrina e as obras de juristas 
acadêmicos têm forte influência na criação de direito e em 
casos de direito. O sistema jurídico baseia-se na 
Constituição Federal, que foi promulgada em 5 de outubro 
de 1988 e é a lei fundamental do Brasil. Todos as outras 
legislações e as decisões das cortes de justiça devem 
corresponder a seus princípios. Os estados têm suas 
próprias constituições, que não devem entrar em contradição 
com a constituição federal. Os municípios e o Distrito 
Federal não têm constituições próprias; em vez disso, eles 
têm leis orgânicas. Entidades legislativas são a principal 
fonte dos estatutos, embora, em determinadas questões, 
organismos dos poderes judiciário e executivo possam 
promulgar normas jurídicas. 
A jurisdição é administradapelas entidades do 
poder judiciário brasileiro, embora em situações raras a 
Constituição Federal permita que o Senado Federal interfira 
nas decisões judiciais. Existem jurisdições especializadas 
como a Justiça Militar, a Justiça do Trabalho e a Justiça 
Eleitoral. O tribunal mais alto é o Supremo Tribunal Federal. 
Este sistema tem sido criticado nas últimas décadas devido 
à lentidão com que as decisões finais são emitidas. Ações 
judiciais de recurso podem levar vários anos para serem 
resolvidas e, em alguns casos, mais de uma década para 
expirar antes de as decisões definitivas serem tomadas. 
 
Crime e aplicação da lei 
No Brasil, a constituição estabelece cinco 
instituições policiais diferentes para a execução da lei: 
Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia 
Ferroviária Federal, a Polícia Militar e Polícia Civil. Destas, 
as três primeiras são filiadas às autoridades federais e as 
duas últimas subordinadas aos governos estaduais. Todas 
as instituições policiais são de responsabilidade do poder 
executivo de qualquer um dos governos federal ou estadual. 
A Força Nacional de Segurança Pública também pode atuar 
em situações de distúrbio público, originadas em qualquer 
ponto do território nacional. 
O país tem níveis acima da média de crimes 
violentos e níveis particularmente altos de violência armada 
e de homicídio. Em 2012, a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) estimou o número de 32 mortes para cada 100 mil 
habitantes, uma das mais altas taxas de homicídios 
intencionais do mundo. O índice considerado suportável pela 
OMS é de dez homicídios por 100 mil habitantes. No 
entanto, existem diferenças entre os índices de criminalidade 
dentro do país; enquanto em São Paulo a taxa de homicídios 
registrada em 2013 foi de 10,8 mortes por 100 mil 
habitantes, em Alagoas foi de 64,7 homicídios para cada 100 
mil pessoas. 
O Brasil também tem altos níveis de 
encarceramento e a quarta maior população carcerária do 
mundo (atrás de Estados Unidos, China e Rússia), com um 
total estimado em mais 600 mil presos (300 para cada 100 
mil habitantes) em todo o país (junho de 2015), um aumento 
de cerca de 161% em relação ao índice registrado em 2000. 
O alto número de presos acabou por sobrecarregar o 
sistema prisional brasileiro, levando a um déficit de mais de 
200 mil vagas dentro das prisões do país. 
 
Política externa 
Embora alguns problemas sociais e econômicos 
impeçam o Brasil de exercer poder global efetivo, o país é 
hoje um líder político e econômico na América Latina. Esta 
alegação, porém, é parcialmente contestada por outros 
países, como a Argentina e o México, que se opõem ao 
objetivo brasileiro de obter um lugar permanente como 
representante da região no Conselho de Segurança das 
Nações Unidas. 
Entre a Segunda Guerra Mundial e a década de 
1990, os governos democráticos e militares procuraram 
expandir a influência do Brasil no mundo, prosseguindo com 
uma política externa e industrial independente. Atualmente o 
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país tem como objetivo reforçar laços com outros países da 
América do Sul e exercer a diplomacia multilateral, através 
das Nações Unidas e da Organização dos Estados 
Americanos. 
A atual política externa do Brasil é baseada na 
posição do país como uma potência regional na América 
Latina, um líder entre os países em desenvolvimento (como 
os BRICS) e uma superpotência mundial emergente. A 
política externa brasileira em geral tem refletido 
multilateralismo, resolução de litígios de forma pacífica e não 
intervenção nos assuntos de outros países. A Constituição 
brasileira determina também que o país deve buscar uma 
integração econômica, política, social e cultural com as 
nações da América Latina, através de organizações como 
UNASUL, Mercosul e CELAC. 
 
Forças armadas 
As Forças Armadas do Brasil compreendem o 
Exército Brasileiro, a Marinha do Brasil e a Força Aérea 
Brasileira, e são a maior força militar da América Latina, a 
segunda maior de toda a América e também uma das dez 
forças armadas mais bem preparadas do mundo. 
As polícias militares estaduais e os corpos de 
bombeiros militares são descritas como forças auxiliares e 
reservas do Exército pela Constituição, mas sob o controle 
de cada estado e de seus respectivos governadores. 
O Exército Brasileiro é responsável pelas 
operações militares por terra, possui o maior efetivo da 
América Latina, contando com uma força de cerca de 
290 000 soldados. Também possui a maior quantidade de 
veículos blindados da América do Sul, somados os veículos 
blindados para transporte de tropas e carros de combate 
principais. 
A Força Aérea Brasileira é o ramo de guerra aérea 
das Forças Armadas Brasileiras, sendo a maior força aérea 
da América Latina, com cerca de 700 aviões tripulados em 
serviço e efetivo de cerca de 67 mil militares. 
A Marinha do Brasil é responsável pelas operações 
navais e pela guarda das águas territoriais brasileiras. É a 
mais antiga das Forças Armadas brasileiras, possui o maior 
efetivo de fuzileiros navais da América Latina, estimado em 
15 000 homens, tendo o Batalhão de Operações Especiais 
de Fuzileiros Navais como sua principal unidade. A Marinha 
também possui um grupo de elite especializado em retomar 
navios e instalações navais, o Grupamento de 
Mergulhadores de Combate, unidade especialmente treinada 
para proteger as plataformas petrolíferas brasileiras ao longo 
de sua costa. É a única Marinha da América Latina que 
opera um porta-aviões, o NAe São Paulo, e uma das dez 
marinhas do mundo a operar tal tipo de navio. 
 
Economia 
O Brasil é a maior economia da América Latina, a 
segunda da América (atrás apenas dos Estados Unidos) e a 
sétima maior do mundo, tanto nominalmente quanto em 
paridade do poder de compra, de acordo com o Fundo 
Monetário Internacional e o Banco Mundial. O país tem uma 
economia mista com vastos recursos naturais. Estima-se 
que a economia brasileira irá se tornar uma das cinco 
maiores do mundo nas próximas décadas. O PIB (PPC) per 
capita atual é de 15 153 dólares (2014). Ativo em setores 
como mineração, manufatura, agricultura e serviços, o Brasil 
tem uma força de trabalho de mais de 107 milhões de 
pessoas (6ª maior do mundo) e desemprego de 6,2% (64º 
no mundo). 
O país vem ampliando sua presença nos mercados 
financeiros e de commodities internacionais e é um BRICs. 
O Brasil tem sido o maior produtor mundial de café dos 
últimos 150 anos e tornou-se o quarto maior mercado de 
automóveis do mundo. Entre os principais produtos de 
exportação estão aeronaves, equipamentos elétricos, 
automóveis, etanol, têxteis, calçados, minério de ferro, aço, 
café, suco de laranja, soja e carne enlatada. O país participa 
de diversos blocos econômicos como o Mercado Comum do 
Sul (Mercosul), o G20 e o Grupo de Cairns, e sua economia 
corresponde a três quintos da produção industrial da 
economia sul-americana. O Brasil comercializa regularmente 
com mais de uma centena de países, sendo que 74% dos 
bens exportados são manufaturas ou semimanufaturas. Os 
maiores parceiros são: União Europeia, Mercosul, América 
Latina, Ásia e Estados Unidos. 
De acordo com a Confederação da Agricultura e 
Pecuária do Brasil (CNA) o setor do agronegócio responde 
por 23% do PIB brasileiro (2013). O Brasil está entre os 
países com maior produtividade no campo, apesar das 
barreiras comerciais e das políticas de subsídios adotadas 
pelos países desenvolvidos. Em relatório divulgado em 2010 
pela OMS, o país é o terceiro maior exportador de produtos 
agrícolas do mundo, atrás apenas de Estados Unidos eUnião Europeia. 
A indústria de automóveis, aço, petroquímica, 
computadores, aeronaves e bens de consumo duradouros 
contabilizam 30,8% do produto interno bruto brasileiro. A 
atividade industrial está concentrada geograficamente nas 
regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, 
Curitiba, Campinas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, 
Salvador, Recife e Fortaleza. Entre as empresas mais 
conhecidas do Brasil estão: Brasil Foods, Perdigão, Sadia e 
JBS (setor alimentício); Embraer (setor aéreo); Havaianas e 
Calçados Azaleia (calçados); Petrobras (setor petrolífero); 
Companhia Vale do Rio Doce (mineração); Marcopolo e 
Busscar (carroceiras); Gerdau (siderúrgicas); Organizações 
Globo (comunicação). 
A corrupção, no entanto, custa ao Brasil quase 41 
bilhões de dólares por ano e 69,9% das empresas do país 
identificam esse problema como um dos principais entraves 
para conseguirem penetrar com sucesso no mercado global. 
No Índice de Percepção da Corrupção de 2014, criado pela 
Transparência Internacional, o Brasil é classificado na 69ª 
posição entre os 175 países avaliados. O poder de compra 
brasileiro também é corroído pelo conjunto de problemas 
nacionais chamado "custo Brasil". Além disso, o país 
apresenta uma das menores taxas de participação do 
comércio exterior no PIB, sendo classificado como uma das 
economias mais fechadas do mundo. No Índice de 
Liberdade Econômica de 2015, por exemplo, o país foi 
classificado no 118º lugar entre 178 nações avaliadas. 
Apesar de também ser um problema crônico, desde 2001 os 
níveis de desigualdade social e econômica vêm caindo, 
chegando em 2011 aos níveis de 1960, embora o país ainda 
esteja entre os 12 mais desiguais do planeta. 
 
Saúde 
O sistema de saúde pública brasileiro, o Sistema 
Único de Saúde (SUS), é gerenciado e fornecido por todos 
os níveis do governo, sendo o maior sistema do tipo do 
mundo. Já os sistemas de saúde privada atendem um papel 
complementar. Os serviços de saúde públicos são universais 
e oferecidos a todos os cidadãos do país de forma gratuita. 
No entanto, a construção e a manutenção de centros de 
saúde e hospitais são financiadas por impostos, sendo que o 
país gasta cerca de 9% do seu PIB em despesas na área. 
Em 2009, o território brasileiro tinha 1,72 médicos e 2,4 
leitos hospitalares para cada 1000 habitantes. 
Apesar de todos os progressos realizados desde a 
criação do sistema universal de cuidados de saúde em 1988, 
ainda existem vários problemas de saúde pública no Brasil. 
Em 2006, os principais pontos a serem resolvidos eram as 
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50 
 
altas taxas de mortalidade infantil (2,51%) e materna (73,1 
mortes por 1000 nascimentos). O número de mortes por 
doenças não transmissíveis, como doenças 
cardiovasculares (151,7 mortes por 100 000 habitantes) e 
câncer (72,7 mortes por 100 000 habitantes), também tem 
um impacto considerável sobre a saúde da população 
brasileira. Finalmente, fatores externos, mas evitáveis, como 
acidentes de carro, violência e suicídio causaram 14,9% de 
todas as mortes no país. O sistema de saúde brasileiro foi 
classificado na 125ª posição entre os 191 países avaliados 
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2000. 
 
Energia 
O Brasil é o décimo maior consumidor da energia 
do planeta e o terceiro maior do hemisfério ocidental, atrás 
dos Estados Unidos e Canadá. A matriz energética brasileira 
é baseada em fontes renováveis, sobretudo a energia 
hidrelétrica e o etanol, além de fontes não renováveis como 
o petróleo e o gás natural. Em 2015, a Usina Hidrelétrica de 
Itaipu, no Paraná, era a maior usina hidrelétrica do planeta 
por produção de energia. 
Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem 
trabalhado para criar uma alternativa viável à gasolina. Com 
o seu combustível à base de cana-de-açúcar, a nação pode 
se tornar energicamente independente neste momento. O 
Proálcool, que teve origem na década de 1970, em resposta 
às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso 
intermitente. Ainda assim, grande parte dos brasileiros 
utilizam os chamados "veículos flex", que funcionam com 
etanol ou gasolina, permitindo que o consumidor possa 
abastecer com a opção mais barata no momento, muitas 
vezes o etanol. Os países com grande consumo de 
combustível, como a Índia e a China, estão seguindo o 
progresso do Brasil nessa área. Além disso, países como o 
Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro para 
ajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas 
no Protocolo de Quioto. 
O Brasil possui a segunda maior reserva de 
petróleo bruto na América do Sul e é um dos produtores de 
petróleo que mais aumentaram sua produção nos últimos 
anos. O país é um dos mais importantes do mundo na 
produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total de 
geração de eletricidade, que corresponde a 90 mil 
megawatts (MW), a energia hídrica é responsável por 
66 000 MW (74%). A energia nuclear representa cerca de 
3% da matriz energética brasileira. O Brasil pode se tornar 
uma potência mundial na produção de petróleo, com 
grandes descobertas desse recurso nos últimos tempos na 
Bacia de Santos. 
 
Transportes 
Com uma rede rodoviária de cerca de 1,5 milhão de 
quilômetros, sendo 212 798 km de rodovias pavimentadas 
(2010), as estradas são as principais transportadoras de 
carga e de passageiros no tráfego brasileiro. 
Os primeiros investimentos na infraestrutura 
rodoviária deram-se na década de 1920, no governo de 
Washington Luís, sendo prosseguidos nos governos de 
Vargas e Gaspar Dutra. O presidente Juscelino Kubitschek 
(1956–61), que concebeu e construiu a capital Brasília, foi 
outro incentivador de rodovias. Kubitschek foi responsável 
pela instalação de grandes fabricantes de automóveis no 
país (Volkswagen, Ford e General Motors chegaram ao 
Brasil durante seu governo) e um dos pontos utilizados para 
atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de 
rodovias. Com a implantação da Fiat em 1976 terminando 
um ciclo de mercado automobilístico fechado, a partir do 
final da década de 1990 o país vem recebendo grandes 
investimentos diretos estrangeiros instalando em seu 
território outros grandes fabricantes de automóveis e 
utilitários, como Iveco, Renault, Peugeot, Citroën, Honda, 
Mitsubishi, Mercedes-Benz, BMW, Hyundai, Toyota entre 
outras. O Brasil é o sétimo mais importante país da indústria 
automobilística. 
Existem cerca de quatro mil aeroportos e 
aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas pavimentadas, 
incluindo as áreas de desembarque. O país tem o segundo 
maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás apenas 
dos Estados Unidos. O Aeroporto Internacional de 
Guarulhos, localizado na Região Metropolitana de São 
Paulo, é o maior e mais movimentado aeroporto do país. 
Grande parte dessa movimentação deve-se ao tráfego 
comercial e popular do país e ao fato de que o aeroporto liga 
São Paulo a praticamente todas as grandes cidades de todo 
o mundo. O Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2 464 
aeroportos regionais. 
O país possui uma extensa rede ferroviária de 
28 538 km de extensão, a décima maior do mundo. 
Atualmente, o governo brasileiro, diferentemente do 
passado, procura incentivar esse meio de transporte; um 
exemplo desse incentivo é o projeto do Trem de Alta 
Velocidade Rio-São Paulo, um trem-bala que vai ligar as 
duas principais metrópoles do país para o transporte de 
passageiros. Há 37 grandes portos no Brasil, dentre os quais 
o maior é o Porto de Santos. O país também possui50 000 km de hidrovias. 
 
Ciência e tecnologia 
A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte 
realizada em universidades públicas e institutos de pesquisa. 
Alguns dos mais notáveis polos tecnológicos do Brasil são 
os institutos Oswaldo Cruz e Butantã, o Comando-Geral de 
Tecnologia Aeroespacial, a Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária (EMBRAPA) e o Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais (INPE). Dono de relativa sofisticação 
tecnológica, o país desenvolve de submarinos a aeronaves, 
além de estar presente na pesquisa aeroespacial, possuindo 
um Centro de Lançamento de Veículos Leves e sendo o 
único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe de 
construção da Estação Espacial Internacional (ISS). 
O Brasil tem o mais avançado programa espacial 
da América Latina, com recursos significativos para veículos 
de lançamento, e fabricação de satélites. Em 14 de outubro 
de 1997, a Agência Espacial Brasileira assinou um acordo 
com a NASA para fornecer peças para a ISS. Este acordo 
possibilitou ao Brasil treinar seu primeiro astronauta. Em 30 
de março de 2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veículo 
Soyuz se transformou no primeiro astronauta brasileiro e o 
terceiro latino-americano a orbitar nosso planeta. 
O país também é pioneiro na pesquisa de petróleo 
em águas profundas, de onde extrai 73% de suas reservas. 
O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear 
(FCN), de Resende, no estado do Rio de Janeiro, atende a 
demanda energética do país. Existem planos para a 
construção do primeiro submarino nuclear do país. O Brasil 
também é um dos três países da América Latina com um 
laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de 
pesquisa da física, da química, das ciências dos materiais e 
da biologia. Segundo o Relatório Global de Tecnologia da 
Informação 2009–2010 do Fórum Econômico Mundial, o 
Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial de tecnologia da 
informação. 
O Brasil também tem um grande número de 
notáveis personalidades científicas. Entre os inventores 
brasileiros mais reconhecidos estão os padres Bartolomeu 
de Gusmão, Roberto Landell de Moura e Francisco João de 
Azevedo, além de Alberto Santos Dumont, Evaristo Conrado 
Engelberg, Manuel Dias de Abreu, Andreas Pavel e Nélio 
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José Nicolai. A ciência brasileira é representada por nomes 
como César Lattes (físico brasileiro codescobridor do méson 
pi), Mário Schenberg (considerado o maior físico teórico do 
Brasil), José Leite Lopes (único físico brasileiro detentor do 
UNESCO Science Prize), Artur Ávila (o primeiro latino-
americano ganhador da Medalha Fields) e Fritz Müller 
(pioneiro no apoio factual à teoria da evolução apresentada 
por Charles Darwin). 
 
