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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
1 
 
ATUALIDADES 
 
DADOS HISTÓRICOS, GEOPOLÍTICOS E SOCIOECONÔMICOS DO ESTADO DO RS. 
 
RIO GRANDE DO SUL 
 
 
 
 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
2 
 
 
 
 
Rio Grande do Sul é uma das 27 unidades 
federativas do Brasil. Localizado na Região Sul, possui como 
limites o estado de Santa Catarina ao norte, o oceano 
Atlântico ao leste, o Uruguai ao sul e a Argentina a oeste. 
Sua capital é o município de Porto Alegre. As cidades mais 
populosas são: Porto Alegre, Caxias do Sul, Pelotas, 
Canoas e Santa Maria. O relevo é constituído por uma 
extensa baixada, dominada ao norte por um planalto. Antas, 
Uruguai, Taquari, Ijuí, Jacuí, Ibicuí, Pelotas e Camaquã são 
os rios principais. O clima é subtropical e a economia do 
Estado se baseia na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), 
na pecuária e na indústria (de couro e calçados, alimentícia, 
têxtil, madeireira, metalúrgica e química). 
Em 1627, jesuítas espanhóis criaram missões 
jesuíticas próximas ao rio Uruguai, mas foram expulsos 
pelos portugueses em 1680, quando a Coroa Portuguesa 
resolveu assumir seu domínio, fundando a Colônia do 
Sacramento. Os jesuítas espanhóis estabeleceram, em 
1682, os Sete Povos das Missões. A primeira redução 
jesuítica dos Sete Povos foi São Francisco de Borja (atual 
cidade de São Borja), fundada em outubro de 1682. Os 
portugueses chegaram em 1737 com uma expedição militar 
de José da Silva Paes, iniciando com o Forte Jesus Maria e 
José a cidade do Rio Grande, primeira cidade do atual 
Estado do Rio Grande do Sul, quando tomou posse da lagoa 
Mirim, impedindo a partir de então a entrada dos invasores 
da Coroa Espanhola. A partir de 1740 há uma organização 
para a vinda de colonizadores açorianos (território insular de 
Portugal) para o a região. Em 1742, os colonizadores 
fundaram a vila de Porto dos Casais, depois chamada Porto 
Alegre. A região sob controle da Coroa Portuguesa em 1760, 
sob a administração do Rio de Janeiro, na terra recuperada 
do domínio espanhol e já ocupada de fato por colonizadores 
portugueses. Porém as lutas pela posse das terras, entre 
portugueses e espanhóis continuaram, e somente tiveram 
fim em 1801, quando os próprios gaúchos dominaram os 
Sete Povos, incorporando-os ao seu território. 
É criada em 19 de setembro de 1807 a Capitania de 
São Pedro do Rio Grande do Sul. A nova capitania, que 
tinha estatuto de capitania-geral com capital na cidade do 
Rio Grande, abrangia um território de limites pouco precisos, 
em terras antes sob domínio espanhol e já ocupada de facto 
por gaúchos, militares e, no final do século XVIII, por colonos 
portugueses, sobretudo açorianos, que lá receberam glebas 
de terra e sesmarias. O primeiro capitão-general da 
capitania foi Diogo de Sousa. Em 28 de fevereiro de 1821 
torna-se a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, 
que viria a se tornar o atual Estado do Rio Grande do Sul, 
após a Proclamação da República do Brasil. 
Grupos de imigrantes italianos e alemães 
começaram a chegar a partir de 1824. A sociedade 
estancieira passou então a coexistir com a pequena 
propriedade agrícola, diversificando a produção. Durante o 
século XIX, o Rio Grande do Sul foi palco de revoltas 
federalistas, como a Guerra dos Farrapos (1835-45), e 
participou da luta contra Rosas (1852) e da Guerra do 
Paraguai (1864-70). As disputas políticas locais foram 
acirradas no início da República e só no governo de Getúlio 
Vargas (1928) o Estado foi pacificado. 
É o estado mais meridional (ao sul) da federação, 
conta com o quarto maior PIB - superado apenas por São 
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o quinto mais 
populoso e com o sexto Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH) mais elevado do país. O estado possui papel marcante 
na história do Brasil, tendo sido palco da Guerra dos 
Farrapos, a mais longa guerra civil do país. Sua população é 
em grande parte formada por descendentes de portugueses, 
alemães, italianos, africanos e indígenas. Em pequena parte 
por espanhóis, poloneses e franceses, dentre outros 
imigrantes. 
Em certos locais do estado, como a Serra Gaúcha e 
a região rural da metade sul, ainda é possível ouvir dialetos 
da língua italiana (talian) e do alemão (Hunsrückisch, 
Plattdeutsch). 
Esse estado brasileiro originalmente teve sua 
economia baseada na pecuária bovina que se instalou no 
Sul do Brasil durante o século XVII com as missões 
jesuíticas na América, e posteriormente expandiu-se aos 
setores comercial e industrial, especialmente na metade 
norte do Estado. O Rio Grande do Sul foi apontado em 2014 
pelo The New York Times como o "lugar com mais traços 
europeus do Brasil". Embora o estado esteja em situação de 
decadência econômica acentuada, é onde há o maior 
número de idosos e a segunda maior expectativa de vida e 
onde os trabalhadores são mais bem remunerados, tendo 
uma das menores taxas de analfabetismo, violência, e 
mortalidade infantil do país. Mesmo com bons indicadores 
sociais, o Rio Grande do Sul sofre com a disparidade 
econômica entre a metade norte (considerada rica e 
industrial) e a metade sul (considerada pobre e agrária). 
 
Etimologia 
 
O nome do estado originou-se de uma série de 
erros e discordâncias cartográficas, quando se acreditava 
que a Lagoa dos Patos fosse a foz do Rio Grande, que já 
era demonstrado em mapas neerlandeses, décadas antes 
da colonização portuguesa na região. Pelo que se sabe até 
agora, o primeiro cartógrafo dos Países Baixos a registrar a 
Lagoa dos Patos, ainda considerada o Rio Grande, foi 
Frederick de Wit, em seu atlas de 1670. Já o primeiro 
registro cartográfico feito por um neerlandês a mostrar o 
suposto rio com um formato próximo ao que é conhecido 
hoje da referida lagoa foi Nikolaus Visscher, em 1698. 
Apesar de ele não ter sido o primeiro a mencionar os índios 
Patos que habitavam suas margens e boa parte do litoral do 
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, foi ele quem 
associou o nome à lagoa. Por volta de 1720, açorianos 
vindos de Laguna vieram à região de São José do Norte 
buscar o gado cimarrón vindo das missões, possibilitando a 
posterior fundação da cidade de Rio Grande, no ano de 
1737. A partir do nome do município, surgiu também o nome 
do estado do Rio Grande do Sul. 
Os habitantes naturais do Rio Grande do Sul são 
denominados gaúchos, rio-grandenses-do-sul ou sul-rio-
grandenses. O gentílico no masculino do singular é gaúcho e 
no feminino do singular gaúcha. É uma palavra oriunda do 
espanhol gaúcho, um adjetivo que, aplicado a pessoas pode 
significar "nobre, valente e generosa" ou "camponês 
experimentado em pecuária tradicional", ou ainda "velhaco, 
astuto, dissimulado ou ardiloso experiente", mas também 
pode ter o sentido de "vagabundo, contrabandista, 
desregrado e desprivilegiado”. 
 
História 
 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
3 
 
Povos indígenas 
 
Um índio charrua retratado por Debret 
 
Na época do Descobrimento do Brasil, a região que 
hoje forma o Rio Grande do Sul era habitada pelos índios 
minuanos, charruas e caaguaras, que viveram há 12 mil 
anos a.C. Eram bons ceramistas e, na caça, usavam as 
boleadeiras, até hoje um dos instrumentos do peão gaúcho. 
Essas tribos viveram muito tempo sem contato com 
os brancos colonizadores. As disputas entre Portugal e 
Espanha sobre os limites de suas possessões na América 
fizeram com que a região só fosse ocupada no século XVII. 
Os padres jesuítas espanhóis foram os primeiros a se 
estabelecer no local. 
 
Ocupação 
 
As peculiaridades geográficas do atual estado do 
Rio Grande do Sul, dividido em 11 diferentes regiões 
fisiográficas, influíram para retardar a ocupação da terra, a 
leste, pelo conquistador europeu. Outro fator negativofoi o 
Tratado de Tordesilhas, de 1494, que dividiu a soberania 
sobre os descobrimentos entre Portugal e Espanha por um 
meridiano ideal. No caso do Brasil, o meridiano estendia-se 
das proximidades da ilha de Marajó até a baía da Laguna, 
em Santa Catarina. 
Ante as dúvidas surgidas sobre o ponto exato em 
que deveria passar a linha convencionada e achando-se o 
rio de São Pedro justamente na zona cuja confrontação se 
discutia, nenhuma daquelas duas nações se apressou a 
ocupá-lo, pelo temor de novas dificuldades diplomáticas. 
Contudo, em princípios do século XVII a Espanha penetrava 
na margem esquerda do Rio Uruguai, por intermédio dos 
jesuítas que, a partir do Paraguai, estabeleceram suas 
reduções em vários pontos, chegando mesmo às cercanias 
da futura cidade de Porto Alegre e, de modo geral, 
senhoreando-se de todo o oeste rio-grandense. 
A seguir, os bandeirantes destruíram a província do 
Guairá, desceram à província do Tape, no coração do Rio 
Grande, e à província do Uruguai, desbaratando as aldeias e 
aprisionando os índios, que levavam como escravos para 
suas lavouras. Antônio Raposo Tavares foi um dos maiores 
chefes dessas expedições predatórias. As aldeias foram 
arrasadas, seus habitantes mortos ou aprisionados, e os 
sobreviventes fugiram com os jesuítas, para o sul, onde se 
fixaram junto à margem direita do rio Uruguai. 
Ao levar a catequese, o aldeamento, as estâncias e 
os ervais a uma larga faixa do território, entre 1632 e 1634 
os jesuítas estabeleceram reduções no alto Ibicuí (São 
Tomé, São Miguel, São José, São Cosme e São Damião). 
Ampliaram a área de penetração, alcançaram a bacia do 
Jacuí e fixaram outras reduções, inclusive para além da 
província do Tape (Santa Teresa, Santa Ana, São Joaquim, 
Natividade, Jesus Maria, São Cristóvão). 
A vitória alcançada contra os paulistas na batalha 
de Mbororé, em 1641, não foi suficiente para permitir a 
fixação das reduções. O êxodo das populações indígenas—
já iniciado depois do assalto da bandeira de Raposo 
Tavares, em 1637—se intensificou, com a transferência dos 
jesuítas e dos índios para a margem direita do rio Uruguai, 
na fértil mesopotâmia do Paraná. 
Concluiu-se, por força de tais acontecimentos, a 
primeira fase da civilização jesuítica no território do atual Rio 
Grande do Sul, com o abandono de terras abertas aos que 
primeiro chegassem para ocupá-las, aventureiros e 
colonizadores. Somente depois de 1680, com a fundação da 
Colônia do Sacramento, na margem superior do rio da Prata, 
a região passou a ser objeto de disputa política por parte de 
portugueses e espanhóis. 
 