Cultura 
O núcleo de cultura é derivado da cultura 
portuguesa, por causa de seus fortes laços com o império 
colonial português. Entre outras influências portuguesas 
encontram-se o idioma português, o catolicismo romano e 
estilos arquitetônicos coloniais. A cultura, contudo, foi 
também fortemente influenciada por tradições e culturas 
africanas, indígenas e europeias não-portuguesas. 
Alguns aspectos da cultura brasileira foram 
influenciadas pelas contribuições dos italianos, alemães e 
outros imigrantes europeus que chegaram em grande 
número nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Os ameríndios 
influenciaram a língua e a culinária do país e os africanos 
influenciaram a língua, a culinária, a música, a dança e a 
religião. 
A arte brasileira tem sido desenvolvida, desde o 
século XVI, em diferentes estilos que variam do barroco (o 
estilo dominante no Brasil até o início do século XIX) para o 
romantismo, modernismo, expressionismo, cubismo, 
surrealismo e abstracionismo. 
O cinema brasileiro remonta ao nascimento da 
mídia no final do século XIX e ganhou um novo patamar de 
reconhecimento internacional nos últimos anos. 
 
Música 
A música do Brasil se formou, principalmente, a 
partir da fusão de elementos europeus e africanos, trazidos 
respectivamente por colonizadores portugueses e escravos. 
Até o século XIX Portugal foi a porta de entrada para a maior 
parte das influências que construíram a música brasileira, 
clássica e popular, introduzindo a maioria do instrumental, o 
sistema harmônico, a literatura musical e boa parcela das 
formas musicais cultivadas no país ao longo dos séculos, 
ainda que diversos destes elementos não fosse de origem 
portuguesa, mas genericamente europeia. 
O primeiro grande compositor brasileiro foi José 
Maurício Nunes Garcia, autor de peças sacras com notável 
influência do classicismo vienense. A maior contribuição do 
elemento africano foi a diversidade rítmica e algumas 
danças e instrumentos, que tiveram um papel maior no 
desenvolvimento da música popular e folclórica, florescendo 
especialmente a partir do século XX. O indígena 
praticamente não deixou traços seus na corrente principal, 
salvo em alguns gêneros do folclore, sendo em sua maioria 
um participante passivo nas imposições da cultura 
colonizadora. 
Com grande participação negra, a música popular 
desde fins do século XVIII começou a dar sinais de formação 
de uma sonoridade caracteristicamente brasileira. 
Na música clássica, contudo, aquela diversidade de 
elementos se apresentou até tardiamente numa feição 
bastante indiferenciada, acompanhando de perto – dentro 
das possibilidades técnicas locais, bastante modestas se 
comparadas com os grandes centros europeus ou como os 
do México e do Peru – o que acontecia na Europa e em grau 
menor na América espanhola em cada período, e um caráter 
especificamente brasileiro na produção nacional só se 
tornaria nítido após a grande síntese realizada por Villa 
Lobos, já em meados do século XX. 
A música brasileira engloba vários estilos regionais 
influenciados por formas africanas, europeias e ameríndias. 
Ela se desenvolveu em estilos e gêneros musicais 
diferentes, tais como música popular brasileira, música 
nativista, música sertaneja, vanerão, samba, choro, axé, 
brega, forró, frevo, baião, lambada, maracatu, tropicalismo, 
bossa nova e rock brasileiro, entre outros. 
 
Literatura 
A literatura brasileira surgiu a partir da atividade 
literária incentivada pelos jesuítas durante o século XVI. No 
séculos posteriores, o barroco desenvolveu-se no nordeste 
do país nos séculos XVI e XVII e o arcadismo se expandiu 
no século XVIII na região das Minas Gerais. 
No século XIX, o romantismo brasileiro afetou a 
literatura nacional, tendo como seu maior nome José de 
Alencar. Após esse período, o realismo brasileiro expandiu-
se pelo país, principalmente pelas obras de Machado de 
Assis, poeta e romancista, cujo trabalho se estende por 
quase todos os gêneros literários e que é amplamente 
considerado como o maior escritor brasileiro. 
Bastante ligada, de princípio, à literatura 
metropolitana, ela foi ganhando independência com o tempo, 
iniciando o processo durante o século XIX com os 
movimentos romântico e realista, atingindo o ápice com a 
Semana de Arte Moderna em 1922, caracterizando-se pelo 
rompimento definitivo com as literaturas de outros países, 
formando-se, portanto, a partir do Modernismo e suas 
gerações as primeiras escolas de escritores 
verdadeiramente independentes. São dessa época grandes 
nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de 
Andrade, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Cecília 
Meireles. 
 
Esportes 
O futebol é o esporte mais popular no Brasil. A 
Seleção Brasileira de Futebol foi a única no mundo a 
participar de todas as ediçõesda Copa do Mundo FIFA, 
sendo vitoriosa cinco vezes: 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002. 
Voleibol, futsal, basquetebol, skate, automobilismo e as artes 
marciais também têm grande popularidade no país. 
Embora não sejam tão praticados e acompanhados 
como os esportes citados anteriormente, tênis, handebol, 
natação e ginástica têm encontrado muitos seguidores 
brasileiros ao longo das últimas décadas. Algumas variações 
de esportes têm suas origens no Brasil. Futebol de praia, 
futsal (versão oficial do futebol indoor), futetênis, futebol de 
saco e futevôlei emergiram de variações do futebol. Outros 
esportes também criados no país são a peteca, o acquaride, 
o frescobol, o sandboard e o biribol. 
Nas artes marciais, os brasileiros têm desenvolvido 
a capoeira, vale-tudo, e o jiu-jitsu brasileiro, entre outras 
artes marciais brasileiras. 
No automobilismo, pilotos brasileiros ganharam o 
campeonato mundial de Fórmula 1 oito vezes: Emerson 
Fittipaldi, em 1972 e 1974; Nelson Piquet, em 1981, 1983 e 
1987; e Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991. O circuito 
localizado em São Paulo, Autódromo José Carlos Pace, 
organiza anualmente o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 
1. 
O Brasil já organizou eventos esportivos de grande 
escala: sediou as Copas do Mundo de 1950, na qual foi o 
vice-campeão, e 2014, quando ficou em quarto lugar. Em 
1963, São Paulo foi sede dos Jogos Pan-Americanos e 
Porto Alegre da Universíada de Verão. A cidade do Rio de 
Janeiro sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007 e também 
os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, que contou com a 
participação de 207 delegações e mais de doze mil atletas. 
Brasília, originalmente escolhida para sediar a Universíada 
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52 
 
de Verão de 2019, declinou da escolha, em 21 de janeiro de 
2015, alegando que a cidade não teria condições financeiras 
de sediar o evento. A FISU reabriu o processo de 
candidatura para uma nova sede para os Jogos. 
 
 
ATUALIDADES BRASILEIRAS E MUNDIAIS 
 
Processo de Impeachment de Dilma Rousseff 
 
O impeachment de Dilma Rousseff consistiu em 
uma questão processual aberta com vistas ao impedimento 
da continuidade do mandato de Dilma Rousseff como 
presidente da República Federativa do Brasil. O processo 
iniciou-se com a aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo 
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de 
denúncia por crime de responsabilidade oferecida pelo 
procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos 
advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal, e se 
encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando na 
destituição de Dilma do cargo. Assim, Dilma Rousseff 
tornou-se o segundo Presidente da República a sofrer 
impeachment no Brasil, sendo Fernando Collor o primeiro 
em 1992. 
As acusações versaram sobre desrespeito à lei 
orçamentária e à lei de improbidade administrativa por parte 
da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento 
da mesma em atos de corrupção na Petrobras, que eram 
objeto de investigação pela Polícia Federal, no âmbito da 
Operação Lava Jato. Havia, no entanto, juristas que 
contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que 
as chamadas "pedaladas fiscais" não caracterizaram 
improbidade administrativa e que não existia qualquer prova 
de envolvimento da presidente em crime doloso que 
pudesse justificar o impeachment. 
A partir da aceitação do pedido, formou-se uma 
comissão especial na Câmara dos Deputados, a fim de 
decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com 
os depoimentos dos autores do pedido e teve seguimento 
com a apresentação da defesa de Dilma. Enquanto isso, 
manifestações de rua contra e a favor do impedimento 
ocorriam periodicamente em todo o país. 
O relatório da comissão foi favorável ao 
impedimento da presidente Dilma: 38 deputados aprovaram 
o relatório e 27 se manifestaram contrários. Em 17 de abril, o 
plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório com 
367 votos favoráveis e 137 contrários. O parecer da Câmara 
foi imediatamente enviado ao Senado, que também formou a 
sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi 
aprovado por 15 votos favoráveis e 5 contrários. Em 12 de 
maio o Senado aprovou, por 55 votos a 22, a abertura do 
processo, afastando Dilma da presidência até que o 
processo fosse concluído. Em 31 de agosto de 2016, Dilma 
Rousseff perdeu o cargo de Presidente da República, após 
três meses de tramitação do processo iniciado no Senado, 
que culminou com uma votação em plenário, resultando em 
61 votos a favor e 20 contra o impedimento. 
 
Pedaladas fiscais e corrupção na Petrobras 
 
As pedaladas fiscais são um termo usado pela 
mídia para descrever uma manobra contábil do governo 
federal, que serviu para passar a impressão de que ele 
arrecadava mais do que gastava, enquanto a realidade era 
exatamente o contrário. O governo não estava pagando os 
bancos públicos e privados que financiavam programas 
sociais como o Bolsa Família. Então, para que os 
beneficiários não deixassem de receber, os bancos arcavam 
com as despesas sozinhos, sem receberem a compensação 
governamental. Entretanto, o Tribunal de Contas da União, 
em decisão unânime, considerou essa operação um 
empréstimo dos bancos, não pago pelo governo, e que feria 
a Lei de Responsabilidade Fiscal. Embora o TCU seja um 
órgão auxiliar do Legislativo e não tenha poderes para 
condenar o chefe do Executivo, ele oferece um parecer 
prévio, que pode ou não ser acatado pelo Congresso 
Nacional, abrindo até mesmo a possibilidade de um 
processo de impedimento da Presidente da República. 
Havia também o esquema de corrupção na 
Petrobras. Era uma operação ilegal, com desvio de dinheiro 
da estatal para empresas e políticos, funcionando como um 
esquema de propinas e também como um provável 
abastecimento de campanhas da presidente Dilma. No total, 
foram acusados cinquenta políticos de seis partidos e dez 
empresas, das quais a mais importante foi a Odebrecht. O 
juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba — onde a 
operação teve início — Sérgio Moro, especialista em crimes 
financeiros, ficou responsável pelos processos que não 
envolveram políticos, pois estes possuem foro especial por 
prerrogativa de função e devem ser investigados no 
Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação ficou 
conhecida como Operação Lava Jato e contou com várias 
delações premiadas para chegar a nomes como Eduardo 
Cunha. Contudo, a presidente Dilma Rousseff não era alvo 
de acusações formais nessa operação. 
 
Processo na Câmara dos Deputados 
 
Aceitação do pedido 
 
Eduardo Cunha declara que aceitou a abertura do 
processo, em 2 de dezembro de 2015. 
 
Até setembro de 2015, houve 37 pedidos de 
impeachment protocolados na Câmara dos Deputados 
contra Dilma Rousseff, mas o presidente da Casa acolheu 
apenas o pedido redigido por Hélio Bicudo e pelos 
advogados Miguel Reale Júnior e Janaina Conceição 
Paschoal. Os movimentos sociais pró-impeachment 
decidiram aderir ao requerimento de Bicudo, que contou 
também com o apoio de parlamentares e da sociedade civil, 
a qual organizou um abaixo-assinado em apoio ao 
impeachment da Presidente da República. 
Os advogados tentaram, no documento 
apresentado à Câmara, associar Dilma à Operação Lava 
Jato, à omissão em casos de corrupção, à investigação de 
tráfico de influência contra o ex-presidente Luís Inácio Lula 
da Silva e às pedaladas fiscais. Além disso, contribuíram 
para sustentar o pedido os seis decretos assinados pela 
presidenteno exercício financeiro de 2015, em desacordo 
com a lei de diretrizes orçamentárias, e que foram 
publicados sem a autorização do Congresso Nacional. 
Para justificar a sua decisão, Cunha declarou que 
proferiu a mesma com o acolhimento da denúncia dos 
juristas e que o pedido de impedimento assim aberto 
acusava a edição de decretos editados em descumprimento 
com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 
não supriria essa irregularidade. Em resposta à abertura do 
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53 
 
processo, Dilma afirmou que os argumentos apresentados 
pelos juristas eram inconsistentes e improcedentes e que ela 
não havia praticado nenhum ato ilícito. 
 
Julgamento 
 
Em 10 de agosto, a acusação apresentou o 
chamado libelo acusatório, que continha as acusações finais 
contra a presidente Dilma. Embora houvesse o prazo de 48 
horas para apresentar esse documento, os juristas 
responsáveis pelo pedido de impedimento se anteciparam 
para acelerar o julgamento. Além disso, Miguel Reale Júnior 
informou que a acusação iria abrir mão de três das seis 
testemunhas a que teria direito no processo e sinalizou que, 
no dia do julgamento final, poderia até dispensar outras. A 
defesa também escalou as suas testemunhas, as mesmas 
que já haviam sido ouvidas pela comissão especial. Após a 
entrega das peças acusatória e defensiva, Lewandowski 
marcou para o dia 25 de agosto de 2016 o julgamento final 
do processo de impeachment. Em 12 de agosto, Cardozo 
entregou a defesa de Dilma, como uma resposta ao libelo, e 
foi definido o cronograma do julgamento, que se estenderia 
do dia 25 ao dia 30, podendo contar com o comparecimento 
da presidente. 
Em 25 de agosto, a etapa final teve início com uma 
tumultuada sessão que se estendeu da manhã da quinta-
feira até o começo da madrugada do dia seguinte, 
consistindo apenas de inquirição de testemunhas. Em 27 de 
agosto, Nelson Barbosa usou mais uma vez o argumento de 
que os decretos de crédito suplementar foram emitidos de 
acordo com a lei e que a mudança de entendimento do 
Tribunal de Contas da União não poderia ser usada de 
forma retroativa para condenar a presidente afastada. Ele 
também contestou a caracterização das pedaladas como 
operações de crédito, citando documentos do próprio TCU e 
de outros órgãos oficiais. Portanto, do seu ponto de vista, 
não se poderia falar em crime de responsabilidade. 
 
Dilma Rousseff defendendo-se no julgamento de 
seu processo de impeachment, em 30 de agosto de 2016. 
 
Em 29 de agosto, Dilma compareceu ao Senado 
para se defender pessoalmente. Ela afirmou que não 
cometeu crimes de responsabilidade e que era vítima de um 
golpe de Estado. Disse também que só o povo pode afastar 
um presidente pelo que ela chamou de "conjunto da obra", 
visto que o presidencialismo não prevê a destituição do 
presidente quando este perde a maioria no Congresso. O 
discurso se estendeu das 9h53min às 10h39min. Seu 
conteúdo incluiu: referências à tortura sofrida durante a 
ditadura militar; sua convicção na democracia; a suposta 
ilegitimidade de Temer, a quem chamou de "usurpador"; a 
condição de "golpe" do processo de impedimento; e o medo 
de uma ruptura democrática no país. Dilma asseverou que 
não estava em jogo o seu mandato, mas sim as conquistas 
sociais dos últimos treze anos e atribuiu a Cunha a autoria 
do assim considerado golpe. Ela finalizou pedindo aos 
senadores que votassem pela democracia, esquecendo 
seus sentimentos pessoais. 
A sessão continuou com respostas da presidente às 
perguntas dos 48 senadores inscritos. Sobre os decretos, 
ela respondeu que eles não descumpriam a legislação, pois 
a necessária autorização do Congresso já estava contida na 
lei orçamentária. Segundo Dilma, o entendimento de que a 
prática seria um tipo ilegal de operação de crédito só foi 
fixado pelo TCU no final de 2015 e os atrasos aos bancos já 
ocorriam em governos anteriores. Ela também afirmou que o 
Plano Safra do Banco do Brasil não era administrado 
diretamente por ela, o que excluiria a possibilidade de ser 
condenada pelas "pedaladas fiscais". Ao ser confrontada por 
senadores com o argumento de que o seu governo agravou 
a crise econômica, Dilma mencionou os impactos da crise 
internacional no país e disse ter feito "o impossível" para que 
os efeitos negativos não fossem sentidos no Brasil. A 
respeito da Petrobras, ela rebateu as críticas de que o seu 
governo teria destruído a empresa e afirmou que os 
investimentos em pesquisa e produção no pré-sal, na 
verdade, resgataram a estatal. 
No dia 30 de agosto, houve debates dos advogados 
de defesa e acusação, além de discursos dos senadores; 43 
fizeram discursos favoráveis ao impeachment e dezessete 
fizeram discursos contrários a ele. Em 31 de agosto, quarta-
feira, o plenário do Senado condenou Dilma Rousseff à 
perda de seu cargo por 61 votos a 20, sob a acusação de ter 
cometido crime de responsabilidade fiscal. Houve uma 
segunda votação para decidir se Dilma deveria perder seus 
direitos políticos, com placar de 42 votos favoráveis e 36 
desfavoráveis. Como houve três abstenções e seriam 
necessários 54 votos a favor, consequentemente ela não 
perdeu os direitos e ainda poderia se candidatar a cargos 
públicos. A condenação ocorreu após seis dias de 
julgamento no Senado, contando-se no total sete votações, 
desde 11 de abril de 2016, quando a Câmara aprovou o 
parecer da comissão especial. 
O chamado "fatiamento" da condenação, que 
consistiu em aplicar a pena de perda do cargo, mas afastar a 
pena de inabilitação para o exercício de função pública, 
gerou enorme controvérsia no meio político e jurídico, o que 
levou ao questionamento perante o Supremo Tribunal 
Federal da decisão do Ministro Ricardo Lewandowski de 
admitir o requerimento de destaque para votação em 
separado da segunda parte da pena. Os Secretários-Gerais 
do Senado Federal, Luiz Fernando Bandeira de Mello, 
escrivão do processo, e do Supremo Tribunal Federal, 
Fabiane Duarte, responsáveis por assessorar o Ministro na 
Presidência das sessões no Senado, deram entrevistas e 
publicaram artigos buscando defender o posicionamento do 
Presidente do STF. 
 