Os Sete Povos 
 
 
As ruínas jesuítas de São Miguel das Missões, na 
Região das Missões, no estado do Rio Grande do Sul. São 
Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 1983. 
 
A pressão dos bandeirantes não pôs fim à presença 
dos jesuítas na margem oriental do rio Uruguai. Retornaram 
os religiosos cinquenta anos depois do êxodo, atraídos pelas 
disponibilidades econômicas da região, sobretudo pelo gado. 
Inaugurou-se, na volta ao território perdido, a segunda fase 
da penetração jesuítica, que na realidade só terminou com a 
fulminante ação militar de 1801—precedida de longas e 
indecisas ações diplomáticas --, a qual incorporou 
definitivamente a região ao Rio Grande do Sul. 
A segunda fase cifra-se na história dos Sete Povos 
das Missões, com o marco inicial de 1687 (São Francisco de 
Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, 
São Lourenço Mártir, São João Batista, Santo Ângelo 
Custódio). O perigo dos paulistas não cessara, embora se 
tornasse menos ameaçador, concentrada a ação do poder 
dos portugueses na faixa litorânea, de que a Colônia do 
Sacramento seria o ponto extremo. 
Situados em terras de domínio nominal da 
Espanha, sob o comando de Buenos Aires, os Sete Povos 
abrangiam, as extremas dos grandes rebanhos de gado, que 
se concentravam nas vacarias—as Vacarias do Mar, que 
alcançavam o extremo sul do atual Rio Grande do Sul, 
penetrando em território uruguaio, e a Vacaria dos Pinhais, 
na região da hoje ainda chamada Vacaria, no nordeste do 
estado. 
Ao fato da coincidência geográfica do território, 
acentuado por alguns historiadores para vincular a história 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
4 
 
do Rio Grande do Sul às missões jesuíticas, agregam outros 
estudiosos o motivo econômico, sobretudo baseado na 
expansão do gado. As duas fases das Missões assinalam 
diferenças qualitativas. Na primeira predominou o zelo 
evangelizador, integratório dos indígenas na civilização 
espanhola; a segunda foi marcada pelo fundamento 
econômico da expansão, de índole utilitária e dominada por 
preocupações agora marcadamente políticas, de 
exclusivismo nacional, embora, em certo momento, arredia e 
até hostil à autoridade espanhola. 
 
 
Arte missioneira: Nossa Senhora da Conceição, 
acervo do Museu Júlio de Castilhos. Nota-se os traços 
indígenas na face e nos cabelos longos e lisos. 
 
O gado, de início aclimatado na margem do rio 
Uruguai, é de origem paulista, introduzido em São Vicente, 
onde Martim Afonso estabelecera o principal curral. 
Invadindo o Paraguai, depois de proliferar, irradiou-se pelas 
pastagens vizinhas, com a distribuição, pelos jesuítas, de 99 
cabeças para cada aldeamento, em 1634. A matança foi 
proibida nos primeiros anos. Provavelmente, esse núcleo 
original se havia ampliado com cabeças vindas do Peru, já a 
partir de 1569, acrescidas das manadas que se projetaram 
da atual província de Corrientes, na Argentina. A bagualada 
já campeava livremente nos pampas, trazida pela expedição 
de Pedro de Mendoza, que em 1535 desembarcou no Prata 
72 cavalos e éguas. 
Os rebanhos, alimentados pelas pastagens naturais 
e protegidos pelos acidentes das florestas e rios (os 
rincões), proliferaram com abundância, espraiando-se nas 
Vacarias do Mar e prolongando-se na Vacaria dos Pinhais, 
onde se localizou extenso depósito de gado para o 
abastecimento das aldeias. Aos currais das aldeias 
somaram-se os das invernadas, os campos de cria, 
alimentados com rebanhos nascidos em regiões mais 
distantes. Ovelhas e cabras, de procedências várias, 
completavam o rico plantel das Missões, que só começou a 
ser saqueado por elementos estranhos, portugueses e 
espanhóis, depois da fundação da Colônia do Sacramento, 
em 1680, e no segundo decênio do século XVIII, com a 
gente de São Paulo e Laguna, que o explorou para 
satisfazer às necessidades da população de Minas Gerais, 
durante o ciclo do ouro. 
A civilização jesuítica, um caso de subcultura 
regional, mesmo na herança fluida e fantasmagórica que 
deixou ao império lusitano, ao ser incorporada 
definitivamente em 1801, foi apenas um corpo estranho, 
jamais absorvido no processo histórico português e 
brasileiro. Tenazmente combatido pelas armas e 
interiormente desintegrado, não deixou a permanente junção 
da continuidade histórica. A conquista do Rio Grande e seu 
povoamento, de caráter luso, legado ao império brasileiro, 
serão obra da gente portuguesa, paulista e lagunista de 
diversas procedências, gente de toda a colônia. As Missões 
Orientais são um episódio malogrado da corrente que 
procurou o Atlântico, de Buenos Aires e, depois, do vice-
reinado do Prata. 
Tal ponto de vista, acentuando essas razões e 
desfazendo equívocos, será confirmado em obra de 1945, 
de autoria de Serafim Leite, insuspeito de antipatia à causa 
jesuítica. Para esse historiador, as Missões jesuíticas do Rio 
Grande do Sul se incluem na história da Espanha e, por via 
desta, na do Paraguai. Seriam portanto desligadas da futura 
história do extremo-sul, diretamente vinculado ao processo 
civilizatóriodo Brasil. O resíduo espiritual das Missões tem 
significado irrelevante. Ao serem absorvidas pelo Brasil, já 
se haviam desintegrado; o próprio contingente de sua 
população praticamente nada representava: cerca de 14.000 
pessoas numa área de 170.825km2, em 1801. 
 
A expansão 
 
O litoral do atual território do Rio Grande do Sul só 
foi explorado pela expedição de Martim Afonso de Sousa, 
cabendo-lhe provavelmente a primazia na descoberta da 
barra do rio Grande ou rio de São Pedro. O mapa de Martim 
Viegas, de 1534, consigna o local e o nome, aludindo ao 
Tratado descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, 
em 1587, as relações comerciais entre os vicentinos e os 
indígenas do litoral sulino, referências confirmadas por 
documentos posteriores. 
O Tratado de Tordesilhas não impediu que a coroa 
portuguesa se atribuísse o território que hoje compreende o 
Rio Grande do Sul e a República Oriental do Uruguai. Era a 
Capitania d'El-Rei ou província d'El Rei e figura num mapa 
de 1562 com o nome "d'el Rei Nosso Senhor". Em 1676 o 
regente D. Pedro doou ao visconde de Asseca e a João 
Correia de Sá duas parcelas de terra, desde Laguna até a 
foz do rio da Prata. Ainda em 1676 o bispado do Rio de 
Janeiro se estendia até o rio da Prata, provavelmente em 
consonância com as reivindicações portuguesas. As 
capitanias, não exploradas, reverteram, em 1727, ao 
patrimônio real, negando-se D. João V a confirmá-las. 
A partir de meados do século XVII, sob o estímulo e 
o comando oficial, a expansão portuguesa para o sul tomou 
o rumo da costa atlântica ou junto à margem oceânica, 
sempre com apoio marítimo. Em 1647 fundou-se Paranaguá, 
com a fixação, sete anos depois, de Curitiba, em movimento 
que tornaria impossível, no futuro, um avanço capaz de 
separar São Paulo e o Rio de Janeiro do extremo-sul. Em 
1658 já existia São Francisco, como ponto de apoio, 
plantado no território do atual estado de Santa Catarina. 
A metrópole deliberou expandir-se para o sul, tendo 
por ponto de apoio a ilha do Desterro, em Santa Catarina. 
Com uma pequena força, o governador do Rio de Janeiro, 
Manuel Lobo, construiu uma fortaleza, a Colônia do 
Sacramento, no estuário dos rios Paraná e Uruguai, em 
pleno rio da Prata, de onde se iniciaria o processo de 
consolidação da presença portuguesa na região. Com base 
no Tratado de Tordesilhas, o governador de Buenos Aires, 
José de Garro, se opôs à ocupação e deu início a um 
conflito que só teria fim 150 anos depois, com a criação 
definitiva de um novo país soberano, a República Oriental do 
Uruguai. 
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕE & CONCURSOS 
 
5 
 
Entre o Rio de Janeiro e a Colônia do Sacramento, 
com os pontos intermediários de Paranaguá, São Francisco 
e a ilha do Desterro, a fundação de Laguna seria decisiva 
para fixar as comunicações e estreitar o espaço da 
ocupação do solo. Suas bases povoadas, com estrutura 
administrativa, seriam criadas em 1688, quando Domingos 
de Brito Peixoto, com seus dois filhos, aí estabeleceu casais, 
agregados e aderentes, fazendo plantações e promovendo o 
convívio com os índios. Laguna passou a vila em 1774, data 
em que, ainda por iniciativa oficial, se cogitou do caminho 
terrestre para o rio de São Pedro. O hiato de 150 léguas, 
bloqueado pela costa carente de acessos naturais, iria 
fechar-se no curso do século XVIII. 
O General João Borges Fortes, em sua obra "Rio 
Grande de São Pedro", observou que ao bandeirante 
Francisco de Brito Peixoto deve-se o pioneirismo na 
ocupação das terras que ficam entre Laguna e Colônia do 
Sacramento, dando início à presença luso-brasileira no Rio 
Grande do Sul. A partir daí, colonos procedentes de Laguna 
dirigiram-se ao Rio Grande, ocupando as regiões do 
Viamão. Em 1732, são concedidas as primeiras sesmarias. 
Não há dúvida de que antes da conquista e do 
povoamento, aventureiros de procedências várias viveram 
das Vacarias do Mar, explorando o comércio e o artesanato 
de couros, em precárias vias de trânsito, num roteiro 
conhecido desde 1703. Dentre esses aventureiros—
guerreiros e empresários a sua custa—destacou-se 
Cristóvão Pereira, que se dedicou à extração, compra e 
exportação de couros da Colônia do Sacramento, 
penetrando as planuras e alcançando São Paulo por via 
terrestre. 
A partir dessas duas linhas de penetração (Colônia 
do Sacramento e Laguna), fechou-se progressivamente o 
intervalo territorial, praticamente terra de ninguém. As 
iniciativas pioneiras, ambas da primeira metade do século 
XVIII, tiveram índole diversa. De Laguna partiu para o sul, 
sob o fascínio de grandes rebanhos de gados e cavalos, a 
incursão povoadora de João de Magalhães, que em 1725 
fixou invernadas até o rio Grande (rio Guaíba), com a 
distribuição, mais tarde, de sesmarias aos colonizadores. 
Em 1727 abriu-se o caminho chamado de estrada dos 
Conventos, de Araranguá a Lajes, daí alcançando os 
campos curitibanos até chegar a Sorocaba, o grande 
entreposto, ainda nesse século, dos rebanhos de gado 
vacum, cavalar e muar. No seu contingente e nas suas 
inspirações, foi essa uma obra dos paulistas. 
Em sequência ao impulso do norte, de povoamento 
e exploração do gado, que em breve se consolidaria nas 
estâncias de criação, a metrópole incumbiu o general 
Gomes Freire de Andrade, governador da capitania do Rio 
de Janeiro, de ocupar e fortificar o porto de Rio Grande. A 
chefia da empresa coube a seu substituto, brigadeiro José 
da Silva Pais, que, dentro de um plano que envolvia a 
defesa da Colônia do Sacramento e a tomada de 
Montevidéu, ocupou, em 19 de fevereiro de 1737, a barra do 
rio Grande. 
Desde alguns meses, aguardava-o em terra 
Cristóvão Pereira, com 160 homens. Construiu o forte Jesus-
Maria-José, onde depois se localizaria a cidade do Rio 
Grande. O comandante cuidou de colonizar as redondezas, 
com casais trasmontanos e do Rio de Janeiro, fortificando-se 
com reforço de homens e munições As concessões de terras 
fixaram as populações no esboço da área urbana e nas 
regiões vizinhas, onde se iniciou o plantio, o recolhimento e 
a criação de gado.] Os dragões de Minas Gerais ali se 
estabeleceram, com regimento regular. Em 1743 chegou o 
primeiro visitador apostólico (representante do Papa), o 
padre Antônio Pestana Coimbra. Em 1747 o aldeamento 
fortificado se constituiu em vila. 
Em 1750 o Tratado de Madri, entre Portugal e 
Espanha, pôs termo ao núcleo de expansão, cedendo a esta 
o estabelecimento às margens do rio da Prata, que ficou 
desimpedido das incursões e embaraços lusitanos. Ao 
domínio português passariam as Missões Orientais do 
Uruguai, que se trasladariam, com sua gente e bens, para a 
outra margem do rio, continuando a reforçar econômica e 
militarmente o território espanhol. Embora o tratado não 
respeitasse, quanto às Missões, o princípio do uti possidetis, 
depois consagrado como dogma nas disputas territoriais, o 
grande ministro de D. João V, Alexandre de Gusmão, artífice 
principal das negociações entre as duas coroas, estabeleceu 
uma variante: a fixação da fronteira tendo em vista os fatores 
naturais. O realismo prevaleceu contra o mito da linha do 
Prata, insustentável com os recursos bélicos e humanos 
então possíveis. 
 
A demarcação 
 
Na demarcação dos novos limites, Gomes Freire de 
Andrade, o conde de Bobadela, governador e capitão-
general da Repartição do Sul, encontrou tenaz resistência 
dos jesuítas espanhóis e seus catecúmenos aldeados. 
Estes—entre os quais se destacava o índio Sepé Tiaraju, 
que o exagero e a inversão da perspectiva histórica 
quiseram batizar de primeiro caudilho rio-grandense—
enfrentaram as tropas portuguesas e espanholas no 
sangrento Batalha de Caiboaté. No combate pereceu 
Nicolau Neenguiru, herói de Mbororé,dias depois da morte 
de Sepé Tiaraju, que a lenda popular elevaria à categoria de 
santo não canonizado—o são Sepé. 
Além de fixar populações, com a concessão de 
sesmarias, e de patrulhar o território desde os campos da 
Vacaria dos Pinhais a Chuí, a incursão demarcadora de 
Gomes Freire de Andrade conquistou e consolidou a base 
hidrográfica interior, da barra do rio Grande até o extremo 
dos rios interiores. No futuro, essa ocupação tornaria a 
região incólume às investidas castelhanas e forneceria as 
bases, já independente o país, ao resguardo da autoridade 
central. Foi durante a incursão de Gomes Freire de Andrade 
que surgiu a tranqueira do rio Pardo, em 1752, invicta nas 
lutas posteriores e que serviria de base para o domínio do 
território das Missões. 
A par da empresa de conquista, a obra de 
colonização se acentuou pela introdução dos açorianos. Em 
sincronia com o movimento militar que ocuparia as Missões, 
encaminharam-se estes para o porto de Dorneles, depois 
Guaíba, para se entrosarem com os colonizadores dos 
Campos de Viamão. A ocupação açoriana, cujo contingente 
não raro tem sido exagerado em sua quantidade, visou, 
numa primeira fase, de 1751 a 1759, a finalidade precípua 
de substituir-se ao índio nas aldeias missioneiras; o 
povoamento metódico, com a distribuição de glebas aos 
povoadores, só teria início mais tarde. O curso da 
distribuição seguiu o seguinte: Rio Grande; Capela Grande 
do Viamão, compreendendo o porto de Viamão, mais tarde 
Porto Alegre; Triunfo; Santo Amaro; e Rio Pardo. À margem 
da bacia fluvial formou-se o cinturão de lavouras que 
abasteciam as tropas responsáveis pela colonização do 
território. 
Mais tarde, na segunda fase, caracterizada pela 
valorização do gado no mercado interno, o trabalho agrícola 
foi substituído pela pecuária e a região se transformou em 
fonte de abastecimento das minas em prosperidade 
galopante, no ciclo de ouro das Gerais. 
O traçado inicial da conquista—do Rio de Janeiro 
(depois, de Laguna) à Colônia do Sacramento—sofreu, a 
partir de 1750, uma retificação, com o eixo Rio Grande-Porto 
Alegre-Rio Pardo. A inflexão para o oeste, com a base do 
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Rio Pardo dominando a bacia fluvial, configurou a fisionomia 
política e econômica do Rio Grande, agora definitivamente. 
Em 1761, o Tratado de El Pardo anulou o Tratado 
de Madri, devendo a Colônia do Sacramento e as Missões 
Orientais voltar aos antigos senhores. A Espanha, 
preocupada em combater a influência inglesa, concertou em 
1761 o "pacto de família", que permaneceu algum tempo 
secreto. Portugal, vinculado à Inglaterra, não aderiu, 
contando que, somente com o amparo inglês, poderia 
proteger seu domínio ultramarino. 
 
 
Marcelino de Figueiredo, governador do Rio Grande 
 
 
Mapa do território em 1780 
 
O primeiro golpe desfechado contra o extremo-sul 
do território português foi a tomada, ainda uma vez, da 
Colônia do Sacramento, em 1762, pelo governador de 
Buenos Aires, Pedro de Ceballos Cortés y Calderón, que, 
depois de atravessar a planície uruguaia, ocupou a vila do 
Rio Grande, em 1763, lançando uma cabeça-de-ponte em 
São José do Norte. O governador do Rio Grande, coronel 
Elói Madureira, transferiu a sede do governo para Porto 
Alegre, onde permaneceria definitivamente. Em 1763 o 
Tratado de Paris pôs termo à beligerância, mas veio a ser 
desobedecido pelas autoridades do Prata, que apenas 
devolveram a Colônia do Sacramento. 
Ao contrário da esperada paz, o novo governador 
de Buenos Aires, Juan Ortiz y Salcedo, chegou às portas da 
tranqueira do Rio Pardo, em 1773, mas a resistência que 
teve de enfrentar, sob o comando do governador do Rio 
Grande, coronel Marcelino de Figueiredo, conseguiu deter 
as posições-chave -- São José do Norte e Rio Pardo --, 
graças a um elemento novo e surpreendente, os 
guerrilheiros locais, treinados nas estâncias, comandados 
pelo primeiro caudilho rio-grandense, Rafael Pinto Bandeira, 
ex-coronel de milícias e grande proprietário rural. Contudo, 
somente uma ação de grande envergadura, com a mais 
numerosa força militar já concentrada em território brasileiro 
(6.800 homens), sob o comando do tenente-coronel João 
Henrique Böhm, conseguiu expulsar os espanhóis do Rio 
Grande, em 1776, depois de 13 anos de ocupação. 
 