Manifestações favoráveis de pessoas e 
entidades 
 
Manifestação em São Paulo contra a corrupção e o 
governo Dilma, em 13 de março de 2016. 
Durante o processo de impedimento, houve 
manifestações populares. Em 13 de dezembro de 2015, 
ocorreu um ato em Brasília, que durou três horas e reuniu 
seis mil pessoas. A convocação foi feita pelas redes sociais 
e pedia não só o impedimento de Dilma como também a 
cassação do mandato de Eduardo Cunha. Atos semelhantes 
ocorreram em outras cem cidades, incluindo todas as 
capitais. Entretanto, esse evento foi menor que os anteriores 
(como o de maio), embora igualmente distribuído pelo país. 
Havia pessoas de variadas inclinações políticas, mas o 
objetivo comum era protestar contra o governo e a 
corrupção. 
Todavia, em março de 2016, vários fatos agitaram a 
opinião pública a favor do impeachment e contra o governo 
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54 
 
do Partido dos Trabalhadores: a prisão, pela Operação Lava 
Jato, do publicitário João Santana, marqueteiro das duas 
campanhas que elegeram Dilma; o vazamento da delação 
premiada do senador Delcídio do Amaral, a qual continha 
graves acusações de que a presidente tinha conhecimento 
do esquema de corrupção na Petrobras e de que teria 
tentado obstruir as investigações da Justiça; e o pedido de 
prisão do Ministério Público de São Paulo contra o ex-
presidente Lula, que se tornou o alvo principal da Operação 
Aletheia e foi acusado dos crimes de falsidade ideológica, 
corrupçãopassiva e lavagem de dinheiro. Além disso, Lula 
estaria sendo cotado para assumir um ministério, com o 
objetivo declarado de evitar o impeachment, além da 
vantagem, cogitada pela imprensa e oposição, de obter o 
foro privilegiado. 
Diante desse quadro, no dia 13 de março, os 
movimentos a favor do impeachment realizaram protestos 
em todo o país, tendo como principais objetivos protestar 
contra o governo Dilma, a favor da Operação Lava Jato e em 
apoio à destituição da mandatária, além de apoiar o juiz 
federal Sérgio Moro. O protesto foi considerado o maior ato 
político da história do país, superando as Diretas já de 1984. 
Segundo os organizadores, eram 6,9 milhões de pessoas 
nas ruas, em 460 municípios de todos os estados do país e 
no Distrito Federal. Já de acordo com as polícias militares, 
esse número foi de 3,6 milhões. 
 
Protesto contra a nomeação do ex-presidente Lula 
como Ministro da Casa Civil, em 16 de março de 2016. 
 
Após a divulgação de gravações entre Lula e a 
presidente Dilma, o conteúdo de uma das conversas gerou 
dúvidas sobre a real intenção de Dilma, e sugeriu-se que a 
presidente estava tentando obstruir a justiça com a 
nomeação. A confirmação da posse de Lula como Ministro 
da Casa Civil causou grande indignação pública, com 
protestos em muitas cidades do país. Os eventos da quebra 
do sigilo e da posse de Lula agravaram a crise política e, 
consequentemente, os riscos de o pedido de impeachment 
ser levado até o fim, com a perda do cargo de Dilma. 
Além disso, houve manifestações de especialistas. 
Gustavo Franco, que foi Presidente do Banco Central no 
governo de Fernando Henrique Cardoso, declarou que a 
recessão pela qual o país passava podia ser a pior desde 
1900, quando os números passaram a ser confiáveis. Ele 
teorizou que o erro do governo foi começar a gastar demais 
depois da descoberta do pré-sal, como se o Brasil fosse uma 
nova Venezuela, rico em petróleo, e como se não houvesse 
mais limites para os gastos públicos. Ainda nas suas 
palavras, a solução econômica moderna para os países era 
conter gastos e a dívida interna do país estava fora da 
capacidade de pagamento do governo. Ele também citou a 
corrupção e disse que as "pedaladas fiscais", que eram uma 
manobra para pagar programas sociais, foram uma 
confissão de crime. 
As entidades e organizações da sociedade também 
se pronunciaram. A Federação das Indústrias do Estado de 
São Paulo (FIESP), após uma pesquisa segundo a qual os 
empresários de São Paulo eram majoritariamente a favor do 
impedimento, aderiu ao movimento favorável ao processo, 
no que foi apoiada pelo Centro das Indústrias do Estado de 
São Paulo (CIESP) e pelas principais entidades 
empresariais paulistas. A decisão foi tomada em conselho, 
por unanimidade. Outra entidade, a Federação das 
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), decidiu, 
em dezembro de 2015, posicionar-se favoravelmente ao 
pedido de impeachment da presidente Dilma. 
 
BRASIL NOS JOGOS OLÍMPICOS DE VERÃO DE 
2016 
 
O Brasil competiu como anfitrião nos Jogos 
Olímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro, de 5 a 21 de 
agosto de 2016. Esta foi a vigésima segunda participação do 
país nos Jogos Olímpicos, que não participou apenas dos 
Jogos Olímpicos de Verão de 1928 em Amsterdam. O Brasil 
foi o primeiro país a sediar os Jogos Olímpicos de Verão na 
América do Sul e o segundo na América Latina, após a 
edição da Cidade do México 1968. 
A primeira medalha do Brasil foi conquistada logo 
no primeiro dia de competições. Felipe Wu obteve a 
medalha de prata no tiro esportivo. Já a primeira medalha de 
ouro do Brasil foi conquistada no terceiro dia de 
competições, pela judoca Rafaela Silva. 
No dia 7 de agosto, a futebolista brasileira Cristiane 
tornou-se a maior artilheira do futebol na história das 
Olimpíadas (incluindo homens e mulheres), com 14 gols. 
Sophus Nielsen, da Dinamarca, era o antigo detentor do 
recorde: ele havia marcado 13 gols em duas participações 
nos Jogos Olímpicos (Londres 1908 e Estocolmo 1912). 
No início de 2016, Marcus Vinícius Freire – então 
diretor executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro, 
informou que a meta do COB para os Jogos Rio 2016 era 
colocar o Brasil no top 10 do quadro total de medalhas. E 
para atingir este objetivo, contou com o maior investimento 
financeiro já feito em um ciclo olímpico. Ao final do evento, o 
Brasil bateu tanto o seu recorde de ouros em uma edição 
das Olimpíadas (cinco ouros em Atenas 2004) quanto o seu 
recorde de medalhas obtidas em uma edição dos Jogos (17 
medalhas em Londres 2012). Duas modalidades ganharam 
pela primeira vez o ouro para o Brasil: o boxe, com Robson 
Conceição, e o futebol, com a seleção olímpica masculina. 
Também pela primeira vez o Brasil teve um atleta com três 
pódios na mesma edição dos Jogos: Isaquias Queiroz, na 
canoagem. Além disso, no total, os atletas brasileiros 
apareceram 71 vezes no top 8 de suas modalidades. A 
melhor marca até então havia sido em Londres 2012, com 
41. Apesar disso, a meta estabelecida pelo COB não foi 
alcançada: o Brasil ficou no 12º lugar em número de 
medalhas. De todo modo, a 13ª posição alcançada no 
quadro tradicional (que considera a qualidade das medalhas) 
supera o 15º lugar atingido nos Jogos de 1920, na 
Antuérpia, que era a melhor posição alcançada pelo Brasil 
até então. 
 
MEIO AMBIENTE. SUSTENTABILIDADE. 
 
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55 
 
 
 
Nunca antes se debateu tanto sobre o meio 
ambiente e sustentabilidade. As graves alterações 
climáticas, as crises no fornecimento de água devido a falta 
de chuva e da destruição dos mananciais e a constatação 
clara e cristalina de que, se não fizermos nada para mudar, 
o planeta será alterado de tal forma que a vida como a 
conhecemos deixará de existir. 
Cientistas, pesquisadores amadores e membros de 
organizações não governamentais se unem, ao redor do 
planeta, para discutir e levantar sugestões que possam 
trazer a solução definitiva ou, pelo menos, encontrar um 
ponto de equilíbrio que desacelere a destruição que 
experimentamos nos dias atuais. A conclusão, praticamente 
unânime, é de que políticas que visem a conservação do 
meio ambiente e a sustentabilidade de projetos 
econômicos de qualquer natureza deve sempre ser a ideia 
principal e a meta a ser alcançada para qualquer 
governante. 
Em paralelo as ações governamentais, todos os 
cidadãos devem ser constantemente instruídos e chamados 
à razão para os perigos ocultos nas intervenções mais 
inocentes que realizam no meio ambiente a sua volta; e para 
a adoção de práticas que garantam a sustentabilidade de 
todos os seus atos e ações. Destinar corretamente os 
resíduos domésticos; a proteção dos mananciais que se 
encontrem em áreas urbanas e a prática de medidas simples 
que estabeleçam a cultura da sustentabilidade em cada 
família. 
Assim, reduzindo-se os desperdícios, os despejos 
de esgoto doméstico nos rios e as demais práticas 
ambientais irresponsáveis; os danos causados ao meio 
ambiente serão drasticamente minimizados e a 
sustentabilidade dos assentamentos humanos e atividades 
econômicas de qualquer natureza estará assegurada. 
Estimular o plantio de árvores, a reciclagem de lixo, 
a coleta seletiva, o aproveitamento de partes normalmente 
descartadas dos alimentos como cascas, folhas e talos; 
assim como o desenvolvimento de cursos, palestras e 
estudos que informem e orientem todos os cidadãos para a 
importância da participação e do engajamento nesses 
projetos e nessas soluções simples para fomentar a 
sustentabilidade e a conservação do meio ambiente. 
Uma medida bem interessante é ensinar cada 
família a calcular sua influência negativasobre o meio 
ambiente (suas emissões) e orientá-las a proceder de forma 
a neutralizá-las; garantindo a sustentabilidade da família e 
contribuindo enormemente para a conservação do meio 
ambiente em que vivem. Mas, como se faz par calcular 
essas emissões? Na verdade é uma conta bem simples; 
basta calcular a energia elétrica consumida pela família; o 
número de carros e outros veículos que ela utilize e a forma 
como o faz e os resíduos que ela produza. A partir daí; cada 
família poderá dar a sua contribuição para promover práticas 
e procedimentos que garantam a devolução à natureza de 
tudo o que usaram e, com essa ação, gerar novas 
oportunidades de redá e de bem estar social para sua 
própria comunidade. 
O mais importante de tudo é educar e fazer com 
que o cidadão comum entenda que tudo o que ele faz ou 
fará; gerará um impacto no meio ambiente que o cerca. E 
que só com práticas e ações que visem a sustentabilidade 
dessas práticas; estará garantindo uma vida melhor e mais 
satisfatória, para ela mesma, e para as gerações futuras. 
Na vigésima nona conferência da F.A.O (órgão das 
Nações Unidas para a agricultura e alimentação), levantou-
se a importância do fato de que o desenvolvimento 
tecnológico e de práticas de plantio e criação animal para as 
zonas rurais ao redor do mundo; devem, antes de tudo, 
terem a preocupação primordial com a sustentabilidade do 
meio ambiente. Estabelecer parâmetros, normas e 
procedimentos para que os agricultores e qualquer outra 
empresa que se dedique a esse tipo de atividade tenha a 
consciência de que o uso sustentável dos recursos 
naturais disponíveis no ambiente em que atuam, tem de ser 
encarado como a única forma de progresso possível. E por 
razões muito simples. Os problemas advindos da exploração 
indiscriminada dos recursos naturais e das práticas 
predatórias em determinadas culturas; pode em muito pouco 
tempo, inviabilizar o uso de terras e a extração desses 
recursos naturais. 
As consequências disso para o planeta seriam 
previsíveis e dramáticas: Fome, guerras, devastações e o 
genocídio de populações inteiras. A sustentabilidade do 
meio ambiente deve sempre ser a meta buscada por 
qualquer indivíduo ou grupo que necessite de recursos 
naturais para sobreviver. E isso é um fato que não admite 
contestação. 
Incorporar a premissa de respeito à natureza e do 
uso sustentável dos recursos naturais, deve ser um 
trabalho constante e doutrinário frente às populações que 
habitam ou que trabalham nos campos e áreas rurais. 
Trabalhar para manter a biodiversidade local e evitar a 
erosão que destrói as áreas cultiváveis, além de ser 
economicamente viável, representa manter, por muito mais 
tempo, a terra em condições de gerar riquezas e de prover o 
sustento das populações que dela dependem. Reciclar os 
dejetos oriundos das criações animais e dos refugos das 
plantações, deve ser encarado não como custo ou gasto “a 
mais”; mas sim como uma excelente oportunidade de gerar 
toda ou parte da energia necessária para executar as 
atividades econômicas a que se propõem e também como 
fonte de fertilizantes baratos e totalmente gratuitos o que 
sem dúvida alguma, representará um salto na lucratividade 
de qualquer propriedade rural. 
Garantir a sustentabilidade do meio ambiente é 
garantir, antes de qualquer coisa, que a fome, a pobreza e a 
miséria estarão afastadas definitivamente e, com isso, 
terminará a dura realidade que força as pessoas a praticar a 
exploração predatória dos recursos disponíveis em 
determinadas áreas. Pois só com uma situação de vida 
regular, os habitantes de uma determinada região poderão 
tornar-se permeáveis as “novas ideias”. 
Levantar a bandeira da sustentabilidade do meio 
ambiente e promover nas comunidades rurais o pensamento 
de que essa é a única forma viável de manter suas 
atividades econômicas em condições de gerar riquezas por 
muito mais tempo e de forma continuada. São os desafios 
mais pungentes dos governos e das organizações 
ambientais dos tempos atuais. O aquecimento global e o 
desequilíbrio que provocam a aparição de pragas e de 
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56 
 
catástrofes climáticas passam com toda certeza pelo 
desrespeito e por más práticas em relação ao meio ambiente 
e aos processos adotados em nossas lavouras e criações. 
 
Cidadania: Lei Maria da Penha completa 10 anos 
 
A Lei Maria da Penha (Lei 11.340), sancionada em 
7 de agosto de 2006, completa dez anos de vigência. Ela foi 
criada para combater a violência doméstica e familiar, 
garante punição com maior rigor dos agressores e cria 
mecanismos para prevenir a violência e proteger a mulher 
agredida. 
 
De acordo com a legislação, configura violência 
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial. 
 
Hoje essa lei é a principal ferramenta legislativa na 
questão da violência doméstica e familiar contra as mulheres 
no Brasil. Ela também é considerada pela Organização das 
Nações Unidas (ONU) como uma das três mais avançadas 
do mundo nessa questão. 
 
Com a Lei Maria da Penha, a violência contra a 
mulher torna-se visível e deixa de ser interpretada como um 
problema individual da mulher e passa a ser reconhecida 
como problema social e do Estado, que deve prever 
assistência, prevenção e punição para esses casos. 
“Em briga de marido e mulher não se mete a 
colher”. Esse ditado popular revela muito sobre como o país 
tratou a violência doméstica e contra a mulher. Isso porque 
durante séculos, esse tipo de agressão nem sempre foi 
considerada uma violência pela sociedade brasileira. Essa 
frase naturaliza um ato abusivo, como algo sem importância 
e de interesse particular, uma situação que não precisa de 
ajuda ou “não é problema meu”. 
 
A cada ano, mais de um milhão de mulheres são 
vítimas de violência doméstica no país, segundo dados do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros 
dados mostram a gravidade da questão: a cada cinco 
minutos uma mulher é agredida no Brasil e uma em cada 
cinco mulheres já sofreu algum tipo de violência de um 
homem (conhecido ou não) e o parceiro é responsável por 
80% dos casos reportados. Os dados são de uma pesquisa 
de 2010 da Fundação Perseu Abramo. 
 