As comandâncias 
 
A expansão militar espanhola obedecia a um plano, 
documentado com o ato de criação do vice-reinado do Rio 
da Prata, em 8 de agosto de 1776, abrangendo o território 
atual da Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Rio Grande 
do Sul. O Tratado de Santo Ildefonso, de 1º de outubro de 
1777, encerrou a atribulada história diplomática do extremo-
sul, que consolidaria em poder da Espanha a Colônia do 
Sacramento e as Missões Orientais. O acertado no tratado já 
se mostrava patentemente anacrônico, diante do predomínio 
social da região em favor dos portugueses. 
Na verdade, o território das Missões, encurralado 
pela criação de gado e pelos sesmeiros, tornara-se um 
satélite do Rio Grande. Em 1801 uma manobra guerreira 
nativa, sob o beneplácito dos poderes oficiais, incorporou, 
num golpe de audácia, toda a região ao Rio Grande. Na 
operação se destacaram os descendentes da escola 
guerrilheira de Rafael Pinto Bandeira—o filho de estancieiro 
José Borges do Canto e o aventureiro Manuel dos Santos 
Pedroso. A antiga civilização jesuítica não passava de uma 
sucessão de ruínas, de população escassa, só realmente 
povoada e colonizada pela gente de São Paulo, que desceu 
de Curitiba e Lajes, ao lado dos soldados aquinhoados, 
pelos seus títulos, com ricas sesmarias. Completou-se, 
assim, a integração geográfica do extremo-sul. 
A estrutura administrativa deu consistência e 
coesão à obra de conquista militar e de povoamento. 
Fundada a fortaleza Jesus-Maria-José às margens do rio 
Grande, Gomes Freire instituiu um órgão de direção e 
coordenação, que recebeu o nome de comandância militar, 
nos moldes das já existentes em Santos e na Colônia do 
Sacramento. Instituiu-se assim a Comandância Militar do Rio 
Grande de São Pedro, subordinada à capitania do Rio de 
Janeiro, guarnecida inicialmente pelos dragões, de gloriosa 
e tumultuada história, no núcleo inicial e no rio Pardo. A 
administração do território cabia aos comandantes, como se 
fossem governadores-gerais. 
O regime das comandâncias estendeu-se de 1737 
a 1760, sob a chefia, sucessivamente, do brigadeiro José da 
Silva Pais, do mestre-de-campo André Ribeiro Coutinho e do 
coronel Pascoal de Azevedo. Desde 1710, a administração 
do extremo meridional subordinava-se à capitania de São 
Paulo, passando, em 1738, a constituir uma capitania, 
juntamente com Santa Catarina, dependente do Rio de 
Janeiro, embora dotada de administração própria—simples 
capitania subalterna. A sede seria em Santa Catarina, 
residência do governador. Somente pela carta-patente de 9 
de setembro de 1760 o governo do Rio Grande de São 
Pedro se tornou independente, com seus governadores 
chefiando a administração, mas, ainda assim, subordinado 
ao governo do Rio de Janeiro, e, além disso, numa fase 
atribulada e de lutas incessantes contra os invasores 
espanhóis. 
A autonomia de fato só ocorreu em 19 de setembro 
de 1807, quando o regente D. João criou a capitania de São 
Pedro, subordinada, como as outras, ao vice-rei e capitão-
general do estado do Brasil. A escolha do primeiro 
governador e capitão-general recaiu no conselheiro e 
brigadeiro D. Diogo de Sousa Coutinho, depois conde do Rio 
Pardo, que assumiu suas funções em 1809. Os corpos de 
milícias, criados com o recrutamento local, completaram a 
muralha militar que se articulou, no pampa e nas regiões 
agrícolas, contra o castelhano.Os chefes dessas forças, 
vinculados à estância e nomeados pelo rei, reuniam, pela 
lealdade e pela dependência, a peonada, que se compunha 
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de índios, brancos e mestiços. Essa foi a origem dos heróis 
nativos Pinto Bandeira, Borges de Canto e Santos Pedroso, 
que deixariam, no curso da história futura, grande e não raro 
turbulenta descendência. 
Na base dos organismos militares, uma faixa de 
população se formou, à margem do trabalho agrícola e do 
pastoreio organizado. Para abastecer as charqueadas, 
estabelecidas desde 1780, em busca da courama, 
entregaram-se esses aventureiros à preia do gado sem dono 
na fronteira retrátil, em expedições chamadas arriadas. Para 
a aventura do saque e da guerra, o regime do latifúndio 
enviou a legião nômade, os que seriam chamados de 
gaudérios, e depois de gaúchos, em sentido depreciativo. 
Matéria-prima das arriadas e guerrilhas, sua colaboração 
limitava-se às incertezas do gado a arrebanhar, desligando-
se das obrigações militares ao seu arbítrio. Só no século XIX 
a expressão gaúcho perdeu o caráter depreciativo para 
adquirir índole respeitosa, na medida em que desaparece o 
nomadismo e se organizam as estâncias. 
 
A integração 
Um fator econômico, de relevância política e social, 
encerrou o processo de integração do Rio Grande do Sul 
colonial ao território lusitano. As necessidades prementes de 
muares e carne no ciclo do ouro exigiram a importação do 
extremo-sul, o que incentivou a abertura de estradas. 
Cessada a febre do ouro, o abastecimento das populações 
escravas e proletárias do café se fez à custa de charque, 
estimulada sua produção depois que o Ceará reduziu suas 
exportações, assolado pela seca de 1777. Encerrou-se o 
período de conquista predatória do território e consolidou-se 
a estância como centro produtor, complementada pela 
charqueada, servida esta com mão de obra escrava. O 
comerciante de gado (muares, cavalos e vacas), o tropeiro, 
enriqueceu e adquiriu relevo social. 
A natureza econômica da região se definiu na 
economia subsidiária, com relação ao país, e na economia 
de subsistência, baseada sobretudo no trigo e na 
colonização açoriana. A valorização dos muares e da carne 
levaria, no entanto, ao abandono a cultura dos cereais. Em 
1822, o Rio Grande, antes exportador de trigo para o 
mercado interno, passou a importar o cereal dos Estados 
Unidos. A paisagem se modificou, com o florescimento da 
região de São Francisco de Paula (depois, Pelotas), que 
desenvolveu uma próspera rede de charqueadas. O produto 
sulino, baseado no trabalho escravo, só alcançaria, todavia, 
preços compensadores nos momentos de crise no Prata, 
que, além disso, fornecia charque da melhor qualidade. 
O caráter subsidiário da economia, cada vez mais 
relevante, criou uma unidade diferenciada de produção, 
ligada ao mercado nacional, mas isolada dos interesses 
exportadores. Os grupos dominantes no país não se 
associariam às reivindicações do extremo-sul, antagônicas 
aos seus objetivos de alimentação barata para a escravaria. 
O grupo exportador de produtos de aceitação europeia, 
sempre estimulado pelo centro político, no seu exclusivismo, 
infundiria, à sociedade rio-grandense, a consciência de 
isolamento econômico, social e político, que os 
componentes da formação militar tornariam, em certos 
momentos, explosiva. 
Em 1807, quando da criação da Capitania de São 
Pedro, já se definira a sociedade rio-grandense, 
dissolvendo-se a pequena agricultura, gradativamente, na 
expansão da grande propriedade estancieira, gerada sobre 
as sesmarias prodigamente concedidas. A campanha, com 
seus núcleos pastoris, só encontrou, com outro espírito, os 
centros urbanos e os evanescentes grupos agrícolas, 
pacíficos e situados a leste, em torno de Porto Alegre, mais 
tarde, com as pequenas propriedades advindas com a 
colonização alemã, que se desenvolveu a partir de 1824. 
 
Emancipação nacional e império 
 
Aquarela de Antônio Parreiras de 1915, 
simbolizando a Proclamação da República Rio-Grandense 
em 1836 pelo general Antônio de Souza Netto. 
 
Nas lutas em torno do domínio do Uruguai, que 
iriam redundar na criação da Província Cisplatina e sua 
transformação em país independente em 1828, sofreu o 
território rio-grandense forte sangria de homens e recursos. 
A região das Missões Orientais, ainda mal povoadas, servira 
de teatro às incursões determinadas por José Gervásio 
Artigas, que nela se abasteceria de cavalhada e gado. Para 
sustento dessa campanha malograda, o Rio Grande 
mobilizou todos os seus recursos humanos e materiais. 
Ao lado das tropas regulares que a corte enviou ao 
sul, os milicianos locais retemperaram nova camada militar, 
agora unida estreitamente à estância, com suas reservas do 
proletariado rural, o gaúcho. Entre os chefes, surgiram 
nomes gloriosos, que iriam influir no futuro: Bento Gonçalves 
da Silva, José de Abreu, João de Deus Mena Barreto, José 
Antônio Correia da Câmara, Manuel Marques de Sousa. 
Nos sucessos da independência, governava a 
capitania, como capitão-general, o brigadeiro João Carlos de 
Saldanha, depois duque de Saldanha. Em 1821 criadas as 
províncias, em caráter provisório, por decreto das cortes de 
Lisboa, nas quais deveriam eleger-se juntas governativas 
subordinadas a Portugal, Saldanha foi eleito presidente. Os 
eleitores paroquiais, todavia, não cumpriram totalmente o 
decreto, considerando não escrito o artigo que vinculava o 
governo a Lisboa. O vice-presidente, marechal-de-campo 
João de Deus Mena Barreto, desconfiado da lealdade 
portuguesa de Saldanha, criou as condições para o bloqueio 
político do presidente, que em dezembro de 1822 se retirou 
para o Rio de Janeiro, sem articular a defesa da união dos 
reinos, com a hegemonia portuguesa. Em seguida ao Fico, 
as câmaras municipais consolidaram o sentimento nativista, 
impossibilitando a reação, já ocupado o governo por Mena 
Barreto. Firmaram-se, nessa ação, sobre a rala camada 
militar portuguesa, o miliciano local, o estancieiro, a 
burguesia urbana e o gaúcho. 
O Rio Grande expandira sua população e suas 
riquezas. Em 1780, segundo o primeiro recenseamento geral 
da capitania, a população era de cerca de 18 000 habitantes, 
enquanto, em 1814, já alcançava a casa dos 71 000. O 
número de escravos aumentou largamente no interregno 
desses 34 anos, de 5 000 para 20 000, concentrando-se 
inicialmente nas zonas de produção de trigo, atingidas pela 
escassez de braços. Com a decadência do trigo, o escravo 
se trasladou, em pequena proporção, para a estância, já 
transformada em unidade produtiva e não mais de 
apropriação, e, em larga escala, para as charqueadas. A 
estância necessitava de pouca mão de obra, embora se 
costume exagerar a exiguidade do número de escravos nela 
empregados 
No curso do século XIX, as charqueadas 
assumiram incremento crescente, ao ponto de desarticular a 
economia de subsistência, que, pouco antes, tornava a 
estância um centro quase autárquico, servido pela chácara. 
O pastoreio e o charque tomaram conta da economia e 
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8 
 
imporiam a importação de gêneros alimentícios, se a 
colonização alemã não preenchesse, em breve, o hiato. 
Prosperaram, então, os núcleos comerciais, com a 
ascendência de Porto Alegre, que centralizou as trocas das 
populações de leste, de origem açoriana, incentivando focos 
redistribuidores até as Missões. Ao lado de Pelotas, 
projetou-se a abertura marítima da província, Rio Grande, 
único porto da costa, embora de acesso difícil. Continuavam 
a ter relevo as viasterrestres, que levavam a produção 
pastoril ao norte, por via da feira de Sorocaba, principal 
centro distribuidor de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. 
Boa parcela do progresso se deveu ao consumo 
dos efetivos militares, sem embargo dos confiscos 
arbitrários, não raros em toda a região. Para uma população 
de 110 000 habitantes, no início do império, o rebanho 
bovino elevava-se a 5 000 000 de cabeças, com 1 000 000 
de cavalos. As Missões Orientais povoaram-se com as 
sesmarias concedidas, em largas extensões, aos militares 
que se deslocaram na guerra e aos aventureiros que 
desciam de São Paulo, avolumados pelo êxodo de Santa 
Catarina e Paraná, para o pastoreio em glebas férteis. 
 