Apesar da gravidade do problema, a previsão de 
uma lei específica no Brasil que trata da violência contra as 
mulheres, em especial nas relações domésticas familiares e 
afetivas, é algo recente e só ocorreu com a Lei Maria da 
Penha (Lei 11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006, e 
que completa dez anos de vigência. 
 
A lei recebeu o nome em homenagem à 
farmacêutica Maria da Penha Fernandes. Em 1982, ela 
sofreu duas tentativas de assassinato por parte do então 
marido. Na primeira, depois de um tiro nas costas, ficou 
paralítica. Ela enfrentou luta judicial de quase 20 anos para 
vê-lo punido. Em 1998, em razão da morosidade no 
julgamento do ex-marido, Maria da Penha denunciou seu 
caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos 
denunciando a tolerância do Estado brasileiro com a 
violência doméstica, com fundamento na Convenção Belém 
do Pará e outros documentos de direitos humanos no 
sistema de proteção da Organização dos Estados 
Americanos. Graças à sua iniciativa, o Brasil foi condenado 
pela Corte, que recomendou ao país a criação de lei para 
prevenir e punir a violência doméstica. 
 
Em 2006, o Congresso Nacional aprovou a Lei 
Maria da Penha (Lei 11.340), que foi o ponto de partida 
jurídico para enfrentar a violência doméstica e familiar contra 
as mulheres no Brasil e hoje é considerada como o principal 
dispositivo legal nessa questão. Ela também é considerada 
pela ONU como uma das três mais avançadas domundo no 
tema, atrás apenas das leis da Espanha e do Chile. 
 
Além de inovadora, a lei teve grande repercussão 
social e hoje é considerada como uma das leis mais 
conhecidas pelos brasileiros. Segundo a pesquisa Violência 
e Assassinatos de Mulheres (Data Popular/Instituto Patrícia 
Galvão, 2013) 98% da população conhece a legislação. Para 
86% dos entrevistados, as mulheres passaram a denunciar 
mais os casos de violência. 
 
O que diz a lei 
Desde 1988 a Constituição brasileira já trazia o 
princípio da igualdade entre homens e mulheres, em todos 
os campos da vida social. O artigo 226 diz que “o Estado 
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um 
dos que a integram, criando mecanismos para coibir a 
violência no âmbito de suas relações”. 
 
A inserção desse artigo atribui ao Estado a 
obrigação de intervir nas relações familiares para coibir a 
violência, bem como de prestar assistência às pessoas 
envolvidas. No entanto, os casos de violência contra a 
mulher eram considerados de menor potencial ofensivo e a 
punição dependia muito da interpretação do juiz. 
 
Até 2006, havia um massivo arquivamento de 
processos de violência doméstica. Eram comuns casos em 
que agressões físicas foram punidas apenas com o 
pagamento de cestas básicas. Ou ainda, situações fatais, 
em que o agressor mata a mulher e tem sua 
responsabilidade diminuída: a mulher cometeu adultério e o 
marido acaba sendo absolvido na Justiça por estar 
defendendo a sua honra ou o assassino que cometeu “um 
homicídio passional” por ciúmes. 
 
Nesse contexto, muitas brasileiras não 
denunciavam as agressões porque sabiam que seriam 
ignoradas pelas autoridades e os companheiros não seriam 
punidos. Outros fatores também contribuem para que a 
mulher não consiga sair da relação com o agressor: ela é 
ameaçada e tem medo de apanhar de novo ou morrer se 
terminar a relação, ela depende financeiramente do 
companheiro, tem vergonha do que a família e amigos vão 
achar, acredita que o agressor vai mudar e que não voltará a 
agredir ou pensa que a violência faz parte de qualquer 
relacionamento. 
 
A Lei Maria da Penha foi amparada no artigo 226 e 
em acordos internacionais, altera o Código Penal e aumenta 
o rigor nas punições para agressões de pessoas próximas. A 
lei tirou da invisibilidade e inovou ao tratar a violência 
doméstica e de gênero como uma violação de direitos 
humanos. 
 
A Lei 11.340 configura violência doméstica e 
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada 
no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
 
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57 
 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida 
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
 
II - no âmbito da família, compreendida como a 
comunidade formada por indivíduos que são ou se 
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o 
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. 
 
Entre as inovações, está a velocidade no 
atendimento aos casos. Depois que a mulher apresenta 
queixa na delegacia de polícia ou à Justiça, o juiz tem o 
prazo de até 48 horas para analisar a concessão de 
proteção. Além disso, a Lei Maria da Penha ampara a 
mulher dentro e fora de casa. Também considera a agressão 
psicológica e patrimonial como violência doméstica e familiar 
contra a mulher, ou seja, abrange abusos que não deixam 
marcas no corpo. 
 
A aplicação da lei Maria da Penha contempla ainda 
agressões de quaisquer outras formas, do irmão contra a 
irmã (família); genro e sogra (família, por afinidade); a 
violência entre irmãs ou filhas (os) e contra a mãe (família). 
Além disso, garante o mesmo atendimento para mulheres 
que estejam em relacionamento com outras mulheres. 
Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo garantiu 
a aplicação da lei para transexuais que se identificam como 
mulheres em sua identidade de gênero. 
 
Medidas protetivas 
A Lei Maria da Penha criou dois tipos de medidas 
protetivas: à ofendida (mulher em situação de violência) e 
medidas obrigatórias ao agressor (autor da violência), de 
acordo com o risco que a mulher corre. 
 
As medidas protetivas buscam oferecer um 
atendimento integral e qualificado às mulheres, a partir do 
contexto da violência, como encaminhar a ofendida e seus 
dependentes a um programa de proteção ou de 
atendimento, determinar o afastamento da ofendida do lar e 
a separação de corpos. 
 
Em relação ao autor da violência, a lei prevê que 
ele não pode cumprir penas alternativas ou ser punido com 
multas, e pode ser enquadrado na suspensão da posse ou 
restrição do porte de armas, na prisão preventiva do 
suspeito, no afastamento do lar ou local de convivência com 
a ofendida, na proibição de contato com a ofendida e no 
pagamento de pensão alimentícia à família. 
 
Serviços públicos de apoio 
Com a vigência da lei, o governo teve que investir 
na criação de serviços públicos de apoio à mulher e o 
problema passou a existir “oficialmente” na esfera pública. 
Foram fortalecidas as Delegacias de Atendimento à Mulher, 
criados novos juizados especializados de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, além de amparar 
serviços de assistência, como a Casa da Mulher Brasileira e 
a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180. 
 
A violência contra a mulher torna-se visível e deixa 
de ser interpretada como um problema individual da 
agredida e passa a ser reconhecida como problema social e 
do Estado, que deve prever assistência, prevenção e 
punição para esses casos. 
 
Apesar de significar um marco na questão da 
violência doméstica, ainda falta muito para que a violência 
contra a mulher terminar. A Lei Maria da Penha precisa ser 
implementada nos Estados de forma eficiente. Além disso, é 
preciso mudar a cultura de violência e o machismo da 
sociedade brasileira. Uma questão que demanda educação, 
trabalho e tempo. 
 
A Lei do Feminicídio 
A Lei Maria da Penha também está salvando vidas. 
Em 2015, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
(IPEA) divulgou um estudo que estimou o impacto da lei nas 
taxas de homicídios de mulheres. Segundo a pesquisa, a lei 
contribuiu para reduzir, em 10%, o número de feminicídios 
no Brasil. O termo “feminicídio” é usado para designar o 
assassinato de uma mulher pelo simples fato de esta ser 
mulher. 
 
A Lei Maria da Penha também abriu caminho para 
que fosse criada a Lei do Feminicídio (Lei 13.104). 
Sancionada em 2015, a lei classifica o homicídio qualificado 
como crime hediondo, o que aumenta a pena para o autor. 
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil 
ocupa o 5º lugar no ranking global de homicídios de 
mulheres. 
 
 
ZIKA VÍRUS 
 
No início de fevereiro, dois cientistas americanos, 
chamados Arthur Caplan e Lee Igel, disponibilizaram um 
artigo na coluna da revista Forbes pedindo o cancelamento 
dos jogos por conta da proliferação da epidemia. Os dois 
cientistas fazem parte da Universidade de Nova York e 
consideram uma irresponsabilidade dar andamento ao 
evento. 
 
No dia 20 de fevereiro a OMS, Organização 
Mundial da Saúde, afirmou que o vírus da Zika não vai 
atrapalhar a realização dos Jogos Olímpicos. A certeza se 
deve ao fato de que no período da Olimpíada, o hemisfério 
Sul passa pelo inverno – estação de pouca reprodução do 
agente transmissor Aedes Aegypti. 
 
O diretor médico do Comitê Olímpico Internacional, 
Richard Budgett, afirmou que não há riscos de adiantamento 
ou cancelamento dos eventos por conta da doença. 
 
OMS DIZ QUEBRASIL AINDA TERÁ NOVOS 1 
MIL CASOS DE MICROCEFALIA. 
 
Organização determinou o fim da emergência 
Sanitária Internacional; Brasil mantém alerta nacional. 
 
A Organização Mundial da Saúde anunciou que o 
Brasil ainda poderá ter 1 mil novos casos de microcefalia 
confirmados e ligados ao vírus da zika nos próximos meses. 
A informação foi divulgada pelo especialista Anthony 
Costello e pelo diretor-executivo do Programa de 
Emergências de Saúde, Pete Salama, nesta terça-feira (22), 
em Genebra, na Suíça. 
Na última sexta-feira (18), a OMS determinou o 
fim da emergência sanitária internacional devido ao vírus. 
Salama voltou a falar sobre o assunto e disse que, quando a 
emergência foi declarada em fevereiro de 2016, não havia 
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58 
 
uma confirmação para a ligação entre a microcefalia e o 
zika. 
Segundo ele, agora a ligação é confirmada e por 
isso deve haver uma criação de um plano a longo prazo. 
Uma nova equipe deverá criar esse programa a ser instalado 
pela organização. Neste ano, a epidemia afetou mais de 75 
países e, no Brasil, gerou mais 200 mil casos reportados de 
infecção pelo zika ao Ministério da Saúde. 
"Não estamos diminuindo a importância do zika ao 
colocar isso como um programa de trabalho mais longo, 
estamos enviando a mensagem de que o zika está aqui para 
ficar", disse Salama. 
 
Emergência no Brasil 
 
Até hoje, mais de 2 mil casos de bebês foram 
registrados com a malformação no Brasil. Mesmo com a 
mudança no status internacional, o Ministério da Saúde 
anunciou que o vírus da zika ainda é uma emergência 
nacional em saúde pública. Na manhã a última sexta, o 
ministro Ricardo Barros estabeleceu novos critérios para o 
diagnóstico da doença, assim como para a confirmação de 
microcefalia nos bebês. 
A partir de agora, os profissionais deverão levar em 
consideração não apenas o perímetro da cabeça das 
crianças. Fatores como perda de visão, audição, 
comprometimento e deficiência de membros também serão 
levados em conta na avaliação dos médicos. 
Todas essas novas regras serão divulgadas para 
profissionais de saúde, cuidadores e familiares de pacientes. 
Além das mudanças das normas sobre o vírus da zika, as 
novas diretrizes vêm com passos para que qualquer 
profissional da Atenção Básica também possa tratar crianças 
com alterações no desenvolvimento. 
 
VÍRUS ZIKA E O GRANDE SURTO DE 
MICROCEFALIA 
 
O vírus Zika e o grande surto de microcefalia 
apresentam relação direta, sendo fundamental, portanto, o 
controle do mosquito que transmite o vírus. 
Por Vanessa Sardinha dos Santos 
 
Uma doença recém-chegada no Brasil está 
deixando todos em alerta, em especial as grávidas: a Febre 
por vírus Zika. Essa doença, causada pelo vírus Zika, apesar 
de, até então, não estar relacionada com danos graves à 
saúde, foi relacionada recentemente com um grave surto de 
microcefalia no Brasil. 
 
O vírus Zika é um arbovírus da família Flaviviridae, 
que assim como a dengue e a chikungunya, é transmitido 
pelos mosquitos do gênero Aedes, como o Aedes aegypti. 
Além dessa forma de contaminação, estudos indicam que a 
transmissão pode ocorrer de forma perinatal, sexual e até 
mesmo transfusional. 
 
O vírus foi descoberto em 1947 em um macaco que 
vivia na Floresta de Zika, em Uganda (daí a origem do 
nome). No Brasil, o vírus foi introduzido em 2014, e as 
hipóteses mais aceitas é que ele tenha chegado ao território 
brasileiro durante a Copa do Mundo desse mesmo ano. 
 
Após a introdução, o vírus espalhou-se rapidamente 
por grande parte do Brasil, e a transmissão autóctone foi 
confirmada em abril de 2015. Segundo o Boletim 
Epidemiológico nº36 de 2015, até a semana epidemiológica 
45, autóctone Unidades da Federação já haviam confirmado 
a doença com transmissão autóctone. 
 
Ao se contaminar com o vírus Zika, o paciente pode 
apresentar febre, vômitos, tosse, dores no corpo, de cabeça, 
musculares e nas articulações, mal-estar, irritação nos olhos 
e manchas no corpo. A doença normalmente tem duração 
de três a sete dias e pode ser assintomática em alguns 
casos. 
 
De uma maneira geral, considera-se que a febre 
por vírus Zika não causa grandes complicações, mas, 
recentemente, observou-se o comprometimento do sistema 
nervoso central em alguns casos. Além disso, a infecção 
pelo vírus Zika foi associada ao desenvolvimento de 
microcefalia, uma malformação em que recém-nascidos 
possuem perímetro cefálico menor que o normal (menor que 
33 cm). Essa malformação está relacionada com retardo 
mental em 90% dos casos, além de desencadear 
comprometimento da fala, audição e visão, baixo peso e 
episódios de convulsão. 
 
Apesar de a microcefalia também ser causada por 
infecções, problemas genéticos, contato com produtos 
radioativos e utilização de substâncias químicas, observou-
se uma relação direta entre o vírus Zika e o grande surto em 
2015. A suspeita foi levantada após mães de bebês com 
microcefalia relatarem que, durante a gestação, 
apresentaram sintomas da contaminação por vírus Zika. Em 
razão do grande número de casos, a Organização Mundial 
da Saúde (OMS) emitiu um alerta em 1º de dezembro de 
2015 para que todos os países ficassem atentos aos casos 
de febre por vírus Zika em seu território. 
 
Assim como a dengue, a febre por vírus Zika não 
possui tratamento específico, sendo recomendado apenas o 
tratamento de sintomas. O uso de paracetamol ou dipirona 
pode ajudar o paciente a diminuir a dor e, em casos de 
coceiras, pode ser recomendado o uso de anti-histamínicos. 
Não se recomenda o uso de ácido acetilsalicílico, uma vez 
que aumenta os riscos de hemorragias. 
 
Por não ter tratamento nem vacina, a melhor 
maneira de evitar complicações é protegendo-se do 
mosquito que transmite o vírus. As medidas de prevenção 
da febre por vírus Zika são as mesmas utilizadas na 
prevenção contra a dengue e a chikungunya, isto é, voltam-
se para a eliminação de criadouros do mosquito. Além do 
combate ao mosquito, as pessoas podem desenvolver 
algumas proteções individuais, como usar roupas de manga 
comprida, telas nas janelas e portas e mosquiteiros. O uso 
de repelente também é indicado, mas grávidas podem 
utilizar apenas repelentes com DEET na concentração de 
10% a 30%. 
 
→ Como esse tema pode ser cobrado em 
vestibulares e Enem? 
 
Em razão do grande surto de microcefalia em 2015, 
muitas provas de vestibular e o Enem devem abordar esse 
assunto. Esse ponto é bastante importante, pois mostra 
como a falta de conhecimento a respeito de uma 
determinada doença pode causar danos consideráveis em 
uma geração. 
 
Diante da importância do tema abordado, é 
fundamental que o aluno que esteja se preparando para a 
prova tenha noções básicas sobre esse grave problema de 
saúde pública. É fundamental conhecer as formas de 
transmissão, compreender a relação entre o Aedes e a 
microcefalia, bem como as formas de prevenção. 
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Compreender os assuntos em destaque em saúde pública 
pode ajudar bastante no momento da prova, uma vez que a 
cada dia as questões apresentam-se mais contextualizadas. 
 
 
A ELEIÇÃO DE DONALD TRUMP 
 
Donald Trump, candidato do Partido Republicano, 
foi eleito Presidente dos Estados Unidos nas eleições 
realizadas no dia 09/11/2016. Ele derrotou Hillary Clinton, 
candidata do Partido Democrata. 
 
Quem elege o Presidente nos Estados Unidos é um 
Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados, 
representantes dos estados norte-americanos. Para um 
presidente ser eleito, precisa do voto de pelo menos 270 – 
delegados, ou seja, maioria absoluta. Cada estado possui 
certo número de delegados no Colégio Eleitoral. Essa 
quantidade é proporcionalà população dos estados. 
 
Nas eleições presidenciais, os eleitores votam no 
candidato a presidente. O candidato mais votado em cada 
estado levará todos os delegados do estado para o Colégio 
Eleitoral. É a regra conhecida como “winner takes all” (o 
vencedor leva tudo). Porém, há duas exceções: Maine e 
Nebraska, em que os votos do Colégio são distribuídos 
proporcionalmente à votação dos candidatos. 
 
O mapa eleitoral dos Estados Unidos é bem 
dividido entre o Partido Democrata e o Partido Republicano. 
Os estados do nordeste do país e da costa oeste costumam 
votar nos democratas. Nos estados do interior, os 
republicanos predominam. 
 
Porém, há um grupo de estados em que o voto do 
eleitor oscila, ora vence um candidato democrata, ora vence 
um candidato republicano. São os chamados swing states, 
os estados decisivos. Sair-se melhor neles é fundamental 
para vencer a eleição norte-americana. Nas eleições de 
2016, 13 estados estavam nesta situação. No xadrez 
estratégico dos estados, o Republicano saiu-se melhor que a 
Democrata nos swing states. 
 
O resultado final das urnas mostra que Donald 
Trump terá 290 votos e Hillary Clinton 228 votos no Colégio 
Eleitoral. No voto popular, Hillary venceu, teve 60.274.974 
votos, contra 59.937.338 votos de Trump. Isso pode ocorrer. 
É a quarta vez que um candidato com maior votação popular 
teve menos votos no Colégio Eleitoral. 
 
A campanha eleitoral foi radicalizada com muitas 
denúncias, ataques e ofensas pessoais entre os candidatos. 
Trump e o presidente Barack Obama, que apoiava Hillary, 
também trocaram acusações e ácidas críticas. Questões 
como essa, aparecem em eleições, não são novidades. Para 
os analistas, a novidade foi o nível de exacerbação do tom 
dos discursos e das acusações entre os candidatos. 
 
Eu sei que você quer que eu explique como um 
candidato que foi taxado pelos seus críticos de xenófobo, 
machista, racista, nativista, nacionalista, isolacionista e 
antiglobalização venceu a eleição. 
 
Trump não representa o político tradicional. Dizer 
que ele não fez política na sua vida, não é verdadeiro. Mas, 
não é uma pessoa que dedicou sua vida à política. É um 
empresário e bilionário, voltado ao mundo dos negócios. 
 
Para ser candidato a presidente, disputou as 
eleições internas no Partido Republicano e superou todos os 
seus concorrentes. Não foi o candidato da direção e das 
lideranças partidárias. Pelo contrário, se opuseram 
internamente a sua candidatura. 
 
A grande mídia norte-americana foi contrária a 
Trump, seja como pré-candidato do Partido Republicano, 
seja como candidato a presidente. 
 
Um fator decisivo para a eleição de Trump foi que 
ele encarnou o discurso anti-establishment. Ou seja, uma 
crítica à ordem política, econômica e social dominante nos 
Estados Unidos. Uma crítica aos políticos tradicionais, a 
grande mídia e ao poder econômico da finança de Wall 
Street. 
 
Já Hillary Clinton fez política a vida toda. A grande 
mídia lhe apoiou direta ou indiretamente. Nas eleições 
internas do Partido Democrata, quem encarnou o discurso 
crítico ao establishment foi o socialista Bernie Sanders, que 
deu muito trabalho a Hillary Clinton. Foi um adversário difícil 
de ser derrotado. 
 
Aqui temos a força do discurso crítico ao sistema e 
a repulsa de parcela dos norte-americanos a este estado 
das coisas. 
 
Para Demétrio Magnoli, Hillary Clinton foi a 
candidata preferida dos vencedores da globalização, 
simbolizados no capital financeiro de Wall Street e nas 
empresas de alta tecnologia do Vale do Silício. Trump foi o 
preferido dos prejudicados pela globalização: os 
trabalhadores que perderam o emprego e/ou viram a sua 
qualidade vida diminuir nos últimos anos. 
 
Trump venceu a eleição no velho cinturão industrial 
norte-americano que sofre com a globalização, onde 
empresas faliram ou transferiram a sua produção para o 
exterior e trabalhadores perderam os empregos. Nas 
eleições internas do Partido Democrata, Bernie Sanders 
venceu Hillary nestas regiões. Mas, nas eleições 
presidenciais, esses eleitores preferiram Trump e não 
Hillary. 
 
A globalização atual propõe o livre-comércio, a 
flexibilização das barreiras, dos impostos e das tarifas de 
importação entre os países. Para Trump, os Estados Unidos 
fizeram acordos comerciais que prejudicaram a economia 
norte-americana, levaram empresas à falência e 
trabalhadores a ficarem desempregados. Como solução, 
propõe rever acordos comerciais, entre eles o Nafta e elevar 
impostos de importação de produtos, como os dos chineses. 
Assim, produtos ficariam mais caros no mercado 
estadunidense e propiciariam uma retomada da produção 
nacional. Propõe também rever a Parceria Transpacífica 
(TTP). 
 
Trump foi o mais votado entre os eleitores brancos 
de menor renda e menor escolaridade, que são a maioria 
dos norte-americanos. Para analistas, é um indicativo de que 
em primeiro lugar o eleitor está preocupado com emprego, 
salário, vida digna, com saúde, educação e segurança para 
si e as suas famílias. 
 
Há que considerar também que muitos apoiam e 
concordam com as polêmicas propostas de Trump e por isso 
votaram nele. Sim, concordam com a construção do muro na 
longa fronteira com o México, com a deportação dos 
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imigrantes ilegais, com a revisão do casamento civil entre 
pessoas do mesmo sexo, etc. 
 
Uma das famosas e polêmicas frases de Trump foi: 
“Quando o México envia suas pessoas para os EUA, ele não 
envia as melhores. Ele envia pessoas com muitos 
problemas. E elas trazem esses problemas para cá. Elas 
trazem drogas, trazem crime. São estupradores”. 
 
Como disse, para barrar a entrada ilegal de 
mexicanos, prometeu construir um muro na fronteira, que 
será pago pelo México. Prometeu suspender a entrada de 
muçulmanos no país. Se o que defendeu na campanha for 
colocado em prática, os Estados Unidos serão um país mais 
fechado à imigração estrangeira. Serão também um país 
mais protecionista no comércio internacional. 
 
Como grande potência política, econômica e militar, 
os EUA são determinantes para os rumos da ordem mundial. 
Novamente, considerando o que propôs, os EUA se 
envolverão menos nos conflitos regionais e serão menos 
intervencionistas militarmente. Segundo ele, as tensões no 
leste da Ásia é um problema a ser resolvido regionalmente, 
com menos interferência norte-americana. As tensões no 
leste europeu entre Rússia e União Europeia é 
principalmente um problema russo e do bloco europeu e 
menos dos Estados Unidos. 
 
Há ainda o receio de que retire a ratificação dos 
EUA ao acordo do clima de Paris. Trump é um cético quanto 
à tese do aquecimento global gerado pela ação humana. 
 
E como isso tudo pode aparecer na prova 
discursiva? Vou responder com base no perfil do Cespe, que 
está com vários concursos em que o tema da discursiva virá 
de Atualidades. 
 
Um primeiro ponto a ficar atento é a questão da 
globalização. Pode a globalização retroceder? Para muitos é 
uma hipótese impensável. Conforme Demétrio Magnoli, a 
vitória de Trump derruba um dos pilares da globalização, 
que é o livre-comércio. Isso, porque o presidente eleito diz 
que vai rever tratados de livre-comércio. Demétrio também 
chama a atenção para o fato de o “Brexit”, que decidiu pela 
saída do Reino Unido da União Europeia, ter derrubado 
outro pilar da globalização: que a União Europeia é um bloco 
econômico que só avança. 
 
Cabe lembrar que em vários países da União 
Europeia há movimentos reivindicando referendos para 
deliberar sobre a permanência ou não dos seus países no 
bloco europeu, como a Holanda, Itália e França. Neste 
último país, a Frente Nacional, de Marine Le Pen, defende a 
saída dos francesesda União Europeia. Em 2017, teremos 
eleições presidenciais e os nacionalistas da Frente Nacional 
estão entre os favoritos. 
 
A crítica à globalização não é desprovida de 
sentido. Estudos demonstram que a desigualdade entre os 
países cresceu com a globalização. A concentração de 
riqueza também: 1% da população mundial detém 50% de 
toda a riqueza do planeta. Ou seja, a globalização não 
beneficiou a todos. 
 
A questão da imigração é outro tema. A xenofobia, 
ou seja, a aversão ao estrangeiro. Seriam os imigrantes 
ilegais e legais, um dos responsáveis pelas crises 
econômicas e sociais de países desenvolvidos? Como a 
xenofobia se manifesta no mundo atual? Como superar a 
xenofobia? 
 
A crítica à política tradicional e ao atual sistema 
político. A necessidade de mudar e reformar o sistema 
político. É uma crítica que ocorre em vários países do 
mundo, inclusive no Brasil. 
 
Os nacionalismos, o crescimento do nacionalismo 
no mundo. 
 
Por fim, os temas relacionados à livre orientação 
sexual, à legalização das drogas, ao casamento civil entre 
pessoas do mesmo sexo, ao aborto, etc. Uma abordagem 
correta para o Cespe é a que trata dos temas sob o viés dos 
direitos humanos. 
 
MEC DIZ QUE OCUPAÇÃO EM 181 ESCOLAS 
COMPROMETE ENEM PARA 95 MIL ALUNOS 
 
Mendonça Filho diz que prazo para desocupação é 
até 31 de outubro. Alunos protestam contra reforma do 
ensino médio e PEC do teto dos gastos públicos. 
O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse 
nesta quarta-feira (19) que ocupações em 181 escolas do 
país podem comprometer a realização da prova do Exame 
Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016 para 95 mil 
alunos participantes. As ocupações ocorrem em 82 cidades 
de 11 estados, segundo relatório do Ministério da Educação 
(MEC) com dados atualizados nesta tarde. 
Em nota divulgada no fim da tarde desta quarta, o 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (Inep) afirmou que, "dos 181 locais de prova 
afetados, 145 são do Paraná, 12 do Rio Grande do Norte, 
seis de Minas Gerais e cinco do Rio Grande do Sul. O 
Distrito Federal e o Rio de Janeiro têm três pontos de 
aplicação ocupados e Alagoas e Bahia, dois. Pernambuco, 
Pará e Tocantins têm um ponto afetado". 
 
Situação das ocupações pelo país 
 
Segundo o ministro, o MEC está fazendo o 
monitoramento presencial da situação das escolas: no 
Paraná, dos 682 locais de prova do Enem, 145 estavam 
ocupados nesta tarde. Na sequência, o maior número 
aparece no Rio Grande do Norte, que tinha 12 ocupações 
das 409 previstas para receber a prova. Na lista, Minas 
Gerais tinha seis ocupações monitoradas pelo MEC entre os 
mais de 1,7 mil locais de prova previstos no estado. 
"Se por ventura, não estiverem desocupadas, 
podemos comprometer a segurança das provas naquela 
localidade específica. Até o dia 31, vamos aguardar e 
avaliar, a partir dos relatórios do Inep. Espero que o bom-
senso prevaleça e as pessoas tenham a sensibilidade" 
Durante a coletiva de imprensa, a assessoria do 
ministro da Educação, Mendonça Filho, publicou fala dele a 
respeito das ocupações de estudantes secundaristas contra 
a reforma do ensino médio e a PEC 241. 
Durante a coletiva de imprensa, a assessoria do 
ministro da Educação, Mendonça Filho, publicou fala dele a 
respeito das ocupações de estudantes secundaristas contra 
a reforma do ensino médio e a PEC 241 Ameaça judicial 
O MEC diz que, caso as provas precisem se 
reaplicadas posteriormente, os custos da aplicação da prova 
(cerca de R$ 90 por aluno) serão cobrado judicialmente de 
alunos e entidades que sejam identificados como 
responsáveis pelas ocupações. Segundo o ministro, a 
Advocacia Geral da União (AGU) será acionada para avaliar 
como cobrar os responsáveis pelas ocupações. 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
61 
 
Considerando o cenário desta quarta, o custo para 
aplicar a prova em uma nova data para os afetados pelas 
ocupações seria R$ 8 milhões. 
"A informação que eu posso transmitir, nesse 
instante, é de que respeitamos o direito ao protesto. Todos 
podem protestar democraticamente, isso é base de um 
estado democrático de direito. (...) O bom-senso deve 
prevalecer, para não criamos uma situação onde atrapalha a 
vontade, o sonho de milhares de brasileiros que querem se 
submeter ao Enem", disse Mendonça. 
Avisos e erro em consultas 
Os chamados "cartões de confirmação" liberados 
nesta quarta-feira eram esperados pelos participantes do 
Enem para que eles possam programar o deslocamento nos 
dias de prova. 
Nos próximos dias, o Inep deve enviar aos 
estudantes uma mensagem SMS e um e-mail informando da 
disponibilidade dos cartões dos candidatos e da 
necessidade de verificação dos dados. Os lembretes serão 
reforçados a cada três dias pelos mesmos canais, segundo 
o órgão. 
Em alguns cartões disponíveis para alunos de 
diferentes localidades, os participantes poderão encontrar a 
informação “Aguarde a confirmação do seu local de prova. 
Efetue nova consulta nos próximos dias”. Segundo o Inep, 
isso significa que o estabelecimento previsto foi 
comprometido por reformas ou circunstâncias naturais. 
Nestes casos, a organização do Enem afirma que o 
dado será atualizado nos próximos dias, com a realocação 
dos alunos. A presidente do Inep, Maria Inês Fini, informou 
que duas escolas em Alagoas, por exemplo, já tinham sido 
descartadas até esta quarta em razão das chuvas. 
 
TECNOLOGIA: MOEDA VIRTUAL É O DINHEIRO 
DO FUTURO? 
 
 
No século 21, novas tecnologias prometem acabar 
com o dinheiro físico. A tendência é que, nos próximos anos, 
a sociedade caminhe para um mundo em que não haverá 
circulação de dinheiro físico e que sejam usadas cada vez 
mais transações eletrônicas e moedas virtuais. 
 
O Bitcoin é uma moeda virtual que ganha cada vez 
mais popularidade. Em vez de existir uma instituição 
financeira responsável pelas transações, todas as trocas 
monetárias ficam no livro de registro virtual Blockchain. 
 
Por representar riscos ao controle de fluxos 
financeiros, países estão tentando criar barreiras para a 
circulação desse tipo de moeda. 
 
O dinheiro é um símbolo e meio de troca. E também 
resultado de uma longa evolução. Ao longo da história, a 
humanidade já usou todo tipo de objetos como moeda: 
búzios na Arábia, sementes nas Ilhas Salomão, conchas na 
Suméria. 
 
Na Roma Antiga, o pagamento dos soldados era 
feito com uma porção de sal. Daí surge a palavra “salário”. 
No Ocidente, antes de aparecer a cédula impressa, as 
moedas usadas eram geralmente o ouro, a prata e o cobre. 
 
No início do século 20, os governos nacionalizaram 
a própria moeda, e o Banco Central de cada país tomaria o 
papel de criar, implantar e assegurar o suprimento e o 
destino do dinheiro. Depois que as cédulas são impressas, o 
dinheiro é repassado pelo governo aos bancos, que o 
distribui para pessoas e empresas. 
 
Com o surgimento da computação foram 
inventadas as moedas virtuais, uma forma de dinheiro que 
não existe fisicamente, ou seja, não é impressa em papel. 
Cartões de crédito e meios de pagamento online como 
PayPal e aplicativos para celular são considerados dinheiro 
virtual, mas que utilizam moedas tradicionais para realizar as 
transações de pagamento (como o real, euro, libra ou dólar). 
 
No século 21, novas tecnologias e modelos 
prometem acabar com o dinheiro da forma como você 
conhece. A tendência é que, nos próximos anos, a 
sociedade caminhe para um mundo em que não haverá 
circulação de dinheiro físico. 
 
Em 2015 o dinheiro vivo foi o principal meio de 
pagamento no mundo. Países da Europa já começam a se 
preparar para uma nova fase, com menos dinheiro em 
espécie. Na Suécia, já existem lojas que não aceitam 
dinheiro. 
 
Este ano,por exemplo, apenas um quinto de todos 
os pagamentos de consumidores na Suécia foi feito em 
dinheiro. Já a Dinamarca anunciou que quer se tornar o 
primeiro país do mundo a eliminar oficialmente a circulação 
de dinheiro físico. 
 
Os dois países argumentam que é mais fácil 
fiscalizar o dinheiro eletrônico e assim evitar problemas 
como a lavagem de dinheiro, a sonegação de impostos 
gerados pela economia informal e o caixa dois de empresas. 
 
A escalada do Bitcoin 
 
A mudança mais significativa na tecnologia 
financeira é atribuída às moedas virtuais criptografadas. O 
maior destaque é o Bitcoin, que pode ser usado para 
comprar produtos e serviços na internet e em 
estabelecimentos físicos conectados à rede. 
 
Atualmente é possível comprar quase tudo com 
bitcoins: eletroeletrônicos, roupas, livros, alimentos. Nos 
Estados Unidos, até apartamentos e casas já foram 
vendidos dessa forma. Em Berlim, na Alemanha, existe um 
bairro conhecido como bitcoinkiez ("bairro do bitcoin", em 
alemão), em que todo o comércio local (restaurantes, bares 
e lojas) está disposto a receber na moeda virtual. 
 
O Bitcoin surgiu em 2008 e sua criação é atribuída 
a um programador conhecido sob o pseudônimo de Satoshi 
Nakamoto. A moeda entrou para a história e revolucionou o 
setor por ser o primeiro sistema de pagamentos global 
totalmente descentralizado. 
 
Imagine fazer transferências na internet com a 
mesma facilidade com que se envia um e-mail. O modelo 
Bitcoin permite realizar transações financeiras de forma 
direta, sem a necessidade de um intermediário. Um sistema 
que pode acabar de vez com o banco físico. 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
62 
 
Para o usuário, a maior vantagem da 
descentralização seria a compra e venda com taxas mais 
baratas do que a de um banco tradicional ou uma empresa 
de cartão de crédito. Existem ainda usuários que não 
querem depender das políticas monetárias do governo ou de 
bancos, e aqueles que buscam fazer uma reserva de valor, 
sem ficar expostos a riscos como o confisco do dinheiro pelo 
Estado durante crises financeiras. 
 