 
Arquitetura dos imigrantes alemães em Nova 
Petrópolis 
 
Organizado o sistema político do império, ocupou a 
presidência do Rio Grande do Sul o desembargador José 
Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, 
futuro senador do império. Inaugurou-se, como para todo o 
país, o período das administrações curtas, incapazes de 
obra contínua, com 54 presidentes efetivos e 24 interinos, 
desde Fernandes Pinheiro a Justo de Azambuja Rangel, em 
1889. No século XIX, os índios caingangues que ocupavam 
as áreas montanhosas da Região Sul do Brasil foram 
desalojados violentamente por ação de matadores de 
indígenas chamados de "bugreiros". Estes haviam sido 
contratados para abrir espaço para a instalação, por parte do 
governo imperial brasileiro, de imigrantes europeus na 
região, visando a um "embranquecimento" da população 
brasileira, até então majoritariamente negra e mestiça]. 
Em 1824, em virtude de plano elaborado nos 
conselhos da corte, desembarcaram em Porto Alegre os 
primeiros imigrantes alemães, destinados à agricultura. 
Retomou-se, com essa medida, a experiência da pequena 
lavoura açoriana (78 hectares para cada família), que, 
seduzida pela criação do gado, se rarefizera e fora atraída 
para a grande propriedade. A partir da margem esquerda do 
rio dos Sinos, onde depois se situaria a cidade de São 
Leopoldo, expandia-se, em levas contínuas, o mais 
importante impulso agrícola da época, assegurando a 
economia de subsistência, já praticamente em abandono. 
Os imigrantes, que prosperavam na lavoura, no 
artesanato e na pequena indústria, equilibraram a paisagem 
pastoril com sua sociedade pacífica, sem vínculos com o 
patriarcado militar e alheia às tensões da economia do gado. 
Porto Alegre, o centro administrativo, viu com isso 
acentuada a sua posição de coordenadora da autoridade, 
subordinada à capital do império. Não obstante o ingresso 
de imigrantes agrícolas, até que a sociedade se 
transformasse, no longo processo de aculturação, 
predominavam as estâncias pastoris, cujos interesses, no 
curso do século XIX, já se haviam amalgamado ao patriciado 
militar, que se "afazendara", na obtenção de sesmarias e 
gado. 
O dissídio entre o centro e a província, amortecido 
na Guerra Cisplatina, se intensificou nas primeiras três 
décadas do século, até a explosão de 1835. Produtores de 
charque e derivados do gado e fornecedores de muares, os 
rio-grandenses não dispunham de meios para influenciar as 
linhas de conduta político-econômica do centro. Incapaz de 
concorrer com a produção platina, mais bem aparelhada e 
com custos inferiores, via-se a economia rio-grandense 
sujeita à instabilidade, em detrimento dos criadores e 
charqueadores. A carga tributária sobre a produção gaúcha 
tornou-se sufocante. As rendas fiscais, carreadas para o 
centro, revertiam em parcela mínima para o sul. De outro 
lado, os presidentes da província, agentes do Rio de 
Janeiro, não se mostravam solidários com os interesses 
locais. 
A revolução decorrente desse estado de coisas, 
exaltada com o nome de Farrapos ou revolução Farroupilha 
e liderada pelo deputado provincial e coronel de milícias 
Bento Gonçalves da Silva, duraria dez anos—a década 
heroica da história do Rio Grande do Sul: de 19 de setembro 
de 1835 até 1º de março de 1845, quando foi assinada a paz 
com o governo de D. Pedro II, depois que Luís Alves de 
Lima e Silva, então barão de Caxias, assumiu a província e 
o comando de suas armas. 
Cuidou Caxias, depois de pacificar os ânimos, de 
atender algumas das mais urgentes reivindicações 
republicanas dos revolucionários, concernentes à instrução 
pública e às comunicações terrestres. As campanhas 
nacionais que se seguiram, com o Rio Grande por cenário—
a luta contra Rosas, em 1852, e a guerra do Paraguai, de 
1864 a 1870—fortaleceram a economia sulina. Enquanto a 
revolução Farroupilha esgotou as reservas da principal 
riqueza da província, essas guerras, apesar dos sacrifícios 
com soldados (33.803 soldados rio-grandenses na guerra do 
Paraguai, a quarta parte dos combatentes), exigiram grande 
consumo de produtos agrícolas e pecuários, indenizados 
pelo justo valor. A agricultura, que a colonização alemã 
tornara florescente, contribuiu amplamente para alimentar as 
tropas. O Banco da Província, fundado em 1858, e ainda 
existente, seria uma das fontes de estímulo da riqueza local. 
Não obstante a recuperação econômica, 
mantinham-se as causas do desequilíbrio regional, em 
desfavor da produção local. Também foi mantida a política 
econômica, ditada pelo centro e considerada espoliativa 
pelos estancieiros e charqueadores, acentuando o 
isolamento do Sul. A exigência de redução dos direitos sobre 
os couros, de 15 para 5%, e sobre o sal, de 240 para 50 réis 
por alqueire, permaneceu sem resposta. No que se referia 
ao charque, a exportação se achava com direitos mais altos 
do que o similar platino; o sistema escravocrata das 
charqueadas onerava a produção ao impedir a retração da 
mão-de-obra e exigir maior capital fixo. 
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9 
 
Surgiu, então, um líder, Gaspar Silveira Martins, 
que, em 1861, se propôs, constituindo o Partido Liberal 
Histórico, a criar uma base de operações políticas, de baixo 
para cima, nas estâncias e nos ranchos, com a pregação de 
casa em casa. Queria libertar sua terra da "asfixiante, 
vergonhosa tutela do poder central". Depois de 11 anos de 
luta, após dominar a assembleia provincial, Silveira Martins 
levou à Câmara dos Deputados uma bancada liberal, eleita 
sob gabinete conservador. Entre 1868 e 1878 o "Sansão do 
império", como era chamado, tornou-se o ídolo dos liberais. 
 
 
Imigrantes italianos na região de Caxias do Sul, no 
fim do século XIX 
 
Em 1874, foi instalado, em Porto Alegre, o Tribunal 
da Relação, libertando a província da dependência do Rio de 
Janeiro. Ao elenco das iniciativas oficiais se acrescentou o 
incremento das correntes migratórias -- entre 1875 e 1889 
chegaram ao Rio Grande do Sul mais de sessenta mil 
italianos—que, sobre a base agrícola, expandiram sua 
atividade no artesanato de produtos de couro e têxteis e na 
produção do vinho. O carvão passou a ser explorado a partir 
de 1866. 
No quadro do progresso, um desajuste interno 
perturbou a sociedade. A estância, cada vez mais 
estruturada como empresa lucrativa, limitadas suas 
necessidades a poucos braços, abandonou o excedente, 
sem que este se adaptasse às zonas agrícolas — onde, de 
resto, não lhes davam terras. Uma camada nômade, que se 
engrossou com os libertos, passou a errar pelos campos, 
vivendo das ocupações eventuais e do crime. O Partido 
Liberal, como resultado paradoxal de sua política de vínculo 
com o centro, perdeu o ímpeto popular. Fundou-se, então, o 
Partido Republicano, no qual desde logo se destacou, como 
jornalista, Júlio Prates de Castilhos. 
A oficialidade que servia no Rio Grande do Sul, 
entre a qual se contava Deodoro da Fonseca, ligou-se aos 
rebeldes, sendo a união cimentada pelo positivismo, estuáriocomum de civis e militares. Tão veemente seria o vínculo 
que, em 21 de março de 1889, os propagandistas traçaram, 
como linha de ação, o levante armado, na eventualidade do 
terceiro reinado. 
 
República 
 
O ousado plano da rebelião armada frustrou-se por 
obra das circunstâncias, diante da surpresa da proclamação 
da república por Deodoro, comunicada aos propagandistas e 
conjurados pelo telégrafo. Dias antes Silveira Martins 
transmitira o governo a Justo de Azambuja Rangel. Este, por 
intimação de Deodoro, passou o cargo ao marechal José 
Antônio Correia da Câmara, visconde de Pelotas, de 
extração liberal. 
Gaspar Silveira Martins, então senador, chamado 
pelo imperador para organizar o derradeiro gabinete do 
império, foi preso e deportado. Com o visconde de Pelotas 
tentou-se a conciliação local. Seus secretários, entre eles 
Júlio de Castilhos e Ramiro Barcelos, rejeitaram a 
conciliação, mantendo a linha partidária. Entre os liberais e 
os republicanos não havia meio-termo possível, definidos os 
últimos na carta estadual autocrática de 14 de julho de 1891, 
promulgada entre ásperas dissensões, que culminariam na 
revolução de 1893. 
Em pouco mais de três anos, 15 chefes do governo 
estadual, com o interregno de uma junta governativa, 
definiram a profundidade da instável situação política. 
Somente em 25 de janeiro de 1893 Júlio de Castilhos 
assumiu a presidência do estado, para, completando o 
mandato de cinco anos, transmiti-la a Antônio Augusto 
Borges de Medeiros, que, apenas com o hiato de um 
quinquênio, governaria o Rio Grande até 1928. 
Já então o Rio Grande se dividia entre gasparistas -
- Silveira Martins retornou do exílio em 1892—e 
castilhistas—já com Júlio de Castilhos na chefia 
incontestável dos republicanos. Ambas as facções se 
definiam pelo federalismo, bandeira que, depois de arvorada 
pelos farroupilhas, se incorporou ao ideário gaúcho. 
 