O sistema de bitcoins não é controlado por nenhum 
Banco Central ou instituição bancária, mas por criptografia. 
É por isso que essa invenção também pode ser chamada de 
“criptomoeda”. Desde então, outras moedas similares 
surgiram no mercado. 
 
O controle descentralizado está relacionado ao uso 
do Blockchain, uma tecnologia de banco de dados que é 
semelhante a um livro de registros virtual. Não existe um 
“dono” do sistema, que é aberto a qualquer um. 
 
A Blockchain grava todas as transações realizadas 
com Bitcoins e garante que uma unidade da moeda não seja 
utilizada duas vezes. Isso faz com que a moeda virtual não 
seja falsificada. Cada moeda digital está numerada e todas 
as transações são públicas e podem ser visualizadas pela 
comunidade. Na prática, a Blockchain funciona como um 
livro público, que regula o envio e o recebimento da moeda. 
 
Quem quiser usar o Bitcoin precisa se cadastrar em 
algum dos sites que trocam dinheiro real por bitcoins, como 
se fossem uma agência de câmbio. Depois, basta criar uma 
conta com um código pessoal criptografado e comprar o 
Bitcoin. O dinheiro fica guardado no computador de cada 
um, como se fosse um arquivo ou um software. 
 
O modelo é similar ao das redes P2P, usadas para 
compartilhamento de arquivos na internet. Por isso, controlar 
a moeda virtual, como fazem os bancos centrais com a 
moeda real, é muito difícil. 
 
No início, o Bitcoin valia apenas alguns poucos 
centavos e seu uso estava restrito a um grupo de 
entusiastas da tecnologia. Mas logo sua popularidade 
cresceu e a moeda foi se valorizando, atraindo também 
grandes investidores. Hoje, o Bitcoin tem um grande valor de 
mercado. Para se ter uma ideia, até a data de fechamento 
deste texto, o valor de compra de 1 Bitcoin equivale a quase 
R$ 2 mil. 
 
Quem “fabrica” esse dinheiro? Quem coloca o 
Bitcoin no mercado são usuários chamados de 
“mineradores”, que cedem voluntariamente a capacidade de 
seus computadores via internet para verificar as transações 
no Blockchain e manter o sistema e funcionando. Em troca, 
são premiados com bitcoins. 
 
Mas como manter o valor da moeda estável? É 
preciso que uma moeda seja escassa para que tenha valor e 
não gere inflação. O Bitcoin foi projetado de modo a ser 
finito. Isso porque é baseado em fórmulas matemáticas, 
diferente da moeda tradicional, que é lastreada em ouro e 
prata. Uma pessoa não pode gerar a moeda infinitamente. 
Tanto que o sistema do Bitcoin prevê que o máximo de 
moeda circulando será de 21 milhões de unidades, o que 
deve acontecer por volta de 2140. 
 
Críticas e riscos ao modelo do Bitcoin 
 
O Bitcoin é baseado em um software de código 
aberto que permite o anonimato dessas pessoas. Em alguns 
aplicativos de "carteira virtual" é preciso ter uma conta de e-
mail para fazer o registro, já outros (a maioria) não é 
necessário nenhum tipo de identificação. 
 
Devido a essa dificuldade de rastrear os usuários e 
oferecer anonimato, a moeda virtual pode estimular o 
comércio de produtos ilegais. Tanto que o Bitcoin tornou-se 
a principal moeda dos sites de comércio ilícito na internet 
profunda (a deep web), com a venda de drogas e armas e 
atividades de lavagem de dinheiro. Mas a polícia pode 
identificar o usuário se encontrar o IP dela ou se ela fez 
qualquer transação de bitcoins em casas de câmbio. 
 
Em 2013, por exemplo, o FBI prendeu o criador do 
Silk Road, site que funcionava como um grande portal de 
venda de drogas na internet. As transações eram todas 
feitas em bitcoins. O site foi fechado e mais de 150 mil 
bitcoins foram apreendidos pela polícia - o equivalente a 100 
milhões de dólares na cotação de março de 2013. 
 
Existe ainda o risco de uma conta ser hackeada. 
Em 2014, a Mt. Gox, considerada na época como a principal 
“bolsa de valores” do Bitcoin, entrou em colapso e perdeu 
500 milhões de dólares. O motivo? Um ataque hacker ao 
seu sistema. Em 2016, A Bitfinex, empresa de Hong Kong 
especialista em gestão de moedas virtuais, reconheceu que 
uma falha de segurança em suas plataformas permitiu o 
roubo de 119.756 bitcoins, avaliados em 65,8 milhões de 
dólares. 
 
O fato de não estar atrelada a governos e bancos 
faz com que o Bitcoin esteja fora do controle de fiscalização 
e flutuações cambiais. Por esses motivos, representantes 
dos bancos centrais afirmaram que a adoção de 
criptomoedas é um grande desafio para a habilidade dos 
bancos em influenciar o preço do crédito (juros) para a 
economia. Ou seja, a adoção em massa dessas moedas 
poderia enfraquecer o papel do Banco Central como 
regulador do mercado. 
 
Por representar riscos ao controle de fluxos 
financeiros, países como a China, Rússia e a Índia estão 
tentando criar barreiras para a circulação desse tipo de 
moeda. E como são um fenômeno recente, as moedas 
virtuais possuem poucas leis que as regulamentam. A 
legislação mundial sobre o assunto ainda está em 
construção e deve se consolidar nos próximos anos. 
 
Recentemente, uma juíza federal dos Estados 
Unidos decidiu que o Bitcoin se qualifica como dinheiro, em 
ação penal que versava prática de atividade financeira por 
pessoa não autorizada. No Japão, o governo estabeleceu 
que os lucros e processos de compra relacionados ao 
Bitcoin devem estar sujeitos à cobrança de impostos e 
monitoramento do Estado. 
 
 
COLETA E RECICLAGEM DO LIXO 
 
Reciclagem 
 
Reciclagem de lixo, plástico, reciclagem de 
alumínio, reciclagem de papel, respeito ao meio-ambiente, 
coleta seletiva de lixo, reciclagem de plástico. 
Reciclar significa transformar objetos materiais 
usados em novos produtos para o consumo. Esta 
necessidade foi despertadapelos seres humanos, a partir do 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
63 
 
momento em que se verificou os benefícios que este 
procedimento traz para o planeta Terra. 
 
Importância e vantagens da reciclagem 
 
A partir da década de 1980, a produção de 
embalagens e produtos descartáveis aumentou 
significativamente, assim como a produção de lixo, 
principalmente nos países desenvolvidos. Muitos governos 
e ONGs estão cobrando de empresas posturas 
responsáveis: o crescimento econômico deve estar aliado à 
preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas 
de coleta seletiva de lixo e reciclagem de alumínio e papel, 
já são comuns em várias partes do mundo. 
No processo de reciclagem, que além de preservar 
o meio ambiente também gera riquezas, os materiais mais 
reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta 
reciclagem contribui para a diminuição significativa da 
poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão 
reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos 
de produção. 
Um outro benefício da reciclagem é a quantidade 
de empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. 
Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor 
e conseguindo renda para manterem suas famílias. 
Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma 
boa realidade nos centros urbanos do Brasil. 
Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio 
pode ser reciclado com um nível de reaproveitamento de 
quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de 
produção das indústrias de embalagens, reduzindo os 
custos para as empresas. 
Muitas campanhas educativas têm despertado a 
atenção para o problema do lixo nas grandes cidades. Cada 
vez mais, os centros urbanos, com grande crescimento 
populacional, tem encontrado dificuldades em conseguir 
locais para instalarem depósitos de lixo. Portanto, a 
reciclagem apresenta-se como uma solução viável 
economicamente, além de ser ambientalmente correta. Nas 
escolas, muitos alunos são orientados pelos professores a 
separarem o lixo em suas residências. Outro dado 
interessante é que já é comum nos grandes condomínios a 
reciclagem do lixo. 
 
 
Símbolos da reciclagem por material 
 
Assim como nas cidades, na zona rural a 
reciclagem também acontece. O lixo orgânico é utilizado na 
fabricação de adubo orgânico para ser utilizado na 
agricultura. 
Como podemos observar, se o homem souber 
utilizar os recursos da natureza, poderemos ter, muito em 
breve, um mundo mais limpo e mais desenvolvido. Desta 
forma, poderemos conquistar o tão 
sonhado desenvolvimento sustentável do planeta. 
 
 
 
Sacolas feitas com papel reciclável 
 
Exemplos de Produtos Recicláveis 
 
- Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, 
requeijão, etc.), garrafas, frascos de medicamentos, cacos 
de vidro. 
 
- Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de 
papelão, embalagens de papel. 
 
- Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, 
tampas, tubos de pasta, cobre, alumínio. 
 
- Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos 
plásticos, embalagens e sacolas de supermercado. 
 
- Embalagens longa vida: de leite, de tomate, de 
sucos, etc. 
 
Você sabia? 
 
- 5 de junho é o Dia da Reciclagem. 
 
 
SANEAMENTO BÁSICO 
 
Saneamento básico é a atividade relacionada ao 
abastecimento de água potável, o manejo de água pluvial, a 
coleta e tratamento de esgoto, a limpeza urbana, o manejo 
de resíduos sólidos e o controle de pragas e qualquer tipo de 
agente patogênico, visando à saúde das comunidades. É o 
conjunto de procedimentos adotados numa determinada 
região visando a proporcionar uma situação higiênica 
saudável para os habitantes. Trata-se de uma especialidade 
estudada nos cursos superiores de engenharia sanitária, de 
engenharia ambiental, de saúde coletiva, de saúde 
ambiental, de tecnólogo em saneamento ambiental, de 
ciências biológicas, de tecnólogo em gestão ambiental e 
ciências ambientais. 
Trata-se de serviços que podem ser prestados por 
empresas públicas ou, em regime de concessão, por 
empresas privadas, sendo esses serviços considerados 
essenciais, tendo em vista a necessidade imperiosa destes 
por parte da população, além da sua importância para a 
saúde de toda a sociedade e para o meio ambiente. 
Entre os procedimentos do saneamento básico, 
podemos citar: tratamento de água, canalização e 
tratamento de esgotos, limpeza pública de ruas e avenidas, 
coleta e tratamento de resíduos orgânicos (em aterros 
sanitários regularizados) e materiais (através da reciclagem). 
Com estas medidas de saneamento básico, é possível se 
garantir melhores condições de saúde para as pessoas, 
evitando a contaminação e proliferação de doenças. Ao 
mesmo tempo, garante-se a preservação do meio ambiente. 
 
Importância 
Saúde pública 
 
A falta de saneamento básico, aliada a fatores 
socioeconômicos e culturais, é determinante para o 
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64 
 
surgimento de infecções por parasitas, sendo as crianças o 
grupo que apresenta maior susceptibilidade às doenças 
infectocontagiosas. Nos países mais pobres ou em regiões 
mais carentes, as doenças decorrentes da falta de 
saneamento básico (viróticas, bacterianas e outras 
parasitoses) tendem a ocorrer de forma endêmica. No Brasil, 
figuram entre os principais problemas de saúde pública e 
ambiental. 
 
Fornecimento e gestão 
Caráter monopolista 
 
O saneamento básico é, geralmente, uma atividade 
econômica monopolista em todos os países do mundo, já 
que seu monopólio é um poder típico do Estado, sendo que 
este pode delegar, a empresas, o direito de explorar estes 
serviços através das chamadas concessões de serviços 
públicos. Tendo em vista a dificuldade física e prática em se 
assentar duas ou três redes de água e/ou esgotos de 
empresas diferentes no equipamento urbano, geralmente 
apenas uma empresa, pública ou privada, realiza e explora 
economicamente esse serviço. 
 
Fiscalização de empresas concessionárias 
privadas 
 
O setor de saneamento básico também se 
caracteriza por necessidade de um elevado investimento em 
obras e constantes melhoramentos, sendo que os resultados 
destes investimentos, na forma de receitas e lucros, são de 
longa maturação. Por este motivo e outros, a concessão dos 
serviços de saneamento a empresas privadas deve ser 
muito bem fiscalizada pelo Estado, uma vez que o objetivo 
de uma companhia privada é sempre o lucro máximo, o que 
pode inviabilizar um bom serviço em certos casos, como o 
de comunidades carentes. 
 
Saneamento básico no Brasil 
 
Houve um grande avanço no Brasil, nos últimos 30 
anos, no tocante ao saneamento básico. Porém, muitas 
cidades do interior do país, principalmente nas regiões norte 
e nordeste, ainda apresentam deficiências nesta área. 
 
Você sabia? 
 
- Somente 57,8% das residências (domicílios 
particulares permanentes) no Brasil são atendidas por rede 
coletora de esgoto (fonte: Pnad 2014 - IBGE). 
- Em 11 de junho comemoramos o Dia do Educador 
Sanitário. 
 
ISO´s 
 
A expressão ISO 9000 designa um grupo de 
normas técnicas que estabelecem um modelo de gestão da 
qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o 
seu tipo ou dimensão. 
ISO é uma organização não-governamental 
fundada em 1947, em Genebra, e hoje presente em cerca de 
189 países. A sua função é a de promover a normatização 
de produtos e serviços, para que a qualidade dos mesmos 
seja permanentemente melhorada. 
A denominação "International Organization for 
Standardization" permite diferentes acrônimos em diferentes 
idiomas (IOS em inglês, OIN em francês, OIP em português) 
e, por isso, seus fundadores decidiramusar a abreviatura 
ISO, que significa "igual". Qualquer que seja o país ou a 
linguagem, a abreviatura é sempre ISO, que vem do grego 
"isos" que significa igual, igualdade, pois o sistema prevê 
que os produtos detenham o mesmo processo produtivo 
para todas as peças. 
Esta família de normas estabelece requisitos que 
auxiliam a melhoria dos processos internos, a maior 
capacitação dos colaboradores, o monitoramento do 
ambiente de trabalho, a verificação da satisfação dos 
clientes, colaboradores e fornecedores, num processo 
contínuo de melhoria do sistema de gestão da qualidade. 
Aplicam-se a campos tão distintos quanto materiais, 
produtos, processos e serviços. 
A adoção das normas ISO é vantajosa para as 
organizações uma vez que lhes confere maior organização, 
produtividade e credibilidade - elementos facilmente 
identificáveis pelos clientes -, aumentando a sua 
competitividade nos mercados nacional e internacional. Os 
processos organizacionais necessitam ser verificados 
através de auditorias externas independentes. 
O Brasil está no grupo dos países que mais 
crescem em número de certificações em 2010, com aumento 
de 4.009 certificações, logo atrás da Itália (8.826), Rússia 
(9.113) e China (39.961) que lidera o grupo. Fonte: Pesquisa 
ISO9001 (2010) 
Em setembro de 2015, foi publicada a NBR ISO 
9001:2015. 
 
Antecedentes 
 
Desde os seus primórdios, a industrialização 
levantou questões relativas à padronização, ao 
gerenciamento de processos e à qualidade dos produtos. No 
início do século XX, destacaram-se os estudos de Frederick 
Taylor visando racionalizar as etapas de produção, 
aproveitados com sucesso por Henry Ford, que implantou a 
linha de montagem. 
A padronização internacional começou pela área 
eletrotécnica, com a constituição, em 1922, da International 
Electrotechnical Commission (IEC). 
O seu exemplo foi seguido em 1926, com o 
estabelecimento da International Federation of the National 
Standardizing Associations (ISA), com ênfase na engenharia 
mecânica. As atividades da ISA cessaram em 1942, durante 
a Segunda Guerra Mundial. 
Com o final do conflito, em 1946 representantes de 
25 países reuniram-se em Londres e decidiram criar uma 
nova organização internacional, com o objetivo de "facilitar a 
coordenação internacional e unificação dos padrões 
industriais". A nova organização, a Organização 
Internacional para Padronização, iniciou oficialmente as suas 
operações em 23 de fevereiro de 1947 com sede em 
Genebra, na Suíça. 
Com a acentuação da globalização na década de 
1980, aumentou a necessidade de normas internacionais, 
nomeadamente a partir da criação da União Europeia. 
Segundo Seddon, "Em 1987, o governo britânico 
persuadiu a Organização Internacional para Padronização 
(ISO) a adotar a BS 5750 como uma norma padrão 
internacional. A BS 5750 tornou-se a ISO 9000." 
 
Adoção Mundial 
O número de empresas que adotam a certificação 
ISO 
9001 tem crescido mundialmente, conforme mostra 
as pesquisas do número de empresas certificadas a partir de 
2003 em: 2003, 2007, 2008, 2009 and 2010. 
 
 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
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Recentemente nos últimos anos tem havido um grande crescimento na China, que hoje totaliza aproximadamente 
um quarto das certificações mundiais 
 
 
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ISO 9000:1987 
 
Essa primeira norma tinha estrutura idêntica à 
norma britânica BS 5750, mas era também influenciada por 
outras normas existentes nos Estados Unidos e por normas 
de defesa militar (as "Military Specifications" - "MIL SPECS"). 
Subdividia-se em três modelos de gerenciamento da 
qualidade, conforme a natureza das atividades da 
organização: 
 ISO 9001:1987 Modelo de 
garantia da qualidade para design, 
desenvolvimento, produção, montagem e 
prestadores de serviço - aplicava-se a organizações 
cujas atividades eram voltadas à criação de novos 
produtos. 
 ISO 9002:1987 Modelo de 
garantia da qualidade para produção, montagem e 
prestação de serviço - compreendia essencialmente 
o mesmo material da anterior, mas sem abranger a 
criação de novos produtos. 
 ISO 9003:1987 Modelo de 
garantia da qualidade para inspeção final e teste - 
abrangia apenas a inspeção final do produto e não 
se preocupava como o produto era feito. 
 
ISO 9000:1994 
Essa norma contém os termos e definições relativos 
à norma ISO 9001:1994. Não é uma norma certificadora, dos 
termos e definições da garantia da qualidade. 
 
ISO 9001:1994 
Essa norma tinha a garantia da qualidade como 
base da certificação. A norma tinha os seguintes requisitos: 
4.1 Responsabilidade da Direção (Trata do papel da alta 
direção na implementação do sistema da Qualidade); 
4.2 Sistema da qualidade (Descreve a documentação que 
compõe o sistema da qualidade); 
4.3 Análise do contrato (Trata da relação comercial entre a 
empresa e os seus clientes); 
4.4 Controle da concepção e projeto (Trata da concepção e 
desenvolvimento de novos produtos para atender aos 
clientes); 
4.5 Controle dos documentos e dados (Trata da forma de 
controlar os documentos do sistema da qualidade); 
4.6 Compras (Trata da qualificação dos fornecedores de 
materiais / serviços e do processo de compras); 
4.7 Produto fornecido pelo Cliente (Trata da metodologia 
para assegurar a conformidade dos produtos fornecidos pelo 
Cliente para incorporar ao produto final); 
4.8 Rastreabilidade (Trata da história desde o início do 
fabrico do produto ou da prestação do serviço); 
4.9 Controle do processo (Trata do processo de produção 
dos produtos da empresa); 
4.10 Inspeção e ensaios (Trata do controle da qualidade que 
é realizado no produto ou serviço); 
4.11 Controle de equipamentos de inspeção, medição e 
ensaio (Trata do controle necessário para a calibração / 
verificação dos instrumentos que inspecionam, meçam ou 
ensaiem a conformidade do produto); 
4.12 Situação da inspeção e ensaios (Trata da identificação 
da situação da inspeção do produto ou serviço em todas as 
etapas da sua produção) 
4.13 Controle do produto não conforme (Trata da 
metodologia de controle para os produtos fora de 
especificação); 
4.14 Ação corretiva e preventiva (Trata das ações 
necessárias para as não conformidades identificadas de 
forma a evitar que aconteça e a sua repetição); 
4.15 Manuseamento, armazenamento, embalagem, 
preservação e expedição (Trata dos cuidados com o produto 
acabado até a sua expedição para o cliente); 
4.16 Controle dos registos da qualidade (Trata da 
metodologia do controle dos registos da qualidade para 
facilitar a sua identificação, recuperação); 
4.17 Auditorias internas da qualidade (Trata da programação 
das auditorias internas da qualidade); 
4.18 Formação (Trata do levantamento de necessidades de 
formação e da programação das respectivas formações); 
4.19 Serviços após - venda (Trata dos serviços prestados 
após venda); 
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67 
 
4.20 Técnicas estatísticas (Trata da utilização de técnicas 
estatísticas na empresa); 
Esta versão exige muito "papel" em vez da 
implementação das práticas como exigido pela ISO 
9001:2008. 
 
ISO 9001:2000 
 
Para solucionar as dificuldades da anterior, esta 
norma combinava as 9001, 9002 e 9003 em uma única, 
doravante denominada simplesmente 9001:2000. 
Os processos de projeto e desenvolvimento eram 
requeridos apenas para empresas que, de fato, investiam na 
criação de novos produtos, inovando ao estabelecer o 
conceito de "controle de processo" antes e durante o 
processo. Esta nova versão exigia ainda o envolvimentoda 
gestão para promover a integração da qualidade 
internamente na própria organização, definindo um 
responsável pelas ações da qualidade. Adicionalmente, 
pretendia-se melhorar o gerenciamento de processos por 
meio de aferições de desempenho e pela implementação de 
indicadores para medir a efetividade das ações e atividades 
desenvolvidas. 
Mas a principal mudança na norma foi a introdução 
da visão de foco no cliente. Anteriormente, o cliente era visto 
como externo à organização, e doravante passava a ser 
percebido como integrante do sistema da organização. A 
qualidade, desse modo, passava a ser considerada como 
uma variável de múltiplas dimensões, definida pelo cliente, 
por suas necessidades e desejos. Além disso, não eram 
considerados como clientes apenas os consumidores finais 
do produto, mas todos os envolvidos na cadeia de produção. 
 
ISO 9000:2005 
 
Foi a única norma lançada nesse ano, descrevendo 
os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade que, no 
Brasil, constituem o objeto da família ABNT NBR ISO 9000, 
e definindo os termos a ela relacionados. É aplicável a 
organizações que buscam vantagens através da 
implementação de um sistema de gestão da qualidade; as 
organizações que buscam a confiança nos seus 
fornecedores de que os requisitos de seus produtos serão 
atendidos; a usuários dos produtos; aqueles que têm 
interesse no entendimento mútuo da terminologia utilizada 
na gestão da qualidade (por exemplo: fornecedores, clientes, 
órgãos reguladores); aqueles, internos ou externos à 
organização, que avaliam o sistema de gestão da qualidade 
ou o auditam, para verificarem a conformidade com os 
requisitos da ABNT NBR ISO 9001 (por exemplo: auditores, 
órgãos regulamentadores e organismos de certificação); 
aqueles, internos ou externos à organização, que prestam 
assessoria ou treinamento sobre o sistema de gestão da 
qualidade adequado à organização; e a grupos de pessoas 
que elaboram normas correlatas. 
 
ISO 9001:2008 
 
Esta, aprovada no fim do ano de 2008, foi 
elaborada para apresentar maior compatibilidade com a 
família da ISO 14000, e as alterações realizadas trouxeram 
maior compatibilidade para as suas traduções e 
consequentemente um melhor entendimento e interpretação 
de seu texto. 
Outra importante alteração nesta versão foi a sub-
cláusula 1.2 que introduz o conceito de exclusões. Esta 
cláusula permite que requisitos da norma que não sejam 
aplicáveis devido a características da organização ou de 
seus produtos sejam excluídos, desde que devidamente 
justificados. Desta forma, garante-se o caráter genérico da 
norma e sua aplicabilidade para qualquer organização, 
independente do seu tipo, tamanho e categoria de produto. 
 
ISO 9001:2015 
 
A versão 2015 da ISO 9001 tem uma abordagem 
modernizada, incluindo: 
- Maior ênfase na geração de valor, para a 
organização e para seus clientes. A nova versão é voltada a 
geração de resultados e a melhoria dos mesmos. 
- Maior ênfase na avaliação dos riscos, em sua 
versão anterior a mentalidade de riscos era implícita nas 
ações preventivas, a abordagem da nova versão trás 
explicitamente a mentalidade de riscos logo na introdução 
item 0.3.3 - Mentalidade de riscos. 
- Solicita que as organizações levem em 
consideração o feedback de todas as partes interessadas e 
de todos os processos envolvidos (não apenas os feedbacks 
dos seus clientes). 
- Maior envolvimento da alta direção. 
- Exclusão do RD (representante da direção), as 
responsabilidades das áreas aumentam, assim como seu 
engajamento. 
- Maior facilidade na aplicação dos requisitos às 
empresas de "serviços". a nova versão não trata mais todas 
as saídas como produto esta edição utiliza "produtos e 
serviços"; 
- Maior flexibilidade nas exigências sobre 
procedimentos documentados (por exemplo, a adoção de 
um "manual de qualidade" não é mais obrigatória). 
o que o torna flexível e amigável, as seções desta 
norma não servem mais de modelo para o manual é apenas 
a apresentação coerente dos requisitos que podem ser 
documentados livremente. 
 
Critérios para a normatização 
As normas foram elaboradas por meio de um 
consenso internacional acerca das práticas que uma 
empresa deve tomar a fim de atender plenamente os 
requisitos de qualidade total. A ISO 9000 não fixa metas a 
serem atingidas pelas organizações a serem certificadas; as 
próprias organizações são quem estabelecem essas metas. 
Uma organização deve seguir alguns passos e 
atender a alguns requisitos para serem certificadas. Dentre 
esses podem-se citar: 
 Padronização de todos os 
processos-chave da organização, processos que 
afetam o produto e consequentemente o cliente; 
 Monitoramento e medição dos 
processos de fabricação para assegurar a 
qualidade do produto/serviço, através de 
indicadores de performance e desvios; 
 Implementar e manter os registros 
adequados e necessários para garantir a 
rastreabilidade do processo; 
 Inspeção de qualidade e meios 
apropriados de ações corretivas quando 
necessário; e 
 Revisão sistemática dos 
processos e do sistema da qualidade para garantir 
sua eficácia. 
Um "produto", no vocabulário da ISO, pode 
significar um objeto físico, ou serviço, ou software. 
A International Organization for Standardization 
publicou em 2004 um artigo que dizia: "Atualmente as 
organizações de serviço representam um número grande de 
empresas certificadas pela ISO 9001:2000, 
aproximadamente 31% do total". 
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68 
 
 
Os elementos da ISO 9000 
A cópia das normas é vedada. A "ISO 9001:2000 
Sistema de gestão da qualidade novo — Requisitos" é um 
documento de aproximadamente 30 páginas, disponível nos 
órgãos representantes em cada país, descrito em itens como 
abaixo: 
 Página 1: Prefácio' 
 Página 1 a 3: Introdução 
 Página 3: Objetivo e campo de 
aplicação 
 Página 3: Referência normativa 
 Página 3: Termos e definições 
 Página 4 a 12: Requisitos 
o Seção 4: Sistema de 
Gestão da Qualidade 
o Seção 5: 
Responsabilidade da Direção 
o Seção 6: Gestão de 
Recursos 
o Seção 7: Realização do 
Produto 
o Seção 8: Medição, 
análise e melhoria 
 Páginas 13 a 20: Tabelas de 
correspondência entre a ISO 9001 e outras normas 
 Páginas 21: Bibliografia 
Os seis procedimentos documentados obrigatórios 
da norma são: 
 Controle de Documentos (4.2.3) 
 Controle de Registros (4.2.4) 
 Auditorias Internas (8.2.2) 
 Controle de Produto/ Serviço não-
conformes (8.3) 
 Ação corretiva (8.5.2) 
 Ação preventiva (8.5.3) 
Em acréscimo aos requisitos da ISO 9001:2000 é 
necessário definir e implementar uma "Política da 
Qualidade" e um "Manual da Qualidade" embora isso não 
queira dizer que eles sejam os únicos documentos 
necessários. Cada organização deve avalizar o seu 
processo por inteiro e estabelecer as necessidades de 
documentação de acordo com as características das suas 
atividades. 
 
Terminologia 
 Ação corretiva - ação para 
eliminar a causa de uma não-conformidade 
identificada ou de outra situação indesejável 
 Ação preventiva - ação para 
eliminar a causa de uma potencial não-
conformidade 
 Cliente - organização ou pessoa 
que recebe um produto 
 Conformidade - satisfação com 
um requisito 
 Eficácia - medida em que as 
atividades planejadas foram realizadas e obtidos os 
resultados planejados 
 Eficiência - relação entre os 
resultados obtidos e os recursos utilizados 
 Fornecedor - organização ou 
pessoa que fornece um produto 
 Política da Qualidade - conjunto 
de intenções e de orientações de uma organização, 
relacionadas com a qualidade, como formalmente 
expressas pela gestão superior 
 Procedimento - modo 
especificado derealizar uma atividade ou um 
processo 
 Processo - conjunto de atividades 
interrelacionadas e interatuantes que transformam 
entradas em saídas 
 Produto - resultado de um 
processo 
 Qualidade - medida de 
atendimento a expectativas, dada por um conjunto 
de características intrínsecas 
 Requisito - necessidade ou 
expectativa expressa, geralmente implícita ou 
obrigatória 
 Satisfação de clientes - 
percepção dos clientes quanto ao grau de 
atendimento aos seus requisitos 
 Sistema de Gestão da 
Qualidade - parte do sistema de gestão da 
organização orientada para atingir os resultados em 
relação com os objetivos da qualidade. Fornece 
diretrizes para implantar e implementar o sistema 
da qualidade: fatores técnicos, administrativos e 
humanos que afetem a qualidade de produtos ou 
serviços; aprimoramento da qualidade; -referência 
para o desenvolvimento e implementação de um 
sistema da qualidade e para a determinação da 
extensão em que cada elemento desse sistema 
pode ser aplicado. 
 
Certificação 
A ISO não certifica organizações diretamente. 
Numerosas entidades de certificação existem para auditar 
organizações e, sob sucesso, emitir o Certificado de 
Conformidade ISO 9001. 
 
Resumo em linguagem informal 
Os elementos descritos abaixo são alguns dos 
aspectos a serem abordados pela organização no momento 
da implementação da ISO 9001:2008, lembrando sempre 
que alguns desses requisitos variam de acordo com o 
tamanho e ramo de atividade da empresa. 
Deve ser feita a análise de todo o processo e 
garantir a padronização, monitoramento e documentação de 
todo o processo que tem influência no produto. 
 Responsabilidade da direção: 
requer que a política de qualidade seja definida, 
documentada, comunicada, implementada e 
mantida. Além disto, requer que se designe um 
representante da administração para coordenar e 
controlar o sistema da qualidade. 
 Sistema da qualidade: deve ser 
documentado na forma de um manual e 
implementado também. 
 Análise crítica de contratos: os 
requisitos contratuais devem estar completos e bem 
definidos. A empresa deve assegurar que tenha 
todos os recursos necessários para atender às 
exigências contratuais. 
 Controle de projeto: todas as 
atividades referentes à projetos (planejamento, 
métodos para revisão, mudanças, verificações, etc.) 
devem ser documentadas. 
 Controle de documentos: requer 
procedimentos para controlar a geração, 
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69 
 
distribuição, mudança e revisão em todos os 
documentos codificados na empresa. 
 Aquisição: deve-se garantir que 
as matérias-primas atendam às exigências 
especificadas. Deve haver procedimentos para a 
avaliação de fornecedores. 
 Produtos fornecidos pelo 
cliente: deve-se assegurar que estes produtos 
sejam adequados ao uso. 
 Identificação e rastreabilidade 
do produto: requer a identificação do produto por 
item, série ou lote durante todos os estágios da 
produção, entrega e instalação. 
 Controle de processos: requer 
que todas as fases de processamento de um 
produto sejam controladas (por procedimentos, 
normas, etc.) e documentadas. 
 Inspeção e ensaios: requer que 
a matéria-prima seja inspecionada (por 
procedimentos documentados) antes de sua 
utilização. 
 Equipamentos de inspeção, 
medição e ensaios: requer procedimentos para a 
calibração/aferição, o controle e a manutenção 
destes equipamentos. 
 Situação da inspeção e 
ensaios: deve haver, no produto, algum indicador 
que demonstre por quais inspeções e ensaios ele 
passou e se foi aprovado ou não. 
 Controle de produto não-
conformes: requer procedimentos para assegurar 
que o produto não conforme aos requisitos 
especificados é impedido de ser utilizado 
inadvertidamente. 
 Ação corretiva: exige a 
investigação e análise das causas de produtos não-
conformes e adoção de medidas para prevenir a 
reincidência destas não-conformidades. 
 Manuseio, armazenamento, 
embalagem e expedição: requer a existência de 
procedimentos para o manuseio, o 
armazenamento, a embalagem e a expedição dos 
produtos. 
 Registros da qualidade: devem 
ser mantidos registros da qualidade ao longo de 
todo o processo de produção. Estes devem ser 
devidamente arquivados e protegidos contra danos 
e extravios. 
 Auditorias internas da 
qualidade: deve-se implantar um sistema de 
avaliação do programa da qualidade. 
 Treinamento: devem ser 
estabelecidos programas de treinamento para 
manter, atualizar e ampliar os conhecimentos e as 
habilidades dos funcionários. 
 Assistência técnica: requer 
procedimentos para garantir a assistência à 
clientes. 
 Técnicas estatísticas: devem ser 
utilizadas técnicas estatísticas adequadas para 
verificar a aceitabilidade da capacidade do 
processo e as características do produto. 
 
No Brasil 
 
ISO 9001. 
A família de normas NBR ISO 9000:1994 (9001, 
9002 e 9003) foi cancelada e substituída pela série de 
normas ABNT NBR ISO 9000:2000, que é composta de três 
normas: 
 ABNT NBR ISO 9000:2005: 
Descreve os fundamentos de sistemas de gestão 
da qualidade e estabelece a terminologia para 
estes sistemas. 
 ABNT NBR ISO 9001:2015: 
Especifica requisitos para um Sistema de Gestão 
da Qualidade, onde uma organização precisa 
demonstrar sua capacidade para fornecer produtos 
que atendam aos requisitos do cliente e aos 
requisitos regulamentares aplicáveis, e objetiva 
aumentar a satisfação do cliente. 
 ABNT NBR ISO 9004:2010: 
Fornece diretrizes que consideram tanto a eficácia 
como a eficiência do sistema de gestão da 
qualidade. O objetivo desta norma é melhorar o 
desempenho da organização e a satisfação dos 
clientes e das outras partes interessadas. 
Não existe certificação para as normas ABNT NBR 
ISO 9000:2000 e ABNT NBR ISO 9004:2010. 
Em Portugal 
 NP EN ISO 9004:2000 (Ed. 1): 
Sistemas de gestão da qualidade. Linhas de 
orientação para melhoria de desempenho (ISO 
9004:2000). 
 NP EN ISO 9000:2005 (Ed. 2): 
Sistemas de gestão da qualidade. Fundamentos e 
vocabulário (ISO 9000:2005) – descreve os 
fundamentos dos sistemas de gestão da qualidade 
que são objeto das normas da família ISO 9000 e 
define termos relacionados. 
 NP EN ISO 9001:2008 (Ed. 3): 
Sistemas de gestão da qualidade. Requisitos (ISO 
9001:2008). 
 