 
Aparício e Gumercindo Saraiva, líderes da 
Revolução Federalista, aparecem nesta foto, sentados, no 
centro 
A ferro e fogo, o Partido Republicano conquistou as 
bases eleitorais e o controle político, reforçado, mais tarde, 
por uma poderosa milícia estadual, a Brigada Militar. Na 
revolução Federalista, que se prolongou por trinta meses, 
com dez mil mortos, na mais cruenta das guerras civis 
brasileiras, o castilhismo impôs-se ao estado, abatendo a 
oposição, sem a aniquilar. Os chefes, formados na tradição 
do cavalheirismo, não puderam deter a onda de terror que 
invadiu os campos e extravasou, nas colunas 
revolucionárias e legalistas, nos outros dois estados do Sul, 
Paraná e Santa Catarina. 
A insurreição, apesar de mobilizar milhares de 
combatentes, limitou-se à guerrilha, incapaz de assegurar 
posições estáveis. Tampouco conseguiu sensibilizar os 
imigrantes, seus descendentes ou a população do leste, 
onde Porto Alegre avultara como centro econômico, político 
e administrativo. 
A Revolução Federalista de 1893 revelou o 
extraordinário talento guerreiro de Gumercindo Saraiva. Sua 
coluna, abandonando a orla da fronteira uruguaia, ao longo 
de 18 meses de combates, empreendeu uma marcha de 
2.500 km até Itararé, onde se deteve, incapaz de penetrar no 
estado de São Paulo. No seu encalço, o chefe legalista 
Pinheiro Machado combateu-o tenazmente, repelindo a 
surpresa do ataque com a surpresa do revide. 
Morto o chefe rebelde em 10 de agosto de 1894, a 
guerra entrou em rápido declínio, limitada a irrupções 
momentâneas e descoordenadas. A paz, assinada em 23 
agosto de 1895, depois que os insurretos fracassaram em 
Campo Osório, pôs termo ao dissídio, sem que o Partido 
Republicano pudesse ditar, sob o controle de Prudente de 
Morais, os termos da vitória. 
 
Presença de Vargas 
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10 
 
 
Manifestações de rua em Porto Alegre em favor da 
Revolução de 30. 
 
Já estava quase no fim o longo consulado de 
Borges de Medeiros. O castilhismo, de que se fizera 
continuador, perdera substância. Uma nova mentalidade 
exigia reformas sociais e postulava mudanças de estrutura, 
não mais se contentando com o simples jogo das influências 
partidárias. Foi nesse ambiente que Getúlio Vargas, então 
modesto advogado de São Borja, começou sua carreira 
política. Deputado estadual e federal, líder da bancada 
gaúcha na Câmara Federal e depois ministro da Fazenda, 
acabou por eleger-se presidente do estado em 1928. Sua 
primeira preocupação no governo foi pacificar os espíritos, 
para o que constituiu a Frente Única, integrada inclusive pelo 
Partido Libertador, herdeiro do Partido Federalista e em 
cujas fileiras passariam a militar muitos dos revolucionários 
de 1923. 
A habilidade de Vargas conquistou confiança e 
repercutiu de imediato em outros pontos do país, 
sensibilizando a opinião e atraindo a simpatia de políticos 
como Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente de 
Minas Gerais, que se uniu ao da Paraíba para lançar a 
Aliança Liberal, em favor da candidatura do presidente 
gaúcho à sucessão de Washington Luís. A vitória de Júlio 
Prestes, candidato do oficialismo, num ambiente de 
opressão e fraude, descontentou a opinião pública, levando-
a a prestigiar a liderança que articulou a revolução de 1930. 
Depois que São Paulo, por via revolucionária, 
tentara reaver o comando político da nação, em 1932, a vida 
do país havia retornado à normalidade constitucional, com 
Getúlio Vargas à frente do governo, em 1934, até a 
implantação do centralismo de 1937, o qual viria a afetar 
substancialmente a autonomia gaúcha, tanto quanto a das 
demais unidades da federação. A nova estrutura nacional 
impunha assim sua configuração às mudanças internas 
ocorridas no estado. 
A tendência então era de superar o isolacionismo 
econômico e político em que até então se mantivera o Rio 
Grande do Sul. A indústria e a agricultura conquistariam 
gradativamente relevo no confronto com a estância. A 
criação do Banco do Rio Grande do Sul, durante o governo 
de Getúlio Vargas, reanimaria as atividades pecuárias e 
agrícolas do estado. 
 
Depois de 1930 
 
O estado, embora sem veleidades hegemônicas, 
conquistara o poder supremo da república. Por imposição de 
forças de caráter nacional -- Exército, povo e indústria --, 
modificou-se substancialmente a estrutura federal. Rivais de 
velha data, os partidos tradicionais rio-grandenses, o 
Republicano e o Federalista, este último depois denominado 
Libertador, engajaram-se no movimento político decorrente 
da ação revolucionária de São Paulo, ao passo que a massa 
popular gaúcha se manteve fiel aos princípios de 1930. O 
general Flores da Cunha, interventor federal no Rio Grande, 
valeu-se desse choque de correntes para organizar, sob sua 
presidência, um partido local—o Partido Republicano Liberal 
Rio-Grandense (PRL) --, no qual se reuniram dissidentes 
daqueles dois partidos, comandantes dos corpos provisórios 
da milícia estadual e prefeitos municipais. 
Na Assembleia Constituinte, de cuja atuação 
resultaria a Carta de 1934, quase toda a bancada gaúcha 
era integrada por elementos do novo partido. Flores da 
Cunha, nessa data, eleito indiretamente, passaria a 
governador do estado, mas sem dispor de maioria que lhe 
permitisse agir inteiramente livre da partilha do poder com o 
adversário. Dissensões locais acabaram por atingir o PRL, 
quando o agravamento das condições de vida política do 
estado chegou ao ponto de levar o governador a desavir-se 
com o presidente da república. Com o golpe de 1937, Flores 
da Cunha renunciou. O estado, antes das eleições fixadas 
pela constituição de 1946, teria sete interventores, inclusive 
um interino. 
No setor das obras públicas, de 1930 ao início do 
Estado Novo, registrou-se sensível desenvolvimentodas 
rodovias e estradas de ferro estaduais; quanto ao fluxo do 
comércio marítimo, iria incrementar-se por meio da 
aquisição, pelo governo, da frota rio-grandense. Uma política 
de continuidade e de planejamento, no tocante à rede viária, 
só seria adotada a partir da criação, após 1938, do 
Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER). 
 
Leonel Brizola 
Reaberto o debate partidário em fins de 1945, os 
velhos partidos e os velhos políticos não lograram restaurar 
as lealdades antigas e a bandeira de suas reivindicações 
anteriores a 1930. Somente resistiu, limitadíssimo no 
número de partidários, o Partido Libertador (PL), 
sobrepujado pelo Partido Social Democrático (PSD), que na 
primeira eleição elegeu quase a totalidade dos deputados 
federais, e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de 
fulminante crescimento. 
O primeiro governador eleito seria Walter Jobim, do 
PSD, seguido pelo general Ernesto Dorneles, do PTB. Em 
sequência, elegeu-se o engenheiro Ildo Meneghetti, 
sucedido pelo engenheiro Leonel Brizola, do PTB, que, por 
sua vez, com a derrota de seu partido, não evitou o retorno 
daquele. 
Na verdade, depois de 1945, o estado se dividiu em 
dois partidos—o PSD e o PTB—coligados, eventualmente, 
aos menores. Somente na década de 1960 prepararam-se 
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11 
 
no estado as bases para a implantação da grande indústria, 
além da exploração, em moldes capitalistas e modernizados, 
da pecuária e da agricultura, particularmente o arroz, o trigo 
e, mais tarde, a soja. 
O estado desempenhou importante papel na 
evolução da ordem política nacional, sobretudo a partir do 
movimento militar de 1964, durante o qual três gaúchos, 
escolhidos pelo Exército Brasileiro, assumiram a presidência 
da república: Arthur da Costa e Silva. Emílio Garrastazu 
Médici e Ernesto Geisel. No governo do estado, o coronel 
Válter Peracchi Barcelos, eleito indiretamente em 1967, deu 
início à implantação de amplo programa energético. Com a 
ajuda do poder central, as administrações de seus 
sucessores Euclides Triches, Sinval Sebastião Duarte 
Guazzelli e José Amaral de Sousa construíram rodovias 
modernas e ampliaram o porto do Rio Grande. Outro fator de 
progresso foi o reaparelhamento da Viação Aérea Rio-
Grandense (Varig), que se tornou a mais importante 
empresa aérea do país, extinta em 2006 e comprada em 
2007 pela Gol Transportes Aéreos. 
Em 1983 assumiu o governo Jair de Oliveira 
Soares, sucedido por Pedro Jorge Simon e, depois, por 
Guazzelli foi substituído em 1991 por Alceu Colares, que 
1995 empossou seu sucessor, Antônio Britto. 
 
GEOGRAFIA 
 
 
Cascata do Caracol, no Parque Estadual do 
Caracol, em Canela. 
 
 
 
Cânion Fortaleza no Parque Nacional da Serra 
Geral 
 
 
Parque Nacional da Lagoa do Peixe 
 
O estado do Rio Grande do Sul ocupa uma área de 
281 730,223 km² (cerca de pouco mais que 3% de todo 
território nacional, equivalente ao do Equador) e com fuso 
horário -3 horas em relação a hora mundial GMT. Todo o 
seu território está abaixo do Trópico de Capricórnio. No 
Brasil, o estado faz parte da região Sul, fazendo fronteiras 
com o estado de Santa Catarina e dois países: Uruguai e 
Argentina. É banhado pelo oceano Atlântico e possui duas 
das maiores lagoas do Brasil: a Lagoa Mirim e a Lagoa 
Mangueira, além de possuir uma das maiores lagunas do 
mundo: a Lagoa dos Patos, que possui água salobra. 
Sua população constitui cerca de 6% do número de 
habitantes do país. 
 
Geologia e relevo 
 
Serra Geral. 
 
O estado do Rio Grande do Sul apresenta, em sua 
maior parte, relevo baixo, com setenta por cento de seu 
território a menos de 300m de altitude. A única porção 
elevada, com mais de 600m de altitude, no nordeste, 
compreende 11% da superfície total. Podem-se descrever 
quatro unidades morfológicas no estado: a planície litorânea, 
o planalto dissecado de sudeste, a depressão central e o 
planalto basáltico. 
 
Planície costeira 
Também conhecida como planície litorânea. Toda 
a fachada leste do estado é ocupada pela planície litorânea, 
que consiste em terrenos arenosos com cerca de 500 km de 
extensão no sentido nordeste-sudoeste e largura muito 
variável. Os areais se desenvolvem tanto nas margens 
orientais quanto nas ocidentais das lagoas dos Patos e 
Mirim. Essas lagoas apresentam um desenho característico, 
com recorte lobulado, em virtude das pontas de areia que de 
uma e outra margem se projetam para dentro delas. Ao 
contrário do que acontece no interior das lagoas, a linha da 
costa apresenta traçado regular. A planície litorânea é 
constituída pela justaposição de cordões litorâneos 
(restingas), que às vezes deixam entre si espaços vazios 
ocupados por lagoas alongadas ou banhados (antigas 
lagoas colmatadas). 
 
Planalto Dissecado de Sudeste 
 
Coxilhas das Serras de Sudeste, no município de 
Morro Redondo. 
 
Também denominado impropriamente Serras de 
Sudeste, o planalto dissecado de sudeste compreende um 
conjunto de ondulações cujo nível mais alto não ultrapassa 
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12 
 
500 m. Trata-se de um planalto antigo, cuja superfície 
tabular só foi preservada entre alguns rios. Esses terrenos 
pré-cambrianos constituem o chamado escudo rio-
grandense e ocupam toda a porção sudeste do estado, 
formando uma área triangular cujos vértices correspondem 
aproximadamente às cidades de Porto Alegre, Dom Pedrito 
e Jaguarão. O conjunto está dividido, pelo vale do rio 
Camaquã, em duas grandes unidades, uma ao norte e outra 
ao sul, denominadas serras de Herval e Tapes, 
respectivamente. É o domínio típico das campinas, cuja 
melhor expressão é encontrada na campanha gaúcha. 
 
Depressão Central 
 
Constituída por terrenos da era paleozoica, a 
Depressão Central forma um arco em torno do planalto 
dissecado de sudeste, envolvendo-o dos lados norte, oeste 
e sul. Forma um amplo corredor com aproximadamente 
cinquenta quilômetros de largura média e 770 km de 
extensão, dos quais 450 no sentido leste-oeste, 120 no 
sentido norte-sul e 200 no sentido oeste-leste. A topografia 
suave e a pequena altitude em relação ao nível do mar 
(menos de cem metros), permitem classificar a depressão 
central como uma planície suavemente ondulada. 
 
Planalto Basáltico 
 
Cânion do Itaimbezinho, no Parque Nacional de 
Aparados da Serra. 
 
Representa a porção sul do Planalto Meridional do 
Brasil. O norte e parte do oeste do estado são ocupados 
pelo Planalto Basáltico, que descreve uma meia-lua em 
torno da depressão central. Esse planalto, que tem como 
traço marcante a estrutura geológica, é formado pelo 
acúmulo ou empilhamento de sucessivos derrames 
basálticos (isto é, derrames de lava), intercalados de 
camadas de arenito. Alcançam espessura muito variável. No 
nordeste do estado registra-se a espessura máxima, 
responsável pela maior elevação do planalto nessa área. 
A superfície do planalto apresenta uma inclinação 
geral de leste para oeste. No nordeste, junto ao litoral, 
alcança sua maior elevação, entre 1.000 e 1.100m; em 
Vacaria atinge 960m; em Carazinho, 602m. Em Cruz Alta, 
469m; no extremo oeste do estado, junto à barranca do rio 
Uruguai, não ultrapassa cem metros. A topografia é plana ou 
levemente ondulada, mas os rios, que banham a parte mais 
elevada, abriram nela profundos sulcos ou vales, isolando 
compartimentos tabulares. 
Um aspecto saliente do planalto é a forma de 
transição para as terras mais baixas com que se articula. A 
nordeste, cai diretamente sobre a planícielitorânea, com um 
paredão íngreme ou escarpa, de quase mil metros de 
desnível: são os chamados "aparados da serra". Os rios 
favorecidos pelo forte declive abriram aí profundas 
gargantas ou taimbés. Nesse trecho, próximo à divisa com 
Santa Catarina, a escarpa à borda do planalto corre paralela 
à costa. À altura de Osório, desvia-se bruscamente para 
oeste e a partir daí vai diminuindo progressivamente de 
altura. Nesse trecho voltado para o sul, os rios que correm 
para a depressão central abriram amplos vales. O rebordo 
do planalto basáltico recebe no Rio Grande do Sul, como 
nos demais estados meridionais, a denominação de Serra 
Geral. 
 
Ecologia 
 
Cânion Fortaleza, no Parque Nacional da Serra 
Geral. 
 
No Rio Grande do Sul, segundo o Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade existem 40 
unidades de conservação, sendo 1 área de proteção 
ambiental, 1 área de relevante interesse ecológico, 2 
estações ecológicas, 3 florestas nacionais, 3 parques 
nacionais, 1 refúgio de vida silvestre e 29 reservas 
particulares do patrimônio natural. 
As unidades de conservação administradas pelo 
governo brasileiro são o Parque Nacional da Serra Geral, o 
Parque Nacional dos Aparados da Serra, o Parque Nacional 
da Lagoa do Peixe, a Floresta Nacional de Canela, a 
Floresta Nacional de São Francisco de Paula, a Floresta 
Nacional de Passo Fundo, a Área de Proteção Ambiental do 
Ibirapuitã, a Área de Relevante Interesse Ecológico Pontal 
dos Latinos e Pontal dos Santiagos a Estação Ecológica de 
Aracuri-Esmeralda, a Estação Ecológica do Taim, e o 
Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos. 
O estado, que foi pioneiro do movimento ecológico 
no Brasil, hoje enfrenta uma série de problemas ambientais 
graves e uma crônica carência de recursos materiais e 
humanos para a área, e ostenta uma longa lista de espécies 
ameaçadas. Por outro lado, muitos projetos do governo e 
iniciativas privadas estão tentando reverter este quadro 
sombrio e difundir a conscientização ecológica entre a 
população, e já existe expressiva legislação ambiental. 
 
Clima 
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13 
 
 
Neve em Caxias do Sul em 1994 
 
Dois tipos climáticos caracterizam o Rio Grande do 
Sul: o clima subtropical úmido e o clima oceânico. 
O clima subtropical úmido possui chuvas bem 
distribuídas durante o ano e verões quentes (Cfa na escala 
de Köppen), ocorrendo na maior parte do estado. Registra 
temperaturas médias anuais de entre 18 °C e 20 °C. O clima 
oceânico (Cfb) também apresenta chuvas bem distribuídas 
durante o ano, mas os verões são amenos. Ocorre nas 
porções mais elevadas do território sul-rio-grandense, isto é, 
na porção mais alta do planalto basáltico, e no Planalto 
Dissecado de Sudeste, registrando temperaturas médias 
anuais entre 13 °C e 17 °C. 
Quanto ao regime pluviométrico, a zona mais 
chuvosa do estado é a Serra Gaúcha, com precipitações ao 
redor de 1.900 mm, enquanto que a parte onde menos 
chove no estado é o extremo sul, com pluviosidade média 
anual em torno de 1.100 mm no município de Santa Vitória 
do Palmar. 
Dos ventos que sopram no estado, dois têm 
denominações locais: o pampeiro, vento tépido, procedente 
dos pampas argentinos; e o minuano, vento frio e seco, 
originário dos contrafortes da cordilheira dos Andes. 
A temperatura mínima registrada no estado foi de -
9,8 °C no município de Bom Jesus, em 1º de agosto de 
1955, enquanto a temperatura máxima registrada foi de 
42,6 °C em Jaguarão, no sul do estado, em 1943. Municípios 
como Uruguaiana, Lajeado e Campo Bom destacam-se em 
recordes de temperaturas altas no verão, registrando valores 
que, por vezes, chegam aos 40 °C. O estado está ainda 
sujeito, no outono e no inverno, ao fenômeno do veranico, 
que consiste de uma sucessão de dias com temperaturas 
anormalmente elevadas para a estação. 
 
Hidrografia 
 
 
O Rio Uruguai na divisa com Santa Catarina 
 
A rede de drenagem compreende rios que 
pertencem à bacia do Uruguai e rios que correm para o 
Atlântico. Os rios Jacuí, Taquari, Caí, Gravataí, Lago Guaíba 
e dos Sinos, entre outros, são razoavelmente aproveitados 
para a navegação. Toda a região ocidental do estado e uma 
estreita faixa de terras ao longo da divisa com Santa 
Catarina pertencem à bacia do Uruguai. Compreende, além 
do rio Uruguai e seu formador, o Pelotas, os afluentes da 
margem esquerda: o Passo Fundo, o Ijuí, o Piratini, o Ibicuí, 
e o Quaraí. 
À vertente atlântica pertence toda a metade oriental 
do estado, drenada por rios cujas águas, antes de atingir o 
Atlântico, vão ter a uma das lagoas litorâneas. Assim, a 
lagoa Mirim recolhe as águas do rio Jaguarão, a lagoa dos 
Patos, as dos rios Turuçu, Camaquã e Jacuí, as deste último 
por meio do estuário denominado Guaíba. A lagoa dos Patos 
se comunica com a lagoa Mirim através do canal de São 
Gonçalo, e com o Atlântico por meio da barra do Rio 
Grande. Além das duas grandes lagoas, há numerosas 
outras, menores, na planície litorânea, entre elas a Itapeva, 
dos Quadros, do Peixe e Mangueira. 
 
Vegetação 
 
Araucárias, típica dos gelados Planaltos Rio-
Grandenses. 
 