PBQP-H 
O Programa Brasileiro de Qualidade e 
Produtividade - Habitação foi criado em 1991 com a 
finalidade de difundir os novos conceitos de qualidade, 
gestão e organização da produção de habitações, 
indispensável à modernização e competitividade das 
organizações brasileiras de construção civil. 
O programa foi reformulado a partir de 1996, para 
ganhar mais agilidade e abrangência setorial. Desde então 
vem procurando descentralizar as suas ações e ampliar o 
número de parcerias, sobretudo com o setor privado. Para 
fortalecer essa nova diretriz no âmbito do setor público, e 
envolver também os Ministérios setoriais nessa cruzada, o 
Governo brasileiro delegou a Presidência do Programa ao 
Ministério das Cidades. 
 Gerenciamento de Processos 
 Ciclo PDCA 
 Controle de qualidade 
 Gestão da qualidade total 
 Sete ferramentas do controle de 
qualidade 
 
POLÍTICA E CIDADANIA NO ESTADO DO RS 
 
Participação política e cidadania 
 
Conforme o contexto histórico, social e político, a 
expressão "participação política" se presta a inúmeras 
interpretações. Se considerarmos apenas as sociedades 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
70 
 
ocidentais que consolidaram regimes democráticos, por si 
só, o conceito pode ser extremamente abrangente. 
A participação política designa uma grande variedade de 
atividades, como votar, se candidatara algum cargo eletivo, 
apoiar um candidato ou agremiação política, contribuir 
financeiramente para um partido político, participar de 
reuniões, manifestações ou comícios públicos, proceder à 
discussão de assuntos políticos etc. 
 
Níveis de participação política 
 
O conceito de participação política tem seu 
significado fortemente vinculado à conquista dos direitos de 
cidadania. Em particular, à extensão dos direitos políticos 
aos cidadãos adultos. Sob essa perspectiva os estudos de 
Giacomo Sani (citado em Bobbio - "Dicionário de Política") 
definem três níveis básicos de participação política. 
O primeiro nível de participação pode ser denominado de 
presença. Trata-se da forma menos intensa de participação, 
pois engloba comportamentos tipicamente passivos, como, 
por exemplo, a participação em reuniões, ou meramente 
receptivos, como a exposição a mensagens e propagandas 
políticas. 
O segundo nível de participação pode ser designado de 
ativação. Está relacionada com atividades voluntárias que os 
indivíduos desenvolvem dentro ou fora de uma organização 
política, podendo abranger participação em campanhas 
eleitorais, propaganda e militância partidária, além de 
participação em manifestações públicas. 
O terceiro nível de participação política será representado 
pelo termo decisão. Trata-se da situação em que o indivíduo 
contribui direta ou indiretamente para uma decisão política, 
elegendo um representante político (delegação de poderes) 
ou se candidatando a um cargo governamental (legislativo 
ou executivo). 
 
Ideal democrático 
Tomando por base sociedades contemporâneas 
que consolidaram regimes democráticos representativos 
(países da Europa Ocidental, América do Norte e Japão), o 
ideal democrático que emergiu nessas sociedades supõe 
cidadãos tendentes a uma participação política cada vez 
maior. Contudo, numerosas pesquisas sociológicas na área 
apontam que não há correlação entre os três níveis de 
participação política considerados acima. Ademais, a 
participação política envolve apenas uma parcela mínima 
dos cidadãos. 
A forma mais comum e abrangente de participação política 
está relacionada à participação eleitoral. É um engano, no 
entanto, supor que haja, com o passar dos anos, um 
crescimento ou elevação dos índices desse tipo de 
participação. 
Mesmo em países de longa tradição democrática, o ato de 
abstenção (isto é, quando o cidadão deixa de votar) às 
vezes atinge índices elevados (os Estados Unidos são um 
bom exemplo). Em outros casos, porém, quando a 
participação nos processos eleitorais chega a alcançar altos 
índices de participação, isso não se traduz em aumento de 
outras formas de participação política (o caso da Itália é um 
bom exemplo). 
 
Estruturas políticas 
 
A participação política tal como foi conceituada é 
estritamente dependente da existência de estruturas 
políticas que sirvam para fornecer oportunidades e 
incentivos aos cidadãos. Em sistemas democráticos, as 
estruturas de participação política consideradas mais 
importantes estão relacionadas com o sufrágio universal 
(direito de voto) e os processos eleitorais competitivos em 
que forças políticas organizadas, sobretudo partidos 
políticos, disputam cargos eletivos. 
Também é preciso salientar a importância das associações 
voluntárias, provenientes de uma sociedade civil de tipo 
pluralista. Essas entidades atuam como agentes de 
socialização política, servindo, portanto, de elo de conexão e 
recrutamento entre os cidadãos e as forças políticas 
organizadas. 
 
Regimes autoritários e participação política 
 
A inexistência de um regime democrático e, 
portanto, de estruturas de participação política não significa 
a completa anulação das formas de participação. O caso do 
Brasil do período da ditadura militar é, neste sentido, 
bastante paradoxal. 
A ditadura militar brasileira recorreu à violência repressiva, 
impôs severo controle sobre a sociedade civil e aboliu todas 
as formas de oposição política livre. A ausência de 
democracia fez, porém, com que surgissem novos canais de 
participação política. Neste aspecto, o movimento estudantil 
pode ser considerado o exemplo mais notável. A juventude 
universitária brasileira transformou o movimento estudantil 
no principal canal de participação política. 
Dessa forma, grupos, partidos e organizações políticas 
clandestinas (na sua maioria adeptos das ideologias de 
esquerda) atuaram no âmbito do movimento estudantil 
universitário de modo a exercer um importante papel na 
resistência à ditadura militar e defesa das liberdades 
democráticas. 
 
ENTENDA A CRISE FINANCEIRA DO RIO 
GRANDE DO SUL 
 
Sem dinheiro, estado atrasa salários de 
servidores e pedala dívidas. 
Governo gaúcho gasta mais do que arrecada há cerca 
de 40 anos. 
 
O atraso no pagamento dos funcionários públicos e 
o calote na dívida com a União escancaram a atual crise 
financeira do Rio Grande do Sul. E também levaram muita 
gente a se perguntar como um estado rico, que tem o quarto 
maior PIB do país, virou a “Grécia brasileira”? 
Segundo economistas consultados pela 
reportagem, a resposta é simples: nas últimas quatro 
décadas, o governo gaúcho gastou mais do que arrecadou 
em praticamente todos os anos. O saldo negativo foi 
aumentando, os juros viraram uma bola de neve e não há 
mais de onde tirar dinheiro para pagar as contas. 
O déficit histórico nas contas públicas, porém, não é 
o único responsável pela crise. Segundo especialistas, o 
Estado só conseguirá sair dela se resolver questões como a 
renegociação da dívida com a União, o elevado custo da 
folha de pagamento e o rombo da Previdência. 
 
Qual é a atual situação financeira do Rio Grande 
do Sul? 
A crise financeira do Rio Grande do Sul é considerada sem 
precedentes pelo governo gaúcho. Sem dinheiro no caixa, o 
estado já não consegue mais pagar os salários do 
funcionalismo em dia e é obrigado a pedalar contas para os 
meses seguintes, como a dívida com a União. 
 
Segundo estimativa da Secretaria Estadual da Fazenda, o 
Rio Grande do Sul deve fechar o ano de 2015 com um 
rombo de R$ 5,4 bilhões nas contas. Ou seja, esse é o 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
71 
 
montante que falta para cobrir a diferença entre o que o 
estado gasta e o que ele arrecada. 
Mensalmente, as despesas são 22,5% maiores do 
que o que as receitas. Isso significa que, a cada mês, faltam 
cerca de R$ 400 milhões nos cofres do governo. Sem ter 
mais a quem recorrer para tapar esse buraco, o estado teve 
que atrasar o pagamento do salário dos servidores em julho, 
dividindo o pagamento em três parcelas. Faltaram cerca de 
R$ 360 milhões para completar a folha líquida mensal de R$ 
950 milhões. 
Além do desequilíbrio nas finanças, o estado 
também está atolado em dívidas. Em junho, a dívida pública 
total chegou a R$ 61 bilhões, segundo o economista Liderau 
Marques Junior, da Fundação de Economia e Estatística 
(FEE). O valor é mais do que o dobro da receita líquida 
anual. Só a dívida com o governo federal é de mais de R$ 
50 bilhões e consome 13% do orçamento todos os meses. O 
restante inclui precatórios (cerca de R$ 8 bilhões) e 
empréstimos. 
 
Como o Rio Grande do Sul chegou a essa situação? 
 
A crise financeira atual começou há cerca de 40 anos, 
segundo especialistas. O governo do Rio Grande do Sul 
gastou mais do que arrecadou em 37 dos últimos 44 anos, 
entre 1971 e 2014. O saldo negativo foi se acumulando, e o 
valor da dívida também. Só entre 1970 e 1998, quando foi 
renegociada, a dívida gaúcha cresceu 27 vezes. 
A folha de pagamento do estado também aumentou 
consideravelmente nos últimos anos. Conforme a Secretaria 
da Fazenda, o valor gasto com o funcionalismo saltou de R$ 
8,5 bilhões em 2005 para R$ 24,7 bilhões previstos em 
2015, entresalários e encargos. Hoje, o estado gasta 75,5% 
da receita com a folha, incluindo servidores ativos, 
aposentados e pensionistas. 
O aumento do endividamento e da folha, porém, 
não foi acompanhando pelo aumento das receitas. O 
orçamento para 2015 previa crescimento de 16,7% de 
arrecadação em relação ao ano passado, mas no primeiro 
semestre do ano houve queda de 2,5%. 
De acordo com economistas, o fraco desempenho 
da economia no país, com previsão de queda de 1,8% no 
PIB, também afetou as finanças gaúchas e tornou a crise 
ainda mais grave: se as empresas vão mal, o estado recolhe 
menos Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS), uma de suas principais fontes de receita. 
 
E por que o Rio Grande do Sul não faliu até 
agora? 
 
Para fechar as contas ao longo dessas quatro décadas, os 
governadores gaúchos recorreram a empréstimos, 
privatizações, venda de patrimônio, saques do caixa único e 
saques dos depósitos judiciais, que são os pagamentos 
feitos em juízo até a conclusão de uma disputa na Justiça. 
Nos últimos anos, mais de R$ 8,5 bilhões foram 
retirados das contas do Judiciário, atingindo o limite 85% de 
uso desses recursos previsto em lei. Os cofres do estado 
também secaram. Os quatro últimos governos retiraram R$ 
11,8 bilhões do caixa único. Em seis meses, o governo atual 
já sacou mais de R$ 1 bilhão para pagar contas. 
Na prática, era como se o estado viesse 
financiando o saldo negativo com o limite do cheque 
especial e do cartão de crédito. O problema é que essas e 
outras alternativas de financiamento se esgotaram e agora o 
estado não tem de onde tirar dinheiro para pagar as 
despesas. O Rio Grande do Sul também não tem mais 
margem de financiamento e não pode contrair empréstimos. 
“Sempre teve uma saída, mas agora não tem mais. 
Acabaram todos os recursos extras e o déficit aumentou”, 
resume o economista Darcy Carvalho dos Santos, professor 
da UFRGS aposentado e um dos principais especialistas em 
finanças públicas do estado (veja a entrevista no vídeo). 
 
Por que o estado deu “calote” na dívida com a 
União? 
 
Sem dinheiro no caixa para pagar os salários dos servidores, 
o governo do Rio Grande do Sul vinha atrasando o 
pagamento da parcela da dívida com o governo federal 
desde abril. Com isso, o 
estado conseguia mais prazo para pagar as contas do mês. 
A quitação do débito, no entanto, nunca passava do 10º dia 
útil do mês, a data limite prevista no contrato. 
Na terça-feira (11), o governo optou por antecipar o 
pagamento integral do salário do funcionalismo do mês de 
julho – que havia sido parcelado em três vezes –, em vez de 
pagar a dívida com o governo federal. O governo tomou a 
decisão para amenizar o descontentamento dos servidores, 
que ameaçavam parar os serviços públicos, mesmo 
sabendo das possíveis consequências. 
No mesmo dia, a Secretaria do Tesouro Nacional 
bloqueou a conta do Rio Grande do Sul e sequestrou cerca 
de R$ 60 milhões que estavam nela. A medida está prevista 
no contrato da dívida em caso de não pagamento, assim 
como a suspensão de repasses federais, entre eles o Fundo 
de Participação dos Estados (FPE). 
Com isso, o estado perdeu a capacidade de 
administrar suas contas até que a dívida seja liquidada. O 
bloqueio da conta vai vigorar até que o governo federal 
obtenha cerca de R$ 265 milhões, que corresponde ao valor 
da parcela da dívida em julho. Até a sexta-feira (14), R$ 231 
milhões já haviam sido retomados pela União. 
 
O que o atual governo tem feito para combater a 
crise? 
 
Até agora, o governo tem se concentrado no corte de 
gastos. As medidas incluem suspensão do pagamento a 
fornecedores e de nomeação de novos funcionários 
públicos, redução de 20% das despesas em todas as 
secretarias e o corte de 35% nos cargos em comissão 
(CCs). 
Na semana passada, o governo enviou um pacote 
de projetos à Assembleia Legislativa, na chamada terceira 
fase do ajuste fiscal, no qual propõe a criação de previdência 
complementar para futuros servidores públicos, além de 
extinção de três fundações estaduais, entre outras medidas. 
O governo estuda ainda fazer concessões à 
iniciativa privada e aumentar impostos. Nos próximos dias, 
deve ser enviado à Assembleia Legislativa um projeto de lei 
que prevê aumento da alíquota básica do ICMS de 17% para 
18% e aumento de 25% para 30% do tributo sobre gasolina, 
álcool, telecomunicações e energia elétrica. 
 
Como a crise financeira afeta a população? 
 
Os servidores públicos estaduais, que receberam o salário 
de julho de forma parcelada, até agora foram os mais 
afetados pela crise. Segundo o governo, a perspectiva para 
os próximos meses não é diferente e novos atrasos na folha 
de pagamento são prováveis. 
Mas a crise financeira também afeta a população 
em geral. Policiais civis e militares, professores e demais 
funcionários públicos reagiram com paralisações e 
operações-padrão ao parcelamento de salários, 
prejudicando a prestação de serviços públicos. Além disso, 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
72 
 
atrasos em repasses de verbas, principalmente para 
hospitais, prejudicam a saúde nos municípios. 
Caso seja aprovado pelos deputados estaduais, o 
projeto de aumento de impostos também vai tornar produtos 
e serviços mais caros e ter impacto no bolso do consumidor. 
Quem hoje gasta R$ 100 com a conta de luz, com aumento 
do ICMS, vai passar a gastar R$ 107,14, por exemplo. 
 
Quais as possíveis soluções para a crise? 
O governo não estabelece prazo para sair da crise, mas diz 
que o processo para reequilibrar as finanças do estado 
serão longo. Para os economistas, são poucas as 
alternativas a curto prazo. “A solução a curto prazo, com 
menos desgaste para o governo e para a sociedade, seria 
um socorro do governo federal. E retomar a trajetória de 
superávit primário o dinheiro que “sobra” nas contas do 
governo depois de pagar as despesas, exceto juros da 
dívida pública]”, diz Liderau Junior. 
O professor titular da Faculdade de Ciências 
Econômicas da UFRGS, Fernando Ferrari Filho, diz que o 
estado precisa reduzir o custo da máquina pública e o gasto 
com servidores inativos, além de tentar renegociar a dívida 
com o governo federal. “Não só o Rio Grande do Sul, mas 
todos os estados têm dificuldade com o fechamento de 
caixa. Eles poderiam se articular para propor a renegociação 
do custo da dívida. E torcer para que a economia volte a 
crescer", opina. 
Já Darcy Francisco dos Santos acredita que um dos 
principais problemas do estado é o rombo da Previdência, 
que chega a R$ 7 bilhões anuais. Hoje, para cada 100 
servidores da ativa, o estado tem 120 aposentados e 
pensionistas. “Nós gastamos R$ 10 bilhões com a 
Previdência. Isso equivale a 30% da receita corrente líquida. 
Se tivéssemos a metade do que se gasta com previdência 
em investimento, o estado estaria muito bem”, conclui. 
 
Ronda da Cidadania 
 
A Ronda da Cidadania se caracteriza pela 
prestação gratuita de serviços à comunidade carente. 
Iniciativa da Corregedoria-Geral da Justiça, em parceria com 
diversas instituições, está agora sob a coordenação da 
Juíza-Corregedora Maria José Schmitt Sant’Anna. 
Em apenas seis meses de atuação, a Ronda da 
Cidadania atendeu mais de 250 mil pessoas nas 248 
edições realizadas no ano passado. O Projeto foi lançado 
em Santa Maria no mês de junho e esteve sob a 
coordenação-geral da Juíza-Corregedora Osnilda Pisa. 
Segundo a magistrada, “o Programa foi desenvolvido com o 
objetivo de aproximar o Poder Judiciário do cidadão, 
garantindo a inclusão social e o amparo integral da Justiça à 
parcela da população carente, por intermédio de 
informações e serviços gratuitos”. 
Além das 27 entidades parceiras, que firmaram o 
termo de adesão ao Projeto, também

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