Dois tipos de cobertura vegetal ocorrem no Rio 
Grande do Sul: campos e florestas. Os campos ocupam 
cerca de 66% da superfície do estado. De modo geral 
recobrem as áreas de topografia regular, plana ou 
ligeiramente ondulada, ou seja, a depressão central e a 
maior parte do planalto basáltico. 
As florestas cobrem 29% do território estadual. 
Aparecem na encosta e nas porções mais acidentadas no 
planalto basáltico, no planalto dissecado de sudeste e, 
ainda, na forma de capões e matas ciliares, dispersas pelos 
campos, que recobrem o resto do estado. Nas áreas de 
maior altitude, com mais de 400m, domina a chamada mata 
de pinheiros, uma floresta mista de latifoliadas e coníferas, a 
chamada mata de pinheiros. Nas demais áreas ocorre a 
floresta latifoliada. 
Nos dois tipos de floresta está presente a erva-
mate, objeto de exploração econômica desde o início do 
povoamento do estado. Em cerca de cinco por cento do 
território ocorre a vegetação do tipo litorâneo, que se 
desenvolve nos areais da costa. 
 
Demografia 
 
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De acordo com o censo 2010 o Rio Grande do Sul 
tinha uma população de 10 693 929 habitantes, sendo mais 
populoso que Portugal. 
Dez anos antes, segundo o censo demográfico de 
2000, o Rio Grande do Sul tinha uma população de 
10.187.798 hab. Em 1991, o estado contava com 9.127.611 
habitantes. Esses números mostram que a taxa de 
crescimento demográfico na última década foi de 1,2% ao 
ano, abaixo portanto da média do país como um todo (1,33% 
anuais). Em 2010, segundo cálculos do IBGE, era 5º estado 
mais populoso do país, e efetivamente, o mais populoso da 
Região Sul — abrigando cerca de 6% da população 
brasileira. Do total da população do estado, 5.488.872 
habitantes pertencem ao sexo feminino e 5.205.057 
habitantes ao sexo masculino (dados de 2010). 
O Rio Grande do Sul é um estado em que a 
população urbana supera a rural. Segundo o censo 
demográfico de 2000, 80,8% da população moram em 
cidades. Nesse mesmo ano a densidade demográfica do 
estado chegou a 36,14 habitantes./km², mais de duas vezes 
superior à do Brasil como um todo (19,92 habitantes./km²). 
A área mais densamente povoada do Rio Grande 
do Sul está na Região Metropolitanade Porto Alegre, onde 
se registram algumas densidades acima de 2.000 hab./km². 
Formada por trinta municípios, sua população é de 
aproximadamente 4 milhões de habitantes, a quarta maior 
aglomeração urbana do país. Seguem-se o litoral norte e a 
encosta do planalto, a leste da serra Geral e o Vale do 
Taquari com densidades próximas de 50 hab./km². A zona 
do alto Uruguai, a noroeste, e as áreas centralizadas por 
Passo Fundo e Iraí, apresentam densidades entre 30 e 40 
hab./km². No sul do estado, as densidades raramente 
ultrapassam 10 hab./km². Somente em torno de Pelotas a 
população aparece mais concentrada, chegando a mais de 
20 hab./km². A capital do estado, é a décima cidade 
brasileira em população. Situada à margem do rio Guaíba, 
Porto Alegre tem um movimentado porto fluvial e é o mais 
importante centro industrial, comercial e cultural do Rio 
Grande do Sul.
 
 
 
 
 
 
 
COMPOSIÇÃO ÉTNICA 
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15 
 
 
Casa de pedra e madeira do fim do século XIX, um 
exemplar típico da arquitetura italiana da zona rural de 
Caxias do Sul. 
O Rio Grande do Sul pode ser dividido em quatro 
regiões culturais, nas quais predominaram etnias diferentes 
que, a partir da relação sociedade-natureza e por meio de 
sistemas simbólicos que se materializaram na paisagem via 
códigos culturais, formaram zonas com características 
próprias. O estado pode ser decomposto, portanto, nas 
seguintes regiões: região cultural 1 (individualizada pela 
presença das etnias nativa, portuguesa, espanhola, africana 
e açoriana); região cultural 2 (formada pela presença de 
alemães); região cultural 3 (marcada pela etnia italiana) e a 
região cultural 4 (conformada pela presença de etnias 
mistas). 
Atualmente, a população autodeclara-se da 
seguinte maneira quanto à raça: 82,3% como brancos, 
11,4% como pardos, 5,9% como pretos e 0,4% como 
amarelos ou indígenas. 
 
Idiomas 
Além do idioma oficial, o português, no Rio Grande 
do Sul outros idiomas também são falados por parte da 
população, como o caingangue ou o mbyá-guaraní, de 
povos autóctones, e também o Portunhol Riverense em 
regiões fronteiriças. 
Considerável parte do povo gaúcho, em geral os 
descendentes de imigrantes alemães e italianos, dentre 
outros, também falam os seguintes idiomas: Riograndenser 
Hunsrückisch (um idioma regional sul-brasileiro falado desde 
há quase dois séculos pela maioria dos teuto-brasileiros no 
Rio Grande do Sul); o Plattdietch ou plattdüütsch (junção dos 
dialetos do baixo-alemão a qual pertence o dialeto 
Pomerano falado em várias regiões do sul do Brasil); Talian 
(versão sul-brasileira do vêneto); Castelhano (falado nas 
regiões fronteiriças do Brasil com a Argentina e Uruguai, 
Paraguai etc.); e em menor escala, ainda existem vários 
outros núcleos de idiomas e dialetos no Rio Grande do Sul, 
como polonês, lituano, árabe e iídiche. 
 
Governo e política 
 
O Palácio Farroupilha é sede da Assembleia 
Legislativa do Rio Grande do Sul 
 
 
O Palácio Piratini é a sede do governo estadual 
 
O estado do Rio Grande do Sul, consoante os 
ditames contidos na Carta Constitucional da República 
Federativa do Brasil, é governado por três poderes, o 
executivo, representado pelo governador, o legislativo, 
representado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do 
Sul, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio Grande do Sul e outros tribunais e juízes. 
Além dos três poderes, o estado também permite a 
participação popular nas decisões do governo através de 
referendos e plebiscitos. 
A atual constituição do estado do Rio Grande do 
Sul foi promulgada em 1989. 
O Poder Executivo gaúcho está centralizado no 
governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e 
voto direto e secreto pela população para mandatos de até 
quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um 
mandato. Sua sede é o Palácio Piratini, que desde 1921 é a 
sede do governo gaúcho. 
A maior corte do Poder Judiciário estadual é o 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 
localizada no centro de Porto Alegre. O Poder Legislativo do 
Rio Grande do Sul é unicameral, constituído pela 
Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, localizado no 
Palácio Farroupilha. Ela é constituída por 55 deputados, que 
são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a 
representação gaúcha é de 3 senadores e 31 deputados 
federais. 
O Rio Grande do Sul está dividido em 496 
municípios. O mais populoso deles é a capital, Porto Alegre, 
com 1,4 milhões de habitantes, sendo a cidade mais rica do 
estado. Sua região metropolitana possui aproximadamente 
4,1 milhões de habitantes. 
 
Subdivisões 
 
 
 
Divisões do estado. 
O estado do Rio Grande do Sul possui várias 
subdivisões, baseadas em aspectos sócio/econômicos, com 
fins estatísticos, principalmente. O estado é dividido em sete 
mesorregiões, 35 microrregiões e 497 municípios, segundo o 
IBGE. 
1. Mesorregião do Centro Ocidental 
Rio-Grandense 
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2. Mesorregião do Centro Oriental 
Rio-Grandense 
3. Mesorregião Metropolitana de 
Porto Alegre 
4. Mesorregião do Nordeste Rio-
Grandense 
5. Mesorregião do Noroeste Rio-
Grandense 
6. Mesorregião do Sudeste Rio-
Grandense 
7. Mesorregião do Sudoeste Rio-
Grandense 
O estado também é dividido a partir da 
regionalização do Conselho Regional de Desenvolvimento, 
criado na primeira metade da década de 1990. Existem 
atualmente 24 regiões dos COREDE (Conselhos Regionais 
de Desenvolvimento). 
 
Economia 
 
 
Porto Alegre, capital e um dos maiores polos 
industriais do estado 
 
 
Na Campanha Gaúcha pratica-se a criação de 
ovinos. 
 
Entre os principais produtos agrícolas gaúchos, 
destacam-se o arroz (5,2 milhões de toneladas), a soja (7 
milhões de toneladas), o milho (6 milhões de toneladas), a 
mandioca (1,3 milhão de toneladas), a cana-de-açúcar (1 
milhão de toneladas), a laranja (2 bilhões de frutos) e o alho 
(24 mil toneladas). O estado abriga grandes reservas de 
carvão mineral e de calcário. A extração de água mineral é 
também importante (aproximadamente 92 milhões de litros 
anuais). 
O Rio Grande do Sul é um dos estados com maior 
grau de industrialização no país. O parque industrial gaúcho 
dedica-se principalmente aos ramos petroquímico, tabagista, 
de calçados, de construção, de alimentos, automobilístico e 
indústria naval. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio revela que em 2012 os principais produtos 
exportados pelo estado foram o Tabaco em Rama (12,60%), 
Soja (11,36%), Carne de Aves (7,34%), Farelo de Soja 
(6,64%) e Polímeros de Etileno (4,30%). 
Graças às paisagens diversificadas, o Rio Grande 
do Sul atrai turistas por diversos propósitos. Há, no extremo 
norte, as praias de Torres, vizinhas ao Parque Nacional de 
Aparados da Serra, que tem se destacado como importante 
destino de ecoturismo. Os turismos gastronômico (na região 
de Bento Gonçalves, produtora de vinho) e histórico (na 
região das missões jesuíticas de São Borja e São Miguel) 
também são dignos de menção. A capital, Porto Alegre, 
além de centro cultural de relevância nacional, tem servido 
de sede de grandes encontros internacionais, especialmente 
para assuntos relacionados ao Mercosul. 
O Rio Grande do Sul dispõe de extensa malha 
ferroviária, que serve todo o seu território. Além disso, 
destaca-se a rede de estradas federais e estaduais, que 
soma aproximadamente 152,2 mil quilômetros. Porém, 
apenas 10,3 mil

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